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PROCESSO Nº TST-RR-1888-06.2012.5.03.

0024

A C Ó R D Ã O
(5ª Turma)
GMDAR/ASL/JFS  

I. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. JULGAMENTO


ANTERIOR PELA TURMA. DEVOLUÇÃO DOS
AUTOS PARA VERIFICAÇÃO DA
POSSIBILIDADE DE JUÍZO DE RETRATAÇÃO.
ARTIGO 543-B DO CPC/1973 (ART. 1.041,
CAPUT, §1º, DO CPC/2015).
TERCEIRIZAÇÃO. RECONHECIMENTO DO
VÍNCULO DE EMPREGO COM A TOMADORA DOS
SERVIÇOS. EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÃO.
MATÉRIA JULGADA PELO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL (ADPF 324, RE 958.252 E ARE
791.932). REPERCUSSÃO GERAL. 1.
Discute-se nos presentes autos a
licitude da terceirização de serviço
de call center entre as Reclamadas.
Esta Quinta Turma, em acórdão
pretérito, negou provimento ao agravo
da segunda Reclamada para, com base
na diretriz da Súmula 331, I e
III/TST, declarar a ilicitude da
terceirização e reconhecer o vínculo
empregatício diretamente com a
tomadora do serviço. Interposto
recurso extraordinário, foi retido
nos autos, conforme determinação da
Vice-Presidência desta Corte. 2.
Sobre o tema, o Plenário do Supremo
Tribunal Federal, em 30/8/2018, ao
julgar a Arguição de Descumprimento
de Preceito Fundamental 324 e o
Recurso Extraordinário 958.252, com
repercussão geral e efeito
vinculante, firmou entendimento no
sentido de ser lícita a terceirização
de toda e qualquer atividade, meio ou
fim, não se estabelecendo relação de
emprego entre o tomador de serviços e
o empregado da empresa prestadora. 3.
Ainda, em 11/10/2018, o Plenário do
STF concluiu o julgamento do Recurso
Extraordinário com Agravo (ARE)
791932, com repercussão geral, o qual
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versa sobre a possibilidade de


terceirização do serviço de call
center, decidindo pela aplicação da
tese que considera lícita a
terceirização em todas as etapas do
processo produtivo. 3. Nesse
contexto, cumpre salientar que, nada
obstante o disposto no artigo 836 da
CLT, que constituiria, em princípio,
óbice para novo pronunciamento deste
Colegiado sobre o tema, não se pode
olvidar da ratio decidendi proferida
pelo Supremo Tribunal Federal, em
sede de repercussão geral, mostrando-
se pertinente o exercício de
retratação por este Colegiado, sob
pena de afronta aos princípios da
celeridade e da razoável duração do
processo (art. 5º, LXXVIII, da CF).
Tal conclusão mais se enfatiza quando
se verifica que houve a interposição
de recurso extraordinário pela
segunda Reclamada, em face do
pretérito acórdão proferido por este
Colegiado, encontrando-se o recurso
retido nos autos, conforme
determinação do Vice-Presidente do
TST. 4. Sobre a necessidade de
realizar-se o juízo de retratação
nesse contexto processual, já decidiu
esta Quinta Turma, conforme
judiciosos fundamentos consignados no
acórdão proferido nos autos do
Processo TST-RR-10886-
31.2004.5.12.0011, da lavra do
Excelentíssimo Ministro Caputo
Bastos, no qual afirmada a
prevalência do princípio da
celeridade sobre o princípio do
devido processo legal, ponderando-se
que, "se de um lado a Constituição
Federal prima pelo respeito ao
devido processo legal, de outro
prestigia a celeridade do processo,
assegurando a todos a sua razoável
duração, como previsto no seu artigo
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5°, LXXVIII." Foi elucidado ainda


que, ao "(...) se prestigiar a
garantia da razoável duração do
processo, dá-se ao devido processo
legal dimensão substancial, na
medida em que se busca decidir
dentro dos parâmetros da
proporcionalidade e da
razoabilidade, assegurando ao
processo devida efetividade, com
atingimento da finalidade social
para a qual se destina." 5. Assim,
verificando-se que a decisão deste
Colegiado foi proferida em
desconformidade com a orientação do
STF, impõe-se o exercício do juízo de
retratação e o reexame do recurso
interposto, nos termos do artigo 543-
B, § 3º, do CPC/73 (artigo 1.041,
§1º, do CPC/2015).

II. AGRAVO DA SEGUNDA RECLAMADA


(TELEMAR NORTE LESTE S.A.). PROCESSO
NÃO   REGIDO   PELA   LEI   13.015/2014.
PROCEDIMENTO   SUMARÍSSIMO.
TERCEIRIZAÇÃO. RECONHECIMENTO DO
VÍNCULO DE EMPREGO COM A TOMADORA DOS
SERVIÇOS. EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÃO.
MATÉRIA JULGADA PELO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL (ADPF 324, RE 958.252 E ARE
791.932). REPERCUSSÃO GERAL. Visando
prevenir possível contrariedade à
Súmula 331 do TST, impõe-se o
provimento do agravo. Agravo provido.

III. AGRAVO DE INSTRUMENTO DA SEGUNDA


RECLAMADA (TELEMAR NORTE LESTE S.A.).
PROCESSO NÃO   REGIDO   PELA   LEI
13.015/2014.   PROCEDIMENTO
SUMARÍSSIMO.  TERCEIRIZAÇÃO.
RECONHECIMENTO DO VÍNCULO DE EMPREGO
COM A TOMADORA DOS SERVIÇOS. EMPRESA
DE TELECOMUNICAÇÃO. MATÉRIA JULGADA
PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ADPF
324, RE 958.252 E ARE 791.932).
REPERCUSSÃO GERAL. Visando prevenir
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possível contrariedade à Súmula 331,


I, do TST, impõe-se o provimento do
agravo de instrumento. Agravo de
instrumento provido.

