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Rito Francês ou

Moderno

Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Cleber Tomás Vianna

Segunda Edição – Otimizada


2 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Prólogo:
Fruto de pesquisas em dezenas de artigos e livros sobre o assun-
to, o presente trabalho visa elucidar alguns pontos que convergem a situ-
ações distintas, sendo algumas equívocas, quanto à interpretação de al-
guns autores sobre o início da MAÇONARIA NO BRASIL, além de tratar
de nuances sobre o Rito Francês ou Moderno quanto a sua Fundação,
Usos e Costumes no país.

O assunto ainda demanda pesquisas contínuas em busca de no-


vos documentos que corroborem ou modifiquem as informações aqui ex-
planadas. Buscando a forma mais sucinta e explícita sobre o tema, algu-
mas figuras e/ou fotos foram apensas, no sentido de dar melhor interpre-
tação aos fatos expostos.

Cleber Tomás Vianna.

LIVRO EM FASE DE REVISÃO, AMPLIAÇÃO E


OTIMIZAÇÃO.

FAVOR NÃO DISTRIBUIR O LIVRO DE FORMA DIGITAL.


Cleber Tomás Vianna 3

Tutorial:

Título Original: Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Ilustrações e Textos: Internet e Livros.

Adaptação e readequação de textos: Cleber Tomás Vianna.

Ilustração da Capa: Jotassil Artes.

Capa, Diagramação, Direção: Cleber Tomás Vianna.


Gustavo Nascimento Pinto Leal.

Revisão de texto: Colbert Deranian e Antonio Cledson Saraiva Cardoso.

Os textos produzidos para este projeto não representam a opinião de seus editores e são de
total responsabilidade de seus autores.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida por quaisquer
meios existentes sem prévia comunicação dos editores e detentores dos direitos.

Impressão e acabamento: Gráfica


4 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Copyright 2019

Prefácio.

Quando fui convidado pelo meu muito querido e ilustre irmão, Cleber Tomás Vianna,
para prefaciar o seu livro “Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil”,
com muita honra, não hesitei.
Esta publicação foi elaborada e tecida por um maçom com o mais profundo compro-
metimento na Arte Real, cuja ação, difusão, estudo e investigação maçônica a torna deveras
relevante e valorosa em âmbito nacional.
O seu vasto conhecimento nas diversas práticas ritualísticas e a sua permanente a-
tenção no desenvolvimento e projeção dos valores inerentes à Ordem Maçônica, não se traduz em
mera retórica, uma vez que a sua atuação é concisa, o que lhe confere merecidamente ser uma
referência no contexto da maçonaria Ibero-americana.
Nosso ilustre irmão Cleber, com a sua vasta e longa carreira maçônica, conserva a
tradição maçônica e prima pelo amor e a paixão pela realidade histórica, ritualística e documental,
e um procedimento analítico e preciso como o seu, brinda de forma fraterna e filantrópica conheci-
mentos para todos os maçons e amantes da Ordem em geral.
Sua mente aberta, sua constante busca nas fontes originais, seu intercambio com
demais irmãos esparsos pelo Orbe e estudiosos da matéria esmera e glorifica o seu trabalho
dando exemplo de paixão, amor e perseverança, o que me lembra muito os pilares onde se sus-
tentam as Lojas e seus princípios: Sabedoria, Força e Beleza.
Esses atributos fazem com que mediante o uso das joias chamadas “móveis” na ma-
çonaria do século XVIII, passemos por distintas fases: do estado evolutivo humano, denominado
joias imóveis - do grotesco ao último estado de direção e planificação da Obra, mediante exemplo
vital, o qual deve ser exercido no dia-a-dia.
O irmão Cleber é um bom exemplo disso: é uma Tábua de Delinear viva, que alcan-
çou esse nível mediante um labor singelo, porém, perseverante, sólido, convicto, aberto e contras-
tado. Assim, desta forma e, somente assim, poderemos separar a luz das trevas.
O Rito Francês ou Moderno, este grande desconhecido, lamentavelmente, inclusive
entre os seus praticantes, resulta ser o Rito de Fundação. Nascido em uma prática onde se pre-
tende a União dentro da diversidade, o enriquecimento na pluralidade, em uma época onde a
maçonaria, sem adjetivos, utilizava a “palavra” como chave de acesso e o ritual como porta de
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entrada, em um espaço-tempo onde os seus membros jamais poderiam se encontrar em ambiente


que não tenha sido elaborado com esses parâmetros.
Ecumenismo, tolerância, respeito, ordem, rigor e amor, é qualidade que o Rito dos
Modernos, insistimos, o Rito de Fundação, comunga para levar adiante a maior das maravilhas:
Fazer do Ser Humano o melhor, “o dito Ser Humano” integrado dentro de uma sociedade mais
justa, perfeita e solidária, ilustrada e rica em conhecimentos, onde a filantropia é o fundamento
mais popular de nossa tríade: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, e cujo objetivo é a senda por
onde são conduzidos, com maior ou menor sorte, os maçons em sua jornada.
O amor é a nossa melhor ferramenta e o nosso maior salário, e o muito ilustre irmão
Cleber bem o sabe. Consciente das dificuldades que aparecem em diversos terrenos, temos que
há mais que um oceano que nos separa, não só geograficamente, como também, na multiplicidade
e lacunas documentais, seja histórica ou ritualisticamente falando, uma dificuldade que tem sido
enorme nos vários acontecimentos ocorridos, o eixo ou fio de contato que nasce na Inglaterra em
1717. Deste polo passa para a França e demais países da Europa Continental, muito especialmen-
te nos países baixos, e como não, Portugal, como ponto difusor do Rito dos Modernos, cruzando
milhares de quilômetros de mar e se acomodando em um continente de “Liberdade”, cuja terra fértil
há de dar os seus melhores frutos em solo Brasileiro e em toda Sudamérica.
Não é o propósito deste prefácio se aprofundar em especificidades a este respeito, mas destacar
algo que até hoje nunca havia sido feito em nenhum continente ou fórum acadêmico concreto: uma
análise exaustiva, historiográfica, documentada, que descreve sem deixar margem de dúvida sobre
a chegada do Rito Moderno no Brasil em seus primórdios e, mais especificamente em 1822, bem
como um riquíssimo compêndio de matérias irrefutáveis que, de uma vez por todas, deixa claro o
que eram puras especulações, fofocas e, inclusive lendas falaciosas, de um lado a outro do Atlânti-
co.
Cleber Tomás Vianna, como grande maçonólogo, coloca ante nossos olhos uma obra
única, de referencia, imprescindível, que qual aventura, vira um roteiro da história da humanidade,
um filme vital da Ordem e do Rito Francês ou Moderno que nos emociona, fascina e cativa. Essa
viagem fascinante, apesar do título, não se restringe apenas ao Brasil.
O leitor ávido saberá ver e apreciar a universalidade que o nosso irmão mais ilustre,
Cleber Tomás Vianna nos oferece, com a humildade que dá a plenitude do conhecimento e com a
garantia pelo constante repensar das meias-verdades pressupostas. E ele faz isso de maneira
sólida, documentada, observando o rigor que se imputa ao assunto, sem sofismas, e com amor
fraterno, sua peculiaridade.
Livro essencial que não deve faltar em nenhuma biblioteca maçônica que se orgulhe,
em qualquer continente.
Ao Zênite do Vale de Barcelona, Espanha, em 22 de maio de 2018 .
6 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Joaquim Villalta Mata

O Maestro Joaquim Villalta Mata é Maçonólogo, Mestre Instalado, Cavaleiro da Sapiência – Gran-
de Inspetor Geral, Grau 9º e último da Vª Ordem de Sabedoria do Rito Moderno, membro ativo do
Sublime Conselho do Rito Moderno para o Equador e membro Honorário do Grande Oriente Lusi-
tano e do Grande Oriente Nacional da Colômbia.
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8 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Cleber Tomás Vianna


Grande Benemérito do GOB e GOEB.

RITO FRANCÊS OU MODERNO

Fundação, usos e costumes no Brasil.

2ª. Edição - Otimizada

Salvador/Bahia
2019

Este livro foi diagramado e produzido pela


EDIÇÃO POR DEMANDA, uma encomenda do
autor que detém todos os direitos de conteúdo,
comercialização, estoque e distribuição dessa obra.
Cleber Tomás Vianna 9

ÍNDICE

Prólogo: 2
Tutorial: 3
Prefácio: 4
Fundação, usos e costumes: 10
Peculiaridades do Rito: 21
Câmara dos Altos Graus: 24
SCRM - Supremo Conselho do Rito Moderno: 29
Graus e Rituais adotados no Brasil: 35
O Rito Moderno em Portugal e no Brasil: 38
Equívocos históricos publicados em obras maçônicas: 56
Breve currículo do autor: 91
Créditos – (direitos reservados aos seus autores): 98
10 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

1
Fundação, Usos e Costumes.

Denomina-se como Rito Moderno tudo o que parte da primeira Grande Loja da
Inglaterra, que se diz fundada a partir de 1717 e, que segue a ritualística nos moldes da publicação
feita por Samuel Prichard em 1730, no famoso livro ―A Maçonaria Dissecada‖. Alguns maçons
simpatizantes do tradicionalismo antigo fundam em 1751 uma segunda Grande Loja, tida, então,
como a dos Antigos. Em 1813 as duas se fundem criando a Grande Loja Unida da Inglaterra.
Nascido do desejo de se criar uma unidade racional na diversidade de corren-
tes de pensamento vigentes à época, o Rito Moderno é filho e herdeiro direto do pensamento
iluminista. Embora criado sob moldes racionais, pautou inicialmente suas regras na primitiva Cons-
tituição de Anderson, deísta e tolerante no aspecto religioso. Após a Revolução Francesa, em 21
de maio de 1799, o GOdF (Grande Oriente da França) e a GLUI (Grande Loja Unida da Inglaterra)
redigem um tratado de união.
Entretanto, em 1815, a GLUI impõe a crença em um Ser Supremo Revelado a-
través das Regras de 8 pontos de reconhecimento, o que gera um clima tenso entre o Grande
Oriente e a mesma. Em 1877 vem a ruptura definitiva entre as duas potências, quando o GOdF
extingue a obrigatoriedade da crença em Deus e na imortalidade da alma como reconhecimento de
um homem como maçom.
É oportuno dizer, conforme relata em seus profícuos estudos o maçonólogo
da Espanha, irmão Joaquim Villalta, que a Maçonaria Belga, uma das maiores da Europa Conti-
nental, havia se antecipado ao GOdF e, já em 1782, se declarava de forma incontinenti, ―Adogmá-
tica‖, desobrigando-se e aos seus afiliados, do uso do Dístico ―Grande Arquiteto do Universo‖
(GADU).
Coerente com esta linha de pensamento, e, talvez por causa disso, conside-
rado o condutor da Maçonaria do 3º. Milênio, o Rito Moderno dá ao maçom o direito de pensar com
irrestrita liberdade, o dever de trabalhar para o bem-estar social e econômico do cidadão, e a
capacidade de defender os direitos naturais e sociais do homem, seja de qualquer cultura ou
nacionalidade. Este humanismo explícito, muitas vezes atrita-se com o status quo social, do qual a
religião é um de seus pináculos básicos.
O Rito Moderno não considera a Maçonaria como uma ordem mística, embora seus
três primeiros graus o sejam, baseados que estão no pensamento judaico-cristão. Ainda assim, o
maçom do Rito Moderno é naturalmente cientificista e, portanto, pedagogicamente mais afeito à
forma do aprendizado do que ao seu conteúdo.
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O Rito Moderno entende que a busca da verdade se realiza no Grau de Aprendiz pela
intuição, no Grau de Companheiro através da análise e culmina no Grau de Mestre pelo desenvol-
vimento da capacidade de síntese, num processo evolutivo lógico-racional baseado no pensamen-
to científico contemporâneo.
Os padrões de conduta do Rito Moderno são racionais e cartesianos, enriquecidos na
contemporaneidade, por um Humanismo essencialmente democrático e plural. Características
essenciais para um mundo globalizado.
O Rito Moderno não considera a Maçonaria como uma Ordem Mística, embora seus
três primeiros graus estejam impregnados da mística das civilizações antigas. A busca da verdade,
transitória e inefável, realiza-se pelo aprendiz na intuição, pelo companheiro na análise e pelo
mestre na síntese, num processo evolutivo e racional. Os padrões do pensamento da Maçonaria
Francesa são racionais e científicos, e se prendem à época moderna, ao Humanismo.
A síntese dos debates da Assembleia em 1876, que levaram à resolução de 1877,
mostra bem, que:
―A Franco-maçonaria não é deísta, nem é ateísta, nem sequer positivista. A instituição
que afirma e pratica a solidariedade humana, é estranha a todo dogma e a todo credo religioso.
Tem por princípio único o respeito absoluto da liberdade de pensamento e consciência. Nenhum
homem inteligente e honesto poderá dizer, seriamente, que o Grande Oriente de França quis banir
de suas lojas a crença em Deus e na imortalidade da alma quando, ao contrário, em nome da
liberdade absoluta de consciência, declara, solenemente, respeitar as convicções, as doutrinas e
as crenças de seus membros‖.
Neutralidades quanto à religião.
―O Rito Moderno mantém-se tolerantemente imparcial, ou melhor, respeitosamente
neutro, quanto à exigência, para os seus adeptos, da crença específica em um Deus revelado, ou
Ente Supremo, bem como da categórica aceitação existencial de uma vida futura; nunca por con-
testante ateísmo materialístico, mas unicamente, pelo respeito incondicional ao modo de pensar de
cada irmão, ou postulante. Demonstra apenas, a evolução das crenças estimulando os seus segui-
dores ao uso da razão, para formar a sua própria opinião. Procura ensinar que a ideia de Deus
resulta da consciência e que as exteriorizações do seu culto não passam de um sentimento íntimo,
que se pode traduzir das mais diversas maneiras.‖
O Rito Moderno, por saber que a atitude filosófica da Maçonaria é a pesquisa constan-
te da verdade, e por outro lado, ao ver que a verdade, para que seja considerada em todo o seu
sentido, deve ser absoluta e infinita, abraça a corrente de pensamento que reconhece
a impossibilidade do conhecimento do Absoluto pelo homem em sua finitude e relatividade, ou
seja, o AGNOSTICISMO, afirmando assim uma posição de humildade perante o Absoluto, o que
deveria ser característica de todo Maçom. Acrescente-se mais que o Gnosticismo, como teoria
da possibilidade de conhecimento (não confundir com os chamados "Gnósticos" do início da Era
12 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Cristã), afirma que é possível conhecer o absoluto. O Ateísmo, ao afirmar categoricamente


a inexistência de Deus, pertence à corrente gnóstica, posto que, nessa assertiva, mostra ser possí-
vel conhecer o Absoluto, donde podemos concluir que o ateu jamais será agnóstico e o agnóstico
não pode ser ateu, pois suas teorias da possibilidade do conhecimento se chocam frontalmente.
Por outro lado, há religiões, como o Budismo, que, em sua origem, tomam u-
ma posição agnóstica, não se preocupando em explicar o Absoluto, reconhecendo a impossibilida-
de de defini-lo. Desta forma, o Rito Moderno acolhe em seu seio, sem nenhum constrangimen-
to, irmãos das mais diversas profissões religiosas e filosóficas, posto que, mesmo sendo ele ag-
nóstico, não impõe aos seus membros o agnosticismo, mas exige deles uma posição relativa
quanto à possibilidade de que outros Irmãos, que abraçam outra filosofia, estejam certos, ora quem
é dono da verdade não tem necessidade de pesquisá-la ou procurá-la.

Dogma e Adogmatismo.

―DOGMA‖: Ponto fundamental e indiscutível de uma doutrina religiosa; ―DOGMATIS-


MO‖: Doutrina que afirma a existência de verdades certas e que se podem provar;
―ADOGMATISMO‖: Orientação filosófica que se opõe às doutrinas formalmente esta-
belecidas.
Adogmático, ―O Rito Moderno mantém-se tolerantemente imparcial, ou melhor, res-
peitosamente neutro, quanto à exigência para seus adeptos, da crença específica em um Deus
revelado, ou Ente-Supremo, bem como da categórica aceitação existencial de uma vida futura;
nunca por constante ateísmo materialístico, mas, unicamente, pelo respeito incondicional ao modo
de pensar de cada Irmão, ou Postulante. Demonstra, apenas, a evolução das crenças, estimulando
seus seguidores ao uso da Razão, para formar sua própria opinião. Procura ensinar que a ideia de
Deus resulta da consciência e que a exteriorização do seu culto não passa de um sentimento
íntimo, que se pode traduzir de várias maneiras. Indica como dever aos maçons: o aperfeiçoamen-
to pela análise de todas as ideias liberais, igualitárias e generosas; a elevação do espírito à con-
cepção de uma incessante orientação progressista; e a plena conscientização do papel coletivo,
que deve desempenhar na Terra, o Homem Permanente e Impessoal, de que a Ordem Maçônica é
a personificação‖.
Em 1877, a Assembleia Geral do Grande Oriente de França decidiu suprimir o precei-
to até então proclamado como o princípio fundamental da Maçonaria: a crença em Deus e a imor-
talidade da alma. Essa supressão, vitoriosa, obrigou o Grande Colégio dos Ritos a reformular os
Rituais, o que só ocorreu em 1886, porque foram muitas as resistências a vencer. A supressão
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daquele princípio fundamental produziu o abandono da fórmula: ―A Glória do Grande Arquiteto do


Universo‖, bem como à retirada da Bíblia do Altar dos Juramentos.
A Constituição do Grande Oriente de França, após a reforma de 1877, estabelece em
seu art. 1º., depois de definir os objetivos e princípios da Instituição: ―A Franco-Maçonaria, conside-
rando que as concepções metafísicas são do domínio exclusivo da apreciação individual de seus
membros, recusa-se a qualquer afirmação dogmática‖. Em homenagem ao Grande Oriente de
França, convém deixar bem claro os motivos por que ele operou essa reforma. Sua atitude não
traduziu, como poderia parecer, reação ao Sillabus, o código de intolerância do Papa Pio IX, decre-
tado em dezembro de 1864. O Grande Oriente não passou da posição deísta para a posição ateia.
Absolutamente. Não se impunha ateísmo a ninguém. O voto nº. 9, em virtude do qual a Assembleia
suprimiu aquela afirmação dogmática de crença em Deus e na imortalidade da alma, tem a sua
genuína interpretação nos Boletins do Grande Oriente de França, dos anos de 1876 e 1877.

No Boletim de 1876, à pág. 373, se lê:

―Só a má fé pode assimilar a supressão, que se pretende, a uma negação da


existência de Deus e da imortalidade da alma. Pleiteamos, sim, como bases exclusivas da Franco-
Maçonaria a solidariedade humana e a liberdade de consciência, mas essas bases comportam a
crença em Deus e em uma alma imortal, tanto quanto autorizam o materialismo, o positivismo ou
qualquer outra doutrina filosófica‖.
Em matéria de fé, ela não afirma nem nega. Ela respeita de modo igual todas as con-
vicções, doutrinas e crenças sinceras. ―Assim, as portas de nossos Templos se abrem diante do
protestante, como diante do católico, diante do muçulmano como diante do cristão, diante do ateu
como diante do deísta, desde que sejam homens de bem‖.
―Nenhum homem inteligente e honesto poderá dizer seriamente que o Grande Oriente
de França quis banir de suas Lojas a crença em Deus e na imortalidade da alma, quando, ao
contrário, em nome da liberdade absoluta de consciência, ele declara solenemente respeitar as
convicções, as doutrinas e as crenças de seus membros. Nós não afirmamos nem negamos ne-
nhum dogma, para nos mantermos fiéis aos nossos princípios e à prática da solidariedade huma-
na. Se convém aos Grandes Orientes estrangeiros nos caluniar, deturpando nossos pensamentos
e desnaturando nossos sentimentos, que o façam: são livres‖.
Em 1877, quando a Assembleia ainda debatia o assunto, proclamava-se (Boletim,
pág. 243):

―Deixemos aos teólogos o cuidado de discutir os dogmas.‖ Deixemos às igrejas totalitárias o cuida-
do de formular os Sillabus. Mas que a Maçonaria se torne o que deve ser: uma instituição aberta
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ao progresso, a todas as ideias morais e elevadas, a todas as aspirações largas e liberais. Que ela
não desça jamais à arena ardente das discussões teológicas, que não têm trazido senão dissen-
sões e perseguições. Que ela se guarde de querer ser uma Igreja, um Concílio, um Sínodo! Porque
todas as Igrejas, Concílios e Sínodos têm sido violentos e perseguidores, porque o dogma é, por
sua natureza, inquisidor e intolerante. Que a Maçonaria paire, pois, majestosamente, acima de
todas as questões de igrejas ou de seitas; que ela sobreleve do alto, todas essas discussões; que
ela se torne o vasto abrigo, sempre aberto a todos os espíritos generosos e bravos, a todos os
perquiridores conscienciosos e desinteressados da verdade e a todas as vítimas, enfim, do despo-
tismo e da intolerância.
A Moção que adotou o voto nº. 9, supressivo, consta, finalmente, à fl. 248 do Boletim
de 1877:
―A Assembleia, considerando que a Franco-Maçonaria não é uma religião, não pode,
por consequência, afirmar em suas Constituições doutrinas ou dogmas‖.
O texto aprovado estabelecia: ―A Franco-Maçonaria, instituição inteiramente filantrópi-
ca e progressista, tem por objetivo a procura da verdade, o estudo da moral universal, das ciências
e das artes e o exercício da beneficência. Tem por princípios a liberdade absoluta de consciência e
a solidariedade humana. Não exclui ninguém por suas crenças. Tem por divisa: Liberdade, Igual-
dade e Fraternidade‖, (―Les Franc-Maçons‖, de Serge Hutin, ed. 1960, pág. 109, coleção ―Le
Temps qui court‖).
É curioso assinalar-se que a aprovação se deu após um discurso muito aplaudido do
Ir∴ Desmons, que não era livre pensador, mas um pastor protestante.
No Brasil, já na República, entre 1891-1901, o Grão-Mestre Antônio Joaquim de Ma-
cedo Soares, tendo como Secretário-geral Henrique Valadares, deu à Maçonaria grande influência
francesa e, como diz Viegas em 1986: ―julgando-se dentro do espírito da lei da separação entre a
Igreja e o Estado, amoldou-se melhor o Rito Francês ao eliminar a Bíblia do Altar dos Juramentos e
suprimir as referências ao Grande Arquiteto do Universo.‖
A reforma constitucional de 1877 só alcançava a jurisprudência do Grande Oriente de
França, mas o Grande Oriente do Brasil, onde se praticava o Rito Francês acompanhou aquela
Potência.
A maçonaria é equidistante das religiões, não é uma seita religiosa, e os Irmãos que
assim a tornam são, evidentemente, ou aqueles que procuram desvirtuá-la, ou aqueles que, insa-
tisfeitos com suas religiões procuram na Maçonaria uma nova religião ou a compensação para
as suas frustrações místicas.
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E, é baseado na equidistância perante as religiões que o Rito Moderno não adota a


existência da Bíblia no Triângulo de Compromissos (Altar de Juramentos para outros Ritos). Os
defensores da colocação da Bíblia alegam que deve haver um "livro da lei revelada". A Bíblia só
passou a ser adotada em algumas Lojas a partir de 1740, antes disso Anderson e os demais
Maçons aceitavam a obrigação do "Livro da Lei", Lei Maçônica, Lei Moral. Acrescente-se, ainda,
que existem religiões, tais como a Umbanda, o Candomblé, a Pajelança e outras, com diversos
adeptos entre nós que possuem um livro da lei revelada, cuja tradição é oral. Perguntamos: que
livro religioso se colocaria na presença de tais Irmãos?
Nosso "Livro da Lei" são os princípios da Sublime Ordem, quando muito
as Constituições das Potências às quais pertença a Loja, onde constam tais princípios, ou ainda,
as Constituições de Anderson, em sua redação original, que deu origem à institucionalização
da moderna Maçonaria.
No entanto, a Grande Loja da Inglaterra que considera condições indispensáveis para
a vida maçônica a crença em Deus e em uma vida futura, e que rompeu com os Grandes Orientes
da França e da Bélgica em defesa desses princípios, fez com o Grande Oriente do Brasil, em 1935,
um tratado de aliança indissolúvel, firmando-se as relações cordiais entre os dois corpos. (Viegas,
1986).
16 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Uso da Bíblia em Loja do Rito Moderno.

