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__________________________________________________________________________
CDU 342.7(7/8=6)
CDD 341.48098
A INTERNALIZAÇÃO
Ana Maria D’Ávila Lopes
Andréia da Silva Costa
Antonio Moreira Maués
Breno Baía Magalhães
DE TRATADOS
Cristóbal Manuel Herrera Morales
Daniel Rivas Ramírez
Denise Almeida de Andrade
Diva Julia Sousa da Cunha Safe Coelho
Eduardo Almendra Martins
HUMANOS NA
Rafaela Gomes Viana
Rafaela Teixeira Sena Neves
Renata Bregaglio Lazarte
Ricardo Martins Spindola Diniz
Saulo de Oliveira Pinto Coelho
livraria
DO ADVOGADO
editora
Porto Alegre, 2017
© dos autores, 2017
Revisão
Rosane Marques Borba
Introducción
Conclusión
Referencias
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Introdução
tratados internacionais. Assim, tratados que não sejam “self-executing” podem não ser considerados parte do direito
interno e as decisões das organizações e dos tribunais internacionais nem sempre serão consideradas vinculantes,
mesmo que os tratados em que elas se baseiam estejam incorporados.
26
Tratados da ONU: 1) Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial (Decreto Presi-
dencial nº 65.810/69); 2) Pacto Internacional de Direitos civis e políticos (Decreto Presidencial nº 592/92); 3) Pacto
Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Decreto Presidencial nº 591/92); 4) Convenção sobre a
eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher (Decreto Presidencial nº 4.377/02); 5) Convenção
contra a tortura e outros tratamentos cruéis (Decreto Presidencial nº 40/91); 6) Convenção dos direitos da Criança
(Decreto Presidencial nº 99.710/90); 7) Convenção sobre direitos das pessoas com deficiência (Decreto 6.949/09
– de status constitucional); Tratados da OEA: 1) Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura (Decreto
Presidencial nº 98.386/89); 2) Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em Matéria de
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Decreto Presidencial nº 3.321/99); 3) Protocolo à Convenção Americana
sobre Direitos Humanos referente à Abolição da Pena de Morte (Decreto Presidencial nº 2.754/98); 4) Convenção
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Decreto Presidencial nº 1.973/96); 5)
Convenção Interamericana para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de
Deficiência (Decreto Presidencial nº 3.956/01).
27
ARTEAGA, 2007, p. 27.
28
MONROY CABRA, 2002, p. 128. Principais tratados de direitos humanos incorporados ao ordenamento jurídico
colombiano: Tratados da ONU: 1) Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial (Ley
22/81); 2) Pacto Internacional de Direitos civis e políticos (Ley 74/68); 3) Pacto Internacional de Direitos Econômi-
cos, Sociais e Culturais (Ley 74/68); 4) Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra
a mulher (Ley 51/81); 5) Convenção contra a tortura e outros tratamentos cruéis (Ley 70/86); 6) Convenção dos
direitos da Criança (Ley 12/91); 7) Convenção sobre direitos das pessoas com deficiência (Ley 1346 de 2009);8)
Convecção Internacional para a Proteção dos Direitos dos Trabalhadores Migrantes e Famílias (Ley 146 de 1994); 9)
Convenção para a Proteção de Todas as Pessoas Contra Desaparecimentos Forçados (Ley 1418 de 2010). Tratados
da OEA:1) Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura (Ley 409/98); 2) Protocolo Adicional à Con-
venção Americana sobre Direitos Humanos em Matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Ley 319/96); 3)
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Ley 248/95); 4) Convenção
Interamericana para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência
(Ley 762/02) e 5) Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas (Ley 707/01).
Após uma década de grande violência, resultante das ações do Cartel de Me-
dellín e dos enfrentamentos entre o Estado e movimentos guerrilheiros, e do fracas-
so da reforma constitucional proposta pelo Governo Virgilio Barco (1986-1990), a
convocação de uma Assembleia Constituinte na Colômbia passou a ser defendida
por diferentes setores políticos do país. Juntamente com as eleições presidenciais de
maio de 1990, realizou-se uma consulta em que 88% dos votantes se manifestaram
a favor da Constituinte, cujos 70 membros foram eleitos em dezembro de 1990, com
baixa participação eleitoral.45
Marcada por uma composição plural, a Constituinte trabalhou rapidamente e
buscou orientar-se pelo consenso (94% dos artigos aprovados receberam mais de
80% dos votos), promulgando a Constituição em 4 de julho de 1991. Dentre as várias
inovações, destacam-se o reconhecimento de novos direitos e garantias, a criação
da Corte Constitucional e da Defensoria do Povo, a eliminação do estado de sítio,
a maior transparência dos processos eleitorais e a atribuição de mais autonomia aos
43
No entanto, estudos comparados demonstram que mesmo tratados que não possuem aprovação legislativa formal
em países dualistas tradicionais exercem alguma força jurídica no ordenamento interno, especialmente por meio de
princípios interpretativos. Apesar das diferenças formais entre países monistas e dualistas, a prática interpretativa dos
tribunais de ambas as tradições é semelhante (Sloss, 2009; Alstine, 2009). Mesmo em países dualistas, os tribunais
reconhecem a origem internacional das normas devidamente incorporadas oriundas dos tratados. Alguns princípios
interpretativos comuns são utilizados tanto por monistas quanto dualistas para soluções de impasses normativos: a)
uso das regras da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados (CVDT) (especialmente as regras que determinam
a interpretação do tratado de acordo com seu objetivo e propósito); b) os países costumam consultar as práticas in-
terpretativas de outros estados-partes do tratado, ainda que a força persuasiva da consulta e sua frequência oscilem
bastante; c) embora os países monistas e dualistas atribuam, exclusivamente, ao Executivo a competência para assu-
mir compromissos internacionais, suas cortes resistem em deferir às interpretações do executivo acerca desses com-
promissos (Alstine, 2009, p. 588-593); e d) cortes de ambas as tradições estipulam algum princípio de interpretação
conforme ao direito internacional. No entanto, podemos destacar algumas particularidades: no monismo, o desafio
das cortes é aplicar os tratados sem que comprometam as relações internacionais do Estado; no dualismo, a busca por
direitos individuais inicia-se na lei transformadora e não no tratado, porém, os tribunais buscam auxílios interpreta-
tivos no fundamento internacional da lei implementadora, especialmente se for ambígua. Apesar disso, tratados não
incorporados exercem grande influência (presunção de conformidade), até mesmo para limitar a discricionariedade
de órgãos administrativos.
44
Para um argumento semelhante, cf. MAUÉS 2013, p. 226.
45
HENAOHIDRÓN, 2013, p. 115-119; LEMAITRERIPOLL, 2016, p. 5-17. O Decreto nº 1926/90, que convocou a
Assembleia, foi validado por decisão da Corte Suprema de Justiça.
Criada para pôr fim ao ciclo de guerras civis decorrentes da declaração de inde-
pendência, a Constituição da Nação Argentina foi promulgada em 1853 e reformada
sete vezes. Sua mais recente e importante alteração ocorreu no ano de 1994, impul-
sionada pelo Pacto de Olivos de 1993. Formulado pelo então Presidente Carlos Me-
nem e o líder da oposição, Raúl Alfonsín, o pacto fundava-se no consenso político,
formado após a ditadura argentina, sobre a fragilidade da Constituição para evitar
governos autocráticos, bem como sobre a necessidade de atenuar-se o presidencia-
lismo, de estipular maiores garantias aos Direitos Humanos e de penalizar tentativas
de golpes de Estado.
Na ocasião da reforma de 94, a parte denominada orgânica62 da Constituição foi
alterada para, dentre outras mudanças estruturais, atribuir hierarquia constitucional
a 10 instrumentos internacionais63 de proteção dos direitos humanos64 e permitir que
outros pudessem ser constitucionalizados por intermédio do Congresso Nacional.65
58
T-1319/01, § 12, 3.
59
T-1319/01, § 13, 3.
60
FAJARDO ARTURO, 2007, p. 20.
61
COURTIS, 2009, p. 66.
62
De acordo com Carlos Colautti (1998, p. 33-34), a Constituição argentina se compõe de duas partes: 1) dogmática:
refere-se aos princípios doutrinários da Constituição (Declaraciones, Derechos y Garantías, arts. 1-43) e 2) orgânica:
dispõe sobre a estruturação orgânica do Estado (Autoridades de la Nación, arts. 44-129).
63
Preferimos a expressão “instrumentos internacionais” a “tratados internacionais”, porque a Constituição argentina
conferiu hierarquia constitucional a duas Declarações (Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e
a Declaração Universal dos Direitos Humanos) e protocolos facultativos. Dalla Via (2010, p. 568), analisando os
debates constituintes, afirma que os constituintes divergiram quanto à forma da cláusula de atribuição de hierarquia
constitucional dos tratados internacionais de direitos humanos. Alguns sugeriram, como Bidart Campos, que a Cons-
tituição previsse uma cláusula aberta, alcançando todos os tratados de Direitos Humanos de forma genérica, mesmo
porque o país já havia ratificado inúmeros tratados sobre a temática. Contudo, optou-se pelo formato de lista para que
houvesse mais controle quanto aos tratados, evitando discussões a respeito de prescrições normativas de conteúdo de
direitos humanos em tratados que não tivessem, diretamente, tal objeto. (DALLA VIA, 2010, p. 568)
64
Cf. nota 32.
