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CEI-DPU

RETA FINAL 2017


5ª RODADA - 25/05/2017

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RETA FINAL 2017
5ª RODADA - 25/05/2017
DURAÇÃO

18/04/2017 A 17/07/2017

MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente inéditas

ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone

150 QUESTÕES OBJETIVAS


Por rodada

2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada

1 PEÇA JUDICIAL
Por rodada

IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-DPU
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. RETA FINAL
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela 2017
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.

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PROFESSORES

Caio Paiva. Coordenador do CEI-DPU e professor de Direito Penal e Criminologia, Direito


Penal Militar, Direito Processual Penal, Direito Processual Penal Militar, Direitos
Humanos e Princípios Institucionais da Defensoria Pública
Defensor Público Federal. Chefe da Defensoria Pública da União em Campinas/SP. Especialista em
Ciências Criminais. Autor dos livros Audiência de Custódia e o Processo Penal Brasileiro e Prática
Penal para Defensoria Pública, e coautor do livro Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos.

E-mail: profcei.caiopaiva@gmail.com

Thimotie Aragon Heemann. Professor de Direito Eleitoral, Direito Internacional e


Direito Ambiental
Aprovado no concurso para Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Paraná (1º lugar).
Advogado. Especialista em Processo Penal Internacional. Coautor do livro Jurisprudência Internacional
de Direitos Humanos.

E-mail: profcei.thiotieheemann@gmail.com

Maria Helena Rocha. Professora de Direito Administrativo, Direito do Trabalho,


Direito Processual do Trabalho, Direito Tributário
Advogada da União. Foi Defensora Pública do Estado de Pernambuco. Aprovada nos concursos da
DPU, DPE/RN e AGU. Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho.

E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

Edilson Santana. Professor de Direito Processual Civil e Direito Constitucional


Defensor Público Federal. Especialista em Direito Processual. Foi Defensor Público do Estado do
Maranhão. Coautor do livro Dicionário de Ministério Público e autor dos livros A Eficácia Horizontal
dos Direitos Fundamentais: sua vinculação às relações particulares e Defensoria Pública e a Tutela
Coletiva de Direitos.

E-mail: profcei.edilsonsantana@gmail.com

Fernanda Prugner. Professora de Direito Civil, Direito Empresarial e Direito do Con-


sumidor
Advogada. Aprovada nos concursos da Defensoria Pública do Estado da Bahia e Defensoria Pública
do Estado do Espírito Santo.

E-mail: profcei.fernandaprugner@gmail.com

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Rafael Vasconcelos Porto. Professor de Direito Previdenciário e da Assistência Social


Juiz Federal Titular em Poços de Caldas – MG (aprovado no XIII Concurso para o TRF-1) Foi Defensor
Público Federal (2010-2011). Bacharel em Direito pela UFMG e mestrando em Direito Previdenciário
pela PUC-SP. Aprovado também para os cargos de Procurador Federal (AGU) e Advogado da Caixa
Econômica Federal.

E-mail: profcei.rafaelporto@gmail.com

Daniel Chiaretti. Professor de Filosofia do Direito, Noções de Ciência Política e No-


ções de Sociologia Jurídica
Defensor Público Federal. Bacharel em Direito e Filosofia pela USP. Mestrando em Ética e Filosofia
pela USP. Defensor Regional dos Direitos Humanos em São Paulo.

E-mail: profcei.danielchiaretti@gmail.com

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INSTRUÇÕES GERAIS

Bem vindo(a)s ao CEI-DPU!

O CEI nasceu como um curso voltado exclusivamente para a preparação para o concurso da DPU,
em 2013. Depois foram surgindo cursos para diversas outras carreiras, mas certamente temos um
carinho especial pelo CEI-DPU, curso com o qual conseguimos contribuir para a aprovação de 78
alunos no V Concurso da DPU.

ALGUMAS ORIENTAÇÕES:

1) Simulem ao máximo a prova real. Quanto estiverem fazendo as questões objetivas, não deixem
nenhum material de pesquisa por perto. Se puderem imprimir o material, melhor ainda; se não
puderem, não há problema. Quando forem fazer as questões dissertativas e a peça judicial, deixem
por perto apenas a legislação seca (sem anotações).

2) Fiquem à vontade para enviarem suas respostas e peças escritas à mão ou digitadas. Para
qualquer destas opções, há um modelo na área do aluno que vocês devem observar. Se decidirem
enviar as respostas escritas à mão, baixem o modelo (disponível também no final desse arquivo) e
depois, na hora de enviar para o e-mail do professor, lembrem-se de colocar as páginas em arquivo
único no formato .pdf. Se decidirem enviar as respostas no formato digitadas, baixem o modelo no
formato .doc.

3) Observem os prazos estabelecidos no cronograma, que está no site e agora repetido aqui:

Publicação rodada Limite para Limite para Publicação espelho


resposta correção
1ª. Rodada 18/04/17 23/04/17 01/05/17 03/05/17
2ª. Rodada 25/04/17 30/04/17 08/05/17 10/05/17
3ª. Rodada 05/05/17 10/05/17 20/05/17 22/05/17
4ª. Rodada 15/05/17 20/05/17 30/05/17 01/06/17
5ª. Rodada 25/05/17 30/05/17 09/06/17 12/06/17
6ª. Rodada 05/06/17 10/06/17 20/06/17 22/06/17
7ª. Rodada 15/06/17 20/06/17 30/06/17 03/07/17
8ª. Rodada 26/06/17 01/07/17 11/07/17 13/07/17
9ª. Rodada 06/07/17 11/07/17 21/07/17 24/07/17
10ª. Rodada 17/07/17 22/07/17 01/08/17 03/08/17

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4) Para dúvidas sobre os temas tratados nas rodadas, falem diretamente com o professor
responsável. Todos os e-mails estarão nos materiais. Para críticas ou considerações, podem
escrever para mim no e-mail profcei.caiopaiva@gmail.com. Para dúvidas sobre acesso ao material
ou à área do aluno, falem no e-mail suporte@cursocei.com.

Estaremos juntos por 10 semanas. Aproveitem. Estudem muito.


Espero que em breve sejamos colegas!

CAIO PAIVA
Coordenador do CEI-DPU

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SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO....................................................................9


GRUPO I............................................................................................................................................................... 9
DIREITO CIVIL..........................................................................................................................................9
DIREITO EMPRESARIAL...................................................................................................................... 12
DIREITO DO CONSUMIDOR............................................................................................................. 13
DIREITO AMBIENTAL.......................................................................................................................... 14
DIREITO PROCESSUAL CIVIL............................................................................................................ 15
DIREITO TRIBUTÁRIO.......................................................................................................................... 16
DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA................................................................................................. 17

GRUPO II............................................................................................................................................................ 17
DIREITO PROCESSUAL PENAL......................................................................................................... 18
DIREITO PENAL MILITAR................................................................................................................... 19
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR........................................................................................ 19
DIREITO ELEITORAL.............................................................................................................................20
DIREITO ADMINISTRATIVO..............................................................................................................20

GRUPO III...........................................................................................................................................................20
DIREITO DO TRABALHO....................................................................................................................22
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.........................................................................................23
DIREITO PREVIDENCIÁRIO.............................................................................................................. 24
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA....................................................26
DIREITO CONSTITUCIONAL.............................................................................................................27

GRUPO IV...........................................................................................................................................................27
DIREITO INTERNACIONAL................................................................................................................29
DIREITOS HUMANOS.......................................................................................................................... 31
FILOSOFIA DO DIREITO, NOÇÕES DE SOCIOLOGIA JURÍDICA E NOÇÕES DE CIÊNCIA
POÍTICA...................................................................................................................................................32

GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS...................................................................................................36

QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO................................................................37

GRUPO I.............................................................................................................................................................37
DIREITO CIVIL........................................................................................................................................37
DIREITO EMPRESARIAL......................................................................................................................50
DIREITO DO CONSUMIDOR............................................................................................................ 54

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DIREITO AMBIENTAL..........................................................................................................................58
DIREITO PROCESSUAL CIVIL............................................................................................................63
DIREITO TRIBUTÁRIO..........................................................................................................................72
DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA.................................................................................................76

GRUPO II............................................................................................................................................................76
DIREITO PROCESSUAL PENAL.........................................................................................................80
DIREITO PENAL MILITAR.................................................................................................................. 84
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR........................................................................................86
DIREITO ELEITORAL.............................................................................................................................87
DIREITO ADMINISTRATIVO.............................................................................................................. 91

GRUPO III........................................................................................................................................................... 91
DIREITO DO TRABALHO....................................................................................................................98
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.......................................................................................103
DIREITO PREVIDENCIÁRIO............................................................................................................. 107
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA...................................................115
DIREITO CONSTITUCIONAL...........................................................................................................120

GRUPO IV......................................................................................................................................................... 120


DIREITO INTERNACIONAL...............................................................................................................131
DIREITOS HUMANOS........................................................................................................................142
FILOSOFIA DO DIREITO, NOÇÕES DE SOCIOLOGIA JURÍDICA E NOÇÕES DE CIÊNCIA
POÍTICA.................................................................................................................................................146

QUESTÕES DISSERTATIVAS.......................................................................................................................154
DIREITO PREVIDENCIÁRIO.............................................................................................................154
DIREITOS HUMANOS........................................................................................................................154

PEÇA JUDICIAL.............................................................................................................................................. 155


DIREITO INTERNACIONAL..............................................................................................................155

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum
material, a fim de simular a situação encontrada em prova.

DIREITO CIVIL GRUPO I

QUESTÃO 1. Acerca das pessoas jurídicas, julgue o item abaixo:

Fundação, pessoa jurídica de direito privado, consiste na afetação de um patrimônio,


realizada pelo instituidor por escritura pública ou testamento, cujo fim a que se destina deve
ser especificado. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais,
culturais ou de assistência.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 2. Quantos aos elementos acidentais do negócio jurídico, julgue o item seguinte:

O termo inicial suspende o exercício e a aquisição do direito.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 3. Analise e julgue o item acerca do Direito das Obrigações:

A solidariedade é presumida quando na mesma obrigação concorrer mais de um credor ou


mais de um devedor, cada um com direito ou obrigado à totalidade da dívida.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 4. No tocante ao contrato de compra e venda, julgue o item abaixo:

A venda com reserva de domínio, disciplinada no Código Civil, é uma cláusula especial
firmada no contrato de compra e venda de coisa móvel, pela qual o vendedor reserva para
si a propriedade do bem, até que o preço esteja integralmente pago.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 5. Julgue o item seguinte:

Pelo contrato de depósito, o depositário recebe um objeto móvel para guardar, até que

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o depositante o reclame. O depósito pode ser voluntário ou necessário e, assim como o


mútuo, é um contrato real.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 6. Consoante entendimento sumulado do STJ, julgue o item abaixo:

A cobrança de comissão de permanência, cujo valor não pode ultrapassar a soma dos
encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato, exclui a exigibilidade dos
juros remuneratórios e moratórios, salvo multa contratual.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 7. Ainda acerca do direito obrigacional, julgue o item:

O devedor obrigado por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito
de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos. Entretanto,
não havendo manifestação nem do devedor, nem do credor, a imputação de pagamento
opera-se pela lei e, existindo capital e juros, o pagamento será imputado primeiramente ao
capital, alcançando posteriormente os juros vencidos.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 8. Analise e julgue o item:

Aquele que exercer, por 2 anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com
exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² cuja propriedade divida com ex-cônjuge
ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família,
adquirir-lhe-á o domínio integral, ainda que seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 9. Julgue o item:

Segundo entendimento do STF, a empresa locadora de veículos responde civil e


subsidiariamente com o locatário, pelos danos por esse causados a terceiros, no uso do
carro locado.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 10. Acerca dos entendimentos sumulares do STJ, julgue o item:

A exigência de acordo entre o credor e o devedor na escolha do agente fiduciário aplica-se


aos contratos vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 11. Acerca dos direitos reais de garantia, julgue o item seguinte:

O ordenamento jurídico nacional admite a utilização do pacto comissório pelo credor


pignoratício ou hipotecário.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 12. De acordo com o entendimento do STJ, julgue o item:

É presumida a necessidade de percepção de alimentos do portador de doença mental


incapacitante, devendo ser suprida nos mesmos moldes dos alimentos prestados em razão
do Poder Familiar, independentemente da maioridade civil do alimentado.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 13. Acerca do Direito Obrigacional, julgue o item:

De acordo com o ordenamento jurídico nacional, a regra do lugar do pagamento da obrigação


é o domicilio do credor, salvo se as partes convencionarem diversamente ou se o contrário
resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 14. De acordo com o posicionamento do STJ, julgue o item:

Recairá sobre o promitente vendedor a responsabilidade pelas despesas de condomínio


caso o compromisso de compra e venda não tenha registro.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 15. Analise e julgue o item:

Em decisão recente firmada pelo Tribunal da Cidadania, é possível a alteração do sexo

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constante no registro civil de transexual que comprove judicialmente a mudança de gênero,


independentemente da realização de cirurgia de adequação social.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO EMPRESARIAL GRUPO I

QUESTÃO 16. Acerca dos tipos societários, julgue o item:

A administração da sociedade em nome coletivo compete exclusivamente a sócios.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 17. Julgue o item:

Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os


comanditários, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações
sociais e os comanditados, obrigados somente pelo valor de sua quota.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 18. Acerca da falência sobre os sócios, julgue o item:

Ao contrário dos sócios ilimitadamente responsáveis, os sócios de responsabilidade


limitada, em princípio, não se sujeitam aos efeitos da falência. Todavia, caberá ao juízo da
falência apurar eventual responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada,
controladores e administradores da sociedade falida, independentemente da realização do
ativo e da prova da sua insuficiência para cobrir o passivo.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 19. Acerca das sociedades simples, julgue o item:

Na sociedade simples, a cessão total ou parcial de quota, com o consentimento dos demais
sócios, porém sem a correspondente modificação do contrato social, não terá eficácia
quanto a estes e à sociedade. Até um ano depois de averbada a modificação do contrato,
responde o cedente subsidiariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros,
pelas obrigações que tinha como sócio.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 20. Analise e julgue o item:

O registro do empresário rural e a sociedade rural na Junta Comercial é facultativo e de


natureza constitutiva, sujeitando-se ao regime empresarial.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO DO CONSUMIDOR GRUPO I

QUESTÃO 21. Julgue o item de acordo com o entendimento do STJ:

A ação de indenização por danos morais decorrente da inscrição indevida em cadastro de


inadimplentes sujeita-se ao prazo prescricional de 5 anos, previsto no artigo 27 do CDC.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 22. Julgue o item:

Incumbe ao credor a exclusão do registro da dívida em nome do devedor no cadastro de


inadimplentes no prazo de cinco dias úteis, a partir do integral e efetivo pagamento do débito.
Por sua vez, após a quitação da dívida, incumbe ao devedor providenciar o cancelamento do
protesto, salvo inequívoca pactuação em sentido contrário.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 23. Analise e julgue o item seguinte:

