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A AUTONOMIA FINANCEIRA
DO PODER JUDICIÁRIO
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4. O PODER JUDICIÁRIO E AS LEIS ORÇAMENTÁRIAS
4 .1 . 0 o rç a m e n to p ú b lic o
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109. Segundo Ricardo Lobo Torres, a "trip a rtiçã o do planejam ento orçam entário, ado
tada pela C onstituição brasileira, denota a influência recebida da C onstituição da
Alem anha, que prevê o plano plurianual [e ine m ehrjâhrige Finanzplanung - art.
í 109, 3), o plano orçam entário [H aushaltsplan - art. 110); e a lei orçam entária
[H aushaltsgesetz - art. 110)” [Tratado..., p. 60).
110. AFONSO, José Roberto R. M em ória da Assembléia C o n stitu tin te de 1987/88: as
finanças públicas.
111. Por inspiração das C onstituições alemã e francesa, com o nos inform a Ricardo Lobo
Torres [Tratado de d ireito c o n s titu c io n a l financeiro e tribu tário , p. 66).
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112. Lei n° 4.320/64, art. 2°, § I o; LC 101/00 (LRF), art. 5o, I e II.
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114. BURKHEAD considera in fru tífe ro e enganoso o esforço para se tentar chegar a uma
classificação única (O rçam ento público, p. 145).
115. BRASIL, M inistério do Planejam ento. M a n u a l técnico de orçam ento, p. 38.
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116. MACHADO JÚNIOR; REIS, A Lei 4.320 com entada, p. 21. Ou, segundo José Afonso
da Silva, dotação é a "consignação de recursos no orçam ento para o atendim ento
de qualquer despesa e tam bém para as despesas totais dos órgãos do Governo
(legislativos, executivos e judiciários) e da adm inistração (M inistérios, organism os
autônom os, departam entos etc.)” (O rçam e nto-program a..., p. 314).
117. MACHADO JÚNIOR; REIS, 4 Lei 4.320..., p. 21.
118. SILVA; VASCONCELOS, M a n u a l de execução orçam entária e co ntabilidade pública,
p. 32.
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estas, por sua vez, co n tê m a discrim inação por elementos. Esta lei exige que
a lei orçam entária discrim ine a despesa por elem entos (art. 15). Elementos
correspondem ao "desdobram ento da despesa com pessoal, material, ser
viços, obras e outro s meios de que se serve a adm inistração pública para
consecução dos seus fins" (Lei n° 4.320/64, art. 15, § 1o).
As duas categorias econôm icas são as despesas correntes e as despe
sas de capital.
As despesas correntes são "os gastos de natureza operacional realiza
dos pela adm inistração pública, para a m an uten çã o e fu n c io n a m e n to dos
seus órgãos".119
As despesas de capital são "os gastos realizados pela adm inistração
pública, cujo propósito é o de criar novos bens de capital ou mesmo a d q u i
rir bens de capital já em uso, com o é o caso dos investim entos e inversões
financeiras, respectivamente, e que con stitu irã o, em últim a análise, in c o r
porações ao p a trim ô n io público de fo rm a efetiva ou através de m utação
patrim onial".120
A classificação até o nível de elem entos obedece ao seguinte esquema,
nos term os do art. 13 da Lei n° 4 .32 0 /64 [CATEGORIA ECONÔMICA: Subca
te g o ria e co nô m ica (elem ento, elem ento)]:
DESPESAS CORRENTES: Despesas de custeio (pessoal civil, pessoal m i
litar, m aterial de consum o, serviços de terceiros, encargos diversos); Trans
ferências corre ntes (subvenções sociais, subvenções econômicas, inativos,
pensionistas, salário -fa m ília e abono fam iliar, ju ros da dívida pública, c o n tri
buições da previdência social, diversas transferências correntes).
DESPESAS DE CAPITAL: In v e s tim e n to s (obras públicas, serviços em re
gim e de program ação especial, e qu ip am en to s e instalações, m aterial per
m anente, participação em c o n stitu iç ã o ou a u m e n to de capital de empresas
ou entidades industriais ou agrícolas); Inversões fina nce iras (aquisição de
imóveis, participação em c o n stitu iç ã o ou a u m e n to de capital de empresas
ou entidades com erciais ou financeiras, aquisição de títu lo s representativos
de capital de empresas em fu n c io n a m e n to , con stitu içã o de fu nd o s rotativos,
concessão de em préstim os, diversas inversões financeiras); Transferência de
c a p ita l (am ortização da dívida pública, auxílios para obras públicas, auxílios
para equ ip am en to s e instalações, auxílios para inversões financeiras, outras
contribuições).
