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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-10178-07.2015.5.01.

0009

A C Ó R D Ã O
(4ª Turma)
GMALR/LAZ/

AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM


RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL
PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014.

1. ENQUADRAMENTO. 2. FINANCIÁRIO.
CONHECIMENTO E NÃO PROVIMENTO.
I. Fundamentos da decisão agravada
não desconstituídos. II. Agravo de
que se conhece e a que se nega
provimento, com aplicação da multa de
2% sobre o valor atualizado da causa,
em favor da parte Agravada, com
fundamento no art. 1.021, § 4º, do
CPC/2015.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Agravo   em   Agravo   de   Instrumento   em   Recurso   de   Revista   n°  TST­Ag­
AIRR­10178­07.2015.5.01.0009, em que é Agravante COMPANHIA LEADER DE
PROMOÇÃO   DE   VENDAS   E   OUTRA  e   são   Agravados  PATRÍCIA   CERDEIRAL  e
BANCO BRADESCO S.A.

Por decisão monocrática, na forma do art. 932,


III, do CPC/2015, negou-se provimento ao agravo de instrumento
interposto pelas partes ora Agravantes.
As Reclamadas COMPANHIA   LEADER   DE   PROMOÇÃO   DE
VENDAS   E   OUTRA interpõem recurso de agravo, em que pleiteiam, em
síntese, a reforma da decisão agravada, com o provimento do seu
agravo de instrumento e o consequente processamento do recurso de
revista.
A Reclamante apresentou contraminuta ao agravo
(documento sequencial eletrônico nº 11).
Os autos não foram remetidos ao Ministério Público
do Trabalho.
É o relatório.

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V O T O

1. CONHECIMENTO
Atendidos os pressupostos legais de
admissibilidade do agravo, dele conheço.

2. MÉRITO
A decisão ora agravada está assim fundamentada:
"Trata-se de agravo de instrumento interposto pelas Reclamadas
COMPANHIA LEADER DE PROMOÇÃO DE VENDAS E OUTRA
(fls. 755/772) em que se pretende destrancar recurso de revista interposto
de decisão publicada na vigência da Lei nº 13.015/2014 (acórdão regional
publicado em 26/04/2017 - fl. 689).
A Autoridade Regional denegou seguimento ao recurso de revista, sob
os seguintes fundamentos:
"PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Tempestivo o recurso.
Regular a representação processual.
Satisfeito o preparo.

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
CATEGORIA PROFISSIONAL ESPECIAL /
BANCÁRIO / ENQUADRAMENTO / FINANCEIRAS /
EQUIPARAÇÃO BANCÁRIO.
SENTENÇA NORMATIVA/CONVENÇÃO E
ACORDO COLETIVOS DE TRABALHO /
APLICABILIDADE/CUMPRIMENTO.
Alegação(ões):
- contrariedade à(s) Súmula(s) nº 55 do Tribunal Superior
do Trabalho.
- violação do(s) artigo 5º, inciso II; artigo 5º, inciso LIV;
artigo 5º, inciso LV; artigo 170, da Constituição Federal.
- violação d(a,o)(s) Consolidação das Leis do Trabalho,
artigo 611; Lei nº 4595/1964, artigo 17. - divergência
jurisprudencial.
O v. acórdão revela que, em relação aos temas recorridos,
o entendimento adotado pela Turma, de acordo com a prova
produzida (Súmula 126 do TST), encontra-se em consonância
com a notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho
e consubstanciada, in casu , nas Súmulas 55. Não há falar,
portanto, em contrariedade ao referido verbete. No mais, não
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seria razoável supor que o Regional, ao entender dessa forma,


estaria violando os dispositivos apontados. Em razão dessa
adequação (acórdão-jurisprudência iterativa do TST), o recurso
não merece processamento, sequer no tocante ao dissenso
jurisprudencial, a teor do artigo 896, alínea "c" e § 7º, da CLT
c/c a Súmula 333 do TST.
CONCLUSÃO
NEGO seguimento ao recurso de revista" (fls. 751/752).

