TRANSFORMADA
APRESENTAÇÃO
Vivemos num mundo que foi profundamente afetado pela queda do homem. O homem
não foi corrompido por causa da terra, mas a terra foi abalada por causa da queda do
homem. Ao entrar no mundo, o pecado trouxe consigo conseqüências que assolam a
humanidade, desde Adão até os últimos recém-nascidos nas maternidades, neste
momento mesmo.
O grande segredo para a plena vitória sobre a carne, o mundo e o diabo está
claramente descrito na epístola aos Efésios, que contém um mandamento muito claro
de Deus para nós: Enchei-vos do Espírito (Efésios 5.18). Esta é a vontade de Deus
para nós, apesar de muitos crentes não saberem o que é uma vida cheia do Espírito.
Neste curso você aprenderá como o inimigo trabalha para tentar dominar a nossa
mente e manter a nossa alma aprisionada aos seus intentos. Mas aprenderá também a
se opor a ele e marchar em vitória, em nome de Jesus.
Você verá também que quando um crente deixa o Espírito Santo encher sua vida, ele
vai descobrir o poder e a autoridade do nome de Jesus. Ele vai aprender a pisar
serpentes e escorpiões, com segurança e garantia do seu Senhor.
Pela cura da alma e o enchimento do Espírito Santo você ganhará ousadia e coragem
para evangelizar. O Espírito Santo vai enchê-lo de confiança e intrepidez, como
ocorreu com os cristãos de Jerusalém no dia de Pentecostes.
Este curso, feito debaixo da dependência e submissão a Deus, será útil para ajudar
você e o Espírito Santo no processo de trazer mais transformação para a sua alma,
mais luz para a sua mente, mais revelação dos tesouros escondidos na Palavra de
Deus e mais liberdade no Espírito Santo. E ainda mais, será útil para equipá-lo para
ministrar a outros.
SUMÁRIO
PARTE UM
Apresentação .................................................................................................... 02
Sumário ............................................................................................................. 03
A Terra Da Mente .............................................................................................. 05
Modos De Dar Território Ao Inimigo ................................................................... 06
Características De Influência Maligna Na Mente ............................................... 07
Sinais De engano ............................................................................................... 08
Sintomas De Passividade .................................................................................. 10
Solução Para a Passividade Da Mente .............................................................. 13
Características De Uma Mente Livre ................................................................. 17
Princípios que Regem a Mente .......................................................................... 17
A Terra Da vontade ........................................................................................... 21
A Prisão Da Vontade .......................................................................................... 24
O Perigo Da Passividade Da Vontade ............................................................... 25
Sintomas Da Passividade .................................................................................. 26
Libertação Da Vontade ...................................................................................... 27
A Terra Das Emoções ........................................................................................ 30
As Feridas Produzidas Por Satanás .................................................................. 30
A Prisão Das Mágoas ........................................................................................ 34
Ferida & Amargura ............................................................................................. 35
A Amargura é o Veneno Da Alma ...................................................................... 35
O Malefício Dos Relacionamentos Quebrados .................................................. 37
A Destruição Gerada Pela Falta De Perdão ...................................................... 38
Sendo Libertos Das Feridas ............................................................................... 38
PARTE DOIS
Alimentando-se Corretamente No Espírito ........................................................ 67
Funções Do Espírito Da Alma e Do Corpo ........................................................ 69
As Funções Da Alma ......................................................................................... 69
As Funções Do Corpo ........................................................................................ 71
As Funções Do Espírito ..................................................................................... 72
Princípios Para A Revelação No Espírito .......................................................... 74
O Logos e o Rhema ........................................................................................... 78
Princípios Para Alguém Ser Guiado Pelo Espírito ............................................. 80
Andar no Espírito ............................................................................................... 82
Como Descobrir A Maravilhosa Vida Cheia Do Espírito .................................... 83
Como andar No Espírito Santo .......................................................................... 89
Andar Segundo O Espírito: Dois Modos De Andar Na Vida .............................. 97
CONCLUSÃO .................................................................................................. 110
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 111
A TERRA DA MENTE
A ordem do Senhor é que possuamos a terra pelo lado de dentro. A primeira terra
"pelo lado de dentro" que vamos considerar é a terra da mente. As demais são: a
terra da vontade, a terra das emoções e a terra do corpo. Nosso Espírito é recriado
pelo Espírito Santo, que passa a habitar nele.
Somos transformados em santuário, mas a nossa alma precisa ser restaurada. Nosso
Espírito se expressa através da nossa personalidade, dos nossos pensamentos,
nossos sentimentos, nossas atitudes, nosso corpo. E se não pusermos nossa mente
em linha com a Palavra de Deus, bem como nossas emoções, nossa vontade e nosso
corpo, a vida do Espírito dentro de nós será sufocada. Mas o propósito de Deus é que
o inimigo permaneça do lado de fora. Chegou a hora de erradicarmos essas obras
malignas, que Paulo chama "obras da carne." Se não tem havido mudanças em sua
vida, desde o seu novo nascimento, algo está errado. Quem nasce precisa crescer,
desenvolver-se e caminhar, progressivamente, rumo à maturidade.
Mas também que coisa terrível é a mente humana sem Deus! A mente do homem está
corrompida por causa do pecado que lhe é inerente. A natureza pecaminosa herdada
de Adão se manifesta também em suas criações e realizações. É aí que temos as
armas mortíferas que destroem seu próximo. Essas são as marcas da mente do
homem, criando o bem e criando o mal.
A mente deve ser conquistada até que cada pensamento seu seja sujeito à obediência
de Cristo Jesus. Em outras palavras, até que cada idéia, pensamento ou raciocínio
esteja em perfeita harmonia com a Palavra de Deus. O comando da Palavra é claro:
"Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma,
de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças" (Marcos 12.30).
Quando chegamos a Jesus o que temos armazenado em nossa mente muitas vezes
nada tem a ver com nossa vida. Nossa mente funciona como um computador: só sai o
que entrou como programa. O programa que está na mente precisa ser mudado, pois
muitas vezes está tão escondido, e ainda assim nos momentos mais inconvenientes
vem à tona. O que fazer? Reprogramar a mente com o programa da Palavra de Deus.
A Passividade Da Mente
Isso ocorre quando a pessoa deixa seus próprios poderes de pensar em inércia e
recebe todo pensamento que vem de fora ou que vem desse estado de passividade. É
um grande engano pensar que para andarmos no Espírito teremos que suprimir a
mente, as emoções ou a vontade. Deus nos deu uma alma para que seja usada e não
supressa. Nosso culto a Deus, nossa submissão à sua vontade, é algo inteligente,
racional, resultado de uma análise, uma resposta, uma escolha, uma decisão da
vontade. O propósito de Deus é que nossa alma seja restaurada e não suprimida.
Até mesmo certos ensinos bíblicos, que são tão importantes, como a rendição do
nosso "eu" a Deus e a nossa "morte em Cristo", podem ser levados a extremos e
degenerar em passividade da mente, da vontade e do corpo. Satanás quer um homem
passivo, escravizado à sua vontade, para que possa facilmente manipulá-lo, enquanto
Deus apela à nossa vontade e espera uma rendição inteligente, uma decisão de
obedecer de boa mente Sua Palavra.
As forças das trevas gostariam de transformar o homem num autômato (uma máquina),
alguém passivamente dirigido por suas garras estranhas e invisíveis. Deus, porém,
quer ver um homem livre, inteligente, que coopera com Ele, um ser que reflete a
imagem de Deus, em pleno domínio de seus poderes, que não se deixa dominar por
nenhuma força alheia à sua vontade. Sua própria rendição ao Criador é feita no pleno
uso desses poderes. Sem uma clara compreensão dessas coisas será fácil ao inimigo
lançar-nos no engano.
SINAIS DE ENGANO
Atitude Fanática
Um Espírito Fanático é o primeiro sinal de alerta. Ele se manifesta em muito
entusiasmo e energia, mas fechado para raciocinar, duro, dogmático. O espírito
fanático é o que não consegue ver as coisas por um ângulo mais aberto. Muitas vezes,
desde a infância a pessoa recebeu uma orientação, e passa a vida sem questioná-la.
Se ela ouvir algo diferente, fechará sua mente e logo o rejeitará.
Há quem julgue que não se deve questionar aquilo que parece ser revelação e direção
sobrenatural. Se ele recebe uma profecia de alguém, logo aceita. Acontece que isso é
pecar contra o mandamento de provar todos os espíritos. Todos os canais humanos,
por mais usados que sejam por Deus, são imperfeitos e não se pode aceitar
cegamente uma palavra, sem prová-la. Todos os sonhos, visões, pensamentos,
revelações e direções devem ser primeiro testados à luz da Palavra escrita e as
convicções que Deus nos traz ao coração. Tudo quanto vem de Deus suporta o teste.
"Sou mais que vencedor" (Romanos 8.37). Engano: não terei lutas nem dificuldades.
Verdade: Toda a vitória implica necessariamente na existência de uma luta que lhe
precedeu. Se venço, é porque lutei. Sei que a luta virá, mas não temo porque no meio
dela Cristo me dará vitória.
"Eu tenho a mente de Cristo" (I Coríntios 2.16). Engano: "Eu não devo ter a minha
própria mente". Verdade: Ninguém tem automaticamente a mente de Cristo. Ela é
residente no cristão porque o Espírito Santo habita nele, mas isso não retira a mente do
cristão e a transforma na de Cristo.
"Deus me falou". Engano: "Eu sou liderado pelo Espírito, logo não preciso da mente".
Verdade: Deus fala através do meu Espírito e minha mente deve estar em linha com
meu Espírito e entender o que Deus está falando.
Um sistema de doutrina construído sobre uma única faceta da verdade pode levar ao
engano. O equilíbrio está em "todo o conselho de Deus" (Atos 20.27). Se alguém só
prega poder, ou só cura, ou só libertação, ou só batismo no Espírito Santo, uma única
faceta da verdade, seja ela qual for, o engano facilmente se estabelecerá. O ensino da
Bíblia abrange todos os aspectos da vida cristã e todos nós temos de ser instruídos em
todos eles, como Jesus mesmo declarou: "...Ensinando-os a guardar todas as
coisas que Eu vos tenho ordenado..." (Mateus 28.20).
O homem é um ser ativo, dotado de ações e reações. Quando existe inatividade onde
uma ação se fazia necessária, estamos diante de uma clara manifestação de
passividade da mente. Quando alguém diz: "não posso pensar", "não consigo
lembrar", "não consigo me concentrar", em outras palavras, onde há uma
incapacidade de domínio da situação, alguma coisa está errada. A mente está pesada,
prisioneira, a pessoa sente como se algo a amarrasse.
A esta altura você já deve estar pensando: "será que minha mente é passiva?"
Como saber se a passividade mental está se infiltrando em mim? Analisando os
sintomas. Vejamos alguns deles.
Pensamentos Repentinos
problemas do mundo"; "eu tenho a solução para tudo"; "devo me lançar à vida de fé e
deixar de trabalhar"; "vou fazer uma grande obra"; "sou um grande servo de Deus". São
verdadeiros chavões enganosos que assaltam a mente e não são confrontados. A
mente passiva os deixa entrar e nada faz a respeito. Esse tipo de raciocínio é perigoso.
Manifesta uma mente aberta a noções sem qualquer sentido ou fundamento bíblico.
Imaginação Descontrolada
Aqui falamos de uma imaginação falsa sobre as pessoas e coisas, fora da realidade.
Uma mente dominada por fantasias constantes. Diante das circunstâncias e das
pessoas a imaginação fica sem rédeas e conseqüentemente, impede uma reflexão
clara e acertada da situação.
Sonhos e Divagações
Uma mente dada a divagações, a construção de "castelos no ar", cheia de fantasias.
Todos já tiveram a experiência de divagar uma vez ou outra, mas a mente passiva é
assolada com freqüência pelas fantasias, sem controle.
Insônia
Muita insônia é motivada por pensamentos descontrolados ou mesmo pelos sonhos e
fantasias, ou ainda pelo hábito de pensamentos de medo, rejeição e preocupação. No
momento em que a pessoa vai dormir esses pensamentos povoam a mente, produzem
tensão e afastam o sono natural.
Esquecimento
Um esquecimento freqüente é sintoma de passividade mental. É evidência da falta de
concentração, de ordem e análise na mente. Isso não quer dizer que um esquecimento
casual possa revelar a presença de passividade. Falamos daquilo que se torna um
padrão, uma constante. É claro que aos primeiros sintomas daremos o grito de alerta e
assumiremos o controle da nossa mente para que ela não seja dominada por forças
estranhas.
Falta De Concentração
O problema aqui se manifesta na incapacidade de concentrar a mente ou atenção por
muito tempo em alguma coisa. Parece que os pensamentos estão sempre "voando",
ao saber do "vento". Existe uma atenção passiva, que é facilmente despertada, mas
uma pessoa normal tem controle sobre sua mente e é capaz de dirigir sua atenção ao
que ela deseja. Quando isso não acontece estamos diante de um sintoma de
passividade.
Incapacidade De Raciocinar
Todos os seres humanos são dotados de raciocínio. Quando existe um bloqueio
mental a tal ponto que a pessoa não desenvolve um raciocínio claro, estamos diante de
um sinal de perigo. De fato todos os sintomas abordados evidenciam uma obra
maligna, que visa suprimir o uso da faculdade de pensar, raciocinar, refletir, julgar,
comparar, decidir, com o fim de dominá-la.
"Tu conservarás em perfeita paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque Ele confia
em Ti" (Isaías 26.3). Se firmo a minha mente em Deus, Satanás não me removerá
facilmente (Leia Filipenses 4.6-8).
"Porque a Palavra que Deus fala é viva e cheia de poder (tornando-a ativa, operante,
energizadora e efetiva); ela é mais afiada do que qualquer espada de dois gumes,
penetrando até a linha divisória do fôlego da vida (alma) e (o imortal) Espírito, e juntas
e medulas (das partes mais profundas de nossa natureza), expondo e peneirando e
analisando e julgando os verdadeiros pensamentos e propósitos do coração" (Hebreus
4.12 - Versão Amplificada).
ESCOLA MINISTERIAL PAZ – FORTALEZA 13
CMC - CURSO DE MATURIDADE CRISTÃ VIDA TRANSFORMADA
Se você for honesto, tomar a Bíblia porque quer crescer e conhecer a revelação, numa
disposição de obediência, pronto para o confronto com a verdade e a mudança
necessária, o Espírito Santo lhe trará luz e você irá crescer e aquilo que porventura
você incorporou ao longo do caminho, que contraria a verdade de Deus. Esses
estranhos serão expostos, reconhecidos e rejeitados, porque onde penetra a verdade,
o engano é exposto. Consideremos, pois algumas medidas práticas:
Localize a fonte de problema e sofrimento. Não tente fugir. É doloroso perceber que
fomos vítimas da passividade e do engano, mas não há o que temer. Deus está
conosco para nos conduzir à luz e à vitória. O caminho é encarar de frente a
dificuldade, pedindo ao Espírito que revele o coração do problema.
Espere para ser iluminado pela luz de Deus, expressa em Sua Palavra, sob a
direção do Seu Espírito. Não admita ser simplesmente assolado por um Espírito de
dúvida, mas espere no Senhor enquanto analisa a questão e estuda a Palavra. A luz
virá por certo.
Resista cada mentira lançada em sua mente com textos da Bíblia que se ajustam
ao seu caso. Saiba que é um confronto real entre a verdade e o erro. Satanás tentará
segurar a área que antes dominava, mas pela sua resistência, sua determinação e
firmeza no combate por uma completa libertação, as forças contrárias serão abaladas e
demolidas.
Lance fora, uma a uma, cada mentira e suas obras. À medida que você é
convencido de uma verdade, rejeite a mentira que se lhes opôs e que estava em sua
mente. Cada um dos ensinos errados que você recebeu deverá ser lançado fora, com
determinação, com o auxílio do Espírito Santo, à medida que a luz chega.
Deixe a luz da Palavra penetrar cada área de sua vida. Deus conhece os propósitos
do seu coração. Onde há sinceridade e busca, Deus vem em seu socorro. Se você se
expõe sinceramente à luz de Deus, ela irá penetrar. Não se assuste com o processo.
Parecerá às vezes doloroso, às vezes demorado, mas o doce Consolador estará ao
seu lado para orientá-lo em cada área e conduzi-lo em triunfo.
Renovação da Mente
Depois de ter colocado a armadura de Deus, tendo-se preparado para a batalha,
exposto sua mente à verdade de Deus, começa um sério trabalho de renovação.
Nosso padrão de pensamentos depende daquilo que tem sido lançado na mente.
Portanto, a primeira coisa a ser feita, no que concerne à renovação, é examinar a fonte
de seus pensamentos. Muitas vezes estamos sendo alimentados pelos pensamentos
do mundo, pela mídia, por doutrinas erradas, ocultismo e coisas do gênero.
Para que isso possa acontecer, você precisa de um conhecimento sólido da Bíblia.
Qualquer exame exige um ponto de referência. O estudo regular e sistemático da Bíblia
é fundamental na renovação da mente. Para que um princípio seja assimilado e
estabelecido, temos que nos expor a ele repetidamente. Está provado que precisamos
ler alguma coisa de oito a dez vezes para poder assimilá-la. Isso significa que um
conhecimento razoável da Bíblia exige uma leitura repetida. Além disso vem o estudo,
Traga cada pensamento em obediência a Cristo (II Coríntios 10.5). A palavra de Deus
deve ser a fonte dos nossos pensamentos. Cada pensamento intruso que não está em
perfeita linha com ela deve ser levado prisioneiro a Cristo. O que isso significa? Tomar
consciência imediata de cada pensamento estranho e "dar o grito": "Alto lá, rejeito este
pensamento e o sujeito a Jesus Cristo!" Convém salientar que II Coríntios 10.4,5 fala
de fortalezas construídas com pensamentos:
"Porque as armas da nossa luta não são físicas (armas de carne e sangue), mas elas
são poderosas em Deus para a derrubada e destruição de fortalezas, (visto que)
refutamos argumentos e teorias e raciocínios e toda coisa orgulhosa e arrogante, que
se levanta contra o (verdadeiro) conhecimento de Deus: e levamos cada pensamento e
propósito cativo à obediência de Cristo (O Messias, o Ungido)” (v. Ampliada).
Liberte sua mente da carne (Romanos 8.7). Muitos vivem voltados para os sentidos, o
mundo da matéria, a carne produz a morte. Vivendo numa sociedade que tudo faz para
gratificar a carne, entregue aos seus prazeres, convém vigiar e encher a mente com as
imagens extraídas da Palavra de Deus e não da enxurrada de sensualidade que é
despejada sobre nós através de todos os meios de comunicação.
Deixe que o arrependimento tenha a sua perfeita obra. Sem arrependimento jamais
haverá mudanças permanentes. Libertação não é substituto de arrependimento, como
já demonstramos. Se há cadeias em nossa mente é porque um lugar foi dado ao
adversário. É imprescindível, agora, localizá-lo, expor-nos ao arrependimento e deixar
que ele produza sua obra purificadora e pacificadora em nós.
Em cada ação que se faz necessário, não dependa de outros para tomarem a decisão
por você. Tome a iniciativa de decidir de acordo com o seu julgamento da situação. Se
você não tem exercitado sua mente em tomar decisões, talvez lhe pareça difícil, a
princípio, mas prossiga e você estará dando passos para a libertação da passividade
mental, à alma, ao Espírito e ao corpo.
Muitos se sentem incapazes de tomar decisões até quanto ao que comprar, ao que
vestir e ao que comer. Pais super-protetores, que educaram seus filhos tomando as
decisões que lhes competia, são uma das causas para esse tipo de problema. Não
entre em pânico se isso vier a acontecer. É melhor errar em campo do que ficar do lado
de fora, como expectador, sem nunca entrar nele por medo de errar.
Não deixe sua mente solta, a divagar; não permita o "branco" na mente. Force-a a
pensar. Há muitas ocasiões de ociosidade (período desocupado) mental que poderão
ser usadas nesse exercício. Por exemplo, enquanto viaja em qualquer tipo de
transporte, caminha pelas ruas, faz um trabalho manual, rotineiro, que não exige
concentração mental. Que tempo maravilhoso para direcionar os pensamentos para a
Palavra de Deus, para a intercessão, o louvor, a adoração, a meditação da Palavra!
Um bom hábito, para quem tem carro, é colocar uma mídia e ouvir a leitura da Bíblia ou
mensagens gravadas e até mesmo hinos que estimulam à oração. Quem trabalha em
casa, na cozinha ou em outra atividade manual, pode fazer o mesmo. O importante é
usar o tempo disponível para conduzir a mente ao lugar onde ela será edificada,
controlada e renovada.
Qual o ideal? Qual o plano de Deus para você? Como deve ser nossa mente?
Descobrindo a resposta a essas perguntas, você tomará consciência de como deve ser
e, então, é só trabalhar no sentido de se aproximar cada vez mais do ideal. Convém
lembrar que tudo isso obedece a um processo que pode ser mais ou menos lento, de
acordo com a atitude e o investimento de tempo e esforço de cada um na sua própria
restauração.
Espírito mesmo testifica com o nosso Espírito que somos filhos de Deus" (Romanos
8.16). Em nosso Espírito acontece o entendimento das coisas espirituais, aí são
recebidas as impressões, a luz e direção de Deus para os Seus filhos. Não é no corpo,
nem na mente que o plano de Deus para nossa vida é revelado e sim em nosso
Espírito humano recriado pelo Espírito de Deus. O veículo dessa comunicação é o
Espírito de Deus.