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ou ao ape rfe içoa m e nto da ação de governo (Portaria 42, art. 2o, b; Lei n°
10.934/04, art. 4o, III).
Já a a tiv id a d e corresponde a um in stru m e n to de programação que visa
alcançar um objetivo de um programa, envolvendo um co n ju n to de opera
ções contínuas e permanentes, das quais resulta um produto necessário à
m anutenção do G overno (Portaria 42, art. 2o, c; Lei n° 10.934/04, art. 4o, II).
Operações especiais é um a categoria que engloba as despesas que não
con trib u em para a m a n u te n çã o das ações de governo, das quais não resulta
um produto, e não geram contraprestação sob a fo rm a de bem ou serviço
(Portaria 42, art. 2o, d ; Lei n° 10.934/04, art. 4o, IV).
Os program as poderão ser divididos em subprogramas. Esses, em cada
área de Governo, serão o b rig a to ria m e n te desdobrados em projetos e a tiv i
dades (Portaria SOF 9, de 28.1.1974). A Lei de Diretrizes O rçam entárias da
União para 2005 (n° 10.934/04) prevê ainda a categoria do sub título, que
corresponde ao m en or nível da categoria de programação, devendo ser u ti
lizado para especificar a localização física da ação.
No caso do Poder Judiciário, o Anexo 5, atualizado, prevê, entre as
funções, a categoria "judiciária", a trib u in d o -lh e o núm ero classificatório 02,
divid in d o -a n a s su b fu n ç õ e s "ação ju d iciária" (061) e "defesa do interesse pú
blico no processo ju d ic iá rio " (062). Há ainda funções tam b é m relacionadas à
atividade ju risdicion a l, c o m o a fu n ç ã o "essencial à justiça" (03), que se divide
nas subfunções "defesa da ordem jurídica" (091) e "representação judicial e
extrajudicial" (092).
No Estado de São Paulo, o o rça m e n to para o exercício de 2005 (Lei Es
tadual n° 11.816/04), em seu quadro VI (dem onstrativo da despesa por fu n
ção, subfunção e program a, c o n fo rm e o vínculo de recursos) prevê a função
"judiciária" (02), dividida nas subfunções "ação ju d iciária" (061), "represen
tação ju d icial e e xtra ju d icial" (092), "adm inistração geral" (122), "tecnologia
da in fo rm a ção " (126), "fo rm a çã o de recursos hum anos" (128), "previdência
do regime e sta tu tá rio " (272) e "outros encargos especiais" (846). Cada uma
dessas subfunções abrange um ou vários programas.
É im p o rta n te notar, a p a rtir desse exemplo, que não há uma corres
pondência absoluta entre a "fu n ç ã o ju d iciá ria " (classificação fu ncio n al e por
programas) e o "Poder Jud iciá rio " (classificação institucional), o que mostra
a independência das diversas classificações orçamentárias, indicando que
cada uma tem por fin a lid a d e evidenciar um aspecto da despesa pública.
No caso m encionado, do o rça m e n to do Estado de São Paulo, as
subfunções "representação ju d icia l e extrajudicial" (092) e "adm inistração
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geral" (122), que integram a fu n çã o "ju diciária " (02), abrangem program as
vinculados ao órgão "Procuradoria do Estado" (40000), que integra o Poder
Executivo.
A subfunção "previdência do regim e e sta tu tá rio " (272), embora se
refira a despesas vinculadas a unidades orçam entárias do Poder Judiciário
(Tribunal de Justiça, Primeiro Tribunal de Alçada Civil, Tribunal de Alçada Cri
minal, Tribunal de Justiça M ilita r e Segundo Tribunal de Alçada Civil), integra
o programa "obrigações prevideneiárias" (0101).
Os programas podem variar a cada orça m e n to, te n d o em vista que as
demandas por bens e serviços, que a sociedade deseja ver atendidas, a lte
ra m-se ao longo do tem po.
Para citar um exemplo de program a, u tiliza n d o o mesmo o rça m e n to
do Estado de São Paulo para o exercício de 2005, existe, entre os vários pro
gramas relacionados ao Poder Judiciário, o program a "Processo Judiciário no
Tribunal de Justiça" (0303).127 É um program a v in cu la d o ao órgão Tribunal de
Justiça (03000), que tem com o o b je tivo "am pliar e m odernizar a prestação
jurisdieional em 1a e 2a instâncias às causas que tra ta m da capacidade e es
tado das pessoas", sendo seu p ú b lic o -a lvo "o cidadão que recorre à Justiça",
englobando cinco ações: "diligências judiciais" (4567), "criação e instalação
de seções do Tribunal de Justiça no in te rio r" (4825), "distribuição da Justiça"
(4826), "in form a tizaçã o" (4827) e "instalação de varas judiciais" (4828). Cada
uma dessas ações apresenta um p ro d u to , uma meta e o valor o rça m e n tá rio
correspondente. A ação "instalação de varas judiciais", por exemplo, tem
com o p rod uto "varas instaladas", m ensuradas em term os de unidades (cada
unidade corresponde a uma vara instalada). A meta prevista para esta ação
é 25, ou seja, pretende-se instalar 25 varas no exercício financeiro de 2005.
