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4. Análise estrutural
4.1 Considerações iniciais
4.2 Estabilidade global de edifícios
4.2.1 Parâmetro de instabilidade α
4.2.2 Coeficiente γz
4.2.3 Análise de estruturas de nós móveis
4.2.4 Consideração da alvenaria
4.3 Esforços solicitantes por causa de imperfeições globais
4.4 Ações horizontais
4.4.1 Considerações iniciais
4.4.2 Modelos para determinação dos esforço s solicitantes
4.4.2.1 Modelos de pórticos planos
4.4.2.2 Modelo tridimensional
4.4.3 Métodos simplificados
4.5 Valores das ações a serem considerados nos projetos
4.5.1 Valores representativos das ações
4.5.1.1 Valores de cálculo
4.5.1.2 Coeficientes de ponderação das ações no estado limite último
4.6 Combinações das ações
4.6.1 Combinações a considerar
4.6.1.1 Combinações últimas
4.6.1.2 Combinações de serviço
Referências bibliográficas
5. Lajes maciças
5.1 Introdução
5.2 Exemplos de esquemas estáticos para lajes maciças
5.2.1 Laje isolada, apoiada em vigas no seu contorno
5.2.2 Duas lajes contíguas
5.2.3 Lajes em balanço
5.3 Tipos de condições de vinculação para lajes isoladas
5.4 Condições de vinculação diferentes das indicadas nas tabelas
5.5 Vãos efetivos das lajes
5.6 Altura útil e espessura
5.7 Cálculo dos esforços olicitanstes
5.7.1 Reações de apoio
5.7.1.1 Exemplo 1
5.7.1.2 Exemplo 2
5.7.2 Cálculo mediante tabelas
5.7.2.1 Exemplo 1
5.7.2.2 Exemplo 2
5.7.2.3 Exemplo 3
5.8 Cálculo dos momentos fletores
5.8.1 Equação diferencial da superfície elástica
5.8.2 Momentos fletores e compatibilização
5.8.3 Cálculo mediante tabelas
5.8.3.1 Exemplo 1
5.8.3.2 Exemplo 2
5.8.3.3 Exemplo 3
5.8.4 Cálculo dos momentos fletores finais
5.9 Esforços solicitantes em lajes com ação linearmente distribuída –
paredes sobre lajes
5.9.1 Lajes armadas em duas direções
5.9.2 Lajes armadas em uma direção
5.9.2.1 Parede na direção perpendicular a armadura principal
5.9.2.2 Parede paralela à armadura principal
5.10 Dimensionamento das lajes maciças
5.10.1 Verificação das tensões tangenciais
5.10.1.1 Lajes sem armadura para força cortante
5.10.2 Verificação das tensões normais - cálculo das armaduras
5.10.2.1 Cálculo das armaduras longitudinais de tração
5.11 Distribuição das armaduras de flexão
5.11.1 Armaduras junto à face inferior da laje (positivas)
5.11.2 Armadura junto à face superior da laje ( negativas )
5.11.3 Momentos volventes
5.12 Verificação dos estados limites de serviço
5.12.1 Estado limite de deformação excessiva
5.12.1.1 Estado limite de formação de fissura
5.12.1.2 Estado limite de deformação
5.12.1.3 Estado limite de fissuração
Referências bibliográficas
1.1 INTRODUÇÃO
1.1.1. GENERALIDADES
d. elementos tridimensionais - são aqueles que têm as três dimensões (l1, l2 e l3)
da mesma ordem de grandeza conforme figura 1.1-d. Exemplos de elementos
tridimensionais nos edifícios são as sapatas responsáveis por transferir as ações
atuantes nos pilares para o terreno, quando este tem resistência suficiente em
camadas próximas (até 2,0m) do nível do piso de menor cota. Podem ser adotadas
fundações profundas - estacas ou tubulões – exigindo, portanto, blocos para
transferirem as ações dos pilares para camadas profundas do terreno.
a) b)
c) d)
Figura 1.1 - Identificação dos elementos estruturais
[Fusco, 1976]
A figura 1.3 apresenta o desenho do corte vertical dos pavimentos-tipo, corte este
realizado pelo plano AA, conforme indicado na figura 1.2, perpendicular ao plano dos
pavimentos. Pode-se, nesta figura, visualizar os elementos lineares (barras) vigas e
pilares necessários para transferir as ações atuantes nas lajes dos pavimentos.
As ações atuantes são as ações permanentes diretas, que são os pesos próprios
dos elementos da construção, os pesos dos materiais de acabamento e de todos os
equipamentos fixos, e as ações variáveis normais que são ações relativas a utilização
da edificação tais como pessoas, móveis, veículos e etc. Nas estruturas dos edifícios
devem ser sempre consideradas as forças atuantes pela ação de vento, absorvidas
pelos pórticos verticais constituídos pelas vigas e pilares da edificação.
Deste modo percebe-se a importância dos elementos estruturais de barras - vigas
e pilares - na segurança das estruturas de concreto armado destinadas a edifícios. As
vigas normalmente estão submetidas a ações uniformemente distribuídas, embora
possam, em casos que o projeto exija, receber ação concentrada por causa da
necessidade de se apoiar viga em viga, o que lhes dá uma situação de elementos
estruturais submetidos a esforços de flexão - momento fletor e força cortante.
Os pilares, em virtude da consideração de pórtico plano ou espacial, ficam
submetidos a esforços de flexo-compressão - momento fletor e força normal. Com a
consideração de ação horizontal têm também solicitação de força cortante.
CORTE A
ESC. 1:75
Figura 1.3 - Corte transversal dos pavimentos de um edifício
b) SEÇÃO TRANSVERSAL
Em princípio todo elemento estrutural, bidimensional, isto é, que tenha duas das
dimensões maiores que a terceira (espessura), posicionado paralelamente ao plano
vertical é chamado de parede, sendo identificado nos desenhos e memórias de cálculo
pela sigla PAR seguida de um número de ordem e das suas dimensões - espessura e
altura.
As paredes são chapas e, conforme já visto, são elementos estruturais
bidimensionais com ação agindo paralelamente ao plano médio. As paredes são,
portanto, chapas de concreto armado e com apoio contínuo, isto é, o apoio da parede
se dá ao longo de toda a base.
Definem-se como paredes estruturais as estruturas laminares planas verticais
apoiadas de modo contínuo em toda a sua base, sendo que o comprimento da seção
transversal é maior do que cinco vezes a largura.
Exemplos de paredes são as paredes de reservatórios paralelepipédicos para
água enterrados e apoiados diretamente sobre o solo, com a laje de fundo também
trabalhando como fundação. As reações de apoio das lajes de tampa e de fundo
transmitidas às paredes são ações uniformemente distribuídas e atuam paralelamente
ao plano médio.
Na figura 1.6 pode-se notar que entre o nível superior da fundação direta e a face
superior do nível do térreo há uma parede que tem dupla finalidade: deve conter o
empuxo de terra, em função do desnível - efeito de placa e receber a ação das lajes do
térreo - efeito de chapa, neste caso uma parede.
c. vigas-parede
d. cascas
a. elementos de fundação
CORTE HORIZONTAL
CORTE TRANSVERSAL AA
CORTE LONGITUDINAL BB
a) b)
Figura 1.14 - Elementos de fundação
b. blocos de transição
Alguns terrenos não mobilizam resistência lateral, inviabilizando a utilização de
estacas como solução para a fundação. Adota-se, então, fundação em tubulões que
têm a finalidade de transferir as ações atuantes no pilar para níveis do terreno onde a
resistência é compatível com este tipo de fundação. Essa decisão também é tomada
em função da magnitude da ação atuante no pilar e do fator econômico.
É feito um alargamento de base em forma de tronco de cone com a finalidade de
diminuir a tensão que está atuando no fuste do tubulão para compatibilizá-la com a
resistência do solo no nível considerado. A transferência da ação do pilar para o
tubulão é feita por bloco de concreto interposto entre o pilar e o tubulão.
Nos edifícios às vezes pode ocorrer a impossibilidade de se manter a posição de
tramos de pilar entre andares, isto é, não é possível manter o alinhamento do eixo
vertical do pilar. Isso ocorre pelo fato de, em função da distribuição arquitetônica de
andares consecutivos, não ser possível manter o alinhamento. Há necessidade,
portanto, de se projetar um bloco de transição para transferir a ação do tramo superior
do pilar para o tramo inferior. O projeto estrutural do bloco de transição é feito
considerando-se modelo que segue o caminho das tensões. Quando este caminho é
desconhecido há necessidade de análise experimental.
c. consolos
Consolos podem ser definidos como vigas de pequeno vão em balanço com
relação entre vão e altura menor do que 1,0, segundo indicação de Leonhardt [1978].
Estes elementos estruturais se comportam como elementos tridimensionais e resistem
às ações aplicadas mobilizando resistência ao cisalhamento.
A sua ocorrência nas estruturas se dá como adendos aos pilares nos quais não é
possível transferência direta das ações. Por exemplo, em edifícios industriais onde há
exigência de se prever a existência de ponte rolante, ou em pilares pré-fabricados
como indicado na figura 1.15 para apoio das vigas.
1.1.2.4 Sistemas estruturais compostos de elementos
Existem sistemas estruturais correntes em estruturas de edifícios que são
compostos por dois elementos de comportamentos estruturais diferentes. É o caso, por
exemplo, conforme já comentado, dos reservatórios paralelepipédicos onde as paredes
têm função de lajes submetidas à ação da água representada por uma ação
triangularmente distribuída e, de viga parede em virtude das reações de apoio das lajes
de tampa e de fundo.
PLANTA
VISTA AA
CORTE BB
1.2.1 GENERALIDADES
Figura 1. 20 - Lajes
Analisando a tabela 1.1 pode-se perceber que para os edifícios usuais, até 15
pavimentos, é possível adotar-se para sistema estrutural pavimento constituído por
lajes maciças e vigas e como subsistema vertical pilares. Se a altura for um pouco
maior, por exemplo, 20 pavimentos, ter-se-á a necessidade de contar com, além de
pórticos, paredes com a finalidade de absorver as ações horizontais (vento).
NÚMERO DE PAVIMENTOS
SISTEMA
0 20 40 60 80 100 120
Laje plana e pilares
Laje plana, pilares e paredes
Treliça interpavimento
Pórtico
Núcleo rígido
Pórtico com reforço diagonal
Paredes e pórticos associados
Treliça passante
Tubo externo
Tubo externo e núcleo interno
Tubos modulares
Mega estrutura em tubos treliçados
Para um número maior de pavimentos deve-se utilizar a região dos elevadores
para construir um núcleo rígido de concreto armado, sendo que as paredes que
definem a área dos elevadores serão substituídas pelos elementos estruturais do
núcleo. Evidentemente o núcleo será provido de aberturas para se poderem dispor as
portas dos elevadores.
O projetista estrutural não analisa a estrutura real, mas uma versão idealizada
que constituí o modelo mecânico, conforme pode ser visto na Figura 1.28.
O modelo mecânico engloba todas as idealizações adotadas pelo engenheiro e se
expressa por um conjunto de relações matemáticas que interligam as variáveis
importantes do fenômeno físico em estudo.
O sistema estrutural idealizado é apenas um substituto do sistema real, e como tal
inclui aproximações. É imprescindível que o projetista tenha habilidade e
conhecimentos suficientes para que o modelo seja capaz de representar, de forma
satisfatória, o sistema físico real e de produzir resultados cuja aproximação seja
conhecida.
