Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
(ANE050))
Economia Urbana
Prof. Dr. Admir Antonio Betarelli Junior
Esta nota de aula tem o propósito de sintetizar o conteúdo exposto em aula a partir das
referências listadas na disciplina. Representa, pois, um parâmetro, não sendo um
documento exclusivo para o estudo. Grande parte do conteúdo reproduz trechos traduzidos
livremente das referências, especialmente:
O’SULLIVAN, A. Urban Economics. 8th ed. New York: McGraw-Hill, 2011. cap. 1.
1 Economia Urbana
Economia urbana é um ramo de estudo com praticamente 50 anos de
existência, nascida da economia regional. Alonso (1964), Mills (1967) e Muth
(1969) são considerados, por vezes, os fundadores deste campo da economia,
com forte influência teórica do modelo de von Thünen (1842). O principal
objetivo da economia urbana é explicar a estrutura interna das cidades, ou
seja, busca compreender a organização e distribuição urbana das atividades
econômicas e humanas (das famílias)(CRUZ et al., 2011). Por outro lado,
este ramo de estudo busca explicar o porquê as cidades possuem um
(monocêntrica) ou mais Distrito Central de Negócios (DCN) (policêntrica).
A distribuição do uso da terra entre residências, fábricas, escritório e
infraestrutura influenciam a própria localização das atividades humanas e
sociais (e.g., trabalho, compras, educação e lazer), e vice-versa (BUTTON,
2010). Elas são interdependentes. Ou melhor, pessoas são atraídas pelas
oportunidades oferecidas na cidade. Os grandes centros urbanos, ao
contrário dos menores e das zonas rurais, tendem a oferecer a seus
residentes atrações culturais (e.g., cinemas, teatros, bibliotecas, museus e
shows), proporcionam acessos à oferta de serviços específicos (e.g.,
restaurantes étnicos, especialidades médicas e educação superior) e são
grandes polos de emprego (GALINARI, 2006).
1
Já a concentração de atividades econômicas nas cidades se justifica
principalmente pelas economias de aglomeração provenientes de
externalidades positivas geradas pela proximidade geográfica dos agentes
econômicos, que favorecem a elevação da produtividade das firmas,
contrapondo-se aos efeitos negativos do próprio crescimento das cidades
(e.g., poluição, trânsito, criminalidade, congestionamentos) (GALINARI,
2006).
Nesse processo de aglomeração econômica emergem centros urbanos de
diversas dimensões: metrópoles, cidades ou pequenas cidades. A diversidade
econômica de uma cidade é fomentada pelas interações entre os setores
localizados nela. Um grande numero de variedades produzidas localmente
fará a localização mais atrativa para os consumidores, ampliando, por
conseguinte, o tamanho do mercado local e atraindo ou desenvolvendo novas
atividades produtivas. Nesse sentido, o ambiente econômico local de uma
cidade deve gerar vantagens de escala do processo de urbanização em razão
da diversidade das atividades produtivas, revelando principalmente os
serviços produtivos. O crescimento das cidades está relacionado com a
própria especialização produtiva, com a sua diversidade econômica e a sua
localização relativa aos demais centros urbanos.
Ademais, o crescimento de cidades grandes é mais dinâmico. Ela cresce,
não somente com o tempo, mas no espaço. Com efeito, cresce para cima (em
densidade), assim como para fora (em área) (RICHARDSON, 1978). Uma
vez que as cidades apresentam tamanhos diferentes, isto leva ao surgimento
de uma hierarquia entre elas e a conformação de uma complexa rede
urbana. Em suma as cidades são como ilhas flutuantes, sendo que algumas
se especializam em determinadas atividades, enquanto outras se
diversificam.
2
A economia urbana é uma disciplina que se encontra na interseção de
geografia e economia. A Economia explora as escolhas das famílias que
maximizam as suas utilidades com recursos limitados, enquanto que as
firmas maximizam os lucros com uma dada tecnologia de produção
(O’SULLIVAN, 2011). Por outro lado, a geografia estuda como as coisas
estão organizadas no espaço, respondendo a questão: Onde a atividade
humana ocorre?
Geografia
Economia:
Onde a
Famílias e
atividade
Firmas
humana ocorre?
Economia Urbana
Escolhas Políticas
ótimas de públicas
Problemas
localização
urbanos
3
poderiam diminuir a criminalidade em uma cidade? Qual política poderia
atenuar o problema de congestionamento e transporte público?