Nas razões de agravo de instrumento, as Reclamadas, ora Agravantes,


insistem no processamento do seu recurso de revista quanto aos temas
"BANCÁRIO. ENQUADRAMENTO. EQUIPARAÇÃO", por ofensa aos arts.
5º, II, LIV, e LV, e 170 da Constituição da República, 611 da CLT, 17 da Lei
nº 4.595/64, por contrariedade à Súmula nº 55 do Tribunal Superior do
Trabalho, bem como por dissenso jurisprudencial.
Em síntese, argumentam que "a empregadora da recorrida, por sua
vez, exerce atividades completamente distintas e desvinculadas daquelas
exercidas pelas entidades financeiras, já que tem como atividade a prática
de todos os atos relacionados com a promoção de vendas em geral" (fl.
762).
O Tribunal Regional assim consignou:
"Da condição de financiário e pagamento das
vantagens previstas para a categoria
A Autora afirma que foi admitida pela 1ª Ré - Cia Leader,
em 03.05.2012, para exercer inicialmente a função de
Recepcionista de Cartão, tendo sido dispensada em 13.01.2015.
Alega que, em julho de 2005, o Bradesco S/A e a Leader
Magazine firmaram uma parceria comercial, onde o Banco
adquiriu 50% das cotas da Leader S.A Administradora de
Cartões de Crédito (Leader Card), fato veiculado no site do
banco.
Sustenta que laborou nas lojas Leader Calçadão de Nova
Iguaçu e Queimados, desempenhando suas funções
exclusivamente para a 2ª Ré, com ordens e metas a serem
rigorosamente cumpridas, atuando diretamente na atividade
fim, vendendo/intermediando crédito financeiro, pelo que
postula o enquadramento na categoria dos financiários e
consectários.
As 1ª e 2ª Rés, na defesa - fls. 271/298, em peça única,
afirmam que a Autora tem a função de abordar os clientes que
frequentam a rede de lojas "Leader Magazine", oferecem o
cartão de crédito, e diversos outros produtos, tais como plano de
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assistência odontológica, curso de inglês on Une, seguro


desemprego, seguro perda e roubo de cartão de crédito e seguro
de vida.
Alegam que, no que se refere ao oferecimento de cartões
de crédito, a atividade dos empregados da 1ª Ré, incluindo a
Autora, apenas consiste em explicar o funcionamento do cartão
de crédito e, caso haja o interesse do cliente, preencher um
formulário de dados pessoais do adquirente, bem como
requisitar a apresentação de alguns documentos, e, após
preenchido o formulário e apresentados os documentos,
encaminham a solicitação do cartão de crédito para análise da
"mesa de crédito" de onde vem à autorização para a emissão ou
não do cartão requerido.
Garantem que a Autora não entrevistava clientes para
concessão de crédito, não analisava condições nos cadastros
restritivos de crédito, aprovava o crédito, tampouco oferecia
cartão com limite para saque.
Afirmam que a 1ª Ré - Cia Leader Promoções de Vendas
não é uma instituição financeira, e que suas atividades se
restringem àquelas descritas em seu contrato social, que não se
confundem com as operações principais, habituais e
características dos bancos ou das sociedades de crédito.
Além da 1ª Ré reconhecer a comercialização de produtos
típicos de uma instituição financeira, o Acordo Operacional
firmado entre o Grupo Leader de empresas, do qual faz parte a
1ª Ré, e o Banco Bradesco, juntado com a inicial, às fls. 44/60,
registra o objeto do contrato, do qual é possível depreender-se a
condição de instituição financeira da 1ª Ré, verbis:
"( ) CLÁUSULA SEGUNDA - OBJETO 2.1. O presente
Acordo tem como objeto estabelecer, em grau de detalhe, os
termos, condições, direitos e obrigações que deverão pautar as
relações entre a LEADER MAGAZINE o BRADESCO, e a
Promotora, no que diz respeito às atividades de originação,
oferta, distribuição, comercialização, contratação e
financiamento pela LEADERCARD envolvendo os Produtos e
os Produtos Diversos (esse conjunto de atividades
sistematizado doravante denominado simplesmente o
"Empreendimento Conjunto").
( ) CLÁUSULA QUARTA - OPERAÇÕES DE CARTÃO
DE CRÉDITO Emissão e Administração. A LEADERCARD
emitirá e administrará, com exclusividade, os Cartões Leader e
os Cartões Co-Branded, bem como financiará as operações de
crédito realizadas por meio dos Cartões Leader e dos Cartões
Co-Branded.
Os Cartões Leader e os Cartões Co-Branded serão
oferecidos aos Clientes na Rede de Lojas e nos Novos
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Estabelecimentos, ficando a decisão de emitir o Cartão Leader