O STJ admite a mitigação da teoria finalista para autorizar a incidência do CDC nas hipóteses
em que a parte, pessoa física ou jurídica, apesar de não ser destinatária final do produto ou
serviço, apresenta-se em situação de vulnerabilidade.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 24. Acerca da cobrança de dívidas do consumidor, julgue o item:

O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor
igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais,
ainda que por engano.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 25. Julgue o item:

A defesa do consumidor constitui princípio da ordem econômica, expressamente previsto


na Constituição de 1988.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO AMBIENTAL GRUPO I

QUESTÃO 26. Segundo o Supremo Tribunal Federal, é constitucional a lei municipal que
proíbe, sob qualquer forma, o emprego de fogo para fins de limpeza e preparo do solo em
determinado município, inclusive para o preparo do plantio e para a colheita de cana-de-
açúcar e de outras culturas.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 27. A doutrina ambientalista divide o meio ambiente em: meio ambiente do
trabalho, meio ambiente cultural, meio ambiente artificial e meio ambiente natural.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 28. O direito ambiental brasileiro é regido pelo princípio da participação
comunitária.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 29. Segundo a legislação ambiental brasileira, não há diferença entre os conceitos
de poluição ambiental e degradação ambiental.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 30. Segundo a teoria do risco criado, não é possível a alegação de excludentes
de responsabilidade civil ambiental.

ccCERTO ccERRADO

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL GRUPO I

QUESTÃO 31. É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos


órgãos classistas das carreiras de segurança pública.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 32. Formalizada a penhora, deverá a parte executada ser imediatamente intimada
para, querendo, oferecer impugnação por meio de embargos, no prazo de quinze dias.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 33. No caso de condenação em quantia certa o cumprimento definitivo da
sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o
débito, no prazo de 15 dias, acrescido de custas, se houver. Não ocorrendo o pagamento
voluntário do total do débito, este será acrescido de multa de dez por cento e, também,
de honorários de advogado de dez por cento, sendo expedido, desde logo, mandado de
penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação. O pagamento parcial do débito
reduz a multa e os honorários para o percentual de cinco por cento.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 34. No caso de condenação em quantia certa, não ocorrendo o pagamento
voluntário do débito no prazo de quinze dias, este será acrescido de multa de dez por cento
e, também, de honorários de advogado de dez por cento. A multa e os honorários se aplicam
também ao cumprimento provisório da sentença.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 35. O cumprimento provisório da sentença de obrigação de pagar quantia
certa, de fazer, de não fazer ou de dar coisa, impugnada por recurso desprovido de efeito
suspensivo, será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 36. No procedimento da execução fundada em título extrajudicial os embargos à
execução terão efeito suspensivo, independentemente de o juízo atribuir-lhe tal efeito.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 37. Suspensa a execução e ultrapassado o prazo de um ano sem que seja
localizado o executado ou que sejam encontrados bens penhoráveis, sem manifestação do
exequente, inicia-se o prazo de prescrição intercorrente.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 38. A situação de abandono do processo difere da inação do exequente no
âmbito do processo de execução, sendo, portanto, para o reconhecimento da prescrição
intercorrente, desnecessária a intimação pessoal do devedor.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 39. No julgamento dos embargos de declaração, a improcedência possibilita ao
Tribunal majorar os honorários fixados anteriormente.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 40. A Defensoria Pública possui legitimidade para promover ação civil pública
e todas as espécies de ações capazes de propiciar a adequada tutela dos direitos difusos,
coletivos ou individuais homogêneos quando o resultado da demanda puder beneficiar
grupo de pessoas hipossuficientes.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO TRIBUTÁRIO GRUPO I

QUESTÃO 41. O poder de tributar decorre da soberania estatal e tem limites nos princípios
constitucionais que o restringem, os quais são considerados cláusulas pétreas pela
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 42. A Constituição da República reservou algumas matérias tributárias à
disciplina de lei complementar. Entre elas, está o regramento das normas gerais de Direito
Tributário, inclusive em relação à definição de tratamento diferenciado e favorecido para as
microempresas e empresas de pequeno porte.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 43. A hipótese de incidência é a descrição abstrata de um fato que, caso ocorra
no mundo concreto, gera o imediato surgimento do crédito tributário.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 44. João, residente em Campina Grande/PB, comprou, à vista, uma casa, onde vive
com sua família há quinze anos. O imóvel foi adquirido por R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). Em
2014, João decidiu dar entrada em um apartamento, localizado na mesma cidade, que custava
R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) com R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) que tinha investidos,
ficando o restante (R$ 160.000,00) a ser pago de forma parcelada ao proprietário. Ocorre que,
em janeiro de 2015, João conseguiu vender sua casa antiga pelo valor de R$ 120.000,00 (cento
e vinte mil reais), obtendo, portanto, ganho de capital de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), o
qual entregou imediata e integralmente ao proprietário do apartamento, para que fosse abatido
do montante que ainda devia. Nesse caso, de acordo com a jurisprudência do STJ, há isenção
do imposto de renda sobre o referido ganho de capital.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 45. Caso haja dispensa da garantia do juízo para o oferecimento dos embargos
à execução fiscal, o prazo para a oposição da referida defesa será a data da intimação da
decisão que dispensou a apresentação da garantia.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA GRUPO II

Sobre os crimes contra a administração pública, julgue os cinco itens a seguir.

QUESTÃO 46. Pratica o crime de descaminho o policial federal que avisa aos agentes os
horários em que não haverá fiscalização, permitindo que ingressem pela fronteira no Brasil
com produtos trazidos do exterior, sem se sujeitarem ao procedimento alfandegário.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 47. Não há crime de desobediência quando a inexecução da ordem emanada de
servidor público estiver sujeita à punição administrativa, sem ressalva de sanção penal.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 48. É atípica a conduta de delegado de polícia federal que utiliza veículo
pertencente à União, do qual tem a posse para o exercício do cargo, para realizar encontros
sexuais com prostituta em motel.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 49. Pratica os crimes de peculato-desvio e peculato-eletrônico o funcionário
público que insere dados falsos em sistema de informações da Administração Pública com
o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 50. Não se exige, para a configuração do crime de concussão, que o agente
esteja na função ou a tenha a assumido, bastando que tenha exigido em razão da condição
de funcionário público, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem indevida.

DIREITO PROCESSUAL PENAL GRUPO II

Sobre o procedimento dos Juizados Especiais Criminais, julgue os cinco itens a seguir.

QUESTÃO 51. O descumprimento dos termos da composição dos danos civis, tratando-se
de infração penal sujeita à ação penal privada ou condicionada à representação, restitui à
vítima o direito de queixa ou de representação.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 52. Considere a situação em que o Ministério Público ofereceu o benefício da
transação penal e o autor do fato aceitou. Submetida a proposta ao juiz, o acordo não
foi homologado sob o argumento de que o autor do fato já havia sido condenado à pena
restritiva de direitos por sentença definitiva. Assim, é correto dizer que o juiz acertou ao agir
desta maneira, cabendo apenas a impetração de habeas corpus contra a sua decisão.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 53. No procedimento sumaríssimo da Lei 9.099/95, a reação defensiva à peça
acusatória é apresentada antes do recebimento da denúncia ou da queixa e o interrogatório
do acusado é realizado somente ao final da instrução, após a oitiva da vítima e das
testemunhas.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 54. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa no âmbito do procedimento


sumaríssimo caberá apelação, que deve ser interposta no prazo de cinco dias, por petição
escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 55. Compete ao Tribunal Regional Federal ao qual o Juizado Especial Criminal
estiver vinculado a competência para julgar habeas corpus contra decisões da Turma
Recursal, ao passo que compete à Turma Recursal julgar as revisões criminais contra
decisões proferidas pelos Juizados Especiais Criminais.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PENAL MILITAR GRUPO II