Em 1969, houve a decisão final adotada pelo Mui Poderoso e Sublime Capítulo do Ri-
to Moderno, hoje, SCRM - Supremo Conselho do Rito Moderno. (Vide Ritual do GOB de 2009,
págs. 17 - 23 ou Boletim do Grande Oriente do Brasil nº. 8 - Ano 98 – Agosto/Setembro de 1969 -
págs. 61- 63 – [Transcrição abaixo]).
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DECISÃO SOBRE O USO DA BÍBLIA.


Vale do Lavradio, 15 de Setembro de 1969, E∴ V∴.
Soberano Grão-Mestre,

Levamos ao conhecimento do Pod∴ Ir∴ que o Muito Pod∴ e Sub∴ Grande Cap∴ do Rito
Moderno para o Brasil, em Sessão realizada aos oito dias do mês de setembro do ano de 5969 da
V∴ L∴, tomando conhecimento da comunicação verbal formulada pelo Grão Mestrado, ao propósi-
to das preocupações da Potência Simbólica, no que tange à colocação do Livro da Lei (especifica-
mente a Bíblia), como uma das alfaias das Lloj∴ Simbólicas, houve por bem tomar a Resolução
anexa a este.
Seja-nos lícito enfocar a posição desta Oficina, que jamais abdicou ou abdicará de suas
prerrogativas, mas tão somente se permitiu examinar o aspecto material da questão, no pertinente
às conveniências internacionais.
Ademais disso, esta Potência, centenária e regular, não poderia se furtar ao exame da
matéria, porém, dentro do prisma em que foi equacionada, até porque, é de sua tipicidade apreciar
e discutir problemas que interessem à Ordem dentro do campo amplo do filosofismo.
Esperando ter dado mais uma contribuição para o Simbolismo, sem quaisquer laivos de
ingerência, aproveitamos o ensejo para enviarmos o Trip∴ Abr∴ Frat∴ ao querido e Pod∴ Ir∴.

Atenciosas saudações,

Henrique Cândido Camargo - Gr∴ lnsp∴.


•••
“Trata” a presente convocação, de Sessão especial para se tomar conhecimento da co-
municação formulada pelo Grão-Mestre Geral da Ord∴ (Potência Simbólica), através o compareci-
mento do Pod∴ Ir∴ CARLOS KEIDEL, passado para o Or∴ Eterno, para nos dar conta das preocu-
pações da Potência Simbólica, no que tange à colocação do Livro da Lei (especificamente a Bí-
blia), como uma das alfaias da Loj∴ Simbólica.
Ciente da comunicação verbal, e examinando-a detidamente, esta Oficina Filosófica
passou a deliberar:
CONSIDERANDO que é da competência da Potência Simbólica a administração dos
Graus Simbólicos, na forma do art. 154 da Constituição do Gr∴ Or∴ do Brasil;
CONSIDERANDO que a Potência Simbólica exerce na mais completa independência
essa administração, abrangendo toda a jurisdição nacional;
CONSIDERANDO que o simbolismo está prenhe de atos e fatos consignados no VE-
LHO TESTAMENTO;
CONSIDERANDO, entretanto, que a história da maçonaria na sua parte exotérica é por
vezes tumultuada pela ficção, decorrendo daí deturpação de seus conceitos;
CONSIDERANDO, todavia, que a parte esotérica não admite sequer, ainda que remo-
tamente, DOGMAS ou CISMAS dentro da instituição;
18 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

CONSIDERANDO que, no que tange à colocação da BÍBLIA no Altar dos Juramentos ou


Altar dos Compromissos tem ocasionado sérias controvérsias, haja vista a interpelação formulada
pela Gr∴ Loj∴ do Uruguai ao propósito da imposição inglesa;
CONSIDERANDO, ainda, que a Loja Mãe adota para seus trabalhos, não a Bíblia, em
seu contexto integral, mas, apenas, o Pentateuco, isto é, os cinco primeiros livros do Velho Tes-
tamento, e que são Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio;
CONSIDERANDO, por outro lado, que, segundo "As Marcas ou Lei Tradicional", de Al-
bert G Mackey, item XXI, o "Livro da Lei" não há de ser necessariamente a Bíblia, mas, sim, o
volume que, segundo a religião do país, se crê que contenha a revelada vontade do Gr∴ Arq∴ do
Universo;
CONSIDERANDO que, de acordo com o mesmo item, Mackey afirma que a maçonaria
não há de se intrometer na consciência religiosa de seus membros, exceto no que corresponde a
crença em DEUS e na imortalidade da alma que, logicamente, se derivam daquela;
CONSIDERANDO, por outro lado, que para ingresso na Ordem exige-se sem nenhum
outro condicionamento que o profano seja homem livre e de bons costumes;
CONSIDERANDO, ainda, que a gênese das expressões "ateu estúpido" e "libertino
irreligioso" consignadas no artigo primeiro dos ANTIGOS DEVERES, teve origem em fatos religi-
osos e políticos, decorrentes do escândalo provocado pelo duque PHILIP DE WARTON, presidente
dos HELL FIRE CLUBS, e eleito Gr∴ Mest∴ da Gr∴ Loj∴ da Inglaterra, como se pode constatar in
"La Charte inconnue de La franc-maçonnerie chrétienne" de Alec Mellor, págs. 32/37;
CONSIDERANDO, mais, que a Bíblia é um símbolo sagrado que, entretanto, a nenhum
maçom se lhe exige a crença exclusiva em seus ensinamentos e que se pode substituí-la por
outros livros igualmente sagrados;
CONSIDERANDO que o RITO MODERNO não é DEÍSTA, nem TEÍSTA, por não admitir
dogmas, porém, não é antideísta nem antiteísta, não sendo obviamente POSITIVISTA e muito
menos ATEU;
CONSIDERANDO que o RITO MODERNO não é necessariamente AGNÓSTICO, mas
sua posição se situa dentro da PRUDENTE NEUTRALIDADE que deve viger, isto pela sua própria
constituição, pois respeita a liberdade de consciência de todos os que para ele acorrem;
CONSIDERANDO, ainda, que o RITO MODERNO, pela sua indiscutível flexibilidade, é o
que pode concentrar toda a gama estrutural concebida por ANDERSON, quando no artigo primeiro
da sua Constituição, in-fine, assim se pronunciou:
"De sorte que a Maçonaria é o CENTRO DE UNIÃO e o meio de conciliar verdadeira
FRATERNIDADE entre pessoa que teriam permanecido perpetuamente distanciadas".
Afirmação tanto mais oportuna quanto é certo que na atual conjuntura os conceitos
hão de ser reformulados face ao dinamismo tecnológico do mundo moderno;
CONSIDERANDO que não se deve confundir sentimento religioso com religião, eis que
esta se calca em dogmas e aquele nada mais é que um bem da inteligência humana;
CONSIDERANDO que é um grande erro assinalar-se abusivamente a natureza religiosa
da Ordem, de confundir teologia com filosofia, dogma e pensamento de livre escolha;
CONSIDERANDO que à Oficina Chefe do Rito compete a fiscalização da observância
da liturgia e da ritualística;
Cleber Tomás Vianna 19

CONSIDERANDO que o Livro da Lei faz parte integrante das luzes da Loj∴ ao lado do
Esq∴ e do Comp∴;
CONSIDERANDO, por derradeiro, que esta Oficina Filosófica cuida única e exclusiva-
mente dos Graus Filosóficos:

R E S O L V E: - AO TOMAR CONHECIMENTO DA COMUNICAÇÃO DO GRÃO-


MESTRADO, ATRAVÉS A PALAVRA DO IL∴ GR∴ SEC∴ DAS RELAÇÕES EXTERIORES, NOS
TÊRMOS DA QUAL SOBRELEVAM-SE AS CONVENIÊNCIAS INTERNACIONAIS DO GR ∴ OR∴
DO BRASIL, E NÃO OBSTANTE OS CONSIDERANDOS ACIMA MENCIONADOS, DECLARAR A
COMPETÊNCIA DA POT∴ SIMB∴ PARA ADOTAR A RESOLUÇÃO QUE HARMONIZE A DOU-
TRINA MAÇÔNICA COM O ESPÍRITO E A FORMA DE SEUS COMPROMISSOS EXTERNOS, NO
TOCANTE A DEFINIÇÃO DA BÍBLIA COMO O LIVRO DA LEI PARA O BRASIL.
Templo dos Capítulos, aos 8 dias do mês de setembro do ano de 5969 da V ∴ L∴.

Henrique Cândido Camargo - Gr∴ lnsp∴.


Samuel da Rocha Fonseca - Gr∴ Secr∴.

Condição de regularidade da GLUI.

A Grande Loja Unida da Inglaterra preza que se atendam os oito pontos para
o reconhecimento de uma Potência Maçônica, o que nós aceitamos, haja vista que o
Grande Oriente do Brasil tem Tratado de Amizade e Reconhecimento com ela.
1. – Deve ter sido legalmente estabelecida por uma Grande Loja ou por três
ou mais lojas privadas, cada qual garantida por uma Grande Loja Regular;
2. – Deve ser verdadeiramente independente e autogovernada, com autori-
dade inconteste sobre a Maçonaria Operativa ou Básica (id est, os graus simbólicos de
Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom) dentro de sua jurisdição e não estar sujeita de
nenhuma maneira a divisão de poder com outro corpo maçônico;
3. – Os maçons sob sua jurisdição devem ser homens, e ele e suas Lojas
não devem ter nenhum contato maçônico com lojas que admitam mulheres como mem-
bros;
4. – Os maçons sob sua jurisdição devem acreditar em um ser supremo;
5. – Todos os maçons sob sua jurisdição devem tomar suas obrigações so-
bre ou à plena vista do Volume da Lei Sagrada (id est, a Bíblia) ou o livro considerado
sagrado pelo postulante;
6. – As Três Grandes Luzes da Franco-Maçonaria (id est, o Livro da Lei Sa-
grada, o Esquadro e o Compasso) devem estar visíveis quando a Grande Loja ou suas
Lojas Subordinadas estiverem abertas;
20 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

7. – A discussão de religião e política dentro das lojas deve ser proibida;


8. – Deve aderir aos princípios estabelecidos e as regras (os antigos Land-
marks) e os costumes da Ordem e insistir na sua observação dentro das Lojas.

Landmarks.

O Rito Moderno, coerente com seus princípios, aceita como mais concernen-
te a compilação de Findel, que é a seguinte:
1. - A obrigação de cada Maçom de professar a religião universal em que to-
dos os homens de bem concordam. (Praticamente transcrevendo as Constituições de
Anderson, primeiro documento oficial da moderna Maçonaria);
2. – Não existem na Ordem diferenças de nascimento, raça, cor, nacionalida-
de, credo religioso ou político;
3. – Cada iniciado torna-se membro da Fraternidade Universal, com pleno di-
reito de visitar outras Lojas;
4. – Para ser iniciado é necessário ser homem livre e de bons costumes, ter
liberdade espiritual, cultura geral e ser maior de idade;
5. – A igualdade dos Maçons em Loja;
6. – A obrigatoriedade de solucionar todas as divergências entre os Maçons
dentro da Fraternidade;
7. – Os mandamentos da concórdia, amor fraternal e tolerância; proibição de
levar para a Ordem discussões sobre assuntos de religião e política;
8. – O sigilo sobre os assuntos ritualísticos e os conhecimentos havidos na I-
niciação;
9. – O direito de cada Maçom de colaborar na legislação maçônica, o direito
de voto e o de ser representado no Alto Corpo.
Cleber Tomás Vianna 21

2
PECULIARIDADES DO RITO CONSOANTES AOS RITUAIS
ADOTADOS NO BRASIL.

1. – Não há juramento no RM. O Compromisso é sobre a Constituição; o candidato


não se ajoelha. Define-se a Maçonaria como uma instituição, cujos princípios são: a Tolerância, o
Respeito Mútuo e a Liberdade de Consciência. Sua divisa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Não há Bíblia aberta, nem outro L∴ S∴, nem preces, nem se invoca O G∴ A∴ D∴ U∴;
2. – Faz-se a glorificação do trabalho, mas a letra G é gravitação, gênio, geometria, e
a Estrela Flamejante simboliza a estrela polar ou o astro do livre pensamento;
3. – A acácia não é a imortalidade. Ela significa que a vida tira seus elementos da
morte e lembra a renovação social pela liberdade, que sucede à opressão;
4. – Não há referência a Divindades. A Palavra Perdida é a trilogia da Revolução
Francesa;
5. – Zela-se pela Ritualística e Filosofia do Rito;
6. – Faz-se parte da administração do Rito em todo o território nacional com mandato
sobre os Grandes Conselhos Estaduais;
7. – Nos Rituais especiais, o mesmo sentido agnóstico;
8. – Na inauguração do Templo, se invoca a Verdade, a Razão e a Justiça;
9. – Na confirmação do casamento, considera-se a cerimônia como um contrato, vi-
sando a perpetuação da espécie;
10. – Na pompa fúnebre: não há afirmação da imortalidade do espírito, nem a invoca-
ção do G∴A∴D∴U∴ e se diz que: ―O corpo morto, vai contribuir ao desenvolvimento da vida vege-
tal‖.

Liturgias no Rito Moderno.

Em determinadas práticas ritualísticas do Rito Francês ou Moderno no Brasil não há li-


turgia, porque não há cerimônia religiosa. Os Ritos podem compreender cerimônias religiosas e
não religiosas. Segundo Jules Boucher, em seu conhecido livro ―La Symbolique Maçonnique‖, Rito
é, em Maçonaria, ―a codificação de certas cerimônias. É o cerimonial‖. Nos seus Rituais vigentes, o
Rito Francês ou Moderno é um Rito, sem as práticas religiosas de um culto. Seus Rituais contêm
as regras ou preceitos, com os quais se realizam as cerimônias e se comunicam os SS∴, TT∴,
PP∴ e demais instruções secretas dos graus.
22 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

No Rito Moderno, estudamos que o maçom, fiel ao espírito da própria Instituição, tem
uma tríplice caminhada a percorrer, passando por três estados: o Místico, o Metafísico e o Científi-
co, uma vez que nós, maçons, estamos ligados ao próprio destino da Humanidade.
Dependendo do grau em que a Loja esteja trabalhando, varia a posição do esquadro e
do compasso sobre o Livro da Lei:
No grau de Aprendiz Maçom, o esquadro é colocado sobre o compasso, com suas
hastes ocultando as hastes deste; No de Companheiro, eles, os instrumentos, estão entrecruza-
dos, com uma das hastes do esquadro ocultando uma haste do compasso, enquanto a outra haste
deste cobre a outra haste daquele; no de Mestre, o compasso é colocado sobre o esquadro, com
suas hastes ocultando as hastes deste. Nos ritos místicos, esotericamente, o compasso representa
o espírito e o esquadro simboliza a matéria.
Assim, no Aprendiz, ainda imperfeito, a materialidade suplanta a espiritualidade; no
Companheiro, há um equilíbrio entre a espiritualidade e a materialidade; e, finalmente, no Mestre,
há o triunfo do espírito sobre a matéria.
No racional Rito Moderno, todavia, a interpretação é outra: no grau de Aprendiz, as
hastes do compasso, presas sob o esquadro, representam a mente, ainda subjugada pelos pre-
conceitos e pelas convenções sociais, sem a necessária liberdade para pesquisar e procurar a
Verdade; no grau de Companheiro, onde é libertada uma das hastes, há a demonstração de que o
maçom já tem certa liberdade de raciocínio e está no caminho da Verdade; no grau de Mestre, as
hastes do compasso, que é o símbolo do conhecimento, livres, mostram que o Mestre é aquele
que tem a mente totalmente livre para se dedicar ao trabalho de construção.
Para os ritos teístas, a verdade, simbolizada pelas hastes livres do compasso, é a
Verdade Divina, o atributo da mais alta espiritualidade, só reconhecido na divindade, enquanto a
verdade simbolizada pelas hastes presas do compasso é a Verdade humana, demonstrada como
imperfeita, rústica, instável e subjugada pelos preconceitos. Para o Rito Moderno, a verdade conti-
da nas hastes do compasso é a Verdade sempre renovada da evolução científica, do raciocínio
livre e do espírito crítico, que dá, ao Homem, a liberdade de escolher os seus padrões morais e
espirituais, sem o paternalismo que lhe mostre uma verdade estática e imutável, transformada em
transcendental e, por isso mesmo, enigmática e inacessível.
Afinal, o que é a Verdade? Ninguém, até hoje, respondeu a essa pergunta. Se a ver-
dade do homem é, ainda, uma incógnita, como se pode estabelecer o teor da verdade divina, se
Deus, segundo todas as teologias, é o Infinito Incognoscível? Mostra ainda, o Rito Moderno, que
ele não elimina o conceito de divindade, mas também não o impõe. Ele apenas respeita a liberda-
de de consciência do Homem e o seu raciocínio crítico, rejeitando os paradigmas impostos por
Cleber Tomás Vianna 23

homens falíveis, que, em nome de suas crenças místicas, pretendem se arvorar em arautos e
intérpretes da Vontade e da Verdade de Deus.
O Rito Moderno não admite a limitação do alcance da razão, pelo que desaprova o
dogmatismo e imposições ideológicas e, por ser racionalista e, portanto, Adogmático, propugna
pela busca da Verdade, ainda que provisória e em constante mutação.
A filosofia do Rito se opõe a qualquer espécie de discriminação.
O Rito Moderno emprega SS∴, TT∴ e PP∴ para cada grau; desenvolve as cerimônias
por meio de fórmulas misteriosas e emblemáticas dentro dos Templos, com símbolos da constru-
ção universal; usa no primeiro Grau a Câmara das Reflexões para o neófito, desenvolve na inicia-
ção o cultivo da Moral, da Frat∴ e da Tolerância e explica as viagens simbólicas; no 2º. Grau
glorifica, na cerimônia iniciática, o trabalho e o emprego das respectivas ferramentas e o aprimo-
ramento das ciências e das artes; no 3º. Grau adota a lenda de Hiram e a sua analogia com o
princípio científico que a vida nasce da morte.
Tudo isso se contém nos três Graus simbólicos do Rito Francês ou Moderno, com
exceção da afirmação dogmática. Evidentemente assim é porque o Rito é agnóstico, o que, aliás,
não contraria o cânone citado no – ―Livro das Constituições‖ de Anderson, solenemente aprovado
como codificação da Lei Maçônica em 17 de janeiro de 1723 pelos Maçons ingleses e ainda hoje
obedecido em todo o mundo maçônico regular.

“Livro das Constituições” de Anderson.


24 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

3
Criação da Câmara dos Altos Graus.

A obra de Prichard (1730), traduzida para o Francês, passou a ser praticada pelas
primeiras Lojas fundadas na França e, por conveniência de interpretação, passou a se chamar de
Rito Francês ou Rito Moderno e, ainda, como soe ser mais coerente, Rito Francês ou Moderno.
A primeira Grande Loja da França foi fundada em 1738 e, num Convento havido em
1773, muda o nome para Grande Oriente e se institui como uma Federação de Lojas e Ritos. Seu
primeiro Grão-Mestre é Luís Felipe II (Louis Philippe Joseph d'Orléans), Duc d’Orléans, que em
1752 passou a se denominar Duc de Chartres.
Estabelece sua Câmara de Altos Graus em 1782, visando dar ordem às centenas de
Graus e de rituais então existentes no seio da Maçonaria universal. Através da Circular de 1784
cria o Grande Capítulo Geral de França coordenado pelo irmão Roëttiers de Montaleau.
De 1783 a 1786 foram escritos e aprovados os manuscritos dos rituais oficiais para os
três graus simbólicos, resultado da uniformização e da codificação das práticas das Lojas France-
sas nos anos anteriores. Com a impressão do ―Le Régulateur‖ em 1801, todos os graus do Rito
Moderno passaram a ter o seu ritual.
Depois do Convento de 1786 e da decisão do Soberano Capítulo Metropolitano nesse
mesmo período, foi desenvolvido na época, e intensamente, as atividades das Ordens de Sabedo-
ria ou dos Altos Graus do Rito Francês, espalhando-se por toda a França e pelas colônias france-
sas, pela Bélgica e todos os países que pertenciam à área de influência continental francesa,
incluindo Portugal e Espanha que por sua vez a passam para os países latino-americanos, inclusi-
ve para o Brasil (Wikipédia).
Conforme nos ensina o maçonólogo Joaquim Villalta, da Espanha, a expansão das
Ordens de Sabedoria do RM ocorre com a Integração do Grande Capítulo Geral da França criado
em 1784, dentro do GODF, em 1786, adotando o nome de Grande Capítulo Metropolitano. Esta
integração é comunicada oficialmente em 1789.
Em 1807, o Grande Capítulo Metropolitano concentrou-se no desenvolvimento da Vª
Ordem de Sabedoria e a reorganizou de forma meticulosa e profunda. Esta, já estabelecida em
1784, terá a sua atuação efetiva como Academia e com estrutura iniciática dos Altos Graus (81 ao
todo) de forma plena e consciente, de forma a contemplar todos os últimos graus de todos os ritos,
o que se deve, obviamente, à pressão exercida pelos praticantes dos Altos Graus do REAA.
Dessa maneira, a Vª Ordem de Sabedoria detinha controle da situação e se encontra-
va em condições legais de conceder graus superiores ao de Rosa-Cruz, no entanto, dado a pres-
Cleber Tomás Vianna 25

são exercida pelo REAA, as Ordens de Sabedoria do Rito Francês e Moderno deixaram de ser
praticadas na França. Este fato se deu a partir do Ritual Murat de 1857, que abriga os Graus 1, 2 e
3 do Rito Francês ou moderno e 18, 30, 32 e 33 do REAA, sendo, no entanto, no âmbito do GOdF,
a Vª Ordem de Sabedoria reativada oficialmente em 1999.
Somente o Brasil, desde 1822, manteve a pratica ininterrupta das ordens de Sabedo-
ria do Rito Francês ou Moderno, uma vez que Portugal deixa de praticá-los em 1939, quando a
repassa ao Supremo Conselho Lusitano do REAA, o que, ao final não quebra o seu seguimento,
pois, ao se reativar as Ordens de Sabedoria naquele país, ainda viviam antigos membros do último
Grande Capítulo Geral de Portugal.
26 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Ainda sobre o já referido Grande Capítulo Geral da França, comentamos que, embora
formado por membros do GOdF, era independente do mesmo e, quando se integra ao GOdF, se
denomina Soberano Capítulo Metropolitano e em 1807, define de forma concisa a formatação dos
cadernos dos Altos Graus, pois havia necessidade de se definir com padronização pertinente, o
que se trataria dentro da Vª Ordem pelo Conselho dos IX e dos 27 membros da Câmara, que
cuidavam da parte acadêmica e administrativa (conforme Regulamento do Grande Capítulo geral
da França de 1784) da referida Vª. Ordem, fato que lhes dão acesso até a 8ª. Série - Caballero del
Sol.
O Conselho dos IX, era o Detentor das 9 séries e recebia o Grau denominado ―Inicia-
do nos Profundos Mistérios‖ (grau de número 62 contido no conjunto dos 81 graus estabelecidos) e
estava agregando o último Grau da Compilação dos 33 Graus feitas pelo Conde de Clermont em
1768. (Para um estudo aprofundado sugiro a leitura do excelente trabalho feito pelo querido irmão
Joaquim Villalta no Blog ―Racó de La Llum‖.).
Vejamos o que diz a respeito, em uma de suas conferências feita na Bélgica, o irmão
Jean Van Win:
...“Os altos graus foram desenvolvidos na Europa, sem qualquer organização, sem
qualquer lógica, e foram bastante criticados por muitos historiadores, maçons ou não. Eles contam
com muitas duplicidades. O único futuro Rito Francês, antes da racionalização de 1780, incluirá
não menos que 81 (...) “A Câmara dos Graus do GODF trabalha duro em 1782-1783, e envia às
lojas em 1786 e em 1787, os Cadernos dos três graus azuis e das quatro ordens de sabedoria que
compõem a globalidade do Rito Francês. Esta última estrutura, que penetra na Bélgica e na Holan-
da desde 1792, consiste em ordens dos Eleitos – do Escocês – do Cavaleiro do Oriente – do
Cavaleiro Rosa Cruz. Uma ordem é um conjunto de graus agrupando temas semelhantes e, inevi-
tavelmente, excluindo certos graus julgados supérfluos.” (...)“O Rito Escocês Antigo e Aceito se
constitui como o Rito Francês, isto é, ele se apropria de uma série de nomes de graus presentes
no chamado Rito de Perfeição, mas em vez de se compactar em quatro ordens, ele as divide em
33 graus, dos quais os últimos cinco nascem em Charleston, nos Estados Unidos sob uma influên-
cia antiga, mas ainda não identificada. O Rito francês em seus altos graus vem, portanto, do mes-
mo patrimônio iniciático que o REAA; no entanto, o método de racionalização foi diferente.”...
Dessa forma, instituída a Câmara de Altos Graus, se redige um Ritual próprio agru-
pando os diversos graus em Ordens filosóficas, com a administração dos Capítulos que trabalham
acima dos Graus Simbólicos (Aprendiz; Companheiro; Mestre), como sejam:
1ª. Ordem - 4º. Grau – Eleito;
2ª. Ordem - 5º. Grau - Eleito Escocês;
3ª. Ordem - 6º. Grau - Cav∴ do Oriente ou da Espada;
Cleber Tomás Vianna 27

