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A Sentença de Interdição e os Negócios Jurídicos praticados anteriormente pela pessoa interditada


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Interdição Civil Direito Civil Direito de Família Negócios Jurídicos 

A Sentença de Interdição e os Negócios


Jurídicos praticados anteriormente pela
pessoa interditada

Publicado por Gilberto Andrade

há 5 anos  11,7K visualizações

1. Introdução
O presente trabalho traz sucintas linhas a respeito da validade dos negócios
jurídicos praticados com pessoa que foi, posteriormente, declarada incapaz em
Ação de Interdição.

Frise-se que não há dúvidas acerca da nulidade dos atos praticados entre o
interditado e terceiros, após o registro da sentença que declarou a interdição,
nos termos do artigo 1.184 do Código de Processo Civil.

Precisa de Orientação A questão central é se tal decretação de interdição pode retroagir e se e quando
Jurídica?
podem ser atingidos atos passados praticados entre terceiros e pessoa
interditada.
1

2. Da classificação da sentença de Interdição.


Inicialmente temos que enfrentar o questionamento acerca de ser a sentença
de interdição declaratória ou constitutiva.

O disposto no artigo 1184, do Código de Processo Civil, traz:

“A sentença que declara a interdição produz efeitos desde logo, embora


sujeita a recurso...” (grifos nossos)

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A Sentença de Interdição e os Negócios Jurídicos praticados anteriormente pela pessoa interditada

Na prática, se considerada meramente declaratória, a sentença de interdição,


surtirá efeitos “ex tunc” e, portanto, retroagirão. Já se considerada meramente
constitutiva surtirá efeitos “ex nunc”, os efeitos da sentença de interdição serão
somente para o futuro.

Para Moacyr Amaral Santos, (1994, p 33 e 34):

“Sentenças Constitutivas. Assim, por exemplo,..., as de interdição (Cód. Civil,


art. 453 etc., etc.).”

“As sentenças constitutivas, como regra, têm efeito ex nunc, isto é, para o
futuro, seus efeitos produzem-se a partir da sentença transitada em
julgado.”... “Outras sentenças constitutivas têm efeitos especiais, como por
exemplo, a sentença de interdição, cujos efeitos são ex nunc, a partir da
sentença, ainda que não transitada em julgado (Cód. Civil, art. 452)”.

Para Pontes de Miranda (1977, p. 367):

“O elemento declarativo é alto, porém não preponderante. O estado da pessoa


é declarado e o que se constitui é a incapacitação.”

Em que pese verifica-se divergência sobre o tema é majoritário o entendimento


de que os efeitos de tais sentenças são “ex nunc”, apesar do forte caráter
declarativo da sentença de interdição.

3. Sentença de interdição: efeito “erga omnes”


somente com o atendimento da segunda parte
do artigo 1184 do Código de Processo Civil
Tanto a jurisprudência, quanto a doutrina, na sua grande maioria têm
preferido preservar os terceiros que contrataram com pessoas que foram,
posteriormente, declaradas interditadas, dando mais relevância aos princípios
da boa-fé e da segurança jurídica em oposição aos interesses do incapaz,
mesmo sendo certo que a ação de interdição tem como um de seus objetivos a
proteção da pessoa interditada.

Tal questão tem grande relação com o fato de que a sentença de interdição
somente tem efeitos “erga omnes” após cumprir as determinações contidas na
segunda parte do “caput” do artigo 1184, do Código de Processo Civil, que
passo a transcrever:

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A Sentença de Interdição e os Negócios Jurídicos praticados anteriormente pela pessoa interditada

“A sentença de interdição produz efeitos desde logo, embora sujeita a


apelação. Será inscrita no Registro de Pessoas Naturais e
publicada pela imprensa local e pelo órgão oficial por três vezes,
com intervalo de 10 (dez) dias, constando do edital os nomes do
interdito e do curador, a causa da interdição e os limites da
curatela.” (grifo nosso)

Frise-se que mesmo com a Apelação a sentença de interdição já passa a ter


efeitos, porém, para que tais efeitos atinjam terceiros não integrantes à lide,
necessário se fará o procedimento determinado no artigo supra transcrito.