Todo pensamento que não passa na peneira de Filipenses 4.8, seja estrangulado,
abortado. Um bom hábito é memorizar este versículo e analisar cada pensamento à luz
do que nele está escrito.
com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: imprimirei minhas leis sobre
suas mentes, até mesmo sobre os seus pensamentos mais profundos e entendimento,
e as gravarei em seus corações, e Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo."
A TERRA DA VONTADE
A vontade do homem é a essência do que ele é. Escolhas são feitas que determinam
sua vida diária e seu destino eterno. O Criador deu ao homem uma vontade livre e
nunca coage, força ou controla. A vontade é o que fica entre o bem e o mal, aquela
parte do homem que quando ligada à vontade de Deus, traz uma união que gera uma
harmonia entre a criatura e o Criador e liberta o poder de Deus e completa salvação. A
vontade do homem é tão sagrada que Deus respeita a sua decisão.
O Potencial Da Vontade
A vontade do homem é o seu órgão de decisão. "Nossa emoção expressa como
sentimentos, nossa mente dizemos o que pensamos, nossa vontade comunica o que
queremos" (Watchman Nee).
Dissemos que a terra por dentro deve ser conquistada, isto é, a terra da mente, da
vontade, das emoções e do corpo. Qualquer área a ser tratada envolve o uso da
vontade. Nossas decisões determinarão onde passaremos a eternidade e que tipo de
pessoas seremos na terra. Logo, é de suma importância a conquista da vontade, para
que ela seja um instrumento de Deus e não do mal em nossa vida, permitindo-nos usar
esse órgão de decisão para nosso próprio bem.
Deus criou o homem com capacidade para tomar decisões. Podemos fazer nossas
escolhas. Por causa da imagem de Deus no homem, ele possui o que chamamos de
"livre arbítrio", isto é, a capacidade de tomar decisões. Daí porque a estratégia de
Satanás contra ele consiste em trazer prisões à mente e enfraquecer a vontade, para
que ela não seja usada em todo o seu potencial.
O homem permanece no pecado pelo uso de sua vontade livre. Ninguém pode eximir-
se da culpa de viver contrário a Deus. O homem tem uma tendência herdada de
nossos primeiros pais, de responsabilizar outros, ou as circunstâncias, pelas suas
escolhas, mas isso é irreal. O homem é livre para escolher e, portanto, responsável.
A vontade do homem é seu “eu” real. Ela está na origem de todas as escolhas e
decisões. De fato a vontade revela o caráter do próprio homem. É impossível separá-lo
dela, pois ela é a expressão dele mesmo. Não existe qualquer área em sua vida que
não seja por ela afetada. Vale a pena, portanto, investir em sua restauração, para que
ela se harmonize com o propósito divino para o qual ela foi dada.
Jesus declarou: "Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a
minha vontade, mas a tua" (Lucas 22.4). Jesus tinha vontade? Tinha. Qual era?
Fazer a vontade do Pai. Aqui Ele não revela ausência de vontade própria, mas a
disposição de abrir mão da Sua própria a favor da vontade do Pai, reconhecendo-a
como a melhor para a Sua vida. Conquistar a vontade é alcançar a plena liberdade
para rejeitar o mal e seguir o bem, a verdade, o caminho proposto pelo Pai.
Quando ouvimos o Evangelho, este entrou pelos nossos ouvidos, nossa mente o
entendeu, nossos sentimentos foram despertados, desceu ao nosso Espírito e a
vontade disse sim. Por causa dessa escolha Deus nos tornou livres. E Sua vontade é
que todo o potencial do que Ele nos deu seja plenamente usado para nosso bem e Sua
glória.
A vontade de Deus deve-se tornar o alvo da nossa vida, e não o “eu”. Todo o
desejo e propósito de um Pai que nos ama tanto a ponto de nos enviar o que de mais
precioso tinha, Seu Filho Amado, Jesus Cristo, é o melhor, é para o nosso bem.
Abraçar Sua vontade como nosso alvo supremo, é fazer a nós mesmos o maior bem da
vida. O que é o arrependimento, senão o abandono da vida centralizada no eu, a favor
da vontade do Criador e Pai?
A vida espiritual é mais do que emoções e intelecto. Deus quer a salvação da nossa
vontade. Isso quer dizer que estaremos em condições de analisar dois caminhos,
reconhecer qual é o melhor e poder decidir a favor deste. A vontade salva, ou
restaurada, ou ainda conquistada, é aquela que é livre para escolher e seguir
firmemente o caminho de Deus.
Da união com Deus brota um único coração. Haverá uma harmonia entre a vontade
do homem e a de Deus. Falhar em se tornar "um coração" com Deus, traz fracasso,
como no caso da esposa de Ló e de Balaão. Aquela terminou transformada em uma
estátua de sal e este, destruído pela espada.
Vale a pena aqui ressaltar um grande princípio: "Não faça provisão para o ‘eu’”. Ele
é cruel e não se dá por satisfeito. Terá que encontrar o caminho da cruz, como disse o
Mestre: "E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de
mim" (Mateus 10.38). Tomar a cruz é desistir de si mesmo, abrir mão da sua
independência e da vontade pecaminosa, rendendo-a incondicionalmente a Deus. Isso
não quer dizer um aniquilar da vontade, mas uma rendição voluntária e consciente.
"Não mais eu, mas Cristo vive em mim" (Gálatas 2.20).
Uma das maneiras práticas de usar a vontade nesse tipo de batalha é orar e ler em voz
alta. Ao perceber uma interferência, tome logo uma decisão, aja. A vitória não é
necessariamente daqueles que não caem, mas dos que se recusam a permanecer no
chão.
Satanás não terá condições de destruir o servo de Deus que aprende a lançar mão da
sua vontade para seguir o caminho proposto por Deus. Deus nos chama a ingressar no
exército dos últimos dias, que trava uma batalha ferrenha. Ele quer nos treinar para que
na luta não sejamos destruídos, mas vitoriosos.
A renovação da mente traz força à vontade e liberta do jugo. É assim que se torna
impossível uma vontade restaurada sem o saudável hábito da renovação da mente,
levando-a a se conformar com os princípios expressos na Palavra de Deus. É através
dessa renovação que nos conscientizamos do que somos e temos em Cristo, bem
como das estratégias inimigas e o modo de vencê-las.
A PRISÃO DA VONTADE
A vontade tem toda a possibilidade de se tornar prisioneira, como acontece com a
mente ou qualquer outra área da nossa vida. O homem que não conhece a Deus já
vive sob o domínio do pecado e no reino das trevas, ainda que não seja consciente do
fato. Agora, porém, estamos falando do cristão, daquele que já teve uma experiência
com Cristo.
Conceito correto: Eu vivo pela fé no Filho de Deus. Não deixo de viver; o modo de
viver é que é diferente, não mais de acordo com um "eu" insubmisso, mas em união
com Cristo, meu Senhor, a quem racional, consciente e livremente me entrego.
Princípio: Deus não requer a auto- aniquilação para que Sua vida se manifeste.
Conceito correto: Morri com Cristo, mas ressuscitei com Ele para viver. Não ando em
morte, mas na vida ressurreta de Jesus.
Princípio: O propósito de Deus para o crente não é a morte e sim a vida. Houve uma
morte para o pecado, mas hoje há uma completa novidade de vida.
Princípio: Submissão a Deus e resistência ao mal devem caminhar juntos (Tiago 4.7).
ESCOLA MINISTERIAL PAZ – FORTALEZA 24
CMC - CURSO DE MATURIDADE CRISTÃ VIDA TRANSFORMADA
4. "Quando estou fraco, então é que sou forte" (II Coríntios 12.10)
Conceito errado: Desejo ser fraco, para que possa ser forte.
Conceito correto: O crente não escolhe a fraqueza; o crente fraco será fortalecido por
Deus. No meio das lutas ele encontra em Deus a sua força.
Princípio: Deus nunca substitui Sua vontade pela do homem. Ele apela à decisão
deste.
Deus não pode usar o crente de vontade passiva, porque ele não está mais
funcionando e Deus não força ninguém a agir. Ele apela a uma decisão livre da
vontade. Ele convida, o homem responde; Ele pede, o homem entrega; Ele dá, o
homem recebe. Tudo implica no uso da vontade e no tomar de uma decisão
consciente.
Nos demais escritores está igualmente essa distinção. Há um Jonas teimoso, a quem
Deus não força, mas convence; um Jeremias chorão que luta com sua própria vontade,
ESCOLA MINISTERIAL PAZ – FORTALEZA 25
CMC - CURSO DE MATURIDADE CRISTÃ VIDA TRANSFORMADA
Deus quer hoje um exército de homens e mulheres de vontade firme, determinada, que
não se deixa andar ao sabor das ondas de pressões das circunstâncias, mas sabe o
que quer e persegue o alvo com uma determinação que não vacila.
LIBERTAÇÃO DA VONTADE
Não existe prisão que não possa ser quebrada, quando nos expomos às verdades da
Palavra de Deus. Vejamos alguns passos para que a libertação seja efetivada.
A vontade energizada pela fé. A fé sempre ativa. É pela obediência, pela ação, pela
resposta, que a fé se manifesta. Quando você está andando em fé, está ativando a
vontade, pois não há nada na fé; ela sempre exige uma ação.
A vontade é fortalecida pela verdade. Quanto mais você se expõe à verdade, tanto
mais é fortalecido em sua vontade, pois, sabendo qual é a verdade acerca de
determinada coisa, conseqüentemente o engano é erradicado naquela área, e isso leva
à tomada de decisões.
Esteja disposto a tomar decisões erradas. Esta afirmação até parece estranha, mas
é indispensável à vitória. Quem não entra em campo por medo de errar, nunca sai da
posição de expectador passivo. Nada faz. Não permita que o inimigo use um erro seu
para destruir sua vida. Podemos errar, pois ainda não alcançamos a perfeição, mas do
erro aprendemos e na próxima oportunidade já não cometeremos a mesma falta. O
risco de se cometer erros não deve ser obstáculos à tomada de decisões na vida.
Pare de ser guiado por circunstâncias. Não seja movido pelos ventos que sopram de
um lado ou de outro. Muitos preferem ser guiados por circunstâncias a fazer uma
escolha, mas isso torna os grilhões sobre a vontade mais cruéis e destruidores. A
passividade sugere que Deus está tomando todas as decisões para a pessoa, mas a
realidade é que ela está sendo levada ao sabor de forças que fogem ao seu controle.
Recupere todo o terreno perdido. Se o diabo ocupou alguma área da sua vida, não
se dê por vencido. Cristo e todos os Seus recursos da graça estão à sua disposição
para vencer. Recupere a área sob domínio inimigo e determine vencer cada nova
investida. Em Cristo, "mais que vencedor!"
Trabalhe ativamente com Deus para o uso de cada parte de sua personalidade.
Desenvolva pensamentos sadios, emoções santas e decisões certas. Deus está
trabalhando em você, pela operação do Seu doce Espírito e Sua maravilhosa Palavra.
Use o potencial que Deus lhe deu e deixe sua personalidade desabrochar como a flor
sob a luz do Seu olhar, e a semelhança do Senhor Jesus começará a se manifestar em
sua vida.
O corpo deve ser instrumento e servo do homem. "Antes subjugo o meu corpo e
o reduzo à submissão, para que, depois de pregar a outros, eu mesmo não venha
a ficar reprovado" (I Coríntios 9.27).
Queremos logo declarar que o Espírito Santo no cristão, esse Assistente, Consolador,
Guia e Mestre, se nos abrirmos a Ele e à Palavra de Deus, irá revelar a causa do nosso
comportamento. Portanto, temos que buscar a Deus e Sua Palavra; temos que
depender do Espírito Santo para efetuar a cura da nossa alma. Coloque, pois, isto em
seu Espírito: Todos os problemas têm uma origem espiritual e há recursos em
Deus para a sua solução. Se Satanás planejou ferir todos os homens, saiba que
Cristo, que é o mesmo ontem, hoje e o será eternamente, veio "por em liberdade os
feridos" (Lucas 4.18).
O que é a personalidade? Aquilo que a pessoa é. O que faz de um ser vivo uma
pessoa? Sua capacidade de pensar, de sentir e de decidir. Em outras palavras, ele tem
uma mente que pensa, raciocina, reflete, analisa; tem emoções e pode sentir alegria,
amor, paz, tristeza, saudade; tem vontade e pode escolher, decidir. A personalidade,
portanto, é o mundo dos pensamentos, dos sentimentos e das decisões. Deus é uma
pessoa e possui todos esses poderes em além. Ele criou o homem "conforme a Sua
imagem e semelhança" (Gênesis 1.26).
Quando alguém é ferido nas suas emoções, pára de crescer. Pode crescer fisicamente,
mas o crescimento físico não revela a maturidade emocional. Nossas reações diante
do presente são determinadas pelas experiências do passado. Se analisarmos o
que há por trás de cada reação de agressividade, medo, fuga, passividade, isolamento,
desconfiança, insegurança, amargura, timidez, ausência de perdão, depressão e coisas
afins, descobriremos a existência de profundas feridas na alma, infligidas no passado,
particularmente na área das emoções. Por que a pessoa se sente machucada com
qualquer atitude? Rejeições passadas.
Em tudo isto está o retrato dos projetos infames de Satanás para esmagar a alma
humana. Ele tem prazer em ferir, quebrar, esmagar, espezinhar, oprimir, diminuir,
acusar. Mas, louvado seja Deus, porque a história de Jó também revela que o homem
crente se levantará do pó e, mesmo em meio a toda prova, dirá em confiança: "Eu sei
que o meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido
este meu corpo da minha pele, em minha carne, verei a Deus" (Jó 19.25,26 SSB).
Além disso, crescerá no meio da luta, e poderá também dizer: "Eu te conhecia só de
ouvir, mas agora os meus olhos Te vêem" (Jó 42.5 SSB). E no fim do capítulo, a
mais espetacular vitória: "O Senhor virou o cativeiro de Jó, quando este orava
pelos seus amigos; e o Senhor deu a Jó o dobro do que antes possuía" (Jó
42.10).
"...Ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das
nossas iniqüidades..." (Isaías 53.5). "...Ao Senhor agradou moê-lo..." (Isaías
53.5b). O diabo feriu, mas a ferida de Jesus se tornou o nosso instrumento de cura.
Todo o sofrimento de Jesus na cruz do Calvário foi como nosso substituto, a fim de
quebrar o domínio de Satanás sobre nossas vidas e comprar-nos uma eterna
redenção, que é extensiva a todas as áreas do nosso ser. Isso em direito legal quer
dizer que, se Jesus foi o nosso substituto, não temos direito de sofrer o que Ele já
sofreu em nosso lugar. Vejamos o que aconteceu com Ele:
Traído por um amigo íntimo, seu tesoureiro, um discípulo escolhido. "O que mete
comigo a mão no prato, esse me trairá" (Mateus 26.23). Você foi traído? Jesus o foi
em seu lugar e sabe o que isso significa e estende Suas mãos marcadas para lhe
trazer a cura. Ele está com você no meio da traição e lhe curará as feridas.
Jesus foi Rejeitado. Isaías declara: "Era desprezado, e rejeitado dos homens;
homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os
homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos Dele caso algum"
(Isaías 53.3). João disse que "Ele veio para o que era Seu e os seus não O
receberam" (João 1.11). Até sua família O rejeitou. Seus irmãos disseram que Ele
estava louco (João 7.1-5; Marcos 3.21).
Jesus foi acusado. Uma das acusações era que Ele era um mensageiro de Satanás:
"Mas os fariseus, ouvindo isso, disseram: Este não expulsa os demônios senão
por Belzebu, príncipe dos demônios" (Mateus 12.24). Se você está sofrendo
acusação ou mesmo o seu ministério, saiba que antes que isso acontecesse, acusaram
Jesus e o Seu ministério. Ele sabe o que é ser acusado injusta e caluniosamente e
pode trazer-lhe alívio.
Jesus foi odiado. Na sua condenação à morte vemos o ódio nas autoridades e na voz
do próprio povo: "é réu de morte!" "Mata-O!" "Crucifica-o!" "Fora com este!" Você
foi vítima de um ódio feroz? Alguém querido teve sua vida ceifada por causa dele?
Jesus sabe o que é isto e pode agora dar-lhe vitória.
Jesus foi rejeitado, acusado, odiado, esquecido, abandonado. Sofreu todo tipo de ferida
na alma, antes que nós fôssemos atingidos. Ele sabe o que é ser rejeitado, ele sabe o
que é ser ferido. Ele conhece o que você está enfrentando. Ele pode dizer: "Eu sei
exatamente o que você está passando, porque eu já passei pela mesma coisa. Eu sei
como você se sente. Por isso Eu posso sarar o seu coração, e você pode dizer: "O
castigo que me traz a paz estava sobre Ele e pelas suas feridas eu sou sarado"
(Isaías 53.5).
As crianças inocentes são seu primeiro alvo: Uma criança não tem condições de
analisar as circunstâncias. Ela se torna uma vítima indefesa e, por esta razão, um alvo
para ataques inimigos.
Há quem julgue que a criança nada percebe, mas isso é um engano. Em muitas
civilizações, mesmo pagãs, as mulheres grávidas são protegidas para que não sejam
vítimas de emoções fortes e choques que poderiam afetar o feto no ventre materno.
Hoje sabemos que tudo quanto ocorre durante a gestação, tem reflexo sobre a criança.
As tensões entre o casal, morte, separação, divórcio, maus tratos, rejeição da gravidez,
tudo afeta a saúde emocional do bebê.
Uma terrível conseqüência das feridas através dos pais é que transferimos para Deus a
imagem dos relacionamentos terrenos, tornando-se difícil, portanto, um relacionamento
correto com o Pai celestial. Se houve um pai cruel, essa é a imagem que a criança
terminará transferindo para Deus. Se não houve a presença de um pai, se o pai a
abandonou, será difícil um relacionamento com Deus como Pai, mesmo na idade
adulta. Poderá até ver a Deus como Senhor, mas para vê-Lo como um Pai de amor, só
mediante uma cura dessas feridas passadas.
Temos uma boa notícia: você não tem que transferir para Deus a imagem dos seus
pais. O Espírito de Deus lhe dará verdadeira revelação do Pai e você poderá chegar
diante Dele e dizer: "Aba! Paizinho!" e terá um relacionamento restaurador de todo o
seu ser.
de levar a pessoa a desistir de seguir a Jesus. Se não consegue, fará tudo para
machucar.
Alguém está sendo poderosamente usado por Deus em alguma área de ministério, e
logo as investidas se fazem sentir, trazendo calúnia, crítica, rejeição através até de
colegas, amigos e colaboradores. Quando os golpes são bem sucedidos, o ministério
pode até ser destruído por mentiras e divisões.
Aí está a estratégia de Satanás: ferir, ferir, ferir. Ele aleija através da incompreensão,
falsa acusação, rejeição e medo. Mas existe uma posição em Deus em que nenhuma
das suas investidas terá mais poder de nos ferir e nos destruir. As setas poderão vir,
mas não faltará a água da Palavra para apagar esses dardos inflamados do maligno, e
nós não seremos abatidos, nem destruídos, nem espezinhados.
Diante de tudo isso poderá dizer: Como posso não ser atingido? Até Jesus sofreu
agonias da alma e disse: "Minha alma está abatida até a morte!" Sim, mas Ele levou
sobre Si todas as nossas feridas, para que não tenhamos que levá-las outra vez.
"Pelas Suas feridas somos sarados!".
As Feridas Prendem
O que as aceita, torna-se prisioneiro. Primeiro, prisioneiro da pessoa que o feriu. Se
você está magoado com alguém, tornou-se seu escravo. Você o carrega atrelado à sua
mente e sentimentos o tempo todo. Vai para a cama, dorme anda com ele, não se
aparta dele em momento algum, e por isso é atormentado por um companheiro
indesejado. Solte-o! Quando você o libera, a primeira pessoa a ser liberada é você
mesmo.
Uma terceira prisão é a incapacidade de amar e ser amado. Hoje, há muitos lares
destruídos porque duas pessoas feridas e magoadas partiram para o casamento e
nenhuma delas tinha capacidade de amar.
O pecado nem sempre é a ocasião ou motivo imediato pelo qual Satanás ocupa
um lugar na vida de uma pessoa. As feridas podem se transformar nessa ocasião,
caso sejam aceitas e alimentadas.
Jesus veio libertar aqueles que estão feridos. Ele veio libertar aqueles que estão
presos por dentro. As prisões espirituais são quebradas por princípios espirituais, logo,
a completa liberdade está em Jesus.
Como se alimenta uma ferida? Sempre que sua mente se detém em lembranças
desagradáveis, revivendo-as e valorizando-as ao extremo, você está abrindo o
caminho para que a ferida se degenere em amargura.
Note o que temos dito: Satanás nunca constrói nenhuma base em nenhuma área
da nossa vida, sem que primeiro conquiste para isto um direito legal. Ele vem me
ferir. Qual é o seu objetivo? Possuir-me. Compete a mim aplicar o perdão, a Palavra de
Deus e estar por cima da situação. Se eu recebo a ferida, e alimento a mágoa, vem a
amargura.
machucarem, seria mais fácil lidar com a situação. Os próprios pais, de quem não se
pode separar, e cuja memória é impossível de ser apagada, são os instrumentos mais
eficazes dessas feridas que provocam a amargura na alma.
Manifesta-se no que ela fala. A pessoa amargurada deixa extravasar em sua conversa
o que vai na alma. É por isso que ela se torna contagiosa, contaminando o ambiente
que lhe cerca.
