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Aula 03 – Planejamento dos Custos da Construção

1. Introdução e Conceitos
2. Relação Tempo-Custo em Projetos
3. Métodos de Orçamentação
4. Cálculos de Custos da Construção
5. Planilhas de Composição de Custos e Controle

1. Introdução e Conceitos...
“O custo é o gasto econômico que representa a fabricação de um produto ou a prestação de um serviço.”
“... o custo corresponde ao esforço econômico que se deve realizar para realizar um objetivo operativo (o pagamento de
salários, a compra de materiais, a fabricação de um produto, a obtenção de fundos para o financiamento, a administração da
empresa, etc.). Sempre que não é alcançado o objetivo visado, diz-se que uma empresa tem perdas/prejuízos.”
“Para que seja determinar os custos de um produto ou de um serviço, tem-se que levar em conta o preço da matéria-prima,
da mão de obra que é usada na produção e tudo aquilo que implica gastos referentes à oferta dos mesmos, o qual determina
os custos.”
“... os custos podem receber a definição de qualquer recurso utilizado para atingir um objetivo. Para que as decisões de quem
gesta uma empresa sejam levadas em conta, os custos de um projeto, por exemplo, devem ser justificados com o logro (os
ganhos esperados) do objetivo.”

“O gerenciamento dos custos de um projeto inclui os processos envolvidos em planejamento, estimativa, orçamento e
controle de custos, de modo que o projeto possa ser terminado dento do orçamento aprovado.”
“Um orçamento pode ser definido como a determinação dos gastos necessários para a realização de um projeto, de acordo
com um plano de execução previamente estabelecido, gastos estes estabelecidos em termos quantitativos.” (LIMMER, 2013)

Objetivos de um Orçamento
✓ Definir o custo de execução de todas as atividades;
✓ Servir como referência para o controle dos custos durante a execução da construção;
✓ Constituir-se em documento contratual;
✓ Servir como referência na analise dos rendimentos e lucros;
✓ Servir como referência para o aperfeiçoamento da eficiência e eficácia da empresa em realizar os empreendimentos.

Classificação dos Custos


Foco no “Produto” (entrega):
Custos Diretos: são os custos suscetíveis de serem identificados com os bens ou serviços resultantes, ou seja, têm parcelas
definidas apropriadas. Ex.: Mão de obra direta e matérias primas.
Custos Indiretos: todos os outros custos que dependem da adoção de algum critério de rateio para sua atribuição ao
produto. Ex.: Salários e energia elétrica.

Classificação dos Custos


Foco na “Produção” (construção + construtora):
Custos Fixos: são os custos que, praticamente, não se alteram com a variação da quantidade de bens ou serviços
produzidos... Ex.: Aluguel.
Custos Variáveis: são os custos cujos valores totais variam em relação direta com a variação das quantidades produzidas.
Ex.: Matéria prima.
Custos Semivariáveis: variam com a variação da quantidade produzida, porém de forma não proporcional. Ex.: Água,
energia elétrica etc.
Custos Totais: custos fixos + custos variáveis [ou semivariáveis].

Matriz de Classificação de Custos


2. Relação Tempo-Custo em Projetos...
Impacto da Variação de Tempo de Execução nos Custos
“Para encurtar (ou expandir) a duração de um projeto, é preciso usar mais (ou menos) certos recursos como, por exemplo, a
mão de obra. Aumentando-se o prazo de execução das atividades de um projeto o seu custo total, consequentemente, irá
variar.”

Algumas Considerações Importantes:


✓ O custo fixo e o custo variável terão comportamentos diferentes em função das variações nos prazos, pois normalmente o
primeiro aumenta com o aumento do tempo (mais tempo de supervisão), já o segundo diminui neste cenário (necessidade de
menos horas-extras).
✓ Usando-se técnicas de nivelamento, é possível otimizar a distribuição dos recursos financeiros ao longo do projeto.
✓ Para maior sucesso nos ajustes deve-se escolher, entre as atividades que compõem o caminho crítico, aquelas que tiver o
menor custo marginal de aceleração (ou de desaceleração).