4ª. Ordem - 7º. Grau - Cav∴ Rosa-Cruz;


5ª. Ordem - 8º. Grau - Cav∴ Kadosh ou Insp∴ do Rito.
No Brasil, em 1998, como veremos no capítulo adiante e, conforme consta no
Ritual do SCRM - Grau 9, Cavaleiro da Sapiência, se reorganizou o Rito Moderno, e
se criou dentro da 5ª. Ordem o 9º. Grau, Cav∴ da Sapiência ou Gr∴ Insp∴ do Rito.
Os 81 Graus foram estruturados em nove séries e, em forma de Arca, onde
são abrangidos todos os graus físicos e metafísicos de todos os sistemas de ritos prati-
cados, conforme manuscritos da época (ver JOABEN Hors Série):
1ère série (9 graus):
1. Apprenti; 2. Compagnon; 3. Maître; 4. Maître Secret; 5. Maître Particulier;
6. Maître par curiosité ou Maçon Anglais; 7. Secrétaire Intime; 8. Maître Prévôt et Juge ou
Prévôt Irlandais e 9. Intendant des Bâtiments.
2è série (9 graus):
10. Élu; 11. Élu des Neuf; 12. Élu des Quinze dit de Pérignan; 13. Élu Parfait;
14. Maître Élu; 15. Élu Secret (Sévère Inspecteur); 16. Sublime Élu; 17. Élu Écossais e 18.
Élu des Douze Tribus.
3è série (9 graus):
19. Chevalier du Lion; 20. Chevalier de l'Ancre; 21. Chevalier des Deux Aigles
Couronnés; 22. Petit Architecte; 23. Grand Architecte; 24. Sublime Philosophe Inconnu; 25.
Initié dans les Mystères; 26. Maître de Loge Français e 27. Maçon Parfait; Chevalier de
L’Anneau d’Or ou Parfait Maçon Anglais.
4è série (9 graus):
28. Chevalier de L’Anneau d’Or ou Parfait Maçon anglais; 29. Les Sacrifices;
30. Écossais de Clermont; 31. Écossais de Granville; 32. Écossais des 3 J.J.J.
inconnus; 33. Écossais de la Voûte Sacrée de Jacques VI; 34. Écossais des Quarante;
35. Écossais Français e 36. Écossais de Montpellier.
5è série (9 graus):
37. Écossais du Triple Triangle; 38. Sublime Écossais Anglais; 39. Écossais
de la Perfection; 40. Écossais Irlandais; 41. Écossais Escogide; 42. Écossais de Naples;
43. Écossais Trinitaire; 44. Architecte Écossais e 45. Grand Architecte Écossais.
6è série (9 graus):
46. Noachite Écossais; 47. Écossais de Saint-André ou Quatre Fois
Respectable Maître; 48. Chevalier de Saint-Jean de la Palestine; 49. Chevalier de la
Bienfaisance ou du Parfait Silence; 50. Chevalier du Saint-Sépulcre; 51. Chevalier de
l'Onction; 52. Chevalier d'Orient; 53. Prince de Jérusalem e 54. Commandeur d'Orient.
28 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

7è série (9 graus):
55. Chevalier de l'Aigle ou des Maîtres Élus; 56. Chevalier de l'Aigle ou Parfait
Maître en Architecture; 57. Chevalier de l'Étoile d'Orient, 58. Grand Commandeur du
Temple; 59. Grand Maître des Maîtres; 60. Les Antipodes; 61. Couronnement de la Loge
Bleue et de la Maçonnerie; 62. Initié dans les Profonds Mystères e 63. Écossais de Saint-
André d'Écosse.
8è série (9 graus):
64. Chevalier d'Occident;
65. Chevalier de Jérusalem; 66.
Chevalier de la Triple Croix; 67. La
Vraie Lumière, 68. Prosélyte de
Jérusalem; 69. Chevalier du
Temple; 70. Chevalier du Soleil; 71.
Grand Inspecteur Commandeur e
72. Élu de Londres.
9è série (9 graus) :
73. Maçon Hermétique; 74.
Élu Suprême; 75. Écossais de
Saint-André du Chardon; 76.
Chevalier ou Illustre Commandeur de l'Aigle Noir ; 77. Les Philosophes; 78. Suprême
Commandeur des Astres; 79. Sublime Philosophe Inconnu; 80. Chevalier de la
Cabale; 81. Chevalier de la Balance.
Para um melhor entendimento sobre a matéria, indicamos a obra: Les 81 Grades qui
fondèrent au siécle des Lumières le Rite Français (Gran Chapitre General Du GOdF/ JOABEN Hors
Série).
Cleber Tomás Vianna 29

4
SCRM – Supremo Conselho do Rito Moderno.

A Constituição do Grande Oriente do Brasil instituía o Grande Colégio de Ritos, para a-


brigar os Altos Graus dos Ritos então praticados: Moderno, Adonhiramita e Escocês Antigo e
Aceito. Em 12 de janeiro de 1842, com a promulgação de uma nova Carta Magna do Grande
Oriente do Brasil, foi reorganizado o Grande Colégio dos Ritos, com os três ritos então praticados,
por Manoel Joaquim de Menezes. Com a Constituição de 1855, foi criado, o Sublime Grande
Capítulo dos Ritos Azuis.
Com a extinção do Grande Colégio, foi formado o Sublime Grande Capítulo dos Ritos
Azuis, com a participação dos Ritos Moderno e Adonhiramita, cujo Regulamento Geral seria apro-
vado em 7 de maio de 1858, conforme ressaltado nos textos abaixo (há discordância de data de
Fundação do Grande Capítulo do Rito Moderno, privilegiando o ano de 1874 em detrimento ao ano
de 1842).
“Em 1839 (1º. DE SETEMBRO), ano em que a Constituição do Grande Oriente do
Brasil instituía o Grande Colégio de Ritos, para abrigar os Altos Graus dos ritos então praticados:
Moderno, Adonhiramita e Escocês Antigo e Aceito. Este último havia sido introduzido em 1829 e
seu Supremo Conselho, fundado em 1832, sendo Obediência independente, começava a criar
suas próprias Lojas. Em 1842 (12 DE JANEIRO), com a promulgação de uma nova Carta Magna
do Grande Oriente do Brasil, foi reorganizado o Grande Colégio dos Ritos, com os três ritos então
praticados, o que mostra como foi extemporânea a comemoração, em 1992, no Rio de Janeiro, do
“sesquicentenário” da Oficina Chefe do Rito Moderno”.
a) “O Grande Capítulo do Rito Moderno, na realidade, só surgiria em novembro de
1874, depois da criação do Grande Capítulo Noachita e a consequente saída deste do Capítulo
dos Ritos Azuis. O atual título da Oficina Chefe, Supremo Conselho do Rito Moderno para o Brasil,
é bem mais recente, de 1976”. Ou seja, aqui aparece pela primeira vez o título ―Grande Capítulo do
Rito Moderno ou Francês‖ dado pela Obediência GOB. O Grande Colégio de Ritos do GOB prati-
cava os ritos simbólicos e filosóficos. O Grande Oriente do Brasil era uma Obediência mista (sim-
bólico-filosófica), numa situação que iria perdurar até 1951. A separação das Obediências Simbóli-
cas e Filosóficas só ocorreria em 1951, pelo GOB, conforme será visto adiante.
Em 1839, a Constituição do Grande Oriente do Brasil instituía o Grande Colégio de Ri-
tos, para abrigar os Altos Graus dos Ritos então praticados: Moderno, Adonhiramita e Escocês
Antigo e Aceito. Em 1842, com a promulgação de uma nova Carta Magna do Grande Oriente do
Brasil, foi reorganizado o Grande Colégio dos Ritos, com os três ritos então praticados. Ocorrem
divergências entre os vários Irmãos no tocante às datas e ao histórico relativo ao Rito Moderno:
A Obediência Filosófica no Brasil foi fundada pelo Irmão Manoel Joaquim de Mene-
zes, como Grande Capítulo dos Ritos Azuis, em 1842.
30 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

A Constituição do GOB de 1855 criou o Capítulo dos Ritos Azuis. Os chamados Ritos
Azuis referem-se aos Ritos: Moderno e Adonhiramita, cujas cores são azuis, cujo Regulamento
Geral seria aprovado somente a sete de maio de 1858.
Prossegue Álcio de Alencar Antunes: ―Com a separação dos Ritos Azuis, passou a
funcionar sob a denominação de Grande Capítulo do Rito Moderno ou Francês, a partir de 25 de
novembro de 1874 (Sessão N°. 227)‖.
Esta separação ocorreu depois da criação do Grande Capítulo Noachita (nome alusivo
a Noah, ou Noé), e a consequente saída do Rito Adonhiramita do Capítulo dos Ritos Azuis. b) De
acordo com o DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, pág. 63, Seção 1, Constituição de 12/06/1954, do
GRANDE CAPÍTULO DO RITO MODERNO PARA O BRASIL, este foi fundado por Manoel Joa-
quim de Menezes em 1842, com o Título de Grande Capítulo Geral dos Ritos Azuis. Aceito e
Reconhecido pelo Grande Oriente do Brasil como Grande Oficina Chefe do Rito Moderno ou Fran-
cês no Brasil pela Constituição e Estatutos Gerais da Maçonaria, promulgado pelo Decreto Lei de
20 de abril de 1855 da E. V. passou a funcionar com o Título de Grande Capítulo do Rito Moderno
ou Francês em 25 de novembro de 1874 E. V. (sessão 227).
Nota 1: De acordo com este Diário Oficial da União estava como Soberano Grande
Inspetor do RM o Ir∴ Porphyrio Augusto Ferreira Secca (período 1953-1956).
Cleber Tomás Vianna 31

Nota 2: A 23 de maio, pelo Decreto nº. 1641, o Grão-Mestre do GOB, Joaquim Rodri-
gues Neves, promulgava a nova Constituição, a qual passava a reger apenas a Maçonaria Simbó-
32 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

lica, fazendo com que o Grande Oriente voltasse a ser uma Obediência estritamente simbólica,
separando-se das Oficinas Chefes de Rito.
c) abordando a data da separação dos Graus Simbólicos e Filosóficos, pelo GOB, em
1951:
“O Grande Oriente do Brasil criou, pelo Decreto nº. 21, de 2 de abril de 1873, o Gran-
de Capítulo dos Cavaleiros Noachitas, ligado, como Supremo Conselho Escocês, ao Grande
Oriente. Este (GOB) era uma Obediência mista (simbólico-filosófica), numa situação que iria perdu-
rar até 1951. Nesse ano, a 23 de maio, pelo Decreto nº. 1641, o Grão-Mestre do GOB, Joaquim
Rodrigues Neves, promulgava a nova Constituição, a qual passava a reger apenas a Maçonaria
Simbólica, fazendo com que o Grande Oriente voltasse a ser uma Obediência estritamente simbó-
lica, separando-se das Oficinas Chefes de Rito. A Constituição esclarecia que o Grande Oriente
“com elas mantém relações da mais estreita amizade e tratados de reconhecimento, mas não
divide com elas o governo dos três primeiros graus, baseados na lenda de Hiram, que exerce na
mais completa independência em toda a sua vasta jurisdição”.
d) De acordo com o Irmão José Coelho da Silva (A Missão do Rito Moderno, SCRM,
p. 22, 1994), que foi Soberano Grande Inspetor em 1974:
“Cada uma dessas Grandes Oficinas Litúrgicas mantém um “TRATADO DE MÚTUO
RECONHECIMENTO” com a Potência Simbólica, no caso do Rito Moderno, com o GRANDE
ORIENTE DO BRASIL, pelo qual estão reguladas as atribuições de cada Corpo Maçônico, estando
definida, inclusive, a igualdade de direitos, nos atos solenes, entre o Grão-Mestre Geral e o Sobe-
rano Grande Inspetor Geral do Rito Moderno. Isto porque, desde 1842, quando de sua fundação,
foi considerada a nossa Grande Oficina como o MANDATÁRIO EXCLUSIVO DO RITO MODERNO
OU FRANCÊS NO BRASIL, ratificado pela Constituição e Estatutos Gerais da Maçonaria, de 25 de
novembro de 1863, promulgada em 25 de novembro de 1865 como a Lei Fundamental da Ordem
Maçônica no Império do Brasil. Passou a funcionar com o título de GRANDE CAPÍTULO DO RITO
MODERNO OU FRANCÊS a partir de 25 de novembro de 1874 e MUITO PODEROSO E SUBLIME
CAPÍTULO DO RITO MODERNO PARA O BRASIL a partir de 9 de março de 1953. Já em 1976
teve a Constituição atualizada, passando a denominar-se SUPREMO CONSELHO DO RITO
MODERNO PARA O BRASIL, resguardando as finalidades e a competência, mas ampliando as
suas conquistas em relação as demais filosóficas. ”
e) segundo o Soberano Grande Inspetor Geral do Rito Moderno de Honra José Maria
Bonachi Batalla:

(A Brief History of the Modern Rite in Brazil)


Cleber Tomás Vianna 33

“The Very Mighty and Sublime Grand Chapter of the Modern Rite for Brazil (O Muito
Poderoso e Sublime Grande Capítulo do Rito Moderno para o Brasil) was founded by Manoel
Joaquim Menezes, in 1842 under the title of The Grand Chapter of Blue Rites (O Grande Capítulo
dos Ritos Azuis). It was accepted and recognized as Grand Head of the Modern Rite in Brazil by
the Grand Orient of Brazil. On November 25. 1874, it chose to operate under the name of Grand
Chapter of the Modern or French Rite (Grande Capítulo do Rito Moderno ou Francês).”
(Breve História do Rito Moderno no Brasil):
...“O Muito Poderoso e Sublime Grande Capítulo do Rito Moderno para o Brasil foi
fundado por Manoel Joaquim Menezes, em 1842 sob o título de O Grande Capítulo dos Ritos
Azuis. Foi aceito e reconhecido como Oficina Chefe do Rito Moderno no Brasil pelo Grande Oriente
do Brasil. Em 25 de novembro de 1874, escolheu operar sob o nome de Grande Capítulo do Rito
Moderno ou Francês.”...
O Grande Colégio dos Ritos do GOB praticava os ritos simbólicos e filosóficos. O
Grande Oriente do Brasil era uma Obediência mista (simbólico-filosófica), numa situação que iria
perdurar até 1951. A separação das Obediências Simbólicas e Filosóficas só ocorreria em 1951,
pelo GOB. A Constituição esclarecia que o Grande Oriente ―com elas mantém relações da mais
estreita amizade e tratados de reconhecimento, mas não divide com elas o governo dos três pri-
meiros graus‖.
Em 23 de maio de 1951, pelo Decreto nº. 1641, o Grão-Mestre do GOB, Joaquim Ro-
drigues Neves, promulgava a nova Constituição, a qual passava a reger apenas a Maçonaria
Simbólica, fazendo com que o Grande Oriente voltasse a ser uma Obediência estritamente simbó-
lica, separando-se das Oficinas Chefes de Rito.
O Grande Oriente do Brasil — inicialmente Grande Oriente Brasílico — criado em
1822, adotou o Rito Moderno. E isso é comprovado, pela História do GOB, através de suas atas
daquele ano. Foi o Rito adotado pelos seus Altos Corpos.
Observa-se que o ano de Fundação do Supremo Conselho do Rito Moderno adotado
pelos Soberanos de Honra, José Coelho da Silva, Álcio de Alencar Antunes e José Maria Bonachi
Batalla é o de 1842, época que o irmão Manoel Joaquim Menezes, membro do GOB, reorganiza o
Grande Colégio dos Ritos, sendo considerado por eles o fundador da Oficina Chefe deste Rito.

O registro no Diário Oficial da União, da Constituição do então Grande Capítulo do Rito


Moderno ou Francês, em 12/06/1954, confirma tanto o ano de Fundação 1842, assim como o seu
fundador Manuel Joaquim de Menezes. A promulgação de uma nova Carta Magna do Grande
Oriente do Brasil, de 12 de janeiro de 1842, ajudou a reorganizar o Grande Colégio dos Ritos então
praticados. Não foi encontrada uma data abrangendo dia e mês para a criação do Grande Colégio
dos Ritos, incluindo o Rito Moderno; o ano é de 1842. De acordo com a Constituição de 1855, foi
34 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

criado, apenas para atender aos Ritos Moderno e Adonhiramita, o Sublime Grande Capítulo dos
Ritos Azuis.
O Regulamento Geral do Grande Capítulo dos Ritos Azuis só foi aprovado em 7 de
maio de 1858. Só a 25 de novembro de 1874 é que desapareceria o Grande Capítulo dos Ritos
Azuis, com o surgimento do Grande Capítulo do Rito Moderno ou Francês. Esta data é considera-
da pelo Ir∴ José Castellani como a data da Fundação da Oficina Chefe.
Tudo indica que, com a separação das Potências GOB e Oficina Chefe do GRANDE
CAPÍTULO DO RITO MODERNO PARA O BRASIL, através da primeira Constituição de
12/06/1954, que o primeiro SGIGRM foi o Ir∴ Porphyrio Augusto Ferreira Secca.
Cleber Tomás Vianna 35

5
Graus e Rituais adotados no Brasil

Como visto anteriormente, após se estudar os 81 Graus, os mesmos foram


estruturados em nove séries e, em forma de Arca, onde são abrangidos todos os graus
físicos e metafísicos de todos os sistemas de ritos praticados, conforme manuscritos da
época, o que equivale dizer:
É concernente:
a) I Ordem: primeira e segunda séries (Graus de eleitos, incluindo os três primeiros
graus simbólicos);
b) II Ordem: terceira, quarta e quinta séries (a terceira sem continuidade e as duas úl-
timas, Escoceses);
c) III Ordem: sexta série (Graus de Cavalaria);
d) IV Ordem: sétima série (Graus Rosa-Cruz);
e) V Ordem: oitava série (Kadosh) e, ainda,
f) V Ordem: nona série (Sapiência).
Para o 8º. Grau – Cavaleiro Kadosh se elegeu como referencial o ―Élu de Londres‖
(nº. 72);
No Brasil, em 1998, conforme consta no Ritual do Grau 9 – Cavaleiro da Sapiência do
SCRM, se reorganizou o Rito Moderno, principalmente por motivos administrativos e de forma a
contemplar as especificações acima mencionadas, inclusive para a assinatura de Tratados de
Amizade e Mútuo Reconhecimento com outros Ritos Maçônicos.
Para tanto, foi criado dentro da 5ª. Ordem, em sentido amplo da matéria, o 9º. Grau –
Cavaleiro da Sapiência. A adoção é baseada no ―Sublime Philosophe Inconnu‖ (nº. 79 dos 81 já
mencionados), que melhor representa os mesmos. (Para um estudo mais apurado a respeito,
recomenda-se ler as excelentes Obras de Ragon).”...
Assim, no Brasil, temos que os três primeiros graus (Aprendiz, Companheiro
e Mestre), se reúnem nas chamadas Lojas Simbólicas, filiadas às chamadas Obedi-
ências Simbólicas;
Os Graus 4 a 7 se reúnem nos Sublimes Capítulos;
O Grau 8 se reúne no Grande Conselho Estadual e,
36 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

O Grau 9 se reúne no Supremo Conselho, que tem jurisdição nacional sobre todos os
Graus Filosóficos.
No Grande Oriente do Brasil, Potência mãe da Maçonaria Brasileira, são aceitos 7
(Sete) ritos:
1. - Adonhiramita; 2. - Brasileiro; 3. - Escocês Antigo e Aceito; 4. - Francês ou Moder-
no; 5. - Schröder; 6. - York; 7. - Escocês Retificado.
Tal diversidade não constitui fator de dissensão, porque todos, além de serem unidos
pelos fortes laços de Fraternidade e de um Ideal comum, obedecem a normas legais, tais como as
Constituições do Grande Oriente do Brasil e dos Grandes Orientes Estaduais, ao Regulamento
Geral da Federação, leis e decretos.
O SCRM – Supremo Conselho do Rito Moderno, consoante sua NLP – Normas, Le-
gislação e Procedimentos determina que para os interstícios e a idade civil exigidos para a conces-
são dos diversos graus se observe o seguinte:
1º. ao 2º. Grau - 12 meses: 21 anos de idade e mais;
2º. ao 3º. Grau - 06 meses: 21 anos e mais;
3º. ao 4º. Grau - 12 meses no Grau 3: 22 anos e mais;
4º. ao 5º. Grau - 12 meses no Grau 4: 29 anos completos;
5º. ao 6º. Grau - 06 meses no Grau 5: 31 anos completos;
6º. ao 7º. Grau - 18 meses no Grau 6: 33 anos completos;
7º. ao 8º. Grau - 18 meses no Grau 7 e sem limite de idade;
8º. ao 9º. Grau - 36 meses no grau 8 e sem limite de idade;
Candidato a Membro Efetivo do SCRM - 24 meses no grau 9 e sem limite de idade.
*Os interstícios dos graus só poderão ser dispensados pelo SGIG mediante proposta
fundamentada do Presidente do Corpo Filosófico subordinado.
Cleber Tomás Vianna 37

Paramentos - Graus Filosóficos.

Da esquerda para a direita: Grau 4 – Eleito Secreto; Grau 5 – Eleito Escocês; Grau 6 – Cavaleiro
do Oriente; Grau 7 – Cavaleiro Rosa-Cruz; Grau 8 – Cavaleiro Kadosh e, Grau 9 – Cavaleiro da
Sapiência.

Correspondências entre os Ritos e seus altos Graus.