Primeiro porque as pessoas se afastam, por não se sentirem bem. Se cada vez que a
pessoa fala, despeja um "rosário de amarguras" nos ouvidos dos que lhe cercam, estes
tenderão a evitá-la, e assim o amargurado traz sobre si um novo mal, o do isolamento,
pelo que sua dor se agrava ainda mais. O remédio não é buscar alguém em quem
descarregar nossas mágoas, mas ir a Jesus para sarar nossas feridas.
O amargurado também se isola, por medo de ser mais ferido. Quando alguém faz
declarações como: "Não confio em ninguém", "não creio em ninguém", "eu prefiro ter
um cachorro amigo do que um amigo cachorro," ele está refletindo as raízes de
amargura, que o levam a fechar-se em seu mundo. É uma forma de proteção. Há um
medo e desconfiança das pessoas.
Veja aqui a cadeia: a ferida traz a mágoa, a mágoa traz a amargura, a amargura
provoca o quebrar dos relacionamentos e os relacionamentos quebrados entre os
irmãos, traz cegueira espiritual. Não andar em comunhão é andar em trevas e isso tem
como conseqüência:
Em segundo lugar, essa cegueira vai impedir-nos de ver-nos a nós mesmos pelos
olhos da Palavra, ou como de fato somos. A pessoa em trevas torna-se o centro de sua
própria vida. Ela se vê apenas como injustiçada, coitadinha, machucada, desprezada,
enfim, uma vítima.
A cegueira impede-nos ainda de ver os outros como eles realmente são. Por pior
que alguém seja, há algo de bom nele. Conta-se uma lenda que Jesus certo dia
caminhava com seus discípulos e passaram por uma caveira de jumento, no fim da
decomposição do seu corpo. O mau cheiro era insuportável e os discípulos
reclamaram, tapando o nariz. Jesus, olhando para ela, disse: "Vejam que dentadura
tão bonita!"
A vida se torna egocêntrica. Gira em torno de si mesma. Os demais são excluídos. Isso
resulta numa indiferença para com as necessidades dos outros. Quem vive voltado
para dentro de si, revivendo suas mágoas e problemas, fica alheio ao que se passa ao
seu redor, em diferença total. E essa atitude egoísta chega até a provocar morte.
Você pode se sentir magoado com os outros, consigo mesmo e com Deus. Essa
mágoa o torna culpado e onde há culpa, há sintomas. Quais são eles?
Se você tem mágoa de Deus, os sintomas são: dúvida, incredulidade e rebelião. Você
duvidará da Palavra, não acreditará nela e, em última instância, terminará em rebelião
contra Deus.
Muitos cristãos estão sendo atormentados por causa da falta de perdão. A falta de
perdão dá ao inimigo uma reivindicação legal e ele entra a fim de oprimir e atormentar.
Pelo perdão, abrimos o caminho para Deus trazer à nossa alma a cura interior. Logo,
vamos tomar uma decisão de entrar no passado e perdoar todos quantos nos feriram, e
nos armar para que, da próxima vez, não guardemos mais o ressentimento;
liberaremos a pessoa antes que o diabo tome proveito daquela atitude, daquela
palavra, daquela circunstância, para nos destruir, e estaremos vivendo em vitória, pois
andar em perdão é andar em vitória.
Estamos lidando com uma conquista. Confesse em voz alta agora: "Eu vou me
levantar e reinar no meio dos meus adversários. Não permitirei que o Espírito da
amargura me domine. Eu tenho a autoridade do nome de Jesus e vou usá-la para
expulsar todo intruso e deixar que a Palavra de Deus entre e me purifique de toda a
contaminação desses intrusos na minha alma. E a partir daí vou encarnar a Palavra de
Deus até que as feridas do diabo não consigam mais entrar dentro de mim."
Há uma lei de semeadura e ceifa ensinada na Bíblia. Portanto, liberte e seja liberto.
Quando você liberta os que o ofenderam, o primeiro a experimentar libertação é você
mesmo. Vejamos o que Jesus diz sobre o assunto:
"Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados;
perdoai e sereis perdoados. Dai e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada,
sacudida e transbordando vos deitarão no regaço; porque com a mesma medida
com que medirdes, vos medirão a vós" (Lucas 6.37,38).
Muitas vezes o versículo trinta e oito é usado com referência a ofertas. Pode haver uma
aplicação aí, por causa da lei de semeadura e ceifa, mas o assunto primário aqui é
outro. Tem a ver com julgamento, com perdão, com misericórdia; tem a ver com "amai
os vossos inimigos", com "Orai pelos que vos perseguem." "Dai, dai". Dai o quê?
Dai misericórdia, dai perdão; "dai e ser-vos-á dado. Boa medida." De quê? De amor,
de perdão, de misericórdia. O que isto quer dizer? Que em troca você vai ser amado,
perdoado, o perdão, portanto, é a chave para a libertação da amargura.
Perdoar, portanto, é deixar livre, soltar, libertar, despedir, mandar embora, aquele que
nos feriu. É não levar em conta o mal causado; é não reter consigo a mágoa ou ferida;
é agir como se o incidente nunca houvesse acontecido.
Aquele que conserva a ferida é incapaz de viver no presente. Daí porque ele se fere
tanto, pois diante de cada atitude ele revela dificuldade em analisar a situação como de
fato ela é no momento. Ele encara o presente com os olhos do passado.
Muitas vezes alguém se revela ferido com um incidente e o suposto autor da ferida leva
um susto, pois não consegue conceber como a pessoa possa ter-se magoado com
aquilo. O problema não é o incidente no momento, e sim um coração amargo, que traz
o passado para o agora e isso cria sérios problemas nos relacionamentos do presente.
Quem se recusa a perdoar, não somente é prisioneiro do seu passado, como também
das pessoas do passado. Essa atitude, no reino do Espírito, pode conservar alguém
em seu pecado por falta de perdão. São tremendas as palavras de Jesus em João
2.22-23: "E havendo dito isto, assoprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o
Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, são lhes perdoados; e
aqueles a quem os retiverdes, são lhes retidos". Isto implica que o perdoado está
livre, mas a quem não se perdoa é conservado em prisão.
Muitas vezes os pais são responsáveis por esse tipo de atitude. Não concordam com o
casamento de um filho, ou uma profissão, e conservam-no retido em sua falta de
perdão. O filho é prejudicado. Isso também pode ocorrer até com a liderança de uma
Igreja, que retém um membro transgressor, e o diabo se aproveita para esbofetear
ainda mais aquela pessoa.
Por conservar o pecado de alguém, você se torna como ele. E aqui vai um princípio:
Perdoe, e se torne como Deus, que é perdoador; retenha o pecado e se torne
como o que feriu. Portanto, seja perdoador. Lembre-se: a falta de perdão não se
altera com o tempo. Quanto mais se demora a perdoar, tanto mais enraizada ficará a
amargura, que é alimentada pela ausência do perdão.
Trazendo a história para nossos dias, Ele fala de um servo que devia o equivalente ao
salário de sessenta milhões de dias de trabalho (dez mil talentos. Um talento valia seis
mil dias de trabalho, ou denários). Não tendo com que pagar, pediu misericórdia ao
credor. Este perdoou-lhe toda a dívida. Mas o servo encontrou-se com alguém que lhe
devia o equivalente ao salário de cem dias de trabalho, que, por sua vez, pediu-lhe
misericórdia, por não ter com que pagar. Ele não lhe deu ouvidos, lançando seu
conservo na prisão. O relato bíblico a partir daí declara:
O Senhor chama de "servo malvado" o que não perdoa e o seu fim é ser entregue aos
"verdugos", isto é, aos atormentadores. Quem são estes? Verdadeiros demônios. Deus
é um Deus de legalidade. Sua bênção só pode fluir livremente sobre um servo, quando
este anda de acordo com a Constituição do Reino. Se a desobediência ocorre, ele fica
fora da proteção divina e, em vez das bênçãos abundantes, vêm os atormentadores.
À luz da graça de Deus, qual deveria ser a nossa atitude para com os que nos
ofendem? A mesma de graça, perdão e misericórdia, que nosso Pai celeste expressa
no trato para conosco. Há uma força no perdão, que nos torna livres em Deus. Veja
que a oração de libertação, ensinada por Jesus, vem depois do perdão: "...e perdoa-
nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoados aos nossos
devedores; e não nos deixes entrar em tentação, mas livra-nos do mal" (Mateus
6.9-13).
Mateus 18.18 declara que o que ligamos na terra, é ligado no céu, e o que desligamos
na terra é desligado no céu. Isso implica em que minha atitude na terra tem influência
no reino do Espírito. Meu perdão a alguém abre o caminho não só para as bênçãos
fluírem sobre minha vida, mas também sobre a vida do ofensor.
Talvez você precise perdoar a si mesmo. Não importa quem seja o alvo da falta de
perdão, os efeitos são iguais. Você pode prender a si mesmo pela falta de perdão por
erro que você cometeu. Quantas vezes a mente é atormentada por causa de
acusações, pecados passados, transgressões!
Satanás muitas vezes lança mão de uma queda do passado para lhe esbofetear, mas
não importa qual tenha sido seu pecado; não importa o tamanho da sua transgressão,
Deus é maior do que ela e "onde abundou o pecado, superabundou a graça"
(Romanos 5.20). O perdão de Deus é uma tremenda provisão para você: "Se
confessarmos os nossos pecados Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados
e nos purificar de toda injustiça" (I João 1.9). E se Deus lhe perdoa, você também
vai se perdoar, porque não é maior do que Ele.
“De sorte que somos embaixadores por Cristo, como se Deus por nós vos
exortasse. Rogamos-vos, pois, por Cristo que vos reconcilieis com Deus. Aquele
que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos
feitos justiça de Deus" (II Coríntios 5.20,21).
Perdoado, agora você está em condições de perdoar aos outros. Já falamos muito
sobre o assunto, mas convém lembrar alguns princípios: Se o meu relacionamento com
o irmão não for edificado na base do perdão, Deus não aceitará minha oferta, meu
serviço a Ele. As palavras do Mestre são contundentes:
"Se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí lembrares de que teu irmão
tem alguma coisa contra ti, deixa ali a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com
teu irmão, e depois vem apresentar tua oferta" (Mateus 5.23,24). Por quê? Porque
se Deus aceita minha oferta, é sinal de que Ele aceita minha comunhão; se Ela aceita
minha comunhão, significa que eu estou andando na luz. Andar na luz é andar no
amor, mas, se estou com a comunhão quebrada com meu irmão, a Bíblia diz que eu
estou andando em trevas, logo, a minha oferta não será aceita por Deus.
Você decide perdoar. O sentimento virá depois. Não diga: "eu não sinto nada." Não é o
que você sente que determina sua ação, mas o que você decide, e quando você entra
em ação, o poder de Deus virá em sua assistência. Ao liberar a pessoa que o ofendeu,
Deus tirará a sua ferida e a cura cedo brotará.
Como está sua alma? Agora mesmo, o Espírito de Deus está com você, para ajudá-lo a
liberar o perdão. Tome, pois, uma decisão de perdoar todos os que no passado lhe
ofenderam; perdoe-se por ter-se deixado praticar o que você condena; aceite o perdão
de Deus em sua vida e se Ele já lhe deu o Seu perdão, você não é maior do que Deus,
para reter a culpa. Libere os outros e seja liberado.
Aplicação Prática
1. Faça uma lista dos relacionamentos do passado que foram ou são maus. Coloque
cada nome. Deixe que o Espírito Santo o dirija, trazendo à lembrança o que deve ser
lembrado.
3. Lide com cada relacionamento e libere a pessoa pelo perdão. Traga cada caso
diante de si e diante de Deus e, nominalmente, por uma deliberação da sua vontade,
perdoe a cada um.
4. Você poderá descobrir que nem sempre a culpa foi do outro, como você julgava, e
deverá pedir perdão àqueles a quem você ofendeu. Caso a pessoa já tenha morrido,
faça-o apenas diante de Deus.
5. Você precisa pedir perdão à pessoa pela sua atitude não perdoadora, caso ela tenha
conhecimento disso. Se sua atitude é desconhecida, não é sábio abordar o assunto
com a pessoa, pois ela pode não estar preparada feridas poderiam ser causadas.
Confesse a falta a Deus e mude de atitude. Lembrte-se: "Deus é amor" (I João 4.3).
A falta de amor provoca a rejeição. A rejeição é uma ferida profunda que pode destruir
a vida da pessoa. Naturalmente há graus de rejeição cujos efeitos são proporcionais.
Mas lembre-se que Jesus foi plenamente rejeitado. A grande rejeição de Jesus foi
transformada no caminho da nossa salvação. Aleluia!
Em Isaías 53.2,3 deparamo-nos com o quadro da rejeição sofrida por Jesus como
nosso substituto, para que, através de tudo quanto ela representou, fôssemos sarados.
A FONTE DA REJEIÇÃO
Antes do nascimento
Uma gravidez indesejada, por quaisquer que sejam os motivos: fruto de adultério,
relações antes do casamento, estupro dentro e fora do casamento, problemas
econômicos, enfermidade. Não importa o motivo, o fato da mãe não desejar a criança,
deixa nela as marcas de rejeição, mesmo que ela jamais tome conhecimento disso. O
estado psicológico da mãe se reflete na criança, antes mesmo de nascer.
No nascimento
Há muitas circunstâncias no nascimento que podem provocar a rejeição, como os
traumatismos de parto; uma falta de leito que força a mãe a se comprimir; uma
dificuldade que leva ao uso de aparelhos que machucam; um parto sem assistência; a
morte da mãe na hora do parto; a rejeição do pai da criança, etc. A ausência de amor
na hora do nascimento marca o bebê, que crescerá com raízes de rejeição.
Crianças adotadas
A criança gerada está ligada à mãe tanto pelo sangue quanto pelas emoções. Se ela é
entregue a outros, que não os verdadeiros pais, não importa o quanto seja amada, uma
marca fica em sua alma.
Pais preocupados
A criança precisa de atenção. Se os pais estão tão preocupados com tanta coisa, que
não tem paciência ou tempo para ela, está aí mais uma candidata a ser portadora das
raízes de rejeição.
Como é importante aos pais tudo fazerem para demonstrarem amor, compreensão e
dedicação a Deus e aos filhos, falando com eles, abraçando-os, beijando-os,
colocando-os no colo, dando-lhes atenção, tratando-os com respeito, com carinho e
com amor, pois assim fazendo, estarão contribuindo para formação de uma
personalidade mais sadia.
Se você já está descobrindo que foi vítima da rejeição, não se abata. Estamos
analisando o problema, para encontrar a saída. Deus está derramando
abundantemente do Seu amor sobre você, e amor de Deus é o remédio perfeito para
saída da rejeição.
Relacionamentos na escola
Fracassos
Fracasso na escola também pode causar rejeição. Uma criança que não consegue
praticar esporte como os demais, termina se isolando e sentindo-se rejeitada. Um
problema de memória ou mesmo de visão pode levá-la a um mau aproveitamento e
seu fracasso deixa marcas.
A Sociedade
Relacionamentos frustrados no geral também pode contribuir para infligir raízes de
rejeição. Os preconceitos raciais e de classe, por exemplo, podem deixar marcas nas
pessoas.
RESULTADOS DA REJEIÇÃO
Imaturidade Emocional
No momento da ferida, o crescimento emocional é interrompido. O mesmo ocorre com
a rejeição. Se o amor leva a um crescimento emocional adequado, a rejeição bloqueia
esse crescimento e a pessoa rejeitada permanece imatura. E ele convive com o
problema em todas as esferas do seu dia a dia. Não sabe agir com equilíbrio e bom
senso diante das situações da vida.
Aqui está a causa para muitos conflitos no casamento, e, vezes sem conta, sua
destruição: há um menino e uma menina que entram para um tipo de
relacionamento que exige maturidade. São adultos no físico, mas, porque levam um
quadro de rejeição, agem como crianças. As carências afetivas e a incapacidade de
lidar com as pressões e exigências normais da vida, logo virão à tona. Se cada um
espera ter do outro o que não lhe foi dado na infância, a dificuldade se agravará, pois
se cada um não pensar no que tem pra dar ao outro, em vez de no que o outro tem
para lhe dar, o ajustamento do casal se tornará muito difícil.
Uma menina que não teve o amor de pai, provavelmente buscará aquele no
casamento. Um menino que não teve o amor mãe, também poderá ser vítima do
mesmo engano. Contudo, nenhum marido poderá ser pai para a esposa, e nenhuma
mulher poderá ser mãe para seu marido. Os cuidados que uma criança indefesa exige
dos pais, não poderão ocorrer no casamento.
Um Amor "Aspirador"
Esse tipo de amor se caracteriza por uma excessiva dependência emocional, que leva
a pessoa a tentar sugar do outro toda a atenção e amor, sem, contudo, nunca se
satisfazer, pois essa é uma atitude doentia. Ninguém consegue preencher tal tipo de
amor. Nem a família, nem os amigos.
O marido, por sua vez, tem o mesmo problema: quer encontra a mãe na esposa. Que
ela cuide dele como uma mãe cuida do seu bebê. E como ela não lhe traz a
"mamadeira", o conflito se instala. São duas crianças. E, não raro, tem início a guerra
do silêncio, das palavras monossilábicas, da cara feia, o jogo das lágrimas, das
agressões, exigências e cobranças.
Outro sintoma é uma atitude adoradora. O centro de sua vida gera em torno daquele
de quem a pessoa emocionalmente imatura busca extrair o amor.
A vítima do "amor aspirador" pode facilmente odiar aquele de quem ela não
conseguiu receber o que queria. Ela é escrava de seus próprios sentimentos. Se
alguém se tornou vítima de tal coisa, o caminho não é a busca de preencher um vazio
impreenchível, mas receber cura para essa terrível doença da alma.
Alvos e coisas não podem preencher o vazio. Atrás de uma busca exagerada de
coisas, pode bem se esconder uma raiz de rejeição. A pessoa está procurando
preencher uma falta que nem sempre sabe do quê. Ela se atira à busca de
possessões. Ela pode ainda partir para o intelectualismo. Isso poderá atrair a atenção
das pessoas. Enfim, coisas, coisas, coisas. Mas seu mundo interior continua carente,
pois coisa nenhuma neste mundo satisfará uma alma rejeitada, até que se encontre
com Deus e descubra Nele o verdadeiro amor e seja restaurada no mais profundo do
seu ser.
Poderíamos concluir de tudo isso que uma dedicação extrema bem pode indicar um
vazio interior. Isso leva a pessoa a ser totalmente egocêntrica. Seu vazio pode ainda
levá-la a busca do prazer, da auto-gratificação, onde puder encontrá-la. Muitos se
entregam ao sexo, à lascívia, à perversão sexual, ao dinheiro, à fama, tudo a busca de
uma satisfação da alma, que nunca acontece.
Solidão e Medo
A manifestação do sintoma em pauta pode variar de uma atitude interior a uma exterior:
Interiormente, cheio de insegurança, solidão, temores, auto-compaixão. Pode até
parecer despercebido à maioria dos que o rodeiam, mas lá por dentro há um mundo de
desestrutura e sofrimento, que se manifestará nos relacionamentos mais próximos.
Exteriormente, isola-se dos demais ou se torna competidor. Tudo porque ele está
dominado pelo medo da rejeição.
Auto-Rejeição
A auto-rejeição pode ainda provocar o criticismo. Este, na maioria dos casos, pode ter
duas manifestações: a autocrítica doentia, em que a recriminação está presente, e a
crítica aos outros, em forma de julgamento e condenação. A solução, portanto, não se
encontra no mundo exterior, porém em Deus mesmo e Sua Palavra que, pelo poder do
Espírito Santo, mudará a imagem interior.
Deus ama você exatamente como você é, não importa sua estatura, seu peso, sua cor,
sua cultura, seus traços físicos, suas rejeições. Você é único para Ele; por você Ele
deu Jesus a fim de pagar o preço da sua redenção e mais completa libertação. Deus
precisa de você sarado, com uma personalidade bela, refletindo a glória de Jesus.
O homem foi feito à imagem de Deus. Ninguém na terra jamais viu o Pai, mas Jesus
veio como homem e nos revelou como um filho de Deus deve ser. A boa notícia é que
Ele providenciou tudo quanto é necessário para descobrirmos nossa identidade Nele e
crescermos em Sua semelhança.
A rejeição mina a fé. Um relacionamento instável com Deus, pode bem revelar um
problema de rejeição.
Convém relembrar que perdoamos por um ato da vontade. Quando dizemos: "Quero
perdoar, e vou perdoar," o Espírito Santo, com todo o Seu poder, já estará ali para nos
assistir. Por essa razão, em vez de você dizer "não posso perdoar," vai dizer: "Eu
posso, em Cristo que me fortalece" (Filipenses 4.13).
E agora, com o amor do Pai, libere o perdão àqueles que o feriram. Foi Satanás quem
tentou destruí-lo. As feridas e as rejeições que lhe vieram, foi ele quem tentou lhe
infligir. Portanto libere o amor e o perdão de Deus a todos quantos o rejeitaram e
feriram. É importante que você cite cada nome que o Espírito traz à sua lembrança,
diante de Deus. Coragem! O Pai está com você nesse ato de obediência à Sua
Palavra. Ore e libere perdão, citando as pessoas, nome por nome.
Um dos nomes mais lindos de Jesus é: Emanuel, que quer dizer, "Deus conosco". Que
expressão de amor, de compreensão da parte de Deus! Deus conosco não indica
apenas Sua presença no mundo dos homens, mas presente em nossas dores, lutas e
desesperos. Identificação!
Se você acha que tem sido rejeitado, Jesus experimentou essa dor num grau
indescritível. No Jardim do Getsêmani, Ele disse: "A minha alma está profundamente
triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo" (Mateus 26.38 - SBB). Em meio às
terríveis angústias da alma, tão intensas que o levaram a transpirar sangue, quis a
companhia dos discípulos, mas estes dormiram na sua indiferença à dor do Mestre.