65
Serão considerados de hierarquia constitucional os tratados que passarem por maioria especial de 2/3 dos membros
totais de cada uma das câmaras legislativas. Atualmente, são considerados constitucionais por atribuição constitucio-
nal os seguintes tratados: 1) Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas (hierarquizada
em 1997), 2) Convenção sobre os crimes de guerra e crimes contra a humanidade (hierarquizada em 2003), 3) Con-
venção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo (hierarquizada em 2014).
66
SAGUES, 2013, p. 342.
67
Cf. seção X acima.
68
BAZAN, 2010, p. 366 e TORRES LÉPORI, 1997, p. 289.
69
CSJN, 6 de noviembre de 1963, “Martín y Cía. Ltda.. S.A. c/Gobierno Nacional, Administración General de Puer-
tos”, Fallos : 275:99. Questionava-se, na hipótese, a validade do Decreto-Lei 6.575/58, que alterava o Tratado de
Comércio e Navegação celebrado com o Brasil, em 1940, e aprovado pela lei 12.688. O tratado previa isenções de
impostos, taxas e encargos, ignorados pelo decreto-lei.
70
Idem, considerando nº 06 e 08.
71
Idem, considerando nº 09.
72
SAGUES, 2013, p. 343.
73
CSJN, 07 de julio de 1992, “Ekmekdjian, Miguel Ángel c/Sofovich, Gerardo y otros”, Fallos: 315:1492, LL,
1992-C.
“introduziu um dado juridicamente relevante, apto a viabilizar a reelaboração, por esta Suprema Corte, de sua visão
em torno da posição jurídica que os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos assumem no plano
do ordenamento positivo doméstico do Brasil.” (BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, 2008b, p. 1.262).
119
MAUÉS, 2013, p. 218-219.
120
No RE 440.028/SP (DJe 29/10/13), a 1ª Turma do STF considerou que decisão judicial obrigando o poder pú-
blico a construir rampa ou elevador para acesso de pessoas portadoras de necessidades especiais na ausência de lei
específica, não se caracterizaria como intervenção indevida do judiciário em políticas públicas, porquanto seria de-
terminação de norma internacional de status constitucional, a Convenção Internacional Sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência (único tratado internacional que atendeu aos requisitos de incorporação do art. 5º, § 3º). De acordo
com o Ministro Relator, Marco Aurélio, a referida norma constitucional teria eficácia imediata, portanto, aplicável
independentemente de leis.
Conclusões
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Lumen Juris, 2008.
123
A ratificação da CVDT pelo Brasil em 2009 pode, no entanto, oferecer uma nova fundamentação para o cumpri-
mento das obrigações internacionais assumidas pelo país. Além de impedir a invocação de normas internas como es-
cusa para o inadimplemento de tratados (art. 27), a Convenção de Viena prevê regras específicas para a interpretação
dos tratados internacionais (arts. 31-33), que podem favorecer a construção da interpretação conforme, porquanto os
tratados internacionais devem ser interpretados à luz de seus objetivos e finalidades.
Sumário: Introdução; 1. A pluralidade de ordens jurídicas: uma análise da relação entre o Direito In-
terno e o Direito Internacional; 2. O Sistema Interamericano de Direitos Humanos frente à pluralida-
de de ordens jurídicas; 3. Mecanismos de harmonização do Direito Interno e do Direito Internacional
de Proteção dos Direitos Humanos no Sistema Interamericano: margem de apreciação, aderência
nacional e convergências paralelas; Conclusão; Referências.
Introdução
As relações humanas têm-se apresentado no cenário global cada vez mais in-
ternacionalizadas. É comum fatos e aspectos da vida em sociedade serem levados a
discussões internacionais, implicando o surgimento de normas, relatórios e decisões
que ultrapassam as fronteiras de um Estado. O direito interno não mais se mostra su-
ficiente para regular as dinâmicas da vida em sociedade, fazendo surgir novos níveis
de disciplinamento e de proteção da dignidade humana.
Quando os direitos humanos deixaram de ser considerados assunto de natureza
doméstica e passaram a ser preocupação de legitimidade internacional, acarretando
um desenvolvimento do Direito Internacional dos Direitos Humanos, o direito cons-
titucional sofreu uma transformação significativa, na medida em que se deparou com
dois processos importantes: a constitucionalização do Direito Internacional e a inter-
nacionalização do Direito constitucional dos Estados.
Essa abertura recíproca entre direito interno e direito internacional deu ensejo a
uma multiplicidade de sistemas jurídicos, os quais, via de regra, interagem entre si e
regulam, no mesmo grau de importância, aspectos coincidentes da vida em socieda-
de. Essa pluralidade de níveis normativos – local, nacional, regional e internacional
– consiste em um dos principais desafios do Direito constitucional contemporâneo,
1
Mestre e Doutoranda em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza-UNIFOR.
nais sobre direitos humanos aprovados pelo rito especial do artigo 5o, § 3º, e natureza supralegal a todos os demais
(sejam os anteriores à Emenda Constitucional n. 45 ou os que tenham sido aprovados pelo rito comum).
4
A doutrina do bloco de constitucionalidade consiste no reconhecimento da existência de outros diplomas normati-
vos de hierarquia constitucional, além da própria Constituição (RAMOS, 2006).
5
Cf. ARAI-TAKAHASHI,Yutaka. The margin of appreciation doctrine and the principle of proporcionality in the
jurisprudence of the ECHR, Intersentia, Antwerpen, Oxford, 2002; BAKIRCIOGLU, Onder. The Application of
the Margin of Appreciation Doctrine in Freedom of Expression and Public Morality Cases, German Law Journal, v.
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6
CIDH, informe 71/99, caso n. 11565, Marta Lucía Álvarez Giraldo, 4 de mayo de 1999.
Conclusão
Existe atualmente um sistema jurídico global multinível que conta com o incre-
mento de diferentes ordens jurídicas (local, nacional, regional e internacional) que
se relacionam entre si e que abordam uma mesma realidade da vida social. Dessa in-
teração dinâmica surgem convergências e descordos que vêm sendo analisados pela
doutrina na tentativa de elaborar parâmetros de harmonização entre o direito interno
e o direito internacional.
Referida problemática ganhou maior evidência com o incremento do Direito
Internacional dos Direitos Humanos que ensejou o surgimento de uma gama de ins-
trumentos normativos de caráter humanitário, bem como de cortes internacionais de
justiça e de órgãos internacionais encarregados de fazer cumprir os direitos humanos
previstos nos instrumentos, responsabilizando os estados que não estiverem obser-
vando os compromissos assumidos internacionalmente.
Na medida em que os direitos humanos deixam de ser uma questão de interesse
somente interno dos Estados (interesse doméstico) e passam a ter espaço nas discus-
sões internacionais, passando a ser dever de todos os países a preservação da digni-
dade do ser humano em toda e qualquer circunstância, surgem problemas pontuais
em razão das visões e posturas diversas que os Estados assumem frente ao tema dos
direitos humanos.
Um dos principais impasses consiste em saber qual dos sistemas tem primazia
em meio a essa pluralidade de ordens jurídicas: o nacional ou o internacional? O pre-
sente artigo abordou especialmente esse problema dentro do Sistema Interamericano
de Direitos Humanos e ponderou que se faz necessária a adoção de mecanismos de
harmonização que atuem não de modo unidirecional, mas sim, multidimensional.
Isso porque, no caso da Corte Interamericana que tem natureza multinível, se faz
mais adequado promover a interação paralela das interpretações plurais que podem
ser feitas tanto do direito nacional como do direito interamericano pelas cortes de
justiça – constitucionais nacionais e interamericana.
A adoção de mecanismos que ordenam a primazia ou só da corte nacional (mar-
gem de apreciação) ou só da corte interamericana (aderência nacional aos padrões
judiciais interamericanos) acirram ainda mais as divergências, deslegitimam a plura-
lidade do sistema jurídico multinível, traz maior risco de rechaço das jurisprudências
A Internalização de Tratados Internacionais de
Direitos Humanos na América do Sul 59
internacionais ou de recepção acrítica dos padrões interamericanos em nível nacio-
nal.
Assim, seguindo a dinâmica internacional, a melhor saída para a harmonização
dos sistemas interno e interamericano consiste na adoção de um enfoque multidi-
recional que estabeleça uma relação de reciprocidade e de respeito entre as cortes
nacionais constitucionais e a Corte Interamericana, ambas capazes de juntas constru-
írem um vasto e rico arcabouço normativo e jurisprudencial de proteção, respeito e
promoção dos direitos humanos.
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Introducción
Para los fines de este trabajo, por dogmática constitucional entenderé la labor
deontológica de Teoría Constitucional – de parte orgánica, filosófico/política y de
derechos fundamentales – que es producida en Chile por la academia jurídica, por la
Corte Suprema de Justicia y por el Tribunal Constitucional chileno. Sobre la primera,
realizaré un breve muestreo general de trabajos influyentes de distintos autores en
torno a la relación de jerarquía entre el derecho interno chileno y el derecho interna-
cional de derechos humanos. Respecto de los dos últimos, la metodología a utilizar
será diferente. Aquí me limitaré comentar la jurisprudencia y/o las directrices emana-
das por la Corte y el Tribunal Constitucional sólo sobre el Convenio 169 de la OIT.
