INTRODUÇÃO

As populações costeiras das Ilhas dos Mares do Sul, com muito raras excepções, são, ou eram
antes da sua extinção, peritas em navegação e comércio.

Certas regiões se especializaram em determinados produtos. Por isso rolava de rotas

comerciais precisas de escambo, para que as necessidades locais fossem supridas.

Uma das formas de comércio intertribal mais notável é a que existe entre os Motu de Port
Moresby e as tribos do Golfo de Papua. Trazem cerâmica e ornamentos feitos com conchas
em troca, sagú e as pesadas canoas escavadas em troncos de árvore, que mais tarde utilizam
para a construção das suas.

Existe, todavia, outro sistema comercial muito alargado e altamente complexo, o

KULA. Influencia toda a vidas das tribos já que as idéias, ambições, desejos e vaidades
das populações se relacionam com esse sistema. E é isso que o livro busca mostrar.

II
Antes da descrição ele fala dos métodos etnográficos. Qualquer ramo do conhecimento,
os resultados de uma pesquisa científica devem ser apresentados de maneira totalmente
neutra e honesta. Todos os passos das experiências tem que ter uma descrição exacta dos
instrumentos utilizados, da maneira como as observações foram conduzidas, do seu
número, da quantidade de tempo que lhe foi dedicado e do grau de aproximação com o
qual cada medida foi realizada. Na etnografia tem um costume de apresentar somente os
dados adquiridos, partir da mais completa obscuridade, sem qualquer referência aos
processos utilizados para a sua aquisição.
Essencial para ver se o senso comum do autor e sua capacidade de penetração
psicológica tem valor cientifico inquestionável. Deveria ter pelo menos um sumário
que, num olhar rápido, o leitor possa avaliar com precisão o grau de conhecimento
pessoal do autor sobre os factos que descreve e formar uma idéia relativamente às
condições de obtenção de informação junto dos nativos. Principalmente porque na
etnografia os dados são também altamente dúbias e complexas; já que não estão
materializadas em documentos fixos e concretos, mas sim no comportamento e na
memória dos homens vivos.
Importante que se tenha uma distancia do autor para seu material de estudo. Para se ver
isso é necessária a descrição do métodos que se obtenham os dados.

III
Exemplo de como isso é feito. Diferença de ir em uma ilha sozinho x de ir com a
ajuda/acompanhamento de um branco. Ao ir com ajuda de um branco algumas
informações não poderiam ser obtidas já que a comunicação feita a partir de uma
linguagem mista que produzia ruído, e tambem provocava constrangimento aos nativos.
Logo não tinha como haver afetividade e portanto os nativos não se abriram sobre as
questões. E não tinha como perguntar ao branco sobre as coisas que procurava saber
sobre a tribo pois, como a maioria tinha interesse mercadológico(comerciantes), suas
opiniões eram cheias de preconceito.
Quando sozinho ele obtem resultado. “Como de costume, o sucesso só pode ser obtido
através de uma aplicação sistemática e paciente de um determinado número de regras de
bom senso e de princípios científicos bem definidos e não através de qualquer atalho
miraculoso que leve aos resultados desejados sem esforço ou problemas”.
O método tem que ser meticuloso e por isso tem três itens principais:
1. em primeiro lugar, como é óbvio, o investigador deve guiar-se por objectivos
verdadeiramente científicos, e conhecer as normas e critérios da etnografia
moderna;
2. em segundo lugar, deve providenciar boas condições para o seu trabalho, o que
significa, em termos gerais, viver efectivamente entre os nativos, longe de outros
homens brancos;
3. finalmente, deve recorrer a um certo número de métodos especiais de recolha,
manipulando e registando as suas provas.

IV