ou Cartões Co-Branded e definir os limites de crédito ao
exclusivo critério da LEADERCARD, observada a sua política
de crédito em vigor no momento. ( )"
O preposto da 1ª Ré, no depoimento de fls. 585, também
confirma a comercialização de produtos inerentes às empresas
financeiras, nestes termos:
"( ) que inicialmente a reclamante foi recepcionista de
cartão, responsável pela abordagem e captação de clientes;
que posteriormente passou a atendente comercial, atendendo
diretamente aos clientes LEADER na solução de dúvidas
relativamente aos cartões LEADER; que a reclamante vendia o
próprio cartão da loja e o cartão Leader VISA; que o cartão
Leader era utilizado meramente na loja e o VISA nos
estabelecimentos em geral; que os empréstimos eram ofertados
apenas aos clientes do cartão Leader básico; que no cartão da
loja havia também oferta de seguros, planos odontológicos,
título de capitalização e plano médico; que era obrigatória a
aquisição do cartão Leader para tais produtos; que o cartão de
crédito Leader VISA não está atrelado a qualquer instituição
bancária; que o "saque rápido" era um valor pré-aprovado
para o cliente do cartão Leader; que tal valor era baixo e o
cliente tinha que comparecer à loja para saber da
disponibilidade ( )" O preposto do 3º Réu, às fls. 585, também
confirma a comercialização de cartões de crédito pelos
empregados das empresas Leader, nestes termos:
"( ) que não tem maiores conhecimentos, mas sabe que os
funcionários das empresas Leader fazem vendas de cartões da
bandeira VISA e as propostas vão para o setor competente em
São Paulo, setor este, provavelmente, do banco; que exibida a
fl. 44, diz desconhecer o documento em questão."
O depoimento da testemunha indicada pelo Autor, Sr.
Luiz Victor Antunes da Silva, às fls. 585/586, afirma que
recebia ordens do supervisor da 1ª Ré, na época da Autora, não
havendo comprovação de subordinação à 2ª Ré, mas reforça a
tese de enquadramento na categoria dos financiários, vez que
faziam vendas de cartões de crédito, nestes termos:
"( ) que trabalhou com a autora de junho de 2013 até o
início de 2014; que ambos eram atendentes comerciais Jr.; que
faziam vendas de cartões da loja e de crédito com a bandeira
VISA, além de oferecerem empréstimos; que após cerca de três
meses o cliente poderia estar elegível ou não ao crédito,
momento que o depoente e reclamante faziam contato com as
informações gerais e solicitando o comparecimento à loja para
a concessão do crédito; que o setor responsável pela análise
era o "Espaço do Cliente"; que melhor esclarecendo, após a
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captação dos clientes, existe uma central denominada CAC que