Nesse ramo de estudo existem seis áreas relacionadas, quais sejam:
a) Forças de Mercado no desenvolvimento de cidades. As decisões
locacionais inter-urbanas de firmas e famílias geram cidades de
diferentes tamanhos e estrutura econômica (base econômica). Nessa
área exploram-se questões de porque as cidades existem e porque
existem cidades grandes e outras melhores?
b) Uso do solo dentro das cidades. As decisões locacionais intra-urbanas
de firmas e famílias geram padrões urbanos de uso da terra. Por
exemplo, nas cidades modernas os empregos estão distribuídos em
toda a área metropolitana, enquanto que cidades de até 100 anos
geralmente exibem uma concentração espacial de empregos em sua
área territorial. É possível, inclusive, explorar questões de segregação
com respeito à raça, renda e nível educacional;
c) Transporte Urbano. Exploram-se algumas possíveis soluções para o
problema de congestionamento urbano e visualiza o papel do
transporte em massa na área urbana. Por exemplo, é possível
identificar se o sistema de ônibus é mais eficiente que o sistema de
metrô (O’SULLIVAN, 2011). O modelo também explica como o
desenvolvimento de modernos meios de transporte (automóveis e
transporte de massa) gerou a suburbanização e o achatamento da
densidade populacional urbana, uma situação conhecida como
espraiamento (sprawl) urbano (CRUZ et al., 2011).
d) Crime e política pública. Analisa o problema de crime urbano e
mostra os vínculos entre o crime e outros problemas urbano, tais como
a pobreza e o baixo nível educacional;
e) Habitação (moradias) e políticas públicas. As escolhas habitacionais
são vinculadas com as escolhas locacionais, uma vez que as habitações
são imóveis. Nessa área discute-se o porquê a habitação é diferente de
outros produtos e como as políticas de habitação trabalha;
4
f) Impostos e gastos do governo local. Sob um sistema fragmentado de
governo local, muitas áreas metropolitanas têm tem dezenas de
governos locais, incluindo municípios, distritos escolares e distritos
especiais. Fazendo escolhas locacionais, famílias consideram uma
mistura de taxas e bens públicos locais (O’SULLIVAN, 2011).
2 O que é cidade?
Um economista urbano define uma área urbana como uma área
geográfica que contém um grande número de pessoas em um espaço
geográfico relativamente pequeno. Em outras palavras, uma área urbana
tem uma densidade populacional que é relativamente alta em relação à
densidade de uma área circundante. Esta definição acomoda áreas urbanas
de tamanhos muito diferentes, de uma cidade pequena a uma grande área
metropolitana. A definição é baseada na densidade populacional, pois uma
característica essencial de uma economia urbana é o contato frequente entre
diferentes atividades econômicas, o que só é possível se as firmas e
domicílios estão concentrados em uma área relativamente pequena. Existe
um conjunto de definições quanto à cidade, essenciais para o entendimento
dos estudos em Economia Urbana (O’SULLIVAN, 2011). As definições
comuns são:
a) Área Urbana: a área geográfica densamente povoada com uma
população mínima de 2.500 pessoas e uma densidade mínima de 500
pessoas por quilómetros quadrado.
b) População urbana: as pessoas que vivem em áreas urbanas.
c) Área metropolitana: uma área central com um núcleo populacional
substancial, juntamente com as comunidades adjacentes que são
integradas, em um sentido econômico, com a área central. Para se
qualificar como uma área metropolitana, a população mínima é de
50.000 pessoas.
5
d) Área micropolitana: uma versão menor de uma área metropolitana
com uma concentração de 10.000 a 50.000 pessoas. Em 2000, havia
559 áreas nos Estados Unidos.
e) Cidade principal: o maior município em cada área metropolitana ou
micropolitana. Um município é definido como uma área sobre a qual
uma corporação exerce autoridade política e fornece serviços do
governo local, tais como: o serviço de esgoto, proteção contra crime e
corpo de bombeiros (O’SULLIVAN, 2011).