IV. RECURSO DE REVISTA DA SEGUNDA


RECLAMADA (TELEMAR NORTE LESTE S.A.).
PROCESSO NÃO   REGIDO   PELA   LEI
13.015/2014.   PROCEDIMENTO
SUMARÍSSIMO.  TERCEIRIZAÇÃO.
RECONHECIMENTO DO VÍNCULO DE EMPREGO
COM A TOMADORA DOS SERVIÇOS. EMPRESA
DE TELECOMUNICAÇÃO. MATÉRIA JULGADA
PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ADPF
324, RE 958.252 E ARE 791.932).
REPERCUSSÃO GERAL. 1. Caso em que o
Tribunal Regional, reconhecendo que a
Reclamante desempenhou atividades
relacionadas à atividade-fim da
tomadora, declarou a ilicitude da
terceirização havida entre as partes,
reconhecendo o vínculo de emprego
diretamente com a segunda Reclamada.
2. O Plenário do Supremo Tribunal
Federal, em 30/8/2018, ao julgar a
Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental 324 e o Recurso
Extraordinário 958.252, com
repercussão geral e efeito
vinculante, firmou entendimento no
sentido de ser lícita a terceirização
de toda e qualquer atividade, meio ou
fim, não se estabelecendo relação de
emprego entre o tomador de serviços e
o empregado da empresa prestadora. 3.
Ainda, em 11/10/2018, o Plenário do
STF concluiu o julgamento do Recurso
Extraordinário com Agravo (ARE)
791932, com repercussão geral, o qual
versa sobre a possibilidade de
terceirização do serviço de call
center, decidindo pela aplicação da
tese que considera lícita a
terceirização em todas as etapas do
processo produtivo. 4. Nesse cenário,
o Tribunal Regional, ao consignar que
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restou caracterizada terceirização


ilícita de atividade-fim, proferiu
acórdão dissonante do atual
entendimento do Supremo Tribunal
Federal. Julgados desta Corte.
Contrariedade à Súmula 331, I, do TST
configurada. Recurso de revista
conhecido e provido.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Recurso   de   Revista   n°  TST­RR­1888­06.2012.5.03.0024,   em   que   é
Recorrente  TELEMAR NORTE LESTE S.A.  e são Recorridos  CONTAX S.A.  e
TAMIRES TAIMARA AFONSO CARDOSO.

O   Tribunal   Regional   do   Trabalho   da   3ª   Região,


mediante acórdão à fl. 445, negou provimento aos recursos ordinários
das Reclamadas, mantendo a sentença em que reconhecido o vínculo de
emprego diretamente com o tomador de serviços.
A   segunda  Reclamada (TELEMAR NORTE LESTE S.A.)
interpôs  recurso   de   revista   (fls.   474/484),   o   qual   teve   seu
seguimento denegado (fls. 488/491), dando ensejo  à interposição do
agravo de instrumento às fls. 519/530.
O  Ministro   Relator  decidiu   monocraticamente  (fls.
550/553),   o   que   rendeu   ensejo   à   interposição   do   agravo   regimental
(fls. 603/617).
Esta  Turma,  por  meio  do  acórdão  às  fls.  623/632,
negou provimento ao agravo, mantendo a decisão monocrática.
Dessa decisão a segunda Reclamada interpôs recurso
extraordinário (fls. 634/674). 
Nos termos do despacho às fls. 697699, determinou­
se o retorno dos autos a esta 5ª Turma, nos termos do artigo 1.030,
II, do CPC, para análise de eventual juízo de retratação.
Tramitação preferencial – Rito Sumaríssimo.
É o relatório.

V O T O
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I - JUÍZO DE RETRATAÇÃO

JULGAMENTO ANTERIOR PELA TURMA. DEVOLUÇÃO DOS


AUTOS PARA VERIFICAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE JUÍZO DE RETRATAÇÃO.
ARTIGO 543-B DO CPC/1973 (ART. 1.041, CAPUT, §1º, DO CPC/2015).
TERCEIRIZAÇÃO. RECONHECIMENTO DO VÍNCULO DE EMPREGO COM A TOMADORA
DOS SERVIÇOS. EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÃO. MATÉRIA JULGADA PELO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ADPF 324, RE 958.252 E ARE 791.932).
REPERCUSSÃO GERAL.

Discute-se nos presentes autos a licitude da


terceirização de serviço de call center entre as Reclamadas. Esta
Quinta Turma, em acórdão pretérito, negou provimento ao agravo da
segunda Reclamada para, com base na diretriz da Súmula 331, I e
III/TST, declarar a ilicitude da terceirização e reconhecer o
vínculo empregatício diretamente com a tomadora do serviço.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal, em
30/8/2018, ao julgar a Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental 324 e o Recurso Extraordinário 958.252, com repercussão
geral e efeito vinculante, firmou entendimento no sentido de ser
lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim,
não se estabelecendo relação de emprego entre o tomador de serviços
e o empregado da empresa prestadora.
Ainda, em 11/10/2018, o Plenário do STF concluiu o
julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 791932, com
repercussão geral, o qual versa sobre a possibilidade de
terceirização do serviço de call center, decidindo pela aplicação da
tese que considera lícita a terceirização em todas as etapas do
processo produtivo.
Nesse contexto, cumpre salientar que não se olvida
de que, nos termos do artigo 836 da CLT e 505 do CPC, haveria, em
princípio,   óbice   para   novo   pronunciamento   deste   Colegiado   sobre   o
tema, por se considerar a possibilidade de configuração da preclusão
pro judicato.
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Nada   obstante,   conforme   acima   explicitado,


verificando­se   que   o   tema   em   debate   foi   objeto   de   decisão   pela
Suprema Corte, em sede de repercussão geral, mostra­se pertinente o
exercício de retratação por este Colegiado, sob pena de afronta aos
princípios da celeridade e da razoável duração do processo (artigo
5º, LXXVIII, da CF).
Tal conclusão mais se enfatiza quando se verifica
que   houve   a   interposição   de   recurso   extraordinário   pela   segunda
Reclamada,   em   face   do   pretérito   acórdão   proferido   por   este
Colegiado,   em   que   declarada   a   ilicitude   da   terceirização   e
reconhecido o vínculo com o tomador de serviço.
Sobre   a   necessidade   de   realizar­se   o   juízo   de
retratação nesse contexto processual, já decidiu esta Quinta Turma,
conforme   acórdão   proferido   nos   autos   do   Processo  TST-RR-10886-
31.2004.5.12.0011,   da   lavra   do   Excelentíssimo   Ministro   Caputo
Bastos.
No  referido   precedente,  afirmou­se   a  prevalência,
no  caso  concreto,  do  princípio  da  celeridade  sobre  o  princípio  do
devido   processo   legal,   ponderando­se   que,   "se   de   um   lado   a
Constituição Federal prima pelo respeito ao devido processo legal,
de outro prestigia a celeridade do processo, assegurando a todos a
sua   razoável   duração,   como   previsto   no   seu   artigo   5°,   LXXVIII",
sendo   certo   que,   ao  "(...)   se   prestigiar   a   garantia   da   razoável
duração   do   processo,   dá­se   ao   devido   processo   legal   dimensão
substancial, na medida em que se busca decidir dentro dos parâmetros
da   proporcionalidade   e   da   razoabilidade,   assegurando   ao   processo
devida efetividade, com atingimento da finalidade social para a qual
se destina.
Ante o exposto e verificando-se que a conclusão
alcançada por este Colegiado mostra-se dissonante da orientação do
STF, impõe-se o exercício do juízo de retratação e o reexame dos
recursos interpostos, nos termos do artigo 543-B, § 3º, do CPC/73
(artigo 1.041, §1º, do CPC/2015).