Precisaré en el detalle de análisis en el orden aquí presentado.
Conclusiones
La intención del presente capítulo fue ofrecer un marco explicativo básico para
sostener la afirmación que el Convenio 169 de la OIT, como única norma vinculante
de derechos fundamentales de pueblos indígenas, ha visto domesticada su aplicación
en Chile. He identificado las razones de este problema a través de tres etiquetas dife-
rentes, pero que se encuentran íntimamente relacionadas entre sí.
La primera de estas explicaciones enlaza a quienes se encargan de crear teoría
constitucional de derechos fundamentales con la falta de aceptación del discurso de
derechos fundamentales en el lenguaje jurídico chileno. No predomina en la aca-
demia jurídica una tesis sobre el valor de los tratados internacionales de derechos
humanos en el sistema jurídico interno de Chile, incluyendo dentro de este debate al
Convenio 169; la Corte Suprema se muestra errática y dubitativa sobre la importancia
de los derechos fundamentales, su contenido y sus titulares; y el Tribunal Constitu-
cional funciona como una tercera cámara contra mayoritaria, que se encarga de pro-
teger los intereses de grupos minoritarios privilegiados, grupos donde evidentemente
no se encuentran los pueblos indígenas.
La segunda perspectiva clarificaba los clivajes políticos e ideológicos que dan
sustento a la actual Constitución Política de Chile, vigente desde 1980. Este texto
constitucional, cuya vigencia se remonta a un pleno momento de apogeo de la dic-
tadura chilena, es un retrato fidedigno de las pretensiones de quienes se encargaron
de dar a luz a dicha Constitución. Pretensiones aún muy contemporáneas, que se
Referencias
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Sumário: Introdução; 1. Os Direitos Humanos reprodutivos das mulheres: breves considerações so-
bre o Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos e a Convenção para a Eliminação
de Todas as Formas de DIscriminação Contra as Mulheres – CEDAW ; 2. Panorama de proteção
internacional dos Direitos Humanos reprodutivos das mulheres: olhares cruzados; 2.1. Caso Alyne
da Silva Pimentel Teixeira versus Brasil: uma reflexão sobre a mortalidade materna ; 2.2. Caso Gel-
man versus Uruguai: a maternidade transformada em instrumento de tortura; 2.3. Caso Mamérita
Mestanza versus Peru e as esterilizações femininas sob coação; Conclusão; Referências.
Introdução
Alyne faleceu por volta das 19h. A autopsia acusou O hospital se recusou a entregar seu histórico
16.11.2002
como causa mortis uma hemorragia digestiva. médico para a mãe de Alyne.
10
Neste texto, a partir deste ponto, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos será denominada apenas Co-
missão.
11
Neste texto, a partir deste ponto, Corte Interamericana de Direitos Humanos será denominada apenas Corte.
12
Os artigos 62.3 e 63.1 explicitamente legitimam a decisão da Corte: “62.3 A Corte tem competência para conhecer
de qualquer caso relativo à interpretação e aplicação das disposições desta Convenção que lhe seja submetido, desde
que os Estados Partes no caso tenham reconhecido ou reconheçam a referida competência, seja por declaração es-
pecial, como prevêem os incisos anteriores, seja por convenção especial. [...] Artigo 63.1 Quando decidir que houve
violação de um direito ou liberdade protegidos nesta Convenção, a Corte determinará que se assegure ao prejudicado
o gozo do seu direito ou liberdade violados. Determinará também, se isso for procedente, que sejam reparadas as
conseqüências da medida ou situação que haja configurado a violação desses direitos, bem como o pagamento de
indenização justa à parte lesada” (CIDH, 1969, on line).
Conclusão
Referências
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2017.
Introdução
O Estado é visto há muito tempo como o único meio de criação de normas ju-
rídicas, essa atribuição lhe garante o monopólio sobre o Direito, ou seja, somente as
regras advindas do Estado podem ser consideradas como estruturantes do Direito.
Aqui se tratou sobre a função monista do Estado em regulamentar as situações sociais
em seu território.
O monismo está atrelado a conceitos sobre elementos do estado que são abor-
dados nesse artigo. Comumente os doutrinadores asseveram que os elementos do
Estado são três: povo, território e soberania.3 Para o artigo, interessam dois desses
elementos: a soberania e o povo. O foco primordial é sobre como a soberania do
Estado representado no direito pela regulamentação das práticas sociais se adequa à
1
Mestre em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza, Especialista em Função Social do Direito: pro-
cesso, constituição e novos direitos pela Universidade do Sul de Santa Catarina, Defensor Público do Estado do
Ceará.
2
Professor Titular da Universidade de Fortaleza e Procurador do Município de Fortaleza.
3
Não se olvida que existem doutrinas sobre os elementos constitutivos do estado que incluem outros elementos
como a finalidade, nesse sentido Bastos ao dizer o que “[Na] realidade o Estado nada mais é que um meio para o
homem, alcançar os seus interesses e desenvolver-se. Porém, nunca deve ficar acima dos valores da pessoa humana,
que devem ser preservados” (1999,p. 46). Todavia, o objeto do artigo não é trabalhar as teorias sobre os elementos
constitutivos do Estado, mas apenas abordar como o Estado se relaciona com o elemento povo e qual a característica
desse dentro do Estado.
O Estado é o resultado de forças sociais que buscam traçar a melhor e mais ade-
quada forma de convivência social. Essa afirmação pode ser aperfeiçoada com outras
teorias que veem o Estado também como representante de uma dominação, portanto,
como subjugador da sociedade para o deleite da classe de turno que o está controlan-
do. Não se olvida que o Estado ao ser controlado por um setor social que despreza as
opiniões diversas se torne um instrumento opressor e cruel.
Contudo, se se compartilha da visão da legitimidade do poder, da soberania,
ocorrendo na medida em que essa atende a necessidade e a finalidade de sua exis-
tência, principalmente, através de uma obediência voluntária (BONAVIDES, 2012,
p. 129), nesse sentido Fleiner-Gerster afirma que “(...) enquanto possibilidade de
exercer uma influência, o poder depende, antes de tudo, da força de persuasão, da
confiança, bem como da disposição do indivíduo de ser convencido” (2006, p. 244),
e Heller afirma que a estabilidade estatal se atribui muito mais ao sacrifício espontâ-
neo de cada indivíduo na sua condição pessoal e patrimonial, do que propriamente na
coação (1968, p. 261).
Nesse contexto, a soberania estatal serve como filtro racional a fim de identifi-
car qual o poder incumbido de criar e aplicar o direito dentro da limitação territorial
Eduardo Almendra Martins
92 Martonio Mont’Alverne Barreto Lima
estatal, ou seja, “[É] da soberania que o Estado deduz, dentre outros, o direito de se
organizar e estabelecer o direito aplicável à ‘sua’ população.” (FLEINER-GERS-
TER, 2006, p. 218).
Na América Latina, esta legitimidade da soberania está intimamente ligada ao
seu passado colonial; isto é, as relações de poder internas na sociedade são marcadas
pelas estratificações feitas pelo colonizador, a essa estrutura diferenciada de poder é
denominada de colonialismo, uma vez que esse “indica a doutrina e a prática insti-
tucional e política da colonização, (...), define mais propriamente a organização de
sistemas de dominação.” (BOBBIO, METTEUCCI, PASQUINO, 2007, p. 181). A
colonização, portanto, introduziu um sistema político-econômico-social através da
força sob os territórios ocupados com vista a parasitá-los, ou seja, “[A] conquista das
Américas produzirá nas sociedades colonizadas, sujeitas a uma intensa exploração,
primeiro nas minas e depois nas plantações, efeitos devastadores. Houve sociedades
inteiramente destruídas, não só política como também biologicamente.” (BOBBIO,
METTEUCCI, PASQUINO, 2007, p. 183).
Para Bobbio, Metteucci, Pasquino (2007, p. 181). o colonialismo possui três
significados possíveis: a) como uma forma assumida pelo imperialismo no decorrer
do espaço-tempo; b) institucionalização de segregação e desigualdade; c) autocolo-
nialismo, forma de assimilação da cultura ocidental por parte da classe média das
ex-colônias. As três formas de concepção estão representadas dentro da América La-
tina, pois não se pode deixar de reconhecer que o produto colonial latino-americano
é decorrência da transformação que perpetrou nas estruturas colonizadas pela metró-
pole europeia, principalmente, pela disseminação de seu modelo social como objeto
de cobiça pelos subjugados.
O primeiro conceito é a base histórica que introduz o modelo de assimilação
como elemento de dominação colonial. Bobbio, Metteucci, Pasquino (2007, p. 64)
afirmam que a assimilação foi uma política colonial que visava a realizar uma iden-
tificação entre a colônia e a metrópole, ou seja, buscava demonstrar que aquela era
uma extensão dessa, cujas regras morais e jurídicas eram aplicadas em ambos os
territórios sem discriminação. Todavia, existiam duas bases de assimilação: a) uma
defendia a igualdade entre todos os povos, acreditando que a educação seria um meio
de equalização social para a introdução da cultura e religião superior europeia; b) a
outra defendia ser impossível uma assimilação geral, pregando, portanto que hou-
ve uma seletividade na assimilação, cujo cerne era a imposição de requisitos para a
igualdade.