6
de 1,6 (Manaus) a 5,1 milhões (Belo Horizonte), constituem o segundo
nível da gestão territorial.
b) Capital regional – integram este nível 70 centros que, como as
metrópoles, também se relacionam com o estrato superior da rede
urbana. Com capacidade de gestão no nível imediatamente inferior ao
das metrópoles, têm área de influência de âmbito regional, sendo
referidas como destino, para um conjunto de atividades, por grande
número de municípios. Existem três subdivisões: Capital regional A –
constituído por 11 cidades, com medianas de 955 mil habitantes e 487
relacionamentos; Capital regional B – constituído por 20 cidades, com
medianas de 435 mil habitantes e 406 relacionamentos; e Capital
regional C – constituído por 39 cidades com medianas de 250 mil
habitantes e 162 relacionamentos. A cidade de Juiz de Fora foi
classificada como Capital Regional (2B).
c) Centro sub-regional – integram este nível 169 centros com atividades
de gestão menos complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da
gestão territorial; têm área de atuação mais reduzida, e seus
relacionamentos com centros externos à sua própria rede dão-se, em
geral, apenas com as três metrópoles nacionais. Com presença mais
adensada nas áreas.
10
dos fatos estilizados em Economia Urbana, que será apresentado no final
desse documento.
11
de escolhas locacionais. São axiomas que aparecem repetidamente
(O’SULLIVAN, 2011).
14
Axioma 4: A produção está sujeita a economias de escala
15
Na economia urbana, a competição tem uma dimensão espacial. Cada
firma entra no mercado em algum local, e o lucro de cada firma é afetado
pelas localizações das outras firmas. A competição espacial parece muito
com concorrência monopolística, uma estrutura de mercado na qual as
firmas vendem produtos pouco diferenciados em um ambiente de livre
entrada. Cada firma tem o monopólio para a sua diferenciação de produto,
mas a livre entrada leva para uma forte concorrência, pois os consumidores
podem facilmente mudar de um produto diferenciado para outro. Com a
concorrência espacial, cada firma tem um monopólio local na área
imediatamente em torno do seu estabelecimento, mas a hipótese de livre
entrada leva a uma forte concorrência (O’SULLIVAN, 2011).
16
Exercícios
1) Afinal, o que o ramo de estudo “Economia Urbana” trata?
2) O que é cidade e porque elas existem? Explique as condições básicas
para o desenvolvimento de uma cidade?
3) Exemplifique três axiomas em Economia Urbana.
4) Conceitue as regiões urbanas e metropolitanas conforme o IBGE.
(Use, se possível, os conceitos das notas técnicas). Ademais, o que é
uma cidade econômica?
5) A partir das informações estatísticas do IBGE (2008), caracterize um
município de interesse em termos de: tamanho populacional,
composição do PIB (estrutura produtiva), taxa de urbanização e sua
classificação – as regiões de influência das Cidades (REGIC).
Links para obter informações:
http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geografia/regic.shtm?c=7
http://www.ipeadata.gov.br/
Exemplo da questão 5.
O munícipio de Juiz de Fora apresenta um total de 516 mil residentes
locais, cuja população está localizada proeminentemente na área
urbana (98% do total de residentes), de acordo com o Censo
demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). A economia de Juiz de Fora é a quinta maior do Estado de
Minas Gerais e cresceu cerca de 10% entre 2006 a 2010, registrando
uma significativa taxa anual média de 2,4%. De acordo com o IBGE,
em 2012, o seu Produto Interno Bruto (PIB) atingiu
aproximadamente R$ 10 bilhões em 2012 (preços correntes). Juiz de
Fora compreende uma área total de 1429,8 km² e com um perímetro
urbano de 317,7 km². Na economia de Juiz de Fora, o setor de
serviços, inclusive administração, saúde e educação públicas e
seguridade social, é o mais significativo, com 73,75% do Valor
Adicionado (VA) de Juiz de Fora (R$ 6,2 bilhões a preços correntes) e
2,85% do VA de Minas Gerais. Por outro lado, o setor de industrial
tornou-se menos significativo entre 2005 e 2012, passando de 28,1%
para 25,8% no VA. A cidade de Juiz de Fora foi classificada como
Capital Regional (2B), a quarta na hierarquia das centralidades no
território brasileiro.
17
Leituras interessantes:
· A distribuição urbana de mercadorias e o planejamento da mobilidade urbana
http://www.antp.org.br/noticias/ponto-de-vista/a-distribuicao-urbana-de-
mercadorias-e-o-planejamento-da-mobilidade-urbana.html
· A cidade que queremos
http://www.antp.org.br/noticias/ponto-de-vista/a-cidade-que-queremos.html
Referências
ALONSO, W. Location and Land Use. Cambridge-MA: Harvard University
Press, 1964.
IBGE. Regiões de influência das cidades: 2007. Rio de Janeiro: IBGE, 2008.
Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geografia/geografia_urbana/areas
_urbanizadas/default.shtm>.
19