Sobre o tema, assim se manifestou Pontes de Miranda (1977, p. 392):

“Assim, hoje, a inscrição no Registro de pessoas Naturais e a publicação na


imprensa local e no órgão oficial por três vezes, no intervalo de dez dias, é
indispensável para a eficácia erga omnes. Mas, com a sentença, mesmo que
advenha apelação, produz efeito típico, desde logo, de modo que só se
apaga tal efeito se acontece o provimento da apelação, que o retira.”

O Tribunal de Justiça de São Paulo manifestou sobre o tema desta forma:

“Prestação de serviços educacionais - Ação monitoria - Inadimplemento de


mensalidades - Nulidade do negócio jurídico firmado com interdito -
Contrato celebrado antes do registro da sentença de interdição e da
publicação de edital - Condição de incapaz que não era pública e,
portanto, não oponível a terceiro de boa-fé - Efetiva prestação
dos serviços; que exige a respectiva remuneração - Vedação ao
enriquecimento sem causa – Recurso provido.

1. O instituto da interdição visa a proteger o incapaz, e não a


servir de escudo para o locupletamento indevido do interdito ou
de seus familiares.

2. Ainda: o direito e Justiça não toleram e devem coibir, onde


quer que se apresente o enriquecimento a dano de terceiro,
mesmo que o beneficiário seja incapaz, amental, criança, órfão
ou viúva desvalida.” (TJSP – 29ª Câmara de Direito Privado – Apelação
nº 0002702-08.2009.8.26.0032 (990.09.244923-0) Relator: Reinaldo de
Oliveira Caldas, Voto nº 3013, julg. 02/02/2011) (grifo nosso)

No mesmo sentido tem se manifestado o Superior Tribunal de Justiça:

https://gilbertoandrad.jusbrasil.com.br/artigos/152372630/a-sentenca-de-interdicao-e-os-negocios-juridicos-praticados-anteriormente-pela-pessoa-interditada[28/08/2019 14:43:27]
A Sentença de Interdição e os Negócios Jurídicos praticados anteriormente pela pessoa interditada

“Reconheço que, buscando a preservação dos direitos de terceiros de boa fé,


a sentença de interdição tem natureza constitutiva, com efeitos ex nunc, que
estabelece uma nova situação jurídica em que se reconhece, a partir de
então, a incapacidade de uma pessoa para a prática dos atos da vida civil,
nomeando-se um curador para gerir os bens da pessoa interditada.” (STJ,
Recurso Especial nº 1.141.465 – SC, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira,
julgado em 11/12/2012)

Assim, mesmo sendo o objetivo maior das Ações de Interdição a proteção do


incapaz, frente aos dos princípios da boa-fé e da segurança jurídica, como dito
acima, não poderá a decisão de interdição atingir os negócios jurídicos
praticados anteriormente ao cumprimento das determinações contidas na
segunda parte do “caput” do artigo 1180, do Código de Processo Civil, pois só
essas providências revestem tal decisão com o efeito “erga omnes”.

4. Da eficácia da sentença de interdição


produzindo-se individualmente
Pontes de Miranda (1977, p. 393) considera a possibilidade de se direcionar a
eficácia da sentença de interdição para determinadas pessoas,
independentemente do cumprimento da segunda parte do “caput” do artigo
1184, do Código de Processo Civil, ensinado:

“Pode haver interesse do interdito em que a eficácia da sentença atinja


alguma pessoa ou algumas pessoas que somente receberiam a eficácia da
sentença após as providências registrarias e editais. Então, o curador
nomeado, ou o próprio advogado do interditando que figurou até o fim do
processo, ou outro legítimo interessado, pode requerer a intimação pessoal
ou as intimações pessoais. O que dependia da eficácia erga omnes passou a
produzir-se, individualmente.”

A questão ora apresentada tem relevante interesse na prática jurídica, pois não
é incomum que o ingresso de uma Ação de Interdição, além de buscar o efeito
“erga omnes”, esteja focada em alguma questão mais direta e pessoal de
interesse do interditado, quando poderá o patrono tomar tal providência, para
que se produza a mencionada eficácia individual.

Porém, ressalta-se, que sempre com efeito “ex nunc”, ou seja, para atos futuros.