Os autores citam como exemplo a assimilação feita pela França sobre suas colô-
nias: “(...) para se gozar do privilégio da cidadania francesa era necessário demonstrar
possuir qualidades: conhecimento profundo da língua francesa, religião cristã, bom
nível de instrução e boa conduta” (BOBBIO, METTEUCCI, PASQUINO, 2007, p.
65). Esse modelo foi o mesmo utilizado na colonização portuguesa, segundo os au-
tores, bem como na espanhola, pois esses buscavam uma limpeza de sangue em que
se proibia a mestiçagem, principalmente para criar um elemento distintivo claro en-
tre as raças existentes no continente latino-americano; essa posição é defendida por
Filippi.
[No] debe asombrar el hecho – hábilmente soslayado por la historiografia tradicional, y no solo por la
española – de que, junto a otros hábitos o instituciones, los españoles habían llevado a América y esta-
A Internalização de Tratados Internacionais de
Direitos Humanos na América do Sul 93
blecido en las províncias imperiales la obsesión y la práctica (religiosa y burocrática) de la “limpeza de
sangre”; [...]. (FILIPPI, 2015, p. 78).
A limpeza de sangue era a base para a implementação de castas que a Coroa
espanhola buscou implementar em suas colônias; no mesmo sentido, pode-se afirmar
que o modelo era compartilhado pela Coroa portuguesa. Arana explica mais detida-
mente como esse modelo funcionava na colonização espanhola, muatis mutantis a
colonização portuguesa.
Instituiu-se um sistema de dominância racial que se fazia cumprir de maneira implacável. (...) A cada nas-
cimento um cartório eclesial registrava meticulosamente a raça, pois havia consequências concretas para
a cor de pele de uma criança. Se ela fosse indígena, seria sujeita a um tributo imposto pela Coroa; se não
pudesse pagá-lo, era obrigado a quitar sua dívida com trabalho pesado. Os indígenas também eram sujei-
tos à mita, um período de trabalho compulsório nas minas ou nas lavouras. Muitos não sobreviviam a ela.
Acorrentados, conduzidos em bandos, se para dos de suas famílias, eram frequentemente transportados
de navios até grandes distâncias para atender as demandas do vice-rei. (ARANA , 2016, p. 24).
Os modelos de assimilação implantados pelos colonizadores repercutem nas
duas outras concepções de colonialismo apontadas acima por Bobbio, Metteucci,
Pasquino. A institucionalização da discriminação foi realizada logo após as lutas de
independência da América espanhola, pois os criollos, como descendentes de euro-
peus, ainda estavam contaminados com a hierarquização feita pelo colonialismo.
El etnocentrismo peninsular y criollo hicieron del ejercicio de la limpieza de sangre, primero, y de la
blanqueación, después, la causa y el efecto de las prácticas jurídico-institucionales de segregación que
debían limitar y controlar las múltiples formas del mestizaje originado por el proceso de la conquista, para
contener el abrumador derrumbe demográfico por ella ocasionado (BOBBIO; METTEUCCI; PASQUINO
2015, p. 79).
Já o autocolonialismo pode ser observado na influência silenciosa que a cultura
estadunidense possui sobre vários países latino-americanos, como no consumo de
refrigerantes, comida rápida, vestuários e música. Essa hegemonia silenciosa, esse
poder soft, demonstra como ainda se está às voltas com um modelo de desnível de
apresentação cultural, ou seja, não se olha para as culturas como modelos concor-
rentes merecedores de respeito e consideração entre si, pelo contrário, existe uma
tendência à construção de modelos hierarquizados, onde se coloca como meta a assi-
milação dos padrões culturais superiores. Nesse cenário de influência do colonialis-
mo são pertinentes as perguntas que faz Vasconcelos (2004, p. 02): “[Como] se dá a
narrativa da construção da nação quando se sabe hoje que a maioria delas consiste de
culturas separadas e que foram unificadas por um longo processo de conquista vio-
lenta, ou seja pela supressão das diferenças culturais?”.
A identidade cultural deve ser reagrupada como elemento de coesão social e
não pode ser realocada por influência de pressões externas como a mídia de massi-
ficação ou uma educação compressora das identidades. Dentro desse contexto, re-
levante a distinção proposta por Solomon entre identidade vertical e horizontal. A
primeira está relacionada com o compartilhamento de valores dentro de uma família,
isto é, “[Atributos] e valores são transmitidos de pai para filhos através das gerações,
não somente através de cadeias de DNA, mas também de normas culturais” (2012, p.
09). A identidade horizontal, para Solomon (2012, p. 10), está relacionada com crité-
rios biológicos decorrentes de genes recessivos ou alterações genéticas espontâneas
ou mesmo provocadas, aqui, pode não haver um compartilhamento identitário com o
grupo original; essa ausência, ao se revelar estranha aos pais, leva o filho a buscar um
grupo de compartilhamento de identidade horizontal.
Eduardo Almendra Martins
94 Martonio Mont’Alverne Barreto Lima
Muitos pais sentem a identidade horizontal de seu filho como uma afronta. A diferença marcante de uma
criança em relação ao resto da família exige conhecimento, competência e ações que uma mãe um pai
típicos estão desqualificados para oferecer, ao menos no início. A criança também é diferente da maioria
de seus colegas e, portanto, menos compreendida ou aceita por um amplo círculo. (SOLOMON, 2012,
p. 15).
Observa-se, portanto, que se deve possibilitar que os povos originais e as tribos
possam adequadamente transmitir suas identidades verticais para seus filhos, não
deixando que essas sejam vistas como característica de desconforto e de marginaliza-
ção social, assim como ocorre com muitas identidades horizontais a semelhança dos
surdos e mudos, autistas e outros. Inclusive a incorporação e aceitabilidade dessas
identidades nas comunidades originais também é um elemento de discussão rele-
vante, uma vez que as práticas de infanticídio de crianças com deficiência física são
comuns nessas comunidades.4
Com esse olhar, de abertura para novas culturas e consequente quebra de uma
institucionalidade de via única, as Constituições da América Latina preveem meios
de proteção da expressão cultural e política dos povos originais e tribos, quer através
de uma previsão específica, quer por meio da recepção de tratados sobre direitos hu-
manos que disciplinam essa temática.
4
Em uma aldeia indígena de Caracaraí, pequena cidade de Roraima, a jovem de 21 anos dava à luz o seu quarto filho,
e desesperou-se ao notar que o recém-nascido tinha uma má-formação na perna. Mesmo já sabendo o que ia aconte-
cer, consultou os líderes da sua tribo ianomâmi. O bebê não chegou a ser amamentado. Passou por um ritual, em que
foi queimado vivo. As cinzas foram usadas para preparar um mingau, oferecido a todos da tribo. A índia contou a
parentes que ficou triste, pois queria cuidar da criança. Mas entendeu que era a tradição. (TOLEDO, 2015).
Conclusão
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Sumário: Introdução; 1. Notas sobre o caso Gomes Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) vs. Brasil;
2. Principais legados legislativos decorrentes do julgamento do caso Gomes Lund e outros (Guerri-
lha do Araguaia) vs. Brasil pela Corte IDH; Conclusão; Referências.
Introdução
Dentre os principais legados legislativos do caso Gomes Lund, podem ser des-
tacadas as edições, e ulteriores vigências, das Leis n. 12.527 e n. 12.528, ambas de
18 de novembro de 2011.
A primeira, qual seja, a Lei n. 12.527/2011, tornou-se conhecida como Lei de
Acesso a Informações, ou simplesmente LAI, que teve por objeto regular o acesso
a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e
no § 2º do art. 216 da Constituição Federal. Igualmente, alterou a Lei nº 8.112, de 11
de dezembro de 1990, bem como revogou a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e
dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991.
7
A exemplo das decisões exaradas pela mesma Corte IDH, no caso Barrios Altos vs. Peru, em 14 de março de 2001,
assim como no caso Almonacid Areliano e outros vs. Chile, datado de 26 de setembro de 2006.
8
Comumente, a União Federal se valeu do mesmo modus operandi, seja no âmbito judicial, seja na seara extrajudi-
cial, consoante também foi dissertado no artigo Considerations About the (Abuse) Right to Defense of AGU in La-
wsuits Proposed by Former Political Prisioners and/or by Relatives of Dead and Disappeared During Civil-Military
Dictatorship: Is There Effectiveness in its Dimension of Justice?
Conclusão
Referências
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2009.
Sumário: Introdução; 1. Pelo esclarecimento dos conceitos: a diferença entre asilo e refúgio; 2 Ele-
mentos da caracterização da situação de refúgio na Lei nº 9.474/97; 2.1. Motivos clássicos para re-
conhecimento da situação de refúgio e elemento perseguição; 2.2. Para além dos motivos clássicos
previstos na Convenção para Refugiados; 2.3. Cláusulas de exclusão da situação de refúgio; 3. O
processo de reconhecimento do status de refugiados e seus desafios; Conclusão; Referências.