Em geral, quanto maior a representatividade do modelo tanto mais elaborado ele
poderá ser. Essa maior elaboração pode ser alcançada resumidamente por:
-aumento da complexidade das teorias que exprimem o comportamento dos
elementos estruturais e dos materiais componentes;
-integração de um maior número de elementos estruturais no modelo ao invés de
legar a cada um uma função estrutural específica, em modelos isolados;
-adoção de domínios geométricos mais abrangentes tal como a inclusão do solo e
das fundações em conjunto com a superestrutura do edifício no modelo.
E atraente a idéia de se conceber um modelo para a estrutura de um edifício com
grande requinte, combinando-se os seus diferentes elementos estruturais que, em
conjunto, apresentam um comportamento integrado complexo.
A constante busca de realização dessa idéia é anotada em ENGEL [1981] como
um dos mais notáveis e importantes desenvolvimentos da Engenharia de Estruturas
atual, incentivada pela nova dimensão aberta pelos computadores eletrônicos aos
métodos numéricos.
2.1 INTRODUÇÃO
2.1.1 GENERALIDADES
As ações permanentes são aquelas que ocorrem nas estruturas com valores
constantes ou de pequena variação em torno de sua média, durante praticamente toda
a vida da construção. As ações permanentes podem ser diretas ou indiretas.
São as que ocorrem nas estruturas com valores que apresentam variações
significativas em torno de sua média, durante a vida da construção. São as ações de
uso das construções (pessoas, móveis, materiais diversos, veículos), bem como seus
efeitos (forças de frenação, de impacto e centrífugas), efeitos do vento, das variações
de temperatura, do atrito nos aparelhos de apoio e das pressões hidrostáticas e
hidrodinâmicas.
Em função de sua probabilidade de ocorrência durante a vida da construção, as
ações variáveis são classificadas em normais ou especiais.
São aquelas que têm duração extremamente curta e muito baixa probabilidade
de ocorrência durante a vida da construção, mas que precisam ser consideradas nos
projetos de determinadas estruturas.
São as ações decorrentes de causas como: explosões, choques de veículos,
incêndios, enchentes ou sismos excepcionais.
Nas estruturas de edifícios os choques de veículos podem ocorrer nas áreas de
manobras das garagens e os incêndios devem ser considerados com probabilidade
compatível com o tipo de utilização da obra, tais como indústrias de produtos químicos.
A NBR 8681 considera que os incêndios, ao invés de serem tratados como
causa de ações excepcionais, também podem ser levados em conta por meio de
redução da resistência dos materiais constitutivos da estrutura.
Para estruturas de concreto existe norma específica para projeto de estrutura
resistente ao fogo. Cuidados especiais devem ser tomados com relação ao cobrimento
das barras da armadura.
Com relação à segurança contra incêndio em edifícios os projetos arquitetônicos
prevêem que as escadas devem ser enclausuradas, cujo acesso é feito por duas portas
corta-fogo, sendo que entre as duas portas fica uma antecâmara com duto de fumaça,
para proteger a escada em caso de incêndio.
2.2 VALORES DAS AÇÕES PERMANENTES
A NBR 6120 prescreve que este tipo de ação é constituída pelo peso
próprio da estrutura e todos os elementos construtivos fixos e instalações permanentes.
No caso de edifícios as ações permanentes são constituídas pelos pesos
próprios dos elementos estruturais - lajes, vigas, pilares, blocos ou sapatas de
fundações, dos elementos de vedação, das paredes de alvenaria - com os vários tipos
de tijolos que podem ser usados na edificação, caixilhos com vidros ou divisórias de
vidros. Os elementos de revestimento de paredes, argamassas, azulejos, pedras
decorativas, madeiras e etc., também devem ter seu peso próprio considerado na
avaliação das ações dos revestimentos verticais.
Para os revestimentos horizontais devem ser considerados os revestimentos na
face inferior das lajes e os contrapisos e os pisos que podem ser de madeira, cerâmico,
pedras, carpetes, etc.
Os contrapisos são feitos em argamassa de cimento e areia e têm a finalidade
de corrigir as imperfeições, com relação ao nível superior das lajes, oriundas da
concretagem. A execução do contrapiso demanda custos adicionais na obra, tais como:
material argamassa, custo de transporte e de mão de obra para fazer a argamassa e
aplicá-la.
Algumas empresas têm se preocupado em melhorar o processo de moldagem
das lajes com a finalidade de evitar a execução do contrapiso, portanto, com economia
significativa na obra, otimizando tempo e recursos financeiros.
Existem edifícios destinados à moradia ou comercial, com melhor cuidado
arquitetônico, onde existem ambientes destinados a jardins internos. O projeto
arquitetônico deve especificar os detalhes para que se possa, no projeto estrutural,
definir claramente as ações relativas às jardineiras e lagos artificiais, etc. Lembra-se
que um metro cúbico de terra tem massa de 1800kg. Dependendo do porte das plantas
que compõem o projeto de jardinagem a sua massa assume significado especial na
consideração das ações.
A NBR 6120 especifica que na falta de determinação experimental, o
projetista de estruturas pode adotar os pesos específicos aparentes dos materiais de
construção indicados na Tabela 2.1.
Na tabela são listados os valores relativos aos materiais mais comuns.
É interessante notar que se for especificado, para um determinado ambiente
arquitetônico, piso de madeira de ipê róseo de 2cm de espessura, o seu peso por
unidade de área será de 0,20 kN/m2, se, por outro lado, for especificado mármore, na
mesma espessura, o peso passa a ser de 0,56 kN/m2, ou seja, uma diferença de
180%. Com isso, se pretende justificar o pleno conhecimento que o engenheiro
projetista deve ter de todos os materiais de acabamento, para não cometer erro de
avaliação nas ações de peso próprio.
Para situações específicas, como por exemplo, a utilização de blocos de
concreto celular como vedação de alvenarias, deve ser consultado catálogo do
fabricante, ou seu departamento técnico, pois para a composição do carregamento total
da alvenaria há necessidade de se conhecer o peso específico do material.
Muitos dos componentes das edificações são constituídos pela composição de
outros, por exemplo, os caixilhos metálicos e de madeira. Para determinar as suas
ações permanentes nas estruturas é necessário compor os pesos dos materiais, isto é,
acrescentar ao peso de aço ou madeira o peso dos vidros que compõem o caixilho.
Na falta de dados normalizados ou de catálogos de fabricantes de componentes
de construção há necessidade de se determinar experimentalmente os seus pesos
próprios.
TABELA 2.1 - Peso específico dos materiais de construção
Peso específico
Materiais
aparente kN/m3
Arenito 26
Basalto 30
Rochas Gneiss 30
Granito 28
Mármore e Calcário 28
Blocos de argamassa 22
Cimento amianto 20
Blocos Lajotas cerâmicas 18
Artificiais Tijolos furados 13
Tijolos maciços 18
Tijolos sílico-calcários 20
Argamassa de cal, cimento/areia 19
Argamassa de cimento e areia 21
Revestimentos
Argamassa de gesso 12,5
e concretos
Concreto simples 24,
Concreto armado 25
Pinho, cedro 5
Louro, imbuia, pau óleo 6,5
Madeiras
Guajuvirá, guatambu, grápia 8
Angico, cabriuva, Ipê róseo 10
Aço 78,5
Alumínio e ligas 28
Bronze 85
Chumbo 114
Metais Cobre 89
Ferro Fundido 72,5
Estanho 74
Latão 85
Zinco 72
Alcatrão 12
Asfalto 13
Materiais Borracha 17
Diversos Papel 15
Plástico em folhas 21
Vidro plano 28
Pode ser organizada uma tabela (2.2) com os pesos por unidade de área (1m2)
para os principais materiais utilizados nos edifícios usuais para alvenarias, enchimentos
de lajes rebaixadas, forros, coberturas, fôrmas, esquadrias e caixilhos.
Os valores indicados na tabela 2.2 foram obtidos consultando catálogos e
referências bibliográficas pertinentes. Na falta de dados a respeito do peso próprio de
materiais de construção o engenheiro projetista deve determiná-los de maneira
criteriosa, se necessário até realizando ensaios.
Tabela 2.2 - Ações permanentes por unidade de área
Na tabela 2.2 nas ações das paredes estão incluídas as relativas aos pesos das
argamassas de assentamento (1cm) e de revestimento (1,5cm em cada face). Nas
coberturas foram considerados as massas das telhas úmidas por causa da ação da
chuva.
LAJES L DIAGONAIS D
VIGAS V SAPATAS S
PILARES P BLOCOS B
TIRANTES T PAREDES PAR
A numeração das lajes é feita iniciando pela laje mais afastada do observador e
à sua esquerda, prosseguindo para a direita, e, posteriormente, a partir da esquerda,
numerando aquelas perpendiculares a plano vertical mais próximo do observador. O
número posicionado abaixo, separado por um traço, representa a espessura (h) da laje
medida em centímetros.
A numeração das vigas é feita inicialmente para as dispostas paralelamente ao
eixo x e mais afastadas do observador, e prosseguindo-se por alinhamentos
sucessivos, até atingir a mais próxima do observador. Para as vigas dispostas
paralelamente ao eixo y, tomando-se como referência um sistema cartesiano de eixos
no desenho da forma estrutural, parte-se do lado esquerdo, por fileiras sucessivas, até
atingir o lado direito da forma estrutural. Junto de cada viga devem ser indicadas as
suas dimensões: o primeiro número representa a largura (b) e o segundo a altura (h),
ambos em centímetros.
Para os pilares a numeração é feita partindo-se do canto superior esquerdo do
desenho de forma para a direita, em linhas sucessivas. Junto a identificação colocam-
se as dimensões da seção transversal. É usual usar-se um traço posicionado logo
abaixo da identificação com as medidas em centímetros. A primeira representa a
menor dimensão e a segunda o comprimento da seção transversal. Alguns projetista e
sistemas computacionais escrevem primeiro a medida hx paralela ao eixo x e depois da
barra inclinada (/) a dimensão hy, independentemente de qual das duas for a menor
dimensão.
A laje L02 está, neste projeto, sendo considerada rebaixada, como pode ser
visto na figura 2.3 que representa a forma estrutural do pavimento tipo. É necessário
assim proceder para permitir a instalação do sistema hidráulico de esgotos. Se a opção
for por laje não rebaixada, isto é, no mesmo nível das demais, há necessidade de se
prever forro falso, em gesso normalmente, para que as instalações não apareçam para
o observador posicionado sobre a laje L02 do andar inferior.
Normalmente os rebaixos (figura 2.5) são cheios com entulhos obtidos na
própria construção. Neste projeto optou-se por preencher o rebaixo com tijolos furados,
os mesmos que são usados nas alvenarias, com dimensões de 90mm x 190mm x
190mm.
Como a altura do rebaixo é de 20cm, o centímetro que falta pode ser preenchido
com a argamassa de regularização. Lembrando que o peso específico do tijolo furado é
de 13kN/m, como pode ser visto na tabela 2.1, a ação por unidade de área, relativa ao
enchimento resulta:
Para a laje L02 há que se considerar, além das ações indicadas para as lajes
L01, L04 e L05, a ação das paredes de alvenaria mostradas na figura 2.1.
A ação das paredes pode ser suposta uniformemente distribuída na área da laje,
considerando para cálculo da área da laje os comprimentos medidos de centro a centro
de vigas, isto é, e considerando a figura 2.3, as distâncias entre as vigas V01 e V02
(medida lx) e entre as vigas V05 e V06 (medida ly).