Você e eu éramos o motivo de tal sofrimento; aquele era o preço da nossa cura.
Jesus "nos dias da Sua carne, tendo oferecido, com grande clamor e lágrimas,
orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa
da Sua reverência, ainda que era Filho, aprendeu a obediência por meio daquilo
que sofreu" (Hebreus 5.7,8). Abriu a Sua boca e chorou em alta voz, diante dos
portais da morte, nossa morte, o preço da nossa redenção.
"Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que estás afastado de me
auxiliar, e das palavras do meu bramido? Deus meu, eu clamo de dia, porém Tu
não me ouves; também de noite, mas não acho sossego...
Mas eu sou verme, e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo.
Todos os que me vêem zombam de mim, arreganham os beiços e meneiam a
cabeça, dizendo: Confiou no Senhor; que O livre; que Ele O salve, pois que Nele
tem prazer..." (Salmo 22.1-3,7,8).
O que lhe resta agora? Libertar sobre Jesus toda a rejeição da sua vida. Você não
precisa mais carregá-la, pois o Senhor da Glória já a levou sobre Si e venceu. Faça
agora uma troca. Entregue-Lhe a rejeição que o atormenta e receba, em troca, Seu
amor inaudito e Sua paz sem fim.
Amor que dá o melhor para resgatar o ser amado: "Porque Deus amou o mundo
(você) de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" ( João 3.16). Jesus veio ao mundo
por causa de você. Ele é a maior dádiva do Pai em sua vida. Ele faz a diferença.
Amor que suporta o tempo e a prova. "Sabendo Jesus que era chegada a Sua
hora de passar deste mundo para o Pai, e havendo amado os seus que estavam
no mundo, amou-os até o fim" (João 13.1). Você é um discípulo de Jesus? Nada
diminuirá Seu amor por aquele que é Sua possessão.
Amor sem igual. "Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida
pelos seus amigos" (João 15.13). E olhe que Ele entregou por você Sua vida na
infame cruz. Não o fazia por alguém santo, que O amava e o servia. "Mas Deus dá
prova do Seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores,
Cristo morreu por nós" (Romanos 5.8).
Amor que conquista. Jesus não se dá por satisfeito enquanto não o vir totalmente
liberto das marcas de Satanás, e em glória com Ele, tudo por causa do Seu imenso
amor. "Cristo amou a Igreja, e a Si mesmo se entregou por ela, a fim de a
santificar, tendo-a purificado com a lavagem da água, pela Palavra, para
apresentá-la a Si mesmo Igreja gloriosa, sem ruga, nem qualquer coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível" (Efésios 5.25b-27). Você é parte dessa
Igreja e alvo desse amor.
Amor que toma a iniciativa. Você nem sequer teria condições de iniciar uma busca.
Por isso Deus tomou a iniciativa em lhe procurar. "Nisto está o amor: não em que
tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou a nós, e enviou Seu Filho
como propiciação pelos nossos pecados. Nós amamos, porque Ele nos amou
primeiro" (I João 4.10,19). Seu relacionamento com Ele depende apenas de uma
resposta. Ele fez tudo, você só precisa aceitar esse amor com tudo o que ele envolve.
Mesmo assim, o amor de Deus nos encontra para nos arrancar da lama, purificar,
redimir, sarar, restaurar e, acima de tudo, elevar-nos à gloriosa posição de filhos.
"Vede que grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de
Deus; e nós o somos. Por isso o mundo não nos conhece; porque não conheceu a
Deus. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos
de ser. Mas sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele;
porque assim como é, O veremos" (I João 3.1,2).
Deus olha para você agora com aquele coração de Pai que só Ele pode ter, e com
aquele amor extravagante que só Ele conhece, e diz: "Foste precioso(a) aos meus
olhos, e és digno(a) de honra e eu te amo. Atraí-te com cordas humana, com laços de
amor, pois que com amor eterno te amei e com benignidade te atraí. Eis que nas
palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente diante de Mim.
Pode uma mulher esquecer-se do seu filho de peito, de maneira que não se
compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia,
não me esquecerei de ti. Quando teu pai e tua mãe te rejeitarem, Eu o Senhor, te
recolherei. Meu amor por ti não é menor do que o amor que tenho pelo meu Filho
Jesus. Não temas, porque eu sou contigo. De maneira alguma te deixarei, nem te
desampararei. Eu estarei contigo todos os dias da tua vida e, por fim, te conduzirei à
glória. Embriaga-te, portanto, no meu amor e ele te será cura, libertação, gozo, vitória
e paz.
(Isaías 43.4; Oséias11.4; Jeremias 31.3; Isaías 49.15,16; Salmo 27.10;
João17.3; Hebreus13.5; Mateus 28.20; João14.2,3).
É verdade que o pecado maculou a imagem de Deus no homem. Mas Jesus assumiu a
forma humana e era na terra a verdadeira imagem do Pai, "o resplendor da Sua glória
e a expressa imagem do Seu ser (Hebreus 1.3; Colossenses 1.15). Hoje o propósito de
Deus, em Cristo, é restaurar essa imagem no homem, para que ele encontre sua real
identidade de filho de Deus, com tudo o que isso representa (Romanos 8.29). Paulo vai
além expressando-se sobre o assunto:
"E todos nós, com rostos descobertos, (porque nós) continuamos a completar
(na Palavra de Deus) como em um espelho a glória do Senhor, estamos sendo
constantemente transfigurados na Sua verdadeira imagem num sempre
crescente esplendor e de um degrau de glória a outro; (pois isto vem) do Senhor
(que) é o Espírito" (II Coríntios 3.18 - V. amplificada).
Você é "feitura Sua". Em outras palavras, Deus o criou em Cristo. Paulo declara:
"Porque somos feitura Sua, criadas em Cristo Jesus para as obras, as quais
Deus antes preparou para que andássemos nelas" (Efésios 2.10). Quando você
nasceu de novo, sofreu uma profunda operação do Espírito Santo e da Palavra de
Deus, pela qual o domínio do pecado e a reivindicação que Satanás tinha sobre sua
vida, foram quebrados.
Você é uma nova criação. NO momento em que você passa pela experiência de
conversão a Deus, há uma tremenda obra do Espírito Santo em seu homem interior,
que Jesus chama de novo nascimento. É como se o passado não mais contasse e
houvesse um recomeço. A Palavra é clara ao dizer: "Pelo que, se alguém está em
Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo"
(II Coríntios 5.17).
Quando você começa a aceitar sua nova identidade em Cristo, mudará a auto-imagem.
Deixará de se ver pelos olhos de seus próprios fracassos, e começará a ter a visão do
que Deus quer fazer em sua vida. Saiba que Deus não está impressionado com o que
você possa ser ou parecer ser agora.
Um dos modos para encontrar sua nova identidade, é estudar as Epístolas da Bíblia e
apropriar-se de todos os versículos que falam do que o crente é e deve ser em Cristo.
Tome posse do que a Palavra diz que é seu. Faça, em Cristo, o que a Palavra diz que
você pode fazer, e você estará dizendo "adeus para sempre" às raízes de rejeição, pois
terá a consciência de que é amado e aceito por Deus.
Aceite a Si Mesmo
Entre agora no seu passado. Você não veio ao mundo pela escolha do homem. Você
veio ao mundo pela escolha de Deus. Antes que seus pais nascessem, Ele já lhe havia
chamado pelo nome. O Senhor esteve presente na sua gestação. Ele não o rejeitou.
Ele ama você. Quando você nasceu, Ele estava ali e comissionou um anjo para lhe
acompanhar. Ao longo dos anos da infância, da adolescência, da juventude, da
maturidade ou da velhice, Ele tem estado presente.
Receba agora assistência do Espírito Santo Consolador. Talvez você nunca tenha
conversado com Ele. Tem sido um companheiro esquecido, ignorado. No entanto você
é filho de Deus e Ele habita e seu coração. "Não discernis e entendeis que vós (toda
a Igreja de Corinto) sois o templo de Deus (Seu santuário), e que o Espírito de
Deus tem Sua habitação permanente em vós (para estar em cada, coletivamente e
como uma Igreja e também individualmente)?" (I Coríntios 3.16).
Portanto, você não está só; o doce Espírito Santo está ao seu lado. Fale com Ele
agora:
Ajudador amigo, as tarefas às vezes me parecem difíceis, mais olho agora para
Ti, em busca de ajuda. Advogado divino, que maravilha saber que defendes
minha causa, como se ela fosse Tua! Não consigo compreender tão grande amor,
mas meu coração aceita a dádiva do Pai. Eu te amo, Espírito de Deus, querido
Pai, eu me sinto confortável em Tua presença, com a consciência de que sou teu
filho amado, aceito por Ti. Coloco-me despido diante de Ti, com o coração
escancarado. Deixo de lado toda resistência; tiro as máscaras. Nada posso
esconder de Ti; tudo é patente aos Teus olhos. Pela operação do Teu Espírito,
revela-me as causas dos problemas que me atormentam. Reconheço que queres
realizar Tua obra completa dentro de mim, e me submeto a Ti sem reservas. Tens
liberdade em mim. Quero seguir-Te até que minha personalidade inteira seja
inundada pela Tua presença e a imagem de Jesus vá se refletindo em meu
caráter, e eu seja absorvido pela glória do Cordeiro.
1. Deus quer que nós nos levantemos e reinemos no meio dos nossos adversários;
3. A terra é nossa. Em outras palavras, tudo quanto Cristo comprou na cruz do Calvário
é nosso, por direito de Redenção;
6. Conquistar a terra pelo lado de fora é deixar que os demônios permaneçam longe do
nosso território;
11. Alimentar a mente com lembranças desagradáveis do passado é porta aberta para
a mágoa e amargura. Isso infecciona a ferida;
12. O tratamento de uma ferida infeccionada exige a limpeza dos elementos estranhos,
isto é, libertação, mediante a expulsão dos intrusos: ódio, mágoa, ressentimento e
afins;
14. A rejeição é uma forma de ferida de Satanás, que nega as necessidades básicas
da vida humana: amor, compreensão e dedicação a Deus;
16. Deus tudo proveu para uma vida livre, cheia do Seu amor, perdão e graça. Jesus é
a provisão de Deus para nós;
17. O propósito de Deus para Seu filho é que ele cresça de tal modo a alcançar a
estatura de Jesus Cristo, conformando-se à Sua semelhança. Para isto Ele investe em
cada um individualmente.
O nosso Pai tem um grande cuidado com você e comigo! A Palavra diz mais: "Pai de
órfãos e juiz de viúvas é Deus em Sua santa morada. Deus faz que o solitário viva
em família; liberta os presos e os faz prosperar" (Salmo 68.23,24).
Você bem pode dizer: "Nunca estou só. Nunca enfrento nada sozinho. Aquele que me
ama muito e fez um registro dos meus dias está sempre comigo. Nunca me deixará,
nem me abandonará. Ainda que meu pai, minha mãe ou cônjuge, ou amigos me
abandonarem o Senhor me recolherá. Ainda que uma mãe se esqueça do seu filho, o
Senhor não me esquecerá."
A cura interior visa, em primeiro lugar, quebrar as correntes que prendem a alma.
Em segundo lugar, Ele vai acabar com as feridas da escravidão que Satanás
trouxe ao Seu povo.
Em terceiro lugar, Ele vai quebrar o poder dos que maltratam o seu povo, o cetro do
opressor. Tudo porque nos ama, tem interesse em nós. Deus quer sarar o Seu povo.
Se Satanás veio ferir, Deus vai sarar. Cura faz parte do ministério de Jesus. Não
somente cura espiritual e física, mas também a emocional, como diz a Palavra:
"O Espírito do Senhor Deus está sobre Mim, porque o Senhor Me escolheu para
levar as boas notícias da salvação aos desanimados e aflitos. Ele me mandou
consolar os que têm o coração partido, anunciar liberdade aos presos e dar vista
aos cegos... Ele me mandou consolar os que estão chorando e dar a todos os
que estão de luto em Israel, uma bela coroa em vez de cinzas sobre a cabeças,
perfume de alegria em vez de lágrimas de tristeza no rosto, roupas de festa e
louvor em vez de um Espírito triste e abatido. Porque o Senhor vai plantar esse
povo; eles serão fortes e belos como carvalhos, e darão glória a Ele" (Isaías
61.1,2b,3 - A Bíblia Viva).
A principal chave para a cura interior é lidar com o passado na presença do Senhor: A
libertação do passado, com todas as suas tortuosidades, é imprescindível à cura.
"...esquecendo-nos das coisas que para trás ficam, e avançando para as que
estão adiante” (Filipenses 3.13).
Quando liberamos o passado, ele não mais tem força de nos oprimir no presente e não
será embaraço para o futuro. E glória a Deus, porque temos recursos para entrar em
nosso passado e alcançar vitória para que ele não me afete no presente, e eu possa
andar na mais completa novidade de vida, diante de Deus e dos irmãos.
Convém ainda lembrar que esse passado não vai apenas até o nosso nascimento, mas
até a terceira e quarta geração. As maldições de família que nos afetaram também
poderão ser quebradas pelo poder de Jesus Cristo, que nos resgatou de todas elas,
fazendo-se maldição em nosso lugar e nos garantindo libertação.
"E a paz de Deus que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações
e as vossos pensamentos em Cristo Jesus" (Fl.4:7). "Tu conservarás em perfeita
paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque ele confia em Ti" (Isaías 26.3).
Jesus é o Príncipe da Paz. Onde há um toque da Sua mão, a paz se faz sentir. A paz é
um estado de Espírito, que não se abala mesmo quando os ventos são contrários. Ela
é liberada em nosso homem interior pelo Espírito de Deus.
Quando a alma está sarada, a guerra pode nos cercar, mas nós estamos em paz.
Alguém se levanta contra nós, estamos em paz. No meio do perigo, tranqüilos; há uma
dívida a ser paga, estamos serenos; há uma crise na vida, estamos calmos. Ele diz:
"Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; Eu não vo-la dou como o mundo a dá.
Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize" (João 14.27).
Localize Os Problemas
Distinga entre a superfície e a raiz dos problemas. Geralmente o que vemos é o
incidente do momento. Acontece que este não é de fato o problema, mas um sintoma.
Se apenas a questão em pauta for tratada, não há solução permanente, pois aquele
conflito é somente uma manifestação do que foi construído no mundo interior.
Limpe a Ferida
Amarre e expulse os elementos estranhos que entraram na ferida, infeccionando-a.
Isso é feito no uso da autoridade do Senhor Jesus. Você pode resistir aos inimigos que
se instalam na alma. Abra a boca e ordene a cada um que se retire. Enfrente-os com
firmeza, sabendo que quando resistimos o diabo ele vai fugir de nós (Tiago 4.7).
Libere o Passado
Através do perdão, como já foi amplamente estudado. Caminhe com Jesus no seu
passado, e deixe que Ele sare cada memória desagradável, com o auxílio do Espírito
Santo.
Torne-se como uma criança diante de Deus. Aquiete-se na Sua presença com
humildade, confiança e simplicidade, como uma criança o faria nos braços de sua mãe,
e deixe que Ele aplique o bálsamo sarador onde este se faz necessário (Mateus 18.3).
Deixe alguém orar com você (Mateus 18.19). Há um poder na oração de concordância.
Um conselheiro, algum crente amadurecido pode ajudá-lo. Isso não quer dizer que
você não possa orar sozinho. O Espírito de Deus está presente. Mas se o problema
tem se agravado muito e você tem se sentido incapaz de sozinho alcançar vitória,
busque ajuda.
PRECAUÇÃO
1. Cura interior não é cavar todo o lixo do passado. O que já foi vencido não deve ser
desenterrado;
2. Não se envolva em introspecção. Lide apenas com aquilo que você lembra e o com
aquilo que o Espírito Santo traz à tona. A introspecção pode tornar-se doentia. Quando
alguém se coloca diante de Deus e roga: "Sonda-me, ó Deus," Ele o fará. As coisas
que Ele apontar devem ser tratadas;
4. Não sistematize a obra do Espírito. Cada pessoa tem uma experiência diferente e o
modo do Espírito Santo lidar com cada uma delas, pode ser diferente;
5. A fé da pessoa deve ser fortalecida para enfrentar a realidade de uma memória que
dói. Não empurre; não pressione. A submissão ao Espírito e obediência à Palavra são
a parte do homem. A cura vem de Deus.
ADVERTÊNCIAS
1. Haverá batalha espiritual. Aquele que dominou por tanto tempo uma área, não sairá
sem resistência. Resista até o fim e a vitória será sua. E não se esqueça que as
batalhas precedem a vitória. Depois de cada uma delas você estará qualificado para
níveis mais elevados de confronto. Portanto, não se assuste (I Pedro 5.9; Filipenses
4.13; João 8.36);
2. Cura interior é um processo. Não é algo que acontece instantaneamente uma única
vez. É um processo de reprogramação de todo o modo de viver e encarar as situações
da vida. E hoje uma área pode ser exposta e tratada, mas mais tarde a obra naquela
mesma área será aprofundada. Deus, na Sua sabedoria, não traz tudo à tona de uma
vez;
3. Lembre-se que é uma cirurgia. Depois dela você precisa de repouso. Descobrir
raízes na alma, áreas sob controle inimigo e lidar com elas, deixa uma necessidade de
repouso e recuperação. Descanse em Deus. Um tempo de sossego onde você possa
comungar com o Pai em calma e descanso, será um grande bem.
4. Deus já fez a Sua parte para o curar; o irmão fez a sua, ministrando-lhe. Agora você
tem que fazer a sua parte. Se você não agir e fizer a parte que lhe compete, conforme
o ensino da Bíblia, nada acontecerá.
5. Não se esqueça de que Deus ama você. A contínua consciência desse fato ajudará
no processo de cura e restauração, ao longo da vida.
"Ó Senhor, deveras sou teu servo; sou teu servo, filho da tua serva; soltaste as
minhas cadeias" (Salmo 116.16).
RAÍZES DE REBELIÃO
Deus criou o homem conforme Sua imagem. O propósito divino era relacionar-se com o
homem. Através da transgressão, a rebeldia se tornou parte da própria natureza do
homem e a comunhão com o Criador foi quebrada. O homem sem esse relacionamento
fica quebrado, perdido, desestruturado, vivendo em solidão e egoísmo.
Graus De Rebelião
Essas áreas devem ser tratadas para se chegar às raízes de rebelião. Humanismo é a
recusa do homem de se submeter à autoridade de Deus.
A rejeição torna a pessoa voltada para dentro de si, introspectiva. Isso produz abertura
para a solidão, timidez, acanhamento, auto-compaixão, fantasia, lascívia, insegurança,
auto-imagem negativa, auto-rejeição, auto-ódio, medo de rejeição, inveja, ciúme,
depressão e suicídio.
A rebelião torna a pessoa voltada para fora, exteriorizando suas reações como o ódio,
violência, assassínio, amargura, falta de perdão, Espírito controlador, possessivo,
vontade própria, fechado ao ensino, orgulho, auto-ilusão, engano, perversão.
RAÍZES DE ORGULHO
"E tu mesmo dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de
Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas
extremidades do norte; subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante
ao Altíssimo" (Isaías 14.13,14).
A "última palavra" de Deus sobre Satanás ainda é aplicável a todo aquele que se
exalta, seguindo o Espírito de Satanás.
"A queda de Satanás foi ocasionada por duas coisas: orgulho que o levou a presumir
que suplantaria o governo de Deus com o seu próprio, e vontade própria, que buscava
independência do Altíssimo" (Spirit Filled Bible).
O mundo opera num princípio de orgulho (I João 2.15-16). A raiz de todo o pecado e
mal é o orgulho. Enquanto o orgulho tem sua raiz no espírito deste século, a humildade
é a essência de Jesus Cristo. O orgulho deve ser trocado pela humildade.
Um Espírito muito crítico. Falta de perdão. Justiça própria e orgulho religioso. Pobre
relacionamento com Deus. Transmissão da rejeição aos filhos. A criança nunca se
sentirá aceita a não ser na base da realização.
Para o perfeccionista a Deus de Deus é recebida na base de obras. Ele terá uma vida
cheia de obras, mas na realidade sem relacionamento com Deus.
Resultados da competição:
O orgulho é uma raiz que nunca pode ser satisfeita. Uma luta constante com Deus traz
ao homem um Espírito de competição que o impedirá de cumprir seu chamado e
verdadeiro papel no mundo.
A Falta De Perdão
Nota: O orgulho impede a pessoa de perdoar a si mesma, por ter quebrado a auto-
imagem que o orgulho construiu.
Cegueira e engano: Ela falha em ver-se como realmente é. Falha em ver outros como
eles realmente são.
A Descrença
PARTE DOIS
ANDANDO NO ESPÍRITO
ALIMENTANDO-SE
CORRETAMENTE NO
ESPÍRITO
A primeira coisa que uma criança recém-nascida aprende a fazer é alimentar-se. Logo
ao nascer, a criança já sabe para onde deve voltar-se a fim de se alimentar. O mesmo
se dá conosco no novo nascimento. Já nas primeiras horas o nosso espírito sabe que é
voltando-se para dentro que poderá alimentar-se. Ocorre que o diabo, o ensino
religioso e exterior além de nossa própria tendência material, nos fazem voltar para
fora.
Muitos cristãos não sabem relacionar-se com Deus e nem alimentar-se no seu espírito
em função de desconhecerem os princípios divinos a respeito. Como alimentar-se? De
que modo prático isso pode acontecer? Quando? Com quem? Onde? Por quê? Estas
perguntas são respondidas nos artigos que se seguem.