Introdução
É importante ter em mente que o que leva uma pessoa a estar no estado de refu-
giado é o temor de perseguição em decorrência de razões políticas, religiosas, nacio-
nalidade, raça, ou pertencimento a um grupo social. A situação de refúgio vem e afeta
11
“Art. 14. São brasileiros: [...] II. Naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade mo-
ral; b) os estrangeiros, de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze nos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira”. (BRASIL, 1988, on line)
14
“Art. 19. Além das declarações, prestadas se necessário com ajuda de intérprete, deverá o estrangeiro preencher a
solicitação de reconhecimento como refugiado, a qual deverá conter identificação completa, qualificação profissio-
nal, grau de escolaridade do solicitante e membros do seu grupo familiar, bem como relato das circunstâncias e fatos
que fundamentem o pedido de refúgio, indicando os elementos de prova pertinentes. Art. 20. O registro de declara-
ção e supervisão do preenchimento da solicitação do refúgio devem ser efetuados por funcionários qualificados e em
condições que garantam o sigilo das informações.”
15
Disponível em: <http://www.justica.gov.br/central-de-atendimento/estrangeiros/refugio>. Acesso em: 17 jan.
2016.
16
“Art. 7º O estrangeiro que chegar ao território nacional poderá expressar sua vontade de solicitar reconhecimento
como refugiado a qualquer autoridade migratória que se encontre na fronteira, a qual lhe proporcionará as informa-
ções necessárias quanto ao procedimento cabível. [...] § 2º O benefício previsto neste artigo não poderá ser invocado
por refugiado considerado perigoso para a segurança do Brasil.” (BRASIL, 1997, on line).
Conclusão
Referências
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lugar, se encuentran los casos de los tratados comerciales que pueden ser aplicados provisionalmente aún cuando no
se haya surtido el procedimiento legislativo de aprobación. (Art. 224 de la Constitución nacional). Adicionalmente
encontramos que en los casos de acuerdos os tratados simplificados que versen sobre otro tratado previamente apro-
bado – e incorporado –, siempre que no generen nuevas obligaciones, podrán entenderse incorporados de manera
automática. (Sentencia C-303 del 2001).
7
Sobre la reducción de la discrecionalidad del Gobierno y la administración, vid. de BACA, Víctor. Los actos de
gobierno: un estudio sobre su naturaleza y régimen jurídico aplicado en el caso peruano. Piura: Universidad de Piura,
2003; LEÓN MANCO, Hugo Andrés. Discresionalidad y buena administración: prouesta de una regulación a paritr
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CORTE CONSTITUCIONAL, Sentencia T-521 del 2016.
Sumário: Introdução; 1. O Sistema Interamericano e a tutela dos direitos sociolaborais; 2.1. Mar-
co normativo do Sistema Interamericano em matéria sociolaboral; 2.2. Precedentes regionais em
matéria trabalhista; 2.2.1. Principais decisões da Comissão Interamericana de Direitos Humanos;
2.2.2. Jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos; 3 Exigibilidade direta dos di-
reitos sociolaborais no âmbito do Sistema Interamericano; 4. Análise de casos; 5. Considerações
finais; Referências.
Introdução
4. Análise de casos
5. Considerações finais
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PABLO PEREL1
Primera parte
En primer lugar plantearé como hipótesis que dada la interconexión entre los
Estados y el grado de vínculos estrechos – mundo dependiente en términos de LaFo-
llette (2013) que esta cuestión genera deviene necesario promover – al menos en el
plano de los ideales regulativos – una nueva lógica de relaciones internacionales ba-
sada en el derecho cosmopolita (ciudadano como sujeto central en el combate colec-
tivo contra la desigualdad). Sobre todo teniendo en cuenta que la economía mundial,
en su fase actual, escapa al control de cualquier comunidad política y requiere una
nueva dinámica de pensamiento político respetando los mecanismos de constitucio-
nalidad democrática (protección y seguridad para quienes acepten su regulación). Es
decir, corresponde plantearse al tiempo si el Estado – Nación puede seguir siendo el
elemento central del análisis en un contexto en donde la distancia es cada vez más
creciente entre los decisores y quienes son afectados por las decisiones (análisis de la
autoridad vertical y horizontal).
Por supuesto, este breve aporte se enmarca en los numerosos estudios sobre la
globalización pero añade algunos elementos novedosos como la preocupación por
advertir que ciertas decisiones estatales no son producto de la acción de gobiernos es-
pecíficos – locales sino que obran como respuesta a requerimientos externos. En este
aspecto retoma el clásico problema de la legitimación democrática de los decisores y,
a su turno, el déficit en la relación entre representantes y representados en relaciones
locales, nacionales, regionales y globales. En palabras de David Held (1997, p. 38)
“las comunidades nacionales no son de ninguna manera las únicas fuentes de diseño
1
Doctorando Université Paris X, Ouest Nanterre La Défense, Francia, 2015/16. Master Global Rule of Law and Con-
stitutional Democracy, Università degli Studi di Genova, Italia. Director de Proyecto DECyT, investigador y profesor
adjunto (i), Facultad de Derecho, (UBA). Abogado con diploma de honor, Universidad de Buenos Aires. Subsecreta-
rio de la Suprema Corte de Justicia de Buenos Aires a cargo del Instituto de Estudios Judiciales.
Segunda parte
atraso y del sometimiento si no es uniendo a todos sus Estados en una poderosa Federación…por eso la consigna de
lucha contra las violencias e intrigas del capital financiero internacional y contra la obra nefasta de las camarillas de
agentes locales es: Los Estados Unidos Socialistas de Centro y Sud América…”. Sobre al abrazo paritario tomo la
referencia de Ermanno VITALE en “Democracia y capitalismo”.
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Introdução
Conclusão
Depreende-se, deste trabalho, que o número de crianças que migram pelo mun-
do, notadamente de crianças vítimas da migração forçada, vem aumentando expo-
nencialmente nos últimos anos e com isso vem aumentando também a necessidade
de se instituir uma adequada proteção internacional para aquele grupo específico de
indivíduos.
No entanto, a carência de uma perspectiva da infância nos documentos in-
ternacionais voltados para os direitos humanos no contexto da migração é clara e
preocupante, uma vez que as crianças, por sua vulnerabilidade e peculiar estágio de
desenvolvimento humano, possuem necessidades especiais, que demandam medidas
direcionadas para a sua idade, distintas das medidas consagradas nos documentos
internacionais já existentes, os quais concebem a migração sob a perspectiva dos
adultos.
Assim, no âmbito do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, a OC nº
21/2014 representa uma autêntica fonte de direitos que as crianças migrantes pos-
suem, em decorrência da proteção integral que lhe foi conferida pela Convenção dos
direitos das crianças, de 1989, e da interpretação extensiva da Convenção Americana
de Direitos Humanos. Diante dos standards convencionais, vislumbrou-se uma gama
de situações que demandam medidas específicas para a idade e o gênero das crianças
migrantes, as quais os Estados devem internalizar em seus ordenamentos nacionais
para que ganhem efetividade.
Conclui-se que as legislações migratórias de Argentina e Brasil ainda apresen-
tam graves deficiências em matéria infância migrante que precisam ser supridas. É
imprescindível a atuação prioritária das autoridades nacionais na tutela de crianças
migrantes, principalmente na promoção de medidas como: reunificação da família no
caso da criança desacompanhada ou separada, facilitação do acesso à saúde e à edu-
cação básica e prevenção da exploração sexual e do recrutamento por unidades mi-
litares. Para que isso aconteça, Argentina e Brasil devem angariar esforços máximos
Referências
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org/about-us/background/56fc266f4/children-on-the-run-full-report.html>. Acesso em: 10 fev. 2017.
Sumário: Introdução; 1. Teorias do Diálogo Judicial; 2. O Diálogo Judicial no STF: análise dos casos
sobre territórios indígenas; 2.1. Análise do caso “Raposa Serra do Sol” ; 2.2. Análise do RMS nº
29.087 e da ADI nº 3239; 3. Resistência à recepção dos Tratados Internacionais; Referências.
Introdução
Por meio da análise comparativa realizada à luz das Teorias do Diálogo Judi-
cial, foi possível identificar a postura de resistência assumida pela STF, e antes que
Rafaela Teixeira Sena Neves
218 João Daniel Daibes Resque
seja tratado a respeito das vantagens de não resistir, isto é, de dialogar, é importante
falar, ainda que de forma breve, a respeito das fontes dessa resistência.
Conforme explicado anteriormente, na postura de resistência há um ceticismo
e uma aversão ao direito transnacional, modelo no qual as constituições são vistas
como base para resistência ou diferenciação ao direito e às práticas externas, logo no
âmbito da construção de fundamentação de decisão judicial, esse direito “externo”
não é levado em consideração.
Quanto à resistência do STF, essa pode ser classificada como uma resistência
passiva manifestada por meio da indiferença/silêncio, que é postura que não diz res-
peito à falta de conhecimento, mas à falta de interesse e vontade de considerar o uso
de fontes estrangeiras ou transacionais, por ser uma postura contraditória, se de um
lado, há o conhecimento das fontes internacionais, por outro, há a rejeição de sua re-
levância (JACKSON, 2010, p.33).
Esse tipo de postura propicia uma espécie de duplo limite à discricionariedade
judicial, pois como visto nos votos dos Ministros, a Constituição representava a dire-
triz, por meio do qual a interpretação deveria começar e seguir, como também, repre-
sentava o marco pelo qual o juiz não pode ultrapassar (JACKSON, 2010, p. 34).