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II   ­  AGRAVO DA SEGUNDA RECLAMADA (TELEMAR NORTE


LESTE S.A.).

1. CONHECIMENTO

CONHEÇO do agravo porque atendido os pressupostos


de admissibilidade.

2. MÉRITO

2.1. TERCEIRIZAÇÃO. RECONHECIMENTO DO VÍNCULO DE


EMPREGO COM A TOMADORA DOS SERVIÇOS. EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÃO.
MATÉRIA JULGADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ADPF 324, RE 958.252
E ARE 791.932). REPERCUSSÃO GERAL.

Eis os termos da decisão agravada:

(...)
Nos agravos de instrumento interpostos sustenta-se a viabilidade dos
recursos de revista ao argumento de que atenderam aos requisitos do
parágrafo 6º do artigo 896 da CLT.
Sem razão.
Nos termos do artigo 896, § 6º, da CLT, a admissibilidade dos
recursos de revista interpostos em causa sujeita ao rito sumaríssimo está
restrita à demonstração de contrariedade à Súmula do TST ou ofensa à
literalidade de dispositivo constitucional.
Nesse contexto, inócua torna-se a alegação de afronta a dispositivo
infraconstitucional, de divergência jurisprudencial e de contrariedade a
orientação jurisprudencial.
Do cotejo dos fundamentos do despacho agravado com as razões
contidas na minuta, se observa que as alegações expostas não logram êxito
em demonstrar o desacerto do despacho de admissibilidade, considerando,
sobretudo, os termos da decisão proferida pelo Regional, a evidenciar a
correta aplicação de entendimento pacificado nesta Corte.

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Desta forma, os dispositivos da Constituição Federal indicados na


minuta não foram violados.
Assim, não preenchidos os requisitos de admissibilidade previstos no
parágrafo 6º do artigo 896 da CLT, deve ser confirmada a negativa de
seguimento do recurso de revista, cujos fundamentos passam a fazer parte
integrante das motivações desta decisão.
Ante o exposto, e amparado no artigo 557, caput, do CPC, nego
seguimento aos agravos de instrumento.
(...). (fls. 552/553).

A Agravante, TELEMAR NORTE LESTE S.A., em síntese,


repisa as razões do recurso de revista e do agravo de instrumento,
pretendendo seja reconhecida a licitude da terceirização, afastado o
reconhecimento do vínculo empregatício.
Assevera que a terceirização ocorrida no presente
caso foi viável e legal, não tendo o Reclamante desempenhado tarefas
afetas à atividade­fim.
Aponta violação, dentre outros, do artigo 94, II,
da Lei 9.472/97, bem como contrariedade à Súmula 331/TST. Colaciona
arestos.
Ao exame.
Caso em que o Tribunal Regional, reconhecendo que
o   Reclamante   prestou   serviços   relacionados   à   atividade­fim   da
tomadora,   declarou   a   ilicitude   da   terceirização   havida   entre   as
partes.
Ocorre que o Plenário do Supremo Tribunal Federal,
em   30/8/2018,   ao   julgar   a   Arguição   de   Descumprimento   de   Preceito
Fundamental (ADPF) 324 e o Recurso Extraordinário (RE) 958.252, com
repercussão   geral,   firmou   entendimento   no   sentido   de   ser   lícita   a
terceirização   de   toda   e   qualquer   atividade,   meio   ou   fim,   não   se
estabelecendo  relação  de  emprego  entre  a  tomadora  de  serviços  e  o
empregado da empresa prestadora.
Ainda, em 11/10/2018, o Plenário do STF concluiu o
julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 791932, com
repercussão geral, o qual versa sobre a possibilidade de
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terceirização do serviço de call center, decidindo pela aplicação da


tese que considera lícita a terceirização em todas as etapas do
processo produtivo.
A fim de prevenir a má aplicação da Súmula
331/TST, DOU PROVIMENTO.

III. AGRAVO DE INSTRUMENTO DA SEGUNDA RECLAMADA


(TELEMAR NORTE LESTE S.A.).

1. CONHECIMENTO

CONHEÇO do agravo de instrumento porque atendidos


os pressupostos de admissibilidade.

1.1. TERCEIRIZAÇÃO. RECONHECIMENTO DO VÍNCULO DE


EMPREGO COM A TOMADORA DOS SERVIÇOS. EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÃO.
MATÉRIA JULGADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ADPF 324, RE 958.252
E ARE 791.932). REPERCUSSÃO GERAL.

Consta da decisão que negou seguimento ao recurso
de revista da segunda Reclamada:

(...)
RECURSO DE: TELEMAR NORTE LESTE S.A.
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Tempestivo o recurso (decisão publicada em 08/03/2013 - fl. 330;
recurso apresentado em 18/03/2013 - fl. 356).
Regular a representação processual, fl. 40/42.
Satisfeito o preparo (fls. 246, 313 e 329).
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA/SUBSIDIÁRIA / TOMADOR
DE SERVIÇOS/TERCEIRIZAÇÃO.
CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO /
RECONHECIMENTO DE RELAÇÃO DE EMPREGO.

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PROCESSO Nº TST-RR-1888-06.2012.5.03.0024

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / ATOS


PROCESSUAIS / NULIDADE / RESERVA DE PLENÁRIO.
CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO / CTPS /
ANOTAÇÃO/BAIXA/RETIFICAÇÃO.
SENTENÇA NORMATIVA/CONVENÇÃO E ACORDO
COLETIVOS DE TRABALHO / APLICABILIDADE/CUMPRIMENTO.
Também aqui, a recorrente não demonstrou violação literal e direta de
qualquer dispositivo da Constituição da República ou contrariedade de
súmula, como exige o parág. 6º do art. 896 da CLT.
No tocante aos temas destacados, reporto-me aos fundamentos
explicitados quando do exame da admissibilidade do recurso da Contax,
sendo, portanto, inviável o seguimento da revista, por suposta violação aos
invocados arts. 5º, II, 7º, XXVI, 8º, III, 97 e 175, todos da Constituição
Federal ou por contrariedade à Súmula Vinculante nº 10 do STF.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista.
(...) (fls. 490/491).

