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XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

APLICAÇÃO DO CONTROLE
ESTATÍSTICO DE PROCESSOS NO
BENEFICIAMENTO DE CAFÉ: UM
ESTUDO DE CASO NO SUDESTE
GOIANO
Murilo Germano da Silva (UFG )
murilogermano17@hotmail.com
Diego Dantas Calixto (UFG )
dantas.diego@hotmail.com
Moises Rodrigues da Silva (UFG )
rodrigues_m_@hotmail.com
Carlos Henrique Menezes Abbade Paro (UFG )
cahparo@hotmail.com
Paulo Eduardo Lino Palhares (UFG )
pauloelp@yahoo.com.br

Para a realização do controle estatístico do processo são utilizadas


várias ferramentas, dentre elas a análise da capabilidade. Este é um
método que tem o objetivo de verificar se um processo é considerado
estatisticamente capaz de atender as especificações do cliente e se está
atuando dentro das especificações ideais projetadas. Diante desta
premissa, o estudo realizado na empresa, tem como foco específico a
análise da capabilidade na produção de pacotes de café com peso
definido em função de suas especificações. Para tanto, foram pesados
vinte pacotes de café durante três dias aleatórios. Depois verificou-se a
normalidade dos dados e calculou-se os índices de capabilidade Cp e
Cpk e com base nestes dados foram elaborados três gráficos: gráfico
da média, gráfico do desvio padrão e gráfico da amplitude. A partir
dos dados utilizados em cada uma das análises, observou-se que
apenas o gráfico de controle da qualidade indicou dois pontos fora do
limite superior de controle (LSC) o que pode ser desconsiderado visto
que os demais pontos seguiram o padrão esperado. E no que refere-se
ao gráfico da média e amplitude observou-se que o processo encontra-
se dentro das especificações, assim como no gráfico da média e desvio-
padrão.

Palavras-chaves: Capabilidade de processos, índices de capabilidade,


métodos estatísticos
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1. Introdução

O mercado brasileiro de café encontra-se em uma fase de crescimento no que tange ao


consumo interno. Tal informação foi constatada através de uma pesquisa feita pela
Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) que revelou um consumo de 19.975
milhões de sacas no período compreendido entre Maio/2011 e Abril/2012, registrando um
aumento de 3,05% em relação ao período anterior. Essa elevação foi devido ao crescimento
do consumo fora de casa, a entrada no mercado de novos produtos inovadores e a melhoria da
qualidade, com a ampliação da oferta de produtos diferenciados (ABIC, 2012). Seguindo essa
análise, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fez uma pesquisa que revelou
o café como sendo o alimento mais consumido diariamente por 78% da população acima de
10 anos, o que representa 79,7 litros/habitante ano. E isso tende a aumentar, pois até o final de
2012, espera-se um crescimento de 3,5% em volume, o que aumentaria o consumo para 20,41
milhões de sacas (ABIC, 2012).

O Gráfico 1 mostra o crescimento do consumo interno de café durante o período


correspondido entre o ano de 1990 e Abril de 2012. Percebe-se que o consumo brasileiro
apresenta uma constante crescimento desde o ano de 1990, excetuando-se o ano de 2003 que
houve uma pequena queda em relação ao ano anterior.

Gráfico 1 – Evolução do consumo interno de café no Brasil

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Fonte: ABIC (2012)

Segundo a Embrapa, as pesquisas na área do cultivo do café focalizam seus investimentos em


tecnologias sustentáveis, que elevam a produtividade, a qualidade e, consequentemente, a
competitividade do produto, preservando o meio ambiente e garantindo dignidade social.
Podem-se citar também os estudos para o aperfeiçoamento e desenvolvimento de novas e
melhores cultivares, entendido como “resultado de melhoramento em uma variedade de planta
que a torne diferente das demais em sua coloração, porte, resistência a doenças” e em
biotecnologia (IBGE, 2012). Em relação a isso, as pesquisas de melhoramento genético
propiciaram o desenvolvimento de 36 cultivares, resistentes às principais pragas e doenças do
cafeeiro e adaptadas a determinadas condições climáticas, melhorando a qualidade dos frutos
e elevando significativamente a produção. O desenvolvimento de sistemas de irrigação
também tem papel importante para o aumento de produtividade e de qualidade da produção,
pois permite expandir o cultivo de café para regiões que eram consideradas marginais e ainda
a regiões antes preparadas somente à cafeicultura de sequeiro, ou seja, sem sistemas de
irrigação. Atualmente percebe-se que o uso da irrigação na cafeicultura propicia inúmeros
benefícios, dentre os quais pode-se citar: “aumento na produtividade e rentabilidade, maior
eficiência na utilização de recursos, melhoria nas características e propriedades físicas do café
e diminuição no risco da atividade” (BESSA, 2012).