Como primeira causa da postura de resistência do STF, identificamos a própria
Constituição, pois conforme assevera Vicki Jackson, tal documento é visto como
a “autocompreensão da noção de identidade” por expressar as particularidades, os
compromissos, as características e as limitações do seu povo, logo, o direito estran-
geiro teria pouco a ensinar. Essa fonte pode ser vista, a título de exemplo, na passa-
gem do voto do Ministro-Relator no caso “Raposa Serra do Sol”, a saber, “todas as
terras indígenas versadas pela nossa Constituição fazem parte do território estatal-
-brasileiro, sobre o qual incide, com exclusividade, o Direito nacional. Não o Direito
emanado de um outro Estado soberano [...]” (PET 3.388/RR, p. 270).
Outra fonte da resistência seria o originalismo, que defende a necessidade de
identificar o significado “original” do texto, ou seja, aquele que era pretendido pelo
constituinte. Essa ideia está ligada a uma concepção de soberania popular e reforça
a resistência ao direito transnacional, como pode ser percebido na passagem: “ela,
Constituição, teve o cuidado de não falar em territórios indígenas, mas tão só, em
‘terras indígenas’” (PET 3.388/RR, p. 276).
O direito como identidade autóctone é a outra fonte que pode ser identificada,
pois representa a ideia do Direito como organicamente relacionado à história espe-
cífica de um povo e do seu estágio máximo de desenvolvimento com o passar do
tempo. É o que podemos ver da leitura do excerto “[...] desnecessidade de amparo es-
trangeiro às causas indígenas [...], pois nenhum documento jurídico alienígena supera
a nossa Constituição em modernidade e humanismo, quando se trata de reconhecer às
causas indígenas a sua valiosidade intrínseca” (PET 3.388/RR, p. 284).
Finalmente, como característica dessa postura do STF, temos a resistência po-
lítica/ elitismo em que os juízes buscariam esse apoio e essa aliança interna para se
opor ao Legislativo e ao Executivo, uma espécie de repulsa à recepção formal de tra-
tados internacionais, como é possível observar aqui:
O que de pronto nos leva a, pessoalmente, estranhar o fato de agentes públicos brasileiros aderirem,
formalmente, aos termos da recente “Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indí-
genas” (PET 3.388/RR, p. 280)
A Internalização de Tratados Internacionais de
Direitos Humanos na América do Sul 219
Em suma, a postura de resistência propicia o isolamento do Tribunal frente um
contexto global de interação entre cortes, sendo uma postura incompatível com a re-
cepção, pois tal modelo enfraquece o Sistema Interamericano de Direitos Humanos,
tendo em vista que de nada adianta o Brasil ser signatário, se não há por parte do Po-
der Judiciário o dever de coerência e de diálogo com esse sistema.
Persistir em uma postura resistente é persistir em uma postura ineficaz, pois, em
se tratando de Direitos Humanos, e em especial, a situação dos povos tradicionais; es-
tamos falando em uma demanda comum na América Latina, que exige do Judiciário
um olhar a partir da diversidade.
Desta feita, o diálogo possui aqui uma dupla função, isto é, a de instrumento
da recepção, pois força o Judiciário a debater com os precedentes internacionais de
modo a construir uma decisão preocupada com a coerência e unidade do SIDH como
um todo, tendo em vista que a eficiência da atuação do SIDH está relacionada à sua
legitimidade social e à atuação de atores interessados em acompanhar e difundir seus
parâmetros e decisões.
Daí por que, como se trata de um sistema que não é adotado de força coativa,
deve buscar construir uma força persuasiva, através do diálogo judicial, para dar
maior efetividade à sua jurisprudência que é “guia inescusável” (ABRAMOVICH,
2009) de interpretação da CADH pelos juízes locais.
E, por segundo, a função de garantia de efetividade dos Direitos Humanos dos
Povos Indígenas, exercida pelo Poder Judiciário, pois é a partir da perspectiva do
diálogo que o direito pode ser reinterpretado a partir de uma perspectiva dinâmica
multicultural, ou seja, um diálogo que tenha por base o Princípio Pró-homine e a di-
versidade nas fontes através da aplicação adequada dos tratados internacionais.
É importante salientar que mais que uma função, o diálogo judicial constitui um
dever para o STF, pois esse é um dos caminhos que vai propiciar o avanço em ques-
tões estruturais, como a da demarcação das terras indígenas, tendo em vista que se a
demarcação contínua representou um importante passo, o meio por qual se chegou a
essa conclusão – os fundamentos e as fontes utilizadas – e as próprias condicionantes
constituem evidências do quanto o Judiciário necessita aprender, avançar e dialogar
com o direito internacional.
Quando o STF não utiliza de forma adequada os tratados internacionais nos ca-
sos sobre territórios indígenas, há aqui uma resistência ao direito internacional e uma
rejeição a sua relevância (JACKSON, 2010, p.33). Essa postura propicia o isolamen-
to do STF frente um contexto global de interação do direito internacional com o na-
cional, sendo uma postura incompatível com a recepção dos tratados internacionais
de Direitos Humanos e com os deveres do Estado brasileiro perante o SIDH.
Referências
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mericano de Direitos Humanos. SUR Revista Internacional de Direitos Humanos, São Paulo, n. 11, 2009. p. 7-39. Disponível
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CORMICK, D. Neil; SUMMERS, Robert S. (Eds.). Interpreting precedents. A comparative study. Aldershot: Ashgate, 1997,
p. 481-501.
Sumario: 1. Reconfigurando las relaciones entre tratados y Derecho interno partir del fundamento
del control de convencionalidad; 2. Reconfigurando la noción de consentimiento estatal a partir del
parámetro de convencionalidad exigible a los Estados; 2.1. Estado de ratificación de tratados del
Sistema Interamericano; Reflexiones finales; Referencias.
4
Voto razonado del juez Sergio García Ramírez, párrafo 3.
Reflexiones finales
Referencias
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Madrid: Tecnos, 1995.
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2011.
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de septiembre de 2006a.
——. Caso Trabajadores Cesados del Congreso (Aguado Alfaro y otros) vs. Perú. Excepciones Preliminares, Fondo, Reparacio-
nes y Costas. Sentencia de 24 de Noviembre de 2006b. Serie C No. 158.
——. Caso Boyce y otros vs. Barbados. Excepción Preliminar, Fondo, Reparaciones y Costas. Sentencia de 20 de noviembre
de 2007a. Serie C No. 169.
——. Caso del Pueblo Saramaka vs. Surinam. Excepciones Preliminares, Fondo, Reparaciones y Costas. Sentencia de 28 de
noviembre de 2007b. Serie C No. 172.
9
De acuerdo con el artículo 38 del Estatuto de la Corte Internacional de Justicia, la jurisprudencia tiene el valor de
“medio auxiliar”, más no de fuente exigible a los Estados.
Sumário: Introdução; 1. Os Brics e o Direito Internacional dos Direitos Humanos; 1.1. A formação
dos Brics: a questão social e humanitária na construção das diretrizes do bloco a partir das Declara-
ções Conjuntas emitidas entre 2009 e 2016; 1.1.1. Análise das Declarações Conjuntas do primeiro
ciclo das cúpulas do BRICS: 2009-2013; 1.1.2. Análise das Declarações Conjuntas do segundo
ciclo das Cúpulas do BRICS: 2014-2016; 2. O lugar potencialmente inovador do BRICS no Direito
Internacional dos Direitos Humanos; Considerações finais; Referências.
Introdução
5
Se tomarmos por base a classificação de Samuel Huntington (HUNTINGTON, 1997, p. 50-54) conjugada com os
estudos comparativistas de René David, (DAVID, 2002, p. 9 et seq.) os países do BRICS, derivariam cada qual de
uma civilização não-europeia: a oriental (China), a hindu (Índia), a ortodoxa (Rússia), a africana (África do Sul) e a
latino-americana (Brasil). De nossa parte, discordamos apenas quanto ao fato de que nos parece equivocado entender
a civilização latino-americana contemporânea como uma civilização apartada do Ocidente.
6
Grande demonstração dessa ideia se baseia no fato de que este grupo, tal como outros, se inicia travando um diálogo
sobre questões eminentemente econômicas, mas quando nos aprofundamos um pouco mais e saímos do reducionis-
mo econômico e passamos a questões de maior complexidade cultural, podemos ver que temos que levar a sério o
peso da diversidade cultural de todos os envolvidos. Um exemplo dessa difícil tarefa foi sem dúvida a criação do
Banco de Desenvolvimento do BRICS, que terá também por escopo a promoção do desenvolvimento sustentável
dentro deste grupo.