QUESTÃO 56. Conforme estabelece o Código Penal Militar – e a jurisprudência do Supremo


Tribunal Federal considera válido o dispositivo –, a atenuante da confissão espontânea
somente se aplica quando o acusado admitir a autoria de crime ignorada ou imputada a
outrem, inviabilizando, portanto, o seu reconhecimento na hipótese de prisão em flagrante.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 57. De acordo com o que prevê o Código Penal miliar, a publicação do acórdão
condenatório recorrível interrompe a prescrição.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 58. Conforme estabelece o Código Penal militar, são reduzidos de metade os
prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos, ou, na
data da sentença, maior de 70 anos.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR GRUPO II

QUESTÃO 59. O Supremo Tribunal Federal já consolidou a sua jurisprudência no sentido


de aplicar o princípio da especialidade e considerar válida a norma do Código de Processo
Penal Militar que insere o interrogatório como primeiro ato da instrução.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 19


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QUESTÃO 60. Conforme o entendimento do Supremo Tribunal Federal, o art. 366 do Código
de Processo Penal comum, que impõe a suspensão do processo e do prazo prescricional
quando o acusado, citado por edital, não comparece nem constitui advogado, não se aplica
ao processo penal militar.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO ELEITORAL GRUPO II

QUESTÃO 61. Os direitos políticos negativos não se confundem com os direitos políticos
positivos.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 62. O direito eleitoral brasileiro não admite a teoria dos votos engavetados.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 63. Segundo o Supremo Tribunal Federal, exige-se dois requisitos para a
configuração do crime de desobediência eleitoral, quais sejam: que a ordem descumprida
tenha sido emitida de forma direta e individualizada; e que o agente (réu) tinha ciência da
ordem tida por descumprida.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 64. As inelegibilidades podem ser classificadas em absolutas e relativas.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 65. Segundo o Supremo Tribunal Federal, não comete o crime de desobediência
eleitoral o candidato que recebe ordem para não entrar na repartição pública para pedir
votos e ingressa na mesma para fiscalizar o seu adversário.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO ADMINISTRATIVO GRUPO III

QUESTÃO 66. João, enquanto estava preso, foi torturado e morto. Sua esposa, Maria,
denunciou diversas vezes as torturas de que era vítima seu marido, tendo sido instaurado

ALUNO: mirlonfernando pág. 20


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inquérito policial para investigar os fatos. Entretanto, o membro do Ministério Público


decidiu não ajuizar ação penal contra os responsáveis, e o inquérito policial, na sequência,
foi arquivado. Neste caso, se Maria pretender obter indenização do Estado pela tortura e
morte de João, o prazo inicial para a prescrição será a data da morte de João.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 67. A União, em regra, é obrigada a fornecer o extrato detalhado, incluindo a data
e valor das transações efetuadas e CNPJ dos fornecedores de cartão corporativo utilizado
por chefe de escritório da Presidência da República. Essa obrigação decorre, diretamente,
do princípio da eficiência.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 68. Apesar de, em regra, o ato administrativo se destinar a complementar as leis,
é possível que ele extraia seu fundamento de validade diretamente da Constituição.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 69. Diz-se eficaz o ato administrativo quando foi expedido em observância com
as exigências do ordenamento jurídico.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 70. São privativas de brasileiro nato as carreiras de oficial da Marinha, do Exército
e da Aeronáutica.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 71. Dois anos após obter sua aposentadoria do emprego público que exercia
junto a uma empresa estatal, João foi contratado temporariamente pelo IBGE, nos termos
do art. 37, IX, da Constituição Federal, para auxiliar em um recenseamento. Nesse caso, é
vedada a acumulação dos proventos de aposentadoria com a remuneração proveniente do
exercício do cargo temporário.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 72. Há bens públicos federais, estaduais, municipais e interfederativos.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 73. É possível ao Poder Público desistir da ação de desapropriação, desde que
não tenha havido o pagamento integral do preço e seja possível restituir o imóvel nas mesmas
condições em que foi retirado do particular. Caso tenha ocorrido alteração substancial no
imóvel, obstando seu uso nas condições anteriores, o particular terá o ônus da prova desse
fato impeditivo do direito de desistência da desapropriação.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 74. Não há vedação legal expressa ao tombamento de bem federal por Estado-
membro.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 75. A autarquia é instituída por lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo, sendo
o início da sua personalidade jurídica coincidente com a vigência do diploma legislativo que
a criou. Do mesmo modo, o detalhamento de toda a estruturação interna da autarquia está
submetido a reserva de lei em sentido estrito.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO DO TRABALHO GRUPO III

QUESTÃO 76. Se ocorrer culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho, o empregado


fará jus à metade do valor das férias e do décimo terceiro salário proporcionais, mas não do
aviso-prévio.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 77. A submissão a maus tratos de idoso sob os cuidados indiretos do empregado
doméstico é considerada pela lei justa causa para o término da relação de emprego.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 78. Na sucessão de empregadores, que depende da transferência do

ALUNO: mirlonfernando pág. 22


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estabelecimento e da não ocorrência da paralisação da atividade, o sucessor responde, em


regra, pelos débitos trabalhistas decorrentes da sucessão.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 79. O empregado público contratado como engenheiro para trabalhar em
fundação pública estadual, cujo edital do concurso previa, expressamente, que a relação
se daria sob o regime da CLT, tem direito a receber o salário profissional previsto para o
engenheiro, ainda que não exista lei específica prevendo o aumento de sua remuneração.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 80. O trabalhador avulso, embora não seja empregado, tem todos os direitos
previstos para os trabalhadores com vínculo empregatício permanente. O trabalho avulso
pode ser intermediado pelo sindicato da categoria ou pelo Órgão Gestor de Mão de Obra.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO GRUPO III

QUESTÃO 81. Compete à Justiça do Trabalho julgar ações relacionadas aos servidores
temporários contratados para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
público.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 82. Havendo recolhimento insuficiente de depósito recursal, o recurso será
considerado deserto, sendo a concessão de prazo de cinco dias para complementação
faculdade do juízo.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 83. O TST possui entendimento consolidado no sentido de que a prescrição
intercorrente se aplica na Justiça do Trabalho.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 23


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Considere a seguinte situação para responder às questões 84 e 85:

Maria, ex-empregada de Joana, ajuizou reclamação trabalhista contra a ex-empregadora,


pleiteando a reintegração no emprego, pois, como estava grávida, gozava de estabilidade e
não poderia ter sido dispensada. Requereu tutela provisória, a qual foi indeferida pelo juízo
de primeiro grau. Inconformada, Maria, assistida da DPU, impetrou Mandado de Segurança.
Entretanto, antes do julgamento do writ, foi proferida sentença de total improcedência, pois
o juízo não acolheu os argumentos de Maria.