Todo homem é espírito, alma e corpo. A concepção geral das pessoas é a de que o
homem é apenas corpo e alma. Todavia, é importante ressaltarmos que o homem é um
ser triúno: corpo, alma e espírito. Em I Tessalonicenses 5.23 lemos: ''O mesmo Deus
da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo, sejam conservados
íntegros e irrepreensíveis na vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo''.
Espírito e alma não são a mesma coisa. Caso fossem a mesma coisa, qual a
necessidade de separá-los? Pois em Hebreus 4.12, Paulo nos diz que a Palavra de
Deus é viva e eficaz e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito. Alma e espírito,
portanto, não são uma mesma coisa.
porque lhe são loucura, e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente''.
Esse é o centro da vida cristã: Deus habita em nós na pessoa do Espírito Santo,
nos moldando e nos guiando em toda verdade. Isso não pode ser mera doutrina, tem
de ser revelação em nosso espírito. Esse é o ápice da revelação de Deus, que Cristo
Jesus habita em nós sendo a nossa própria vida. A vida cristã consiste em duas
substituições: a primeira na Cruz, onde ele morreu em nosso lugar, e a outra no nosso
dia a dia, onde ele vive a vida cristã por nós. Tudo é feito por sua graça: a salvação e a
santificação .
Em sexto lugar, a Palavra de Deus diz que somos seres espirituais. Eu sou um ser
espiritual, eu sou da natureza de Deus, fui feito à sua imagem e semelhança (Salmo
82.6). Não devemos pensar que somos o nosso corpo. Nós somos espírito. E é por
isso que nós somos aptos para ter comunhão com Ele, para ouvir e falar com Ele.
Em I Coríntios 14.14, Paulo diz: ''Se eu orar em outra língua, então meu espírito ora...''
Veja a forma como ele diz: ''se eu orar... então meu espírito ora'' veja que o ''EU'' e o
''espírito'' são a mesma coisa, mostrando que Paulo se via como um ser espiritual.
Nós somos um ser triúno. A divisão que ora fazemos é apenas visando facilitar a
aprendizagem. Eu sou apenas um homem e não três. Espírito, alma e corpo são partes
de um único ser: o homem. Entretanto, o nosso corpo será glorificado, pois o corpo que
hoje possuímos é apenas a casa onde moramos nessa terra. Paulo nos diz em II
Coríntios 5:1-2 que o corpo é apenas a nossa casa terrestre.
Em sétimo e último lugar, somos exortados a orar sem cessar no espírito (Efésios
6.18, I Coríntios 15.15). Existe um tipo de oração que é feito no nível do espírito. Como
poderei fazer esse tipo de oração, se eu nem mesmo sei que possuo um espírito? A
adoração é no espírito, mas a oração também o é.
Toda a nossa vida cristã consiste em aprendermos a exercitar o nosso espírito humano
recriado para contactar o Senhor e sermos por ele guiados. Tudo o que nós
necessitamos para alcançarmos uma vida cristã plena e frutífera já nos foi dado pelo
Espírito Santo que habita em nós.
Revelação não é descobrir algo que ninguém nunca tenha visto antes, pelo
contrário, não existe nada novo, tudo já está escrito. Quando a luz de Deus brilha
no nosso espírito então há revelação. Se desejamos obter revelação de Deus e de
sua Palavra, precisamos aprender a perceber o nosso espírito.
Por todo o Novo Testamento, nós podemos ver que a maior preocupação de Paulo era
a de que os crentes tivessem revelação de Deus. Se observarmos atentamente as
orações de Paulo, mencionadas nas epístolas, constataremos que o seu alvo de
oração era único: revelação. Paulo não orava pelo crescimento da Igreja. Paulo não
orava por novos líderes nem por algo semelhante. Como seria mudada a nossa prática
de igreja se tomássemos como nossas as orações de Paulo? Simplesmente porque
Filipenses 1:9: ''E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais
em pleno conhecimento e toda a percepção...''.
Se observamos todas estas orações, veremos que o tema é único: revelação. Muitos
crentes vivem só como homens naturais, não podem discernir as coisas do espírito,
pois não sabem usar os seus próprios espíritos para discernir a verdade de Deus.
O Espírito Santo habita em nós, ele fala conosco. O Senhor Jesus, em João 16.13
promete: ''Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a
verdade...'' Como o Espírito nos guia a toda a verdade? Falando conosco através de
nosso espírito recriado. Se não temos ouvido a sua voz, é porque o rádio está mal
sintonizado. O Senhor sempre está falando, nós é que não o ouvimos.
O nosso espírito, muitas vezes, é chamado de “coração” na Bíblia (parece que os dois
termos são intercambiáveis). Em Romanos 2.28-29, lemos: “Porque não é judeu quem
o é exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele
que o é interiormente, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não segundo a
letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus”. Podemos perceber Paulo
explicando que o coração é o espírito, ou pelo menos é o meio pelo qual ele pode ser
percebido.
1. AS FUNÇÕES DA ALMA
A Palavra de Deus nos mostra clara e inequivocamente, que a alma humana é
composta por três partes: a mente, a vontade e a emoção. A alma é a sede da nossa
personalidade, é o nosso ''EU''. É por esse motivo que, em muitos lugares, a Palavra
de Deus chama o homem de ''alma''. As principais características do homem estão na
sua alma, tais como ideais, pensamentos, amor, etc. O que constitui a personalidade
do homem são as três faculdades: mente, vontade e emoções.
A Função Da Vontade
''Disponha agora o vosso coração e a vossa alma para buscardes o Senhor Deus'' (I
Crônicas 22.19). Buscar é uma função da vontade, e a vontade está na alma. Em Jó
6.7, lemos: ''Aquilo que minha alma recusava em tocar... ''. Recusar é uma função da
vontade. ''Pelo que a minha alma escolheria, antes, ser estrangulada... '' (Jó 7.17).
Escolher também é uma função da vontade.
A Função Da Mente
Provérbios 2.10, 19.2 e 24.14, sugerem que a alma necessita de conhecimento. O
conhecimento é uma função da mente, logo, a mente é uma função da alma.
''As suas obras são admiráveis e a minha alma o sabe muito bem''. Salmo 139.14.
Saber é uma função da mente, e, portanto, também da alma. Lamentações 3.20 diz
que a alma pode se lembrar e sabemos que a lembrança é função da mente. Por isso
podemos afirmar que a mente é uma função da nossa alma.
A mente é a função mais importante da alma. Se a nossa mente for obscurecida, nunca
poderemos chegar ao pleno conhecimento da verdade. A nossa mente renovada, para
poder experimentar e entender a vontade de Deus, que é revelada em nosso espírito.
A Função da Emoção
Em I Samuel 18.1, Cantares 1.7 e Salmo 42.1 percebemos que o amor é alguma coisa
que surge em nossa alma. Provando, portanto, que dentro da alma existe uma função
como a emoção.
Quanto ao ódio, podemos ver em II Samuel 5.8, Ezequiel 36.5 e Salmo 117.18
expressões tais como: menosprezo, aborrecimento e desprezo. Estas são expressões
de ódio e, em todas elas vemos que procedem da alma. A alma, portanto, tem a função
de ter emoções, tais como o ódio.
Toda a fundamentação apresentada nos prova que alma tem três funções: a mente, a
vontade e a emoção. E percebemos também que o espírito do homem tem também
três funções ou partes distintas: a consciência, a comunhão e a intuição.
O carnal é aquele que sinceramente tenta fazer a vontade de Deus e conhecer a sua
vontade, todavia, ele o faz exercitando a alma.
Nesse sentido, os cristãos que vivem segundo o padrão da alma tendem a seguir
aquela função da alma que lhes é mais peculiar. Por exemplo, pessoas mais emotivas
tendem a usar as emoções como critério de vida espiritual. Se sentem calafrios e fortes
emoções, conseguem fazer a obra de Deus, mas, se estas emoções se vão, também
seu ânimo se esvai. Há outros, porém, que recusam esta emotividade da alma e
andam segundo o padrão da mente. Estes chegam mesmo a criticar os emotivos como
sendo carnais. O que eles não percebem é que andar segundo a mente também é da
alma. Há ainda um terceiro tipo de cristão da alma, são aqueles que andam segundo a
empolgação da vontade. Poderíamos chamá-los de crentes ''oba-oba''. Parecem muito
piedosos, mas se trata apenas de desculpas da carne para não servir a Deus. Se
andarmos segundo a alma, invariavelmente cairemos em um destes três pontos, ou em
todos eles. Os que andam na carne não podem agradar a Deus. (Romanos 8.8).
Não devemos pensar que a nossa alma é ruim; isto não é verdade. O erro é
caminharmos confiados na sua capacidade de pensar, entender e sentir. Se andarmos
pela alma, já não andamos por fé. Existe algo, entretanto, que devemos fazer com a
alma: devemos transformá-la. O novo espírito é como uma lâmpada que se acendeu
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dentro de nós. Ela está acesa e nunca mais se apagará. O novo nascimento aconteceu
num instante, mas a nossa alma agora deve ser transformada. O processo de
transformação da alma é algo que dura a vida inteira.
2. AS FUNÇÕES DO CORPO
A Palavra de Deus nos diz que o nosso corpo é apenas a nossa casa terrestre. É o
lugar onde moramos nesse mundo. A função básica do corpo é ter contato com o
mundo físico. Paulo nos diz em II Coríntios 5.1-4 que o nosso corpo é a nossa casa
terrestre, mas haverá um dia em que seremos revestidos da nossa habitação celestial.
O nosso corpo não tem conserto e nem salvação. Precisamos receber outro corpo. No
céu não teremos uma nova alma, mas teremos um novo corpo.
Função Da Sensação
A função de sensação são as portas do nosso ser. Ela se constitui nos cinco sentidos
do corpo. Tudo o que entra em nossa alma, entra através dos cinco sentidos. Se
desejamos obter vitória sobre o pecado, precisamos disciplinar o nosso corpo para que
através dele não entre nada sujo ou pecaminoso.
A Função De Locomoção
Função De Instinto
Esses instintos são inatos. Ninguém precisa ensinar a criança a mamar, ela já nasce
sabendo. O pecado transformou esse instinto natural em glutonaria e bebedices.
A Palavra de Deus diz que há algo que devemos fazer com o nosso corpo. ''Rogo-vos,
pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresentais os vossos corpos por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional''. Devemos
ofertar o nosso corpo a Deus e trazê-lo debaixo de austera disciplina. Disciplinar não é
usar de ascetismo, mas é simplesmente não fazer a vontade do corpo. O nosso corpo,
junto com a nossa alma, são a parte do nosso ser natural que, no seu conjunto, é
chamada de carne no Novo Testamento. O carnal, então, é aquele que vive no nível do
natural, ou seja, no nível da alma e do corpo.
3. AS FUNÇÕES DO ESPÍRITO
A Função Da Intuição
''E vós possuís a unção que vem do Santo, e todos tendes conhecimento'' (I João
1.20).
''Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós e não tendes
necessidade de que alguém vos ensine, mas, como a sua unção vos ensina a respeito
de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela
vos ensinou'', (I João 2.27).
''Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão dizendo:
conhece ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor até o maior deles.
Diz o Senhor'' (Jeremias 31.34).
A Função Da Consciência
Quando comparamos Romanos 9.1 e Atos 17.16, vemos que a consciência está
localizada no espírito humano. Testificar, confirmar, recusar, acusar, são funções da
consciência. Em I Coríntios 5.3, Paulo diz que, em seu espírito, julgou uma pessoa
pecaminosa. Julgar significa condenar ou justificar, que são ações da consciência.
Precisamos ser absolutos para com aquilo que Deus condena em nossa consciência.
Nunca devemos tentar explicar o pecado, justificando-o. Sempre que em nossa
consciência houver uma recusa, devemos parar imediatamente. Alguns tentam se
justificar dizendo que não têm muita convicção se determinada coisa é errada ou não.
Romanos 14.23 nos diz que tudo o que não vem de plena certeza e fé é pecado.
Só podemos servir a Deus estando com a nossa consciência limpa. Todos nós
podemos testificar que a ação da nossa consciência não depende de nosso
conhecimento da Bíblia. Muitas vezes sentíamos que algo era errado e só depois
descobríamos aquela proibição na Bíblia. Sem que ninguém nos ensinasse, sabíamos
que o nosso namoro estava errado, que as nossas finanças estavam desajustadas.
A Função De Comunhão
Comunhão é adorar a Deus. Toda comunhão genuína com Deus é feita no nível do
nosso espírito. Deus não é percebido pelos nossos pensamentos, sentimentos e
intenções, pois Ele só pode ser conhecido diretamente em nosso espírito. Aqueles que
não conseguem perceber o seu próprio espírito, não conseguem também adorar a
Deus em espírito. Deus é espírito, e somente o nosso espírito pode entrar em
comunhão com Ele.
É no nosso espírito que nos unimos ao Senhor e mantemos comunhão com Ele. Tudo
o que Deus faz Ele faz a partir do nosso espírito. É sempre de dentro para fora. Esta é
uma maneira bem prática de sabermos o que vem de Deus e o que vem do diabo. O
diabo sempre começa agir pelo corpo, de fora, tentando atingir dentro da alma.
É de fora para dentro. Deus, por sua vez, age de dentro para fora.
Sempre que formos adorar a Deus, devemos nos voltar para o nosso coração, pois é
no nosso coração que percebemos o nosso espírito. Não procure exercitar a mente na
hora de adorar, exercite o espírito, mediante o coração. É por isso que a adoração com
cânticos em línguas é mais eficiente, pois a nossa mente fica infrutífera e podemos
exercitar o espírito livremente.
PRINCÍPIOS PARA A
REVELAÇÃO NO ESPÍRITO
Na vida cristã, o ponto mais importante é o conhecimento espiritual, a revelação. Como
já mostramos anteriormente, a maior preocupação de Paulo em todas as suas
epístolas, era por revelação (Efésios 1.15-19, Efésios 3.14-19).
É interessante vermos que Paulo não orava pelo crescimento das igrejas locais. Em
nenhum lugar, Paulo faz votos pelo crescimento numérico de nenhuma igreja. Paulo
não ora pelo prédio onde os irmãos deveriam se reunir. Paulo tinha uma única oração:
por revelação.
Precisamos entender que o Novo Testamento tem um ponto central. O ponto central de
todo o Novo Testamento é Cristo. Mas, não apenas Cristo, mas Cristo dentro de nós,
em nosso espírito. O que tem valor, realmente, é conhecermos a Cristo, por revelação
em nosso espírito. Se possuirmos revelação de Cristo, espontaneamente, todas as
áreas de nossa vida serão afetadas e transformadas.
''...Fazendo menção de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor
Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no
pleno conhecimento dele, iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes, qual é
a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e
qual a suprema grandeza do seu poder...'' (Efésios 1.15-19).
Paulo não ora simplesmente para que os efésios tenham revelação, ele também
especifica revelação do quê. Em primeiro lugar revelação ao Senhor, em segundo
lugar, saber qual a esperança do seu chamamento e a suprema grandeza do seu poder
neles. Na medida em que nossos olhos espirituais se abrem e entendemos com todos
os santos a medida do seu poder dentro de nós, então há uma explosão de poder e
autoridade.
Veja bem que Paulo diz que o amor de Deus excede todo entendimento. Por isso ele
ora por revelação, pois a mente sozinha não pode entender. O desejo de Paulo era que
os crentes fossem tomados de toda a plenitude de Deus. Para que isso acontecesse,
eles precisavam apenas ter revelação do amor de Deus. O Espírito Santo é o
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''dúnamis'' de Deus, é o poder de Deus. Esse poder está habitando agora dentro de
nós, esperando apenas ser liberado pela fé. Quando a revelação vem, então há fé para
liberar o poder de Deus que está na pessoa do Espírito Santo, que habita em nós.
''E também faço esta oração: que o vosso amor aumente... em pleno conhecimento e
toda percepção...'' (Filipenses 1.9-11). Esta percepção, da qual Paulo fala, é algo
espiritual e não mental. A vida cristã não consiste em acúmulo de conhecimento
mental, mas num avançar em níveis novos de revelação no espírito.
''Por esta razão... não cessamos de orar por vós, e de pedir que transbordeis de pleno
conhecimento... em toda sabedoria e entendimento espiritual... a fim de viverdes de
modo digno do evangelho...'' (Colossenses 1.9-12). Mais uma vez Paulo está orando
para que os crentes transbordem de revelação a fim de terem uma vida santa. Veja
bem que Paulo está dizendo aqui que a vida santa é apenas conseqüência de
revelação.
O Espírito Santo habita dentro de nós. O poder de Deus está em nós. A saúde de Deus
está em nós. A natureza de Deus está em nós. A bondade, a justiça, o amor de Deus,
tudo isso é residente dentro do nosso espírito recriado. Não precisamos buscar estas
coisas, precisamos é de ter revelação que elas já estão dentro de nós.
Precisamos entender no Espírito que tudo o que necessitamos para uma vida com
Deus já nos foi dado por meio do Espírito Santo que em nós habita. Se precisamos de
poder, Ele é o poder. Se precisamos de amor, Ele é o amor que foi derramado em
nossos corações. Se precisamos de entendimento, todos os tesouros da sabedoria
estão ocultos Nele. Portanto, todas as coisas já estão completadas em nosso espírito.
O pecado é algo terrível que produz insensibilidade em nosso coração e nos incapacita
a ouvir e receber de Deus. O alvo do diabo, como já dissemos, é impedir que vejamos;
ele quer que sejamos cegos sobre Deus e Seu propósito. Quando o pecado entra em
nossas vidas, o diabo tem espaço para nos cegar e, assim, somos impedidos de obter
revelação de Deus. A revelação do Senhor é para aqueles que obedecem, que têm um
coração consagrado, dado, ofertado a Deus.
Existem muitos servos de Deus que não conseguem entender as coisas do espírito
como se fossem homens não convertidos. Por que acontece isso? Porque são servos
que erram no coração. Esse não é o único, mas talvez seja o principal motivo da
cegueira no meio do povo de Deus.
Um Coração Ensinável
Com relação ao ensino, há dois tipos de crentes na casa de Deus. Há aqueles que são
portadores de uma doença que eu costumo chamar de complexo de Adão. Eles julgam
que não devem aprender nada com ninguém, pois Deus vai ensinar tudo para eles. Na
sua presunção, estes irmãos jogam fora séculos de história e de mover de Deus, e
esperam que Deus comece tudo outra vez com eles.
Por outro lado, há um segundo tipo - que são os piores: aqueles que julgam que já
sabem tudo. Quem já sabe tudo não precisa mesmo aprender com ninguém, e nem
mesmo precisa buscar revelação. Eles detêm todo o conhecimento da humanidade.
Tais irmãos não devem esperar algo no Senhor, pois Deus os resiste. Tudo isso é
soberba e Deus resiste ao soberbo, mas dá graça ao humilde. (I Pedro 5.5). Em
Apocalipse 3.18, o Senhor aconselha a igreja de Laodicéia a comprar colírio para que
possa ver. Este ver é algo no espírito. Colocar colírio nos olhos significa buscar um
coração ensinável.
O ministro deve abrir a palavra e isto acompanhado de muita luz do Senhor, mas, se
das pessoas, os olhos estiverem cegos, de nada adiantará. Antes de tudo é preciso
que tenhamos olhos para enxergar. Se não, cairemos no mesmo problema dos
fariseus: tinham olhos, mas não viam, tinham ouvidos, mas não ouviam.
Eu não devo buscar aprender sozinho aquilo que meu irmão já sabe, pois Deus não vai
me ensinar. Mas se eu me disponho a aprender com meu irmão, então a luz de Deus
virá através dele. Se em nossa cidade Deus está se movendo em algum lugar, eu devo
me dispor a ir até lá para aprender, pois se eu não o fizer e tentar aprender sozinho,
Deus poderá me resistir. Deus resiste ao soberbo.
Que o Senhor nos dê colírio para que possamos enxergar e alcançar revelação dentro
da sua Palavra.
Um Coração Limpo
Em Mateus 5.8, Jesus disse que os limpos de coração poderiam ver a Deus. Veja bem
que esse ver é uma promessa para o futuro, mas também se refere ao tempo presente
quando podemos ver, por revelação, a Deus (I Coríntios 2.9-10).
Há muitos que não podem ter revelação pelo simples fato de terem um coração impuro
diante de Deus. Não é suficiente ter um coração limpo precisamos ter um coração puro.
Ser limpo significa não ter pecado oculto. Significa a apropriação completa do perdão
do sangue de Jesus.
Ter um coração puro significa ter um coração sem misturas. Se o nosso coração está
cheio de coisas profanas fica difícil enxergarmos as coisas do espírito. Existem muitas
coisas que não são pecaminosas, mas que tornam o nosso coração impuro. Por
exemplo, uma pessoa que acaba de abrir uma loja. Apesar do seu coração não estar
sujo, ele estará cheio de interesse pelo comércio. Durante todo o dia, ele vai estar
voltado para as coisas da loja. Se em nosso coração há um interesse pelo Senhor, mas
um interesse igualmente grande por outras coisas, o nosso coração está impuro.
Ter um coração puro é ter um coração para Deus. "Quem mais tenho eu no céu? Não
há outro em que eu me compraza na terra" (Salmo 73.25). Davi foi chamado de o
homem segundo o coração de Deus por causa do seu prazer inteiramente colocado em
Deus. Quando o nosso coração está inteiramente voltado para o Senhor, e podemos
dizer que o nosso prazer está Nele, então as janelas do céu se abrem e a luz de Deus
vem sobre a sua Palavra.