7
A identificação desse desencontro não deixa de ter uma representação significativa na própria história dos estudos
jurídicos em torno dos países em desenvolvimento. Como explicam Trubek e Santos, o primeiro momento ou fase do
movimento que ficará conhecido como Law & Development consistiu na articulação por parte de governos e institui-
ções internacionais preocupadas com o desenvolvimento humano e de seus respectivos intelectuais de projetos siste-
máticos de reformas jurídicas, com base no pressuposto de que o Direito, enquanto instrumento, pode tanto promover
como padronizar o desenvolvimento, de certa maneira reduzido à dimensão econômica, e de que são as instituições
jurídicas ocidentais, propriamente “modernas”, aquelas que melhor cumprem esse papel. Seu segundo momento,
por sua vez, se marca com o crescente interesse das ciências econômicas pelo tema e com a criação do Banco Mun-
dial, movimentando bilhões de dólares para suportar a transplantação completa de sistemas jurídicos de culturas
“desenvolvidas” a culturas “em desenvolvimento”. Para os autores, em alguma medida, o primeiro e o segundo
momentos, ocorridos entre 1960 e 1990, partilham dos mesmos equívocos, centrados na opinião de que transplantar
ordens normativas inteiras (de caráter acentuadamente liberal) fosse algo tão simples e mesmo inquestionavelmente
desejável, por sua vez fundada no pressuposto de que o direito se reduziria a um mero instrumento. (TRUBEK;
SANTOS, 2006). Essa problemática, por evidente, não passou despercebida, gerando diversas críticas (inclusive e
famosamente do próprio Trubek), tanto acadêmicas como políticas, de atores localizados nos mais diversos âmbitos,
tanto institucionais como geográficos, a suscitar, posteriormente na reformulação do debate (iniciando, com o século
XXI, um terceiro momento), abandonando noções simplistas como as de que existiria uma e única fórmula mágica
para o desenvolvimento, e de que essa fórmula teria sido descoberta no “Norte global”, e incentivando a construção
de diálogos justamente entre os países em desenvolvimento, isto é, do “Sul Global”, ou “diálogos Sul-Sul”, do qual,
inclusive, o BRICS pode ser considerado um exemplo. (Cf. PAHUJA, 2007), para uma contextualização e análise
dos avanços e problemas dessa terceira fase.
A partir da análise feita dos Documentos das oito Cúpulas já realizadas pelo
BRICS, cabe tecer algumas considerações críticas, buscando verificar o nível atual de
desenvolvimento do BRICS enquanto grupo de economias emergentes e os sentidos
desse caminhar do Bloco, com as devidas digressões entre o discurso e a práxis dos
membros.
Para alguns teóricos do Direito Internacional, o BRICS não é considerado um
Bloco. Neste sentido afirmam que ainda não existe um grupo plurilateral, existe ape-
nas, no plano prático, tão somente cooperação entre eles.
A dogmática jurídica ao se deter sobre o tópico da Integração Econômica dis-
crimina quatro tipos de Blocos internacionais: i) Área de Livre Comércio, quando há
redução nas taxas alfandegárias dos países membros; ii) União Aduaneira, quando
existe dentro do Bloco uma Tarifa Externa Comum, mais conhecida como TES; iii)
O Mercado Comum, quando existe Livre Circulação de Bens, Serviços e Pessoas;
e iv) União Monetária, quando já superados as características anteriores passam a
utilizar uma Moeda Única. Lembrando que via de regra, esses critérios são cumula-
tivos. Critérios, contudo, pensados a partir da experiência jurídica eurocêntrica em
que a “regionalidade” e uma tradição jurídico-constitucional comum são fatores de-
terminantes, enquanto ponto de partida, para o caminho da integração econômica,
confundida ou mesmo identificada concomitantemente com a configuração de supra-
nacionalidades e a homogeneização de cima para baixo das realidades jurídicas das
comunidades envolvidas. Um e outro fatores, todavia, não se encontram presentes
no caso dos BRICS, exigente, enquanto fenômeno presente, de um deslocamento da
discussão, colocando em relevância normativa outras características que não aquelas
cruciais para a formação da União Europeia. Aqui reside, pois, a inaplicabilidade des-
ses critérios, em nosso entendimento, com relação à possível classificação “padroni-
zada” do BRICS. A realidade desse bloco exige outras categorias de análise, pois as
particularidades do BRICS como fenômeno geopolítico assim o exige.
Neste sentido, Carducci afirma quanto a uma possível classificação do BRICS,
o seguinte (CARDUCCI; BRUNO, 2014, p. 5):
Os países do BRICS não formam uma ordem legal supranacional, nem uma organização internacional, ou
simples cúpulas interlocutórias. Sem necessariamente adotar uma epistemologia jurídica construtivista,
os BRICS podem ser descritos como uma “rede jurídica” hábil para produzir um fluxo jurídico de transfe-
rências de políticas públicas, empréstimos constitucionais, diálogo constitucional enquanto um “Produtor
de Conhecimento” e uma “Comunidade de Interesse”.
Os Documentos publicados, resultantes de cada Cúpula, não obrigam de for-
ma expressa a realização de ações por parte das potências em desenvolvimento
pertencentes ao bloco. Ou seja, os compromissos, metas e pontos que devam ser
objeto de reformas não os obrigam mutuamente. Entretanto, tal característica só se
apresenta como um problema, constituindo sério entrave se se supõe que o BRICS
têm como objetivo o tipo de integração e homogeneização encontrados em orga-
nizações supranacionais, como a União Europeia. Perspectiva que é questionável
Saulo de Oliveira Pinto Coelho
244 Diva Julia Sousa da Cunha Safe Coelho | Ricardo Martins Spindola Diniz
de uma compreensão que se queira intercultural. O BRICS forma um fenômeno de
cooperação internacional em rede que possui um caráter singular e não pode ser
classificado com base no padrão europeu de integração.
Afinal, cada um desses países possui histórias, concepções de vida, de política
e de religião diferentes, e poder criar um diálogo de cooperação e ajuda no âmbito
internacional inovador. Justamente em razão da complexidade dessas interações, os
resultados podem se tornar algo de grande valia para os países individualmente, para
o Bloco como um todo, e para a ordem internacional. O potencial do bloco é enorme
e seu futuro incerto, mas com bons indicadores de continuidade e aprofundamento.
Observa-se que na medida em que as relações vão se consolidando dentro do
Grupo, o entendimento sobre cooperação para o desenvolvimento vai ganhando no-
vos matizes além do desenvolvimento econômico. E é assim que, via de regra a inte-
ração dentro do Grupo se aprofunda, não se limitando mais às questões de natureza
eminentemente econômica. Busca-se, a partir desse momento, maior equilíbrio entre
desenvolvimento econômico e Desenvolvimento Social.
A conversação sobre Desenvolvimento Social dentro de um Bloco, traz consigo
uma questão de complexidade devido às várias particularidades e à diversidade cul-
tural que envolve cada um dos países do BRICS.9 Sabemos hoje, que “poucos espera-
vam que de uma previsão financeira se originasse um grupo que poderia influenciar a
agenda internacional em nível regional e global”. (CARLETTI, 2013, p. 22)
Christian Brütsch e Mihaela Papa, em sua análise sobre o BRICS, questionam
se a dinâmica desse grupo poderia transformar as relações internacionais ou se aca-
baria diminuída em uma insignificante moda geopolítica passageira. (BRÜTSCH;
PAPA, 2013, p. 299) Possibilidades que comumente se traduzem na conjectura que
se segue. Ponto comum de partida parece ser a referência ao acrônimo pensado por
Jin O’Neill (2011), enquanto origem quase que laboratorial do grupo. O ceticismo de
muitos com relação à trajetória e desenvolvimento do bloco é sustentado via de re-
gra em sua aparente artificialidade, em razão de possuírem histórias e culturas muito
díspares entre si, bem como interesses diferentes, e por vezes conflitantes. (BAU-
MANN, 2015, p. 21)
Tais discrepâncias justificam o questionamento em relação a quais seriam as
características básicas que fizeram com que estes países emergentes se unissem sob
um interesse comum (e mesmo o que haveria de comum, para além das situações
de países em desenvolvimento) e pudessem compor frentes duradouras de atuação
em conjunto (Cf. BAUMANN, 2015). Tais questionamentos são acompanhados por
investigações em torno dos modos de comprovação da concretude do BRICS (es-
pecificamente em termos de influências e impactos domésticos nos membros indi-
viduais). Importante ressaltar que, até a última Cúpula ocorrida no Brasil, nenhuma
das propostas de ação conjunta intra-BRICS tinha se realizado, estando várias ainda
em andamento. Porém, temos hoje exemplos mais relevantes a revelar a efetivida-
de dessa aliança geopolítica. O mais importante, no sentido de reforço das relações
intra-BRICS, foi a criação do Banco de Desenvolvimento do BRICS e a criação do
mecanismo de reforço de reservas nos países do Grupo.
9
Um exemplo dessa difícil tarefa foi sem dúvida a criação do Banco de Desenvolvimento do BRICS, que terá tam-
bém por escopo a promoção do desenvolvimento sustentável dentro deste grupo.
10
O modelo de clube informal ao qual o autor atribui ao BRICS tem as seguintes características: “Este tipo de arranjo
institucional demonstra um modelo de clube em que a participação é restrita, com os membros privilegiados para agir
como definidores de agenda na formulação de políticas; além disso, proporciona bens exclusivos a seus membros e
‘age como um eixo que esbate as diferenças e assegura que a diversidade não conduz a divergências ou ao conflito’. O
benefício exclusivo ajuda a assegurar a ação coletiva dentro dos grupos. Geralmente, clubes têm menos legitimidade,
devido à sua exclusividade autosseletiva. Ao mesmo tempo em que o pertencimento a um clube eleva os custos de
deserção para seus membros, ele aumenta a utilidade do multilateralismo” (COOPER; FAROOQ, 2015, p. 21-22).