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2. Caracterização do ambiente estudado

A organização em estudo é uma microempresa que iniciou suas atividades em 1963 com o
beneficiamento de arroz e feijão. A partir de 1990 começou o também o beneficiamento do
milho e do café (separação dos grãos, torragem, moagem e empacotamento). Considerando
que neste estudo analisou-se apenas o produto “café empacotado”. O Fluxograma 1 que
demonstra de maneira simplificada o processo interno do café, com destaque na etapa do
empacotamento, na qual foram coletadas as amostras para análise.

Fluxograma 1 - Processo de produção simplificado do café

Fonte: Elaborado pelos autores

Atualmente a empresa conta com 16 colaboradores e 2 proprietários, responsáveis pelas


questões táticas e estratégicas.

A área total do empreendimento é dividida em setores de produção. Para o café e o milho são
utilizados maquinário específicos, por se tratar de produtos com sistemas de beneficiamento
diferentes. Já o arroz e o feijão utilizam a mesma linha de empacotamento, devido a
semelhança do processo. Os funcionários operacionais realizam atividades em todas as linhas
de produção, uma vez que elas ocorrem de forma alternada. O esboço dos setores
administrativos e de produção pode ser conferido na Figura 2.

Figura 1 - Esboço da planta da empresa

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Fonte: Elaborado pelos autores

O planejamento da produção é feito de acordo com a análise dos pedidos realizados pelos
clientes atacadistas e varejistas de Catalão e região. Todos os produtos beneficiados possuem
estoque para pronta entrega. Esse planejamento é realizado pelos proprietários da empresa.

3. Referencial Teórico

Nesta sessão é apresentada a revisão teórica com os conceitos necessários para implementar o
controle estatístico de processos (CEP) e os métodos estatísticos utilizados para realiza-lo.

3.1. Implementação do CEP

Os métodos de controle estatístico de processos se tornou nos dias atuais uma ferramenta de
grande ajuda para o controle da qualidade nas empresas, mas para que se consiga utilizar essa
ferramenta com maior precisão é necessário ter alguns cuidados e comprometimentos. Para
Montgomery (2009) o compromisso e envolvimento da gerência com o processo de melhoria
da qualidade é o componente mais vital do sucesso potencial do CEP. A gerência é uma
função-modelo, e os demais na organização procurarão nela um guia e um exemplo. Uma
abordagem de grupo também é importante, uma vez que, em geral, é difícil, para uma pessoa
sozinha, introduzir melhorias no processo. De acordo com o autor supracitado o CEP não é
um programa de uma só vez, a ser aplicado quando a empresa está com problemas, e depois
esquecido. A melhoria da qualidade que se concentra na redução da variabilidade deve se
tornar parte da cultura organizacional.

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Em qualquer processo de produção, independentemente de quão bem planejado ou


cuidadosamente mantido ele seja, certa quantidade de variabilidade inerente ou natural
sempre existirá. Outros tipos de variabilidade podem, ocasionalmente, estarem presentes na
saída de um processo. Essa variabilidade nas características-chave da qualidade surge em
geral de três fontes: máquinas ajustadas ou controladas de maneira inadequada, erros do
operador, ou matéria prima defeituosa. Tal variabilidade é geralmente muito grande quando
comparada com a natural, e representa usualmente, um nível inaceitável do desempenho do
processo. (MONTGOMERY, 2009)

3.2. Métodos estatísticos básicos

Inicialmente faz se necessário ter um conhecimento básico de alguns métodos estatísticos


como o cálculo da média aritmética, desvio-padrão e amplitude. Para McGraw-Hill e Spiegel
(1993) a média aritmética, ou média, de um conjunto de números é representada
por .

Segundo Prem S. Mann (2006) o desvio padrão representa a medida de dispersão mais
utilizada e o seu valor relativo nos informa qual próximo os valores de um conjunto de dados
estão agrupados em torno da média aritmética.