Não basta dizer que queremos ter revelação e começarmos a ler a Palavra. É preciso
também que entremos nos princípios da Palavra. Em primeiro lugar, precisamos ter um
coração consagrado a Deus. Em segundo lugar, um coração ensinável e, em terceiro
lugar, precisamos ter um coração para o Senhor, apaixonado por Ele. Na medida em
que estas condições vão sendo cumpridas, a luz de Deus vem ao nosso espírito.
Ser tradicional é estar fechado para qualquer nova que Deus esteja falando. E nesse
sentido, existem tradicionais que oram baixo e outros que oram alto. Há tradicionais
que oram em línguas e outros que não oram. Tradicional é aquele que está preso ao
passado.
O Logos e o Rhema
Lendo nossas Bíblias em Português, não conseguimos distinguir dois termos usados
no original que são igualmente traduzidos como "Palavra" em nosso idioma. Estes dois
termos são logos e rhema. Estes termos são traduzidos unicamente como "Palavra"
porque são vistos como sinônimos, porém, o Espírito Santo escolheu tais termos para
nos mostrar a tremenda diferença que existe entre a Palavra escrita e a Palavra viva.
O Logos
Logos é a Palavra escrita. É aquilo que Deus falou e que foi registrado para nossa
orientação. Ela contém o que Deus falou anteriormente pelos profetas e por meio do
Filho (Hebreus1.1-2). É esta a Palavra que nós ministramos; não ministramos palavra
de homens. Precisamos estar familiarizados com esta Palavra, pois o conhecimento da
letra da Bíblia é extremamente importante. Vejamos alguns textos em que no original
se usa o termo Logos e qual deve ser a nossa atitude para com a palavra escrita.
A Palavra escrita deve habitar em nós ricamente. Deve estar dentro de nós
abundantemente. Devemos ler, meditar e decorar esta Palavra. Isto é fundamental,
pois sem o conhecimento da Palavra escrita, nunca chegaremos à experiência da
Palavra viva (Rhema). O logos é o fundamento do rhema. Como já aprendemos
anteriormente, primeiro é o natural, depois o espiritual. Primeiro devemos ter a mente
cheia do logos, para que o Espírito Santo nos traga o rhema.
"Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes e a palavra (logos) de Deus está em vós e já
vencestes o maligno". A característica dos jovens é a força, mas não a força natural, e
sim a espiritual. O jovem aqui em sua luta contra o Diabo, é como Senhor Jesus
quando foi tentado por Satanás. O inimigo citou para ele trechos das escrituras, porém
o Senhor o combateu, usando a própria escritura, afirmando: "Está escrito" (Mateus
4.4,7,10).
O Rhema
Apesar de ser traduzida, à semelhança do Logos, como “Palavra” em nossas Bíblias, o
Rhema tem um significado muito diferente de Logos. Enquanto o Logos é a Palavra
falada no passado e que se tornou escrita, o Rhema é a Palavra que Deus está falando
conosco pessoalmente, é aquela palavra que está queimando em nosso coração.
Vejamos algumas passagens do Novo Testamento em que a palavra Rhema é usada.
Em Mateus 4.4, Jesus respondeu: "Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas
de toda palavra (rhema) que procede da boca de Deus". O termo usado aqui no original
grego é o Rhema. Isto significa que o Logos, a palavra escrita, não pode nos alimentar,
somente o Rhema pode nos nutrir em nosso espírito. Tanto o Logos como o Rhema
são a Palavra de Deus, mas a primeira é a Palavra escrita na Bíblia, enquanto a última
é a Palavra de Deus falada a nós em uma ocasião específica.
"A fé vem pelo ouvir (literal) e o ouvir pela palavra (Rhema) de Cristo" (Romanos
10.17). Aqui novamente a Palavra é Rhema e não Logos. Isto nos mostra que o que
gera fé não é simplesmente ler a Bíblia, mas é ter a palavra queimando em nosso
coração pelo Espírito Santo.
Todos conhecemos muitos trechos da Bíblia. Certo dia, porém, um texto que já antes
conhecíamos e até sabíamos de cor, assume um frescor, uma vida, uma cor diferente.
Aquela verdade começa a nos aquecer o coração, gerando fé. Deus está falando
conosco. Antes sabíamos genericamente, mas agora Deus falou individualmente
conosco. Todo Rhema é baseado no Logos. Não podemos ter o Logos sem o Rhema.
"As palavras (Rhema) que eu vos digo são espírito e são vida" (João 6.63). Somente o
Rhema é espírito e vida, na verdade o Logos sozinho não pode dar vida, pode até
mesmo matar, porque a letra mata.
Em Lucas 1.38, Maria disse: "Aqui está a serva do Senhor, que se cumpra em mim
conforme a tua palavra (rhema)". Antes, Maria tinha as palavras do profeta Isaías 7.14:
"Eis que a virgem conceberá e dará luz um filho", mas agora ela tem a Palavra falada
especificamente a ela: "Você conceberá e dará à luz um filho". Foi por ter recebido esta
Palavra que Maria concebeu e tudo se cumpriu. Deus falou com ela o mesmo texto que
estava escrito, mas quando Deus falou, a Bíblia usa a expressão Rhema indicando
que é a palavra viva.
Em Lucas 2.29, Simeão disse: "Agora, Senhor despedes em paz o teu servo, segundo
a tua palavra". A Palavra aqui é Rhema. Antes de o Senhor Jesus vir, Deus falou a
Simeão que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor. Mas, no dia em que
Simeão viu o Senhor Jesus, ele disse: "Agora, Senhor despedes em paz o teu servo
conforme a tua palavra". Simeão tinha o Rhema do Senhor. Não era segundo certo
capítulo ou certo versículo da Bíblia, mas foi conforme a palavra dita a ele naquele dia.
Ter somente a palavra escrita não é útil. Somente a palavra que o Senhor fala a nós é
útil. E isto é Rhema.
Lucas 5.5: "Respondeu-lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada
apanhamos, mas sobre a tua palavra lançarei a rede". A Palavra aqui era algo falado
pelo Senhor naquela ocasião. Era o Senhor falando pessoalmente a Simão. Este é o
Rhema. O Senhor não falou num certo capítulo e versículo que Simão deveria lançar
as redes. Se alguém, baseado em Mateus 14.29, tentasse andar sobre o mar, ele
certamente afundaria. Se Deus não falar conosco pessoalmente, não adianta usar um
trecho da Bíblia para justificar a nossa prática.
Em Lucas 24.8, lemos: "Então se lembraram das suas palavras (rhema)". Veja bem
que é exatamente isto o Rhema: quando Deus nos faz lembrar de algo. Rhema é
quando Deus fala conosco nos fazendo lembrar do logos.
Uma coisa que sempre valorizamos é o fato de que Deus fala hoje. Ele não falou
apenas a Paulo ou a Pedro, mas ele também está falando hoje. Todas às vezes que os
pregadores se levantarem, eles devem ter a palavra Rhema do Senhor, caso contrário
vão ministrar morte. O Rhema é a palavra revelada. Quantos têm pregado sem que o
Senhor diga uma só palavra através deles. Isto é lastimável. Não é que preguem uma
mensagem errada, o problema é que não há Rhema.
Em Marcos 1.12, lemos que o Espírito impeliu a Jesus... A Palavra impeliu é boa, pois
denota bem a sensação interior. É perigoso eu ser mal interpretado nesse ponto, pois é
certo que existem impulsos do corpo, das emoções e mesmo impulso de demônios.
Entretanto, se somos nascidos de novo aprendemos a diferenciar todas essas vozes
daquela que vem do espírito.
O testificar do espírito é uma convicção profunda que não tem origem em nada natural.
Muitas vezes a nossa mente rejeita essa convicção pelo temor e insegurança. Deus
fala conosco todo o dia, nós é que não damos crédito, pensando que são coisas da
nossa mente. Que Senhor separe a nossa alma do espírito!
Se o Senhor vem com um testificar em nosso espírito, a melhor coisa a fazer é checar
a convicção com outros irmãos mais amadurecidos. Mas se mesmo depois disso não
tivermos clareza na direção, o melhor é correr o risco. Provavelmente cometeremos
muitos erros, mas estaremos exercitando o nosso espírito, e chegará o ponto em que
virtualmente não cometeremos equívocos.
Seguir a Vida
A quarta maneira é seguirmos a vida interior do coração. É uma sensação no meio da
barriga, no ventre. Esse constrangimento sempre aparece quando entramos em uma
direção que Deus não aprova. Tudo o que me diz respeito é importante para o Senhor.
Ele está preocupado com cada detalhe da minha vida.
Não deveríamos ensinar leis de certo e errado para os novos convertidos, mas
estimulá-los a perceberem a direção de Deus pela vida no nosso espírito. Se somos
rápidos em dizer aos outros o que é certo e o que é errado, estamos tirando preciosas
oportunidades deles mesmos entrarem em contato com o Senhor.
ANDAR NO ESPÍRITO
O livro de Efésios não apenas nos revela a Economia de Deus, o Seu plano eterno.
Deus deu espírito de sabedoria e revelação para Paulo nos mostrar 5 tipos de andar:
andar na Graça (Efésios 4.1-3; Efésios 2.1,5b-7); andar na Verdade (Efésios 4.15,17);
andar no Amor (Efésios 5.2); andar na Luz (Efésios 5.8) e andar no Espírito (Efésios
5.18).
1. Andar na Graça: é receber algo de Cristo, que será capaz de nos levar a "fazer" o
que Ele quer que seja feito. Andar na Graça, de maneira prática, é receber a Sua
suficiência para servirmos a Ele (II Coríntios 3.5,6; cf. João 1.14,17);
3. Andar no Amor: é, sem dúvida, amar os irmãos. Amar a Deus que não vemos, é
amar os irmãos que vemos. Quando o Senhor Jesus, em ressurreição, procurou por
Pedro no mar de Tiberíades, disse a Pedro: "Tu me amas? Então apascenta..." Amar o
Senhor é apascentar os santos. Logo, andar no amor é amar os irmãos de maneira
prática - visitando, telefonando, se preocupando... (I João 4.20);
4. Andar na Luz: é ter comunhão com os irmãos e com Deus. Quando estamos na luz,
como Ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu
Filho, nos purifica de todo pecado. Tal comunhão nos ajuda a ter a realidade do Corpo,
a sensação de que não estamos sozinhos, de que somos um. Ter comunhão é
diferente de "comunicar" uma série de coisas que já decidimos fazer, mas é levar à
consideração do Corpo se devemos ou não fazer. Andar na luz, portanto, é, em outras
palavras, ter comunhão uns com os outros (I João 1.6);
O Espírito é maravilhoso, pois nos deu tal revelação objetiva, praticável e que é capaz
de produzir uma reação positiva em nós. Ao desfrutar disto, todos nós sentimos a
necessidade de andar... andar... andar... andar... e andar... praticando a graça, o amor,
a verdade, a luz e o espírito (Mateus 7.24).
COMO DESCOBRIR A
MARAVILHOSA VIDA CHEIA
DO ESPÍRITO
A Bíblia diz que há três espécies de pessoas:
1. O Homem Natural
Aquele que ainda não recebeu a Cristo. "O homem que não tem o Espírito não
aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz
de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente" (I Coríntios 2.14).
2. O Homem Espiritual
Aquele recebeu a Cristo e tem a sua vida dirigida pelo Espírito de Deus. "O homem
espiritual discerne todas as coisas" (I Coríntios 2.15,16).
3. O Homem Carnal
Aquele que já recebeu a Cristo, mas vive em derrota, porque confia em seus próprios
esforços para viver a vida cristã.
ESCOLA MINISTERIAL PAZ – FORTALEZA 83
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"Irmãos, não lhes pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a
crianças em Cristo. Dei-lhes leite e não alimento sólido, pois vocês não estavam
em condições para isso. De fato, vocês ainda não estão em condições, porque
ainda são carnais. Pois, visto que há inveja e divisão entre vocês, não estão
sendo carnais e agindo como mundanos?” (I Coríntios 3.1-3).
"Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão
minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os
confins da terra" (Atos 1:8).
O Homem Espiritual
Algumas características pessoais resultantes da sua confiança em Deus:
É Cristocêntrico
É dirigido pelo Amor
Espírito Santo Alegria
Paz
Conduz outros a
Paciência
Cristo
Bondade
Possui vida
Fé
efetiva de Oração
Fidelidade
Conhece a Mansidão
Palavra de Deus Domínio
Confia em Deus próprio
Obedece a Deus
Por que a maior parte dos cristãos não está experimentando esta "vida
abundante"?
1. Ou ele não está informado a respeito do amor de Deus, seu perdão e poder ou
se esqueceu deles (Romanos 5.8-10; Hebreus 10.1-25; I João 1; I João 2.1-3; II
Pedro 1.9; Atos 1.8).
3. Não entende a si mesmo - deseja fazer o que é certo, mas não consegue.
O Homem Carnal
Algumas ou todas as características seguintes identificam o cristão que não confia
plenamente em Deus:
Atitudes
Ignorância de sua legalistas
herança
Pensamentos
espiritual
impuros
Incredulidade
Ciúmes
Desobediência
Inveja
Perda do amor
Preocupação
para com Deus e
Desânimo
com os outros
Espírito de
Vida pobre de
crítica
oração
Frustração
Falta de desejo
de estudar a Falta de
Bíblia propósito na
vida
A pessoa que se declara cristã, mas continua na prática do pecado, deve compenetrar-
se de que talvez não seja verdadeiramente cristã, de acordo com (I João 2.3; 3.6, 9;
Efésios 5.5).
A vida cheia do Espírito é a vida dirigida por Cristo, pela qual Cristo vive sua vida em
nós e através de nós, no poder do Espírito Santo (João 15).
Uma pessoa se torna cristã através do poder do Espírito Santo, conforme João
3.1-8. Desde o nascimento espiritual de novo o Espírito Santo permanentemente
no cristão (João 1.12; Colossenses 2.9, 10; João 14.16,17). Embora o Espírito
Santo habite em todos os cristãos, nem todos os cristãos são cheios
(vivem sob o controle e poder) do Seu poder.
O Espírito Santo veio para glorificar a Cristo (João 16:1-15). Quando alguém é
cheio do Espírito Santo, ele é um verdadeiro discípulo de Cristo.
1. Sua Ordem - Seja cheio do Espírito Santo. "E não vos embriagueis
com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito"
(Efésios 5.18)
"Querido Pai, eu preciso de Ti. Reconheço que tenho procurado dirigir a minha própria
vida e como resultado, tenho pecado contra Ti. Te agradeço pelo perdão dos meus
pecados através da morte de Cristo na cruz. Agora convido a Cristo para tomar
novamente a direção da minha vida. Enche-me do teu Espírito como ordenastes que eu
fosse cheio e como prometeste em Tua Palavra que farias se pedisse com fé. Peço isto
no nome de Jesus. Como expressão da minha fé, agradeço-te agora por dirigir a minha
vida e encher-me do teu Espírito Santo. Amém"
Esta oração expressa o desejo do seu coração? Se é assim ore a Deus e confie em
que Ele o encherá do Espírito Santo agora mesmo.
A locomotiva correrá com o vagão ou sem ele. Entretanto, seria inútil o vagão tentar
puxar a locomotiva. Da mesma forma, nós, como cristãos, não dependemos de
sentimentos ou emoções, mas colocamos a nossa fé (confiança) na fidelidade de Deus
e nas promessas de Sua Palavra.
1. Sua vida demonstrará mais e mais o fruto do Espírito (Gálatas 5.22,23) e será
cada vez mais transformado à imagem de Cristo (Romanos 12.2; II Coríntios
3.18).
4. Você estará preparado para o confronto espiritual contra o mundo (1 João 2.15-
17); contra a carne (Gálatas 5.16-17); e contra Satanás (I Pedro 5.7-9; Efésios
6.10-13).
Respiração Espiritual
Se você percebe que algo em sua vida (atitudes ou ações) desagrada a Deus, mesmo
que esteja andando com Ele e sinceramente deseje servi-lo, agradeça a Deus o perdão
dos seus pecados - passados, presentes e futuros - mediante a morte de Cristo na
cruz. Pela fé receba o amor e perdão de Deus e continue a ter comunhão com Ele.
Se você retomar o trono de sua vida através de algum pecado – o que é um ato
definido de desobediência – respire espiritualmente.
Respiração Espiritual
Exalar o que é impuro e inalar o que é puro é um exercício de fé que permite a você
continuar a experimentar o amor e o perdão de Deus.
1. Exale - confesse o pecado - reconheça que este pecado (ou pecados) é errado e
desagrada a Deus e agradeça-lhe pelo seu perdão, de acordo com I João 1.9 e
Hebreus 10.1-25. A confissão também envolve arrependimento – uma mudança de
atitude que gera um mudança de ação.
Como cristãos, ouvimos esta frase a vida inteira: "Ande no Espírito". Muitos crentes
dizem que andam no Espírito – porém não conseguem dizer o que isto realmente
significa. Agora, podemos nos voltar para eles com uma pergunta: Você anda e vive no
Espírito? E o que isto significa para você?
Não existem muitos de nós que tenham a mais leve noção do que significa "andar no
Espírito". Permanece um conceito vago para muitos cristãos, incluindo líderes
religiosos. Mas Paulo deixa claro o quão importante é viver e andar no Espírito.
Qualquer de nós, cristãos militantes, não permitirá que Ele realize esta obra até que
entenda por que Deus enviou o Espírito Santo.
Jesus, a respeito do Pai, disse: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a
fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode
receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita
convosco e estará em vós" (João 14.16,17).
O Espírito Santo foi enviado a nós, pelo Pai, para cumprir um, e apenas um propósito
eterno. E a menos que compreendamos a Sua missão e a Sua obra em nós,
cometeremos um dos seguintes erros:
Primeiro erro: Fixar-nos numa pequena porção de Sua obra, como alguns dos dons
espirituais, erroneamente pensando que isso é tudo da Sua parte, perdendo a grande
obra do Seu eterno propósito em nossas vidas.
A triste verdade é que a Igreja é via de regra culpada destes dois graves erros. Nós nos
satisfazemos com um ou dois de Seus dons, como se Sua obra fosse meramente isso.
Nós pensamos: "Eu devo estar andando no Espírito porque Seus dons se manifestam
em mim". Mas nós podemos operar os dons sem andar no Espírito. Paulo diz que
podemos profetizar, curar e falar em línguas, mas se não tivermos amor, nada somos.
Nós não estamos operando no Espírito!
Muitos cristãos de hoje estão convencidos que andam no Espírito simplesmente porque
oram em línguas. Eles raciocinam assim: "Como posso orar em línguas e não estar
andando no Espírito?". Mas orar em línguas não é necessariamente orar no Espírito.
Muitos que desejam orar no Espírito imediatamente disparam a falar em línguas, mas
suas mentes estão totalmente em outro lugar.
A Bíblia diz que se você está falando em línguas, o seu entendimento não é frutífero.
Se nós falamos em línguas, oremos também com o nosso entendimento. Orar no
Espírito pode incluir orar em línguas, mas é muito mais que isso!
Quantos crentes têm sido atrofiados no seu crescimento espiritual porque estão
concentrados em um ou dois dons específicos do Espírito, e não foram além disto?
Eles estão convencidos, de alguma forma, que a única obra do Espírito Santo é
distribuir dons.
Contudo, muitos outros cristãos experimentam o segundo erro: O Espírito Santo está
amortecido dentro deles, é raramente reconhecido e consultado, e é incapaz de realizar
neles o que Deus O enviou para fazer.
Nós nos conscientizamos da obra de Jesus Cristo na Cruz, cremos que Ele está em
nós e reconhecemos Sua presença. Mas não tomamos conhecimento da obra e
ministério do Espírito Santo dentro de nós. Eu pergunto: Você fala com o Espírito Santo
como faz com Jesus? Você toma conhecimento dele diariamente?
Tem que chegar um tempo no qual nós devemos encarar seriamente o porquê do
Espírito Santo nos ter sido. Precisamos estar prontos a dizer: "Espírito Santo, a Bíblia
diz que foste enviado a mim como um dom do Pai celestial. A Palavra diz que Tu vives
em mim. Diga-me: por que Tu vieste? Qual é o teu propósito eterno? O que estas
tentando cumprir em mim?”
O Espírito Santo veio habitar em você e em mim para selar, santificar, fortalecer e nos
preparar – tudo que vem do Espírito Santo foi enviado ao nosso mundo para preparar
uma noiva para o casamento com Cristo!
Deus escolheu Rebeca como noiva de Isaque – e o Senhor dirigiu Eliezer exatamente
a ela. Toda missão e o propósito do servo estão concentrados em uma coisa: trazer
Rebeca para Isaque - levá-la a deixar tudo o que ela possuía, se enamorar de Isaque e
esposá-lo. Os pais de Rebeca disseram para Eliezer: "Isto é do Senhor. Tome-a e vá -
deixe-a ser a esposa do filho do mestre" (veja Gênesis 24.50-51).
Não pense por um só momento que você escolheu Cristo primeiro. Você era um
estranho, um estrangeiro - e Deus escolheu você. "Não fostes vós que me escolhestes
a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros..." (João 15.16). "...dele (do mundo)
vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia" (verso 19). "(Deus) nos escolheu, nele, antes
da fundação do mundo" (Efésios 1.4); "Deus vos escolheu desde o princípio para a
salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade" (II Tessalonicenses 2.13).
Moisés disse a Israel que eles eram um povo especial, escolhido: "Porque tu és povo
santo ao Senhor teu Deus: O Senhor teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu
povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra" (Deuteronômio 7.6).