5. Do litisconsórcio necessário para se

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A Sentença de Interdição e os Negócios Jurídicos praticados anteriormente pela pessoa interditada

pretender a anulação de um ato


Ademais, importante salientar que para se anular qualquer contrato mostra-se
necessário, de início, a participação de todos os contratantes, por trata-se de
litisconsórcio necessário, o que poderia, inclusive, tumultuar o próprio
procedimento de interdição que deve se dedicar inteiramente ao seu objeto,
inclusive, por ter rito especial.

Comentando o artigo 47, do Código de Processo Civil, que trata do


litisconsórcio necessário, Humberto Theodoro Júnior, em Código de Processo
Civil Anotado, ed.12ª, Ed. Forense, p. 60:

“O que procurou estabelecer a lei, malgrado a imperfeição de linguagem do


art. 47, foi que o litisconsórcio será necessário:”

“b) quando, sendo vários os sujeitos envolvidos na relação jurídica


material, por sua própria natureza, a lide tenha de ser decidida de modo
eficaz para todos eles, sejam, autores ou réus (ex.: anulação der um
contrato promovida por quem se sente vitima de simulação ou fraude
praticada por duas ou mais pessoas; ou...”

Importante apontar, não sendo observadas as questões quanto ao litisconsórcio


necessário haverá afronta aos princípios constitucionais da ampla defesa e do
contraditório, o que poderia, inclusive, gerar a nulidade daquele feito.

6. Da sentença de interdição que traz retroação


em seu teor
Mas se mesmo assim, o Juízo fazer constar da sentença de interdição uma data
para a fixação da incapacidade, determinando a retroação de seus efeitos, qual
será a validade desta retroação?

Sobre essa questão já se manifestou o Tribunal de Justiça de São Paulo:

“Interdição - Doença Mental – Sentença de natureza constitutiva, e não


declaratória, de uma situação nova, a sujeição ao regime jurídico de
curatela, e que tem como causa a anomalia psíquica – Embora usual a
fixação da data da incapacidade, até com retroação, A
PROVIDÊNCIA É INÓCUA, desde que não faz coisa julgada e nem
tem retroeficácia para alcançar atos anteriores praticados pelo
interdito, cuja invalidade reclama comprovação exaustiva de
incapacidade em cada ação autônoma – Apela não provida.” LEX

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A Sentença de Interdição e os Negócios Jurídicos praticados anteriormente pela pessoa interditada

JTJ – 212/104 (grifo nosso)

Ainda, do teor do mencionado acórdão se destaca:

“Quando o Juiz deixa preciso, na sentença o tempo em que


começou a incapacidade, o efeito declarativo de modo nenhum é
inerente à sentença (pode omiti-lo, como é freqüente), é o efeito
declarativo da parte da sentença que a essa data se refere, tanto
que pode esbarrar com a coisa julgada material de alguma
sentença anterior e ação diferente, ou sobre a alegação, ou
defesa, com elemento declarativo.” (grifo nosso)

“Nem vale replicar que a retroeficácia de que se cogita


precisamente consistiria na invalidação de atos praticados,
antes da interdição, pelo incapaz. O argumento é tecnicamente
falso, porque confunde o efeito da interdição com o efeito da alienação
mental.” (grifo nosso)

E por fim, conclui:

“... De maneira alguma estariam sujeitos a ela terceiros


estranhos ao processo de interdição, em face dos quais se viesse
a discutir a validade de atos praticados anteriormente pelo
interdito.”(grifo nosso)

Assim, se o Juízo fizer constar da sentença de interdição, mesmo que na parte


dispositiva, data para a incapacidade declarada com a finalidade de retroação
de seus efeitos, tal providência será inócua, não devendo surtir qualquer efeito.

7. Da ação própria para anular atos passados


praticados por pessoa interditada
Daí surge um questionamento: Diante do exposto acima, teria o interditado
como pretender a anulação de ato que tenha praticado anteriormente à
sentença de interdição?