As medidas lx e ly são iguais a 337,5cm e 371,5cm, respectivamente.
Para se determinar a resultante da ação da parede deve-se calcular a área total
das paredes que solicitam a laje L02, resultando:
33,38
= 2,65kN/m 2
3,375.3,72 5
Para cálculo da resultante da parede não foram descontados os vãos das
portas, o que é um procedimento usual deste que não modifique em muito o valor da
resultante.
A ação total na laje L02 fica igual a:
Para a laje L03 segue-se o mesmo raciocínio utilizado na outras lajes para se
determinar as ações oriundas do peso próprio, ou seja:
As ações por causa das muretas perpendiculares à viga V04 (figura 2.3) serão
consideradas uniformemente distribuídas em uma área definida pelo vão teórico do
balanço, neste caso lx = 108,5cm, e por um comprimento chamado largura colaborante
(b) a ser definido por ocasião do estudo das lajes maciças, no capítulo 5.
2.2.1.5 Cálculo dos esforços solicitantes de lajes com ação de paredes definidas no
projeto
ϕ = 1,00 quando l ≥ lo
l
ϕ = o ≤ 1,43 quando l ≤ lo
l
A NBR 6120 sugere que na avaliação das ações nos pilares e nas
fundações de edifícios destinados a escritórios, residências e casas comerciais as
ações acidentais podem ser reduzidas de acordo com os valores indicados na Tabela
2.4. De nenhum modo estas reduções podem ser feitas quando a edificação for
destinada a depósitos.
Para efeito de aplicação dos valores de redução indicados o pavimento do
edifício destinado a forro deve ser considerado como piso para efeito de contabilidade
do número de pisos que atuam sobre o tramo de pilar analisado.
Não são comuns casos de edifícios de concreto armado usuais sensíveis aos
efeitos dinâmicos do vento, destacando-se aqueles cujas formas se assemelham a
círculos, elipses, triângulos e retângulos com uma dimensão em planta predominante
sobre a outra e, que sejam esbeltos e flexíveis. Sendo necessário análise específica
deve ser feita.
S1 = 1,0
2.6.4 FATOR S2
Figura 2. 8
S3 = 1,0
l1 = 15 m e l2 = 30 m
l 1 15
= = 0,5
l 30
h 60
= = 4,0
l 2 15
Ca = 1,03
l1 = 30 m e l2 = 15 m
h 60
= = 2,0
l 2 30
Ca = 1,38
w = Ca . qw . l1
a) b)
Figura 2.10 - Distribuição das forças de vento - Fachada de menor área
Figura 2.11 - Distribuição das forcas por caus do vento - Fachada de menor área
a) para elementos estruturais cuja menor dimensão não seja superior a 50 cm,
deve ser considerada uma oscilação de temperatura em torno da média de 10ºC a
15ºC;
2.7.4 RETRAÇÃO
2.7.5 FLUÊNCIA
3.2.1.1 Lajes
a.- para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras menor ou igual a 60 cm,
pode ser dispensada a verificação da flexão da mesa, e para a verificação do
cisalhamento da região das nervuras, permite-se a consideração dos critérios de laje;
b.- para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 60 cm e 110 cm,
exige-se a verificação da flexão da mesa e as nervuras devem ser verificadas ao
cisalhamento como vigas; permitem-se essa verificação como lajes se o espaçamento
entre eixos de nervuras for menor que 90 cm e a espessura média das nervuras forem
maior que 12 cm;
c.- para lajes nervuradas com espaçamento entre eixos de nervuras maiores
que 110 cm, a mesa deve ser projetada como laje maciça, apoiada na grelha de
vigas, respeitando-se os seus limites mínimos de espessura.
b.- ançamento
l e vibração do concreto de acordo com a NBR 14931 –
Execução de estruturas de concreto.
A seção transversal de pilares não deve apresentar dimensão menor que 19cm.
Em casos especiais, permite-se a consideração de dimensões entre 19cm e
12cm, desde que se multipliquem as ações a serem consideradas no dimensionamento
por um coeficiente adicional γn, de acordo com o indicado na tabela 3.1. Em qualquer
caso não se permite pilar com seção transversal de área inferior a 360cm2.
b ≥ 19 18 17 16 15 14 13 12
γn 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 1,30 1,35
sendo:
γn = 1,95 – 0,05b
b é a menor dimensão da seção transversal do pilar.
O coeficiente γn deve majorar os esforços solicitantes finais de cálculo nos pilares, quando de seu
dimensionamento.
3.2.1.5 Fundações
Classe de
agressividade Classificação geral do
Risco de deterioração
ambiental Agressividade tipo de ambiente para
da estrutura
efeito de projeto
(CAA)
Rural
I Fraca insignificante
Submersa
1) 2)
II Moderada Urbana Pequeno
Marinha 1)
III Forte Grande
Industrial 1) 2)
Industrial 1) 2)
IV Muito forte Elevado
Respingo de maré
1)
Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (classe
anterior) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de
serviço de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto
revestido com argamassa e pintura).
2)
Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (classe anterior) em: obras em
regiões de clima seco, com umidade relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura
protegidas de chuva em ambientes predominantes secos, ou regiões onde chove raramente.
3)
Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento
em indústrias de celulose e papes, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.
a. Áreas de influência
No computo final para a determinação das ações nos pilares, na fase de pré-
dimensionamento, devem ser levadas em conta as ações permanentes diretas
representadas pelos pesos próprios da estrutura de concreto, ou sejam, das lajes,
vigas e dos pilares, dos pesos próprios dos revestimentos de forro, das camadas de
argamassa de regularização, dos pisos e pesos próprios das paredes divisórias,
geralmente em alvenaria de tijolos furados e, por fim, das ações variáveis normais.
Para edifícios residenciais usuais, essa ação uniformemente distribuída pode ser
adotada entre 10 kN/m2 a 12 kN/m2.. Esses limites foram considerados pela
observação de projetos de edifícios realizados pelo meio técnico.
Para cada projeto em particular, o valor da ação uniformemente distribuída, que
é usada no pré-dimensionamento é facilmente levantada, procedendo-se como a seguir
se expõem.
Figura 3.2 - Áreas de influencia
[Pinheiro, 1985]
Interno 1,8
extremidade 2,2
canto 2,5
A ação final para pré-dimensionamento dos pilares pode ser indicada pela
expressão:
Ambas as ações estão anotadas com asteriscos (*) para lembrar que são ações
de pré-dimensionamento, e não representam as forças normais características e de
cálculo que serão determinadas por ocasião do dimensionamento final dos pilares do
projeto.
NÍVEL: _________________
Área de Carga por Carga Total Carga Total de Taxa de Tensão Área da Seção Dimensões
Influência Andar Cálculo Armadura Ideal Transversal do Pilar
PILAR do Pilar
Ai N*k n.(p.Ai) N*d=α.N*k ρs σid Ac a.b
2 2
(m ) (kN) (kN) (kN) (MPa) (cm ) (cm.cm)
4. ANÁLISE ESTRUTURAL
E, I, A : constantes
Figura 4.1 - Modelo proposto por BECK (1966) para cálculo do parâmetro α
Desse modo, o parâmetro α para esse pilar ficou definido pela expressão 4.1.
Fv
α=H [4.1]
EI
sendo:
E, I, A : constantes
q H4
EI = [4.3]
8a
sendo:
α lim =
1
(0,88 −0,44.10 −0,144n
) [4.4]
1,2
sendo:
O valor da expressão acima converge para 0,8 quando n ≥13. Desta maneira
pode-se tomar αlim = 0,8 para n ≥ 13, utilizando a expressão indicada por
VASCONCELOS (1987) somente quando n < 13.
A NBR 6118 indica que uma estrutura reticulada simétrica pode ser
considerada como sendo de nós fixos se seu parâmetro de instabilidade α (expressão
4.5) for menor que o valor α1, indicado a seguir. O Código Modelo do CEB-FIP (1990)
indica os mesmos limites.
sendo:
α1=0,6 se: n ≥ 4
sendo:
4.2.2 COEFICIENTE γz
1
γz = [4.7]
∆Mtot ,d
1−
M1,tot,d
sendo:
Os valores de cálculo das ações são obtidos a partir dos valores característicos,
multiplicando-os pelos respectivos coeficientes de ponderação (γf). Esses coeficientes
estão relacionados a três parcelas:
sendo:
1,0
k =1,0 + [4.9]
β 2
− 1,0 .η
1,2 .α
sendo:
α : parâmetro de instabilidade;
n 1 2 3 4 5 10 20 >20
η 0,60 0,92 1,07 1,20 1,27 1,39 1,46 1,52
1
1+
θa = θ1 n [4.11]
2
sendo:
1
θ1 = 〉 0,005 (rad) ;
100 . l
sendo:
θ1max ≤ 1/200.
n
∆Hi = ∑ Vij . tg θ a [4.12]
j=1
sendo:
Este tipo de análise pode ser feita por uma associação plana de painéis,
posicionando-se os pórticos e pilares-parede da direção analisada seqüencialmente
num plano e interligando-os em cada pavimento por barras rotuladas em suas
extremidades. Essas rótulas são essenciais para que não haja a introdução de
momentos fletores adicionais nos pórticos.
A presença das lajes atuando, por hipótese, como um diafragma rígido (rigidez
infinita em seu plano) provoca uma compatibilidade de deslocamentos em qualquer
ponto do pavimento quando presentes as ações horizontais.
Assim, as barras rotuladas de interligação dos pórticos, como também as vigas,
devem ser introduzidas no modelo com elevada área da seção transversal para que
não ocorra deformação axial nas mesmas, o que ocasionaria deslocamentos
diferenciados ao longo de uma mesma linha horizontal da associação, contrariando a
hipótese do diafragma rígido.
É necessário salientar que para as vigas somente deve-se alterar a área da
seção transversal mantendo-se as características geométricas reais, como por exemplo
o momento de inércia.
A associação plana de painéis assim idealizada é então submetida às ações
horizontais de vento integrais atuantes na face do edifício perpendicular à direção a
que pertencem os pórticos, sendo obtidos os esforços solicitantes em vigas e pilares
com o uso de programas computacionais que se utilizem, por exemplo, do Processo
dos Deslocamentos.
A figura 4.76 ilustra um modelo de associação plana de painéis.
As ações são quantificadas por seus valores representativos, que podem ser:
a) os valores característicos;
Especiais ou de
Fd = γg Fgk + γεg Fεgk + γq (Fq1k + Σ ψoj Fqjk) + γεq ψoε Fεqk
construção
Excepcionais Fd = γg Fgk + γεg Fεgk + Fq1exc + γq Σ ψoj Fqjk + γεq ψoε Fεqk
Fd é o valor de cálculo das ações para combinação última
Fgk representa as ações permanentes diretas
Fεk representa as ações indiretas permanentes como a retração Fεgk e variáveis como a temperatura Fεqk
Fqk representa as ações variáveis diretas das quais Fq1k é escolhida principal
γg, γεg, γq, γεq – ver tabela 4.3
ψoj, ψoε - ver tabela 4.4
Fsd representa as ações estabilizantes
Fnd representa as ações não estabilizantes
Gsk é o valor característico da ação permanente estabilizante
Rd é o esforço resistente considerado como estabilizante, quando houver
Gnk é o valor característico da ação permanente instabilizante
m
Qnk=Q1k + Σ ψojQjk
j=2
5.1 INTRODUÇÃO
A NBR 6118 indica que as lajes maciças podem ser consideradas como
isoladas, fazendo-se a compatibilização dos momentos fletores atuantes nas bordas de
lajes contíguas, nos casos de estruturas que há predominância da força permanente e
face das forças variáveis normais (g > q). Processo para determinar os momentos
fletores finais atuantes nas lajes será estudado no item 5.8.4.