QUESTÃO 84. No caso, a impetração do Mandado de Segurança foi tecnicamente inadequada,


pois há recurso próprio para atacar a decisão que indefere o pedido de tutela provisória.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 85. Com o advento da sentença, ocorreu a perda superveniente do objeto do
Mandado de Segurança impetrado por Maria.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PREVIDENCIÁRIO GRUPO III

QUESTÃO 86. São segurados obrigatórios do RGPS, como empregados: a) o diretor


empregado, que presta serviço de natureza urbana a empresa, em caráter não eventual,
sob sua subordinação e mediante remuneração; e b) aquele que, contratado por empresa
de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender a
necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo
extraordinário de serviços de outras empresas.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 87. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituam
regime de previdência complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo
efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo
próprio regime de previdência, o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS.
Tal regime de previdência complementar deve ser instituído por lei complementar.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 24


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QUESTÃO 88. A percepção de benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-


reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência
Social, não impede que o beneficiário seja enquadrado como segurado especial.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 89. A emancipação exclui o filho menor de 21 anos da condição de dependente
do instituidor, mas o mesmo não se dá em relação ao irmão do segurado, por ausência de
previsão legal.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 90. Caso o servidor público, vinculado a regime próprio, venha a exercer atividade
abrangida pelo RGPS, tornar-se-á segurado obrigatório em relação a tal atividade.

ccCERTO ccERRADO
Já no caso de tal servidor, amparado por regime próprio, ser requisitado para outro órgão
ou entidade cujo regime previdenciário não permita a filiação, nessa condição, permanecerá
vinculado ao regime de origem.

QUESTÃO 91. O regime previdenciário próprio do servidor público estatutário possui


caráter contributivo e solidário, custeado por contribuições do respectivo ente público e
dos servidores ativos e inativos, salvo os pensionistas, sendo informado, entre outros, por
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 92. No caso de aposentadoria compulsória no regime próprio do servidor público
estatutário, exige-se, para obtenção de proventos integrais, dez anos de efetivo exercício no
serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 93. O valor do benefício previdenciário de prestação continuada será, em regra,
calculado com base no salário-de-benefício. Quando, porém, o benefício for decorrente
de acidente do trabalho, considerar-se-á, ao invés do salário-de-benefício, o salário-de-
contribuição vigente no dia do acidente, se mais vantajoso.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 25


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QUESTÃO 94. Não se admite, em regra, a comprovação do tempo de serviço mediante


justificação judicial se baseada exclusivamente em prova testemunhal.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 95. Segundo a jurisprudência predominante do STJ, o menor sob guarda deve
ser incluído no rol de dependentes do RGPS, mesmo sob a égide da legislação atual.

ccCERTO ccERRADO
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA GRUPO III

No que diz respeito à organização da Defensoria Pública para atuar junto aos tribunais de
segunda instância e tribunais superiores, julgue os itens a seguir:

QUESTÃO 96. A LC 80 admite a possibilidade de os defensores públicos estaduais atuarem


na segunda instância do Poder Judiciário federal, assim como junto aos Tribunais Regionais
do Trabalho e Tribunais Regionais Eleitorais, não admitindo, porém, esta atuação perante os
tribunais superiores especializados (TSE, TST e STM).

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 97. Conforme o entendimento majoritário do Supremo Tribunal Federal, somente
o Defensor Público-Geral Federal possui legitimidade para atuar junto ao STF, não se
admitindo que representantes das Defensorias Públicas dos Estados e do Distrito Federal
atuem nesse órgão judicial máximo do país.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 98. Se o defensor público entender inexistir hipótese de atuação institucional,
dará imediata ciência ao Corregedor-Geral da Defensoria Pública, que decidirá a controvérsia,
indicando, se for o caso, outro defensor público para atuar.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 99. Entre os direitos dos assistidos da Defensoria Pública assegurados pela LC
80/1994, não se encontra o de ser atendido sempre pessoalmente pelo defensor público, e
não por estagiário ou colaborador do órgão.

ALUNO: mirlonfernando pág. 26


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ccCERTO ccERRADO
DIREITO CONSTITUCIONAL GRUPO IV

QUESTÃO 100. Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, é vedado o direito de


greve aos policiais militares, mas não à polícia civil.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 101. Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de
Ação Popular contra o presidente da república.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 102. A concepção sociológica de constituição tem como expoente Carl Schmitt,
para quem devem ser consideradas, dentro de um Estado, duas constituições: uma real
(ou efetiva); outra escrita. A primeira (real) equivale a soma dos fatores reais de poder que
regem uma determinada nação.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 103. A concepção política de constituição adota um conceito decisionista de
Constituição.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 104. Para o sentido formal, uma norma será ou não constitucional a depender de
seu conteúdo. Ou seja, se versar sobre os temas considerados propriamente constitucionais
serão formalmente constitucionais. Nesse sentido, não é necessário que a Constituição
esteja em um único documento, pois o que interessa é o conteúdo.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 105. Para a concepção formal de constituição o que importa é a forma como a
norma é introduzida no ordenamento constitucional, independentemente de seu conteúdo.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 27


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QUESTÃO 106. A denominada norma fundamental hipotética é apontada como fundamento


para a constituição escrita, no seu sentido jurídico-positivo.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 107. A concepção normativa de constituição, que defende a força normativa das
normas constitucionais, representa uma antítese à teoria sociológica de Ferdinand Lassale.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 108. O conceito de constituição-lei se confunde com o conceito de constituição-
moldura.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 109. Para o conceito de constituição dúctil a constituição deve ser o fundamento
de toda a vida social.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 110. Para a concepção processual de constituição, esta se revela como
algo dependente de interpretação, sendo, assim, o resultado de um amplo processo de
interpretação aberto ao público.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 111. O conceito culturalista de constituição encerra uma visão centrada no
aspecto cultural, desconsiderando que a ordem constitucional envolve elementos políticos,
sociológicos, econômicos e jurídicos.

ccCERTO ccERRADO
Acerca do julgamento dos governadores por crime comum, julgue as duas próximas
assertivas:

QUESTÃO 112. As unidades federativas, desde que façam constar no texto da constituição
estadual respectiva, podem instituir normas que condicionem a instauração de ação penal
contra governador, por crime comum, à previa autorização da casa legislativa.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 28


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QUESTÃO 113. Compete ao Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente, nos


crimes comuns, os Governadores de Estado.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 114. Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, a administração
pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação por greve realizada pelos
servidores públicos, ainda que a greve tenha sido provocada por conduta ilícita do Poder
Público.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO INTERNACIONAL GRUPO IV

QUESTÃO 115. Segundo o Supremo Tribunal Federal, é possível a concessão de exequatur


em carta rogatória que versa sobre a coleta de sangue de determinado indivíduo de forma
coercitiva.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 116. Segundo o Supremo Tribunal Federal, a cobrança antecipada de despesa
relativa à expedição de carta rogatória para a oitiva de testemunha defensiva configura
cerceamento de defesa.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 117. Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, não é possível a
homologação de sentença estrangeira na parte em que ordene, sob pena de responsabilização
civil e criminal, a desistência de ação judicial proposta no Brasil.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 118. Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é possível impor
as regras previstas na legislação brasileira para a citação praticada fora do país.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 119. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, não afronta a soberania nacional
ou a ordem pública a concessão de exequatur para citar alguém no Brasil a fim que se

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defenda em ação de cobrança de dívida de jogo contraído em Estado estrangeiro no qual tal
pretensão é licita.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 120. Segundo o Supremo Tribunal Federal, o exame de eventual descumprimento
contratual por parte do extraditando com o seu advogado, bem como a confissão de dívida
firmada em favor de seu defensor, se destituídos de elementos probatórios suficientes da
licitude dos valores bloqueados, não podem ser apreciados em sede de extradição.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 121. Segundo a doutrina, a ordem pública pode ser compreendida e dividida em
três níveis.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 122. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, é possível a homologação de
sentença penal estrangeira que determine o perdimento de imóvel situado no Brasil em
razão de o bem ser produto do crime de lavagem de dinheiro.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 123. Ao assinar a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, o Estado
brasileiro não formulou qualquer reserva.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 124. O Direito Internacional não admite a figura da concordata.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 125. A simplicidade das sentenças estrangeiras, a exemplo das proferidas nos
Estados Unidos da América, não inibe a homologação cabível, quando preenchidos os seus
requisitos.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 126. Entende-se por “jus cogens” as normas imperativas de direito internacional,
dotadas de um status normativo superior em relação as demais.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 127. O princípio do aut dedere, aut judicare não subsiste no Direito Internacional
Público.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 128. O Tribunal Penal Internacional pode ser considerado um “tribunal de direitos
humanos”.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 129. Não há impedimento em razão da nacionalidade para que o Estado brasileiro
entregue um brasileiro nato ao Tribunal Internacional Penal.

ccCERTO ccERRADO
DIREITOS HUMANOS GRUPO IV

A Carta Internacional dos Direitos Humanos ou Declaração Internacional de Direitos


(International Bill of Rights) é constituída por três documentos, quais sejam, a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. A respeito desses documentos,
julgue os seis itens a seguir.

