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Ao ler este relato original, você descobrirá que ele é um exemplo clássico do tipo
de lutas que cada um de nós enfrenta até aprender a aplicar o princípio de renunciar aos direitos
pessoais.
Busquei, então, mais de cem mudas de uma outra missão. Depois eu contratei
um homem da aldeia, e ele plantou todas as mudas para mim. Eu o paguei por isto, é claro.
Durante os dias em que ele trabalhou eu lhe dei sal e diversas outras coisas que ele precisava. (1)
Finalmente, no terceiro ano, pudemos ver surgir abacaxis que davam água na
boca, e só estávamos esperando o natal chegar, porque é nesta época que eles ficam maduros.
No dia do natal minha esposa e eu saímos ansiosos para ver se algum abacaxi já estava pronto
para ser tirado do pé. Mas tivemos uma surpresa desagradável após a outra! Não conseguimos
colher nem um só abacaxi. Os nativos roubaram todos! Eles os roubavam antes de estarem
maduros. Isto é um costume deles: roubar antes de estar maduro e o dono não pode colher.
E aqui estou eu, um missionário, ficando com raiva destas pessoas. Missionários
não devem ficar com raiva (2). Vocês todos sabem disso. Mas eu fiquei. Eu disse a eles: “Rapazes,
eu esperei três anos por estes abacaxis. Não consegui colher um único deles. Agora há outros
ficando maduros. Se desaparecer mais um só destes abacaxis, eu fecho minha clínica”.
Minha esposa dirigia uma clínica. Todos os remédios ela dava de graça àquela
gente. Eles não pagavam nada. Nós estávamos nos gastando tentando ajudar esta gente,
cuidando dos doentes, salvando a vida das crianças.
“Não fui eu!”, eles respondiam. “Foram os outros que fizeram isto”. E continuaram
tossindo e pedindo. Não conseguimos manter mais nossa posição. Eu me entreguei, e disse: “Esta
bem, amanhã reabriremos a clínica.”
Finalmente descobrimos quem estava fazendo isto o mesmo homem que tinha
plantado os abacaxis. Eu o chamei à plantação e disse: “Meu amigo, por que você está roubando
meus abacaxis? Você é meu jardineiro!”.
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Ele respondeu: “Minhas mãos os plantaram, minha boca os come” (3). Esta é a
lei da selva. O que eles plantam é deles. Nunca tinham ouvido de pagamento por serviço prestado.
Por isto ele disse: “São todos meus”.
“Claro que não! São meus.”, eu respondi. “Eu o paguei para planta-los para mim!”
Mas ele não podia entender como isto fazia com que as plantas fossem minhas. Eu pensei; “Bem,
o que devo fazer? Isto é uma lei da tribo. Acho melhor eu aprender a viver conforme as suas
regras.”
Então eu lhe disse: “Está bem, eu lhe darei a metade destas plantas. Daqui até
lá é tudo seu. Todo abacaxi que amadurecer é seu. Estes aqui são meus.” Ele fez conta que
concordou. Mas meus abacaxis continuaram desaparecendo.
Então eu pensei: “Talvez eu deva lhes dar todos estes abacaxis, e arranjar
outros para mim.”
Eu sabia que teria de esperar mais três anos. Foi difícil para mim tomar esta
decisão. Finalmente eu lhes disse: “Vejam, eu vou lhes dar todos estes abacaxis, e começar tudo
da frente. Façam uma plantação para vocês tirem todas estas mudas do meu terreno, para que eu
possa plantar novas. Eu não quero seus abacaxis no meu terreno.”
Eles disseram: “Tu-uan (que significa estrangeiro), o senhor terá de nos pagar.”
“O senhor está nos pedindo que tiremos seus pés de abacaxi daqui, e isto é
trabalho”, eles disseram.
E eles continuaram: “Nós não temos nenhum campo preparado. O senhor vai
nos pagar para prepararmos um?”
A minha esposa disse: “Isto não é possível! Estou com vontade de pagar uns
rapazes para que os joguem no monte de lixo! Então, se alguém quiser, que os pegue de lá.”
E foi isto que fizemos. Arrancamos todos os pés de abacaxi e os jogamos fora.
Foi uma trabalheira! Eram pés bonitos e vistosos. Depois eu comprei novas plantas. E disse a eles:
“Prestem bem atenção. Eu vou pagá-los pelo serviço. Mas eu e minha família vamos comê-los,
vocês não comerão nenhum.”