Em sua minuta (fl. 565 e ss), a segunda Reclamada


pretende seja reconhecida a licitude da terceirização da atividade
de call center.
Aduz que a terceirização, no caso concreto
justifica-se porquanto se trata de serviços específicos e
especializados não havendo falar em terceirização de atividade-fim.
Aponta violação, dente outros, do artigo 94, II,
da Lei 9.472/97, bem como contrariedade à Súmula 331/TST. Colaciona
arestos.
À análise.
Constou   da   sentença   mantida   pelos   seus   próprios
fundamentos pelo Tribunal Regional: 

(...)
CONTRATO DE TRABALHO TERCEIRIZAÇÃO LEGALIDADE
BENEFÍCIOS CONVENÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO-
RESPONSABILIDADE
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Alegou a Reclamante ter sido admitida pela primeira Reclamada


(CONTAX S/A) em 03.02.2011 e pedido demissão em 16.09.2011, como
operadora de telemarketing, para prestar serviços exclusivamente à segunda
Reclamada, em suas atividades essenciais, pelo que postulou o
reconhecimento de vínculo empregatício com a mesma.
Por sua vez, as reclamadas contestaram tal pleito, alegando a
inexistência de vínculo de emprego entre a Reclamante e a TELEMAR.
Afirmaram que há autorização legal para a terceirização de atividades
as empresas de telecomunicações e que as atividades desenvolvidas pela
Reclamante são atividades-meio, sendo indevidos os benefícios previstos
nos Acordos Coletivos de Trabalho da categoria profissional dos
telefônicos. Negaram a ocorrência de fraude na contratação dos serviços
prestados pelo Reclamante enquanto empregada da primeira reclamada.
Divergem as partes quanto à legalidade da contratação da Reclamante
através de empresa prestadora de serviços (CONTAX), em favor da
segunda Reclamada (TELEMAR) e o fato de a autora desempenhar
atividades fins desta.
Não se discute o direito de a segunda Reclamada (TELEMAR)
contratar empresas para a prestação de serviços em atividades não
correlatas com a sua finalidade, conforme autorizado pelo artigo 94 da Lei
9472/97 (Lei Geral de Telecomunicações).
Todavia, in casu, o contrato de trabalho firmado entre a Reclamante e
a empresa CONTAX mostra-se fraudulento à medida que tinha por objetivo
apenas a precarização das condições de trabalho da Reclamante em favor da
segunda Reclamada (TELEMAR), em violação ao disposto nos artigos 9º e
468 da Consolidação das Leis do Trabalho. Trata-se de aproveitar
empregados admitidos por interpostas empresas para exercer funções
indispensáveis à atividade da TELEMAR, qual seja, a função de atendente
telefônico do chamado 103 (ou também operador de teleatendimento,
agente de marketing, representante de serviços etc) trabalhando no call
center, com a atribuição de atender clientes e vender produtos e serviços da
segunda reclamada.
Vislumbra-se, na realidade, uma grosseira tentativa de criar uma sub-
categoria de empregados em atividades necessárias aos fins sociais da
TELEMAR, os quais são contratados por empresas terceirizadas, em
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MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.13

PROCESSO Nº TST-RR-1888-06.2012.5.03.0024

flagrante violação aos artigos 5º, inciso I e 7º, inciso XXX da Constituição
Federal e artigo 9º da Consolidação das Leis do Trabalho, sendo
PROCEDENTE o pedido de declaração de nulidade do contrato de trabalho
anotado na CTPS da autora, reconhecendo-se o vínculo empregatício com a
TELEMAR, que deverá proceder à anotação do contrato de trabalho na
CTPS da autora, pelo período compreendido entre 03.02.2011 a 16.09.2011,
função operadora de telemarketing, no prazo de 10 (dez) dias após o
trânsito em julgado e apresentação da CTPS pela autora, sob pena de
pagamento de multa diária a ser fixada pelo Juízo, pelo descumprimento de
obrigação de fazer, sem prejuízo de comunicação ao órgão fiscalizador
competente.
Em consequência do reconhecimento do vínculo empregatício com a
primeira Reclamada, tem-se que a Reclamante é beneficiária dos direitos e
garantias assegurados pelo Acordo Coletivo de Trabalho firmado pelo
SINTTEL e a segunda ré, razão pela qual DEFEREM-SE os pedidos de
pagamento diferenças de ticket refeição conforme critérios estabelecidos
pelos Acordos Coletivos de Trabalho (fl. 12-34), observando-se, inclusive, a
dedução da cota parte cabível à obreira.
Como a Reclamante percebia tíquete alimentação, sendo nos três
primeiros meses, no importe de R$ 90,00 por mês (fato reconhecido pela
Autora fl. 53) e, como já fundamentado, faz jus apenas às diferenças a título
de tíquete alimentação, conforme se apurar em liquidação de sentença.
Por oportuno, cabe ressaltar que, a despeito da jornada laboral da
Autora, os instrumentos coletivos de fls. 12-34 não fazem distinção acerca
da carga horária para fins de distinção na concessão do auxílio refeição.
Nos termos dos Acordos Coletivos de Trabalho 2010/2012 (fls. 12-
16), o piso salarial era de R$ 630,00, a partir de 01 de novembro de 2010,
para jornada de 8 horas diárias (fl. 12), o que equivale ao salário-hora no
importe de R$ 2,86. Nos termos do parágrafo primeiro da Cláusula 3ª do
ACT 2010/2012 - fl. 23, o piso salarial passou para R$ 620,00 a partir de 01
de novembro de 2011, para uma jornada de 36 horas semanais, equivalendo
a R$ 3,44 por hora. Todavia, o contrato de trabalho da Autora extinguiu-se
em setembro de 2011.
Contudo, durante o período contratual, percebeu a autora salário de
R$ 540,00, majorado para 545,00 em março de 2011 para R$ 545,00, para
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PROCESSO Nº TST-RR-1888-06.2012.5.03.0024

uma jornada de 36 horas semanais, o que equivale ao salário-hora no


importe de R$ 3,00 e R$ 3,02.
Portanto, verifica-se que a Reclamante na verdade recebia valores
superiores ao piso salarial fixado pelas normas coletivas da 1ª Ré,
considerando inclusive os reajustes salariais, razão pela qual são indevidas
as diferenças salariais postuladas. Diante disso, INDEFEREM-SE os
pedidos de pagamento de diferenças salariais e reflexos alínea c.3.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS
Postulou a Reclamante o pagamento da indenização substitutiva da
participação nos lucros e resultados decorrentes do reconhecimento do
vínculo empregatício com a TELEMAR. Diante do reconhecimento do
vínculo empregatício entre a Reclamante e a TELEMAR, consequência
lógica é o deferimento da verba participação nos lucros e resultados, nos
termos e condições fixados pelos instrumentos normativos juntados aos
autos (fls. 30-34). Pedido que se julga PROCEDENTE.
(...) (fls. 342/344)

