Nicollas Richard N31 Vida ◦ Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997) foi um educador, escritor e filósofo pernambucano. Tendo sua formação inicial em Direito, Freire desistiu da advocacia e atuou durante o início de sua carreira como professor de Língua Portuguesa no Colégio Oswaldo Cruz, instituição em que o professor havia concluído o Ensino Básico. Freire também trabalhou para o Serviço Social da Indústria (SESI) como diretor do setor de educação e cultura, além de ter lecionado Filosofia da Educação na então Universidade de Recife. ◦ Em 1959, Paulo Freire passou no processo seletivo para a cátedra de História e Filosofia da Educação, da Escola de Belas Artes da Universidade de Recife, com a tese Educação e atualidade brasileira. Em 1961, o professor tornou-se diretor do Departamento de Extensões Culturais, da Universidade de Recife, o que o possibilitou realizar as primeiras experiências mais amplas com alfabetização de adultos, que culminaram na experiência de Angicos Método Paulo Freire ◦ No auge da Guerra Fria, os Estados Unidos lançaram um projeto chamado Aliança para o Progresso, que visava a alavancar o processo de crescimento econômico e acabar com o que o bloco capitalista entendia como “crescente comunismo” que vinha assolando a América Latina. No entendimento de quem liderou o projeto, a erradicação do analfabetismo seria uma maneira de frear a ascensão socialista. ◦ O Brasil foi um dos contemplados pelo projeto, e no Nordeste, ainda como fase experimental, a cidade de Angicos, no Rio grande do Norte, foi uma das primeiras grandes experiências de tentativa de erradicação do analfabetismo. A escolha da cidade e a verba destinada ao projeto de Angicos, cerca de 36 dólares por aluno, vieram desse plano norte-americano. Paulo Freire elaborou o projeto, formou uma comissão de coordenadores e treinou professores para aplicar o plano ◦ Em 40 horas, percorridas durante quase um mês, 300 jovens e adultos foram alfabetizados pelo método desenvolvido por Freire. O educador brasileiro criticava o modelo de educação que ele chamava de “educação bancária”. Esse modelo é baseado na visão de que o professor é o centro do processo e detentor do conhecimento das matérias, sendo o responsável por depositar aquilo que sabe em seus alunos. ◦ “a leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele.” ◦ Marcos Guerra, advogado e coordenador do projeto em Angicos, conta que “a alfabetização era baseada em 12 a 15 palavras apenas que continham todos os fonemas da língua portuguesa. No debate sobre a palavra trabalho, o que é que vem? Vem as condições de trabalho. Aí evoca discussões sobre trabalho, condição de trabalho [...] remuneração de trabalho, garantias, direitos, deveres”.Palavras como tijolo, barro, trabalho, labuta e telha eram as norteadoras do método, que não foca no conteúdo ensinado, mas no processo. ◦ Depois do curso, uma greve na cidade parou a construção de uma obra. Acredita-se que eles teriam sido inspirados pelo ensino dos direitos trabalhistas em sala de aula, com a metodologia freiriana. Os trabalhadores disseram ao dono da empresa que sabiam que tinham direitos. Eles pediam carteira assinada, repouso semanal remunerado e férias. E o patrão disse: ‘eu não dou isso não, ninguém dá’, lembra [Marcos] Guerra. ◦ O Plano Nacional de Alfabetização poderia levar o letramento a até seis milhões de brasileiros, o que significaria seis milhões de novos eleitores fora das classes dominantes. Esses fatores foram decisivos para que, ainda em abril de 1964, o Plano Nacional de Alfabetização fosse cancelado. Esses também foram fatores decisivos para a prisão de Paulo Freire, Marcos Guerra (advogado e um dos coordenadores do projeto em Angicos) e dezenas de outras pessoas, que, como no caso de Freire, também foram exiladas. ◦ Paulo Freire passou 70 dias presos e foi exilado. No exílio, foi primeiramente para o Chile, onde coordenou projetos de alfabetização de adultos, pelo Instituto Chileno da Reforma Agrária, por cinco anos. Em 1969, o professor pernambucano foi convidado a lecionar na Universidade de Harvard. Em 1970, foi consultor e coordenador emérito do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), com sede em Genebra, na Suíça. ◦ Até o seu retorno ao Brasil, em 1980, Freire fez viagens a mais de 30 países pelo CMI, prestando consultoria educacional e implementando projetos de educação voltados para a alfabetização, para a redução da desigualdade social e para a garantia de direitos. ◦ “Não há docência sem discência”. Referências ◦ https://www.google.com/amp/s/m.brasilescola.uol.com.br/amp/biografia/paulo- freire.htm