Sobre essa questão assim, se manifestou Pontes de Miranda (1977, p. 393):

“Quanto ao passado (o momento em que começou a anomalia psíquica),


não tem eficácia a sentença de interdição, a despeito do elemento
declarativo junto à força constitutiva. Isso não impede que em ação que

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A Sentença de Interdição e os Negócios Jurídicos praticados anteriormente pela pessoa interditada

não é a de interdição se alegue, por exemplo, que a pessoa estava louca


quando assinou um cheque ou uma escritura particular ou mesmo pública.”
(grifo nosso)

Desta forma, para ver anulado um ato praticado antes da sentença de


interdição o interditado deverá ingressar com ação específica para tal
finalidade, onde todos os envolvidos no contrato em questão figurarão como
partes, respeitando-se, assim, o litisconsórcio necessário.

Desta forma, já se manifestou o Tribunal de Justiça de São Paulo:

EXECUÇÃO - EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE – NÃO


EVIDENCIADA QUALQUER NULIDADE PREVISTA NO ART. 618 DO CPC
- DECRETO DE INTERDIÇÃO QUE OPERA EFEITO EX NUNC,
SEM ATINGIR ATOS E NEGÓCIOS PRATICADOS
ANTERIORMENTE - INVALIDAÇÃO DO QUESTIONADO
CONTRATO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DEVE SER
POSTULADA EM AÇÃO PRÓPRIA- INEXISTÊNCIA DE
DUPLICIDADE DE GARANTIAS OU AMPLIAÇÃO INDEVIDA DA
CONSTRIÇÃO JUDICIAL - DESCABIDA APLICAÇÃO DE MULTA POR
LITIGÃNCIA DE MÁ-FÉ - RECURSO DESPROVIDO. (TJSP – 31ª Câmara
de Direito Privado – Agrav. Instr. Nº 1.121.041-0/0 - Rel. Francisco
Casconi – Voto nº 14.148 – julg. 19/02/2008) (grifo nosso)

E, ainda:

“INTERDIÇÃO – Doença mental – Fixação da data da incapacidade com


retroação – providência inócua – Sentença que não faz coisa julgada e em
tem retroeficácia para alcançar atos anteriores praticados pelo interdito –
Natureza constitutiva e não declaratória- necessidade de
comprovação exaustiva da incapacidade em cada ação
autônoma – Recurso não provido” (grifo nosso) – LEX JTJ – 212/104

E não deixando dúvidas sobre a necessidade de ingresso de ação própria para


questionar a validade de ato firmado anteriormente à sentença de interdição,
assim se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

“Mais uma vez é oportuno salientar que, decretada a interdição da


agravante em agosto de 1.999, esta passa a operar seus efeitos desde logo,
conforme preconiza o disposto no artigo 1.773 do Código Civil. Ocorre,
todavia, que os atos anteriores a sentença de interdição são
apenas anuláveis, podendo ser invalidados desde que

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A Sentença de Interdição e os Negócios Jurídicos praticados anteriormente pela pessoa interditada

judicialmente demonstrado, em ação própria, o estado de


incapacidade a época em que praticados.” (AgRgnº Ag nº 24.836-
MG, Rel. Min. SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, DJ de 31.05.1993, p.
10.670).(grifo nosso)

"DIREITO DE FAMÍLIA. CASAMENTO RELIGIOSO. EFEITOS CIVIS.


INTERDIÇÃO. CÓDIGO CIVIL, 183, XI. FATO NOTÓRIO. CPC, ART. 334-1.
RECURSO DESPROVIDO. I - SE INEXISTENTE PROVA DA
INCAPACIDADE MENTAL DO VARÃO A ÉPOCA DA CELEBRAÇÃO DO
CASAMENTO RELIGIOSO, VALIDOS OS EFEITOS CIVIS DECORRENTES
DE POSTERIOR HABILITAÇÃO, MAXIME QUANDO INCONTESTE QUE A
UNIÃO PERDUROU POR MAIS DE TRINTA ANOS. II - OS ATOS
ANTERIORES A SENTENÇA DE INTERDIÇÃO SÃO APENAS
ANULAVEIS, PODENDO SER INVALIDADOS DESDE QUE
JUDICIALMENTE DEMONSTRADO, EM AÇÃO PRÓPRIA, O
ESTADO DE INCAPACIDADE A ÉPOCA EM QUE PRATICADOS. III
- NOTÓRIOS SÃO OS FATOS DE CONHECIMENTO GERAL INCONTESTE,
A INDEPENDER DE PROVA." (STJ, AgRg no Ag 24836/MG, Rei. Ministro
SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em
13/04/1993, DJ 31/05/1993, p. 10670). (grifo nosso)