Como se observa, o Tribunal Regional adotou os


fundamentos da sentença em que reconhecida a ilicitude da
terceirização praticada entre os Reclamados, por entender que os
serviços de call center, estão inseridos na atividade-fim da
tomadora e declarado o vínculo de emprego entre a Reclamante e a
segunda Reclamada.
Conforme já explicitado, a possibilidade de
terceirização de forma ampla, nas atividades meio e fim das
empresas, foi tema objeto da Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF) 324 e do Recurso Extraordinário (RE) 958252,
julgados pelo Supremo Tribunal Federal em 30/08/2018.
Sobre essa questão, a Excelsa Corte, em regime de
repercussão geral, consolidou a tese jurídica no sentido de que "é
lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do
trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do
objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade
subsidiária da empresa contratante", afastando, assim, a
configuração da relação de emprego com o tomador dos serviços.
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Ainda, em 11/10/2018, o Plenário do STF concluiu o


julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 791932, com
repercussão geral, o qual versa sobre a possibilidade de
terceirização do serviço de call center, decidindo pela aplicação da
tese que considera lícita a terceirização em todas as etapas do
processo produtivo.
Nesse cenário, o Tribunal Regional, ao declarar a
ilicitude da terceirização perpetrada pelos Reclamados, incorreu em
possível má aplicação da Súmula 331/TST.
Nesse contexto, DOU PROVIMENTO ao agravo de
instrumento para determinar o processamento do recurso de revista
quanto ao tema em epígrafe.
Conforme previsão dos artigos 897, § 7º, da CLT,
256 e 257 c/c art. 122 do RITST, proceder-se-á ao julgamento do
recurso de revista na Sessão ordinária subsequente ao término do
prazo de cinco dias úteis contados da data da publicação da
respectiva certidão de julgamento.

IV - RECURSO DE REVISTA DA SEGUNDA RECLAMADA


(TELEMAR NORTE LESTE S.A.).

1. CONHECIMENTO

Satisfeitos os pressupostos extrínsecos de


admissibilidade, passo ao exame dos pressupostos intrínsecos do
recurso de revista.

1.1. TERCEIRIZAÇÃO. RECONHECIMENTO DO VÍNCULO DE


EMPREGO COM A TOMADORA DOS SERVIÇOS. EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÃO.
MATÉRIA JULGADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ADPF 324, RE 958.252
E ARE 791.932). REPERCUSSÃO GERAL.

Constou   da   sentença   mantida   pelos   seus   próprios


fundamentos pelo Tribunal Regional: 

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(...)
CONTRATO DE TRABALHO TERCEIRIZAÇÃO LEGALIDADE
BENEFÍCIOS CONVENÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO-
RESPONSABILIDADE
Alegou a Reclamante ter sido admitida pela primeira Reclamada
(CONTAX S/A) em 03.02.2011 e pedido demissão em 16.09.2011, como
operadora de telemarketing, para prestar serviços exclusivamente à segunda
Reclamada, em suas atividades essenciais, pelo que postulou o
reconhecimento de vínculo empregatício com a mesma.
Por sua vez, as reclamadas contestaram tal pleito, alegando a
inexistência de vínculo de emprego entre a Reclamante e a TELEMAR.
Afirmaram que há autorização legal para a terceirização de atividades
as empresas de telecomunicações e que as atividades desenvolvidas pela
Reclamante são atividades-meio, sendo indevidos os benefícios previstos
nos Acordos Coletivos de Trabalho da categoria profissional dos
telefônicos. Negaram a ocorrência de fraude na contratação dos serviços
prestados pelo Reclamante enquanto empregada da primeira reclamada.
Divergem as partes quanto à legalidade da contratação da Reclamante
através de empresa prestadora de serviços (CONTAX), em favor da
segunda Reclamada (TELEMAR) e o fato de a autora desempenhar
atividades fins desta.
Não se discute o direito de a segunda Reclamada (TELEMAR)
contratar empresas para a prestação de serviços em atividades não
correlatas com a sua finalidade, conforme autorizado pelo artigo 94 da Lei
9472/97 (Lei Geral de Telecomunicações).
Todavia, in casu, o contrato de trabalho firmado entre a Reclamante e
a empresa CONTAX mostra-se fraudulento à medida que tinha por objetivo
apenas a precarização das condições de trabalho da Reclamante em favor da
segunda Reclamada (TELEMAR), em violação ao disposto nos artigos 9º e
468 da Consolidação das Leis do Trabalho. Trata-se de aproveitar
empregados admitidos por interpostas empresas para exercer funções
indispensáveis à atividade da TELEMAR, qual seja, a função de atendente
telefônico do chamado 103 (ou também operador de teleatendimento,
agente de marketing, representante de serviços etc) trabalhando no call

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center, com a atribuição de atender clientes e vender produtos e serviços da


segunda reclamada.
Vislumbra-se, na realidade, uma grosseira tentativa de criar uma sub-
categoria de empregados em atividades necessárias aos fins sociais da
TELEMAR, os quais são contratados por empresas terceirizadas, em
flagrante violação aos artigos 5º, inciso I e 7º, inciso XXX da Constituição
Federal e artigo 9º da Consolidação das Leis do Trabalho, sendo
PROCEDENTE o pedido de declaração de nulidade do contrato de trabalho
anotado na CTPS da autora, reconhecendo-se o vínculo empregatício com a
TELEMAR, que deverá proceder à anotação do contrato de trabalho na
CTPS da autora, pelo período compreendido entre 03.02.2011 a 16.09.2011,
função operadora de telemarketing, no prazo de 10 (dez) dias após o
trânsito em julgado e apresentação da CTPS pela autora, sob pena de
pagamento de multa diária a ser fixada pelo Juízo, pelo descumprimento de
obrigação de fazer, sem prejuízo de comunicação ao órgão fiscalizador
competente.
Em consequência do reconhecimento do vínculo empregatício com a
primeira Reclamada, tem-se que a Reclamante é beneficiária dos direitos e
garantias assegurados pelo Acordo Coletivo de Trabalho firmado pelo
SINTTEL e a segunda ré, razão pela qual DEFEREM-SE os pedidos de
pagamento diferenças de ticket refeição conforme critérios estabelecidos
pelos Acordos Coletivos de Trabalho (fl. 12-34), observando-se, inclusive, a
dedução da cota parte cabível à obreira.
Como a Reclamante percebia tíquete alimentação, sendo nos três
primeiros meses, no importe de R$ 90,00 por mês (fato reconhecido pela
Autora fl. 53) e, como já fundamentado, faz jus apenas às diferenças a título
de tíquete alimentação, conforme se apurar em liquidação de sentença.
Por oportuno, cabe ressaltar que, a despeito da jornada laboral da
Autora, os instrumentos coletivos de fls. 12-34 não fazem distinção acerca
da carga horária para fins de distinção na concessão do auxílio refeição.
Nos termos dos Acordos Coletivos de Trabalho 2010/2012 (fls. 12-
16), o piso salarial era de R$ 630,00, a partir de 01 de novembro de 2010,
para jornada de 8 horas diárias (fl. 12), o que equivale ao salário-hora no
importe de R$ 2,86. Nos termos do parágrafo primeiro da Cláusula 3ª do
ACT 2010/2012 - fl. 23, o piso salarial passou para R$ 620,00 a partir de 01
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de novembro de 2011, para uma jornada de 36 horas semanais, equivalendo