Moderno Adonhiramita REAA Brasileiro York Americano

1ª. Ordem 7 9 9 Mestre de Marca

2ª. Ordem 14 14 14 Past Master

3ª. Ordem 15 15 15 Mui Excelente Mestre

4ª. Ordem 18 18 18 Maçom do Real Arco

5ª. Ordem 30 30 30 Cavaleiros de Malta

5ª. Ordem 33 33 33 Cavaleiros Templários


38 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

6
O Rito Moderno em Portugal e no Brasil.
Portugal.
Em 1815, no Rio de Janeiro, o príncipe regente Dom João VI assinou um decreto que
criava o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Com isso, o Brasil deixou de ser colônia e foi
elevado à categoria de reino e passou a ter condição de igualdade com a antiga metrópole do
reino, Portugal.
Em 1822, no Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, o Grande Oriente do Brasil é
fundado sob a égide do Rito Moderno, visto que, em 1802, Hipólito José da Costa trouxe de Lon-
dres e de Paris a Documentação regularizadora do funcionamento do Grande Oriente Lusitano.
Sendo este, como todo Grande Oriente, praticante do Rito Francês, o G∴O∴B∴ cons-
titui o Rito Moderno como sua Célula Mater, conduzindo e irradiando sua chama iluminista, eman-
cipadora e libertária até os dias atuais.
Para uma melhor compreensão sobre isto, é importante voltar às origens da Maçona-
ria em Portugal.
Remonta até cerca de 1730 a fundação, em Portugal, das primeiras Lojas sob a influ-
ência da França e Inglaterra (Clavel, 1843).
Em 1738 o Papa Clemente XII proíbe aos católicos exercerem atividades nas Lojas
Maçônicas e o rei de Portugal D. João V ameaçava com penalidades os maçons. (Thory – ―Histoire
de La Fondation du Grand Orient de France‖). Na verdade, nem a Bula do Papa, nem o Decreto do
Rei, impediram as atividades maçônicas em Portugal.
Posteriormente, durante o governo do Del-Rei D. José I (1750-1777) as Lojas Portu-
guesas funcionavam sigilosamente. Daí em diante, até a Revolução Francesa, Portugal recebia
grande influência das Lojas de Paris, de nada valendo as proibições de D. João VI e de D. Maria I.
Ao redor de 1793, existiam em Coimbra e em Porto e delas fizeram parte vários estu-
dantes das províncias ultramarinas inclusive do Brasil (Lívio e Ferreira, 1968).
Cleber Tomás Vianna 39

Brasil.
No periódico ―RETALES DE MASONERIA‖ nº. 4 de 15 de dezembro de 2011, na pág.
9, vemos o seguinte comentário:

...“Durante esta época surgiram vários personagens que com suas ideias influíram de
grande maneira com suas ideias libertárias” ... E cita o artigo, que o Almirante Aubert
Dupetit Thouahrs chega no Brasil em 1791 e funda uma Loja Maçônica com o nome de
Cavaleiros da Luz e que em 1796 continua o seu trabalho o francês Larcher” ...
Com o mesmo contexto, na Encyclopedia de La Masoneria, encontramos:
...“Ostensibly, to undertake some scientific research, Dupetit-Thouars came
to Brazil in 1791. In Bahia he founded a secret order called 'Knights of Light' and taught
the basic theory of French Enlightenment: - a lifelong battle against intolerance, injustice,
and obscurantism. He was indeed both a French revolutionary, and a Freemason. He
soon had to return to France, and Larcher, who arrived in 1797 and directly influenced
the 1798 conspiracy against the Portuguese crown, continued his work. It was due to the
influence of this order that the majority of the conspirators escaped from being prosecut-
ed by the Portuguese authorities in Brazil”…

…“Ostensivamente para empreender alguma pesquisa científica, Dupetit-Thouars


chegou ao Brasil em 1791. Na Bahia ele fundou uma ordem secreta chamada
"Cavaleiros da Luz" e ensinou a teoria básica do Iluminismo Francês: - uma batalha
vitalícia contra a intolerância, a injustiça e o obscurantismo. Ele era de fato tanto um
revolucionário francês quanto um maçom. Ele logo teve que voltar para a França, e seu
trabalho foi continuado por Larcher, que chegou em 1797 e influenciou diretamente a
conspiração de 1798 contra a coroa portuguesa. Foi devido à influência desta ordem
que a maioria dos conspiradores escapou de ser processada pelas autoridades
portuguesas no Brasil”...
No site da Multi Rio, em Crise do Sistema Colonial, lemos que em 1796, a estadia do
francês Larcher na Bahia contribuiu para a difusão das ideias revolucionárias. Encarregado de
vigiá-lo, o tenente Hermógenes de Aguilar Pantoja, além de aderir a seus ideais, apresentou-o a
40 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

baianos ilustres e, o ano seguinte, em julho, na mesma casa em que ocorreram as reuniões com
Larcher, foi fundada a Loja Maçônica Cavaleiros da Luz, onde eram lidos os livros de Rousseau e
outras obras de iluministas franceses.
Marco Morel em seu trabalho acadêmico ―Novas perspectivas sobre a presença fran-
cesa na Bahia em torno de 1798‖ reporta:
A publicação e análise da correspondência e de um Projeto de invasão da Bahia envi-
ados pelo capitão e Chefe de Divisão das Armadas Navais Francesas, Antoine-René Larcher ao
Diretório da República Francesa em 1797 permitem conhecer, sob novos ângulos, os episódios da
chamada Conjuração Baiana, tanto pela abrangência social dos conspiradores, quanto por dimen-
sões até então desconhecidas pela historiografia de projetos efetivamente inseridos numa perspec-
tiva mais ampla de tentativas de expansão da Revolução Francesa.
Os documentos franceses que recentemente chegaram ao conhecimento de pesqui-
sadores sobre os acontecimentos em torno da Bahia de 1798 não só agregam informações aos
episódios, como permitem novas interpretações que trazem dimensão até então inédita ou pouco
compreendida sobre a chamada Conjuração Baiana ou dos Alfaiates, como tradicionalmente ficou
conhecida.
A viagem do capitão Larcher durou quase dois anos, repleta de lances perigosos,
desde sua partida da França em setembro de 1795 ao retorno em junho ou julho de 1797. A pas-
sagem pela Bahia, embora imprevista, representou um episódio que se encadeava com os demais.
Ainda que fuja ao objetivo deste trabalho situar o roteiro do trajeto, vale destacar alguns pontos que
interessam ao caso aqui tratado.
Comandante da fragata La Preneuse, em dezembro de 1795 Larcher chefiou o bem
sucedido ataque ao navio luso-brasileiro Santo Antônio de Polifemo, comandado por Manoel do
Nascimento da Costa, que fazia o Comercio com a Índia. No combate de quatro horas e meia
foram mortos oito homens do lado luso-brasileiro: cinco soldados, um marinheiro, o tenente João
Cordeiro do Vale e frei Agostinho de Newfonte, além de seis feridos, entre os quais Antônio José
de Almeida, secretário de Estado de Goa que se encontrava a bordo.
O carregamento confiscado pelos militares franceses se constituía de açúcar, aguar-
dente, tabaco, ferro e fardamento para as tropas portuguesas na Ásia. Passada a violenta refrega e
feita a presa, inclusive do armamento e munição, Larcher negociou de maneira cortês com o capi-
tão derrotado, redigindo-lhe um salvo-conduto destinado aos demais navios franceses, solicitando
que não atacassem mais a embarcação, o que permitiu ao Santo Antônio de Polifemo regressar à
Bahia sem ser mais molestado e com os sobreviventes em liberdade.
Tal atitude de negociação ajuda a entender como Larcher, alguns meses depois, seria
bem recebido em Salvador, onde aportou em novembro de 1796, agora como simples passageiro
Cleber Tomás Vianna 41

do navio luso-brasileiro Boa Viagem, oriundo da Ásia, de onde saíra sem sua embarcação La
Preneuse, expulso pelos colonos franceses escravocratas, como já foi citado.
Foi então, durante estada de cerca de um mês em Salvador, que ocorreram os conta-
tos do capitão Larcher com as mais altas autoridades, como o próprio capitão general D. Fernando
José de Portugal, e também com os conspiradores locais, geradores das duas cartas aqui transcri-
tas, episódio que já mereceu interpretações diversificadas de historiadores ao longo do tempo,
como já foi visto.
E foi ainda num navio português, Bom Jesus, que Larcher retornou à Europa em janei-
ro de 1797, ficando retido, a contragosto, na capital portuguesa, sem recursos para retornar a seu
país natal. Enquanto aguardava em Lisboa, pelo menos entre março e junho de 1797, o capitão
Larcher parecia ansioso em levar adiante o projetado apoio francês aos conspiradores baianos.
Eis um trecho de uma de suas correspondências ao seu superior, o ministro da Mari-
nha e das Colônias, Conde Laurent-Jean-François Truguet.
“Projeto de expedição contra São Salvador (Brasil) pelo Capitão de navio Larcher – 24
de abril de 1797.
O Povo, que eu tive a honra de Vos descrever na minha memória de Prairéal 5º., é
aquele de São Salvador na Baía de Todos os Santos, capital da mais considerável Capitania do
Brasil cuja População é avaliada em sessenta mil almas.
Os habitantes investidos dos direitos do homem clamam sua independência; eles a
pedem à República francesa, e não a Desejam senão de Vós. Quinze Milhões no mínimo em
matérias de ouro e prata, diamantes, preciosas madeiras de construção, açúcares, café, e algo-
dões serão o testemunho desta Vontade, e Vós podeis julgar por aí a importância que eles dão a
isso: eles estão tão cansados do Governo real e teocrático, tiveram tantos desgostos que todos os
seus possíveis sacrifícios lhes parecerão pequenos, se eles puderem alcançar seu objetivo.
Os meios de execução são fáceis e pouco dispendiosos: 4 Navios de linha, 3 fragatas,
e 2 flûtes serão suficientes para transportar 1500 homens de tropas e 300 artilheiros, 4000 fuzis
com suas baionetas, o mesmo de sabres, de pólvora (o Governo não permite que se fabrique) e
balas de canhão de diferentes calibres: eis suas necessidades do momento: eles desejam um
engenheiro, um arquiteto, um ferreiro e um mecânico: estes são os pedidos que eu fui incumbido
de Vos fazer em nome deles.
Esta Divisão poderá atracar na Baía de Todos os Santos à porta dos fortes, eles não
são perigosos; não havia mais de 700 kg de Pólvora na minha partida, e o Governo temia enviar-
lhes mais, tanto as cabeças estão em efervescência.
Assim que o comandante da divisão tiver lançado o sinal combinado, a colônia se le-
vantará em massa, as tropas se reunirão aos habitantes que tomarão a casa da moeda, cofres,
depósitos, e o arsenal: destituem-se todas as autoridades do Governo, e criam-se outras Popula-
42 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

res: uma deputação de Cidadãos irá a bordo do comandante para lhe pedir a proteção da Repúbli-
ca francesa; Vós lhe direis o veredicto que ele deverá dar: se esta revolução se opera, como ela
está projetada, ela só sentirá o fogo das manifestações de júbilo.
Esta revolução terá um efeito elétrico sobre as outras capitanias do Brasil, a experiên-
cia nos prova: todas elas se reunirão para formar um povo livre.
Vantagens para o Comercio da República francesa que o estado de suas colônias tor-
na ainda mais precioso. Um tratado de aliança com a República francesa terá lugar imediatamente:
outro de Comercio deve necessariamente o seguir: A República francesa poderá exigir a exclusivi-
dade durante certo número de anos em que sua proteção será indispensável a este novo Povo,
quer dizer, até que ele tenha determinado a forma de seu Governo o tenha organizado, consolida-
do, e feito reconhecer sua independência: esta expedição, que exige o maior segredo, pode ser
dissimulada; ela pode mesmo ter uma dupla utilidade do maior interesse.
Há muitas vezes contra os planos mais bem arquitetados objeções que escapam ao
olho mais experiente: Do grande teatro Político que ocupeis, Vos será fácil, cidadãos Diretores,
calcular as grandes vantagens que esta revolução proporcionará ao Comercio da república france-
sa, o abatimento que poderá resultar para este nosso inimigo, assim como os inconvenientes que
uma consideração política poderia levantar.
Se eu pudesse ter partido para França, no mesmo instante de minha chegada a Lis-
boa, e Vós tivésseis querido secundar às Vozes deste Povo, esta Revolução seria operada, e Vós
não tardaríeis a gozar as vantagens prometidas. Cidadãos Diretores, Órgão deste Povo, eu cumpro
a missão da qual fui encarregado por ele junto a Vós, Eu faço meu dever, e posso vos assegurar
que a paz não mudará em nada a determinação que ele tomou de ser livre.
Assinado Larcher Capitão de Navio.”
Continua Morel...
Segunda carta de Larcher ao Diretório da República Francesa enviada em 15 de ju-
nho de 1797.
“Ao Diretório Executivo da República Francesa somente, Cidadãos Diretores.
Eu acreditaria estar em falta ao que devo ao Ministro da Marinha e das Colônias se eu
tomasse a Liberdade de Vos ocupar do caso sobre o qual ele certamente já Vos relatou. Um inte-
resse maior me obriga a romper neste momento o silêncio que eu guardava há mais de dois me-
ses, desde que estou aqui na Esperança de um imediato retorno para a França; mas devo supor
que minhas Cartas ao Ministro da Marinha foram interceptadas, pois estou sem resposta.
Cleber Tomás Vianna 43

Um Povo, aterrado pelo duplo Despotismo da Monarquia e da teocracia, Vos implora


por Lhe dar A Liberdade. Ele quer adotar a Constituição atual da República Francesa, da qual eu
pude felizmente Lhe dar um Exemplar; Ele me escolheu para ser seu órgão junto a Vós; Pessoas
instruídas, negociantes, militares esperam de Vós esta Benemerência; Dois dentre eles estão
prontos a irem ao Vosso encontro assim que chamados; não Lhes custará nenhum sacrifício; O
Plano está feito e adotado; Eles até já me deram os sinais de Convenção.
Enfim, o desespero está tão perto de suas almas que, se eles estão há um ano, a con-
tar de minha Partida, sem receber nenhuma Esperança, deve-se esperar a Ver este povo chegar a
algum extremismo que poderia ser funesto, se ele fica abandonado a si mesmo. Vós julgareis na
Vossa Sabedoria, Cidadãos Diretores, se a proposta da qual sou encarregado de Vos encaminhar
é de fácil execução; permitam que eu aguarde meu retorno à França para entrar em esclarecimen-
tos mais aprofundados; tudo que posso assegurar-lhes é que Nada no Mundo não pode vir a ser
tão útil à prosperidade da República francesa, sobretudo estando obrigada apenas a reduzidas
iniciativas.
Eu aqui estou livre; estou deslocado em todos os sentidos, sobretudo após a perda
que causei ao Estado e ao Comercio pelo aprisionamento que fiz da fragata portuguesa O Polifemo
após um combate de quatro horas e meia. O ministro da Marinha e das Colônias Vos terá sem
dúvida feito ver as Razões que me retêm aqui.
(Ass.) O Chefe da Divisão das Armadas Navais da República Francesa, Larcher.”
Vemos que há uma concordância entre estas três matérias: revista ―Retales de Maso-
neria‖, Encyclopedia de La Masoneria e Crise do Sistema Colonial, corroboradas por István Jancsó
e Marco Morel no trabalho acadêmico ―Novas perspectivas sobre a presença francesa na Bahia em
torno de 1798‖, quando reportam que o capitão e Chefe de Divisão das Armadas Navais France-
sas, Antoine-René Larcher, em dezembro de 1795 chefiou o bem-sucedido ataque ao navio luso-
brasileiro Santo Antônio de Polifemo, comandado por Manoel do Nascimento da Costa, que fazia o
comércio com a Índia.
István e Morel informam no trabalho citado, que a viagem do capitão Larcher durou
quase dois anos desde sua partida da França em setembro de 1795 ao retorno em junho ou julho
de 1797 e, que foi então, durante estada de cerca de um mês em Salvador, que ocorreram os
contatos do capitão Larcher com as mais altas autoridades, como o próprio capitão general D.
Fernando José de Portugal, e também com os conspiradores locais, até retornar no navio portu-
guês Bom Jesus à Europa em janeiro de 1797, ficando retido, a contragosto, na capital portuguesa,
sem recursos para retornar a seu país natal.
No livro publicado pelo historiador Luiz Henrique Dias Tavares, ―Da Sedição de 1798 à
Revolta de 1824 na Bahia‖ lemos que, em pesquisa feita pela historiadora Kátia de Queirós Matto-
so nos arquivos Nacional e da Marinha, em Paris (pesquisa ainda não superada), foi identificado o
Comandante Antoine-René LARCHER (09/07/1740 – 17/07/1808+), como Capitão da Marinha de
44 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Guerra Francesa. Participou da grande revolução de 1789 e ficou preso por ordem do Comitê de
Segurança Geral em 1793, sendo libertado depois de 350 dias, quando assumiu o comando da
Fragata La Preneuse.
Em uma viagem iniciada no Porto de Rochefort, em 25/09/1795, combateu os navios
de guerra portugueses Santo Antonio Polifemo, Belizário e Arrabida, e chegou às Ilhas Maurícias
levando o decreto da Convenção Francesa que abolia o trabalho escravo nas colônias da França.
Mal recebido pelos colonos franceses, embarcaram-no de volta no navio Boa Viagem. Foi este que
o trouxe ao porto da cidade de Salvador sob a alegação de avaria, em 30/11/1796. Ali desembar-
caram: o comandante Larcher, sua mulher e duas filhas menores, os marujos franceses Jean
Baptiste La Foret de Fer, Claude Moufte, Claude Francois Sauvaget, Jean Bonafausx, Nicolau
Bouquet, madame Joana de Entremeuse, 29 marinheiros portugueses do Belizário e do Arrabida e
30 escravos. O Capitão Larcher, mulher e filhas, tiveram permissão para ficar um mês na cidade do
Salvador. Em fins de dezembro, ele próprio solicitou licença (logo concedida) para embarcar no
navio Bom Jesus D’Além com destino a Lisboa. No oficio em que fez essas comunicações ao
ministro dom Rodrigo de Souza Coutinho, o governador datou a partida do Capitão Larcher em
31/12/1796, mas, em verdade, ela só ocorreu no dia 02/01/1797.
Dado a estas novas informações, cremos, sem possibilidade de prova cabal, que a
Loja ―Cavaleiros, ou Cavalheiros da Luz‖ pode ter sido sim, a primeira Loja Maçônica do Brasil,
porém, não dentro da Fragata Preneuse e menos ainda, em julho de 1797, conforme inúmeros
autores afirmam em suas obras.
Cleber Tomás Vianna 45

Maçonaria Regular em Portugal.


Voltando a Portugal, sabemos que o Grande
Oriente Lusitano teve as suas bases instituídas por volta de
1800, tendo como 1º. Grão-Mestre em 1803, o desembar-
gador Sebastião de Sampaio de Melo e Castro, nome sim-
bólico* Epicteto, mudado depois para Egas Moniz.
* (O nome simbólico era largamente usado para ocultar
os maçons das perseguições dos Inquisidores e Detratores
da Ordem Maçônica).

O Rito Oficial do G∴O∴L∴ adotado em seu i-


nício é o Rito Francês ou Moderno, logo codificado através da Constituição de 1806, a
qual incluía toda a organização do Rito no seio do G∴O∴L∴, seguindo o formato francês.
Conforme historiadores maçônicos, em 1802, o irmão Hipólito José da Costa
Pereira Furtado de Mendonça (nome simbólico: Aristides) foi enviado a Londres e França,
no intuito de obter regularização através de Tratados e Cartas Patentes com as potências
regulares desses países, fato confirmado nas referências feitas na respeitabilíssima obra de
William Preston, Illustration of Masonry de 1804, na pág. 371:

...“À Grande Loja foi feito, em maio se-


guinte, outro apelo, através do mesmo canal (o duque
de Sussex) da parte de quatro lojas de Portugal, as
quais credenciaram M. Peter Hypolite Joseph de
Costa [sic] para em seu nome solicitar autorização
regular, a fim de praticar os ritos da Ordem sob a
bandeira e a proteção inglesa. Após madura
ção, determinou-se que todo estímulo fosse dado aos
irmãos em Portugal; mas que uma lista de tais nomes
deveria ser remetida à Inglaterra.”...
46 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Na “Acta Latomorum” de Claude


Antoine Thory, edição de 1815, pág. 211, Tomo
I: ...“ Maio - ...“Quatro Lojas de Portugal fazem
um pedido similar, e solicitam à Grande Loja a
autorização para professarem os ritos da Ingla-
terra sob sua proteção. Os irmãos aceitam esse
pedido e o acordo é regulamentado imediata-
mente.”...
.

Lemos em REHMLAC, ISSN 1659-4223: ―Hipólito


José da Costa e o Correio Braziliense: a idealização
de um tipo de sociabilidade maçônica‖ (trabalho de
Bruna Melo dos Santos), o seguinte texto:
...“Dentre os muitos objetivos de sua viagem, Hipólito estava em busca da filiação das
lojas maçônicas portuguesas.”...

Logrado êxito, Hipólito, de retorno a Portugal, foi preso


pelas forças da Inquisição, tendo toda a sua documentação apreendi-
da, sendo possível, hoje, se encontrar tradução do Acordo feito com a
Primeira Grande Loja da Inglaterra (Modernos) nos processos da
Inquisição em Portugal. O Tratado com o Grande Oriente de França foi
ratificado em 1804 e é assinado, por parte do Grande Oriente Lusitano,
pelo irmão Egas Moniz, Cavaleiro Rosa-Cruz, o que denota que as
Ordens de Sabedoria do Rito Francês já existiam anteriormente em
Portugal, conforme vemos na Constituição do Grande Oriente Lusitano
de 1806, onde se refere às diferentes Ordens e Capítulos do Rito
Francês, nos seus Capítulos IIIº. e XIIIº..
Cleber Tomás Vianna 47

Tratado com o GOdF ratificado em 25/04/1804.


O original trazido pelo irmão Hipólito José da Costa quando preso pela Inquisição em
1802, em seu retorno a Portugal, foi apreendido junto com os seus documentos.
48 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Patente para a Vª. Ordem concedida em 30/11/2007.


Cleber Tomás Vianna 49

Ratificação do Tratado em 19/06/2004.

O documento acima, aprovado em 19/06/2004, foi entregue oficialmente ao GOL em


30/11/2007, em festividade solene feita na sede do GOdF.
50 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Carta Patente de Portugal para a Espanha.


Cleber Tomás Vianna 51

O Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz/Grande Capítulo Geral do Rito


Francês de Portugal, em sua Carta Patente à Espanha, no 8º. dia do 3º. mês de 6010, faz a se-
guinte sinopse:
1) O Grande Capítulo Geral do Grande Oriente de França entrega Carta Patente ao irmão
Hypólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça em 1802;
2) O Tratado de Amizade entre o G∴O∴d∴F∴ e o G∴O∴L∴ do 25º. dia do 2º. mês de
5804 confirma a existência das Ordens de Sabedoria do Rito Francês ou Moderno em
Portugal;
3) Pelo Tratado do 24º. dia do 1º. mês de 5939 o Sob∴ Gr∴ Cap∴ de Portugal é integrado
no Supremo Conselho do R∴E∴A∴A∴ de Portugal;
4) Ao 20º. dia do 10º. mês de 6000 o Grand Chapitre Général do G∴O∴d∴F∴ outorga a
Carta Patente das Ordens de Sabedoria do Rito Francês aos Soberanos Príncipes Ro-
sa-Cruz do G∴O∴L∴A∴;
5) Ao 11º. dia do 11º. mês de 6002 o Gran Capítulo Metropolitano La Gran Reunión Ameri-
cana Edmundo Checura Jeria outorga uma Carta Patente ao Grande Capítulo Geral do
Rito Francês de Portugal;
6) Ao 6º. dia do 1º. mês de 6003 o Supremo Conselho do R∴E∴A∴A∴ devolve a Carta Pa-
tente do Rito Francês ou Moderno ao Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-
Cruz de Portugal;
7) Ao 5º. dia do 7º. mês de 6003 procede-se à integração do Grande Capítulo Geral do Ri-
to Francês de Portugal ao Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz;
8) Ao 29º. dia do 9º. mês de 6003 o Grand Chapitre Général do G∴O∴d∴F∴ contempla
com um Diploma de Honra o Venerável irmão Fernando Valle, de 103 anos, único so-
brevivente do Rito francês ou Moderno anterior a 5939, o que demonstra a pratica inin-
terrupta deste Rito desde 5804 à atualidade;
9) No 19º. dia do 4º. mês de 6004 o Grand Chapitre Général do G∴O∴d∴F∴ confirma a
Carta Patente de 5804 e reconhece o Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-
Cruz – Grande Capítulo geral do Rito Francês de Portugal como Herdeiro Legítimo das
Ordens de Sabedoria do Rito Francês para Portugal;
10) Ao 30º. dia do 9º. mês de 6007 o Grand Chapitre Général do G∴O∴d∴F∴ outorga a Pa-
tente da 5ª. Ordem ao Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz – Grande
Capítulo geral do Rito Francês de Portugal;
Em consequência do que precede e, atendendo à Tradição de Regularidade
Maçônica de Transmissão de Cartas Patentes, o Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-
Cruz – Grande Capítulo geral do Rito Francês de Portugal outorga ao Gran Capítulo de Caballeros
52 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Rosacruces de Rito francês para España, Carta Patente das Ordens de Sabedoria do Rito Francês
ou Moderno, para trabalharem, segundo a nossa Tradição, da 1ª. à 5ª. Ordem. Assinam: Manuel
Lima, Cipriano Oliveira e Filipe Frade.