Já a amplitude segundo McGraw-Hill e Spiegel (1993, pág 104) é a diferença entre o maior e
o menor número.

3.3. Gráfico de controle

O gráfico de controle serve para verificar se um processo esta sob controle estatístico, esse
gráfico é feito através de coleta de amostras de um determinado processo, no caso desse
trabalho foi através da pesagem do produto café já embalado. De acordo com Montgomery
(2009) o gráfico contém uma linha central ou média, representando o valor médio da
característica da qualidade que corresponde ao estado sobre controle. Duas outras linhas
horizontais, chamadas limite superior de controle (LSC) e limite inferior de controle (LIC),
também são mostradas no gráfico.

Para que o processo seja capaz os dados colhidos tem que está dentro desses limites, caso
contrario, o gráfico é interpretado como não capaz, assim faz se necessário uma investigação
e ação corretiva para se chegar a fonte do problema e eliminar a causa ou as causas atribuíveis
responsáveis por esse comportamento.

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3.4. Limites de especificação

Conforme Costa et.al (2009) os limites de especificação são estabelecidos pela engenharia,
visando minimizar ambos os riscos. Aplicam-se aos valores individuais de ; já os limites de
controle aplicam-se as médias amostrais . Embora e sejam medidos nas mesmas
unidades físicas, a escala de variação das medias amostrais é o menor que a dos valores

individuais de , pois . A razão entre as escalas não é fixa, pois depende n.


Assim, não há nenhum sentido em comparar limites de especificação com limites de controle.

3.5. Gráficos de controle para e

Para criação desse gráfico é necessário ter a media geral das amostras e também a média da
amplitude. Para isso, as fórmulas (1) foram utilizadas para a construção dos limites de
controle para o gráfico.

(1)

A constante encontra-se tabulada para vários tamanhos de amostra

3.6. Índices de capacidade do processo

Segundo Costa et.al (2009) os índices de capacidade de processo (ICPs) são parâmetros
adimensionais que indiretamente medem o quanto o processo consegue atender as
especificações. Neste trabalho foram calculados os índices e . Martins e Launegi

(2005) diz que para o processo ser capaz é necessário que seja maior que 1. Caso seja

menor que 1, o processo é incapaz. Montgomery (2009) diz também que caso o índice seja

igual a 1, o processo usa toda a sua faixa de tolerância e é classificado também como um
processo capaz.

Já o índice mede o potencial que o processo tem em apresentar resultados ruins diante dos

limites superior e inferior de controle.

4. Procedimentos metodológicos

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Este estudo enquadra-se na perspectiva de uma análise quantitativa e adota também um


caráter exploratório, através da pesquisa em livros acadêmicos e materiais disponibilizados na
internet, como pesquisas desenvolvidas no âmbito estatístico, estudos de caso e artigos
científicos.

A primeira etapa empreendida para este estudo foi a coleta de dados, que aconteceu durante 3
dias aleatórios (dois destes dias durante o mês de abril de 2012 - um na primeira quinzena e
outro na segunda quinzena – e um dia na segunda quinzena de setembro de 2012), a escolha
dos dias para as coletas ocorreu a maneira despretensiosa. No entanto, embora esta não tenha
sido uma preocupação durante a elaboração deste estudo, a escolha de dias aleatórios poderia
ter sido uma alternativa proposital com a intenção de analisar o mesmo lote de embalagem em
um mesmo período e outro lote de embalagem em um período diferenciado para auferir maior
confiabilidade nos resultados apresentados.

Assim, em cada dia pesou-se 20 pacotes de café sequencialmente, no entanto, cabe ressaltar
que estas amostras não correspondem necessariamente aos 20 primeiros pacotes produzidos
diariamente. Destaca-se ainda que os dados foram coletados de maneira primária, ou seja,
coletados diretamente pelos autores deste estudo.

Para a aplicação dos métodos estatísticos no estudo e verificação do processo de


empacotamento do café, fez-se necessária a utilização de alguns procedimentos como a
organização dos dados coletados, aplicação dos índices Cp e Cpk e análise gráfica através dos
gráficos do controle da qualidade, gráfico da média e amplitude e gráfico da média e desvio-
padrão. Para a elaboração dos gráficos utilizou-se as ferramentas disponíveis no Microsoft
Office Excel ® 2007.