a R$ 3,44 por hora. Todavia, o contrato de trabalho da Autora extinguiu-se
em setembro de 2011.
Contudo, durante o período contratual, percebeu a autora salário de
R$ 540,00, majorado para 545,00 em março de 2011 para R$ 545,00, para
uma jornada de 36 horas semanais, o que equivale ao salário-hora no
importe de R$ 3,00 e R$ 3,02.
Portanto, verifica-se que a Reclamante na verdade recebia valores
superiores ao piso salarial fixado pelas normas coletivas da 1ª Ré,
considerando inclusive os reajustes salariais, razão pela qual são indevidas
as diferenças salariais postuladas. Diante disso, INDEFEREM-SE os
pedidos de pagamento de diferenças salariais e reflexos alínea c.3.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS
Postulou a Reclamante o pagamento da indenização substitutiva da
participação nos lucros e resultados decorrentes do reconhecimento do
vínculo empregatício com a TELEMAR. Diante do reconhecimento do
vínculo empregatício entre a Reclamante e a TELEMAR, consequência
lógica é o deferimento da verba participação nos lucros e resultados, nos
termos e condições fixados pelos instrumentos normativos juntados aos
autos (fls. 30-34). Pedido que se julga PROCEDENTE.
(...) (fls. 342/344)

A segunda Reclamada afirma que houve terceirização


desvinculada da sua atividade-fim.
Aduz que a terceirização, no caso concreto
justifica-se porquanto se trata de serviços específicos e
especializados não havendo falar em terceirização de atividade-fim.
Aponta violação, dentre outros, dos artigos 5º, II
e XXII, 97 e 175 da CF, 94, II, da Lei 9.472/97, bem como
contrariedade à Súmula 331/TST. Colaciona arestos.
Ao exame.
O Tribunal Regional adotou os fundamentos da
sentença em que reconhecida a ilicitude da terceirização praticada
entre os Reclamados, por entender que os serviços de call center,

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PROCESSO Nº TST-RR-1888-06.2012.5.03.0024

estão inseridos na atividade-fim da tomadora e declarado o vínculo


de emprego entre a Reclamante e a segunda Reclamada.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal, em
30/8/2018, ao julgar a Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF) 324 e o Recurso Extraordinário (RE) 958.252, com
repercussão geral, firmou entendimento no sentido de ser lícita a
terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se
estabelecendo relação de emprego entre o tomador de serviços e o
empregado da empresa prestadora.
Assim restou decido na ADPF 324/DF, de relatoria
do Excelentíssimo Ministro Roberto Barroso:

O Tribunal, no mérito, por maioria e nos termos do voto do Relator,


julgou procedente o pedido e firmou a seguinte tese: 1. É lícita a
terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se
configurando relação de emprego entre a contratante e o empregado da
contratada. 2. Na terceirização, compete à contratante: i) verificar a
idoneidade e a capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder
subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, bem como
por obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da Lei 8.212/1993,
vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e
Marco Aurélio. Nesta assentada, o Relator esclareceu que a presente
decisão não afeta automaticamente os processos em relação aos quais tenha
havido coisa julgada. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia.
Plenário, 30.8.2018.

No julgamento do RE 958.252/MG, de relatoria do


Excelentíssimo Ministro Luiz Fux, ficou estabelecido que:

O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, apreciando


o tema 725 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário,
vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e
Marco Aurélio. Em seguida, o Tribunal fixou a seguinte tese: "É lícita a
terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas
jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas
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PROCESSO Nº TST-RR-1888-06.2012.5.03.0024

envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante",


vencida a Ministra Rosa Weber. O Ministro Marco Aurélio não se
pronunciou quanto à tese. Ausentes os Ministros Dias Toffoli e Gilmar
Mendes no momento da fixação da tese. Presidiu o julgamento a Ministra
Cármen Lúcia. Plenário, 30.8.2018.

Nos termos em que proferidas as decisões, ambas


com efeito vinculante, extrai-se: "É lícita a terceirização ou
qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas
distintas, independentemente do objeto social das empresas
envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa
contratante"; "É lícita a terceirização de toda e qualquer
atividade, meio ou fim, não se configurando relação de emprego entre
a contratante e o empregado da contratada"; "Na terceirização,
compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade
econômica da terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo
descumprimento das normas trabalhistas, bem como por obrigações
previdenciárias, na forma do art. 31 da Lei 8.212/1993"; a decisão
proferida no julgamento da ADPF 324 "não afeta automaticamente os
processos em relação aos quais tenha havido coisa julgada".
Nesse cenário, o Tribunal Regional, ao concluir
que restou caracterizada terceirização ilícita, uma vez que a
Reclamante prestava serviços referentes à atividade-fim da tomadora,
proferiu acórdão dissonante do atual entendimento do Supremo
Tribunal Federal.
Nesse sentido, vale citar:

A)RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA SEGUNDA


RECLAMADA (CONTAX S.A.). RECURSO INTERPOSTO DE
DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DAS LEIS 13.015/2014
E 13.467/2017.(...) . B)RECURSOS DE REVISTA INTERPOSTOS PELA
PRIMEIRA RECLAMADA (NET SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO
S.A.) E PELA SEGUNDA RECLAMADA (CONTAX S.A.). ANÁLISE
CONJUNTA. RECURSOS INTERPOSTOS DE DECISÃO PUBLICADA
ANTES DA VIGÊNCIA DAS LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. 1.
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PROCESSO Nº TST-RR-1888-06.2012.5.03.0024

TERCEIRIZAÇÃO. OPERADOR DE TELEMARKETING. LICITUDE.


ADPF Nº 324 E RE Nº 958.252. TESE FIRMADA PELO STF EM SEDE
DE REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 94, II, DA LEI Nº
9.472/97 À LUZ DOS PRECEDENTES DO STF. CONHECIMENTO E
PROVIMENTO. I. O Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão
geral em relação ao tema da terceirização, cujo deslinde se deu em
30/08/2018, com o julgamento do RE nº 958.252 e da ADPF nº 324, de que
resultou a fixação da seguinte tese jurídica de caráter vinculante: "é lícita a
terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas
jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas
envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante".
A partir de então, esse entendimento passou a ser de aplicação obrigatória
aos processos judiciais em curso em que se discute a terceirização,
impondo-se, inclusive, a leitura e a aplicação da Súmula nº 331 do TST à
luz desses precedentes. II. No caso dos autos, o Tribunal de origem
entendeu pela ilicitude da terceirização em relação às atividades
desenvolvidas pela parte Autora, com consequente reconhecimento de
vínculo de emprego diretamente com o tomador de serviços, na forma da
Súmula nº 331, I, do TST. Esse entendimento diverge da jurisprudência
atual, notória e de caráter vinculante do Supremo Tribunal Federal acerca
da matéria, razão pela o provimento ao recurso de revista é medida que se
impõe. III. Recurso de revista de que se conhece, por violação do art. 94,
II, DA LEI Nº 9.472/97, e a que se dá provimento. (RR - 273-
23.2012.5.04.0001, Relator Ministro Alexandre Luiz
Ramos, 4ª Turma, DEJT 19/10/2018)