é a que efetivamente faz a analise para a concessão ou não do
crédito; que após a aprovação os atendentes imprimem o
contrato, o cliente assina e após todos os procedimentos o
cliente se dirige ao caixa das mercadorias e retira o dinheiro;
que além dos cartões faziam venda de outros produtos, como:
saque pessoal que não dependia de análise, seguros,
assistência médica; que tais produtos são atrelados à fatura do
cartão; que o cartão de crédito era vinculado ao Banco
BRADESCO; que todos os produtos tinham metas a cumprir ( )
que o crédito pessoal e o cartão da loja eram aprovados pela
CAC e os demais produtos, pelos próprios atendentes; que para
os demais produtos não era pré-requisito o cliente já ter tido
algum outro, não obstante fosse necessário possuir o cartão da
loja; que a CAC se situa na cidade de Niterói, mas não tem
certeza sobre qual empresa é vinculada, apenas acreditando
que seja o BRADESCO; que apenas ouviu falar do sistema
CREDSCORE; que recebia ordens do supervisor da 1ª ré de
nome Wallace Teles na época da reclamante; que apenas em
uma ocasião de premiação da campanha "VÁ DE VISA
compareceu um representante do 3º réu nas dependências da
loja."
A testemunha indicada pela própria Ré, às fls. 586, Sr2.
Aline Nascimento, também confirma a prestação de serviços
ligados à comercialização de cartões de crédito, nestes termos:
"( ) que trabalhou com a reclamante, na loja de
Queimados, aproximadamente em 2013; que quando a
reclamante entrou na loja, a depoente era recepcionista de
cartão e posteriormente passou a atendente jr.; que o
recepcionista aborda o cliente para fazer cartão da loja; que o
atendente jr. dá seguimento quando o recepcionista traz a
proposta, submetendo ao sistema para a aprovação; que a
aprovação decorre do setor específico de crédito; ( ) que
lembra de uma atendente sênior de nome Juliana que
coordenava os trabalhos dos demais atendentes que era
funcionária da 1ª ré; que não havia qualquer funcionário do 3º
réu nas dependências da loja; que por um período a loja
trabalhou com cartões da bandeira VISA; que a financeira
encarregada do referido cartão era BRADESCO ( )"
O art. 17 da Lei 4.595/64 define o que vem a ser
instituição financeira, nestes termos:
"Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos
da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou
privadas, que tenham com atividade principal ou acessória a
coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros
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próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e


a custódia de valor de propriedade de terceiros."
O C. Superior Tribunal de Justiça, na Súmula nº 283,
também reconhece a equivalência entre as administradoras de
cartão de crédito e as instituições financeiras:
"As empresas administradoras de cartão de crédito são
instituições financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por
elas cobrados não sofrem as limitações da Lei de Usura."
Nesse sentido, vale citar parte do artigo publicado na
Revista LTr, 36/198/200, da lavra do Dr. Flávio Rodrigues da
Silva:
"A atual estrutura bancária que data de dezembro de
1964, tem um órgão executivo do sistema que é o Banco
Central e um Conselho Monetário cuja função é orientar a
política monetária. A captação de poupança do público e seu
emprego em investimentos e giro, deixou de ser feita, apenas,
pelos "Bancos e Casas Bancárias" para o ser pelas
"Instituições Financeiras". O papel, pois, que desempenhavam
os bancos e casas bancárias, na captação, guarda e emprego
da poupança pública passou a ser desempenhado pelas
"Financeiras". As instituições financeiras são: a)bancos
comerciais; b) bancos de investimento; c)sociedades de crédito
e financiamento; d) Caixas Econômicas; d) sociedades de
crédito imobiliários; f) associações de poupança e empréstimo;
g) sociedades corretoras; h) associações distribuidoras; i)
cooperativas de crédito. Todos os empregados destas
instituições são bancários e, como tal, gozam dos privilégios
legais a estes concedidos".
Uma vez caracterizada a Ré como instituição financeira,
aplica-se o entendimento cristalizado na Súmula nº 55 do C.
TST, nestes termos: "FINANCEIRAS - As empresas de crédito,
financiamento ou investimento, também denominadas
financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos bancários para
os efeitos do art. 224 da CLT." Em consequência, a Autora
integra a categoria dos financiários, sendo procedentes em parte
os "1.f", "1.g", "1.h", "1.i", "1.j", "1.n", "1.o", "1.p" e "1.q" da
inicial (fls. 32/35), não impugnados especificamente pela 1ª e 2ª
Rés, a serem apurados em liquidação.
Dou provimento parcial" (fls. 692/695).

Entretanto, o recurso de revista não alcança conhecimento, em razão


do óbice da Súmula nº 126 do TST.
Isso porque a parte Recorrente pretende o processamento do recurso
de revista, a partir da alegação de que a empregadora da Reclamante
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"exerce atividades completamente distintas e desvinculadas daquelas


exercidas pelas entidades financeiras".
Entretanto, essa premissa fática com fundamento na qual a parte
Recorrente pretende o processamento do seu recurso de revista é diversa
daquela registrada no acórdão recorrido. O que consta do acórdão de
origem é que restou "caracterizada a Ré como instituição financeira" e
que, por consequência, "a Autora integra a categoria dos financiários".
Logo, para se concluir pela ofensa a dispositivo de lei, contrariedade
à Súmula, bem como o dissenso pretoriano na forma como defendida pela
parte Recorrente, faz-se necessário o reexame de fatos e provas,
procedimento vedado em grau de recurso de revista, nos termos da Súmula
nº 126 do TST.
Assim sendo, nego provimento ao agravo de instrumento interposto
pela Reclamada, com fundamento no art. 932, III, do CPC/2015.
Por fim, ressalto às partes que o entendimento que prevalece na
Quarta Turma deste Tribunal Superior é no sentido da aplicabilidade da
multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015" (fls. 01/08 do
documento sequencial eletrônico nº 06).

