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NÚ C L E O D E C U R I T I B A / P R
PRIORIDADE: PACIENTE
COM CÂNCER E IDOSA
AGRAVO DE INSTRUMENTO
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EMÉRITO RELATOR,
EMINENTES DESEMBARGADORES,
1. DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO
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2. DOS FATOS
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RELATÓRIO DE RECOMENDAÇÃO Nº 455, JULHO/2019 – CONITEC, MINISTÉRIO DA SAÚDE).
http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_PCDT_EM_FINAL.pdf
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ocorre, porém que os mesmos se mostraram ineficazes e houve progressão da doença. Todavia,
existem estudos conclusivos no tocante ao uso do OCRELIZUMAB (Ocrevus), para o
tratamento de Esclerose Múltipla Primária Progressiva.
Imperioso apontar que a parte requerente vem submetendo-se ao
tratamento convencional à sua enfermidade há quase 04 (quatro) anos, conforme
Atestados, formulário e declaração médica (Evento01), todavia, não houve resposta a este
tratamento e a doença vem progredindo significativamente, acarretando importante redução
da qualidade de vida do assistido, sua piora clínica e funcional progressiva, com risco de óbito
caso não faça uso do fármaco demandado.
O fato supra exposto, comprovado por meio de vasta documentação
médica anexa à exordial, induz à conclusão de imprescindibilidade do uso de tal medicamento
para a saúde do agravante. A ausência do referido medicamento acarretar-lhe-á consequências
danosas, tendo em vista que não foi alcançada satisfatoriamente a estabilidade clínica com
o uso da medicação fornecida pelo Sistema Único de Saúde – SUS.
Não se pode ainda desconsiderar que o medicamento em questão
OCRELIZUMAB (Ocrevus), devido a sua eficácia no tratamento de pacientes com Esclerose
Múltipla, foi aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA) para tratamento de
pacientes que sofrem com essa doença na sua forma mais grave e de difícil controle. Em alguns
países o medicamento já possui registro. Nos Estados Unidos, o OCRELIZUMAB foi
aprovado2 em 28 de março de 2017 e na União Europeia, em 10 de novembro de 20173.
Estudos demonstraram que o Ocrevus é eficaz na redução do número
de surtos e pode também reduzir a progressão dos sintomas em alguns doentes. Em dois estudos
que incluíram 1656 doentes com esclerose múltipla por surtos (EMS), o número médio de surtos
em doentes tratados com o Ocrevus foi cerca de metade daquele nos doentes tratados com um
outro medicamento, o interferão beta-1a (0,16 versus 0,29 surtos por ano). Um terceiro estudo
que incluiu 732 doentes com esclerose múltipla progressiva primária (EMPP) demonstrou que
2
https://www.accessdata.fda.gov/drugsatfda_docs/nda/2017/761053Orig1s000TOC.cfm
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https://www.ema.europa.eu/en/medicines/human/EPAR/ocrevus
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menos doentes que tomavam o Ocrevus apresentavam sintomas agravados com uma duração
de 12 semanas ou mais (30 %) em comparação com os que receberam o placebo (34 %).
Outrossim, não há a possibilidade de substituição do remédio por
outro similar disponibilizado pelo SUS para tratamento da EM, tendo em vista que já
foram tentados sem sucesso e que o PDCT do SUS exclui os pacientes que apresentam
Esclerose Múltipla Primária Progressiva EM-PP e EM-PP com surto, consoante a
incapacidade de adesão ao tratamento e de monitorização dos efeitos adversos ou
intolerância ou hipersensibilidade aos medicamentos ofertados pelo Sistema Único de
Saúde para tratamento da EM4.
A doença apresentada pela postulante é de difícil controle, razão pela
qual necessita do referido fármaco para aumentar a sua sobrevida e possibilitar-lhe uma
melhor qualidade de vida.
Sendo assim, a decisão judicial que indeferiu a antecipação de tutela
requerida, para o fornecimento da medicação, ao equivocado argumento de que “ (...) não foi
provada a necessidade ou imprescindibilidade do medicamento” (evento 12), deve ser
reformada.