5. Resultados

Nas amostras coletadas analisou-se apenas a variável Peso (g). Os dados obtidos podem ser
observados na Tabela 1.

Tabela 1 – Amostras coletadas durante os três dias


Peso (g) – 1º dia Peso (g) – 2º dia Peso (g) -3º dia
Amostra
(1ª quinzena – Abril) (2ª quinzena – Abril) (2ª quinzena – Setembro)
1 248 247 251
2 252 247 246
3 238 251 249

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4 256 245 250


5 258 247 252
6 253 247 249
7 255 248 250
8 255 250 246
9 251 250 245
10 258 249 247
11 243 250 250
12 248 252 253
13 248 249 251
14 249 244 250
15 253 245 251
16 252 242 252
17 265 250 250
18 266 247 250
19 251 249 253
20 257 252 252
Fonte: Elaborada pelos autores

Tendo como base os valores de todas as amostras coletas nos três dias aleatórios,
primeiramente foram calculados os valores parciais de cada dia e a partir destes, calculou-
se as médias gerais referentes a estas variáveis. Conforme pode ser visualizado na tabela 2.

Tabela 2 - Médias gerais das variáveis

VALORES PARCIAS
VARIÁVEIS MÉDIAS GERAIS
1º dia 2º dia 3º dia

Média X 252,80 248,05 249,85 250,23

Amplitude R 28,00 10,00 8,00 15,33

Desvio padrão 6,57 2,67 2,30 3,85


Fonte: Elaborada pelos autores

A variável escolhida para a análise de capabilidade foi o peso final do pacote de café pré-
estabelecido pela empresa. Estes pacotes que foram analisados devem conter, por padrão, 250
gramas. Segundo o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(INMETRO), órgão que faz o regulamento técnico metrológico, no parâmetro referido é

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aceitável uma variação máxima de até (9 ± 1,8) gramas para menos, representando a margem
de erro em torno do peso final.

Este é um exemplo de controle que deve ser feito constantemente pela empresa. Pois caso a
quantidade do produto seja excedente, a empresa pode ter prejuízos, uma vez que os cálculos
nos quais se baseiam para determinar o preço do produto são feitos para as 250 gramas. E
caso a quantidade seja menor, o consumidor poderá ficar lesado, uma vez que está pagando
por uma quantidade de produto que não corresponde às informações contidas na embalagem.
Além do descumprimento das normas regulamentadoras estabelecidas pelo órgão ao qual
compete esta padronização e controle.

5.1. Relação entre o peso do produto com os limites de controle de qualidade

A apresentação dos valores relativos à coleta de dados feita na empresa α, se dá pela


elaboração do gráfico de controle da qualidade (Gráfico 1) a partir do total de 60 pesagens
realizadas nos três dias (20 pesagens/dia). O objetivo desse gráfico é identificar se o processo
esta ou não sobre controle estatístico através da relação do peso do produto com os limites de
controle de qualidade. Com isso, calculou-se a média do peso dos produtos, o desvio-padrão,
o limite superior de controle (LSC) e o limite inferior de controle, (vide fórmulas 1, 2 e 4) e os
resultados foram apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 – Elementos para construção do gráfico de controle de qualidade


Média Desvio padrão LSC LIC

250,23 4.67 264.24 236.22


Fonte: Elaborada pelos autores

Gráfico 1 - Controle da qualidade do processo

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Fonte: Elaborado pelos autores


Após a construção do gráfico, foi observado que no primeiro dia de coleta de dados, dois
pontos excederam ao limite superior de controle (LSC) e segundo a literatura, esse processo
estaria fora de controle estatístico. Contudo, foi possível concluir que as amostras coletadas
estão sobre controle estatístico, pois os dois pontos fora do limite superior de controle foi
possivelmente consequência de uma imprecisão da maquina de empacotamento no momento
da coleta dos dados, sendo estes dados não representativos no processo, uma vez que as
demais amostras seguiram o padrão esperado.
5.2. Análise das especificações através do gráfico da média com a amplitude

Outro gráfico desenvolvido foi o da média com a amplitude (Gráfico 2), com isso, foi
analisado se o peso do produto estava sob controle estatístico de processo e também, se
atendia as especificações. Para a construção desse gráfico são utilizadas as fórmulas (5)
contidas nas referências bibliográficas.