Como os israelitas amaram esta mensagem! Eles amaram ser escolhidos, ser
especiais diante dos olhos de Deus. Mas eles queriam aproveitar os benefícios disso
sem ter as obrigações e a disciplina para se tornarem merecedores do seu Senhor!
Eliezer disse para Rebeca: "Você foi escolhida. Agora vou abençoá-la com muitas
bênçãos!". E Rebeca se revestiu de braceletes e brincos de ouro, jóias, prata e roupas
caras que ele havia providenciado para ela. Então Eliezer disse: "Venha, venha
comigo!".
Suponha que Rebeca tivesse respondido: "Obrigada por me escolher e por todas essas
bênçãos. Mas eu não posso ir agora. Eu estou muito bem aqui e este lugar me satisfaz
plenamente".
Agora vem a pergunta: não estamos respondendo da mesma forma? Nós ficamos com
todas as bênçãos – todo ouro e prata – e aceitamos o sermos escolhidos. Mas chega
uma hora que nós precisamos levantar e ir! Nós precisamos ir com o nosso Eliezer, o
Espírito Santo. Ele nos diz: "Eu tenho um propósito divino. Eu vim com uma missão de
Deus – e eu vou completá-la!" E assim como Eliezer voltou para casa com uma noiva
para Isaque, o Espírito Santo não vai voltar de mãos vazias.
Este é um verdadeiro quadro do cristianismo dos tempos modernos. Nós exultamos por
sermos escolhidos e chamados por Deus, mas não queremos a disciplina do Espírito
Santo para nos preparar para a santidade do noivado. Nós ficamos com todas as
bênçãos, Seu ouro e prata e Sua grande provisão. Mas quando o Espírito Santo diz:
"Vamos levantar e caminhar, é tempo de se preparar como noiva do Mestre" – então, a
história é diferente!
Se você me dissesse que está salvo, que você foi escolhido em Cristo e que você O
ama, eu teria que perguntar: "Você tem um coração de Rebeca? Jesus é o amor da
sua Alma? O seu amor por Ele está crescendo e consumindo seu coração?"
Perguntaram a Rebeca: "Irás tu com este varão? Ela respondeu: Irei" (Gênesis 24.58).
Tudo que o Espírito Santo faz em nós está relacionado com a sua
missão.
O Espírito Santo não desempenha Seu trabalho em nós de uma maneira desconexa e
desorganizada. Ele não existe apenas para nos ajudar a encarar a vida, fazer-nos
atravessar as crises e nos dar assistência nas noites solitárias. Ele não está aqui
apenas para nos levantar e injetar um pouco mais de força antes de nos colocar de
volta na corrida.
Não, tudo que o Espírito Santo faz está relacionado com o Seu motivo para ter vindo –
para nos levar ao lar como uma noiva preparada. E Ele atua apenas para manter esta
missão! Sim, Ele é o nosso Guia, nosso Confortador, nossa Força em tempos de
necessidade. Mas Ele usa todos atos de livramento - todo toque, toda Sua
manifestação em nós - para nos tornar mais apropriados como noiva.
Também, o Espírito Santo não está aqui para dar dons ao mundo. Não, todos os seus
dons têm um propósito por trás. Se você profetiza, esta profecia tem um propósito:
glorificar Cristo e fazer o mundo e Sua igreja se apaixonarem por Ele! Toda vez que
alguém é curado, o Espírito Santo está dizendo: "Dê uma olhada. Este é o seu Jesus!
Ele não é maravilhoso? Ele está curando - e você está apenas vendo a manifestação
de quem Ele é!".
Estes dons são o nosso Eliezer dizendo: "Você O ama? Veja o que Ele fez por você!"
Tudo o que Ele faz aponta para Jesus "não falará por si mesmo" (João 16.13). "Mas
quando o Confortador vier, que Eu vos enviarei da parte do Pai... Ele testificará de
mim" (João 15.26).
O Espírito Santo tem apenas uma mensagem; tudo que Ele ensina leva a uma única
verdade central. Ele pode brilhar em nós como uma jóia esplendorosa, mas cada raio
de verdade existe para nos levar a uma verdade singular, que é:
“Você não é de você mesmo - você foi comprado por um preço. Você foi escolhido para
ser a esposa de Cristo. E Eu, o Espírito de Deus, fui enviado para revelar a verdade
que lhe libertará de todos os outros amores. Minha verdade quebrará toda escravidão
ao pecado e vai tratar de toda descrença. Porque você não é deste mundo; você está
direcionado para um encontro glorioso com o seu esposo e está sendo preparado para
a ceia do Seu casamento. Todas as coisas estão prontas e Eu estou preparando você!
Quero lhe apresentar sem máculas, com um amor apaixonado por Ele no seu coração".
Esta é a obra do Espírito Santo - manifestar Jesus para a igreja, de forma que nos
apaixonemos por Ele. E este amor vai nos conservar! A Bíblia diz que se você andar
nesta forma de espírito, não satisfará a concupiscência da carne. Por quê? Porque o
Espírito está fazendo seu coração apaixonar-se por Jesus. O Espírito Santo vem para
desvendar Jesus para nós – para nos mostrar a beleza de Sua santidade.
Nós falamos bastante sobre o Espírito Santo nos guiar - clamamos: "Guia-me, Senhor.
Mostra-me o caminho a seguir". Mas não nos rendemos à Sua direção! Ao invés disso,
passamos o tempo decidindo: "Eu ouvi a voz certa? Ou equivoquei-me? Teria sido a
minha carne? Por que não aconteceu do jeito que eu pensei que deveria?" Ficamos tão
preocupados em "receber corretamente", que acabamos não confiando no Espírito
Santo! Nós não cremos que Ele está em nós, que Ele tem um propósito eterno, que se
nos rendermos a Ele, Ele nos guiará no plano de Deus.
Eu lhe pergunto: Por que as manifestações e dons do Espírito são dados? Paulo disse
que são para o nosso proveito: "A manifestação do Espírito é concedida a cada um,
para o que for útil" (I Coríntios 12.7). O dom da sabedoria não tem nada a ver com a
sabedoria deste mundo. E sim, a sabedoria das coisas de Cristo. Fé, cura, milagres,
profecia, discernimento de espíritos, línguas, interpretação - qual é o proveito desses
dons, "além disso"? É nos levar a Cristo como noiva!
Tudo que Ele faz leva à esta direção – e apesar de nos esquecermos disso, o Espírito
Santo nunca esquece. Nenhum desses dons tem qualquer significado, qualquer que
seja, se estiver separado do eterno propósito do Espírito Santo. Ao invés, torna-se um
"címbalo que retine". A operação dos dons espirituais tem significado apenas quando
eles nos moldam à semelhança de Jesus Cristo!
Você já esteve numa reunião de cura ou de milagres? O que você viu humilhou você?
Mostrou-lhe a permissividade excessiva do pecado? Inundou a sua alma com amor por
Jesus? Fez com que você desejasse a Sua volta? Se não, o Espírito Santo não estava
presente - porque esta é a função Dele!
Seu propósito é atrair a noiva para perto do Noivo. E se isso não aconteceu, então o
que você viu foi da carne!
O Espírito Santo não vem para entreter, para providenciar sinais, maravilhas e milagres
apenas para nos emocionar ou para nos fazer sentir bem. Não, cada uma de suas
obras tem esse propósito divino: "Estou preparando uma noiva".
Se o Espírito Santo está operando numa igreja, então toda música, toda palavra de
oração, toda nota de cada instrumento, tudo é unção dada pelo Espírito para exaltar
Cristo. O Espírito está fazendo aquilo que Ele foi chamado para fazer – nos apresentar
para o Noivo em toda Sua glória e majestade.
O Espírito Santo foi enviado para nos dar uma amostra de Cristo.
Paulo descreve um povo de Deus que é "selado(s) com o Santo Espírito" (Efésios
1.13). Isto se refere a um povo especialmente marcado por uma obra do Espírito. O
Espírito Santo produziu neles uma marca distinta, um trabalho interior glorioso – algo
sobrenatural que os mudou para sempre.
Eles não são mais crentes comuns. Eles já não são "deste mundo", desde que
colocaram seu afeto nas coisas do alto, não nas coisas desta terra; antes, são
inabaláveis. Não são mais mornos ou meio apaixonados. Ao invés, seus corações
clamam noite e dia: "Venha depressa, Senhor Jesus...".
O que aconteceu para mudá-los? O que o Espírito Santo fez nestes crentes? O que os
marcou e selou para sempre como posse do Senhor? Simplesmente isso: O Espírito
Santo deu uma amostra a eles da glória de Sua presença! Veio a eles, descortinou o
céu – e eles experimentaram uma manifestação sobrenatural de Sua suprema
grandeza!
Esta é a razão de a casa de Deus necessitar ser santa – este é o motivo de nossos
corações e mãos precisarem estar limpos, a razão de não poder haver nada em nós
que impeça a obra do Espírito. É porque o Espírito de Deus deleita-se em retirar o véu,
para nos dar uma amostra do que está por vir!
Agora mesmo o Espírito Santo está abrindo os olhos de Seus escolhidos - "iluminados
os olhos do vosso coração" (Efésios 1.18). O Espírito Santo vem para uma igreja que O
quer e está orando... para pastores que estão quebrantados diante de Deus... para
crentes que não têm outra preocupação senão a de ver o corpo de Cristo conformado à
imagem do céu.
Deus está selando estas pessoas agora mesmo! Você pode ir a reuniões onde Jesus é
tão real que você pode experimentar um pouco do céu na sua alma. Você sai de lá com
tamanho sentimento da realidade eterna, que os seus problemas não mais lhe
atormentam, a queda da economia não o abala, e você fica, especialmente, sem medo
do diabo. Deus coloca um fogo santo na sua alma, e você diz: "Isto é sobrenatural. Isto
não sou eu - isto é o Espírito de Deus trabalhando em mim!".
Ele nos dá um "pequeno céu" para levarmos para o céu - um estímulo para o nosso
apetite. Ele abre as janelas do céu e nos deixa ver a glória que será nossa. Nós
experimentamos Sua santidade, Sua paz, Seu descanso, Seu amor - e ficamos para
sempre em desajuste com esta terra, porque ansiamos pela totalidade do que
experimentamos.
A missão do Espírito Não é Completa Até Que Ele Crie Em Nós Uma
Apaixonada e Sempre Crescente Ansiedade Por Cristo!
Que tipo de noiva você acha que o Espírito vai apresentar para Jesus Cristo no dia da
Revelação? Uma que é meio apaixonada? Cujo amor é morno, ou frio? Que não é
devotada a Jesus? Que não quer intimidade com Cristo?
Se você verdadeiramente ama Jesus, Ele nunca está fora da sua mente. Ele está
presente todas as vezes que você acorda. Alguns cristãos pensam: "Isto vai acontecer
depois que eu morrer. Quando eu for para o céu, tudo vai mudar. Serei, então, a noiva
especial do Senhor." Não, morrer não santifica ninguém ! O Espírito Santo está aqui
hoje, Ele está vivo e trabalhando em você - para produzir em você um amor
apaixonado por Cristo deste lado da morte!
Romanos 8.26 descreve uma das mais poderosas obras do Espírito Santo no coração
do crente: "Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza;
porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós
sobremaneira com gemidos inexprimíveis".
O que é este gemido do Espírito Santo no fundo do coração? Que emoção é esta que
de tão profunda não existem palavras para expressá-la?
A palavra em hebraico usada para gemido significa “uma saudade viva” – “um desejo
ardente por mais de Cristo”. Você pode desejar Jesus de tal maneira que você fica
em Sua presença e não expressa nada além de um profundo gemido - algo
inexprimível. Este, diz: "Jesus, És a única alegria que existe neste mundo. Eu
experimentei e vi que Tu és bom – e eu Te quero por inteiro".
Este é o clamor profundo, interior, de alguém faminto por santidade e angustiado por
causa de sua iniqüidade. Porém, ele admite: "Não sei como orar. Não sei em favor do
que devo orar, ou como deveria orar". O clamor do seu coração é: "Venha, Espírito
Santo! Tu conheces a mente de Deus. Tu sabes como orar de acordo com a vontade
do Pai. Ande comigo – assuma o controle!".
Esta é a marca de quem anda no Espírito: ele tem um insaciável apetite por Jesus. Não
porque esteja cheio de todo o lixo que vê no mundo – toda sujeira, crime, drogas e
desemprego. Não, antes, é algo muito positivo. Como Paulo, ele está somente ansioso
para partir e estar com o Senhor!
Esta pessoa está sendo movida pelo Espírito para seguir Cristo com tamanha paixão e
emoção que fica prostrada. Seu coração deseja Cristo tão ardentemente, que não
existem palavras para expressar sua fome e seu amor. É uma experiência poderosa e
maravilhosa - mas, também é dolorosa, porque a pessoa não pode ainda entrar na
plenitude que a espera!
Infelizmente, poucos hoje têm este gemido apaixonado por Cristo. Não existe fome ou
sede, e muito pouca paixão. Cada domingo as igrejas estão abarrotadas de cristãos
que nunca questionam ou examinam seu amor por Cristo!
Mas o Espírito Santo encontrou o Seu povo! Eles estão permitindo que o Espírito
assuma o controle. Eles estão começando a se submeter a Ele – e quanto mais eles se
submetem, mais presente se torna o Seu gemido interno.
Querido santo, o que aconteceu na sua vida desde que você foi salvo? Você está
apenas seguindo uma rotina? Você está morno? Está com medo de entrar "no fogo" do
Senhor porque será considerado fanático?
Peça ao Espírito Santo para revelar Jesus ao seu coração de tal maneira que você seja
totalmente desmamado deste mundo. Foi isso que aconteceu a Abraão. Ele disse:
"Estou apenas passando por aqui." Ele estava procurando uma cidade cujo construtor
e edificador fosse Deus. Ele tinha uma visão, e os seus olhos estavam abertos para a
eternidade.
Você pode dizer agora mesmo que você está pronto para estar com Ele, que você O
quer mais do que a sua própria vida? Você pode dizer isso freqüentemente - mas você
realmente expressa seu verdadeiro sentimento quando canta: "Ele é mais do que a
vida para mim”? Você está amando Jesus mais apaixonadamente do que quando teve
o primeiro encontro com Ele?
Agora mesmo, o Espírito Santo está atiçando as cinzas desfalecidas do seu amor. É
porque Ele deseja colocar fogo no seu coração. Você está permitindo que o Espírito de
Deus lhe traga convicção do pecado e da incredulidade ? Se sim, regozije-se! Ele quer
que você esteja purificado de toda mancha ou ruga para o dia do encontro com o seu
Noivo!
Então submeta-se à Sua direção. Deixe Ele fazer a Sua obra completa em você – e
você saberá verdadeiramente o que significa andar no Espírito!
ANDAR SEGUNDO O
ESPÍRITO: DOIS MODOS DE
ANDAR NA VIDA
INTRODUÇÃO
Em Romanos 8.1, São Paulo fala de duas formas divergentes de a pessoa orientar a
sua vida: vivê-la segundo a carne ou segundo o Espírito. Neste artigo procurarei
meditar sobre o que caracteriza cada um desses modos de andar na vida.
É do ser humano que o apóstolo fala, quando fala da carne (sarx), como o faz em
Romanos 3.20 e noutros lugares Gálatas 2.20, Filipenses 1.22, etc. No Novo
Testamento, o ser humano é apresentado como sendo tridimensional:
Este versículo mostra também que as palavras “carne” e “corpo” podem ser usados
como sinónimos e incluir uma e outra a ideia de “alma” ou mente. As obras do corpo
não são apenas acções mas são também os pensamentos e os sentimentos que dão
origem a tais acções. De resto, com a liberdade com que os semitas usam as palavras,
em que conta mais o contexto que a lógica rigorosa, até a palavra corpo (soma) pode
significar o homem completo (corpo, alma e espírito) como em Mateus 5.29; Romanos
12.1 e Tiago 3.6.
O Credo dos Apóstolos, que traduz bem o ensino bíblico, diz: “Creio na ressurreição da
carne (sarkx) e na vida eterna”. Esperamos viver eternamente na nossa entidade
integral. Este corpo que agora temos será transformado (corpo glorioso), mas será o
nosso corpo, como Jesus ressuscitado tinha o seu corpo (I Coríntios 15,53,54).
DUAS ORIENTAÇÕES
Há, pois, duas formas de orientar a vida: uma em que o homem se guia segundo as
exigências, as apetências e as possibilidades do seu corpo e da sua mente; e outra em
que o homem entrega a orientação da sua vida ao Espírito. No mesmo texto de
Romanos 8.1 o apóstolo usa a expressão “estar em Cristo”. São esses que não andam
segundo a carne, mas “segundo o Espírito”.
O HOMEM DO CONHECIMENTO
Há a tendência de se pensar que “andar segundo a carne” é uma forma de falar do
homem sem religião ou moralmente condenável, mas devemos sublinhar que falar do
homem “carnal” não implica forçosamente um julgamento moral. Jean de Saussure,
teólogo suíço, num comentário ao Credo dos Apóstolos, escrevia: “A Bíblia chama
«carne» a tudo o que é humano, tudo o que é terrestre, e designa exclusivamente
como «Espírito», o Espírito divino, o Espírito Santo. Segundo a Escritura, o nosso ser
inteiro é carnal, a nossa inteligência, tanto como o nosso corpo, a nossa alma, o nosso
espírito é carnal. A «carne» é todo o nosso ser terrestre”.
Essa orientação da vida, que mais adiante se verá melhor em que consiste, manifesta-
se em ateus e agnósticos, mas está muito presente na vida de seguidores de diferentes
religiões, é muito bem tipificada no comportamento dos fariseus do Novo Testamento
mas continua para além do Novo Testamento e chega até aos nossos dias.
O famoso teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer dedicou na sua Ética algumas páginas
muito expressivas ao fenômeno fariseu, páginas que começam com este período:
“É no encontro de Jesus com o fariseu que a antiga e a nova situação são mais bem
esclarecidas. A boa interpretação deste encontro é da maior importância para a
compreensão do Evangelho em geral. O fariseu não é um acidente histórico e acidental,
mas o homem para quem apenas o conhecimento do bem e do mal se torna o tema de
maior importância para a sua vida. Por outras palavras, ele é simplesmente o homem da
divisão. Todo o retrato distorcido dos fariseus rouba a seriedade da discussão de Jesus com
eles. O fariseu é esse homem extremamente admirável que subordina toda a sua vida ao
seu conhecimento do bem e do mal e é um juiz tão severo de si próprio como do seu
próximo para glória de Deus, a quem ele humildemente agradece pelo seu conhecimento”
(Ethics, p.26-27).
O farisaísmo foi o movimento que maior combate mereceu da parte de Jesus. A razão
por que Jesus tanto combateu o farisaísmo está no carácter profundamente nocivo que
o farisaísmo é para o ser humano, anulando de forma subtil a graça de Deus. É o facto
de o farisaísmo ser um caminho “segundo a carne” mas que dá a ilusão ao homem de
estar no “caminho segundo o Espírito” que o torna mais perigoso.
TRADIÇÕES E LEIS
Saulo de Tarso, o fariseu, era uma boa ilustração, antes de se tornar cristão, do que é
viver segundo o pensamento carnal. É o crente temente a Deus que “respira ameaças”
contra os cristãos, porque lhe parece que essa seita blasfema contra Deus. Podia
dizer-se que Saulo é um homem coerente. É fariseu e está convencido na sua própria
mente (razão) de que conhece a verdade, que sabe o que é certo e errado acerca de
Deus, por isso quer livrar o mundo dessa peste, desse mal, que é o Cristianismo
nascente. Na sua perspectiva, trata-se de uma luta do Bem (representado na sua
facção) contra o Mal (representado pelos cristãos). Não devemos ser fiéis à nossa
própria consciência? Ora a consciência de Saulo, formada no Judaísmo farisaico,
lavava-o a ver nos cristãos inimigos de Deus.
O Cristianismo surgia aos olhos do fariseu como uma corrente perigosa, que
desprezava as tradições e as leis, e para o homem na carne umas e outras são
O que leva à preferência por regras e tradições é o medo que as pessoas têm do caos,
e Jesus, apresentando-se como o Messias que põe em questão esse modo de viver, é
um perigo. Também Pedro, o pescador, teve medo de caminhar sobre o mar. Mar que
representa na simbologia judaica a insegurança total. Pedro sabe que no mar a pessoa
afoga-se. O homem, no estágio em que Pedro então se encontrava, habituou-se a um
sistema de pensamento, associou esse sistema à segurança, e tudo quanto ameace
mexer com tal sistema faz nascer nele o medo. Nas religiões e na política, a
predominância desta orientação carnal tem como consequência a dificuldade em
aceitar a mudança. No nível popular conhecemos esta reação: “nasci nesta lei e nela
vou morrer”. A “lei” é a religião dos seus pais, e quem assim fala, geralmente, não tem
argumentação forte em favor dessa religião, senão apenas o fato de ser a religião que
aqui encontrou. Os adversários de Jesus também lhe diziam, para recusarem a sua
mensagem: “Somos filhos de Abraão!”, como que a dizerem-lhe: “Seguimos a religião
de Abraão!”. Mas Jesus respondia: Se vocês fossem filhos de Abraão, faziam aquilo
que Abraão fez! (João 8.39). Ora Abraão é o homem que se destaca por obedecer à
chamada que recebeu de Deus. “Partiu, sem saber para onde ia” (Hebreus 11.8).
Abraão é o homem que rompe com a segurança, que aceita a mudança, que dá o
“salto da fé”.