RECURSOS DE REVISTA DAS RECLAMADAS (ANÁLISE


CONJUNTA). SERVIÇO DE CALL CENTER. SOCIEDADE
EMPRESÁRIA DE TELECOMUNICAÇÕES. TERCEIRIZAÇÃO.
LICITUDE. PROVIMENTO. (MATÉRIA COMUM). A aferição da licitude
da terceirização no âmbito desta Corte Superior demandava prévia análise
do objeto da contratação. Isso porque sempre se entendeu pela
impossibilidade da terceirização de serviços ligados à atividade precípua da
tomadora de serviços, com o fim de evitar a arregimentação de empregados
por meio da intermediação de mão de obra e, por consequência, a
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MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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PROCESSO Nº TST-RR-1888-06.2012.5.03.0024

precarização de direitos trabalhistas (Súmula nº 331, itens I e III). A


questão, contudo, foi submetida à apreciação do Supremo Tribunal Federal
na ADPF 324 e no RE 958.252, em repercussão geral, os quais foram
julgados conjuntamente em 30.8.2018, ocasião em que foi fixada a seguinte
tese jurídica: "É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do
trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto
social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
empresa contratante." A partir dessa data, portanto, em razão da natureza
vinculante das decisões proferidas pelo excelso Supremo Tribunal Federal
nos aludidos feitos, passou-se a reconhecer a licitude das terceirizações em
qualquer atividade empresarial, de modo que a empresa tomadora apenas
poderá ser responsabilizada subsidiariamente. É inequívoco que, em se
tratando de concessionárias de telecomunicações, a Lei nº 9.472/1997, que
disciplina a organização da prestação desse serviço público, em seu artigo
94, II, autoriza a contratação de terceiros para "o desenvolvimento de
atividades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço, bem como a
implementação de projetos associados". Não há, pois, qualquer limitação
quanto ao tipo de serviço que poderá ser prestado por terceiro. Impende
destacar que a excelsa Corte, em 11.10.2018, julgou o ARE 791.932, tema
739 da repercussão geral, em que se discutia a possibilidade de recusa de
aplicação do artigo 94, II, da Lei nº 9.472/1997, em razão da invocação do
entendimento preconizado na Súmula nº 331, sem a observância da regra de
reserva de plenário. No referido julgamento, foi fixada a seguinte tese: "É
nula a decisão de órgão fracionário que se recusa a aplicar o artigo 94, II, da
Lei nº 9.472/1997, sem observar a cláusula de reserva de Plenário (CF, art.
97), observado o art. 949 do Código de Processo Civil". Conclui-se, desse
modo, com base nas decisões proferidas pela excelsa Corte na ADPF 324,
no RE 958.252 e no ARE 791.932, ser plenamente possível a terceirização
de serviços afetos às atividades precípuas das concessionárias de
telecomunicações, de modo que é irrelevante aferir se as funções a serem
desempenhadas pela contratada estariam inseridas nas atividades essenciais
ou acessórias da contratante. Na hipótese, o Tribunal Regional reconheceu a
ilicitude da terceirização, ao fundamento de que o serviço de call center
prestado pela reclamante encontra-se diretamente relacionado à atividade
desenvolvida pela empresa tomadora. Nesse contexto, mostra-se flagrante
Firmado por assinatura digital em 21/08/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.23

PROCESSO Nº TST-RR-1888-06.2012.5.03.0024

a ofensa ao artigo 94, II, da Lei nº 9.472/1997. Recursos de revista de que


se conhece e aos quais se dá provimento. 2 (...) (RR - 277-
49.2010.5.03.0004, Relator Ministro Guilherme
Augusto Caputo Bastos, 4ª Turma, DEJT 19/10/2018)

RECURSO DE REVISTA. SERVIÇO DE CALL CENTER. BANCO.


TERCEIRIZAÇÃO. LICITUDE. NÃO CONHECIMENTO. A aferição da
licitude da terceirização no âmbito desta Corte Superior demandava prévia
análise do objeto da contratação. Isso porque sempre se entendeu pela
impossibilidade da terceirização de serviços ligados à atividade precípua da
tomadora de serviços, com o fim de evitar a arregimentação de empregados
por meio da intermediação de mão de obra e, por consequência, a
precarização de direitos trabalhistas (Súmula nº 331, itens I e III). A
questão, contudo, foi submetida à apreciação do Supremo Tribunal Federal
na ADPF 324 e no RE 958.252, em repercussão geral, os quais foram
julgados conjuntamente em 30.8.2018, ocasião em que foi fixada a seguinte
tese jurídica: "É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do
trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto
social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
empresa contratante." Desse modo, a partir dessa data, em razão da
natureza vinculante das decisões proferidas pelo excelso Supremo Tribunal
Federal nos aludidos feitos, deve ser reconhecida a licitude das
terceirizações em qualquer atividade empresarial, de modo que a empresa
tomadora apenas poderá ser responsabilizada subsidiariamente. Na
hipótese, o egrégio Tribunal Regional concluiu que não houve
descaracterização do contrato de trabalho, porquanto as funções
desempenhadas pela reclamante não se enquadravam nas atividades
precípuas da entidade financeira reclamada, já que exercia atividade típica
de telemarketing para a cobrança de inadimplentes de cartões Amex,
atendendo clientes e não clientes do Banco. Ainda consignou que não se
vislumbrou subordinação jurídica direta em relação à segunda reclamada,
sendo incontroverso que os superiores hierárquicos da autora eram
funcionários da primeira reclamada. Diante de tais fundamentos, não
visualizo, no caso, contrariedade à Súmula 331, I, e violação do artigo 9º da
CLT. Os artigos 7º, XXXII, e 22, I, da Constituição Federal e 17 da Lei
Firmado por assinatura digital em 21/08/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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4595/64 não guardam pertinência com o cerne da questão. Arestos


inservíveis. Recurso de revista de que não se conhece. (RR - 12036-
14.2015.5.03.0043 Relator Ministro Guilherme
Augusto Caputo Bastos, 4ª Turma, DEJT 11/10/2018).