O cálculo dos esforços solicitantes, por tabelas práticas, é feito considerando as
lajes isoladas, com as vinculações das bordas supostas apoiadas ou engastadas
perfeitamente. Entretanto, o monolitismo oriundo do processo construtivo garante uma
continuidade às lajes de um determinado pavimento. É preciso determinar critérios que
permitem fixar, para cada laje do painel, as condições de vinculação de modo a poder
tratá-las dentro das restrições impostas pelos processos em questão.
A abordagem completa de todos os fatores que podem intervir no
estabelecimento de tais critérios, bem como a identificação de todas as situações
particulares que possam ocorrer, seria complicada, além de cansativa. Por isso
preferiu-se a apresentação de alguns exemplos, de modo a ilustrar a maneira como
são tratadas as situações correntes. [Andrade, 1990]
A figura 5.1 mostra um pavimento de edifício constituído por uma única laje
maciça apoiada em vigas no contorno.
A laje da figura 5.3 tem três bordas livres, isto é, lados da laje onde não existem
vigas de borda. A única viga é a V01 que deve garantir a condição estática para a laje.
Neste caso qualquer que seja a rigidez da laje, ou da viga, a laje é considerada
sempre engastada, e a viga fica solicitada à ação de um momento uniformemente
distribuído, gerando tensões tangenciais oriundas da torção necessárias ao equilíbrio
estrutural. Deslocamentos excessivos são evitados adotando-se espessuras e
dimensões convenientes para os elementos envolvidos.
Note-se também a existência de uma nervura de pequena altura nas bordas da
laje, a qual pode ocorrer em função de detalhes impostos pelo projeto arquitetônico.
Sendo de pequena altura a nervura tem pequena rigidez e não deve ser admitida como
apoio para a laje. O esquema estático é o de uma laje com um lado engastado na viga
e os demais lados livres, isto é sem apoio.
Concluindo: em um painel de lajes contínuas, após uma análise desse tipo pode-
se delinear a configuração das condições de apoio.
Para cada tipo de condição de vinculação das lajes se atribuí um número que a
identifique, inclusive com relação ao tipo de ação a que está submetida.
Observando as tabelas 2.5.a a 2.5.e, elaborados pelo Professor Líbânio Miranda
Pinheiro, no trabalho "Concreto Armado: Tabelas e Ábacos - EESC-USP", versão de
1993, percebe-se que elas foram feitas para tipos de lajes com condições de
vinculação diferentes, para ações uniformemente distribuídas.
Do tipo 1 até tipo 6, convencionou-se que lx é o menor vão efetivo, qualquer que
seja a condição de vinculação. Daí a necessidade de alguns tipos de vinculação ser
subdivididos em A ou B. Por exemplo, lajes tipo 4A e 4B.
Na laje 4A, lx é paralelo aos dois lados engastados e, na laje 4B lx é paralelo
aos dois lados apoiados.
Para cada laje se define um sistema local de eixos coordenados. O eixo das
abscissas (x) é paralelo ao lado lx e o das ordenadas (y) é paralelo ao lado ly (o maior
lado), conforme pode ser observado na figura 5.4. Quando, no projeto das lajes, se
utilizam tabelas diferentes das consultadas neste trabalho, especial atenção deve ser
dada à convenção adotada pelo autor da tabela.
1,0 ≤ λ = ly / lx ≤ 2,0
Considera-se que se a relação de lados for menor do que 2,0 a laje é armada
em duas direções, isto é, as armaduras posicionadas nas duas direções têm a mesma
ordem de grandeza.
Se λ > 2,0 considera-se que a laje é armada em uma direção, isto é, armada na
direção do vão menor (lx). Neste caso a armadura de maior área é posicionada
paralelamente ao menor vão. Na direção do vão maior posiciona-se armadura
chamada de distribuição, com área mínima indicada na NBR 6118.
Os esforços solicitantes - momentos fletores e forças cortantes - são calculados
para uma viga com largura unitária (bw = 1m) com a mesma condição de vinculação
dos lados paralelos a ly.
O exemplo da figura 5.5 indica uma laje com três bordas apoiadas e uma
considerada engastada em laje contígua, que garante esta situação. O lado engastado
é paralelo ao maior vão efetivo da laje. Como a relação entre os vãos teóricos é maior
do que 2, não há necessidade de se recorrer a tabelas para cálculo dos esforços
solicitantes, embora este caso, de λ ≥ 2,0, seja contemplado nas Tabelas de Pinheiro.
Os esforços solicitantes para uma viga engastada e apoiada no lado oposto, de
vão lx,, quando associada a uma laje maciça de mesma condição de vinculação, são
dados pelas expressões que seguem:
(g + q)l 2x
m'x = v 'x = 0,6(g + q)l x
8
(g + q)l 2x
mx = v x = 0,4(g + q)l x
14,22
A largura da viga deve ser considerada igual a um (1) metro, conforme mostrado
na figura 5.5. Os momentos fletores de índice “x” têm planos de ação paralelos ao lado
lx e as reações de apoio de mesmo índice atuam em bordas da laje paralelas ao lado
ly. As reações de apoio atuantes nos lados paralelos a lx podem ser determinadas
usando a Tabela de PINHEIRO [1993], para o tipo de laje compatível, para λ = 2. O
momento fletor na direção do eixo y não precisa ser calculado, pois a NBR 6118
indica que para lajes armadas em uma direção deve-se dispor de armadura de
distribuição como será mostrado no item relativo a critérios de armação de lajes.
Como pode ser visto nas tabelas para determinação dos momentos fletores, os
lados das lajes foram considerados totalmente apoiados, engastados ou com borda
livre, procurando abranger casos usuais de projetos. Ao se analisar as condições de
vinculação das lajes de um pavimento é comum deparar-se com lajes com um lado
parcialmente engastado e parcialmente apoiado, como pode ser observado na figura
5.6. Essa situação não é contemplada pelas tabelas, exigindo do projetista um critério
específico para a determinação dos esforços solicitantes neste caso. Lembra-se que
nos casos de critérios que levam a valores aproximados, estes devem ser justificados
pensando-se na segurança estrutural.
A laje mostrada na figura 5.6 apresenta um dos lados com condições de
vinculação diferentes. Um processo aproximado para cálculo dos esforços solicitantes
é o que a seguir se expõe.
Se a laje for armada em duas direções, e se ly1 ficar entre ly/3 e (2/3). ly, os
esforços solicitantes podem ser calculados considerando-se ora o lado em questão
todo engastado ora todo apoiado. Os esforços solicitantes considerados para o
dimensionamento serão os de maior módulo.
Esse procedimento significa adotar no primeiro caso laje tipo 3 e no segundo laje
tipo 2A, no exemplo.
Se ly1 for menor do que ly/3 considera-se esse lado todo apoiado; se ly1 for
maior do que 2. ly/3 considera-se o lado em questão todo engastado.
No caso da laje do exemplo ser armada em uma direção, podem ser
consideradas duas faixas unitárias, posicionadas nas duas regiões com condições de
vinculação diferentes. As armaduras nessas regiões também serão diferentes. Este
critério, quando a laje for considerada armada em uma direção, prevê a divisão fictícia
da laje em duas, conforme indicado na figura 5.6. Para avaliar os esforços solicitantes
na direção do maior vão efetivo, podem-se determinar os coeficientes nas tabelas para
relação entre os vãos igual a 2,0, procurando associar à laje real com aquelas típicas
para as quais foram montadas tabelas auxiliares.
É importante lembrar que os critérios de aproximação para casos não usuais,
devem ser cuidadosamente analisados pelo projetista da estrutura, com a finalidade de
resolver o problema proposto, porém, atendendo sempre os requisitos de segurança
estrutural.
O exemplo mostrado na figura 5.6 pode ser encontrado, nos casos práticos,
quando a laje em análise pode ser considerada engastada em laje contígua apenas na
região de comprimento ly1 e, no complemento ly2 só é possível considerar apoio.
Figura 5.6 - Laje com condições de vinculações diferentes
lef = l0 + a1 + a2 [5.1]
Os valores de a1 e a2, em cada extremidade do vão, podem ser determinados
pelos valores apropriados de ai, indicado na figura 5.7, sendo:
a1 igual ao menor valor entre (t1 e h) e
a2 igual ao menor valor entre (t2 e h).
Na maioria dos casos usuais de lajes de edifícios, pode-se considerar como vão
efetivo a distância entre os centros dos apoios (vigas) que têm, nos projetos usuais de
edifícios, larguras medindo entre 10cm a 20cm.
Nos casos de lajes apoiadas em vigas de transição, que são vigas de grande
largura, faz-se necessário aplicar a regra citada.
l l
d0 = (2,5 – 0,1 . n) l*
d0 em centímetros.
Ishitani et al. (2001) indica que as espessuras das lajes maciças podem ser pré-
dimensionadas, considerando:
h = 2,5% lx
5.7.1.1 Exemplo 1
Calcular as reações de apoio da laje L1, sabendo que a ação total é
g+q=6kN/m2.
A laje do exemplo tem lados paralelos ao menor vão efetivo engastado e o outro
com borda livre; os lados paralelos ao maior vão efetivo, um é apoiado e ouro
engastado. Uma das bordas é considerada livre, isto é sem viga apoiando essa borda
da laje por uma decisão arquitetônica.
x1
tg45 o =
y 1 x 1 = 1,73x
2
y x 1 = 1,90m
tg60 o = 1
x 2 x 1 + x 2 = 3,0 x 2 = 1,10m
y 1 + y 2 = 4,5 y 2 = 2,60m
5.7.1.2 Exemplo 2
A1 1 1
v x = (g + q) = 6,0 x ( 4,50 + 0,70)x1,10 x
ly 2 4,50
vx = 3,81 kN/m
A2 1 1
v 'x = (g + q) = 6,0x (4,5 + 0,70)x1,90 x
ly 2 4,50
A3 1 1
v 'y = (g + q) = 6,0x x3,0x1,9 x
lx 2 3,00
l
v = υ(g + q)
10
sendo:
As tabelas 2.3b e 2.3c foram montadas para os casos das lajes com relação
entre vãos teóricos (λ = ly / lx) entre 1,0 e 2,0. Para os casos de lajes armadas em uma
direção usam-se as linhas onde se encontra indicado λ > 2,0, ou se associam à laje
faixas de vigas de largura unitária com as mesmas condições de vinculação da laje na
direção perpendicular ao menor vão teórico.
A seguir indica-se como a tabela para a laje tipo 1 foi elaborada.
Usando o critério da NBR 6118, traçam-se as retas formando, com os
vértices, os ângulos de 45º pois os quatro lados são considerados apoiados. Conforme
pode ser visto na figura 5.13 resultam dois trapézios e dois triângulos de áreas iguais,
respectivamente.
Considerando 1,0 ≤ λ = ly / lx ≤ 2,0, podem-se calcular as reações de apoio para
a laje tipo 1, procurando determinar expressões válidas para qualquer λ no intervalo
indicado.