Primeiras Lojas Maçônicas no Brasil.


Conforme relatado pelo irmão José Bonifácio em seu famoso Manifesto de 1832, em
1800 funcionava uma Loja por nome de ―União‖, sendo substituída por outra com o nome de ―Reu-
nião‖ em 1801, filiada à I’ILE de France ou Ilhas Maurice.
Segundo o mesmo manifesto, o Grande Oriente Lusitano desejando propagar no Bra-
sil a verdadeira doutrina maçônica, nomeou para esse fim três delegados com plenos poderes para
criar lojas regulares no Rio de Janeiro, filiadas àquele Grande Oriente.
No Almanak Maçônico de 1847, impresso pela Typografia Universal de Laemmert, en-
contramos uma preciosa informação que nos parece ser plausível, dadas às circunstâncias da
época, como vemos a seguir nas págs. 74 e 75 que transcrevo na mesma grafia da época:
“...” Posto que no principio d‟este século já se tinhão juntado no Rio de Janeiro alguns
Maç∴ em huma Loja, a que derão o titulo de Reunião, todavia, como não trabalharão regularmente,
não poderemos datar o estabelecimento da Maçonaria senão do anno de 1803, quando o Gr. Or.
Lusitano, querendo propagar as verdadeiras doutrinas maçônicas no Brasil, nomeou para esse fim
três Delegados com plenos poderes de crear Lojas regulares no Rio de Janeiro, filiadas ao Gr. Or.
Lusitano.
A nomeação recahio nos três distinctos maçons, J. A. L – F. X de A. – F. A de M. P. –
todos residentes n‟esta cidade. Estes três Delegados crearão as LL. Constancia – Philantropia – e
ajuntando a Loja Reunião (com excepção de poucos membros dissidentes), chamarão a um centro
commum todos os maçons, regulares e irregulares, que então existião no Rio de Janeiro, e inicia-
rão outros até o Gráo de Mestre, únicos que estávão autorisados a conferir.” ...
Cleber Tomás Vianna 53

No mesmo almanaque, encontramos nas págs. 79 e 80:

...“consta por documentos authenticos, que no dia 5 de julho 1802, fora creada ao Ori-
ente da Bahia a L. Virtude e Rasão, do rito moderno, de cujo seio sahirão outras officinas. Forão
ellas a L. Virtude e Rasão Restaurada, installada com doze obreiros, que da primeira passarão a
funda-la em 30 de março de 1807, e que em 10 de agosto de 1808 tomou o titulo de L. Humanida-
de, e a L. União, creada em 12 de setembro de 1813 por 18 IIr∴ da mesma L. mãe Virtude e Ra-
são.
54 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Completo assim o numero de três officinas, decidirão os IIr∴ que as compunhão, crear
alli, como com effeito crearão, um Gr. Or. Brasileiro, cujos trabalhos activos, bem como os das LL.,
cessarão comtudo, em rasão das commoções políticas, e, com especialidade, por causa da desas-
trosa revolução de Pernambuco, em 1817.” ...
Loja Commércio e Artes sob os Auspícios do “Reino Unido
de Portugal, Brasil e Algarves”.
Em 1807, Junot conquista Portugal obrigando a Corte portuguesa procurar abrigo no
Brasil. ―Assim a Maçonaria do Brasil desde o século XVIII esteve ligada a Portugal‖.
A partir de um Decreto criado em 1815 no Rio de Janeiro pelo regente Dom João VI, o
Brasil deixou de ser colônia para merecer a condição de igualdade com a antiga Metrópole do
Reino, quando passou a ser ―Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves‖.
Em novembro de 1815 é fundada a Loja Commércio e Artes no Rio de Janeiro (ver
Boletim do GOB - Jan/Fev-1902). Por questões políticas, ela foi fechada e a sua documentação
queimada.
Com a transferência da sede da Monarquia Portuguesa para o Rio de Janeiro, já sur-
giu em 1817 uma revolução simultaneamente no Brasil, em Pernambuco e, em Portugal (chefiada
por Gomes Freire de Andrade) (Lívio e Ferreira, 1968).
No Rio de Janeiro, por iniciativa do irmão capitão João Mendes Viana, a Loja Com-
mércio e Artes foi reinstalada em 24 de junho de 1821, sob os Auspícios do Grande Oriente de
Portugal, Brasil e Algarves, quando aumentou o seu título para ―Comércio e Artes na Idade do
Ouro‖.
“Pode se encontrar a Ata de Reinstalação da Loja Commércio e Artes no Boletim do
GOB de Janeiro e Fevereiro de 1902 no site do Museu Maçônico Paranaense.”
O Grande Oriente do Brasil foi fundado em 17 de junho de 1822 tendo como base a
Loja Commércio e Artes, que para atender as exigências formais, precisou ser subdividida em mais
duas lojas: ―União e Tranquilidade‖ e ―Esperança de Nictheroy‖. Seguindo os padrões da Loja
Commércio e Artes na Idade do Ouro, que fora reinstalada sob os Auspícios do Grande Oriente
Lusitano, adotou o Rito Francês como o seu Rito Oficial. O seu primeiro Grão-Mestre Geral foi José
Bonifácio de Andrada e Silva e Joaquim Gonçalves Ledo o seu Primeiro Grande Vigilante.
Cleber Tomás Vianna 55

Ata de Reinstalação da Loja Commércio e Artes em 24/06/1821.

...“Em novembro do ano da Luz 5815 [1815], se instalou, ao Oriente da cidade do Rio
de Janeiro, a Respeitável Loja de São João com Título e Distinctivo – Commércio e Artes”...
...“nos propomos continuar os nossos trabalhos na mesma loja com o Título accres-
centado de: Commércio e Artes na Idade do Ouro, debaixo dos Auspícios do Grande Oriente de
Portugal, Brasil e Algarves.”...
...“em 24 de junho do ano da Luz 5821 [1821].”...
Em 02 de agosto de 1822 foi iniciado na Loja Commércio e Artes da Idade do Ouro, o
Príncipe Regente D. Pedro I, adotando o nome histórico de Guatimozin. Num breve intervalo de
tempo foi exaltado ao grau de mestre, elevado ao 7º. e último grau (na época) do Rito Moderno –
Cavaleiro Rosa-Cruz e, eleito Grão-Mestre em 04 de outubro, fechando-o, por motivo de intrigas
entre os seus membros, em 21 de outubro do mesmo ano.
O Grande Oriente só foi restaurado em 1832 por José Bonifácio de Andrada e Silva,
continuando os seus trabalhos no Rito Moderno, antecedido pelo Grande Oriente Brazileiro, tam-
bém conhecido por Grande Oriente do Passeio, que foi fundado em Junho de 1831, também traba-
lhando no Rito Moderno.
56 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

7
Equívocos históricos publicados em obras Maçônicas.

Livro “Exposição Histórica da Maçonaria Brasileira”.


O irmão Manoel Joaquim de Menezes (nome simbólico Penn) em seu trabalho ―Expo-
sição Histórica da Maçonaria no Brasil‖ publicado no Boletim do GOB nºs. 3 e 4 de 1875, além de
datas, se equivoca quanto ao primeiro Rito. A reinstalação da Loja Commércio e Artes ele afirma
ser no dia 02/06/1821, a fundação do GOB em 28/05/1822 e, que as primeiras Lojas Brasileiras
eram do Rito Adonhiramita.
Cleber Tomás Vianna 57

A respeito do que comenta o irmão Manoel


Joaquim de Menezes, vejamos;
1) No Almanaque Maçônico de 1847:
...“(pág. 80) consta por documentos au-
thenticos, que no dia 5 de julho 1802, fora creada ao
Oriente da Bahia a L. Virtude e Rasão, do rito moderno,
de cujo seio sahirão outras officinas”...
Aqui já fica claro que existiam Lojas do Ri-
to Moderno na oportunidade e, também, que elas foram
as bases legais do primeiro Grande Oriente do Brasil,
na Bahia, cujo Grão-Mestre foi Antônio Carlos de An-
drada.
2) Na Revista Astréa Órgão Official do Su-
premo Conselho do Brasil, Anno II, números 9 e 10,
setembro e outubro de 1928, nas págs. 332 e 333
comenta o Soberano Grande Comendador, irmão Mário
Behring:
Todas essas Lojas, porém, trabalhavam no Rit∴ Moderno... ”(...) embora Manoel Joa-
quim de Menezes affirme que funcionavam no Adonhiramita. É confusão natural em es-
criptor que de Ritos nada percebia em suas publicações históricas sobre Maçonaria.
Menezes equivoca-se muito, deixa-se trahir por sua memória e articula factos sem o
menor senso critico, na analyse que delles faz.” ... diz ainda:- ...“O Gr∴ Or∴ do Brasil
trabalhou sempre no Rit∴ Mod∴ e a prova disso está em suas próprias actas em que há
sempre referencias exclusivas aos gráos desse Rito, jamais dos outros”...
58 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Corroborando com o que disse o irmão Mário Be-


hring, encontramos no Livro ―A Maçonaria na Independência‖, do
irmão Teixeira Pinto, informações importantes, tais como:
Equívoco de datas a partir do Irmão Barão do Rio
Branco, em notas à ―História da Independência do Brasil‖, de
Varnhagen, copiando o erro difundido pelo maçom Manoel Joa-
quim de Menezes, que publicou depois de 36 anos dos fatos, um
trabalho Intitulado ―Exposição Histórica da Maçonaria no Brazil‖,
no qual fixou a data de 28 de maio de 1822 para a fundação do
―Grande Oriente do Brasil‖. Embora emérito historiador, José
Maria da Silva Paranhos, Barão do Rio Branco, confiou numa

informação totalmente equivocada (pág. 8).

Prossegue Teixeira:
...―Tivesse Varnhagem estudado as atas originais — as que constam no ―Livro de Ou-
ro‖ do ―Grande Oriente do Brasil‖ — e não as que figuram no trabalho do Ir∴ Menezes completa-
mente desfiguradas com enxertos e supressões, estamos certos de que o seu relato seria um
espelho da verdade.
Cleber Tomás Vianna 59

(No livro a História do GOB – Castellani e William Carvalho, pág.16, consta: Fundação
do GOB ...“Aos 28 dias do terceiro mês do Ano da Verdade Luz de 5822”...[o que equivale a
17/06/1822] ...“criação de Um Grande Oriente Brasiliano.”...)

Continua Teixeira Pinto na pág. 9... ―Tivesse o Barão do Rio Branco conhecimento do
calendário utilizado desde 1815 pela Loj∴ Comércio e Artes, e não duvidamos que ele também
afirmaria que o ―Grande Oriente do Brasil‖ foi fundado a 17 de junho de 1822 E∴ V∴‖ ...
(pág. 10) ... — O Ir∴ Menezes não apresenta uma cópia exata das 19 atas que se en-
contram no ―Livro de Ouro‖ do ―Grande Oriente do Brasil‖. Ele divaga sobre o que está escrito e
acrescenta o que não viu:
E não viu, porque não podia ver.
É fácil chegar a esta conclusão, considerando que o Ir∴ Menezes havia sido eleito e
empossado no cargo de Cobr∴ da Loj∴ n°. 2 (União e Tranquilidade), e como tal, estava obrigado
a ficar no vestíbulo juntamente com os lIr∴ CCobr∴ das LLoj∴ n°. 1 (Commércio e Artes) e n°. 3
(Esperança de Niterói), respectivamente, os IIr∴ Pedro (ilegível) Grimaldi e Padre João José de
Carvalho Colleta, com o fim de identificarem os IIr∴ pertencentes a cada um dos citados Qquadr∴
que compareciam às Assembleias Gerais.
Ora, ficando longe e fora do recinto, é certo que o Ir∴ Menezes não podia ter conhe-
cimento do que se passava nessas assembleias, ressalvando-se apenas o que, ocasionalmente,
algum ir∴ lhe contasse depois. Sobre o assunto, vejam a seguir o que se encontra escrito em ata.

Trecho da “Acta nº. 19”, da Ses∴ realizada aos 21 dias do


7°. mez do anno da V∴ L∴ 5822:
...“O Ir∴ Gr∴ Secr∴, dando conta do expediente, apresentou um oficio:
60 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Os IIr∴ Cobridores dos 2°. e 3°. quadros metropolitanos representavam à Gr∴ Loj∴
que tornasse amovível o lugar de cobridor, para ser exercido mensalmente pelos Operários das
Lloj∴ não ficando, assim, qualquer ir∴ privado de assistir aos trabalhos por espaço de um anno.
Foi recusado o pedido e mandou a Gr∴ Loj∴ fazer sentir àquelles IIr∴, de quanta pon-
deração e confiança era o lugar que ocupavam, e que este único motivo deveria lhes ter sido
sobejo, para, não se desgostando do seu cargo, procurar desempenhal-o com todo o zêlo e activi-
dade.”...
Ora, sendo ele [Menezes], naquela época, um dos poucos sobreviventes do movimen-
to maçônico de 1822, era natural que o cercassem do carinhoso respeito de que se tornara mere-
cedor.
Assim, ao atender [também] um pedido do Ir∴ Melo Moraes para fornecer algumas in-
formações que seriam publicadas no ―Brasil Histórico‖, ele escreveu o que a sua já fraca memória
ia ditando, truncando datas, nomes e locais.
E, para verificar que estamos mais ou menos certos em nosso raciocínio (comenta
Teixeira Pinto), basta atentar na declaração que ele [Manoel Joaquim de Menezes] faz ao encerrar
o seu trabalho (entre outras razões que apresenta):
(pág. 11)... “Sinto não poder indicar outros nomes ilustres, não só por não me recordar
depois de 36 anos, como por ignorar, o que praticarão outros com quem não estive em contacto,
de cuja omissão involuntária espero ser desculpado.”...
(pág. 12) ... “Haviam decorrido 36 anos! Era difícil, quase impossível, ser rigorosamen-
te exato. O Ir∴ Manoel Joaquim de Menezes esperava ser desculpado por aqueles que involuntari-
amente tivesse omitido. Longe estava ele de imaginar que também necessitava ser desculpado
pela confusão que iria criar com alguns equívocos que se encontram na sua “Exposição Histórica
da Maçonaria no Brazil.”...
Na pág. 16 do seu livro, o irmão Teixeira Pinto transcreve a ata que consta na ―Expo-
sição Histórica‖ do irmão Manoel Joaquim de Menezes, e evidencia os nomes dos maçons funda-
dores da Loja Commércio e Artes com os seus nomes simbólicos, como segue:
Cleber Tomás Vianna 61

Por conta dos nomes simbólicos, destacamos o raciocínio do irmão Teixeira Pinto:
...“(pág. 17) assim não há que duvidar que a reinstalação (da Commércio e Artes) foi fei-
ta sob os auspícios do Gr∴ Or∴ de Portugal, Brazil e Algarves, e também que a Loj∴ funcionava
no Rito Adonhiramita, uma vez que esse Rito era e continua sendo o único que torna obrigatório o
uso de um nome histórico aos que o praticam.”...

Encerrando a narrativa do irmão Teixeira Pinto nesse ponto, comentamos que o seu
livro é muito analítico, super bem detalhado, há muita segurança nos comentários apresentados,
mas, contém alguns erros de interpretação, como veremos a seguir:

No folhetim A Bigorna nº. 69 de fevereiro de 1983 o irmão Kurt Prober expõe a sua aná-
lise sobre o livro do irmão Teixeira Pinto:

...“E quando João Luiz Teixeira Pinto em 1961 edita o seu magnífico livro
“A Maçonaria na Independência do Brasil”, ele simplesmente copia Mello Morais na par-
te da Loja “Distinctiva”, e segue dizendo (pág. 14) que: “… FUNDARAM em 15.11.1815
na casa do Dr. João José Vahia, à Rua da Pedreira da Glória (hoje Rua Pedro Américo)
uma Loja com o título distintivo de “COMÉRCIO E ARTES”, ADOTANDO O RITO ADO-
NHIRAMITA e funcionando sob os auspícios do Gr.·. Or.·. “Luzitano etc…”.

Logo a seguir, na pág. 16, ele transcreve um documento publicado no Bo-


letim do GOB de 1896, pág. 37/39, que é a ATA DE INSTALAÇÃO DA LOJA “COM-
MERCIO E ARTES”, de 24.6.1821, ATA ESTA QUE NÃO FALA EM RITO e deixou bem
claro, que a Loja REINSTALADA NÃO MAIS QUIZ “declarar-se sob a jurisdição do Gr.·.
Or.·. Luzitano”.
Acontece que Teixeira Pinto nesta transcrição, POR INICIATIVA PRÓ-
PRIA, resolveu completar a DATA da instalação primitiva, citada no documento, como –
DE NOVEMBRO DE 1815 – para (segunda-feira) 15 de novembro de 1822. Onde teria
encontrado o dia “15”, mesmo porque este dia não era uma segunda-feira, e sim uma
quarta-feira?
Na realidade, a fundação da Loja “Commércio e Artes” (a primeira das cin-
co que já existiram – veja coletânea A Bigorna – 1984, págs. 116/117) tinha “acontecido”
em 24.6.1815, resultado da fusão das Lojas “CONSTÂNCIA” e “PHILANTROPIA”, con-
forme notas encontradas pelo Ir∴ Ariovaldo Vulcano.”
62 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Como visto, Teixeira Pinto se vale dos nomes simbólicos dos irmãos da Commércio e
Artes para afirmar ser prática exclusiva do Rito Adonhiramita, ou seja, emitiu a sua conclusão por
analogia.
Alexandre Mansur Barata, em seu trabalho acadêmico: Sociabilidade Ilustrada e Inde-
pendência (Brasil, 1790 - 1822), diz:
..."(pág. 135) Para a historiadora espanhola Maria Teresa Roldán Rabadan (“Anállisis
y estudio de los nombres simbólicos utilizados por los miembros de cuatro logias madrileñas”. In J.
A. Ferrer Benimeli (coord), La Masoneria en la España del siglo XIX: II Symposium de Metodologia
Aplicada a la História de la Masoneria Española, p. 529"), essa especificidade [de nome simbólico
pelos maçons] estava diretamente relacionada ao fato de que no mundo ibérico a maçonaria sofreu
forte oposição e perseguição por parte do estado e da igreja católica, o que obrigou a utilização de
mecanismos por parte dos maçons que os protegessem das autoridades civis ou eclesiásticas.
Por sua vez, francoise Randouyer, ao assinalar essa especificidade da maçonaria ibé-
rica, surpreende-se com o fato de que essa prática não tenha sido mais vulgarizada, na medida em
que a maçonaria, como outras sociedades iniciáticas, possuía em seus rituais a ideia de uma morte
simbólica para um novo nascimento, portanto, de um novo batismo.
De qualquer forma, essa prática acabou por ser adotada também entre os maçons
das três lojas fluminenses que funcionavam em 1822."...
O nome simbólico,
codinome ou nome de guerra, era
costume da época. Como já visto o
primeiro Grão-Mestre de Portugal,
desembargador Sebastião de
Sampaio de Melo e Castro, adotou
o nome simbólico Epicteto, mudado
depois para Egas Moniz, e era
Cavaleiro Rosa-Cruz do Rito Mo-
derno.
Cleber Tomás Vianna 63

O irmão Fortunato Augusto da Silva, leva em seu diploma de Mestre Eleito dos Nove do
REAA o nome simbólico Barroso, o irmão Adelino Alves Pereira no de Companheiro, Elias Garcia e
o irmão Manoel da Costa Pinto, no diploma de Mestre, Dreyfus. (Há mais de dezenas de casos
similares publicados).
64 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Voltando ao primeiro Rito adotado pelo GOB, vemos no Boletim nºs. 11 e 12, 26º. ano
do GOB, meses janeiro e fevereiro de 1923 e, conforme transcreveu o irmão Teixeira Pinto em seu
livro a Maçonaria na Independência (1812 – 1823), pág. 59, discutiu-se a proposta de elevação ao
grau de Eleito Secreto [quarto grau do Rito Moderno] a diversos irmãos e que eles se lembras-
sem de que adotada a Maçonaria dos sete graus, o grau de Mestre tornava-se muito respeitável.
Cleber Tomás Vianna 65

O Boletim do GOB nº. 6, de agosto de 1896, indica que as suas primeiras lojas (Com-
mércio e Artes, União e Tranquilidade e Esperança de Nictheroy) são do Rito Moderno.

O Boletim nºs. 2 e 3, de agosto de 1896, contém texto que confirma isto explicitamen-
te ... ―com a existência das três Lojas, todas do Rito Francez ou Moderno‖ ...
66 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Joaquim da Silva Pires (Fig. 21), em sua obra ―Rituais Maçônicos Brasileiros‖, edita-
dos pela Trolha, à pág. 38, nos afirma categoricamente, baseado em seus profundos estudos
sobre a maçonaria brasileira, que o GOB foi fundado sob a égide do Rito Moderno e, ainda mais,
afirma que o nome simbólico não era exclusividade do Rito Adonhiramita, rito este que iniciou no
GOB em 16 de agosto 1837, na Loja Sabedoria e Beneficência.

Vemos no livro A Maçonaria em Portugal, do irmão Oli-


veira Marques, conceituado escritor português, à pág. 32: ... “desde
pelo menos 1800, se usava o nome simbólico por compreensiva
medida de segurança” ..., assim, cremos que a tese sobre tal utili-
zação está devidamente aclarada.
Cleber Tomás Vianna 67

Grande Oriente Brazileiro (do Passeio) e o Rito Francês.


Na Revista Astréa, anno 2, nº. 4, de 1928, pág. 162 lemos: ...“O Gr∴ Or∴ Brasileiro
era do Rito Moderno como o Gr∴ Or∴ do Brasil”(...) na pág. 163...“preferiu a Educação e Moral
desligar-se do Gr∴ Or∴ - Acompanhou-a pouco depois a Commércio e Artes, presidida pelo
Cônego Januário, o amigo inseparável de Ledo, que deixando o Rit ∴ Mod∴ transferiu os seus
trabalhos para o Escocez”... (...) na pág. 169... “Para se conseguir a maior perfeição e desarmar a
intriga, ...determinou com prudência o Gr∴ Or∴ Braz∴ transitar do Rito Moderno ou Francez que
trabalhara até janeiro de 1833.”... Na Revista Astréa, anno II, nºs 9 e 10, lemos à página 335
...“Ambos esses corpos porém, como dissemos, trabalhavam exclusivamente no Rit ∴ Mod∴.
68 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Grande Oriente Brasílico (GOB) e o Rito Francês.

Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832:

...“(pág. 53) Logo depois de reinstallado o primeiro reconhecido Oriente do Brasil, que
só as perseguições do anno de 1822, e circunstâncias políticas dos seguintes, embaraçarão de
trabalhar, sem com tudo extingui-lo, e tanto que os seus membros se apresentarão em seus
postos, logo que a luz maç∴ sahio do Módio, e appareceo no seu verdadeiro candelabro: huma
participação e fraternal convite se fez logo para uma gloriosa reunião, à esse Corpo (se referindo
ao Grande Oriente Brasílico convidando o Grande Oriente Brazileiro ou do Passeio, a se unirem
em um só corpo maçônico), que no anno de 1830, se erigira em Oriente...Por Del∴ da Gr∴ L∴ de
13 de Out. de 1832.”...
Cleber Tomás Vianna 69

...“(pág. 54) Em 15 de setembro de 1832, o irmão D. de Ponte Rivera, Ca-


valeiro do Real Segredo (REAA), do Grande Oriente Peruano, visitando o Grande Orien-

te Brasileiro, é recebido com as solenidades de praxe e em seu discurso comenta, entre


outras coisas, que:
...“(pág. 55) Elle vos participa igualmente que segue o Rito Escossez, e já
sabe que haveis adoptado o moderno Francês.”...
70 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

...“(pág. 56) Responde ao irmão D. de Ponte Rivera, o irmão Kant (Cônego


Januário da Cunha Barbosa, Cavaleiro Rosa Cruz) então, Orador da Grande Loja
(Grande Oriente):
...“(pág. 58) que apezar de seguir o Rito Escosses, que não difere em
princípios do Rito Francês que temos adoptado.”...

