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HULSMAN, Louk. CELIS, Jacqueline Bernat de.

Penas Perdidas; o sistema


penal em questão. tradução de Maria Lúcia Karan. Rio de Janeiro: Luam, 1993.
180p.
RESENHA - PENAS PERDIDAS: O SISTEMA PENAL EM QUESTÃO

Acadêmico: Iohran Lucas Liebmam 2ºMA

O Livro “Penas perdidas: o sistema penal em questão” de autoria de Louk Hulsman,


holandês, criminólogo crítico da conjuntura penal mundial e europeia, um dos
precursores do abolicionismo penal, teoria que busca demonstrar a ineficácia dos
meios clássicos de punição e, mais além ainda, demonstra a falência do instituto
da punição em si. Neste ensejo, a ideia de Louk Hulsman, na verdade, é de
reinterpretação do sistema penal como um todo, a partir de paradigmas novos
lançados.
A tese do abolicionismo, erguida por Hulsman e seus companheiros teóricos
emerge diversas discussões e precedentes sobre consequências a abolição e a
privação da liberdade. O Eixo central, tratará da fundamentação do Estado livre de
instrumentos penais, que segundo o autor, condena os indivíduos e a sociedade à
estigmatização, exclusão, dominação – efeitos perverso das penas restritivas.
A grande questão por trás desta problemática, pode-se creditar que é a que
envolve, mas e como fica a segurança? Sem o mecanismo “punição” dentro de um
Estado. Outro ponto, ele que veementemente, discutido é o fator legitimidade nesta
ferramenta de ordem do Estado – a punição.
O livro de Louk Hulsman, divide-se em dois grandes eixos de discussão e
demonstração empírica e teórica. A primeira parte reserva-se a uma conversão
bastante prática sobre as situações da conjuntural dos institutos Penais, assim
trata-se de questões de ordem empírica, a qual foi o substrato para a teoriazação
e sedimentação do pensamento Abolicionista. E uma segunda parte denominada
“As perspectivas abolicionistas: apresentação em dois tempos”, essa que
subdivide-se outras duas partes uma delas chamada de “Qual a abolição” e a outra
designada “Qual a liberdade”.
Passando a parte do livro de Hulsman designada “Qual abolição?”, são feitas
perspectivamente, diversas críticas especificamente ao sistema penal europeu,
desta forma o autor, aduz os motivos que o levaram a adotar tal postura tão radical
denominada Abolicionismo.
Sobre os problemas inerentes ao instituto das penas, que é controlado pelo Estado,
o autor volta a atenção para o fenômeno chamado “Cifra Negra da Criminalidade”,
que na criminologia crítica é visto como inadequação formal de um crime cometido,
ou seja, quando crimes reprovados pelo ordenamento jurídico e que se enquadram
nas definições da lei penal, mas que não entram para os registros oficias do sistema
penal, não é contabilizado pelo Policia Formal Jurídica - no Brasil formalizadas pela
Polícia Civil ou a Polícia Federal.
Conforme, essa perspectiva, vê-se que esses acontecimentos criminalizáveis que,
por inúmeros motivos, não são alvos da análise de inquérito penal, sendo que esse
volume é assustadoramente grande, portanto, A partir dessa conceituação,
Hulsman questiona: como considerar normal um sistema que mal funciona e que
influi tão pouco na vida das pessoas, diante baixo número de situações que são
registradas.
O autor ainda o alude o ponto de que as punições em sentido clássico, é o motivo
de perpetuação do crime na sociedade. Nesta tônica, o autor aduz que a prisão é
um grande exemplo da aniquilação do ser humano e por conseguinte da dignidade
inerente ao ser humano, esse conforme o autor é processo degrante que culmina
na formalização de requisitos para que crimes sejam novamente cometidos, haja
vista que do ponto de vista da realocação/ressocialização do indivíduo na
sociedade esse mecanismo “peca” veementemente.
Noutro capítulo, denominnado “Qual a liberdade”, o autor buscar pontuar soluções
para o desenvolvimento do “sistema penal”, refletido nos valores abolicionista.
Desta forma, o autor apresenta casos concretos na tentativa de iluminar seu
pensamento e assim propondo de forma crítica e prática os caracteres da
possibilidade “abolicionista” dentro do ordenamento jurídico.
Nesta mesma toada, no que se refere aos caos reais e as soluções necessárias
para a otimização do sistema penal e por que não da sociedade, o autor aduz a
necessidade de conversações para a resolução efetiva dos conflitos, algo que se
aproxima da mediação e arbitragem do Novo Código de Processo Civil (NCPC).
Outro instituto que o autor eleva uma grande importância, é da reparação de danos,
outro mecanismo que reforça a dialeticidade da sociedade e dos problemas
“penais”. Desta forma, ao que parece o autor não exclui a “punição”, mas encharca
esse instituto em um contexto prático, o qual acarretaria maior valia para a vítima e
os envolvidos nos conflitos. Assim pode-se dizer que o autor em ultima analise visa
encontrar e demonstrar estruturas alternativas divergente da atual para a maior
efetivação do Direito e da dignidade dos indivíduos.
No que se refere-se ao novo paradigma teórico instaurado por Louk Hulsman, vê-
se de modo veemente a importância do desenvolvimento do pensamento científico
na materialização de uma realidade conjugada as percepções teóricas e práticas.
Desta forma, tem-se em vista que o universo e os mecanismos penais, são uma
das áreas mais sensíveis do Estado e da existência do homem, justamente por lidar
com a subjetividade, emoção, justiça e outras máximas individuais, as quais vista
de modo equivocadas podem causar danos irreparáveis.
Já dizia Victor Hugo, no livro “Estrangeiro”, é mais justo não punir 100 criminosos
do que condenar a morte um inocente. Querendo ou não esse pensamento
expresso por Hugo, reflete um dos principais objetivos do Abolicionismo de não
cometer equívocos, injustiças.
Em análise, o Abolicionismo, estabelecido por Hulsman a princípio parece uma
utopia, ao sem utilidade prática, que seria na verdade um delírio da formalidade
cientifica em face de uma realidade eloquente, com necessidades categóricas de
punição, até por conta do sistema capitalista em que vive-se, apesar deste aparente
anacronismo as bases primadas e lançadas por Hulsman ajudam no processo
dialético e orgânico da formalização e na materialização da realidade.
O autor eleva pontualmente, um questão complexa que pode ser revestida pela
questão “qual a função do Estado?” perquirição esta nunca será uma unanimidade
dentro do universo jurídico e/ou da realidade, haja vista o conglomerado de fatores
inerentes aos organismos que chamam-se de indivíduo, direito e sociedade.

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