0 valor previsto para esta ação é de R$ 2.640.324,00, a qual viabiliza um
program a por meio de um projeto, por envolver um c o n ju n to de operações
lim itadas no tem po, das quais resultam prod utos - as varas instaladas, com o
tam bém ocorre com a ação "criação e instalação de seções do Tribunal de
Justiça no interior". Já a ação "distribu içã o da Justiça" tem com o in s tru m e n
to de program ação uma atividade, por envolver um c o n ju n to de operações
que se realizam de m odo c o n tín u o e perm anente.
Além desse, há outros program as vinculados ao Poder Judiciário no
orçam ento do Estado de São Paulo de 2005, tais com o: "processo ju d iciá rio
no Primeiro Tribunal de Alçada Civil" (0401), "processo ju d iciá rio no Tribunal
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de Alçada C rim inal" (0501), "processo ju d iciá rio m ilita r" (0600) e "processo
ju d iciário no Segundo Tribunal de Alçada Civil" (2201).
Há casos em que despesas de interesse do Poder Judiciário integram
programas a ele não vinculados, considerada a classificação institucional,
o que suscita questões im p o rta n te s para a discussão acerca da auto n om ia
deste Poder.
Um exem plo que evidencia isso de maneira inequívoca pode ser ex
traído do mesmo o rça m e n to que vem sendo analisado (Lei Estadual de São
Paulo n° 11.816/04). Trata-se do program a "Construção, am pliação e re for
ma de edificações forenses do Judiciário" (1717), cujo objetivo é "dotar as
comarcas de edificações forenses adequadas à prestação de serviços com
qualidade", e tem com o ação "construção, am pliação e reform a de fóruns"
(1430). Este é um program a vin cu la d o ao órgão "Justiça" (17000), que, na
classificação in stitu cio na l, corresponde à Secretaria da Justiça e Defesa da
Cidadania, a qual é in te gra nte do Poder Executivo.
0 fa to de - ao m enos no Estado de São Paulo, em que essa fo rm a de
organização govern am e ntal é adotada - a trib u ir-se à Secretaria da Justiça
e Defesa da Cidadania a fu n ç ã o de construir, reform ar e conservar os edi
fícios dos fó ru n s gera algum as distorções na apresentação e conseqüente
interpretação do orçam ento. Isso porque, ao analisar-se o Poder Judiciário
no orçam ento, ver-se-á que p ra tica m en te não há despesas de capital, mas
tã o -s o m e n te despesas correntes (considerada a classificação por categorias
econômicas), o que pode fazer crer não estarem sendo feitos investim entos
na área do Poder Judiciário. Mas essa será uma impressão falsa, pois os
investim entos na área do Poder Judiciário, que se co n stitu iria m fu n d a m e n
ta lm e n te em construções de edificações para abrigar fó ru n s e varas, não vão
aparecer no o rça m e n to do Poder Judiciário (analisando-se a classificação
institucional), e sim no do Poder Executivo, por estarem na esfera de a tri
buição da Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania, órgão integrante do
Poder Executivo.
Esse fa to ta m b é m produz efeitos significativos na a u to n om ia a d m i
nistrativa e financeira do Poder Judiciário. Como foi visto, há a previsão o r
çam entária de recursos para o program a "Processo ju d iciá rio no Tribunal de
Justiça" (0303) destinados ao projeto "instalação de varas judiciais" (4828).
No e ntanto, m uitas dessas varas ju d icia is a serem instaladas dependem de
construção de edificações forenses nas quais serão abrigadas. Os recursos
para isso estão previstos no projeto "construção, am pliação e reforma de
fóruns" (1430), in te g ra n te do program a "Construção, am pliação e reform a
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4 .4 . A elaboração do o rç am en to
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129. LC 101/00 (LRF), art. 5o. A C onstituição Federal, no art. 166, § 3o, im pede a aprova
ção de emendas à lei orçam entária incom patíveis com o plano plurianual e com a
lei de diretrizes orçam entárias.