Na montagem das expressões matemáticas para a determinação das reações de
apoio vx e vy procurou-se escrevê-las em função do menor vão teórico da laje (lx) e,
logicamente, em função da ação total uniformemente distribuída (g + q).
Assim sendo a expressão com a qual se calcula a reação de apoio, atuante nos
lados paralelos ao lado ly, em uma laje apoiada nas quatro bordas, resulta:
1
[ ] l 1
v x = (g + q) ⋅ l y + (l y − l x ) ⋅ x
2 2 ly
1 l 1
v x = (g + q) (2l y − l x ) x
2 2 ly
A expressão final para cálculo de vx deve ter fator de multiplicação (g+q) (lx/10)
o que sugere multiplicar e dividir o segundo membro da expressão por 10.
Portanto:
lx l 10
v x = (g + q) (1 − x )
10 2l y 2
A expressão com a qual se calcula a reação de apoio vx, atuante ao longo dos
apoios paralelos a ly pode ser escrita por:
lx 2,5
v x = (g + q) 5−
10 λ
e para vy tem-se:
1 l 1
v y = (g + q)( l x x )
2 2 lx
lx 1
v y = (g + q) ( )10
10 4
lx
v y = (g + q) 2,5
10
Resultando para νy o valor 2,5, constante para qualquer relação entre os lados ly
e lx.
5.7.2.1 Exemplo 1
λ νx νy
1,00 2,50 2,50
1,30 3,08 2,50
1,75 3,57 2,50
2,00 3,75 2,50
2,00 5,00 2,50
v= (g+q) . lx / 2.
Sendo:
l x 10
v x = (g + q). .
2 10
l x 10
v x = (g + q). .
10 2
e, portanto, νx = 5,0, conforme indicado na coluna 1, λ > 2,0, para laje tipo 1, das
Tabelas de Pinheiro.
As reações de apoio atuantes nas bordas de menor comprimento, as que levam
índice y, podem ser avaliadas usando as tabelas considerando λ = 2,0.
5.7.2.2 Exemplo 2
Solução:
ly 4,50
λ= = = 1,50
lx 3,00
3,0
υ x = 2,50 v x = 6,0 2,50 = 4,50kN / m
10
3,0
υ 'x = 3,66 v 'x = 6,0 3,66 = 6,59kN/m
10
3,0
υ 'y = 3,17 v 'y = 6,0 3,17 = 5,71kN/m
10
vx v’x v’y
NBR 6118 3,8 6,6 5,7
Tabela 4,5 6,6 5,7
v 'xNBR + v 'xNBR
v AP =
2
O alívio gerado pelo engastamento no lado apoiado é dado por:
v 'xNBR + v 'xNBR
v 'xNBR =
2
Resultando para o cálculo da reação de apoio usando a tabela, com o alívio
considerado pela metade a seguinte expressão:
1 2,50 + 1,44
υ x TAB = 1,44 + 2,50 −
2 2
υ x TAB = 1,71
Esse valor confere com o valor indicado na tabela 2.3c, laje tipo 5.A - λ=1,0.
h/2
vx = ∫ dz = força cortante por unidade de comprimento da
h/2
seção da placa perpendicular ao eixo x.
h/2
vy = ∫ dz = força cortante por unidade de comprimento da
h/2
seção da placa perpendicular ao eixo y.
h/2
mx = ∫ σ x zdz = momento fletor por unidade de comprimento da
h/2
seção da placa perpendicular ao eixo x (em torno de y).
h/2
my = ∫ σ y zdz = momento fletor por unidade de comprimento da
h/2
seção da placa perpendicular ao eixo y (em torno de x).
h/2
m yx = − m yx ∫ τ zdz = momento torçor por unidade de comprimento.
h / 2 xy
∂v ∂v y
p.dx.dy − v x dy + v x + x dx dy − v y dx + v y + dy dx = 0
∂x ∂
y
∂v x ∂v y
+ = −p [5.2]
∂x ∂ y
∂m y ∂m xy
vy = + [5.3]
∂y ∂x
∂m x ∂m xy
v x = − [5.4]
∂x ∂ y
Agrupando-se as três equações acima numa só, encontra-se uma equação que
relaciona momentos fletores e ação:
∂ 2m x ∂ 2 m xy ∂ 2m y
−2 + = −p [5.5]
∂x 2 ∂x∂y ∂y 2
∂u
dx
∆dx ∂x ∂u
εx = = = [5.6]
dx dx ∂x
Analogamente, chega-se a
∂v
εy = [5.7]
∂y
Figura 5.18 - Componentes do deslocamento segundo x e y
∂u ∂v
γ xy = + [5.8]
∂y ∂x
∂u
u = −z [5.9]
∂x
∂w
v = −z
∂y
∂ 2u
ε x = −z
∂x 2
∂ 2w
ε y = −z [5.10]
∂y 2
∂ 2u
γ xy = −2z
∂x∂y
1
εx = (σ x − νσ y )
E
1
εy = (σ y − νσ x ) [5.11]
E
τ xy
γ xy =
G
E
σx = (ε x + υε y )
1 − υ2
E
σy = (ε y + υε x ) [5.12]
1 − υ2
E
τ xy = G.γ xy = γ xy
2(1 + υ)
E ∂2w ∂ 2 w
σy = + ν z
1 − υ 2 ∂y 2 ∂x 2
E ∂2w
τ xy = z
1 + ν ∂x∂y
Bastam introduzir os valores das tensões, dados pelas equações (5.12), nas
expressões que definem os esforços, para relacionar os momentos fletores e volventes
com as curvaturas da placa.
h/2 h/2 E ∂2w ∂ 2 w 2
mx ∫ σ x zdz = ∫ − + ν z dz
h/2 h/2 1 − µ 2 ∂x 2 ∂w 2
[5.13]
∂2w ∂2w
m x = −D 2 + ν 2
∂x ∂y
h/2 h/2 E ∂ 2 w 2
m xy ∫ τ xy zdz = − ∫ − z dz
h/2 h/2 1 − ν ∂y∂t
[5.15]
∂ w 2
m xy = −D(1 − ν)
∂x∂y
com,
Eh 3
D= = rigidez a flexão da placa, equivalente à rigidez EI das vigas,
12(1 − ν 2 )
∂3w ∂ 3 w ∂3w
v x = − D 3 + ν − D ((1 − ν )
∂x ∂x∂y 2 ∂x∂y 2
∂ 3w ∂ 3 w
v x = −D 3 + ν [5.16]
∂x ∂x∂y 2
∂ 3w ∂ 3 w ∂ 3w
v y = −D 3 + ν − D (1 − ν )
∂y ∂x∂y 2 ∂x 2 ∂y
[5.17]
∂ 3w ∂ 3w
v y = −D 3 + ν 2
∂y ∂x ∂y
Substituindo-se as expressões dos momentos fletores (5.13), (5.14) e (5.15) na
equação (5.4), resulta a conhecida equação de Lagrange ou equação das placas:
∂ 4w ∂ 4w ∂ 4w P
+ 2 + = [5.18]
∂x 4 ∂x 2 ∂y 2 ∂y 4 D
∂ 2w ∂2w
w = 0, m x = − D 2 + ν 2 = 0
∂x ∂y
c. borda livre - o momento fletor e a reação na borda são nulos:
∂m xy
m x = 0, v x − =0
∂y
l2
m = µ(g + q)
100
mx - momento fletor por unidade de largura (1m) com plano de ação paralelo ao
eixo x, ou seja, vetor momento com direção paralela ao eixo y, que provoca tração nas
fibras inferiores da laje, e com valor máximo na região central.
m'x - idem, que provoca tração nas fibras superiores da laje, e com valor
máximo na região central dos apoios.
5.8.3.1 Exemplo 1
Calcular e indicar os planos de ação dos momentos fletores para a laje da figura
5.20, submetida a uma a ação uniformemente distribuída de 6 kN/m2.
Trata-se de uma laje tipo 9, sendo que os coeficientes são apresentados na
Tabela 2.5e, elaborada por PINHEIRO [1993].
Figura 5.20 - Momentos fletores na laje tipo 9
l a 4,5
γ= = = 1,50
l b 3,0
3,0 2
m x = 2,54x6,0 = 1,37kNm/m
100
m y = 8,50x0,54 = 4,59kNm/m
m yb = 12,29x0,54 = 6,64kNm/m
5.8.3.2 Exemplo 2
Calcular e indicar os planos de ação dos momentos fletores para a laje da figura
5.21, submetida a uma a ação uniformemente distribuída de 6 kN/m2.
Trata-se de uma laje tipo 5A sendo que os coeficientes são apresentados na
Tabela 2.5c, elaborada por PINHEIRO [1993].
FIGURA 5.21 - Momentos fletores na laje tipo 5A
Para a laje do exemplo o lado de vão efetivo lx é o menor entre os dois vãos
teóricos e, portanto, ly é o maior.
Para se determinarem os coeficientes na tabela há que se determinar a relação
entre o lado maior e o menor:
3,0 2
m x = 4,23x6,0 = 2,28kNm/m
100
m y = 2,43x0,54 = 1,31kNm/m
5.8.3.3 Exemplo 3
m y = 1,03x2,48 = 2,55kNm/m
m E' + m D'
2
ou
0,8 ⋅ m E' se m E' > m D'
ou
0,8 ⋅ m D' se m D' > m E'
Os momentos fletores positivos devem ser corrigidos em função da correção dos
momentos fletores negativos.
Dois casos típicos devem ser considerados conforme figura 5.23:
a. vão extremo - soma-se ao momento fletor positivo my da laje L01 a metade
da variação ocorrida no momento fletor negativo (∆m’E / 2).
b. vão intermediário: soma-se ao momento fletor positivo my, laje L02, a média
das variações ocorridas nos momentos fletores negativos, isto é, (∆m'e+∆m’d)/2.
Quando há diminuição do valor do momento fletor positivo, não é usual se fazer
correção; a favor da segurança, o momento fletor positivo é mantido com este valor
para o dimensionamento.
Para se efetuar essa compatibilização é necessário que algumas restrições
sejam feitas:
- que as ações variáveis normais (q) não sejam maiores do que as ações
permanentes diretas (g);
- que todas as lajes sejam solicitadas simultaneamente;
- que as lajes tenham vãos teóricos e rigidezes próximas entre si.
As indicações anteriores podem ser seguidas, pois as restrições não ocorrem na
maioria dos edifícios residenciais e comerciais usuais.
-quando b for maior ou igual ao vão efetivo l da laje faz-se sempre b*w = b.
-caso contrário, isto é, quando b for menor do que o vão efetivo l faz-se b*w
igual aos valores indicados a seguir:
a. para momentos fletores positivos
2a1 (l − a1 ) b
b ∗w = b + (1 − )
l l
b. para momentos fletores negativos
a1 (2l − a1 ) b
b ∗w = b + (1 − )
l l
c. para forças cortantes
b
b ∗w = b + a1(1 − )
l
d. para momentos fletores em lajes em balanço
b
b ∗w = b + 1,5a 1 (1 − )
l
e. para forças cortantes em lajes em balanço
b
b ∗w = b + 0,5a 1 (1 − )
l
Sendo l, o menor vão efetivo da laje armada em uma direção.