Os fariseus buscavam poder e glória. De outra vez, Jesus disse: “Sabeis que os que
julgam ser príncipes das gentes, delas se assenhoreiam, e os seus grandes usam de
autoridade sobre elas: Mas entre vós não será assim. Antes, qualquer que entre vós
quiser ser grande, será vosso serviçal. E qualquer que entre vós quiser ser o primeiro,
será servo de todos. Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido mas
para servir e dar a sua vida em resgate de muitos. (Marcos 10.42-45).
No sistema de pensamento mais generalizado, com mais de cinco mil anos de história,
a orientação é esta: Todo o homem que encontramos é em princípio um inimigo e se
não dominarmos o inimigo seremos dominados por ele. “Quem o seu inimigo poupa,
morre-lhe nas mãos”. É a vida segundo a carne que explica, pois o domínio do homem
sobre a mulher, o colonialismo, o escravagismo, as formas de exploração do homem
pelo homem, o autoritarismo nas Igrejas. Quando muito, só se poupa o fraco, o pobre
diabo que não é ameaça.
Um cínico disse de um homem que morreu: “Era tão pobre, tão destituído de méritos,
tão apagado, que nem sequer tinha um inimigo”. Não é caso para procurarmos fazer
inimigos, mas dá para perceber que a vida dos seres humanos pode ser dolorosa, e
isso quando o homem em geral inscreve nos diversos sistemas de pensamento ideais
muito nobres. A nível da ideologia escrita há ideais muito belos – mas na prática
descobre-se como tais ideologias podem ser monstruosas. Um dia, ainda existia em
Portugal a ditadura corporativista, um amigo nosso, na Suíça, disse-nos: “Por
curiosidade, escrevi ao vosso Secretariado Nacional de Informação pedindo que me
enviasse algum texto sobre o Estado Novo. Mandaram-me e fiquei espantado: aquilo
no papel é maravilhoso”. Sim, no papel. O papel consente tudo. O capítulo 7 da Carta
aos Romanos diz: o homem pode desejar fazer coisas boas, mas é o mal que acaba
por fazer.
PENSAR E AGIR
Não é por falta de ideias elevadas que a humanidade tem problemas. Na filosofia, na
política, na religião, há sistemas cheios de atração, cheios de lógica, muito generosos.
O mal é que não são aplicados. Um homem bem intencionado que conheço tem o
sonho de publicar um livro que está a escrever e que, na sua opinião, tornará tão
evidente a existência de um Deus Criador que, por assim dizer, obrigará “todos os
homens de boa-vontade” a verem a humanidade como uma família de irmãos e de
irmãs e a tratá-los assim. Esse homem é uma pessoa simpática, mas está a ser
demasiado confiante na sua capacidade de converter os homens. A conversão das
pessoas ao Deus Supremo não se faz com mais uma elaboração teórica, embora,
obviamente, seja da maior necessidade que nos aproximemos de Deus com
inteligência.
Mesmo dentro das Igrejas não é difícil encontrar homens e mulheres que pregam e
ensinam comportamentos elevados, mas todos os dias os desmentem com suas vidas.
Não estou a falar de falhas que os próprios lamentam e de que se arrependem, mas de
frias traições ao Evangelho. E provavelmente todos os dias pessoas humildes, que
nunca precisaram das provas da existência de Deus, atuam com elevação.
O que acontece, e em certo sentido estamos a repetir-nos, é que na maior parte dos
casos as doutrinas, os princípios, os valores que são anunciados – na política, na
filosofia, na religião – são meros sistemas de pensamento que servem como uma veste
que a pessoa põe sobre si, mas sem ter alguma coisa de ver com o “coração” do seu
autor.
Sabemos o que fez e disse Jesus; o que disse Paulo de Tarso; o que disse o vidente
de Patmos; mas sabemo-lo como sabemos o que disse o rei D. Dinis ou o que disse
Pedro I do Brasil: são coisas da história, do passado, de outros, que constituem um
saber e pouco mais do que isso. Quando a nossa ação se faz de conhecimentos desse
tipo pode inspirar-nos uns traços de ética, um interesse religioso, uma estética – mas
dificilmente nos transforma. Há pouco, numa intervenção, um pastor brasileiro dizia que
o fracasso de uma Igreja mede-se pela ausência nela de fraternidade entre os crentes.
Tem toda a razão – embora nas Igrejas se proclame que somos irmãos e irmãs; os
cultos são fastidiosos – embora os hinos falem muito de alegria; a mobilização dos
crentes é quase nula, ainda que se proclame a evangelização como a Grande
Comissão. A vida segundo a carne é inclinação para a morte (Romanos 8.6).
VIVER NO ESPÍRITO
A alternativa à vida segundo a carne é a vida segundo o Espírito. Mas haverá
vantagem em procurar alternativa? O homem segundo a carne sente que sim, só não
vai muito longe na busca da alternativa que lhe é proposta no texto porque a alternativa
apresentada lhe parece um disparate, uma loucura. São Paulo comentou: A palavra da
cruz é loucura para os que perecem. (I Coríntios 1.18). Na verdade, o homem carnal
procura sempre alternativas aos seus sistemas de pensamento – e acaba sempre por
criar mais um novo sistema de pensamento, mais doutrinas, mais dogmas, que
combatem outras doutrinas e outros dogmas. Mas a adesão que o Novo Testamento
requer não é a doutrinas e a dogmas mas a uma Pessoa, Jesus Cristo, que só
conhecemos segundo o Espírito (II Coríntios 5.16).
O que o homem pode encontrar como resultado das suas buscas – os seus projectos,
as suas ideologias, as suas religiões – mostra-se sempre frustrante. Isso não significa
que tudo o que o homem produz seja inútil ou que tudo é inútil ao mesmo nível. Há
produtos do pensamento humano que são generosos e acabam mal ou de forma
frustrante porque é da sua natureza assim acabarem. E há produções humanas que
são já à nascença expressões de maldade. Reconheçamo-lo: há ideologias e religiões
piores do que outras. Temos de viver com pensamentos – mas com a certeza de que
todo o pensamento humano tem de ser confrontado constantemente pela forma
alternativa de viver – que é viver segundo o Espírito.
A alternativa a “viver segundo a carne” é simples, tão simples que, ansioso como o ser
humano é pela complexidade, tem dificuldade em aceitá-lo. Lembramos a história de
Naamã, o chefe dos exércitos da Assíria que ficou leproso. Foi aconselhado a consultar
o profeta Eliseu e seguiu para Israel, mas Eliseu mandou-o lavar-se sete vezes no rio
Jordão e Naamã achou a ideia doida ou simples demais. Para mergulhar num rio teria
ficado na sua terra. Um criado foi sensato: “Se o profeta tivesse exigido algo difícil não
o farias? Então por que te recusas a fazer uma coisa simples?” (II Reis 5.10,14).
Naamã seguiu o conselho, mergulhou no Jordão e ficou limpo.
Se fosse complicado alcançar a via do Espírito, Deus seria injusto e o apóstolo Paulo
pouco sábio. Deus seria injusto porque daria oportunidade só a alguns, os que
encontrassem um professor hábil para os ensinar ou tivessem tempo e dinheiro para
seguir algum retiro. E Paulo, que faz tantas referências à vida segundo o Espírito, não
devia ser mais concreto, dizer em pormenor em que consiste isso?
Insistindo: viver segundo o Espírito é simples. Basta renunciar aos objetivos da vida
segundo a carne. O homem segundo a carne, como vimos, é o homem do sistema de
pensamento, das leis, das tradições - viver segundo o Espírito é deixar de referenciar
tudo a um sistema, mas ficar aberto à novidade, àquilo que o Espírito vai trazendo à
nossa vida. Entregar a nossa vida ao Espírito é entregá-lo à liberdade: “O Senhor é
Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”. (II Coríntios 3.17). Deixar
de querer viver exclusivamente segundo as directivas da nossa razão, de um sistema
de pensamento que herdámos da família ou a que aderimos, e passar a estar atento ao
que o Espírito de Deus diz ao nosso espírito.
Não vimos nós que o “homem segundo a carne” vive em busca de poder e glória? Pois
viver segundo o Espírito é também renunciar ao poder e à glória. Colocar-se na vida
como um servo (Marcos 10.45). Não ter a obsessão de um novo conjunto de regras, de
um discurso ideológico fechado (“os gregos buscam sabedoria” – I Coríntios 1.22), mas
assumir-se como Abraão, o peregrino, partindo à aventura com Deus.
DESPOJAMENTO EM CRISTO
Conclui-se que a vida segundo a carne é a vida a nível natural e que a vida segundo o
Espírito é a vida a nível sobrenatural. O homem será naturalmente egoísta, mau, lobo
do homem, e precisa de “morrer” e nascer de novo em Cristo. Essa interpretação tem
muitos textos bíblicos a apoiá-la e é a mais adotada pelo Protestantismo – mas essa
visão negativa, muito calvinista, do “homem natural”, que muitos de nós têm adotado
desde a juventude, deve ser repensada.
O Catolicismo tem uma concepção menos negativa do homem, assim como as Igrejas
Ortodoxas, o Anglicanismo e o Metodismo. O movimento Quaker fala mesmo da
“centelha divina que existe em cada homem” e talvez por isso tem uma admirável ação
em favor da paz e da amizade entre os povos. Mais importante do que especular se o
homem é um ser que nasce naturalmente mau ou nasce bom é percebermos que
aquilo que nos leva a tornar infeliz a vida são atitudes ou valores adquiridos, são como
que “armas” de que nos munimos para a “guerra da vida”. No fundo, os “saberes” que
vou organizando sobre a vida, incluindo este “saber” que o homem é um ser depravado
(Calvino), torna-se um saber de homem carnal (I Coríntios 1.26).
nosso orgulho. O trabalho da teologia não é dizer o que Deus e o Seu mundo são, mas
afastar os saberes errados que sobre Deus e o Seu mundo foram sendo construídos.
A promessa que Jesus fez aos seus discípulos foi de que, após a sua ascensão, o Pai
enviaria o Espírito Santo. Chama-lhe o Espírito de verdade, que os discípulos
conheceriam “porque habita convosco e estará em vós” (João 14.17). Não temos que O
procurar fora de nós, mas dentro de nós. Isto não significa que o Espírito esteja
aprisionado em nós, porque Ele é o Espírito de Deus e Deus está em todo o lado. Mas
é preciso acentuar este ensino do Novo Testamento da presença em nós do Espírito de
Deus, para que a nossa relação com Deus se não veja apenas como uma relação de
busca do Todo-Poderoso que está algures “lá em cima”, mas é também o encontro
com o Deus mais íntimo que um amigo, o Emanuel, Deus connosco.
Viver no Espírito é viver numa comunhão tranquila com o Espírito de verdade que nos
habita. É portanto um caminho místico, de atenção ao mais próximo de nós, e não mais
um caminho de leis, de regras, de rituais exteriores. A exterioridade só merece ser
exercida se não for obstáculo à acção do Espírito. É por isso que entre os Quakers não
há um conjunto de artigos de fé escritos ao qual todos os crentes se devam submeter
nem uma liturgia fixa que se deva cumprir. E no entanto há profunda harmonia entre
eles, porque valorizam acima de tudo a comunhão no Espírito.
O misticismo não está isento de perigos, porque o místico é como um rio que se
aproxima do mar. Num momento, o rio sente tanto o sal do mar que chega a pensar-se
oceano. Por isso Deus providencia a existência da Palavra escrita. Não é uma lei que a
Igreja consulta, mas a margem que limita. O que o Espírito de verdade nos diz tem eco
na Escritura ou não é palavra divina. O Espírito não deixa de falar, mas a sua fala não
contradiz o que já foi inspirado; as coisas novas que diz são novas apenas na
aplicação dos casos, porque a vontade de Deus está formada desde o começo dos
tempos.
Quando o crente sente o amor de Deus dentro de si, Deus amando através de si, toma
consciência das suas faltas, reconhece o seu pecado. O arrependimento que o
discurso moralista e farisaico não consegue, nasce naturalmente naquele que tomou o
sabor do amor do Pai, pronto a perdoar. O arrependimento não é uma boa obra que
fazemos para merecermos o amor de Deus, como crê o homem na carne religioso,
mas é ele mesmo o resultado do amor de Deus derramado no crente. Deus toma a
iniciativa. Se nem todos se arrependem é porque muitos rejeitam o amor de Deus.
A Parábola do Filho Pródigo (Lucas 15.11-32), ilustra esse ensino. O filho perdido não
se arrepende por lhe terem chamado a atenção para o seu pecado ou por, por si só, ter
tomado consciência do seu pecado, mas o arrependimento veio-lhe de ter tido
consciência de que podia ir bater à porta da casa do Pai, onde havia fartura de comida.
Sabia que o Pai o receberia. Se o amor do Pai não fosse evidente para o filho, este não
teria chegado ao arrependimento. Se Jesus não se tivesse manifestado como sendo o
rabi que amava, Maria de Magdala não teria tido a ousadia de se aproximar dele, não
se teria arrependido e ficado grata, tornando-se uma das mais devotadas das suas
seguidoras.
ESPÍRITO E EUFORIA
O movimento dentro das Igrejas que, com maior visibilidade, a partir do século XVIII,
tem procurado sublinhar a necessidade de os cristãos terem a experiência da ação do
Espírito Santo na sua vida, tem sido, em geral, de muito benefício. Foi o movimento
metodista de Wesley; o movimento pentecostal; o movimento carismático mais recente.
No entanto, há entre muitos cristãos alguns exageros e os exageros têm, por vezes,
resultados perversos. Um dos exageros é querer fazer passar a ideia de que “viver no
Espírito” é sempre viver em estado de euforia, isto é, em grande contentamento e
animação. Aos que vivem em constante animação é costume chamar “entusiastas”,
vindo esta palavra do grego “en Theos”, em Deus, salientando que a animação vem da
presença de Deus nessas pessoas. Mas é preciso lembrar que Deus é também Paz e a
Sua presença muitas vezes traduz-se numa grande serenidade no crente.
Não há nas Escrituras sinais de que a euforia permanente exista, e a razão mostra que
a verdade tem de ser diferente. O que, por exemplo, lemos sobre São Paulo, no Livro
dos Actos dos Apóstolos, e o que dele lemos nas suas epístolas torna claro que ele é
alguém que, no essencial, vive “no Espírito”. Paulo diz de si mesmo: “Já estou
crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que
agora vivo, na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si
mesmo por mim” (Gálatas 2.20).
Quando Paulo fala em “agora”, está a referir-se ao tempo que decorre desde a sua
conversão – e no entanto, não faltam textos escritos pela mão do mesmo apóstolo em
que ele está longe de se expressar com euforia, mas antes fala, sem queixume, da sua
fraqueza como homem, das suas lágrimas, do seu sofrimento, das suas provações. Os
discípulos, no dia de Pentecostes, ao receberem o Espírito Santo, ficaram, sem dúvida,
eufóricos, até levarem os seus detratores a dizerem que estavam embriagados – mas
essa euforia não esteve permanentemente com eles, pois vieram horas de
recolhimento, de dor mesmo, de sério confronto com problemas concretos.
Pensemos também que os cristãos, como todas as pessoas, têm de passar pela morte.
Mesmo que vivam na maior segurança, rodeados do maior bem-estar, chega o dia em
que terão de ir “pelo caminho de toda a terra” (I Reis 2.2), uns ainda jovens, outros
menos jovens e alguns ainda com muita idade. É natural então, quando o tempo da
partida se aproxima, que as forças vão faltando, tanto físicas como mentais. E que
acontecerá àqueles que vivem no Espírito? O que tem acontecido a grandes servos de
Deus quando a doença toma os seus corpos é manterem-se serenamente na
submissão ao Espírito, e terminarem tranquilamente a sua carreira. Nas horas do
declínio, nem por isso deixam de ter a bênção de Deus, mas já com voz fraca e corpo
em sofrimento.
Mas nem precisamos de pensar nesses tempos de fraqueza natural que estão perto da
morte. Basta reflectirmos no facto de que também os crentes têm aflições na vida e a
doença de um ente querido ou a separação pela morte há-de reflectir-se na sua vida. O
Espírito estará bem presente e desempenhará a Sua missão de Consolador, co-
existente, por certo, com a lágrima discreta, a mágoa furtiva. E também os crentes são
susceptíveis de um vírus de gripe, de uma pneumonia, que lhes tiram as forças e os
deixam fisicamente cambaleantes, não obstante o Espírito de Deus os habitar.
Também isso faz parte desta verdade: “No mundo tereis aflições” (João 16.33). Só
quando o Reino de Deus chegar à sua plenitude, no fim dos tempos, é que o crente
viverá também na plenitude da sua libertação.
Foi pelo Espírito Santo que a Palavra de Deus guiou o povo israelita (Números 24.2; I
Samuel 16.13; Isaías 61.1; Ezequiel 11.5; Ezequiel 36.27; Mateus 22.43; Atos 1.16; I
Pedro 1.11; II Pedro 1.21).
Na Nova Aliança, feita na cruz por Jesus Cristo, a promessa é de que a direção do
Espírito é agora acessível a todos os crentes. Disto já falava o Antigo Testamento
quando ficou escrito: “Este é o concerto que farei com a casa de Israel, depois
daqueles dias, diz o Senhor: porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu
coração. E eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (Jeremias 31.33).
A diferença fundamental entre o Antigo e o Novo Testamento era que, com a vinda do
Messias todo o crente nele passaria a receber a direcção interna de Deus. É assim
também que se entende a promessa feita em Joel 2:28: Derramarei o meu Espírito
sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os velhos terão sonhos
e os vossos mancebos terão visões. Essa promessa, concluíram os primeiros cristãos,
cumpriu-se no dia do primeiro Pentecostes cristão (Atos 2.1-11).
“Sim”, objetarão alguns, “mas isso deu-se com Paulo, que tinha uma chamada
especial”. Não encontramos fundamente bíblico para tal ideia. O Espírito é para toda a
Igreja, para todos os que são chamados filhos de Deus. É o próprio Paulo quem o diz:
“Todos os que são guiados pelo Espírito, esses são filhos de Deus (Romanos 8.14).
Como todos os que crêem são filhos de Deus (João 1.12), segue-se que a todos é
dada a oportunidade de serem guiados pelo Espírito.
Outra vez Paulo e outra vez em Romanos 8.16: “O mesmo Espírito testifica com o
nosso espírito que somos filhos de Deus”.
É ainda São Paulo, no mesmo capítulo 8 da Carta aos Romanos, que usa justamente o
conceito de adoção para explicar a situação do crente. Na versão francesa ecumênica
da Bíblia, lemos assim, em Romanos 8.15: “Vós não recebestes um espírito que vos
torna escravos e vos conduz ao medo, mas um Espírito que faz de vós filhos
adotivos e pelo qual nós clamamos: Abba, Pai”. O contexto mostra que é bem do
Espírito Santo, Espírito de Deus, que se trata.
O Espírito de Deus concede dons para o serviço de Deus (I Coríntios 12.4-30; Efésios
4.1-16) e é como servos humildes e atuantes que os cristãos se devem apresentar ao
mundo, não com títulos.
CONCLUSÃO
Depois de toda essa maratona de alma, feridas, restauração, cura, só nos resta dizer
que você é um campeão, um homem (uma mulher) curado/a pela ação transformadora
do Espírito de Deus. Como nova criatura, recriado pelo Espírito Santo e destinado a
manifestar as virtudes de Deus na terra, você está apto a desenvolver relacionamentos
profundos e significativos, tanto consigo mesmo como com Deus e com seus
semelhantes.
Você pode viver cheio do Espírito, pois você crê em Jesus como Salvador e o confessa
como Senhor, tendo recebido o dom do Espírito Santo e sido por Ele selado.
Não há outro segredo, não há outro caminho. Mas nem todos os crentes vivem cheios
do Espírito, pois há a possibilidade de entristecer, apagar e resistir ao Espírito Santo.
Sabendo que quando isso acontece o crente fica fraco, insatisfeito, vazio por dentro e
sujo por fora, não vamos deixar que o inimigo nos prenda em suas armadilhas.
Depois de ter a alma curada e transformada pela ação do Espírito Santo, devemos
viver uma vida de louvor e adoração ao Senhor, agradecendo-Lhe por tudo e
sujeitando-nos uns aos outros no temor de Cristo.
Augusto Cury diz que, freqüentemente, o homem é o maior algoz de si mesmo, e nisso
ele está certo. Ele diz que Muitos sofrem por antecipação, fazem o “velório antes do
tempo”. Os problemas ainda não ocorreram, e eles já sofrendo. Outros ruminam o
passado e mergulham numa esfera de sentimento de culpa. O peso da culpa está
sempre a feri-los. Outros, ainda, autodestroem-se devido à sua hipersensibilidade
emocional; pequenos problemas têm um eco intenso dentro deles. As pessoas
hipersensíveis costumam ser ótimas para os outros, mas péssimas para si mesmas.
Mas este não é o nosso caso, pois já aprendemos como lidar conosco mesmos e com
as situações que nos rodeiam. Já saímos dos porões escuros da alma.
Cury diz ainda que se não reciclarmos as idéias de conteúdo negativo, não
trabalharmos o sentimento de culpa e repensarmos a hipersensibilidade emocional,
facilmente entraremos num estado depressivo ou estressante acompanhado de
sintomas psicossomáticos. Pensar não é uma opção do homem... Se o homem não for
o agente modificador da sua história, se não a reescrever com maturidade, certamente
será vítima dos invernos existenciais.
A grande lição que fica é que podemos viver continuamente cheios do Espírito Santo,
curados, vencendo o mundo, a carne e o diabo, e transbordando de louvor, gratidão e
serviço a Deus e aos irmãos.
BIBLIOGRAFIA
CARDOSO, Manuel Pedro. Andar segundo o Espírito (MC): dois modos de andar
na vida. Figueira da Foz: Portugal, 2006.