QUESTÃO 130. A Declaração Universal dos Direitos Humanos é considerada “bipartite” ou


“brifronte”, já que somente prevê direitos de primeira e segunda gerações.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 131. A Declaração Universal dos Direitos Humanos é criticada pela comunidade
jurídica internacional por não ter estabelecido o regime democrático com eleições periódicas
e legítimas como regime de governo, omissão esta que veio a contribuir para os regimes
ditatoriais da segunda metade do século XX.

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ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 132. Conforme estabelece o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, a
pena de morte não poderá ser imposta em casos de crimes cometidos por pessoas menores
de 18 anos ou maiores de 70, nem aplicada a mulheres em estado de gravidez.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 133. Estabelece o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos que toda
pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua inocência enquanto a
sentença penal condenatória não transitar em julgado.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 134. O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais admite
que países em desenvolvimento, levando devidamente em consideração os direitos
humanos e a situação econômica nacional, poderão garantir menos direitos econômicos
aos estrangeiros do que aos seus nacionais.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 135. O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, tal
como o Protocolo de San Salvador, assegura o direito de gozar dos benefícios do progresso
científico.

ccCERTO ccERRADO
FILOSOFIA DO DIREITO, NOÇÕES DE SOCIOLOGIA JURÍDICA E
GRUPO IV
NOÇÕES DE CIÊNCIA POÍTICA

QUESTÃO 136. A partir da década de 1960 o positivismo de matriz passa a sofrer diversas
críticas importantes. Uma das vertentes críticas pode ser atribuída a Robert Alexy e consiste
em uma abordagem que, entre outras características, dá maior centralidade à moral no
âmbito do direito.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 137. De acordo com Immanuel Kant, regras jurídicas e regras morais possuem

ALUNO: mirlonfernando pág. 32


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estruturas distintas. No entanto, ambas são externas, pois exigem a conformação das
condutas a determinadas regras.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 138. De acordo com a obra de H.L.A. Hart, não cabe à legislação a internalização
de exigências morais presentes na sociedade.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 139. É possível afirmar que a distinção entre direito e moral não era tão clara
no pensamento grego antigo. Isto porque, para os pensadores desta época, havia uma
identificação entre justiça e virtude.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 140. De acordo com Aristóteles, a equidade decorre da impossibilidade de uma
lei geral que dê conta de todos os casos particulares.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 141. Um dos traços essenciais do Estado de Direito é a limitação das atividades
estatais pela lei.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 142. Um Estado pode adotar formas distintas conforme o grau de descentralização
territorial do poder com relação aos entes componentes. No entanto, qualquer Estado deve
ser considerado unitário, na medida em que todos possuem um núcleo único e exclusivo
de poder.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 143. Em que pese haja diferenças formais, uma confederação de Estados possui
as características essenciais do federalismo.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 144. Uma das interpretações dadas ao modelo de tripartição de poderes elaborado
por Montesquieu é a limitação recíproca, ou “sistema de freios de contrapesos”.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 145. Segundo Rousseau, o Poder Legislativo deveria ter prevalência sobre os
demais, já que é a expressão da vontade geral.

ccCERTO ccERRADO
Leia o excerto abaixo e julgue as assertivas seguintes:

“Ora, como diria o insuspeito Max Weber, os ricos e felizes, em todas as épocas e em todos
os lugares, não querem apenas ser ricos e felizes. Querem saber que têm “direito” à riqueza
e felicidade. Isso significa que o privilégio – mesmo o flagrantemente injusto, como o que se
transmite por herança – necessita ser “legitimado”, ou seja, aceito mesmo por aqueles que
foram excluídos de todos os privilégios. Nas sociedades do passado o privilégio era aberto e
religiosamente motivado: alguns tinham “sangue azul” por decisão supostamente divina, o
que os legitimava terem acesso a todos os bens e recursos escassos. A sociedade moderna,
no entanto, diz de si mesma que superou todos os privilégios injustos. Isso significa que
os privilégios injustos de hoje não podem “aparecer” como privilégio, mas sim como, por
exemplo, “mérito pessoal” de indivíduos mais capazes, sendo, portanto, supostamente
justificável e merecido. É isso que faz com que o mundo social seja sistematicamente
distorcido e falseado. Todos os privilégios e interesses que estão ganhando dependem do
sucesso da distorção e do falseamento do mundo social para continuarem a se reproduzir
indefinidamente. A reprodução de todos os privilégios injustos no tempo depende do
“convencimento”, e não da “violência”.” (SOUZA, Jessé. A tolice da inteligência brasileira:
ou como o país se deixa manipular pela elite. São Paulo: Leya, 2015).

QUESTÃO 146. Interpretando as ideias do trecho a partir de um viés marxista, podemos


dizer que a ideia de os privilégios de dada classe social são merecidos e justos decorrem da
ideologia existente nas sociedades capitalistas.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 147. Em que pese esses privilégios estejam presentes nas sociedades
contemporâneas, o surgimento deles decorre sempre de uma contrariedade ao direito.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 34


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QUESTÃO 148. Em que pese Jessé de Souza fale da inexistência de violência para a criação e
perpetuação destes privilégios, podemos dizer que a reprodução destas estruturas depende
da “violência simbólica” tal qual desenvolvida por Pierre Bourdieau.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 149. As relações de privilégio em uma sociedade decorrem basicamente de
assimetrias econômicas, de modo que as diferenças de classe decorrem da posição dos
indivíduos quanto a emprego e renda.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 150. Um outro modo possível de se pensar esses “privilégios” seria a partir
da definição, por parte das elites, de determinados comportamentos sociais classificados
como criminosos. Assim, essas elites excluiriam, através do próprio direito, determinados
grupos sociais a partir da atribuição da prática de ilícitos.

ccCERTO ccERRADO

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GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