...“(pág. 64) Discurso na R∴ L∴ Com∴ e Art∴ ao O∴ do B∴, pelo Cav∴ R∴⊹ J. da C.


Barboza (Março de 1832)”... “à que hoje presido (se referindo à sua eleição a Venerável Mestre
daquela Loja).”...
Cleber Tomás Vianna 71

Constituição do Gr∴ Or∴ Brazileiro – 1834


..." (pág. 3) que o Subl∴ Gr∴ Or∴ Braz∴ competentemente authorizado pelo Artigo
74, Capítulo Único, Título 5º. da Const para fazer as alterações indispensáveis à mu-
dança de Rito, Decretou em Sess∴ Magna de 24 do 6º. mez do corrente anno da V∴ L∴
5834 (13 de septembro de 1834) era vulgar, as reformas adaptadas ao Rito Esc∴ Ant∴
e Acc∴, hoje adoptado pelo Gr∴ Or∴ Braz∴.” ... ―aos (ilegível) do 7º. mez do an∴ da V∴
L∴ 5834 (assina: Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, Cavaleiro Rosa-Cruz – Gr∴
M∴)”...
72 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Jornal do Gr∴ Or∴ Brazileiro, nº. 2 –11/1870:

... “(pág. 22) Estes dous corpos maçon∴ fizerão parte do Or∴ Brasileiro,
quando este deixando o Rit∴ Franc∴ que seguia.” ...

... “(pág. 23) Não podia o grupo do Lavradio formar um Or∴ do Rit∴ Franc∴
porque este já existia no Gr∴ Or∴ Brasileiro, que funccionava neste Rit∴, e que não es-
tava adorm∴.”

.... <<>>... “Não podia o grupo do Lavradio, crear um Or∴ do Rit∴ Esc∴,
não só porque a máxima parte de seus membros pertencia ao Rit∴ Franc∴ e não tinha
poderes para funcionar no Rit∴ Esc∴ como porque existia um Gr∴ O∴ do Rit∴ Esc∴ (o
de Montezuma).” ...
Cleber Tomás Vianna 73

Jornal do Gr∴ Or∴ Brazileiro, nº. 3 –12/1870:

Fundação do Gr∴ Or∴ Braz∴ (do Passeio) - Junho 1831.


... “No anno de 1825, alguns maçons intrépidos reunirão-se em quadro er-
rante que denominarão Vigilância da Pátria” (...) “repartindo-se por dous novos quadros,
União e Sete de Abril, que derão a primeira base para o Gr∴ Or∴Braz∴”

(...) “Depois que em Junho de 1831” (...)“em que se admitira o representan-


te da Resp∴ Razão ao Or∴ de Cuiabá, se formou o Gr∴ Or∴Braz∴”...
74 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Considerações:
Muito mais há que se falar sobre a história da Maçonaria Brasileira e Portuguesa,
principalmente no que tange a formação das suas lojas, as particularidades dos ritos usados e
adotados oficialmente, os ilustres homens que a compunham e as ferrenhas perseguições dos que
a detratavam, entres elas, a Santa Inquisição.
Longe de termos esgotado o assunto, vejamos mais alguns nuances do Rito Francês
ou Moderno:
Em 02 de agosto de 1822 foi iniciado na Loja Commércio e Artes da Idade do Ouro, o
Príncipe Regente D. Pedro I, adotando o nome histórico de Guatimozin.
Num breve intervalo de tempo foi exaltado ao grau de mestre, elevado ao 7º. e último
grau (na época) do Rito Moderno – Cavaleiro Rosa-Cruz e, eleito Grão-Mestre em 04 de outubro.
Vejamos o que se diz a respeito de D. Pedro no texto sobre a análise dos seus obje-
tos maçônicos, em especial o avental, no recorte da Revista Ciência e Maçonaria, edição de
10/07/2017.

...“De fato, o Imperador do Brasil D. Pedro I foi iniciado na Maçonaria aos


24 anos de idade, na Loja Comércio e Artes, adotando o nome heróico de Guatimozin”...
...“Tendo como padrinho José Bonifácio, a sua iniciação ocorreu no dia 02 de agosto
de 1822, como consta na ata da sessão nº. 9 da Assembleia Geral do GOB no dia 13 do 5º. mês
de 1822. Já em 5 de agosto, como apresentado na ata da sessão de 16 do 5º. mês de 1822, o
primeiro Imperador do Brasil foi exaltado ao Grau de Mestre Maçom.
A despeito de sua rápida passagem pela Maçonaria, a qual ordena a suspensão de
todos os trabalhos em 21 de outubro de 1822, o Imperador foi empossado como Grão-Mestre do
Grande Oriente do Brasil na 17ª. sessão do GOB e nesta mesma reunião foi revestido com o Grau
Cleber Tomás Vianna 75

7 do Rito Moderno – Cavaleiro Rosa-Cruz, como afirma Manoel Joaquim de Menezes em seus
relatos ―Exposição histórica da Maçonaria no Brasil‖ (Apud BOLETIM, 1875, p.747), que, confor-
me explicitou Kurt Prober (1984, p.55), em livro escrito com o pseudônimo Isa Ch„an, fora testemu-
nha ocular dos fatos ocorridos em 1822.
Destarte, no arquivo histórico do Museu Imperial é possível encontrar uma carta dire-
cionada a Joaquim Gonçalves Ledo, a qual foi assinada com as iniciais ―I∴ P∴ M∴ R ∴ +, que,
segundo Castellani (2009, p. 56) significa: Irmão Pedro, Maçom Rosa-Cruz. O que, assim, corrobo-
ra a afirmação de que D. Pedro I atingiu o grau máximo do Rito Moderno à época.”...
...“O avental manufaturado em seda e veludo apresenta, bordado na abeta, um delta
luminoso; abaixo, ostenta um pelicano alimentando seus filhotes encimado por uma cruz com a
rosa mística ao centro, ladeado por símbolos e palavras do grau. Portando, possivelmente um
avental do Grau 7 – Cavaleiro Rosa-Cruz do Rito Moderno.

Isto porque, segundo as informações disponíveis nos ―Reguladores do Rito Francez


Gráos Mysteriosos – Architecto (p.35) datado de 1834, e de certa forma contendo informações do
contexto de época de fabrico desta indumentária, na parte em que apresenta as diretrizes do grau
de ―Roza-Cruz, o avental deste grau disporia de um triangulo na abeta, com quadrados e círculos
com a letra ―J, e no meio do avental, seria bordado a joia do grau. Esta também é descrita no
ritual (p.33) como sendo formada por um compasso tendo ao centro huma cruz radiosa, com o pé
76 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

n„hum quarto de circulo, e o topo tocando a cabeça do compasso; de hum lado está apoiada nas
pontas do compasso, huma águia com as azas abertas e a cabeça baixa; do outro hum pelicano,
rasgando o seio para alimentar os filhos, que por baixo se divisão em hum ninho.
Entre a águia, e o pelicano eleva-se hum ramo de acácia; sobre a cabeça do compas-
so, que forma huma rosa, há huma corôa antiga; sobre o quarto de círculo há, de hum lado, a
palavra, e do outro a palavra de passe em letras hieroglyphicas.”...( )...
...“Assim, devido à semelhança do avental descrito neste ritual de 1834 e o pertencen-
te a D. Pedro I, pode-se corroborar a afirmativa de ser do Grau 7 do Rito Moderno bem como ser
passível seu uso pelo Imperador.”...

Encerrando as atividades:
D. Pedro temeroso em con-
sequência de denúncias feitas a ele que
elementos do Grande Oriente, contando
com o apoio de alguns oficiais de Tropa
tentariam depor os ministros, envia um
bilhete a Ledo, pedindo que suspenda os
trabalhos maçônicos até segunda ordem
(ordem revogada 04 dias depois).

..."Meu Ledo. Convido fazer certas averiguações tanto pública como particulares na
Maçonaria, mando primeiro como Imperador, segundo como Grão-Mestre: que os trabalhos maçô-
nicos se suspendam até segunda ordem minha. É o que tenho a participar-vos; resta-me reiterar os
meus protestos como Irmão: I∴P∴M∴R∴+ (Irmão Pedro, Maçom Rosa-Cruz)"...
Reencetando os trabalhos:
No entanto, o Grande Oriente só foi restaurado em 1832 por José Bonifácio de Andra-
da e Silva, continuando os seus trabalhos no Rito Moderno, antecedido pelo Grande Oriente Brazi-
leiro, também conhecido por Grande Oriente do Passeio, que foi fundado em Junho de 1831,
também trabalhando no Rito Moderno.
A Loja ―Seis de Março de 1817‖, de Pernambuco, se regularizou em 7 de outubro de
1832 junto ao GOB no Rito Francês (Albuquerque, A Maçonaria e a Grandeza do Brasil).
Cleber Tomás Vianna 77

Datam de 1833 os Rituais da Loja Commércio e Artes (eram do Rito Moderno, con-
forme afirma o ir∴ Joaquim da Silva Pires em seu livro ―Rituais Maçônicos Brasileiros‖).
78 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

...“Na capa lemos: Segundo o Original Francez, a traducção e annotações de Hypolito


(Londres) [que fora designado como Delegado do Grande Oriente do Brasil], adoptados aos traba-
lhos da Loja Brazileira Commércio e Artes [que trabalhava no Rito Moderno em 1822], pelo seu
Venerável J. da C. B. [Januário da Cunha Barbosa] - Cavaleiro Rosa Cruz [Grau 7 do Rito Moder-
no] [que migrou a sua Loja (Commércio e Artes) para o Grande Oriente do Passeio em 1833].
Carimbado: Biblioteca Maçônica Mesquita e Passeio, Livro 01 [possivelmente seja a Biblioteca do
Grande Oriente do Passeio].”...
―Na abertura dos trabalhos de aprendiz, se lê na pág. 22: “debaixo dos Auspícios do
Grande Oriente Brazileiro (que também é conhecido como Grande Oriente do Passeio)”...
Cleber Tomás Vianna 79

Em 1834 foi publicado pelo G∴O∴B∴ os Reguladores do Rito Francês


(Graus 1 ao 7º).

Os primeiros Rituais Maçônicos do Brasil:


O irmão Joaquim da Silva Pires foi discípulo do inesquecível Irmão Kurt Pro-
ber, com quem, ao longo de 21 anos, fez proficientes estágios e dele conseguiu ex-
pressivo acervo documental, onde constam, exemplificativamente, os primeiros Ritu-
ais usados no Brasil. Em entrevista dada à Revista Luzes (do GOSP), publicada na
edição nº. 8, Set./Out./2016, tece os seguintes comentários:
...“O primeiro de todos aqueles rituais era do Rito Moderno e do Grande Ori-
ente Lusitano, impresso em Lisboa, em data e tipografia desconhecidas. Elucidou, po-
rém, que isso foi antes de 1822, porque, já naquela data, o citado Ritual era usado pe-
la Loja Comércio & Artes, do Rio de Janeiro, a nº. 1 do Grande Oriente do Brasil.
80 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Todavia, dos Rituais que foram impressos em nosso País, todos em empre-
sas gráficas localizadas no Rio de Janeiro, os mais antigos são: o do Rito Moderno,
ano de 1833, impresso na Typographia Seignot & Plancher, na Rua do Ouvidor, nº.
95; outro do Rito Moderno, ano de 1834, impresso na referida tipografia; o do Rito Es-
cocês Antigo e Aceito, igualmente do ano de 1834 e também impresso na referida ti-
pografia; o do Rito Moderno, ano de 1837, impresso na Typographia Austral, no Beco
dos Quartéis, nº. 21; o do Rito Escocês Antigo e Aceito, ano de 1845, impresso na
Typographia Bintot, na Rua do Sabão, nº. 70; o do Rito Escocês Antigo e Aceito, ano
de 1857, impresso na Typographia Menezes, na Rua do Cano, nº. 165; o do Rito Mo-
derno de 1869, impresso na Typographia Universal de Laemert, na Rua dos Inválidos,
nº. 63-B; o do Rito Adonhiramita, de 1873 (na capa, está escrito Adonhiramito), que
teria sido impresso na Typographia do Gr∴ Or∴ do Brasil, na Rua do Lavradio, nº. 55-
K, Rio de Janeiro, mas que, na verdade, foi impresso em desconhecida tipografia par-
ticular; e o do Rito Moderno, de 1892, um trabalho gráfico da Imprensa Nacional (não
consta o nome da respectiva artéria pública), que suprimiu no mencionado Rito, até
hoje, a invocação ao Grande Arquiteto do Universo.
Os três primeiros Rituais das três primeiras Grandes Lojas (Bahia, Rio de Ja-
neiro e São Paulo) foram impressos em 1928, ou seja, no ano posterior ao da cisão
criada pelo Ir∴ Mário Marinho de Carvalho Behring, então ex Grão-Mestre do Grande
Oriente do Brasil, porém efetivo Soberano Grande Comendador do Supre- mo Conse-
lho do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Aqueles três Rituais, cujas linhas mestras quase não sofreram alterações, fo-
ram impressos na Typographia Delta, na Rua Dias da Cruz, nº. 129, Rio de Janeiro.
De modo geral, eram cópias do Ritual do Grande Oriente do Brasil, de 1923 (apesar
de que, na capa, está escrito 1922), impresso na Oficina da Escola Profissional José
Bonifácio, na Rua Paraguai, nº. 72, Rio de Janeiro.
O uso do chapéu pelo Venerável Mestre também é cópia de Ritual do Grande
Oriente do Brasil, mas o de 1857, que, conforme já esclarecido, foi impresso na Typo-
graphia Menezes, na Rua do Cano, nº. 165, Rio de Janeiro. Infelizmente, não obstan-
te sua indiscutível tradição, nossa Potência Maçônica abandonou aquele significativo
uso.
Em 20 de agosto de 1920, quando ainda no Grande Oriente do Brasil, antes
de ser o Grão-Mestre titular, o mencionado Ir∴ Mário Marinho de Carvalho Behring
assinou o Decreto nº. 655-GOB, pelo qual autorizou o pagamento da tradução, em
português, mas impressa em Londres, pela oficina gráfica George Kenning & Son, do
original inglês The Perfect Ceremonies of Craft Masonry, que, em nosso País, recebeu
Cleber Tomás Vianna 81

a denominação Cerimônias Exatas da Arte Maçônica. O tradutor foi o Ir∴ Joseph


Thomaz Wilson Saler, da Lodge of Unity, de São Paulo (SP), com autorização da Uni-
ted Grand Lodge of England. Lamentavelmente, em 1976, essa tradução foi deturpa-
da, com o acréscimo do bastardo termo „Rito de York‟, que nunca foi e que não é pra-
ticado na Inglaterra, sendo um Rito originário dos Estados Unidos da América.
Tal deturpação acentuou uma confusão conceitual que aqui vigora até hoje.
No Brasil, com referência ao denominado Simbolismo, o verdadeiro Rito de York, de
origem norte-americana, sem quaisquer liames com o Emulation Ritual, com outros
Rituais ingleses e com a United Grand Lodge of England, é aquele que está nos Ritu-
ais dos Graus 1, 2 e 3, do nosso Grande Oriente de São Paulo, impressos na Zit Grá-
fica e Editora, da Rua Santa Mariana, nº. 21, Bonsucesso, Rio de Janeiro, mediante
magnífico trabalho coordenado pelo talentoso Ir∴ João Guilherme da Cruz Ribeiro,
Deputy General Grand Master South America”...
No que tange ao Rito de Schroeder, o entrevistado explicou que, em 1801, foi
editado pela Absalon zu den Drei Nesseln Loge (Loja Absalão das Três Urtigas), de
Hamburgo, Alemanha, o Ritual de Schroeder, do qual foram impressas, em 1956 e em
1982, duas traduções em português: a primeira pelo Ir∴ Wigando Schmidt, da Grande
Loja de Santa Catarina, e a segunda pelo Ir∴ Gerhard Ludwig Reeps, da Grande Loja
do Rio Grande do Sul.
Quando a conversa atingiu sua parte final, o Ir∴ Joaquim da Silva Pires con-
signou que gostaria de fazer considerações sobre os Rituais estrangeiros que possui,
notadamente, os ingleses, e sobre a trajetória (só a trajetória) do primeiro Ritual brasi-
leiro do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Ponderou ainda que, em outra eventual oportunidade, esclarecerá o porquê
de a Cerimônia de Mestre Instalado só cabe no sistema inglês e qual o histórico da
distorção que permitiu ser aquela Cerimônia adotada por Ritos outros. Fez questão de
dizer que possui raras peças, historicamente valiosas, sobre os primórdios da Grande
Loja Maçônica do Estado de São Paulo, entre as quais estão cartas trocadas pelo Ir∴
Carlos Reis (pai) e pelo Ir∴. Mário Marinho de Carvalho Behring, concernentes à cisão
maçônica brasileira de 1927.

Ideais Maçônicos de 1822, conforme JOÃO ALBANO CARVALHO:


“De qualquer maneira hoje, por meio de pesquisas, podemos pender para um
ou outro lado, aceitar ou questionar os dados apresentados, mas o fato é que, nesse
ano de 1822, os ideais maçônicos estavam postos para o engrandecimento do homem e
sua evolução, fazendo com que a tríade maçônica que nos rege, Liberdade, Igualdade e
Fraternidade pudesse estar presente na vida de todos os cidadãos, independentemente
82 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

de sua ascensão social, credo, sexo e raça. Nunca esteve a Maçonaria Brasileira tão
determinada em alcançar seus objetivos e tão próxima do povo.”
Cleber Tomás Vianna 83

Resumo das literaturas, objeto deste trabalho, que confirmam a prática do


Rito Francês ou Moderno nos primórdios da maçonaria brasileira.

a) Almanak Maçônico de 1847 (Typografia Universal de Laemmert):


...“(pág. 79) no dia 5 de Julho 1802, fora creada ao Oriente da Bahia a L. Virtude e Ra-
são, do rito moderno”...

b) Revista Astréa Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, Anno II, números 9 e 10,
Setembro e Outubro de 1928:
... “(págs. 332 e 333) O Gr∴ Or∴ do Brasil trabalhou sempre no Rit∴ Mod∴ e a prova
disso está em suas próprias actas em que há sempre referencias exclusivas aos gráos
desse Rito, jamais dos outros” ..., diz ainda:- Todas essas Lojas, porém, trabalhavam no
Rit∴ Moderno” ...

c) Boletim do GOB nº. 6, de agosto de 1896 – (só mencionaremos as três primeiras lojas
sob a sua jurisdição seguindo a transcrição do mesmo):
...“Commércio e Artes, Rito Moderno, Poder Central, Novembro de 1815; União e Tran-
quilidade, Rito Moderno, Poder Central, 21 de Janeiro de 1822; Esperança de Nictheroy,
Rito Moderno, Poder Central, 21 de Janeiro de 1822.”....

d) Boletim do GOB de nºs. 2 e 3, de agosto de 1896:


...“Com a existência das três Lojas (se referindo às Lojas Commércio e Artes, União e
Tranquilidade e Esperança de Nictheroy), todas do Rito Francez ou Moderno, surgiu a
necessidade da creação de um corpo superior autonomo e independente sendo por isso
installado o Grande Oriente do Brazil.”...

e) ―Rituais Maçônicos Brasileiros‖ – Joaquim da Silva Pires, Edições A Trolha:


...“(pág. 38) o GOB foi fundado sob a égide do Rito Moderno.”...

f) Revista Astréa Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, anno 2, nº. 4, de 1928:
...“ (pág. 162) O Grande Oriente Brasileiro era do Rito Moderno como o Grande Oriente
do Brasil”...

g) Revista Astréa, Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, anno 2, nº. 4, – 1928:
...“(pág. 169) preferiu a Educação e Moral desligar-se do Gr∴ Or∴ - Acompanhou-a
pouco depois a Commércio e Artes, presidida pelo Cônego Januário, o amigo
inseparável de Ledo, que deixando o Rit∴ Mod∴ transferiu os seus trabalhos para o
84 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Escocez”(... )“Para se conseguir a maior perfeição e desarmar a intriga, ... determinou


com prudência o Gr∴ Or∴ Braz∴ TRANSITAR do Rito Moderno ou Francês que traba-
lhara até janeiro de 1833.”...

h) Revista Astréa, Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, anno 2, nº. 4, – 1928:
...“(pág. 170) Faltava, porém, reformar a Constituição do Povo Maçon brasileiro (foi, en-
tão promulgada a Constituição de 1834 adotando o REAA), que não estava em harmo-
nia em muitos de seus artigos com o Rito que se abraçara.”... “(Rito Moderno ou Fran-
cês à época).”...

i) Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832:


...“ (pág. 54) Em 15 de setembro de 1832, o irmão D. de Ponte Rivera, Cavaleiro do Re-
al Segredo (REAA), do Grande Oriente Peruano, visitando o Grande Oriente Brasileiro,
é recebido com as solenidades de praxe e em seu discurso comenta, entre outras coi-
sas, que:
...“(pág. 55) Elle vos participa igualmente que segue o Rito Escossez, e já sabe que ha-
veis adoptado o moderno Francês”...

j) Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832:


...“ (pág. 56) Responde ao irmão D. de Ponte Rivera, o irmão Kant (Cônego Januário da
Cunha Barbosa, Cavaleiro Rosa Cruz) então, Orador da Grande Loja (Grande Oriente):
... “ (pág. 58) que apezar de seguir o Rito Escosses, que não difere em princípios do Ri-
to Francês que temos adoptado”...

k) Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832:


...“(pág. 64) Discurso proferido na Respeitável Loja Commércio e Artes ao Oriente do
Brasil pelo Cavaleiro Rosa Cruz, Januário da Cunha Barbosa, no acto de tomar posse
de Venerável em março de 1832:
...A Officina Commércio e Artes na Idade d‟Ouro, à que hoje prezido por vossa eleição,
e que n‟outros tempos tanto se distinguira pelo zelo dos seus obreiros, renasce gloriosa
como a Phenix dentre as cinzas, em que parecia have-la sepultado huma indigna perfí-
dia” ...

l) Instrucções Maçônicas ou Cathecismo e Regulamento Geral do Grào de Aprendiz - Loja


Commércio e Artes – 1833:
Cleber Tomás Vianna 85

...“(Capa) Segundo o Original Francez, a traducção e annotações de Hypolito (Londres),


adoptados aos trabalhos da Loja Brazileira Commércio e Artes, pelo seu Venerável J. da
C. B. - Cavaleiro Rosa Cruz - carimbado: Biblioteca Maçônica Mesquita e Passeio, Livro
01.”...
...“(pág. 22) debaixo dos auspícios do Grande Oriente Brasileiro.”...

m) Jornal do Gr∴ Or∴ Brazileiro – nº. 2 – novembro de 1870:


...“(pág. 22) Estes dous corpos maçon∴ fizerão parte do Or∴ Brasileiro, quando este
deixando o Rit∴ Franc∴ que seguia”(...) Não podia o grupo do Lavradio formar um Or∴
do Rit∴ Franc∴ porque este já existia no Gr∴ Or∴ Brasileiro, que funccionava neste
Rit∴, e que não estava adorm∴ (...) Não podia o grupo do Lavradio, crear um Or∴ do
Rit∴ Esc∴, não só porque a máxima parte de seus membros pertencia ao Rit∴ Franc∴ e
não tinha poderes para funcionar no Rit∴ Esc∴ como porque existia um Gr∴ O∴ do Rit∴
Esc∴ (o de Montezuma).”...

n) Jornal do Gr∴ Or∴ Brazileiro – nº. 3 – dezembro de 1870:


...“(pág. 37) Depois que em junho de 1831, em fuzão geral dos operários dos três men-
cionados quadros (Vigilância da Pátria, União e Sete de Abril), em que também se ad-
mittira o representante da Resp∴ Loj∴ Razão ao Or∴ de Cuiabá, se formou o Gr∴ Or∴
Braz∴ adoptando-se para seu governo, a Constit∴ Maç∴ portuguesa provisoriamente”...
(O Grande Oriente Lusitano praticava nesta época o Rito Francês ou Moderno).

o) Constituição do Gr∴ Or∴ Brazileiro – 1834 (Typ. Thomaz B. Hunt):


...“(pág. 3) que o Subl∴ Gr∴ Or∴ Braz∴ competentemente authorizado pelo Artigo 74,
Capítulo Único, Título 5º. da Const para fazer as alterações indispensáveis à mudança
de Rito, Decretou em Sess∴ Magna de 24 do 6º. mez do corrente anno da V∴ L∴ 5834
(13 de septembro de 1834) era vulgar, as reformas adaptadas ao Rito Esc Ant e Acc,
hoje adoptado pelo Gr∴ Or∴ Braz∴.”... aos (ilegível) do 7º. mez do an∴ da V∴ L∴
5834...

p) No Boletim nºs. 11 e 12, 26º. ano do GOB, janeiro e fevereiro de 1923:


...“discutiu-se a proposta de elevação ao grau de Eleito Secreto (quarto grau do Rito
Moderno) a diversos irmãos e que eles se lembrassem de que adotada a Maçonaria dos
sete graus, o grau de Mestre tornava-se muito respeitável.”...

q) A Maçonaria na Independência do Brasil (1812 - 1823) de Teixeira Pinto:


86 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

...“(pág. 30) Quando, em 1773, se tornou necessário executar uma reforma


de base, para impor sua autoridade sobre as instituições congêneres que condenavam
o uso do novo rito que havia adotado, o Grande Oriente da França foi forçado a procurar
um homem forte que, com a sua coragem e o prestígio o seu nome, fosse capaz de e-
xercer o cargo de Gr∴ M∴, fazendo frente aos ataques que haviam sido desferidos. En-
controu finalmente esse homem. Chama-se Luiz Felipe d'Orleans, e passou à história
com o nome de Felipe Igualdade." (...) "A ele devemos esse incomparável Rito Moderno
ou Francês com os seus setes graus, que o Grande Oriente do Brasil adotou desde a
sua fundação e conservará através dos séculos."...