130. SILVA, José Afonso da. O rçam ento-program a, p. 229-30.
131. BRASIL, M inistério do Planejamento, M a n u a l técnico de orçamento..., p. 51.
132. 0 processo de elaboração das leis orçam entárias encontra base legal em: CF, arts.
165 a 167; Lei de Responsabilidade Fiscal, arts. 3o a 5o; Lei n° 4.320/64, arts. 22 a
46; Decreto-Lei n° 200/67, arts. 15 e 16; Lei n° 10.180/01, arts. I o a8o; Decreto n°
2.829/98; Portaria MOG 42/99 e Portaria Interm inisterial 163/01.
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136. Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, previsto nos arts. 38
e seguintes da Lei n° 9.096/95.
137. BRASIL, M inistério do Planejam ento, M a n u a l técnico de orçam ento, p. 15-6.
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138. "Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonom ia adm inistrativa e financeira. §
1o - Os trib u n a is elaborarão suas propostas orçam entárias dentro dos lim ites esti
pulados c o n ju n ta m e n te com os dem ais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias".
(g rifo nosso).
139. Despesas classificadas nos grupos de natureza de despesa: 3 - Outras Despesas
Correntes, 4 - Investim entos e 5 - Inversões Financeiras, em 2004.
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140. 0 orçam ento base zero "é um processo operacional de planejam ento e orçam ento
que exige de cada adm inistrado a fund a m en tação da necessidade dos recursos
totais solicitados, e em detalhes lhe transfere o ônus da prova, a fim de que ele
ju stifiq u e a despesa" (KOHAMA, Contabilidade..., p. 81). Surgiu nos Estados Unidos,
e houve tentativa de im p la n tá -lo , na década de 1970, especialm ente durante o
Governo de Jim m y Carter.
141. Lições de finanças públicas, p. 107.
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í 144. Em alguns sistemas, com o o inglês, o Parlam ento não pode in tro d u zir modificações,
som ente aprovar ou rejeitar o proje to com o um tod o (VILLEGAS, Curso de finanzas,
; derecho financiero y trib u tá rio , p. 802).
145. A Comissão com põe-se de 84 m em bros titulares, sendo 63 Deputados e 21 Sena
dores (RCN 1, de 2001, art. 3o).
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de 2001, art. 18), podendo in c o rp o ra r ao projeto eventuais reestim ativas de
' 1 receita (RCN 1, de 2001, art. 18, § 4o). — -— ^
Uma vez encam in ha d o o projeto de lei orçam entária ao Poder Legisla
tivo, superada a fase de análise pelas comissões tem áticas e e m itid o o pare
cer prelim inar pelo Relator-Geral, as alterações só poderão ocorrer por meio
de emendas dos parlam entares e das Comissões Permanentes, observados os
requisitos do art. 166, § 3o, da CF e o art. 21 da RCN 1, de 2001.
Iniciada a votação, o Presidente da República não poderá mais propor
m odificações ao projeto (CF, art. 166, § 5o).
Assim, eventuais m odificações em que o Poder Judiciário possa ter
interesse, a p a rtir desta fase, som ente poderão ser feitas com intervenção
de parlamentares, por m eio de emendas.
As emendas ao proje to de lei orçam entária som ente podem ser apro
vadas caso (CF, art. 166, § 3o):
I E, ainda, “ não sejam con stitu íd as de várias ações que devam ser objeto
j de emendas distintas", nem c o n tra rie m as norm as da RCN 1, de 2001, bem
j com o as aprovadas previa m e nte pela Comissão (RCN 1, de 2001).
Nota-se haver restrições bastante significativas para a apresentação
de emendas, dadas as diversas lim itações impostas, ficando m u ito reduzida
a capacidade de atuação dos parlamentares.
, Analisadas as em endas e e m itid o o parecer final da Comissão Mista,
este deve ser e n ca m in h a d o ao Congresso Nacional para votação. Em segui
da, é feita a sistem atização das decisões e é gerado o A u tó gra fo .
Procede-se ao e n c a m in h a m e n to do d o cu m e n to para o chefe do Po
der Executivo (no caso, o Presidente da República, por se tra ta r da esfera
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0 art. 99 da CF estabelece:
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O lim ite de despesas do Poder Judiciário, estipulado pela lei de d ire tri
zes orçam entárias, a ser observado por ocasião da elaboração da proposta
orçam entária, c o n fo rm e prevê o art. 99, § 1o, da CF, faz surgir uma das ques
tões mais relevantes na discussão acerca da a u to n o m ia financeira do Poder
Judiciário.