1 ERRADO 39 CERTO 77 CERTO 115 ERRADO


2 ERRADO 40 CERTO 78 CERTO 116 ERRADO
3 ERRADO 41 CERTO 79 ERRADO 117 CERTO
4 CERTO 42 CERTO 80 CERTO 118 ERRADO
5 CERTO 43 ERRADO 81 ERRADO 119 CERTO
6 ERRADO 44 CERTO 82 ERRADO 120 CERTO
7 ERRADO 45 CERTO 83 ERRADO 121 CERTO
8 ERRADO 46 ERRADO 84 ERRADO 122 CERTO
9 ERRADO 47 CERTO 85 CERTO 123 ERRADO
10 ERRADO 48 CERTO 86 CERTO 124 ERRADO
11 ERRADO 49 ERRADO 87 ERRADO 125 CERTO
12 CERTO 50 CERTO 88 CERTO 126 CERTO
13 ERRADO 51 ERRADO 89 ERRADO 127 ERRADO
14 ERRADO 52 ERRADO 90 CERTO 128 CERTO
15 CERTO 53 CERTO 91 ERRADO 129 CERTO
16 CERTO 54 ERRADO 92 CERTO 130 CERTO
17 ERRADO 55 CERTO 93 ERRADO 131 ERRADO
18 CERTO 56 CERTO 94 CERTO 132 ERRADO
19 ERRADO 57 ERRADO 95 CERTO 133 ERRADO
20 CERTO 58 ERRADO 96 CERTO 134 CERTO
21 ERRADO 59 ERRADO 97 ERRADO 135 CERTO
22 CERTO 60 CERTO 98 ERRADO 136 CERTO
23 CERTO 61 CERTO 99 CERTO 137 ERRADO
24 ERRADO 62 ERRADO 100 ERRADO 138 CERTO
25 CERTO 63 CERTO 101 ERRADO 139 CERTO
26 ERRADO 64 CERTO 102 ERRADO 140 CERTO
27 CERTO 65 CERTO 103 CERTO 141 CERTO
28 CERTO 66 ERRADO 104 ERRADO 142 ERRADO
29 ERRADO 67 ERRADO 105 CERTO 143 ERRADO
30 ERRADO 68 CERTO 106 CERTO 144 CERTO
31 CERTO 69 ERRADO 107 CERTO 145 CERTO
32 ERRADO 70 CERTO 108 ERRADO 146 CERTO
33 ERRADO 71 ERRADO 109 ERRADO 147 ERRADO
34 CERTO 72 CERTO 110 CERTO 148 CERTO
35 CERTO 73 CERTO 111 ERRADO 149 ERRADO
36 ERRADO 74 CERTO 112 ERRADO 150 CERTO
37 CERTO 75 ERRADO 113 ERRADO
38 CERTO 76 ERRADO 114 ERRADO

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSORA: FERNANDA PRUGNER


E-mail: profcei.fernandaprugner@gmail.com

DIREITO CIVIL GRUPO I

QUESTÃO 1. Acerca das pessoas jurídicas, julgue o item abaixo:

Fundação, pessoa jurídica de direito privado, consiste na afetação de um patrimônio,


realizada pelo instituidor por escritura pública ou testamento, cujo fim a que se destina deve
ser especificado. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais,
culturais ou de assistência.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Pessoas naturais e jurídicas.

A primeira parte da questão está correta. Realmente, as fundações são pessoas jurídicas de
direito privado (artigo 44, III, do CC), resultante da afetação de um patrimônio, realizada pelo
instituidor, por escritura pública ou testamento, o qual deverá especificar o fim a que se destina e,
declarando, se quiser, a maneira de administrá-la (artigo 62, caput, do CC). A segunda parte da
questão está equivocada, essa era a redação do parágrafo único do artigo 64 do CC até julho de
2015, modificado pela Lei 13.151/15. Vejamos o teor do dispositivo legal atualmente: Parágrafo
único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: I – assistência social;  II – cultura,
defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;  III – educação; IV – saúde; V – segurança
alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas,
modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos
técnicos e científicos; VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; 
IX – atividades religiosas; X – (VETADO).

Como bem observa a doutrina, “escapa, pois, do permissivo legal, mesmo com a mencionada
ampliação de finalidades, a entidade supostamente fundacional que empreenda atividade econômica
com escopo lucrativo”. (GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de Direito
Civil. Volume único. São Paulo. Saraiva. 2017).

GABARITO: ERRADO

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QUESTÃO 2. Quantos aos elementos acidentais do negócio jurídico, julgue o item seguinte:

O termo inicial suspende o exercício e a aquisição do direito.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4. Fatos e atos jurídicos. 4.1. Forma, prova, modalidades, defeitos,
nulidade, anulabilidade, inexistência, ineficácia e consequência.

Na rodada passada começamos o estudo dos elementos acidentais (acessórios) do negócio


jurídico. Avançando no estudo, o termo é o elemento futuro e certo que subordina o início (dies a
quo) ou o término (dies ad quem) da eficácia do negócio jurídico. Disciplina o artigo 131 do CC: “O
termo inicial suspende o exercício do direito, mas não a aquisição do direito”, residindo nesse
ponto o equívoco da questão apresentada. Em termos simples, nos negócios jurídicos a termo
inicial, apenas a exigibilidade do negócio é suspensa, não impedindo que as partes adquiram
desde já os direitos e deveres decorrentes da pactuação. Dessa maneira, a pessoa já tem o direito,
não podendo apenas exercê-lo.

Como bem salienta Flávio Tartuce, não se pode confundir o termo inicial com a condição suspensiva,
prevista no artigo 125 do CC: “Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva,
enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa”. Para facilitar a
diferenciação dos elementos, vejamos o quadro a seguir:

(Direito Civil. V.1: Lei de Introdução e Parte Geral. 13ª ed. Rio de Janeiro. Forense. 2017. p. 327.)

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 3. Analise e julgue o item acerca do Direito das Obrigações:

A solidariedade é presumida quando na mesma obrigação concorrer mais de um credor ou


mais de um devedor, cada um com direito ou obrigado à totalidade da dívida.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8. Modalidades das obrigações. 8.1. Efeitos das obrigações.

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Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorrer mais de um credor ou mais de um


devedor, cada um com direito ou obrigado à totalidade da dívida (artigo 264 do CC). Regra de ouro,
a solidariedade não se presume, deve resultar da lei (solidariedade legal) ou da vontade das partes
(solidariedade convencional ou voluntária), consoante artigo 265 do CC, eis o erro da questão.

Sobre o tema, importante não confundir obrigações solidárias (sujeitos) com obrigações indivisíveis
(objeto). Dispõe o artigo 258 da codificação civilista: “A obrigação é indivisível quando a prestação
tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo
de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico”. Uma das principais
diferenças entre a obrigação indivisível e a solidária encontra-se nos efeitos da conversão em
perdas e danos, comparem:

Indivisibilidade Solidariedade

Artigo 263. Perde a qualidade de indivisível Artigo 271. Convertendo-se a prestação em


a obrigação que se resolver em perdas e perdas e danos, subsiste, para todos os
danos. efeitos, a solidariedade.

Em suma, convertida a obrigação em perdas e danos é extinta a indivisibilidade. Todavia, convertida


a obrigação em perdas e danos é mantida a solidariedade.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 4. No tocante ao contrato de compra e venda, julgue o item abaixo:

A venda com reserva de domínio, disciplinada no Código Civil, é uma cláusula especial
firmada no contrato de compra e venda de coisa móvel, pela qual o vendedor reserva para
si a propriedade do bem, até que o preço esteja integralmente pago.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9. Contratos: generalidades, elementos e efeitos dos contratos. (...) 9.2.
Compra e venda. (...) 9.10. Alienação fiduciária.

A cláusula de venda com reserva de domínio, também denominada de pactum reservati dominii,
disciplinada no artigo 521 do CC, nada mais é do que uma cláusula especial inserida na compra
e venda de coisa móvel infungível, em que se subordina a efetiva transferência da propriedade ao
pagamento integral do preço pelo comprador. Em outras palavras, o comprador recebe apenas a
posse direta da coisa, mantendo o vendedor o domínio do bem até que o preço seja integralmente
pago pelo comprador (condição suspensiva). Ainda, de acordo com o artigo 524 do diploma
civilista, “a transferência da propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço esteja

ALUNO: mirlonfernando pág. 39


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integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir de quando lhe foi
entregue”. Preconiza a doutrina, “trata-se de exceção ao princípio res perit domino (a coisa perece
para o dono), pois, neste caso de compra e venda com reserva de domínio, prevalecerá o princípio
res perit emptoris (a coisa perece para o comprador)”. (FIGUEIREDO. Luciano e Roberto Lima.
Direito Civil. Contratos. 2ª ed. Salvador. JusPodivm. 2017. p. 421).