“O senhor não pode fazer isto”, eles responderam. “Se nós os plantarmos, nós
os comeremos.”
“Vejam”, eu tentei explicar – “eu não tenho tempo para cuidar da plantação. Eu
tenho muitas coisas para fazer. Vocês são tantos, e eu sou só um. Vocês vieram aqui para ajudar.
Eu quero que vocês os plantem, mas eu vou comê-los.”
“Eu vou pagar vocês pelo serviço”, continuei – “O que vocês querem? Eu lhes
darei esta faca boa se vocês fizerem o serviço.”
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Eles começaram a cochichar: “Ele quer nos pagar aquela faca para poder comer
dos nossos abacaxis.” E concordaram.
Se ele perdesse a faca eu teria dificuldades outra vez. O pagamento não existiria
mais.
Comecei a pensar: “O que podemos fazer? Não podemos fechar a clínica. Pois
então vamos fechar o armazém. Eles compravam fósforos, sal, anzóis e coisas assim. Antes eles
não tinham estas coisas, por isso não iriam morrer sem elas. Comuniquei-lhes minha decisão: “Vou
fechar o armazém. Vocês roubaram meus abacaxis.”
Fechamos o armazém. “Não há vantagem para nós ficarmos aqui com este
homem. Podemos voltar para nossas casas na selva.” E se mudaram para selva.
E ali estava eu sentado, comendo abacaxis, mas não havia mais pessoas na
aldeia. E eu não tinha mais ministério. Falei com minha esposa: “Podemos comer abacaxis nos
Estados Unidos, quero dizer, se é só isso que temos para fazer.”
Um dos nativos passou por ali, e eu lhe disse que avisasse os outros que
segunda-feira eu abriria novamente o armazém.
Pensei e pensei. Como vou fazer para comer estes abacaxis? Deve haver uma
maneira. E então tive uma idéia. Um cão pastor! Arranjei o maior pastor alemão que consegui
encontrar na ilha. E o soltei na plantação. Eles estavam com medo dele. Nunca tinham visto um
cachorro tão grande. Eles todos tinham cachorros pequenos; nunca lhe davam comida, e todos
tinham alguma doença. E agora este cão pastor alemão forte e saudável. Eles viram a comida que
eu dava a ele, e eu tive de alimentá-lo sempre quando não tinha ninguém da aldeia por perto,
porque eles teriam inveja da comida dele. Era melhor que qualquer coisa que eles comiam.
Mas o cachorro resolveu a questão. A maioria das pessoas não arriscavam mais
se aproximar. Só que agora tínhamos o mesmo problema que quando fechamos o armazém. As
pessoas não vinham mais. Eu não tinha ninguém a quem falar. Não consegui ninguém que me
ajudasse a aprender a língua. “O que vou fazer?”, pensei.
O cachorro também não era a solução. Mas enquanto isso ele começou a
namorar com a cachorrada da aldeia, e produziu um cão pastor mestiço, selvagem e esfomeado. O
médico deles me mandou dizer: “Se alguém for mordido por este cachorro, eu não vou tratá-lo,
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mesmo se for um filho seu.” Ele estava usando contra mim as mesmas táticas que eu usava contra
os nativos.
Falei à minha esposa: “Temos que nos livrar deste cachorro.” E foi o que fiz. Não
foi fácil para mim. Depois que o cachorro não estava mais comigo, os nativos voltaram. E não
havia mais abacaxis. Pensei de novo: “Meu DEUS, deve haver um jeito! O que posso fazer?”
Este é um princípio básico. Pensei nisto: “Amigo, você não tem nada a perder.
Vou dar este campo de abacaxis a DEUS porque não estou mesmo podendo comê-los.” Eu sabia
que não é fácil fazer um sacrifício. Sacrificar significa entregar algo de que você gosta muito (4).
Mas eu decidi dar a plantação a DEUS, e ver o que ele faria. Pensei comigo
mesmo: “Quero só ver como Ele vai conseguir fazer.”
Assim, eu saí para a plantação, à noite. Todo mundo tinha ido para casa. Eu não
queria que alguém me visse ali orando.
“Senhor, o Senhor está vendo estes pés de abacaxis ?”, eu orei – “eu lutei muito
para colher alguns. Discuti com eles. Exigi os meus direitos. Tudo isso foi errado, estou
compreendendo isto agora. Reconheço o meu erro, e quero entregar tudo ao Senhor. De agora em
diante, se o Senhor quiser me deixar comer algum abacaxi, tudo bem. Pode dá-los a nós. Se não
quiser, tudo bem também. Não tem problema.”