Nítida, portanto, é a violação ao princípio da dignidade da pessoa
humana, fundamento da República Federativa do Brasil, insculpido no artigo 1º, inciso III, da
Constituição Federal, inclusive a evidente monetarização da vida humana, a monetarização de
um princípio universalmente reconhecido.
Nítida é a decisão proferida sobre quem merece viver ou morrer
com dignidade, a depender do custo do medicamento para o Estado.
3. DO DIREITO
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http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_PCDT_EM_FINAL.pdf
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Outrossim, em que pese não ter sido ainda comprovada a eficácia superior do
ocrelizumabe em relação aos medicamentos ofertados pelos SUS para tratamento da Esclerose
Múltipla – EM, este é indicado como único medicamento capaz de tratar os outros tipos de EM,
a saber, a Esclerose Múltipla Primária Progressiva – EM-PP e a Primária Progressiva com surto,
conforme a vasta literatura médica tem atestado, e conforme documentos juntados pela parte
ré, na sequência 18 dos autos originários.
É importante esclarecer que, acordo Portaria Conjunta nº 10, de 02 de abril de
2018, juntada na sequência 18.6 pela parte ré, especifica de forma didática que há quatro formas
de evolução clínica da EM: remitente-recorrente (EM-RR), primariamente progressiva (EM-
PP), primariamente progressiva com surto (EM-PP com surto) e secundariamente progressiva
(EMSP). A forma mais comum é a EM-RR, representando 85% de todos os casos no início de
sua apresentação. A forma EM-SP é uma evolução natural da forma EM-RR em 50% dos casos
após 10 anos do diagnóstico (em casos sem tratamento – história natural). As formas EM-PP e
EM-PP com surto perfazem 10%-15% de todos os casos (3,4).
Mesma portaria, apesar de prever tecnologias avançadas e medicamentos de
ponta para o tratamento da EM pelo SUS, exclui de forma taxativa os pacientes como a parte
autora, portadores de EM-PP e EM-PP com surto, dos PDCT’S para tratamento da Esclerose
Múltipla, (pág. 06 – ponto 5. Critérios de exclusão) vejamos:
Serão excluídos deste Protocolo os pacientes que apresentarem:
- EM-PP ou EM-PP com surto;
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Forçoso reconhecer que não se pode fazer leitura diferente senão que o
medicamento Ocrelizumabe é sim adequado ao tratamento da parte autora, bem como é a
melhor opção terapêutica para o seu tipo de enfermidade.
No que pese o fato de o medicamento não estar padronizado também não pode ser
alegado para obstar o direito da requerente, uma vez ser ele garantido pela Constituição Federal.
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incorporação do fármaco, requerido na inicial, no PCDT não impossibilita que seja prescrito
para tratamento da moléstia descrita, desde que a utilização aconteça conforme a orientação de
uso e com o devido acompanhamento médico.
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Vale dizer, por outro lado, que os Tribunais Pátrios, já vem decidindo
favoravelmente em casos similares a da autora:
[...]
Mérito:
No caso, a probabilidade do direito se faz presente, eis que o agravado é
portador de Esclerose Múltipla Primariamente Progressiva – EM-PP,
necessitando fazer uso da medicação prescrita pelo neurologista que o
acompanha e deixou bem claro que o fármaco é a única droga indicada
para a forma primariamente progressiva da doença (f. 18-9 dos autos
principais).
A despeito do parecer desfavorável do Núcleo de Apoio Técnico, dele extrai-
se que existem quatro formas de evolução clínica da esclerose múltipla:
remitente-recorrente (EM-RR), primariamente progressiva (EM-PP),
primariamente progressiva com surto (EM-PP com surto) e secundariamente
progressiva (EM-SP) e, de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas para Esclerose Múltipla – PCDT, o tratamento disponibilizado
pelo SUS é para o caso mais comum, o EM-RR, representando 85% de todos
os casos no início de sua apresentação e o EM-SP que é uma evolução natural
da forma EM-RR em 50% dos casos após 10 anos do diagnóstico.
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5. DO PEDIDO
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