O gráfico de controle da média com a amplitude é um diagrama que apresenta um limite


superior de controle (LSC), um limite inferior de controle (LIC), uma linha média (Linha
Média), um limite de especificação superior (LES) e um limite de especificação inferior (LEI)
estabelecidos. Os resultados da aplicação destas equações podem ser conferidos na Tabela 4.

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Tabela 4 – Elementos para a construção do gráfico de controle da média com a amplitude

LSC LIC LM A LES LC LEI

252,99 247,47 250,23 0,18 241 250,00 259

Fonte: Elaborada pelos autores

Gráfico 2 - Controle de média com a amplitude

Fonte: Elaborado pelos autores

A partir da análise feita no gráfico de controle da média com a amplitude foi observado que a
média dos pesos de cada amostra se encontrava estável, ou seja, apresentava uma pequena
variabilidade em relação à média geral. Isso demonstra que o gráfico está sobre controle
estatístico de processo. Nota-se também que o LSC (Limite Superior de Controle) e o LIC
(Limite Inferior de Controle) estão dentro dos parâmetros de especificações. Percebe-se então
que o peso do produto atende as especificações necessárias. Outro fator observado são os
resultados dos índices de controle Cp e Cpk, com resultado Cp igual a 1 e Cpk próximo a 1,
identifica-se o processo como aceitável (vide tabela 5).

Tabela 5 – Capabilidade e especificações

Cp Cpkinf CpkSup

1 0,91 0,88

Fonte: Elaborada pelos autores

6. Considerações finais

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A proposta apresentada da aplicação do controle estatístico por meio da análise gráfica e dos
índices de desempenho Cp e Cpk, no processo do produto – café de 250 g empacotado - de
uma empresa beneficiadora do sudeste goiano, cumpriu os objetivos, pois através da análise
dos métodos de controle aplicados verificou-se que o processo encontra-se sob controle e
atende às especificações.

Para a melhoria do processo propõe-se que a empresa contrate um serviço especializado em


consultoria ou faça parcerias. Por exemplo, por meio de estágios com instituições de ensino que
tenham em sua grade disciplinas que trabalhem com o CEP, visto que embora não tenham sido
encontrados problemas neste momento, futuramente estes podem vir a acontecer, ressaltando a
necessidade de um controle periódico. Assim, espera-se que as sugestões apresentadas possam
contribuir para melhorias na empresa e no aumento da capacidade do processo. Para que continue
atendendo às exigências necessárias de uma forma cada vez mais proveitosa e trazendo benefícios
para a empresa e os consumidores.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO CAFÉ – ABIC. Indicadores da indústria de café no


Brasil – 2012. Disponível em: <http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=61#1389.>
Acesso em: 03 dez. de 2012.
BESSA, Flávia; EMBRAPA CAFÉ. Pesquisa e indústria de café incrementam consumo do produto pelos
brasileiros. Disponível em: <http://www.sapc.embrapa.br/index.php/ultimas-noticias/pesquisa-e-industria-de-
cafe-incrementam-consumo-do-produto-pelos-brasileiros>. Acesso em: 03 dez. de 2012.
BRASIL. Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo. Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (INMETRO). Portaria INMETRO nº 74, 1995.
COSTA, Antonio Fernando Branco; EPPRECHT, Eugênio Kahn; CARPINETTI, Luiz Cesar Ribeiro. Controle
Estatístico de Qualidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE – CIDADES. Mapa de Goiás.
Disponível em:< http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 15 out. de 2012.
MANN, Prem S. Introdução a estatística. 5º edição., Rio de Janeiro: LTC, 2006.
MARTINS, Petrônio Garcia. Administração da Produção. 2. ed. rev., aum. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005.
MCGRAW-HILL Schaum; SPIEGEL, Murray R. Estatística. 3º edição., São Paulo: Makron Books, 1993.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. Cultivares Protegidos. Disponível em
http://www.agricultura.gov.br/vegetal/registros-autorizacoes/protecao-cultivares/cultivares-protegidas. Acesso
em: 03 dez. de 2012.
MONTGOMERY, Douglas C. Introdução ao controle estatístico da qualidade. 4º edição., Rio de Janeiro:
LTC, 2009.

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