Figura 5.27 - Ação concentrada em laje armada em uma direção [NBR 6118]
Para forças distribuídas ao longo de todo o vão e em faixas de pequena largura
(b << l), como é o caso das paredes de alvenaria nos edifícios, o formulário anterior
pode ser adaptado para o seguinte (Figura 5.27):
a. para momentos fletores positivos e cortantes:
1
b ∗w = l
2
b. para momentos fletores negativos, inclusive em balanços:
3
b ∗w = l
4
c. para forças cortantes, em balanços
1
b ∗w = l
4
Figura 5. 28 - Adaptação para o caso de paredes
Evidentemente os valores de b*w são limitados pelas dimensões da laje na outra
direção, isto é: para cada lado do centro da ação, na direção perpendicular a direção
principal, a metade da largura útil (0,5 b*w) não pode exceder os limites da laje
existente (Figura 5.29).
Além disso é necessário que a armadura de distribuição, por metro, seja no
mínimo a fração (1 - 0,8 b/b*w) da armadura principal. Esta armadura deve se estender
sobre toda a largura útil, acrescida dos comprimentos de ancoragem.
Observe-se que quando b < l a referida fração aproxima-se da unidade, e a
armadura de distribuição recomendada é praticamente igual a armadura principal, o
que parece exagerado. Pode-se, nesse caso, reduzir a área da armadura de
distribuição multiplicando-se o resultado anterior pela relação entre a ação aplicada na
área reduzida e a ação total, respeitando-se o mínimo estabelecido na NBR 6118,
ou seja, um quinto da armadura principal ou 0,9 cm2/m. Com relação ao espaçamento
máximo entre barras da armadura adota-se 33 cm, quando se tratar de armadura na
direção secundária no caso de laje armada em uma direção.
lb,nec lb,nec As
V Sd l
Seção Considerada
d
d
45°
45°
45°
lb,nec V Sd
A st
A st
b.d 2
M1d = M2 d = Md − M1d A st = A s1 + A s 2
k clim
M1d M2d M 2d
A s1 = k s A s2 = k s2 A sc = k sc
d d − d' d − d'
Os coeficientes de ponderação (γs) para as barras de aço foram adotados iguais a 1,15.
Categoria do aço
CA-25 CA-50 CA-60
Categoria do aço
Valores de ρmin*(%)
Forma da
fck
seção 20 25 30 35 40 45 50
ωmín
Retangular 0,035 0,150 0,150 0,173 0,201 0,230 0,259 0,288
* Os valores de ρmin estabelecidos nesta tabela pressupõem o uso de aço CA-50, γc = 1,4 e γs = 1,15.
Caso esses fatores sejam diferentes, ρmin deve ser recalculado com base no valor de ρmín dado.
O valor máximo da área de armadura de flexão para lajes deve respeitar o limite
considerado para vigas, sendo que a NBR 6118 indica que a soma das áreas das
armaduras de tração e de compressão (As + As’) não deve ter valor maior que 4% Ac
calculada na região fora da zona de emendas.
A área de armadura mínima para a taxa geométrica mínima (ρs), com ρs dado na
Tabela 5.2 é dada por:
ρs
A s min = b w h = 0,15h [cm 2 / m]
100
h
φ≤ [cm]
8
Figura 5.31 – Detalhes das barras das armaduras em bordas livres e aberturas
[NBR 6118]
5.11 DISTRIBUIÇÃO DAS ARMADURAS DE FLEXÃO
As regiões centrais das lajes ficam armadas com As , enquanto as zonas laterais
ficam armadas com As/2, apenas em uma direção.
Em todos os esquemas de armadura já estão incluídos os comprimentos de
ancoragem das barras da armadura.
- em uma borda engastada, sendo cada uma das outras três bordas livremente
apoiadas ou engastadas: 0,25 do menor vão efetivo;
- nos dois lados de um apoio de laje contínua: 0,25 do maior dos vãos teóricos
menores das lajes contíguas.
2 .0,25 l2 + 2 . 10.φ
É possível absorver o mesmo momento fletor com duas barras de comprimentos
iguais porém defasadas em relação ao eixo da viga. As posições destas barras se
repetem a cada 2 . s de espaçamento e os comprimentos das barras resultam
0,25 l2 + 0,125 l2 + 2 . 10 . φ
Outro ponto a ser observado é o da armadura especial a ser disposta nos cantos
simplesmente apoiados, cujo objetivo é resistir diretamente aos chamados momentos
volventes. Quando for o caso, isto é, em situações nas quais o projetista considere
importante a presença de tal armadura, esta pode ser distribuída como mostra a figura
5.34. Esclarecendo: os cantos consideram-se suficientemente armados ao se
detalharem, abrangendo um quadrado de lado igual a 1/5 do lado menor da laje, duas
armaduras - uma, superior, paralela a diagonal e outra, inferior, a ela perpendicular -
ambas iguais, por unidade de largura, a armadura do centro da laje na direção mais
armada. A armadura inferior pode ser substituída por uma armadura em duas direções
iguais, em cada direção, a armadura do centro da laje na direção mais armada. Esta
recomendação de armadura de canto não consta da NBR 6118.
A NBR 6118 indica que as verificações dos estados limites de serviço para
lajes devem ser feitas atendendo as hipóteses do Estádio II, ou seja as seções
transversais das lajes devem ser consideradas fissuradas.
Indica, ainda, que os critérios para as verificações dos estados limites de serviço
devem ser adotados os mesmos indicados para vigas.
5.12.1.1. Estado limite de formação de fissura
O valor do momento fletor de fissuração pode ser calculado pela expressão
aproximada 5.19. Ao ser atingido esse momento no elemento estrutural fletido entende-
se que há grande probabilidade de iniciar a abertura de fissura, nos caos em que Mr ≤
M d.
α ⋅ fct ⋅ I0
Mr = (5.19)
yt
sendo:
α = 1,5 para seções retangulares, no caso de lajes maciças bw = 1m;
M
3 M
3
(EI) eq = E cs r
Ic + 1− r
.III ≤E cs .Ic
Ma Ma
sendo:
Es
αe =
Ecs
∆ξ
αf =
1 + 50ρ ′
sendo:
′
As
ρ′ =
bd
∆ξ = ξ( t ) − ξ( t 0 )
sendo:
ξ é
um coeficiente função do tempo, que deve ser calculado pela expressão
seguinte, se t ≤ 70 meses, ou obtido diretamente na tabela 5.5:
Tempo (t)
0 0,5 1 2 3 4 5 10 20 40 ≥ 70
meses
Coeficiente
ξ (t) 0 0,54 0,68 0,84 0,95 1,04 1,12 1,36 1,64 1,89 2
sendo:
ΣPi t 0 i
t0 =
ΣPi
sendo:
O valor da flecha total deve ser obtido multiplicando a flecha imediata por
(1 + ξf).
φ i σ si 3σ si
w=
12,5η i E si f ctm
φ i σ si 4
w= + 45
12,5η i E si ρ ri
sendo: σsi, φi, Esi, ρri definidos para cada área de envolvimento em exame.
sendo:
Acri é a área da região de envolvimento protegida pela barra φi;
Esi é o módulo de elasticidade do aço da barra φi considerada;
φi é o diâmetro da barra que protege a região de envolvimento considerada;
ρri é a taxa de armadura passiva ou ativa aderente (que não esteja dentro de
bainha) em relação a área da região de envolvimento (Acri);
σsi é a tensão de tração no centro de gravidade da armadura considerada,
calculada no Estádio II.
Nos elementos estruturais com protensão, σsi é o acréscimo de tensão, no
centro de gravidade da armadura, entre o estado limite de descompressão e o
carregamento considerado. Deve ser calculada no Estádio II considerando toda
armadura ativa, inclusive aquela dentro de bainhas.
O cálculo no Estádio II (que admite comportamento linear dos materiais e
despreza a resistência à tração do concreto) pode ser feito considerando a relação αe
entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto igual a 15.
η1 é o coeficiente de conformação superficial da armadura considerada,
devendo ser adotados os valores de η1 para passiva e ηp1 para ativa (ver 9.3.2).
Nas vigas usuais, com altura menor que 1,2 m, pode-se considerar atendida a
condição de abertura de fissuras em toda a pele tracionada, se a abertura de fissuras
calculada na região das barras mais tracionadas for verificada e exista uma armadura
lateral que atenda a área mínima de armadura longitudinal de tração.
O controle da fissuração, sem a verificação da abertura de fissuras, pode ser
feito sem a avaliação do valor da abertura de fissuras, atendendo a verificação do
estado limite de fissuração (aberturas máximas esperadas da ordem de 0,3 mm para o
concreto armado e 0,2 mm para o concreto com armaduras ativas). Um elemento
estrutural (no caso deste item, lajes maciças) deve ser dimensionado respeitando as
restrições da tabela 5.6 quanto ao diâmetro máximo (φmax) e ao espaçamento máximo
(smáx) das armaduras, bem como as exigências de cobrimento (item 7) e de armadura
mínima. A tensão σs deve ser determinada no Estádio II.
Valores máximos
Tensão na barra Concreto sem armaduras ativas
σs (MPa) φmáx (mm) smáx (cm)
160 32 30
200 25 25
240 16 20
280 12,5 15
320 10 10
360 8 6
Os limites para as aberturas das fissuras e das flechas são os indicados na NBR
6118.
5.12.1.1.Exercício 1
Pretende-se construir a laje da figura com espessura de 9cm. Sabendo-se que
as ações uniformemente distribuídas são q = 4,0kN/m e g = 2,0kN/m , pede-se verificar
essa possibilidade atendendo as condições dos estados limites de serviço.
Figura 5.36 – Figura do exercício 1
5.12.1.2 Exercício 2
6.1 INTRODUÇÃO
Este exemplo foi elaborado pelo Engenheiro Carlos Roberto Gutiérrez Reiner,
durante o desenvolvimento de pesquisa com bolsa de monitoria na EESC - USP, ano
de 1990, com orientação do autor. Para esta edição o trabalho foi revisto e
complementado com as indicações da NBR 6118.
Com este exemplo pretende-se sedimentar os conceitos expostos nos textos dos
capítulos anteriores. Aqui será tratado o projeto de um pavimento - tipo de edifício.
Procurou-se desenvolvê-lo de modo mais didático possível, com a finalidade de
apresentar a rotina para os projetos da forma estrutural do pavimento - tipo e das lajes
maciças.
A forma estrutural é projetada em função das dimensões indicadas na planta de
arquitetura do pavimento - tipo proposto.
O edifício destina-se a salas para escritórios, sendo que cada conjunto possui três
salas, dois banheiros e uma copa. Tem também um terraço no qual o acesso de
pessoas é possível. A figura 6.1 apresenta a distribuição arquitetônica dos ambientes,
bem como as medidas indicadas para cada compartimento.
C
A figura 6.2 mostra a localização dos pilares e das vigas com conseqüente
definição geométrica das lajes. Nota-se que os pilares ficam embutidos nas paredes de
alvenaria externas, pois elas têm espessuras de 23cm e os pilares têm as menores
dimensões iguais a 20cm. As espessuras das vigas (bw) são de 11cm, com isto elas
ficam embutidas nas paredes de meio tijolo que são as paredes internas.
Pode-se notar, comparando as figuras 6.1 e 6.2, que as paredes que separam os
banheiros e estes da copa ficam apoiadas diretamente sobre a laje L02. As demais
paredes se apóiam sobre as vigas. A laje L03 que recebe as ações do terraço tem a
borda esquerda livre, isto é, não há viga de apoio junto a esta borda. E, faceando com
esta borda, há uma mureta de 1,0m de altura destinada a servir como parapeito.