0 te x to c o n s titu c io n a l é claro ao dizer que os lim ites serão estipulados
c o n ju n ta m e n te com os dem ais poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
Disso se infere que, por ocasião da elaboração da lei de diretrizes o r
çamentárias, há necessidade de se observar mecanismos que garantam a
participação efetiva do Poder Judiciário no processo que leva à estipula
ção desses referenciais, sob pena de in con stitu cion a lid ad e do dispositivo
legal.146
0 Supremo Tribunal Federal já teve o p o rtu n id a d e de se m anifestar so
bre o assunto em decisões cautelares:
146. No Estado de M inas Gerais, existe a Comissão de Com patibilização e Acom panha
m ento O rçam entário, prevista no art. 155, § 2o, da CE, e instituída pela Lei Estadual
n° 10.572/91, que tem com o função receber as propostas dos poderes e estabelecer,
em regim e de colaboração, a com patibilização delas, fixando ao final os lim ites de
despesas que constarão da LDO. 0 item 7.2.7 traz mais detalhes sobre o assunto.
147. Ac. un. do STF-Pleno, de ferindo pedido de medida cautelar, para suspender, com
eficácia .ex tunc, até a decisão final da ação direta, no art. 8o da Lei n° 12.214, de
10.7.1998, do Estado do Paraná, a expressão "Poder Judiciário - 7°/o” - ADIn 1.911-
7/PR, rel.JS/lin. lim a r Galvão, j. 19.11.1998. Reqte.: Procurador-Geral da República;
Rcdos.: G overnador do Estado do Paraná e outra - DJU 12.3.1999, p. 2 - Ementa
oficial. RJIOB 1/13447.
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149. STF, MS 22.685/AL, rei. M in. Celso de Mello, j. 19.2.2002. No mesmo sentido: MS
23.783-MC/RS, rei. M in. M aurício Corrêa, j. 5.10.2000; MS 24.380/R0, rei. Min. Ellen
Gracie, j. 15.10.2002.
150. A C onstituição Federal, no art. 48, II, expressamente a tribui com petência ao Con
gresso Nacional para dispor sobre m atéria orçam entária.
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Ainda que a lei de diretrizes orçam entárias não estipule o lim ite das
despesas do Poder Judiciário, com o te m oco rrid o no Estado de São Paulo151
e em outras Unidades da Federação, cabe ao Poder Executivo e n cam in ha r
a proposta, sem alterações, para o Poder Legislativo, e este se encarregará
de elaborar a lei orçam entária, na qual poderá ou não acolher a proposta,
m antendo ou não os valores nela con tid o s.152
Em virtude do exposto, torna-se pouco relevante d eterm inar se o en
c a m in h a m e n to da proposta orçam entária deve ser fe ito ao Poder Executivo,
Ipara inclusão no projeto final de lei orçam entária a ser encam inhado ao Poder
Legislativo, ou diretam ente ao Poder Legislativo. Isso porque, na primeira hi
pótese, não há dúvidas de que a proposta encam inhada pelo Poder Judiciá-
1 rio deverá ser integralm ente incorporada ao projeto de lei orçam entária, sem
qualquer alteração. Assim, se observado esse procedimento, o Poder Executivo,
uma vez receptor da proposta do Poder Judiciário, seria mero interm ediário na
burocracia de seu encam inham ento, cujo destino é o Poder Legislativo.
Os argum entos expostos m ostram ser mais adequada ao o rd e n a m e n to
jurídico, in te rp re ta n d o -o sistem aticam ente, a tese de que a proposta orça
m entária do Poder Judiciário deve ser encam inhada d ire ta m e n te ao Poder
Legislativo.
151. A Lei Estadual n° 11.782/04 (LDO para 2005) não faz referência a esses lim ites.
152. Nos EUA, a proposta encam inhada pelo Poder Judiciário tam bém não pode sofrer
alterações por parte do Executivo: "The proposal is firs t reviewed by the Ju d icia l
Conference's B udget Com m ittee, then approved by the Judicial Conference and
su b m itte d d ire ctly to the Congress w ith detailed ju s tific a tio n s . By law, the Presi
d e n t m u st include in his bu dg et to Congress the ju d ic ia ry ’s bu d get proposal w ith
o u t change" (USA, The federal court..., p. 41).
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153. Essa posição é dem onstrada com clareza nas razões de veto total ao projeto de
Lei n° 108, de 2006, do Estado de São Paulo, expostas na mensagem n° 84, de 4
de m aio de 2006, encam inhadas pelo G overnador de Estado (Cláudio Lembo) à
Assembléia Legislativa (publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo - Poder
Legislativo, em 5 de m aio de 2006, p. 12).
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