Cálculo do Custo Marginal de Atividade


✓ O custo marginal de aceleração (ou de desaceleração) de uma atividade é dada pela sua variação de custo por unidade de
variação de prazo.
✓ Pode-se calculá-la com a seguinte relação: [Cm = (Ca - Cb)/ (tb - ta)]

✓ Exercícios de Aplicação: Custo Marginal (Exercícios 1 e 2 da Lista 3)...

3. Métodos de Orçamentação...
Refinamento da Margem de Erro
As estimativas dos custos estão dentro de certos intervalos e são refinadas conforme o nível de detalhamento do projeto
progride...

Estimativas “Bottom-Up” em Projetos


É a criação de estimativas detalhadas para cada parte de uma atividade ou pacote de trabalho, sendo então reunidas em
uma estimativa geral do projeto. Há vantagens e desvantagens neste método de estimativa:
Vantagens - grau de exatidão, cria estimativas viáveis, análise detalhada do projeto e fornece melhores bases para o
monitoramento e controle.
Desvantagens - exige tempo e despesas, tendência de aumentar arbitrariamente as estimativas, exige que o projeto seja
definido e bem entendido antes do inicio das estimativas.

Estimativas “Bottom-Up” em Projetos


Complexidade da Elaboração de Orçamentos
Obtenção de níveis uniformes de produtividade devido aos níveis irregulares de especialização da mão de obra;
Falhas na engenharização [ou projeto executivo ou detalhado] gerando a necessidade de frequentes alterações no
planejamento;
Grande número e variedade de atividades a serem executadas;
Variação contínua dos preços de insumos;
Falta ou falha na utilização de metodologias, procedimentos e padrões de planejamento de custos;
Falha ou falta de tempo adequado para a realização de um bom planejamento de custos.
Dois Métodos Básicos
Correlação: estimativa de custo por correlação deste com uma ou mais variáveis de medida de grandeza do produto cujo
custo se quer determinar. Dois processos:
Correlação Simples: produtos semelhantes ou do mesmo tipo.
Correlação Múltipla: soma das partes decompostas do produto

Quantificação: estimativa de custo baseada no projeto executivo detalhado do produto e suas características de
gerenciamento (capacidades, premissas, restrições, condições etc.). Dois processos:
Quantificação de Insumos: levantamento de todos os custos de mão de obra, materiais e equipamentos e sua soma.
Composição do Custo Unitário: decomposição do produto em partes, de acordo com sua EAP e sua EAI, para
determinação de custos por pacote de trabalhos e, depois, o custo total.

4. Cálculos de Custos da Construção...


Determinação de Custos por “Correlação Simples”
Utilização do Método do Custo Unitário Básico – CUB: cálculo baseado em um custo fornecido mensalmente em “m2” pelos
sindicatos regionais da indústria da construção. Índice criado em 1964 no Brasil e regulamentado pela NBR 12721/04...

Determinação de Custos por “Correlação Simples”


Exemplo de planilha de custos para estimativa simples do custo do produto...

Exercícios de Aplicação: Correlação Simples (Exs. 3 e 4 – Lista 3)...

Determinação de Custos por “Correlação Múltipla”


Exemplo de planilha de custos para estimativa do custo do produto por pacotes de trabalho: mão de obra, materiais e etapas
construtivas...
Determinação de Custos por “Correlação Múltipla”
Exemplo de planilha de custos para estimativa do custo do produto por pacotes de trabalho: mão de obra, materiais e etapas
construtivas...

Exercícios de Aplicação: Correlação Múltipla (Exs. 5 e 6 – Lista 3)...