Na minuta de agravo, as partes Recorrentes


argumentam que "o óbice causado pela r. decisão monocrática, em
evidência, caracterizou ofensa ao princípio constitucional do
direito ao contraditório e da ampla defesa, porquanto o Agravo de
Instrumento interposto vulnerou frontalmente o artigo 896 da CLT"
(fl. 01 do documento sequencial eletrônico nº 08). Requerem "a
reconsideração da r. decisão monocrática proferida para permitir o
regular seguimento e processamento do Agravo de Instrumento
interposto ou, caso não entenda possível, requerer a apresentação do
processo em mesa, para apreciação pela Colenda Turma" (fl. 02 do
documento sequencial eletrônico nº 08).
Entretanto, o agravo não merece provimento.
Como consignado na decisão ora agravada, o recurso
de revista não alcança conhecimento, porque, "para se concluir pela
ofensa a dispositivo de lei, contrariedade à Súmula, bem como o
dissenso pretoriano na forma como defendida pela parte Recorrente,
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faz-se necessário o reexame de fatos e provas, procedimento vedado


em grau de recurso de revista, nos termos da Súmula nº 126 do TST"
(fl. 08 do documento sequencial eletrônico nº 06). Assim, o
processamento do recurso de revista encontra óbice na Súmula nº 126
do TST, o que não caracteriza ofensa aos princípios do contraditório
e da ampla defesa, como afirmado pelas Agravantes.
Nessa circunstância, os argumentos das partes
Agravantes acima transcritos não logram desconstituir a decisão
agravada, razão pela qual nego provimento ao agravo.
O entendimento desta Turma é de que se aplica a
multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, nas hipóteses em
que o agravo for declarado manifestamente inadmissível ou
improcedente em votação unânime. No mesmo sentido é a jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal, ilustrada pelo seguinte julgado:
"RECURSO EXTRAORDINÁRIO – MATÉRIA LEGAL E FÁTICA
– O recurso extraordinário não é meio próprio ao revolvimento da prova
nem serve à interpretação de normas estritamente legais. AGRAVO –
MULTA – ARTIGO 1.021, § 4º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
DE 2015. Se o agravo é manifestamente inadmissível ou improcedente,
impõe-se a aplicação da multa prevista no § 4º do artigo 1.021 do
Código de Processo Civil de 2015, arcando a parte com o ônus
decorrente da litigância protelatória" (RE 1123275 AgR,
Relator Ministro MARCO AURÉLIO, Primeira Turma,
julgado em 11/09/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-242
DIVULG 14-11-2018 PUBLIC 16-11-2018, destaque
acrescido).

Considerando que o presente agravo foi julgado


improcedente à unanimidade, condeno as partes Agravantes (COMPANHIA
LEADER DE PROMOÇÃO DE VENDAS E OUTRA) a pagarem multa de 2% (dois
por cento) sobre o valor atualizado da causa, em favor da parte
Agravada (PATRÍCIA CERDEIRAL), com fundamento no art. 1.021, § 4º,
do CPC/2015.

ISTO POSTO
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ACORDAM  os   Ministros   da   Quarta   Turma   do   Tribunal


Superior do Trabalho, à unanimidade, conhecer do agravo; no mérito,
negar-lhe provimento e condenar as Agravantes (COMPANHIA LEADER DE
PROMOÇÃO DE VENDAS E OUTRA) a pagarem multa de 2% (dois por cento)
sobre o valor atualizado da causa, em favor da parte Agravada
(PATRÍCIA   CERDEIRAL), com fundamento no art. 1.021, § 4º, do
CPC/2015.
Custas processuais inalteradas.
Brasília, 21 de agosto de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


ALEXANDRE LUIZ RAMOS
Ministro Relator

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