Todas as vigas são normais, pois, as suas faces superiores coincidem com as
faces superiores das lajes.
Como foi visto as espessuras das vigas são de 11cm e elas ficam embutidas
dentro das paredes. As vigas internas têm seu plano médio coincidindo com o plano
médio das paredes e, as externas têm as suas faces externas posicionadas junto à
face externa das paredes, como pode ser observado na figura 6.4.
Para se determinar as distâncias entre as faces das vigas, quando estas têm seus
planos médios coincidindo com os planos médios das paredes, basta somar às
distâncias entre as paredes, fornecidas na planta arquitetônica, as respectivas
espessuras dos revestimentos de argamassa. No caso de não haver esta coincidência
há que se analisar cada caso como se pode notar na figura 6.4.
Na figura 6.4 estão mostradas as posições das vigas, vistas no corte BB' e as
respectivas posições das paredes. Pode-se notar que é um simples problema
geométrico.
As distâncias calculadas no corte BB' são transferidas para o desenho da forma
estrutural do pavimento - tipo mostrado na figura 6.6.
Na figura 6.4 nota-se que os revestimentos das vigas internas têm 1,0cm de
espessura e das paredes respaldadas junto a elas têm 1,5cm. No caso da laje L03,
para se determinar a largura livre da laje deve-se considerar a distância da face externa
da laje até a face externa da viga V04.
O mesmo procedimento é feito para as demais distâncias entre faces de vigas,
como por exemplo, as vistas pelo corte CC', como está mostrado na figura 6.5.
A parede de meio tijolo que separa os dois banheiros está mostrada na figura 6.5,
inclusive com as medidas internas dos ambientes para se perceber que a distância
entre as faces das vigas V01 e V02 são determinadas considerando-se as medidas
indicadas no projeto arquitetônico.
Figura 6.5 - Corte CC' - posições de vigas, lajes e paredes
A NBR 6118 não indica nenhum critério para a avaliação das alturas de
elementos estruturais fletidos na fase de pré-dimensionamento. Portanto, o caminho é
adotar dimensões compatíveis conforme as sugeridas no capítulo 3 e, depois dos
elementos dimensionados, verificar os estados limites de serviço. Se verificadas as
flechas e aberturas de fissuras limites, então as dimensões adotadas na fase de pré-
dimensionamento foram adequadas.
Para a estimativa das espessuras das lajes foi usado o critério indicado por
Ishitani et al. (2001), conforme estudado no capítulo 5, que sugere que as espessuras
das lajes maciças podem ser pré-dimensionadas, considerando-as iguais a h = 2,5% lx,
sendo lx a medida do menor vão efetivo.
A figura 6.7 apresenta as condições de vinculação adotadas para as lajes. A laje
L03 em balanço, embora tenha duas vigas posicionadas paralelamente ao menor vão,
o vão maior é muito maior que o vão menor, e foi considerada engastada nas lajes L01
e na L04. Por suas vezes as lajes L01 e L04 foram consideradas apoiadas na viga V04;
elas não podem ser consideradas engastadas na L03, por esta ser em balanço.
A laje L02 foi considerada rebaixada, portanto a condição de vinculação é de laje
isolada e, assim, simplesmente apoiada nas vigas do contorno. As lajes L01 e L04, no
lado comum podem ser consideradas engastadas entre si, pois há a possibilidade de
virem a ter espessuras próximas, por tratar-se de lajes com vão efetivos de dimensões
e de ações semelhantes. O mesmo ocorre entre as lajes L04 e L05.
Na figura 6.7 estão indicados os valores dos vãos efetivos que foram
considerados como sendo as distâncias entre os centros dos vãos das vigas nas
direções consideradas.
Os vão efetivos das lajes podem ser calculados com os critérios da NBR
6118 e apresentados no item 5.5 deste trabalho.
Prática corrente tem sido adotar laje engastada em outra laje quando as alturas
forem iguais ou próximas; considerando-se como espessuras próximas quando a
diferença entre elas for de até 3cm. Quando a diferença for maior, considera-se a laje
de menor espessura engastada na de maior espessura e, a de maior espessura é
considerada apoiada na viga, isto no lado comum.
A tabela 6.1 foi organizada para otimizar os cálculos das espessuras das lajes do
projeto.
Tabela 6.1 - Cálculo das espessuras das lajes
ℓy ℓx 2,5 d
Laje Tipo λ l x h(cm)
(cm) (cm) 100 adotada (cm)
L01 2A 337,5 302,5 1,12 7,56 8 6,5
L02 1 372,5 337,5 1,10 8,44 10 8,5
L03 9 710,0 108,5 0,15 2,71 8 6,5
L04 3 372,5 302,5 1,23 7,56 8 6,5
L05 2A 372,5 372,5 1,00 9,31 8 6,5
A NBR 6118 indica espessura mínima de 7cm para lajes de piso. A altura
útil (d) igual a 6,5cm foi calculada a partir dos valores da tabela 3.2, deste texto, com a
condição de que quando houver adequado controle de qualidade e rígidos limites de
tolerância da variabilidade das medidas durante a execução pode ser adotada uma
redução de 5mm no valor do cobrimento. A exigência de controle rigoroso deve ser
escrita claramente nos desenhos do projeto.
Na avaliação da altura útil (d) deve ser consideradas a espessura do cobrimento
(1,5cm) e metade do diâmetro das barras da armadura que, por ser esperado valor
pequeno, não foi considerado neste projeto. Assim, a altura útil foi avaliada por:
d = h - 1,5cm
As faces superiores das lajes L03 e L01 e L04 não são coincidentes; a laje L03
deve ser rebaixada, em relação às outras de no mínimo 2cm, para impedir a entrada de
água nos ambientes internos. A figura 6.8 mostra este detalhe.
Atuando na laje L02 há a ação das paredes de alvenaria de meio tijolo furado que
compõem os ambientes arquitetônicos indicados na figura 6.1. Como a laje L02 é
considerada armada em duas direções é possível considerar as ações das alvenarias
como uma ação suposta uniformemente distribuída, por unidade de área, na laje L02.
Para isto basta determinar a área das paredes, multiplicá-la pelo peso próprio de um
metro quadrado de alvenaria pronta (ver tabela 2.2) para se obter a resultante do
carregamento, que é dividido pelos vãos efetivos da laje.
Assim tem-se:
gpp alv. =
(3,15 + 2,47 ) ⋅ (2,77 − 0,08 ) ⋅2,2
3,725 ⋅ 3,375
gppalv. = 2,65kN/m 2
Para determinação desta ação não foram descontados os vãos das portas que
separam os ambientes.
A NBR 6120, conforme pode ser visto no capítulo 2, indica que para
escritórios deve ser considerada uma ação variável normal de 2 kN/m2 .
A tabela 6.2 apresenta as ações calculadas para cada laje.
As reações de apoio da laje L03 junto das vigas V01 e V03 podem ser calculadas
pelo processo das áreas, resultando um triângulo conforme indicado na figura 6.13. A
reação vy na laje resulta:
Os momentos fletores negativos m'x = m'x,gk + m'x,qk atuantes nas lajes L01 e L04;
L04 e L05 foram compatibilizados com as indicações do item 5.8.4, deste trabalho,
lembrando que é adotado o maior valor entre a média dos momentos fletores ou 0,8
vez o maior deles. Os momentos fletores negativos compatibilizados substituem os
momentos fletores calculados para as lajes supostas isoladas e, com eles se
determinam as áreas das armaduras posicionadas nas faces superiores das lajes. Os
momentos fletores positivos também foram compatibilizados toda vez que eles
sofreram acréscimos em função da diminuição do momento fletor negativo.
As reações de apoio indicadas na figura 6.14 atuantes nas lajes provocam
tensões tangenciais de máxima intensidade nas bordas das lajes. A NBR 6118
indica que para não haver armadura transversal (estribos) na laje a força cortante de
cálculo (VSd) deve ser menor do que a força cortante resistente do concreto (VRd1),
conforme estudado no capítulo 5.
As reações de apoio serão, em uma fase posterior do projeto, as ações atuantes
nas vigas, além das ações de peso próprio e de paredes se assim o projeto
arquitetônico indicar.
Os cálculos dos esforços solicitantes - reações de apoio e momentos fletores nas
lajes isoladas, podem ser feitos por meio de tabelas como alternativa às planilhas de
cálculo, mostradas nas figuras 6.14 e 6.15.
Optou-se por apresentar aqui apenas os cálculos usando os esquemas
geométricos, que são cópias em traço unifilar da forma estrutural do pavimento - tipo,
por serem de fácil entendimento e por ficarem mais visíveis os planos de ação dos
momentos fletores e as bordas onde atuam as reações de apoio das lajes.
Na figura 6.14 são calculadas as reações de apoio das lajes e na figura 6.15 os
momentos fletores iniciais e os finais já compatibilizados.
Nessas figuras, nas intersecções dos eixos coordenados anotam-se as ações
uniformemente distribuídas nas lajes, escrevem-se os coeficientes com os quais se
calculam as forças cortantes e os momentos fletores, determinados nas tabelas de
PINHEIRO [1993] e BARES [1970], e de acordo com os fatores de multiplicação
indicados efetuam-se os cálculos dos esforços solicitantes. De acordo com as
convenções já estudadas no capítulo 5, os esforços solicitantes são anotados como
indicado nas figuras 6.14 e 6.15. Ambas apresentam, nas partes inferiores das páginas,
as indicações do modo como os esforços são calculados e convenientemente anotados
no desenho da própria laje.
As determinações das áreas das seções transversais das barras das armaduras
foram feitas com as indicações do item 5.10.2, deste trabalho. Foram usadas as tabela
5.1, capítulo 5, e, para facilitar o cálculo, organizaram-se as tabelas 6.3 e 6.4 para
determinação das armaduras positivas - posicionadas junto à face inferior e das
armaduras negativas - posicionadas junto à face superior das lajes, respectivamente.
Neste exemplo considerou-se concreto C20 e aço categoria CA-50.
As áreas de armaduras mínimas foram respeitadas, lembrando-se que elas foram
adotadas iguais a 0,15% . bw . h, ou seja, 0,15 . h, por considerar-se bw igual a 100cm,
conforme indicado na NBR 6118 e tabela 5.3 deste texto.
Valores limites para os espaçamentos entre as barras (2h ou 20cm, o menor
valor) também foram considerados.
A NBR 6118 indica, conforme indicado na tabela 5.3 que a área das barras
da armadura secundária ou de distribuição deve ter taxa geométrica ρs ≥ 20 % da área
das barras da armadura principal e, também, ρs ≥ 0,5 ρmin e, ainda a área das barras da
armadura secundária deve atender as /s ≥ 0,9 cm2/m. Entre as três indicações se adota
a que fornecer maior área de armadura secundária.
Os detalhamentos das armaduras são apresentados na figura 6.16, onde pode
ser visto, para cada tipo de barra a sua quantidade, comprimento parcial e
comprimento final. Os comprimentos das barras da armadura negativa foram
determinados com os critérios indicados no item 5.11.2, deste trabalho.
As verificações das ancoragens nos apoios internos e de extremidade seguiram
as indicações da NBR 6118 e já analisadas em tópico já lecionado na disciplina.