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.015/2014.
ENTE PRIVADO. TERCEIRIZAÇÃO NA ATIVIDADE-MEIO E NA
ATIVIDADE-FIM DAS EMPRESAS. LICITUDE. DECISÃO
PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NA ADPF N.º
324 E NO RE N.º 958.252, COM REPERCUSSÃO GERAL
RECONHECIDA (TEMA 725). O Plenário do Supremo Tribunal Federal,
no dia 30/8/2018, ao julgar a Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF) n.º 324 e o Recurso Extraordinário (RE) n.º 958.252,
com repercussão geral reconhecida, decidiu que é lícita a terceirização em
todas as etapas do processo produtivo, ou seja, na atividade-meio e na
atividade-fim das empresas. A tese de repercussão geral aprovada no RE n.º
958.252 (Rel. Min. Luiz Fux), com efeito vinculante para todo o Poder
Judiciário, assim restou redigida: "É licita a terceirização ou qualquer outra
forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,
independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a
responsabilidade subsidiária da empresa contratante" destacamos. Do
mesmo modo, no julgamento da ADPF n.º 324, o eminente Relator, Min.
Roberto Barroso, ao proceder a leitura da ementa de seu voto, assim se
manifestou: "I. É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou
fim, não se configurando relação de emprego entre a contratante e o
empregado da contratada. 2. Na terceirização, compete à tomadora do
serviço: I) zelar pelo cumprimento de todas as normas trabalhistas, de
seguridade social e de proteção à saúde e segurança do trabalho incidentes
na relação entre a empresa terceirizada e o trabalhador terceirizado; II)
assumir a responsabilidade subsidiária pelo descumprimento de obrigações
trabalhistas e pela indenização por acidente de trabalho, bem como a
responsabilidade previdenciária, nos termos do art. 31 da Lei 8.212/1993"
grifamos. Assim ficou assentado na certidão de julgamento: "Decisão: O
Tribunal, no mérito, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou
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procedente a arguição de descumprimento de preceito fundamental,


vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e
Marco Aurélio" (g.n). Prevaleceu, em breve síntese, como fundamento o
entendimento no sentido de que os postulados da livre concorrência (art.
170, IV) e da livre-iniciativa (art. 170), expressamente assentados na
Constituição Federal de 1.988, asseguram às empresas liberdade em busca
de melhores resultados e maior competitividade. Quanto à possível
modulação dos efeitos da decisão exarada, resultou firmado, conforme
decisão de julgamento da ADPF n.º 324 (Rel. Min. Roberto Barroso), que:
"(...) o Relator prestou esclarecimentos no sentido de que a decisão deste
julgamento não afeta os processos em relação aos quais tenha havido coisa
julgada. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário,
30.8.2018" grifo nosso. Nesse contexto, a partir de 30/08/2018, é de
observância obrigatória aos processos judiciais em curso ou pendente de
julgamento a tese jurídica firmada pelo e. STF no RE n.º 958.252 e na
ADPF n.º 324. No caso concreto, conforme se depreende do acórdão
regional, a reclamante foi contratada pela primeira reclamada para prestar
serviços de telemarketing para o BANCO BRADESCO S.A., mediante
terceirização, e que tinha como função atividades relacionadas a vendas de
seguros, emissão de segunda via de cartão, dúvidas sobre cartões de crédito,
empréstimo pessoal, além de cuidar de programa de fidelidade, etc. Tais
atividades, ao longo de muitas décadas, segundo a doutrina e jurisprudência
trabalhista, enquadraram-se no conceito de atividade finalística. Sucede,
porém, que tal diferenciação entre o conceito do que seria atividade-fim ou
atividade-meio e seus respectivos efeitos no caso prático, após a citada
decisão do e. STF no julgamento do RE n.º 958.252 e na ADPF n.º 324,
deixou de ter relevância. Isso porque, em se tratando de terceirização, seja
ela de atividade-meio ou fim, a sua licitude deve ser sempre reconhecida.
Assim, não há mais espaço para o reconhecimento do vínculo empregatício
com o tomador de serviços sob o fundamento de que houve terceirização
ilícita (ou seja, terceirização de atividade essencial, fim ou finalística),
porque o e. STF, consoante exposto, firmou entendimento de que toda
terceirização é sempre lícita, inclusive consignando a impossibilidade de
reconhecimento de vínculo empregatício do empregado da prestadora de
serviços com o tomador. Não se detecta violação do art. 9.º da CLT. Os arts.
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611 e 795 não guardam pertinência temática com a matéria em discussão.


Em virtude da recente decisão do e. STF no julgamento do RE n.º 958.252
e na ADPF n.º 324, superada a orientação contida na Súmula n.º 331, I, do
TST, bem como dos arestos colacionados para cotejo de teses. Agravo de
instrumento não provido. (AIRR - 1100-86.2013.5.06.0019
Relator Ministro Breno Medeiros, 5ª Turma, DEJT
05/10/2018).

CONHEÇO do recurso de revista por má-aplicação da


Súmula 331, I/TST.

2. MÉRITO

2.1. TERCEIRIZAÇÃO. LICITUDE. MATÉRIA JULGADA PELO


SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REPERCUSSÃO GERAL

Conhecido o recurso de revista por má-aplicação da


Súmula 331, I/TST, DOU-LHE PROVIMENTO, para, reputando lícita a
terceirização,  afastar o reconhecimento do vínculo empregatício
diretamente com a TELEMAR NORTE LESTE S.A.,   e, por conseguinte,
julgar improcedentes os pedidos iniciais.

ISTO POSTO

ACORDAM  os   Ministros   da   Quinta   Turma   do   Tribunal


Superior   do   Trabalho,   por   unanimidade,   I  - exercer o Juízo de
retratação previsto no artigo 1.041, § 1º, do CPC/2015 (artigo 543-
B, § 3º, do antigo CPC); II - dar provimento ao agravo; III ­ dar
provimento ao agravo de instrumento para,  convertendo-o em recurso
de revista, determinar a reautuação do processo e a publicação da
certidão de julgamento para ciência e intimação das partes e dos
interessados de que o julgamento do recurso de revista se dará na
sessão ordinária subsequente ao término do prazo de cinco dias úteis
contados da data da publicação da respectiva certidão de julgamento
(RITST, arts. 256 e 257 c/c art. 122); e IV – conhecer do recurso de
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revista quanto ao tema "TERCEIRIZAÇÃO. RECONHECIMENTO DO VÍNCULO DE
EMPREGO   COM   A   TOMADORA   DOS   SERVIÇOS.   EMPRESA   DE   TELECOMUNICAÇÃO.
MATÉRIA JULGADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ADPF 324, RE 958.252
E ARE 791.932). REPERCUSSÃO GERAL", por má­aplicação da Súmula 331,
I/TST,   e,   no   mérito,   dar­lhe   provimento,  para, reputando lícita a
terceirização,  afastar o reconhecimento do vínculo empregatício
diretamente com a TELEMAR NORTE LESTE S.A.,   e, por conseguinte,
julgar improcedentes os pedidos iniciais. Inverte-se o ônus da
sucumbência e determina-se custas processuais pela Reclamante, no
importe de R$134,43, de cujo pagamento encontra-se isenta (fl. 346).
Brasília, 21 de agosto de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


DOUGLAS ALENCAR RODRIGUES
Ministro Relator

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