Determinação de Custos por “Quantificação”


Método da Quantificação dos Insumos: necessário ter o Projeto Executivo Detalhado (PED).
Método da Composição dos Custos Unitários: necessário ter a Estrutura Analítica do Projeto (EAP).
Cálculo dos Custos do Empreendimento:
a) Custos [Diretos] de Mão de Obra (CMO);
b) Custos [Diretos] de Materiais (CMA);
c) Custos [Diretos] de Equipamentos de Construção (CEQ):
▪ Custos Fixos de Utilização de Equipamentos de Construção;
▪ Custos Variáveis de Utilização de Equipamentos de Construção.
d) Custos Indiretos Empresariais (CI);
e) Conceito e Cálculo dos Benefícios de Despesas Indiretas (BDI);
f) Composição do Preço de Venda (PV).

a) Custos Diretos de Mão de Obra (CMO)


“O custo de mão de obra (CMO) representa, normalmente, parcela significativa dos custos diretos de produção, sendo que na
construção civil ela atinge cerca de 40% do custo total de uma construção.”
Estimativa e Cálculo do CMO:
CMO = (QS/PMO).CUT
✓ QS = Quantidade do Tipo de Serviço (estimativa ou projeto detalhado)
✓ PMO = Produtividade da Mão de Obra (pesquisas ou históricos)
✓ CUT = Custo por Unidade de Tempo (salário por hora por função)
Exercícios de Aplicação: Custo Direto de MO (Exs. 7 e 8 Lista 3)...
b) Custos Diretos de Materiais (CMA)
“Os materiais, geralmente, representam cerca de 60% do custo da construção, e o seu custo de utilização subordina-se a
dois aspectos bem distintos: consumo e preço. O primeiro depende fundamentalmente as condições de gerenciamento,
planejamento e controle das obras, já o segundo é função das condições de mercado e de aquisição.”

Considerações sobre o CMA:


✓ É comum a consideração de uma margem para perdas de materiais;
✓ Treinamento do manuseio tem impacto significativo;
✓ Estocagem e movimentação dos materiais;
✓ Qualidade e quantidade dos materiais;
✓ Contratos e/ou parcerias com fornecedores;
✓ Distância dos fornecedores.

c) Custos Diretos de Equipamentos (CEQ)


“O custo de utilização de equipamentos de construção na execução de obras resulta em dois outros custos: o custo de
propriedade (compra ou locação) e o custo de uso do equipamento, sendo estes custos geralmente calculados em base
horária.”

Considerações sobre o CEQ:


✓ Exemplos de equipamentos utilizados numa construção: ferramentas, veículos, guindastes, uniformes, EPI’s,
microcomputadores, painéis etc.
✓ Preço de aquisição e/ou de aluguel é determinado pelo mercado;
✓ Na utilização dos equipamentos são considerados custos fixos e
variáveis;
✓ Custos fixos: depreciação, seguros, juros e armazenagem;
✓ Custos variáveis: manutenção, operação e consumo de energia.

d) Custos Indiretos Empresariais (CI)


“Os custos indiretos empresariais relacionam-se com as atividades necessárias ao funcionamento da empresa como um
todo. Devem ser rateados entre todas as obras da empresa em andamento. Podem ser classificados em quatro grandes
grupos de custos: administrativos, comerciais, tributários e financeiros.”
Considerações sobre o CI:
✓ Custos administrativos: salários, despesas gerais, material de escritório, auditores e consultores, energia elétrica (fora das
obras) etc.
✓ Custos comerciais: marketing, assessoria técnica de vendas e jurídica, elaboração de propostas etc.
✓ Custos tributários: impostos, taxas, tarifas e demais disposições legais.
✓ Custos financeiros: juros de emprestimos, financiamentos e
investimentos, encargos de aplicações financeiras etc.
✓ Normalmente calculado como percentual face aos custos agregados dos empreendimentos previstos para um período.

e) Conceito de BDI (Benefícios e Despesas Indiretas)


“BDI é o elemento orçamentário destinado a cobrir todas as despesas que, num empreendimento (obra ou serviço), segundo
critérios claramente definidos, classificam-se como indiretas (por simplicidade, as que não expressam diretamente nem o
custeio do material nem o dos elementos operativos sobre o material, como mão de obra, equipamentos etc.), e, também,
necessariamente, compõem o lucro esperado [ou desejado].”
Composição do BDI, de acordo com metodologia matemática de cálculo precisamente estabelecida:
(1) administração central, em parcela rateada por empreendimento;
(2) custo de capital financeiro contraído do mercado;
(3) margem de incerteza;
(4) carga tributária específica, nas várias esferas estatais;
(5) lucro (lucro bruto ou margem de contribuição).