“I – Para resguardo da boa-fé de terceiros e segurança do comércio


jurídico, o reconhecimento da nulidade dos atos praticados anteriormente
à sentença de interdição reclama prova inequívoca, robusta e
convincente da incapacidade do contratante.” (STJ, Recurso
Especial nº 9.077 – RJ, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo, julgado em
25/02/1992). (grifo nosso)

Portanto, a única forma para se anular atos praticados pelo interditado,


anteriores à sua interdição, é por meio de ação especifica para essa finalidade,
recaindo sobre o mesmo o ônus de provar as suas alegações e demonstrar a sua
incapacidade à época de forma exaustiva, inequívoca e robusta.

8. Conclusão
Concluí-se que o terceiro que praticou atos da vida civil com pessoa interditada
não poderá ver esses atos declarados anulados no bojo da sentença de
interdição, desde que praticados antes da vigência dos efeitos “erga omnes” da
referida sentença ou de ter tido ciência daquele feito, restando necessário para
se obter a invalidade de determinado ato o ingresso de ação própria com essa
finalidade, onde incumbirá ao interditado o ônus de provar de forma robusta e
inequívoca a incapacidade quando da prática do ato que se pretende anular.

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Referências
Pondes de Miranda, Francisco Cavalcanti. Comentários aos Código de Processo
Civil, tomo XVI. 1ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1977.

Santos, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, 3º


Volume. 14 edição, atualizada. São Paulo: Saraiva, 1994.

Theodoro Júnior, Humberto. Colaboradores: Theodoro Neto, Humberto;


Mello, Adriana Mandim Theodoro de. Código de Processo Civil Anotado. 12ª
edição, revista, ampliada e atualizada. Rio de Janeiro: Forense, 2008.

TJSP – 29ª Câmara de Direito Privado – Apelação nº 0002702-


08.2009.8.26.0032 (990.09.244923-0) Relator: Desembargador Reinaldo de
Oliveira Caldas, Voto nº 3013, julg. 02/02/2011

STJ, Recurso Especial nº 1.141.465 – SC, Relator: Ministro Alderita Ramos de


Oliveira, julgado em 11/12/2012

LEX JTJ – 212/104 – TJSP – 2ª Câmara de Direito Privado - Apelação Cível nº


54.115-4 – Bebedouro – Relator Desembargador J. Roerto Bedran, Voto nº
9276, julgado em 12 de maio de 1998

TJSP – 31ª Câmara de Direito Privado – Agravo de Instrumento nº 1.121.041-


0/0 - Relator Desembargador Francisco Casconi – Voto nº 14.148 – julgado em
19/02/2008

STJ, AgRgnº Ag nº 24.836-MG, Relator Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO


TEIXEIRA, DJ de 31.05.1993, p. 10.670

STJ, Recurso Especial nº 9.077 – RJ, Relator Ministro Sálvio de Figueiredo,


julgado em 25/02/1992

Gilberto Andrade PRO


Especialista em Direito Civil. Consumidor, Inventário, divórcio etcAdvogado, pós-graduado “latu sensu” em Direito Civil,
Direito do Consumidor e Direito de Família, com 20 anos de atuação. DIREITO CIVIL: Cobrança e Execução
Judicial; Rescisão Contratual; Direito Possessório; Direito de Vizinhança; Indenização (dano material e moral);
Locação de Bens Imóveis; Cautelares e Medidas de Urgência; DIREITO DO CONSUMIDOR: Ações contra
Construtoras e Cias Aéreas; DIREITO DE FAMÍLIA E DAS SUCESSÕES: Inventário e Arrolamento de Bens;
Investigação de Paternidade; União Estável; Divórcio e Separação. - WWW.GILBERTOANDRADE.ADV.BR

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Rodrigo Sanches
3 anos atrás

Ótimos comentários, claros e objetivos, obrigado pela explanação!

 1  Responder 

Regina Teixeira
4 meses atrás

Agradeço essa publicação, vez que foi difícil encontrar um artigo que esclarecesse as
questões relativas a Dividas anterior a declaração de interdição. Obrigada.

 1  Responder 

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