... "(pág. 38) Há ainda neste trecho da ata (se referindo à ata de nº. 10 do GOB, realiza-
da aos 16 dias do 5º. mês do ano da Verd∴ L∴ 5822) um detalhe a considerar. O
“Grande Oriente Brazilico”, apezar de ter adotado o Rito Moderno ou Francês, estava
empenhadíssimo em conseguir o reconhecimento do “Grande Oriente Britânico.”....
... "(pág. 59) mandando recommendar a Gr∴ Loj∴ a estes IIr∴, que se lembrem de que,
adoptada a Maçonaria dos sete, o Gr∴ de Mestr∴ torna-se um Gr∴ muito respeitável e
poderoso.”...

r) Apostila do Curso História da Maçonaria no Brasil, EAD - Kennyo Ismail, Novembro de


2017:
...“No caso da França, pioneira da Maçonaria latina, adotou-se o sistema de anos de
Anderson, com certo “plus”. No Rito Francês ou Moderno, o primeiro dia do ano foi tido
como 1º. de março e os meses passaram a ser contados pelo número ordinal (DAZA,
1997). Assim, o dia 24 de junho de 1717 na Maçonaria passava a ser 24º. dia do 4º.
mês de 5.717 da Verdadeira Luz. A Maçonaria francesa serviu de modelo quando do
surgimento da Maçonaria em Portugal e no Brasil, as quais herdaram dela o nome
Grande Oriente, além dos ritos, modelo de constituição e outras características. Consi-
derando o calendário maçônico francês, o 20º. dia do 6º. mês de 5.822 é exatamente o
dia 20 de agosto de 1822. Nesse caso, a CMSB estaria certa.”...

s) História do Grande Oriente do Brasil: Editora Madras – Autores José Castellani/William


Almeida de Carvalho:
...“(pág. 21) A ata mostra que, para que fosse fundado o Grande Oriente Brasílico – as-
sim era o seu título, à época, a loja Comércio e Artes, fundada em 1815, formou, por
sorteio entre os seus membros, mais duas lojas, a Esperança de Niterói e a União e
Tranquilidade, que seriam instaladas a 21 de junho, quatro dias depois de criado o
Grande Oriente. Mostra também que, seguindo um costume maçônico da época, os
nomes dos obreiros são substituídos por nomes históricos ou heroicos. Como filho espi-
ritual do Grande Oriente da França – que inaugurou o sistema obediencial de Grande
Cleber Tomás Vianna 87

Oriente, em 1772, já que até então só existiam Grandes Lojas, o Grande Oriente Brasi-
leiro, com suas três lojas metropolitanas, adotou o Rito Moderno, ou Francês.”...

t) O Aprendiz no Rito Moderno: Editora A Gazeta Maçônica – Autor Alexandre Magno


Camargo (Melkisedek):
... "(pág. 54) Em virtude dessa reinstalação praticamente dez anos depois de fechado, e
com outra denominação (Grande Oriente do Brasil, e não mais Brasílico), se diz que fo-
ram Lojas do Rito Moderno que fundaram o GOB, pois tanto o GOB quanto as suas Lo-
jas Fundadoras, reergueram colunas já praticando o Rito Moderno, tendo antes suspen-
sas suas atividades no mesmo Rito Moderno.”...

u) A Bigorna – nº. 69 – fevereiro de 1983 – Kurt Prober:

O GOB NASCEU NO RITO MODERNO?


Todos nós costumamos aceitar como “favas contadas” que o Grande Ori-
ente do Brasil teria sido FUNDADO no RITO ADONHIRAMITA, em 17.6.1822. Mas de
onde o sabemos? …
Por mais que se procure, aqui e acolá, de positivo nada se encontra, pois
“documentos da época” não existem, e as tradições… em que os escritores do passado
se louvam, não são confiáveis. Além disso, as “histórias” por eles produzidas, como p.e.
(por exemplo) a do Ir∴ PENN (Manoel Joaquim de Menezes) – “Exposição Histórica da
Maçonaria no Brasil” – 1857 (nota 1), a do Ir∴ Alexandre José de Mello Moraes – “Histó-
ria do Brasil-Reino e Brasil-Império” – 1871, as “Efemérides” do Barão do Rio Branco, e
ainda as publicações de “Varnhagen”, “Pereira da Silva”, “Tobias Monteiro” e outros, são
todas elas memórias, entretanto, incorretas em muitas datas e redundâncias, de modo
que não podem servir de “pedra de toque”. Via de regra, todos estes historiadores “con-
tam um conto” e, para fazer os “acertos”… no tempo e no espaço, “aumentam um pon-
to”.
Vejamos: - Mello Morais no Tomo I, pág. 16, nos conta a origem da Loja
“DISTINCTIVA”, em S. DOMINGOS da Praia Grande (na Freguezia de São Gonçalo) –
(nota 2), NÃO FALANDO EM RITO, mas já o Ir∴ PENN é sumário quando diz, à pág. 5:
“… que TÔDAS AS LOJAS MAÇÔNICAS DO RIO, BAHIA E PERNAMBUCO, umas ins-
taladas sob os auspícios do Gr∴ Or∴ Luzitano, outras do Gr∴ Or∴ de França, e algu-
mas independentes, ERAM DO RITO ADONHIRAMITA…”… Onde teria bebido sua sa-
piência?…
E quando João Luiz Teixeira Pinto em 1961 edita o seu magnífico livro “A
Maçonaria na Independência do Brasil”, ele simplesmente copia Mello Morais na parte
da Loja “Distinctiva”, e segue dizendo (pág. 14) que: “… FUNDARAM em 15.11.1815 na
casa do Dr. João José Vahia, à Rua da Pedreira da Glória (hoje Rua Pedro Américo)
uma Loja com o título distintivo de “COMÉRCIO E ARTES”, ADOTANDO O RITO ADO-
NHIRAMITA e funcionando sob os auspícios do Gr∴ Or∴ Luzitano etc…”.
Logo a seguir, na pág. 16, ele transcreve um documento publicado no Bo-
letim do GOB de 1896, pág. 37/39, que é a ATA DE INSTALAÇÃO DA LOJA “COM-
MERCIO E ARTES”, de 24.6.1821, ATA ESTA QUE NÃO FALA EM RITO e deixou bem
88 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

claro, que a Loja REINSTALADA NÃO MAIS QUIZ “declarar-se sob a jurisdição do Gr.·.
Or.·. Luzitano”.
Acontece que Teixeira Pinto nesta transcrição, POR INICIATIVA PRÓ-
PRIA, resolveu completar a “… DATA da instalação primitiva, citada no documento, co-
mo – DE NOVEMBRO DE 1815 – para (segunda-feira) 15 de novembro de 1822. Onde
teria encontrado o dia “15”, mesmo porque este dia não era uma segunda-feira, e sim
uma quarta-feira”?
Na realidade, a fundação da Loja “Commércio e Artes” (a primeira das cin-
co que já existiram – veja coletânea A Bigorna – 1984, págs. 116/117) tinha “acontecido”
em 24.6.1815, resultando da fusão das Lojas “CONSTÂNCIA” e “PHILANTROPIA”, con-
forme notas encontradas pelo Ir∴ Ariovaldo Vulcano.
Fundou-se o Gr∴ Or∴ BRASÍLICO em 17.6.1822, e relendo-se cuidadosa-
mente as Atas das SSess∴ 1 até 4, não se encontra uma palavra sobre RITO. Só em
12.7.1822 (5ª. Sess∴) surge uma proposta de elevação de 6 IIr∴ ao Gr∴ de ELEITO
SECRETO – que é o Gr∴ 4 do RITO MODERNO – e mais adiante se diz, falando de e-
levações de outros IIr∴ merecedores: “…mandando recommendar a Gr∴ Loj∴. a este I-
Ir∴ que se lembrem de que, ADOPTADA A MAÇONARIA DOS SETE, o Gr ∴ de Mestre
torna-se um Gr∴ muito respeitável e poderoso, e que, se elles têm verdadeiro amor pela
nossa Ord∴ devem querer que vá mais lenta esta concessão de GGr∴ para se tornarem
não só mais appetecíveis, como mais valiosos, para retribuírem o zelo e as virtudes ma-
çônicas daquelles IIr∴ que mais se distinguirem…”
E mais adiante: “… Que os Ooper∴ das 3 LLoj∴ Metropolitanas que têm o
Gr∴ de Mestre Perf∴ e 1º. Eleitos (eram os GGr∴ 4 e 5 do Rito Adonhiramita) QUE FI-
CARAM ABOLIDOS PELA NOVA ADOPÇÃO, devem dirigir-se à commissão que bre-
vemente nomeará a Gr∴ Loj∴ e fará saber para a concessão de GGr∴ a fim de recebe-
rem o de ELEITOS SSECRET∴”.
Vejamos bem. Falando a ata de “ADOPTADA A MAÇONARIA DOS SETE”,
como “águas passadas”, e nunca se tendo antes falado em RITO, e não constando das
atas nenhuma “NOVA ADOPÇÃO” específica, é mais do que lógico que o RITO MO-
DERNO TENHA SIDO ADOTADO NA FUNDAÇÃO DO GR∴ OR∴ BRASÍLICO.
Na 7ª Sess∴, de 23.7.1822, aparecem outras propostas para elevação de
IIr∴ ao Gr∴ 4 do Rito Moderno, e nesta mesma reunião, que por sinal era a SEGUNDA
em que José Bonifácio se dignava aparecer, se resolveu “… unanimemente dar o Gr∴
de ROSA CRUZ (7º. do Rito Moderno) ao Gr∴ Mest∴ José Bonifácio…”.
Na Sess∴ seguinte, Extraordinária de 2.8.1822, aparecia José Bonifácio
pela terceira vez no GOB, para iniciar o Príncipe Regente D. PEDRO, com o nome he-
roico de GUATIMOSIM.
Devo esclarecer aqui que o USO DE “NOMES HERÓICOS” NÃO ERA
PRIVATIVO DO RITO ADONHIRAMITA, como querem fazer crer os “propagandistas
hoje do rito”. Era um hábito adotado para os maçons se livrarem das perseguições da
inquisição e outras, e de passagem posso provar que até hoje este uso está arraigado
até no Supremo Conselho do REAA de Portugal.
Cleber Tomás Vianna 89

Basta dizer que o meu Diploma de S.G.I.G. Gr∴ 33 HONORÁRIO do Su-


pr∴ Cons∴ de Portugal, de 7.12.1978 é assinado pelo S. Gr. Com. “GRACCHUS” (Ir ∴
Dr. Adelino da Palma Carlos), pelo Gr∴ Secret∴ “JOÃO DE SANTARÉM” (Ir∴ Henrique
Côrte Real) e pelo Min. de Estado “MESTRE DE AVIS” (Ir∴ Armando Adão e Silva).
E creio poder terminar esta ESTÓRIA do Rito Adonhiramita transcrevendo
um trecho da ata da 10ª. Ses∴. de 5.8.1822: “…ponderou o Ir.·. Presidente, por parte da
Commissão nomeada para conceder os altos GGr∴, que havendo a Gr∴ Loj∴ accor-
dado dar o Gr∴ de ELEITO SECRETO aos IIr∴ filiados nos nossos quadros, constituí-
dos em GGr∴ de MMestr∴ PPerf∴ 1º. 2º. e 3º. Eleitos pela Maçonaria do 13 e também
áquelles mmestr∴ que pelo seu zêlo e amor pelo bem da Pátria e da nossa Subl ∴
Ord∴ se tinham tornado dignos de ser adiantados na Arte Real, era por ora impossível
satisfazer a tão justas resoluções, porque tendo a Maçonaria dos 7 reduzido os GGr∴
desde Mestr∴ Perf∴ até Eleito dos 15 ao ELEITO SECRETO, não havia os necessá-
rios reguladores para a Iniciação deste Gr∴ e a Gr∴ Loj∴ não podendo, de maneira al-
guma, alterar quaisquer das fórmulas adoptadas, que formam essencialmente o syste-
ma dos 7 Gr∴, resolveu o seguinte: Que ficasse suspensa a iniciação no Gr∴ de Eleito
Secret∴; que na mesma ocasião em que o Gr∴ Or∴ Brasílico se fizesse reconhecer do
Gr∴ Or∴ Britannico, encarregasse ao seu Deleg∴ naquele Or∴ da remessa de todas as
instrucções e papeis concernentes ao systema maçonico dos 7 GGr∴, adoptado pelo
Gr∴ Or∴ Brasílico; que deste reconhecimento se tratasse com toda a brevidade; que se
mandasse Carta de Deleg∴ ao maçom HYPPOLITO.
Aliás, ainda nesta reunião “accordou a Gr∴ Loj∴ DAR o Gr∴ de MESTRE
ao Ir∴ GUATIMOSIM e foi encarregado de l‟ho conferir o Ven ∴ da Loj∴ Commercio e
Artes a cujo Quadro pertence.”....
Vale a pena aqui acrescentar que o GGr∴ do Rito Adonhiramita Mestr∴
Perf∴ – 4, 1º. Eleito (dos 9) – 5, 2º. Eleito (de Parpignan) – 6 e 3º. Eleito (dos 15) – 7,
todos eles passariam a corresponder ao Gr∴ 4 do RITO MODERNO.
Trocando tudo isso em miúdos, chegamos à conclusão, e creio ter liquida-
do a discussão de uma vez por todas, que: O GR.·. OR.·. DO BRASIL FOI, EM
17.6.1822, FUNDADO NO RITO MODERNO, e que tudo o mais é conversa fiada.

v) A Bigorna – 1985 – nº. 39 - Julho (25) – Kurt Prober:


...“Ainda no mesmo ano de 1833 a aludida firma SEIGNOT-PLANCHER
imprimiu para a Loja "COMMÉRCIO E ARTES", que a partir de 7.4.1833 já se tinha filia-
da ao Grande Oriente Brasileiro, do Passeio, tendo o GOB fundado uma Loja “papel-
Carbono”...”, a obra seguinte:” INSTRUCÇÕES MAÇÔNICAS (Cathecismos e Regula-
mento Geral) - Não especifica, mas é Rito MODERNO - impressa em 3 livrinhos (Ref.:
BR-1833,413A,B e C) - Aprendiz com 72 págs., Companheiro com 31 págs. e Mestre
com 39 págs., elaborado pelo Ven∴ Januário da Cunha Barbosa (segundo o Original
francez) em tradução e anotações de HYPÓLITO JOSE DA COSTA, de Londres."...
x) EXPLICATION DE LA CROIX PHILOSOPHIQUE – 1806 – Antoine-Guillaume Chéreau:
...“DES CHEV∴ SOUV∴ PRINC∴ R∴+ , dédiée au G∴ O∴ de Portugal pré-
sidé par le T∴ Il∴ e T∴ R∴ F∴ EGAS MONIZ, G ∴ M ∴ de La Maç∴ L∴”...

y) Revista Ciência e Maçonaria, edição de 10/07/2017.


90 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Texto final sobre a análise dos seus objetos maçônicos de D. Pedro I (Gua-
timozin):
..."Assim, devido à semelhança do avental descrito neste ritual de 1834
(Reguladores do Rito Francez – Gràos Symbólicos - Typ. Imp. e Const. de Seignot-
Plancher e Cª.) e o pertencente a D. Pedro I, pode-se corroborar a afirmativa de ser do
Grau 7 do Rito Moderno bem como ser passível seu uso pelo Imperador."...

Conclusão:
O mérito e êxito desta obra é fruto de árduo trabalho de pesquisa onde se buscou o consenso e a
unanimidade nos escritos de especialistas na matéria. Faz-se mister concluir, após a análise dos
documentos, livros e demais compêndios consultados, que o Rito Francês ou Moderno foi o primei-
ro rito brasileiro regular, bem como o rito de fundação do Grande Oriente do Brasil, não havendo
até a presente data, pesquisa que supere esta afirmativa. No entanto, como ao maçom compete a
constante busca da verdade, seguimos nossos estudos.
Cleber Tomás Vianna
Secretário de Orientação Ritualística do GOEB, gestão GME 2015/2019; Grande Benemérito do
GOB e do GOEB; Comendador da Estrela da Distinção Maçônica; Defensor Perpétuo do Rito
Moderno; Membro da Academia Maçônica de Artes e Letras da Bahia, Cadeira nº 15; Grau 33 e
último dos Ritos Adonhiramita e Escocês Antigo e Aceito; Grau 9 e último do Rito Moderno.
Foto: Celso M. da Mota Júnior
Cleber Tomás Vianna 91

Cleber Tomás Vianna - Currículo


Breve Resumo:
Mestre Instalado;
Membro da AMALBA – Academia Maçônica de Letras e Artes da Bahia;
Maçom Emérito, Benemérito e Grande Benemérito do Grande Oriente do Brasil e do
Grande Oriente Estadual da Bahia;
Portador das Comendas:
Estrela da Distinção Maçônica (GOB);
Comenda Ruy Barbosa (GOEB);
Defensor Perpétuo do Rito Moderno (SCRM);
Reconhecimento e Grande Reconhecimento Maçônico do Supremo Conselho do Brasil
do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito, Sede em São Cristóvão.
Ex-Secretário de Orientação Ritualística do GOEB (Grande Oriente Estadual da Bahia);
Ex- Deputado Estadual (PAEL/BA);
Ex-Delegado do SCRM (Supremo Conselho do Rito Moderno) para os estados da Bahi-
a, Sergipe e Rio Grande do Norte;
Grande Inspetor Geral - Grau 33 do Supremo Conselho do Brasil para o Grau 33 do Rito
Escocês Antigo e Aceito, Mãe dos Graus Filosóficos dos Ritos Escoceses no Brasil – São Cristó-
vão;
Patriarca Grande Inspetor – Grau 33 do Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita
(ECMA);
Grande Inspetor do Rito Moderno - Grau 9 e último do Supremo Conselho do Rito Mo-
derno (SCRM);
▲Iniciado em 22/06/1979 – A∴R∴L∴S∴ O Grito do Ipiranga, 240 – GLESP.
▲Elevado em 17/04/1980 - A∴R∴L∴S∴ O Grito do Ipiranga, 240 – GLESP.
▲Exaltado em 10/10/1980 – A∴R∴L∴S∴ Os Templários, 232 – GLESP - Cadastro
11602.
▲Instalado em 17/06/1985 - A∴R∴L∴S∴ O Grito do Ipiranga, 240 – GLESP - Regis-
tro nº. 14.263, livro 05, ritual nº. 1952.
▲Placetado em 17/04/1995 – Quite-Placet registrado sob o nº. 25338 e publicado no
Boletim nº. 854 –29/04/1995 – Grande Loja do Estado de São Paulo.
92 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

▲Regularizado em 20/11/1996- A∴R∴L∴S∴ Livres Pensadores, 2304 – GOSP/GOB


– SP/SP.
▲Placetado em 25/09/1997 – Registro nº. 239/97 - A∴R∴L∴S∴ Livres Pensadores,
2304 – GOSP/GOB – SP/SP.
▲Regularizado em 31/08/2002 – CIM 190.176 - A∴R∴L∴S∴ Solidariedade, 3348 –
GOEB/GOB – SSA/BA.
▲Fundador da Loja Verdade Libertária, 3497 – Rito Moderno – GOEB/GOB –
SSA/BA – 05/05/2003.
▲Fundador da Loja Cavaleiros da Acácia, 4517 – Rito Escocês Retificado (RER) –
GOEB/GOB – Paulo Afonso/BA – 30/05/2017.
▲Filiado na Loja Voltaire, 4515 - Rito Moderno – GOEB/GOB – Feira de Santana/BA
– 31/01/2018.
▲Fundador do Sublime Capítulo Regional do Rito Moderno Pensadores Livres, nº 40
– Vitória da Conquista/BA – 20/10/2018.
▲Fundador da Loja Eurípedes Barbosa Nunes, 4634 - Rito Moderno – GOEB/GOB –
Terezina/PI – 17/05/2019.