Então, um dia, eles vieram falar comigo: “Tu-uan, o senhor é cristão, não é
verdade ?” Eu estava pronto para dizer: “Escute aqui, eu sou cristão já há quase vinte anos !”, mas
em vez disto eu perguntei : “Por que vocês perguntam ?”.
“Porque o senhor não fica mais com raiva quando roubamos seus abacaxis”,
eles responderam.
Finalmente alguém mais inteligente começara a pensar: “Por que o Senhor não
fica mais com raiva?”.
“Eu dei a plantação adiante”, eu respondi – “ela não pertence mais a mim. Por
isso vocês não estão mais roubando os abacaxis. E eu não tenho mais motivos para sentir raiva de
vocês”.
“A DEUS ?!”, eles disseram – “Ele não tem abacaxis onde Ele mora ?”
“Eu não sei se ele tem ou não abacaxis onde ele mora”, eu respondi – “eu
simplesmente lhe dei os abacaxis.”
Eles voltaram para a aldeia e disseram a todo mundo: “Vocês sabem de quem
estamos roubando os abacaxis ? Tu-uan, o senhor não deveria Ter feito isto. Por que o senhor não
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os pede de volta? Não é de admirar que não conseguimos pegar os porcos-do-mato quando
vamos caçar. Não é de admirar que nossas esposas não têm nenês. Não é de admirar que os
peixes não mordem a isca.
Eles combinaram entre si: “Se os abacaxis são de DEUS agora, não devemos
mais roubá-los, não é?” Eles tinham medo de DEUS.
Quando me senti com minha família para comê-los, eu orei: “Senhor, estamos
comendo seus abacaxis. Muito obrigado por nos dar alguns.”
Certo dia meu filho estava à morte, e não havia meios de levá-lo a um médico.
De repente me lembrei de que eu nunca tinha entregue meu filho a DEUS! Então eu orei: “DEUS,
eu lhe dou meu filho. O que o Senhor quiser fazer com ele, estará bem.”
Isto foi mais difícil do que entregar a plantação de abacaxis a DEUS ! Eu estava
preparado para o caso de DEUS tirar meu filho. Mas durante aquela noite a febre cedeu, e meu
filho ficou bom.
Eu não estava conseguindo traduzir muito da Bíblia mas mais e mais pessoas
estavam se convertendo.
Eles continuaram dizendo: “Tu-uan se tornou cristão. Ele nos diz para amarmos
uns aos outros e agora ele está começando a nos amar.
Quando terminamos, eu lhe perguntei: “Muito bem, você não vai me pedir um
pouco de sal ?“
“Não, Tu-uan”, ele respondeu – “O senhor me ajudou a consertar minha pá, não
se lembra ? Agora eu o ajudo a consertar sua cadeira.”
“Incrível”, eu pensei – “esta é a primeira vez que alguém faz alguma coisa para
mim sem exigir pagamento.”
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Então, certo dia, eu achei algo na Bíblia que nunca tinha notado antes.
O missionário ficou com raiva dos nativos, porque comiam seus abacaxis.
Talvez você fique com raiva de seus pais por não respeitarem suas opiniões, ou não aprovarem
suas atividades, ou não aceitarem seu namoro. Talvez você fique com raiva de seus amigos, por
dizerem coisas de você que não são verdades, ou por excluírem você de suas atividades. Talvez
você até fique com raiva de DEUS, por ele Ter feito você com algum defeito físico ou tê-lo colocado
em uma família que não se ama.
2-FAÇA UMA LISTA DOS SEUS DIREITOS QUE OUTROS ESTÃO VIOLANDO
DEUS pode decidir que algum dos direitos que você cedeu a Ele pode ser muito
prejudicial ao seu crescimento espiritual. Ele lhe tirará estes direitos, e você pode lhe agradecer por
isto. Talvez Ele devolva algum direito. Por isto você também pode agradecer. E agora eles não
serão mais direitos, mas privilégios que devem ser usados de acordo com o plano de DEUS.
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5- DAQUI POR DIANTE, USE A RAIVA COMO SISTEMA DE ALARME DE DEUS
FONTE:
MINISTÉRIO MARANATA
(2) (“Missionários não devem ficar com raiva”. Irai-vos mas não pequeis, não se
ponha o sol sobre a sua ira.)
(4) (Sacrificar significa entregar algo de que você gosta muito. JESUS fez um
grande sacrifício por nós