11
O autor ainda acrescenta um exemplo comparativo entre BRICS e União Europeia. Veja-se: “Este elemento fica
claro ao ser comparado com a União Europeia. Por exemplo, o artigo 4.2 e 6 do Tratado da União Europeia após a re-
forma de Lisboa: em Europa se fala das “tradições constitucionais comuns dos Estados membros” e do “respeito das
identidades nacionais. Já no fenômeno dos BRICS, não há qualquer requerimento constitucional de homogeneização
e nenhum ‘Contrato Constitucional’: e isso é assim porque os BRICS querem ser competitivos e representarem uma
alternativa ao resto do mundo, sem vincular seus condicionamentos estruturais às suas várias identidades constitucio-
nais. Paradoxalmente, sua falta de homogeneidade constitucional se transforma em uma vantagem competitiva global
muito forte, porque não produz nenhum ‘custo’ como aqueles requeridos pelos ajustes estruturais do regionalismo.
É compreensível porque não surge qualquer comprometimento de convergência de padrões de proteção de direitos
humanos da agenda do BRICS. Durante suas cúpulas, os países do BRICS falam sobre direitos humanos, mas com
referência a cada Estado individual, e não em termos de uma herança comum” (CARDUCCI, 2014, p. 10).
Considerações finais
Referências
BAUMANN, Renato. BRICS: Oportunidade e desafio para a inserção internacional do Brasil. In: BRICS : estudos e documentos
/ Renato Baumann [et al.]. – Brasília: FUNAG, p. 21-54, 2015.
Los tratados2 han tenido y tienen una difícil convivencia con el derecho interno.
Hay que pensar que se trata de fuentes normativas que se negocian, adoptan y auten-
tican en sede internacional con una desigual participación de los representantes de
los estados;3 y sin embargo son esos estados los sujetos obligados en último término
al cumplimiento de lo pactado en ese marco internacional. Las mejoras incorporadas
en el procedimiento de negociación de los tratados no han logrado resolver todos los
problemas de aceptación del tratado en derecho interno.
El dualismo, con su propuesta de separar derecho interno y derecho internacional
como dos órdenes jurídicos cerrados y aislados entre sí obligó durante mucho tiempo4 a
que la recepción de normas internacionales en sede interna se realizase a través de téc-
nicas de reenvío o recepción jurídica. Los modelos de common law han sido en origen
1
Doctora en derecho por la Universidad de A Coruña. Docente de Derecho Internacional Público en la Universidad
de Piura, Perú.
2
Existe un acuerdo internacional en sentido lato (amplio) cuando convergen las opiniones o puntos de vista de suje-
tos del orden jurídico internacional para establecer algún modo de entendimiento, aliviar tensiones o solucionar una
controversia. Existe un acuerdo internacional en sentido estricto, cuando se utiliza un procedimiento específico de
creación de normas internacionales.
3
Dependiendo del tipo de tratado, de la naturaleza intergubernamental o no del órgano que gestiona la celebración
del tratado, del procedimiento previo de elaboración del documento que sirve de base para la negociación del tratado,
entre alguno de los factores que puede marcar una más o menos intensa implicación del representante del estado en
la fase de negociación del tratado.
4
El dualismo fue la teoría dominante durante el S. XIX y parte del XX. Pero la tendencia moderna habla de un solo
sistema jurídico que se nutre de fuentes de diverso origen, interno o internacional. Decidir cuál de ellas prevalece en
caso de conflicto centra la discusión académica actual, pero sin desconocer que entre derecho interno y derecho inter-
nacional no puede haber otra que interacción y entendimiento (SLAUGHTER; BURKE-WHITE, 2006).
2. Ratificación e implementación
– como erróneamente sugiere el texto constitucional peruano actual –. Véase, PIÉROLA BALTA; LOAYZA TA-
MAYO, 1993, p. 174)
14
EXP. 00047-2004 AI/TC, f.j. 19.
15
Art. 27 de la Convención de Viena sobre el derecho de los tratados: “Una parte no podrá invocar las disposiciones
de su derecho interno como justificación del incumplimiento de un tratado”. Ratificada por Decreto Supremo N° 029-
2000-RE. Instrumento de ratificación depositado el 14 de septiembre de 2000. Fecha de entrada en vigencia para el
Perú: 14/10/2000. Fecha de Publicación: 21/09/2000. *Con Reservas en art.11º,12º, y 25º de la Convención.
16
La Constitución del 79, no solo recibía a los tratados internacionales en el derecho nacional, sino que establecía
además un principio básico de jerarquía normativa entre el Tratado internacional y la ley interna. El artículo 101 de
la Constitución de 1979 disponía que: “Los tratados internacionales celebrados por el Perú con otros Estados, forman
parte del derecho nacional. En caso de conflicto entre el tratado y la ley, prevalece el primero”. Ese último apartado
del artículo 101 permitía solucionar los potenciales conflictos derivados de la aplicación de los tratados al interior de
la legislación del Estado.
17
De la lectura de la Convención de Viena sobre el derecho de los tratados es fácil concluir que la ratificación por
ser la fase final en la celebración de los tratados, es la que interesa tomar en consideración a efectos de señalar que
el estado que ya ha ratificado el tratado lo recibe en su ordenamiento jurídico, incluso aunque todavía falte alguno de
los requisitos para la entrada en vigor del tratado.
18
La Constitución del 93 ha relegado la respuesta sobre el valor de los tratados de derechos humanos a la 4ª Disposi-
ción final y transitoria. Ahí establece que: “Las normas relativas a los derechos y a las libertades que la Constitución
reconoce se interpretan de conformidad con la Declaración Universal de Derechos Humanos y con los tratados y
acuerdos internacionales sobre las mismas materias ratificados por el Perú”.
19
Especialmente interesado en el valor y aplicación directa de los tratados de derechos humanos, su rango constitu-
cional y su función de complemento de los parámetros constitucionales en protección de derechos humanos.
20
EXP. N° 0025-2005-PI/TC, f. j. 25.
3. Modos de implementación
Una fórmula clásica de ese sistema de recepción del tratado en el orden interno
la consagra la CADH24 en su artículo de apertura cuando recuerda a los estados fir-
23
La tentación de un ejecutivo de desconocer los compromisos internacionales asumidos por su predecesor es dema-
siado frecuente, de ahí el impulso que la aplicación del tratado se vertebre desde mecanismos de control y fórmulas
indirectas de aplicación del derecho internacional a través de acciones de reclamación de responsabilidad entre esta-
dos por incumplimiento de obligaciones internacionales válidamente contraídas.
24
Convención Americana sobre derechos humanos. Suscrita en la Conferencia especializada interamericana sobre
derechos humanos. San José, Costa Rica 7 a 22 de noviembre de 1969. Perú ratificó la Convención el 7 de diciembre
de 1978 y el 21 de enero de 1981, presentó en la Secretaría General de la OEA el instrumento de reconocimiento
de la competencia de la Comisión Interamericana de Derechos Humanos y de la Corte Interamericana de Derechos
Humanos, de acuerdo con los Artículos 45 y 62 de la Convención.
La realidad descrita nos habla de la importancia que tiene una buena recepción
del derecho internacional en el orden interno. Los jueces nacionales, cuando conocen
y aplican bien el derecho supranacional de los DDHH ayudan a mejorar el sistema
interno, al conocer qué ha dicho el órgano judicial internacional están ayudando a la
recepción indirecta de ese derecho y de ese modo están construyendo el sistema inter-
no evitando a que se produzcan divergencias entre ambos. El papel de los tribunales
internos es esencial en la creación y fortalecimiento del derecho internacional.
Las Cortes nacionales (lo vemos claramente en el caso del TC peruano) están
tomando en cuenta la jurisprudencia internacional para, de esa manera, decidir en
armonía con las obligaciones internacionales que ha contraído el Estado al que perte-
necen. El cumplimiento de las sentencias de la Corte Interamericana es además una
obligación que corresponde a un principio básico del derecho de la responsabilidad
internacional del Estado, respaldado por la jurisprudencia internacional, según el cual
los Estados deben cumplir sus obligaciones convencionales internacional de buena
fe, y no pueden alegar razones de orden interno para dejar de atender la responsabili-
dad internacional ya establecida.
Es comprensible que el juez nacional reciba con reticencia el derecho interna-
cional, y varias son las dificultades que hay para mejorar ese punto: la desinforma-
ción respecto a las normas internacionales que vinculan al estado, el rechazo hacia
el lenguaje que utilizan los tratados – tan distinto de la fórmula jurídica interna –, la
impresión de que el derecho internacional es un derecho incapaz de empatizar con
los problemas jurídicos internos, por mencionar algunos. Todas esas dificultades no
deben resultar un impedimento para impulsar el diálogo entre sistemas, comenzando
con planes nacionales de derechos humanos, capacitando a operadores jurídicos in-
ternos en materia internacional y especialmente en el nivel de vinculación del estado
en relación a los tratados firmados, y recibiendo como hacen los altos tribunales la
enseñanza que ofrece la comparación jurídica internacional. De ese modo el operador
jurídico interno será el primero en aplicar el tratado evitando de ese modo que los
resortes de control del tratado, y la eventual reclamación de responsabilidad interna-
cional hacia el estado, tengan que llegar a activarse.
Referencias
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de abril de 2015.
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Folleto informativo n° 7. Rev. 2. Oficina del alto comisionado para los derechos humanos. 2013.