e) Cálculo Básico do BDI


✓ O BDI é parte integrante da formação do preço de venda (PV): PV = Custos Diretos (CD) x [1 + BDI]
✓ Cálculo [simplificado] do BDI: BDI = (CI + LL)/CD
✓ Uma forma [mais detalhada] de cálculo do BDI:
CF = Custo Financeiro
AC = Custos de Administração Central
S = Seguros Envolvidos
G = Garantias Envolvidas
MI = Margem de Incerteza
T = Tributos sobre a Nota Fiscal do Produto
LB = Margem Bruta de Contribuição ou Lucro Bruto
LL = Margem Líquida de Contribuição ou Lucro Líquido
Obs.: Todas estas variáveis são definidas em percentuais e terão seus valores calculados (tecnicamente ou legalmente).
BDI=((1+CF+AC+S+G+MI) -1)x100 1 – ( T + LB )

f) Composição do Preço de Venda


“O preço de venda é o resultado da aplicação de uma margem denominada BDI sobre o Custo Direto calculado na planilha
de custos.”

Obtenção do Preço de Venda:

“Lucro [ou Benefício] é uma parcela destinada a remunerar: o custo de oportunidade do capital aplicado, a capacidade
administrativa, gerencial e tecnológica adquirida ao longo de anos de experiência no ramo, a responsabilidade pelos riscos
envolvidos, administração do contrato e condução da obra através da estrutura organizacional da empresa, investimentos na
formação profissional do seu pessoal; e criar a capacidade de reinvestir no próprio negócio.”
Importante: A taxa de Lucro a ser atribuído no BDI normalmente fica em torno de 10% qualquer que seja o tipo e montante
da obra considerada, podendo ter variações de 5% para mais ou para menos, dependendo das condições e oportunidades
envolvidas.

Exemplo de Cálculo do BDI e Preço de Venda


a) Levantar os custos diretos (mão de obras, materiais e equipamentos);
b) Levantar os custos indiretos (pessoal de escritório, água, luz, licenças etc.);
c) Determinar a margem percentual de lucro desejada, praticada e/ou possível;
d) Calcular o BDI;
e) Calcular o Preço de Venda!

Exemplo:
a) Custos Diretos: R$ 150.000,00 (CMO) + 250.000,00 (CMA) + 120.000,00 (CEQ) = R$ 520.000,00.
b) Custos Indiretos: R$ 130.000,00 (rateio custos indiretos da empresa para os projetos previstos em carteira).
c) Lucro Líquido: Analisando o mercado, concorrentes, impostos e negociando, o lucro máximo possível é de 5,5% (só
exemplo). Então: LL (em valor) = (130.000,00 + 520.000,00) x 5,5% = R$ 35.750,00.
d) BDI = (130.000,00 + 35.750,00)/520.000,00 = BDI = 31,875%.
e) Assim: PV = CD x (1 + BDI) = 520.000,00 x (1 + 0,31875) = PV = R$ 685.750,00.
Exercícios de Aplicação: Calculo de BDI e Lucro (Exs. 9 e 10 Lista 3)...

5. Planilhas de Composição de Custos e Controle...


Planilhas de Custos na Orçamentação
“Normalmente para a composição de custos e preços usam-se planilhas. Cada empresa monta seu próprio tipo de planilha de
composição, de acordo com suas conveniências de codificação e de acordo com a estrutura do banco de dados com o qual
trabalha.”
Modelos Básicos de Planilhas e Controle de Custos:
✓ Planilha de Composição de Custos Unitários
✓ Planilha de Estimativas de Custos para Orçamentação ✓ Cronograma Físico-financeiro e Curva S de Custos
✓ Fluxo de Caixa na Construção

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