Currículo detalhado:
▲ Diploma de Reconhecimento Maçônico do Supremo Conselho do Brasil para o Rito
Escocês Antigo e Aceito, Sede em São Cristóvão, RJ, Ato 14.341 de 25/11/2016 Promulgado pelo
Soberano irmão Enyr de Jesus Costa e Silva.
▲ Diploma de Grande Reconhecimento Maçônico do Supremo Conselho do Brasil
para o Rito Escocês Antigo e Aceito, Sede em São Cristóvão, RJ, Ato 15.994 de 02/05/2018 Pro-
mulgado pelo Soberano irmão Enyr de Jesus Costa e Silva.
▲Diploma de Mérito de Membro Contribuinte para a nova Sede do Supremo Conse-
lho do Grau 33 do REAA, em Jacarepaguá - nº. 10.321 – 16/07/1986.
▲Diploma de Fundador Honorário - 23/09/2002- Loja Solidariedade, 3348 – GO-
EB/GOB – SSA/BA.
▲Diploma de Venerável Mestre de Honra – 23/09/2002 – Loja Solidariedade, 3348 –
GOEB/GOB – SSA/BA.
Cleber Tomás Vianna 93

▲Certificado de Palestrante emitido pelas Lojas Constâncio Vieira, 3300 – AJÚ/SE,


Solidariedade, 3348-SSA/BA, Verdade Libertária, 3497-SSA/BA, Sublimes Capítulos Regionais
Dílson Luiz Santa Bárbara Gusmão - AJÚ/SE e Os Amigos da Liberdade, SSA/BA pela participa-
ção do Primeiro Seminário Bahia e Sergipe do Rito Moderno – 29/11/2003 – Tema ―Landmarks‖.
▲Diploma de Participação 1º. Seminário do Rito Adonhiramita na Bahia em Feira de
Santana – dias 08 e 09/04/2016.
▲Diploma de Participação do Seminário Regional do Rito Brasileiro na Bahia em Ri-
achão do Jacuípe – De 22 a 24/04/2016.
▲Diploma de Participação do Seminário Regional do Rito Brasileiro na Bahia em Vi-
tória da Conquista – De 06 a 07/10/2017.
▲Diploma de Palestrante do I Seminário do Rito Moderno em Natal/Rio Grande do
Norte em 21/10/2017.
▲Diploma de Participação no XXXII Congresso Maçônico do GOEB – 10 a
12/11/2017 – Feira de Santana/Bahia.
▲Diploma de Participação no XXXIII Congresso Maçônico do GOEB – 16 e
17/11/2019 – Vitória da Conquista/Bahia.
▲Diploma de Palestrante na Loja Acadêmica Voltaire, 4515 - Feira de Santana/BA,
em 30/11/2017.
▲Diploma de Palestrante no I Congresso Nacional do Rito Moderno no Brasil –
Grande Oriente do Paraná – 19/05/2018.
▲Certificado de Reconhecimento à causa Maçônica – 20/08/2007 – Loja José do Pa-
trocínio, 148 – Subordinada à Grande Loja do Estado de Goiás.
▲Diploma de Maçom Benemérito da Ordem - GOEB/BA. Ato 159/2009-05/09/2009,
promulgado pelo Grão-Mestre Humberto Cedraz.
▲ Maçom Benemérito da Ordem – Grande Oriente do Brasil, Ato 23.468 de
13/10/2016, promulgado pelo Soberano Grão-Mestre em exercício, irmão Eurípedes Barbosa
Nunes.
▲ Maçom Grande Benemérito da Ordem – Grande Oriente do Brasil, Ato 024.623 de
19/05/2017, Registro 88049, promulgado pelo Soberano Grande Mestre Geral Marcos José da
Silva.
▲ Maçom Grande Benemérito da Ordem – Grande Oriente do Brasil, Ato nº 024.623
de 19/05/2017, Registro 88049, promulgado pelo Soberano Grande Mestre Geral Marcos José da
Silva.
94 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

▲ Comenda Estrela da Distinção Maçônica – Grande Oriente do Brasil, Ato nº


028982 de 19/06/2019, REGISTRO Nº 82069 – GOB.
▲ Comenda Ruy Barbosa – Grande Oriente Estadual da Bahia, Ato nº 885 de
28/06/2019.
▲Diplomas de Participação nas Poderosas Congregações de Veneráveis Mestres do
Grande Oriente Estadual da Bahia em 11/07/2015 e 26/08/2017.
▲Diploma de membro honorário da A R L S Fênix Cavaleiros do Pórtico, nº. 4423, Ri-
to Escocês Retificado, Oriente de Inhambupe/BA – 28/05/2016.
▲ Diploma de membro Fundador do Sublime Capítulo Regional do Rito Moderno Au-
rora do Oriente, nº. 29, ao Vale de Natal, Rio Grande do Norte – 23/07/2016.
▲Diploma de ―Honoris Labor‖ pelos relevantes trabalhos prestados ao Sublime Capí-
tulo Regional do Rito Moderno Aurora do Oriente, nº. 29, ao Vale de Natal, Rio Grande do Norte –
23/07/2016.
▲Diploma de membro honorário da A R L S Luzes do Oriente, nº. 4366, Rito Moder-
no, Oriente de Natal/Rio Grande do Norte – 21/10/2017.
▲Presidente da Comissão de Instalação e Posse dos Veneráveis Mestres nas Lojas;
a) Antônio Carlos Bagio - Ato 0131/1997 – O Grito do Ipiranga, 240-GLESP.
b) Ivaney Cabral Luz – Ato 031/2007 – Solidariedade, 3348 - GOEB/GOB – SSA/BA.
c) Pedro Pinto de Almeida - Ato 031/2007 –Progresso e Justiça, 1207 - GOEB/GOB – Cas-
tro Alves/BA.
d) João Evangelista Bertoli – Ato 054/2011 – Verdade Libertária, 3497 – GOEB/GOB –
SSA/BA.
e) Clóvis Andrade de Almeida – Ato 055/2011 – Solidariedade, 3348 - GOEB/GOB –
SSA/BA.
f) Anselmo Santos Dias – Ato 035/2013 - Solidariedade, 3348 - GOEB/GOB – SSA/BA.
g) Clóvis Andrade de Almeida - Ato 036/2013 - Verdade Libertária, 3497 – GOEB/GOB –
SSA/BA.
h) Celso Moreira da Mota Júnior - Ato 846/2019 - Verdade Libertária, 3497 – GOEB/GOB –
SSA/BA – 07/06/2019.
i) Tauã Alonso Alves – Ato 813/2019 - Solidariedade, 3348 - GOEB/GOB – SSA/BA -
06/06/2019.
Cleber Tomás Vianna 95

▲Vice Presidente da Comissão de Instalação do Venerável Mestre Igor Amado dos


Santos, Loja Solidariedade, 3348 – Rito Moderno – Salvador/Bahia – 18/11/2017.
▲Presidente da Comissão de Instalação e Posse do Sapientíssimo e demais Oficiais
do Sublime Capítulo Regional do Rito Moderno Os Amigos da Liberdade, nº. 12 – SSA/BA:
a) Anselmo Santos Pereira – Ato 101/2016-17/08/2016 do SCRM.
▲Presidente da Comissão de Instalação e Posse do Sapientíssimo e demais Oficiais
do Sublime Capítulo Regional do Rito Moderno Os Amigos da Liberdade, nº. 12 – SSA/BA:
a) Clóvis Andrade de Almeida - 17/08/2019
▲Ato 003/2017 de 25/11/2017 da Delegacia do REAA-SSA/Bahia nomeado como 1º.
Vigilante da Comissão de Instalação e Consagração da Augusta Loja Perfeição Eugênio Salomão
Sampaio de Ipirá/BA.
▲Ato 007/2017 – 16/12/2017 da Delegacia do REAA-SSA/Bahia nomeado como 2º.
Vigilante da Comissão de Instalação e Consagração da Augusta Loja Perfeição Rui Rodrigues de
Souza de Ribeira do Pombal/BA.
▲Demais Atos de Concessão de Poderes do SCRM ao Delegado do Supremo Con-
selho do Rito Moderno – BA/SE;
a) Ato 15/08/2011 – Outorga do Diploma e Credencial do Grau 8 – Cavaleiro Kadosh - Rito
Moderno – Guglielmo Dias Mascarenhas.
b) Ato 68-16/11/2015 – Outorga do Diploma e Credencial do Grau 9 – Cavaleiro da Sapi-
ência – Grande Inspetor do Rito Moderno – Guglielmo Dias Mascarenhas.
c) Ato 071-15/10/2015 – Outorga dos Diplomas e Credenciais do Grau 9 – Cavaleiro da
Sapiência – Grande Inspetor do Rito Moderno;
1. Silvio Souza Cardim – Grão-Mestre Estadual da Bahia;
2. Alexandre da Silva Monteiro – Deputado Federal – SAFL;
3. Luciano Pinto Sepulveda – Deputado estadual – PAEL.
d) Ato 075-28/10/2015 – Outorga dos Diplomas e Credenciais do Grau 9 – Cavaleiro da
Sapiência – Grande Inspetor do Rito Moderno;
1. Edward dos Santos – Delegado Litúrgico do ECMA;
2. Pedro Cardoso Neto – Secretário da Previdência e Assistência Social do GOEB.
e) Ato 099-29/07/2016 - Outorga dos Diplomas e Credenciais do Grau 9 – Cavaleiro da
Sapiência – Grande Inspetor do Rito Moderno;
1. Glauber Santos Soares.
96 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

f) Ato 104-29/08/2016 - Outorga dos Diplomas e Credenciais do Grau 9 – Cavaleiro da


Sapiência – Grande Inspetor do Rito Moderno;
1. Carlos Edno Silva Santana.
g) Ato 176-28/08/2017 – Pasquale Mignela Filho, SGIG do SCRM Outorga como seu Re-
presentante o Eminente Grão-Mestre do GOEB, Silvio Souza Cardim para entrega de
Comenda de Delegado do SCRM Estados Bahia e Sergipe a Cleber Tomás Vianna.
h) Ato 218-10/11/2017 - Outorga dos Diplomas e Credenciais do Grau 9 – Cavaleiro da
Sapiência – Grande Inspetor do Rito Moderno;
1. Pedro Pinto de Almeida – Deputado Estadual;
2. João Evangelista Bertoli – Mestre Instalado;
3. Clóvis Andrade de Almeida – Deputado Federal.
▲Iniciado em 22/06/1979 – A∴R∴L∴S∴ O Grito do Ipiranga, 240 – GLESP.
▲Elevado em 17/04/1980 - A∴R∴L∴S∴ O Grito do Ipiranga, 240 – GLESP.
▲Exaltado em 10/10/1980 – A∴R∴L∴S∴ Os Templários, 232 – GLESP - Cadastro
11602.
▲Instalado em 17/06/1985 - A∴R∴L∴S∴ O Grito do Ipiranga, 240 – GLESP - Regis-
tro nº. 14.263, livro 05, ritual nº. 1952.
▲Placet em 17/04/1995 – Quite-Placet registrado sob o nº. 25338 e publicado no Bo-
letim nº. 854 –29/04/1995 – Grande Loja do Estado de São Paulo.
▲Regularizado em 20/11/1996- A∴R∴L∴S∴ Livres Pensadores, 2304 – GOSP/GOB
– SP/SP.
▲Placet em 25/09/1997 – Registro nº. 239/97 - A∴R∴L∴S∴ Livres Pensadores, 2304
– GOSP/GOB – SP/SP.
▲Regularizado em 31/08/2002 – CIM 190.176 - A∴R∴L∴S∴ Solidariedade, 3348 –
GOEB/GOB – SSA/BA.
▲Filiado em 08/08/2009 - Sublime Capítulo Reg∴ do Rito Moderno Dílson Luiz Santa
Bárbara Gusmão - Aracajú/SE.
▲Fundador do Sublime Capítulo Reg∴ do Rito Moderno Os Amigos da Liberdade, nº
12 – SSA/BA – 22/02/2003.
▲Fundador da Loja Verdade Libertária, 3497 – Rito Moderno – GOEB/GOB –
SSA/BA – 05/05/2003.
Cleber Tomás Vianna 97

▲Fundador do Sublime Capítulo Reg∴ do Rito Moderno Aurora do Oriente, nº 29 –


Natal/RN – 23/07/2016.
▲Fundador da Loja Cavaleiros da Acácia, 4517 – Rito Escocês Retificado (RER) –
GOEB/GOB – Paulo Afonso/BA – 30/05/2017.
▲Filiado na Loja Voltaire, 4515 - Rito Moderno – GOEB/GOB – Feira de Santana/BA
– 31/01/2018.
▲Fundador do Sublime Capítulo Regional do Rito Moderno Pensadores Livres, nº 40
– Vitória da Conquista/BA – 20/10/2018.
▲Fundador da Loja Eurípedes Barbosa Nunes, 4634 - Rito Moderno – GOEB/GOB –
Terezina/PI – 17/05/2019.
▲Grau 4 – Mestre Secreto/REAA - Cadastro 18476 – 07/02/1983 – Loja de Perfeição
Barão do Rio Branco/SP.
▲Grau 9 – Eleito dos 9/REAA - Cadastro 18476 – 20/09/1983 - Loja de Perfeição Ba-
rão do Rio Branco/SP.
▲Grau 14 – Grande Eleito-Perfeito e Sublime Maçom/REAA - Cadastro 18476 –
03/04/1985 - Loja de Perfeição Barão do Rio Branco/SP.
▲Grau 15 – Cavaleiro do Oriente ou da Espada/REAA - Cadastro 18476 –
17/06/1986 – Capítulo Rosa Cruz Duque de Caxias III/SP.
▲Grau 18 – Cavaleiro Rosa-Cruz/REAA - Cadastro 18476 – 16/12/1986 - Capítulo
Rosa Cruz Duque de Caxias III/SP.
▲Grau 19 – Grande Pontífice ou Sublime Escocês/REAA - Cadastro 18476 –
14/11/1987 – Conselho Kadosh Ipiranga/SP.
▲Grau 7 – Cavaleiro Rosa-Cruz/Rito Moderno – Cadastro 20.802 – 08/09/2002.
▲ Grau 8 – Cavaleiro Kadosh Filosófico – Cavaleiro da Águia Branca e Preta –
22/02/2003.
▲Grau 9 – Cavaleiro da Sapiência - Grande Inspetor Geral do Rito Moderno -
03/04/2004. Cadastro 20.802.
▲Grau 33 – Grande Inspetor Geral do Rito Escocês Antigo e Aceito, Reconhecido em
13/05/2016 – IME 090115 – Patente nº. 255.514-4 – Ato nº. 13.885 do Supremo Conselho do Brasil
para o Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito, Mãe dos Graus Filosóficos dos Ritos Escoceses
no Brasil – São Cristóvão. Membro Ativo do Mui Poderoso Consistório de Príncipes
do Real Segredo, nº. 19 ao acampamento de Salvador/BA.
98 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

▲Grau 33 - Patriarca Grande Inspetor do Rito Adonhiramita (ECMA - Excelso Conse-


lho da Maçonaria Adonhiramita), Nome histórico ―MOZART‖. Reconhecido em 12/12/2015 – Cadas-
tro 8376.
▲1º. Vig∴ 1983/1984 - O Grito do Ipiranga, 240 – GLESP.
▲Ven∴ M∴ 1985/1986 - O Grito do Ipiranga, 240 – GLESP.
▲1º. Vig∴ 1987/1988 - O Grito do Ipiranga, 240 – GLESP.
▲Ven∴ M∴ 2007 a 2011 e 2015 a 2017 - Verdade Libertária, 3497 – GOEB/GOB –
RM – SSA/BA.
▲Deputado Estadual 2011/2015 – PAELBA.
▲Secretário de Orientação Ritualística do Grande Oriente Estadual da Bahia Adjunto
para o Rito Moderno - Ato do GME - GOEB nº. 525-1 de 10/06/2016.
▲Sapientíssimo do Sublime Capítulo Regional Os Amigos da Liberdade – RM -
2002/2007.
▲Zelador do Sublime Capítulo Regional Os Amigos da Liberdade – RM - 2014/2016
e 2016/2018.
▲Delegado do Supremo Conselho do Rito Moderno para Bahia e Sergipe 2007/2018,
Ato nº. 048/2007.
▲Palestrante sobre ―Rito Francês, Usos e Costumes‖ em Feira de Santana/Bahia em
14/06/2018, Loja Voltaire, 4515.
▲Palestrante sobre ―Os Primórdios do Rito Moderno no Brasil‖ em Feira de Santa-
na/Bahia em 11/10/2018, Loja Voltaire, 4515.
▲Palestrante sobre ―Os Primórdios do Rito Moderno no Brasil‖ no Seminário do Rito
Moderno em Vitória da Conquista/Bahia em 20/10/2018.
▲Palestrante sobre ―Os Primórdios do Rito Moderno no Brasil‖ em Feira de Santa-
na/Bahia em 29/03/2019, Loja Luz da Princesa, GLEB.
▲Palestrante sobre ―Os Primórdios do Rito Moderno no Brasil‖ em Alagoinhas/Bahia
em 15/05/2019, Loja Construtores do Pórtico, GLEB.
▲Comenda de Defensor Perpétuo do Rito Moderno. Ato do SCRM nº 261 de
11/10/2018.
▲Autor do livro Rito Francês Moderno – Fundação, Usos e Costumes no Brasil. Edi-
ção I – Setembro/2018.
Cleber Tomás Vianna 99

▲Membro ativo da Academia Maçônica de Artes e Letras da Bahia (AMALBA) – Ca-


deira n° 15 – Patrono: EGYDIO VIEIRA FILHO.
▲ Secretário de Orientação Ritualística do Grande Oriente Estadual da Bahia (GO-
EB). Ato n° 786 de 24/04/2019. Gestão GME 2015/2019.
▲ Delegado do SCRM para os Estados da Bahia/SE/RN. Ato n° 048 de 04/02/2009.
Gestão 2009/2018.
▲Cantor, Músico, Compositor, Escritor, Pesquisador, Divulgador e Professor de Viola
Caipira.
▲E-mail:clebertvianna@casadosvioleiros.com;
▲Site Francês: http://mvmm.org/m/docs/vianna.html ;
▲Site Casa dos Violeiros: www.casadosvioleiros.com .
100 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Créditos:

1) Site do SCRM: www.scrm.org.br/scrm;

2) O Aprendiz no Rito Moderno: Editora A Gazeta Maçônica – Autor: Alexandre


Magno Camargo (Melkisedek);

3) História do Grande Oriente do Brasil: Editora Madras – Autores: José Castella-


ni/William Almeida de Carvalho;

4) Da Sedição de 1798 à Revolta de 1824 na Bahia - Luiz Henrique Dias Tavares;

5) A Maçonaria na Independência do Brasil (1812-1823): João Luiz Teixeira Pinto;

6) Apostila Curso: História da Maçonaria no Brasil, EAD - Kennyo Ismail, Novembro


de 2017;

7) Revista Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832;

8) Casa Comum (Fundação Mário Soares): http://casacomum.net;

9) Walter Celso de Lima: JB_News Informativo_nr_2245/224;

10) Victor Guerra Garcia, Presidente del Circulo de Estudios de Rito Francés
Roëttiers de Montaleau, Masonólogo, 5° Orden, Grado 9, Gran Inspector Gene-
ral del RM, Valle de España: www.ritofrances.net;

11) Joaquim Villalta, Vª Orden, Gr.·. 9, 33º, Director de la Academia Internacional de


la Vª Orden-UMURM,Gran Orador Del Sublime Consejo del Rito Moderno para
el Ecuador, Miembro de Honordel Grande Oriente Lusitano, Miembro de Honor
Del Gran Oriente Nacional Colombiano, Soberano Gran Inspector General y mi-
embro del "Supremo Consejo Del Grado 33º y Último Del Rito Escocés Antiguo y
Aceptado para El Principado de Andorra", Miembro Honorario Del Supremo
Consiglio del 33º e Ultimo Grado del R.S.A.A. per l’Italia e sue Dipendenze, Mi-
embro de Honor de la Gran LogiaTradicional Del Paraguay, Muy Poderoso So-
berano Gran Comendador Del Supremo Consejo Del Grado 33º para España
Del Rito Antiguo y Aceptado (RitedeCerneau/Thompson-Folger SupremeCouncil
for The United States of America, their Territories and Dependencies);
Cleber Tomás Vianna 101

12) Acta Latomorum de Claude Antoine Thory; Illustration of Masonry de William


Preston, Tratado Portugal e Grande Oriente da França e Tratado Portugal e Es-
panha (obras cedidas por Joaquim Villalta);

13) Boletins do GOB (diversas edições conforme mencionados no corpo do traba-


lho);

14) Ritual Aprendiz Rito Moderno/GOB-2009;

15) Museu Maçônico Paranaense (Boletim do GOB - Jan/Fev-1902):


www.museumaconicoparanaense.com;

16) Paulo César Gaglianone – Graus Filosóficos do Rito Moderno;

17) José Coelho da Silva;

18) A Trolha;

19) Loja Universitária Professor José de Souza Herdy;

20) Pedra Oculta;

21) Diego Denardi;

22) José Ronaldo Viega Alves;

23) Constituição do Grande Oriente do Brasil, 1975. Rio de Janeiro, 22-05-1975;

24) Constituição do Grande Oriente do Brasil, 2001. Distrito Federal, 30-11-1990;

25) Constituição do Grande Oriente do Brasil, 2007 – última revisão em 10-09-2012;

26) PIRES, Joaquim da silva - O Roteiro da Iniciação de Acordo com o Rito Escocês
Antigo e Aceito, 1ª. ed. Londrina: Ed. Maçônica ―A Trolha‖, 2011;

27) Revista luzes (do GOSP), publicada na edição nº. 8, Set./out./2016;


102 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

28) ANTUNES, Álcio de Alencar. O Rito Moderno no Contexto da Maçonaria Univer-


sal. In: Supremo Conselho do Rito Moderno.

28) BAPTISTA, Antônio Samuel. Rito Moderno: Uma Interpretação. In: Supremo
Conselho do Rito Moderno;

30) O Rito Francês ou Moderno: A Maçonaria do Terceiro Milênio. Londrina, PR, Ed.
Maçônica A Trolha, ANTUNES, Álcio de Alencar – Edição 1994;

31) Manual do Rito Moderno, Editora A Gazeta Maçônica, 1991;

32) Neto, Antônio Onias, O Rito Moderno ou Francês, no site Mason Kit.Net (acesso
em 26/02/2013):

33) mason.kit.net/ritos/modernooufrances.htm;

34) Wikipédia, Rito Moderno (acesso ao site em 26/02/2012);

35) Revista Astréa, Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, Anno II, números 9
e 10, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro de 1928;

36) Cérberus Magazine; Multi Rio (Crise do Sistema Colonial);

37) Paramentos - Site Triângulo Atelier: www.trianguloatelier.com.br;

38) István Jancsó e Marcos Morel, Novas perspectivas sobre a presença francesa na
Bahia em torno de 1798:

39) http://www.scielo.br/pdf/topoi/v8n14/2237-101X-topoi-8-14-00206.pdf;
Cleber Tomás Vianna 103

40) Revista Retales de Masoneria, ano 1, nº. 4;

41) Primeiros Rituais Maçônicos Brasileiros, Joaquim da Silva Pires;

42)Encyclopedia de La Masoneria:
(http://freimaurerwiki.de/index.php/En:Brazilian_Freemasonr);

43) O GOB nasceu no Rito Moderno: blog.msmacom.com.br/o-gob-nasceu-rito-


moderno;

44) Paramentos - Site: masonic.com.br/avental/mod00.htm;

45) A concepção do Grande Arquiteto no Universo no Rito Moderno – palestra minis-


trada pelo irmão Dr. Álvaro Palmeira, extraído do Boletim do GOB 3, 4 e 5 de 1986
[06/02/1961], publicado no site do irmão José Filardo:
bibliot3ca.com/a-concepcao-do-grande-arquiteto-do-universo-no-rito-frances-ou-
moderno/;

46) A Independência do Brasil à sombra da Acácia: Imagens obtidas em


http://slideplayer.com.br/slide/2904085/

Ilustrações:
a) https://pinterest.com;

b) Jotassil Artes;

47) REHMLAC ISSN 1659-4223: ―Hipólito José da Costa e o Correio Braziliense: a i-


dealização de um tipo de sociabilidade maçônica‖. Bruna Melo dos Santos;

48) Alexandre Mansur Barata: Trabalho acadêmico - Sociabilidade Ilustrada e Inde-


pendência (Brasil, 1790 - 1822);
104 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

49) Revista Ciência e Maçonaria - C&M | Brasília, Vol. 4, n.1, p. 19-24, jan/jun, 2017;

50) O Rito Moderno Belga e o Rito Francês: https://bibliot3ca.com/rito-frances-


comparacao-entre-o-rito-moderno-belga-e-o-rito-moderno-frances/;

51) Racó de La Llum (as ordens de sabiduria do Rito francês):


https://racodelallum.blogspot.com.br/2018/05/las-ordenes-de-sabiduria-del-
rito.html?m=1;

52) https://noticias.r7.com/domingo-espetacular/conheca-o-verdadeiro-rosto-do-
imperador-dom-pedro-i-11052018;

53) https://odetedecoracaoparaeventos.com.br/produto/coruja-artistica-
branca/?add_to_wishlist=895

53) Colaboração especial dos queridos irmãos Lázaro Sadrack Meira Araújo, Cavalei-
ro do Oriente, III Ordem, Grau 6 do Rito Francês ou Moderno e,

54) José Maria Bonachi Batalla, SGIG de Honra do SCRM-


hedgemason.blogspot.com.br/2013/09/a-brief-history-of-modern-rite-in-brazil.html.

55) Agradecimento especial ao querido irmão Lázaro Rocha Menezes Rios, o incenti-
vador e colaborador que proporcionou a concretização desta importante obra maçônica, extensivo
a tantos quantos se envolverem na divulgação da mesma.

Direitos reservados aos seus autores:


Fatos e nomes omissos? Favor contatar-nos para a devida observação.
Cleber Tomás Vianna 105

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