Quando se determina o comprimento da armadura negativa do balanço deve-se
lembrar que ele é calculado dando-se ao diagrama de momento fletor um
deslocamento al, que no caso de lajes é de 1,5 d, segundo indica a NBR 6118, e
calcula-se o comprimento de ancoragem que deve ser considerado para as barras. O
comprimento parcial das barras, medido a partir do centro da viga V04 é da ordem de
1,5 vez o vão efetivo do balanço.
b. cálculo de τRd
fctk,inf 1 1
τRd = 0,25 ⋅ fctd = 0,25 ⋅ = 0,25 ⋅ ⋅ 0,7 ⋅ fctm = 0,25 ⋅ ⋅ 0,7 ⋅ 0,3 ⋅ fck2 / 3
γc γc γc
c. cálculo de k
d. cálculo de ρ1
na laje L02, sendo 2,62 cm2/m (φ 6,3 c/12) a área de armadura na direção x
calculada para absorver o momento fletor mx = 6,66kN/m, vem:
e. cálculo de σcp
NSd = zero, pois não há força de protensão na laje (ela tem armadura passiva), e,
também, não há força força normal atuando na laje.
f. bw = 100cm e d = 8,5cm
g. Substituindo na expressão de VRd1, vem:
h. conclusão
Os estados limites de serviço que precisam ser verificados para as lajes são: o
estado limite de deformação excessiva (ELS-DEF), para o qual são adotados os
critérios indicados para vigas, considerando a possibilidade de fissuração (hipóteses do
Estádio II), e os estados limites de formação de fissuras (ELS-F) e de abertura das
fissuras (ELS-W), também considerando as hipóteses indicadas para a verificação de
elementos lineares (vigas).
Com as hipóteses do estado limite de formação de fissuras pode-se calcular o
momento de fissuração (Mr) pela seguinte expressão aproximada, escrita considerando
o Estádio Ib.
α ⋅ fct ⋅ I0
Mr =
yt
sendo:
yt = h / 2 = 4cm;
Ic = ( bw h3 ) / 12 = ( 100 . 83 ) / 12 = 4.266,7cm4;
mr = 248kNcm = 2,48kNm
mr = 387,5kNcm = 3,88kNm
Nos casos de lajes maciças a NBR 6118 indica que para a verificação dos
estado limite de deformação excessiva são usados os mesmos critérios adotados para
a verificação de vigas, considerando a possibilidade de fissuração (Estádio II).
A verificação dos valores limites estabelecidos na NBR 6118 para a
deformação da estrutura, mais propriamente rotações e deslocamentos em elementos
estruturais lineares, analisados isoladamente e submetidos à combinação de ações
indicadas na norma, pode ser realizada por modelos que considerem a rigidez efetiva
das seções do elemento estrutural, ou seja, levem em consideração a presença da
armadura, a existência de fissuras no concreto ao longo dessa armadura e as
deformações diferidas no tempo.
A NBR 6118 lembra que a deformação real da estrutura depende também
do processo construtivo, assim como das propriedades dos materiais (principalmente
do módulo de elasticidade e da resistência à tração) no instante de sua efetiva
solicitação. Em face da variabilidade dos parâmetros citados, existe variabilidade das
deformações reais. Não se pode esperar, portanto, grande precisão nas previsões de
deslocamentos dadas pelos processos analíticos que se adota neste exemplo
conforme indicado na norma citada.
Para a avaliação aproximada da flecha em lajes, seguindo os critérios de vigas, a
NBR 6118 indica que o modelo da estrutura pode admitir o concreto e o aço como
materiais de comportamento elástico e linear. As deformações específicas nas seções
ao longo do elemento estrutural podem ser determinadas no Estádio I desde que os
esforços solicitantes não superem aqueles que dão início à fissuração, e no Estádio II,
em caso contrário.
Para o cálculo utiliza-se o valor do módulo de elasticidade secante Ecs definido na
NBR 6118, sendo obrigatória a consideração do efeito da fluência.
Para uma avaliação aproximada da flecha imediata em vigas pode-se utilizar a
expressão de rigidez equivalente (Fórmula de Branson) dada a seguir:
Mr
3 M
3
(EI) eq = E
cs Ic + 1−
M
r
.III ≤E cs .Ic
Ma a
sendo:
sendo:
A 's
ρ′ =
bd
sendo:
Tempo (t)
Meses
0 0,5 1 2 3 4 5 10 20 40 ≥ 70
Coeficiente
0 0,54 0,68 0,84 0,95 1,04 1,12 1,36 1,64 1,89 2
ξ (t)
sendo:
ΣPi t 0 i
t0 =
ΣPi
sendo:
O valor da flecha total deve ser obtido multiplicando a flecha imediata por (1 + αf).
∆ξ = 2 - 0,68 = 1,32
Para levar em conta o efeito da fissuração nas lajes maciças Correa (1991)
indica que o valor do deslocamento inicial precisa ser multiplicado por 1/0,54, o que
equivale a considerar que o momento de inércia da seção fissurada é 54% do valor do
momento de inércia da seção plena.
Lembrando que a flecha final é a flecha inicial multiplicada por ∆ξ e reduzindo-se
no valor do momento de inércia da seção integra multiplicando o valor da flecha inicial
por 1/0,54, pode-se calcular, para cada laje, o valor da flecha final por:
af = ai . (1/0,54) . ∆ξ
af = ai . (1/0,54) . 1,32
e, portanto:
af = ai . 2,5
(g + q)ser = gk + ψ2 qk
α l 4x
a= ⋅ (g + q)ser ⋅
100 Ecs ⋅ h3
No caso do projeto foi adotado concreto C20 resultado para valor do módulo:
Nas lajes em que o momento de cálculo de serviço for menor que o momento de
fissuração, já calculado no item 6.10.1, o momento de inércia a considerar é o da seção
plena, em caso contrário, ou seja, quando o momento de cálculo de serviço for maior
que o momento de fissuração há que se fazer a redução de 54% no momento de
inércia, conforme já explicado.
Para facilitar os cálculos das flechas nas lajes do pavimento-tipo do projeto
organizou-se a tabela 6.7a, na qual são listados: os valores dos momentos fletores
relativos às ações permanentes e variáveis (Tabela 6.18), combinações de momentos
fletores e das ações, coeficiente (α) da teoria elástica das lajes e determinado em
função das condições de apoio e da relação entre os vãos efetivos, deslocamento
inicial, deslocamento inicial em função da rigidez da seção transversal, não fissurada e
fissurada, flecha e deslocamento limite (lx / 250). Os valores de α podem ser
encontrados nas tabelas de Bares (1970) e de Pinheiro (1993).
Momento
mgk mqk md,ser (g+q)ser ℓx ai ai,Eieq afinal alim
Laje de α
(kNm/m) (kNm/m) (kNm/m) [kN/m2] (m) (cm) (cm) (cm) (cm)
Inércia
1,04 0,70 1,25
L01 Ix 3,60 4,33 3,025 0,12 - 0,16 1,21
1,03 0,69 1,24
5,59 1,14 5,86
L02 Ieq 9,80 5,74 3,375 0,36 0,66 0,87 1,35
4,72 0,97 5,01
1,03 0,69 1,24
L04 Ix 3,60 3,51 3,025 0,10 - 0,13 1,21
0,71 0,47 0,85
1,47 0,98 1,76
L05 Ix 3,60 3,26 3,725 0,21 - 0,28 1,49
1,21 0,81 1,45
1,0852 1,0852
md,ser = 3,0 ⋅ + 2,2 ⋅ 1,035 + ψ2 2,0 ⋅ + 2,0 ⋅ 1,035 + 0,8 ⋅ 1,0
2 2
resultando:
α ⋅ fct ⋅ Ic
mr =
yt
sendo:
b w ⋅ x II3
+ α e ⋅ A s [d − x II ]
2
III =
3
1
b w ⋅ xII2 − α e ⋅ A s ⋅ [d − xII ] = zero
2
Es 210.000
αe = = = 9,87
E cs 21.287
Para os dados da laje L03 obtém-se, com bw = 100cm, as = 4,55cm2 (Tabela 6.4)
e d = 6,5cm:
xII = 1,92cm
III = 1.178cm4
Mr I + 1− Mr .I ≤E .I
3
3
(EI)eq = E cs
Ma c Ma II cs c
e, substituindo convenientemente os valores já calculados resulta:
3,52
3
3,52 3
(EI)eq = 2.128,7 ⋅ ⋅4.267+ 1− .1.178 = 4.489.512 kN / cm ≤ Ecs ⋅ Ic
2
5,25 5,25
1 1 1 1
ai = ⋅ (g + q) ser ⋅ l 4 ⋅ + ⋅ (G + Q) ser ⋅ l 3 ⋅
8 (EI) eq 3 (EI) eq
1 1 1 1
ai = ⋅ (0,036) ⋅ (108,5) 4 ⋅ + ⋅ (2,8) ⋅ (108,5) 3 ⋅
8 (3.200.667 ) 3 (3.200.667 )
Lembrando que o deslocamento final precisa ser multiplicado por 2,5 para levar
em conta as ações de longa duração, resulta:
2 ⋅ l efe 2 ⋅ 108,5
a llim = = = 0,9cm
250 250
No caso das lajes do projeto nas quais as ações uniformemente distribuídas são
as permanentes e as variáveis diretas os momentos fletores de serviço são calculados
por:
1,085 2 1,085 2
m d,ser = 3,0 ⋅ + 2,2 ⋅ 1.035 + ψ1 2,0 ⋅ + 2,0 ⋅ 1,035 + 0,8 ⋅ 1,0
2 2
φi σ 3σ
w1 = ⋅ si ⋅ si
12,5 ⋅ η1 E si fctm
φi σ 4
w2 = ⋅ si ⋅ [ + 45]
12,5 ⋅ η1 E si ρ ri
com, σsi, Φi, Esi, ρri definidos para cada área de envolvimento em exame, sendo:
x II
b w .x II . − α e .A s [d − x II ] = 0
2
bw ⋅ x3
III = + α e ⋅ A s ⋅ [d − x II ] 2
3
c.- Tensão nas barras das armaduras das lajes considerando a hipóteses do
Estádio II
α e .Md,serv .(d − x II )
σ si =
III
6.10.3.1 Verificação das aberturas das fissuras (ELS-W) para a laje L02
Mr = 3,88kNm
Ma = m dx,serv = 6,05kNm
100 ⋅ 10 3
Ic = = 8333,33cm 4
12
O módulo de deformação secante do concreto resulta:
asx = 2,62cm2/m
x II
100.x II . − 15.2,62[8,5 − x II ] = 0
2
que resulta:
xII = 2,2cm
100 ⋅ 2,2 3
III = + 15 ⋅ 2,62 ⋅ [8,5 − 2,2] 2
3
ou seja:
III = 1.915cm4
φi σ 3σ
w= ⋅ si ⋅ si
125.η i E si fctm
6.10.3.2 Verificação das aberturas das fissuras (ELS-W) para a laje L03
Mr = 2,48kNm
Ma = m dx,serv = 5,66kNm
100 ⋅ 8 3
Ic = = 4266,67cm 4
12
asx = 4,55cm2/m
x II
100.x II . − 15.4,55[6,5 − x II ] = 0
2
que resulta:
xII = 2,4cm
100 ⋅ 2,4 3
III = + 15 ⋅ 4,55 ⋅ [6,5 − 2,4] 2
3
ou seja:
III = 1.608cm4
A tensão nas barras da armadura na laje L02 na direção do eixo x resulta:
φi σ 4
w2 = ⋅ si ⋅ [ + 45]
12,5 ⋅ η1 E si ρ ri