Aprofundando o tema, nesse momento vocês podem estar questionando: qual a diferença da
venda com reserva de domínio para a alienação fiduciária? Rodolfo Pamplona Filho e Pablo Stolze
Gagliano lecionam que os elementos de divergência podem ser assim resumidos: “a) Na venda
com reserva de domínio, há uma venda com condição suspensiva, qual seja o evento futuro e
incerto do pagamento do preço pelo comprador, embora a posse direta do bem já seja transferida;
na alienação fiduciária, há uma “venda” para a entidade com condição resolutiva (o pagamento da
dívida consolida a propriedade no possuidor direto); b) A venda com reserva de domínio pode ser
feita diretamente entre comprador e vendedor, enquanto, na alienação fiduciária, há a presença
indispensável de um financiador; c) A venda com reserva de domínio se restringe a bens móveis,
enquanto a alienação fiduciária pode ser aplicada igualmente em venda de imóvel (art. 22 da Lei
9.514/97”. (Manual de Direito Civil. Volume único. São Paulo. Saraiva. 2017).

JULGADO CORRELATO

A mora do comprador, na ação ajuizada pelo vendedor com o intuito de recuperação


da coisa vendida com cláusula de reserva de domínio, pode ser comprovada por
meio de notificação extrajudicial enviada pelo Cartório de Títulos e Documentos.

A controvérsia trazida a debate consiste em definir se, na ação de apreensão e depósito


de bem objeto de contrato de venda com reserva de domínio, a comprovação da mora
do comprador somente pode ocorrer mediante protesto. Nos termos do art. 526 do
CC/02, na hipótese de mora do comprador no adimplemento das prestações, abrem-
se ao vendedor duas alternativas: a) o ajuizamento de ação para a cobrança das
prestações vencidas e vincendas, com os acréscimos legais; ou, b) a recuperação da
posse da coisa vendida. (...) Independentemente da opção exercida pelo vendedor, é
imprescindível “a constituição do comprador em mora”, que, nos termos do art. 525
do CC/02, ocorre mediante protesto do título ou interpelação judicial. A redação desse
dispositivo legal pode levar à equivocada compreensão de que a mora do comprador
apenas se caracteriza a partir do ato do protesto ou da interpelação judicial. Contudo,
não é esse o verdadeiro alcance da norma. Com efeito, deve ser observado que a
mora do comprador se configura com sua simples omissão em efetuar o pagamento das
prestações ajustadas, haja vista que essas têm data certa de vencimento.  É, portanto,
mora ex re, cujos efeitos – a exemplo da incidência de juros – se operam a partir do
inadimplemento. Nesse contexto, a determinação contida no art. 525 do CC/02 para o
protesto do título ou a interpelação judicial não tem a finalidade de transformar a mora

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ex re em ex persona. A regra estabelece, apenas, a necessidade de comprovação da


mora do comprador como pressuposto para a execução da cláusula de reserva
de domínio, tanto na ação de cobrança das prestações vencidas e vincendas, como
na ação de recuperação da coisa. Visa o ato, desse modo, conferir segurança jurídica
às partes, funcionando, também, como oportunidade para que o comprador, adimplindo
as prestações, evite a retomada do bem pelo vendedor. O advento da nova codificação
civil impõe uma exegese sistêmica da questão, de modo a admitir a documentação da
mora do comprador por meio de quaisquer dos instrumentos previstos no parágrafo
único do art. 397, quais sejam: a) o protesto; b) a interpelação judicial; e, c) a notificação
extrajudicial. (REsp 1.629.000-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado
em 28/3/2017, DJe 4/4/2017. grifamos).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 5. Julgue o item seguinte:

Pelo contrato de depósito, o depositário recebe um objeto móvel para guardar, até que
o depositante o reclame. O depósito pode ser voluntário ou necessário e, assim como o
mútuo, é um contrato real.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9. Contratos: generalidades, elementos e efeitos dos contratos. (...) 9.5.
Empréstimo. 9.6. Depósito.

“Podemos definir o contrato de depósito como um negócio jurídico por meio do qual uma das
partes (depositante) transfere à outra (depositário) a guarda de um objeto móvel, para que seja
devidamente conservado e, posteriormente, devolvido”. (GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA
FILHO, Rodolfo. Manual de Direito Civil. Volume único. São Paulo. Saraiva. 2017). Conforme
assentado na questão, o depósito pode ser classificado em voluntário ou necessário, subdividindo-
se este último em legal ou miserável.

Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar,
até que o depositante o reclame. (depósito voluntário)

Art. 647. É depósito necessário: (ou obrigatório)

I - o que se faz em desempenho de obrigação legal; (depósito legal)

II - o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, o


naufrágio ou o saque. (depósito miserável)

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Por fim, assim como o mútuo, o contrato de depósito é um contrato real, isto é, aperfeiçoa-se
apenas com a entrega do bem de um contratante para outro. Vale lembrar, enquanto não efetuada
a entrega ao depositário, inexiste um contrato perfeito e acabado. Como bem observada a doutrina,
“não se diga com isso, entretanto, que o contrato tenha efeitos reais, pois a propriedade não é
transferida ao depositário, que atuará como mero detentor”. (op. Cit., p. 654)

Súmula 419/STJ: Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel.

Súmula Vinculante 25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade do depósito.

Artigo 7.7 da CADH: Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os
mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento
de obrigação alimentar.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 6. Consoante entendimento sumulado do STJ, julgue o item abaixo:

A cobrança de comissão de permanência, cujo valor não pode ultrapassar a soma dos
encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato, exclui a exigibilidade dos
juros remuneratórios e moratórios, salvo multa contratual.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8. Modalidades das obrigações. 8.1. Efeitos das obrigações.

Rapidamente, vamos relembrar os conceitos basilares da questão. A comissão de permanência é


um valor cobrado pelas instituições financeiras no caso de inadimplemento contratual, enquanto o
devedor não quitar sua dívida. Leciona Flávio Tartuce: “a) Juros compensatórios ou remuneratórios
– São aqueles que decorrem de uma utilização consentida do capital alheio, como nos casos
de inadimplemento total da obrigação ou de financiamentos em geral. (...) b) Juros moratórios –
Constituem um ressarcimento imputado ao devedor pelo descumprimento parcial da obrigação.
Como regra geral, os juros moratórios são devidos desde a constituição em mora e independem
da alegação e prova do prejuízo suportado (art. 407 do CC)”. (TARTUCE, Flávio. Direito Civil. V.2:
Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil. 12ª ed. Rio de Janeiro. Forense. 2017. p. 281).
Por fim, a cláusula penal, também denominada de multa contratual ou pena convencional, é aquela
pactuada pelas partes no caso de violação da obrigação, disciplinada a partir do artigo 408 do CC.
Fixadas premissas, dispõe a Súmula 472 do Tribunal da Cidadania: “A cobrança de comissão de
permanência, cujo valor não pode ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios
previstos no contrato, exclui a exigibilidade dos juros remuneratórios, moratórios e da multa

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contratual”.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 7. Ainda acerca do direito obrigacional, julgue o item:

O devedor obrigado por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito
de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos. Entretanto,
não havendo manifestação nem do devedor, nem do credor, a imputação de pagamento
opera-se pela lei e, existindo capital e juros, o pagamento será imputado primeiramente ao
capital, alcançando posteriormente os juros vencidos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8. Modalidades das obrigações. 8.1. Efeitos das obrigações.

Preconiza o artigo 352 do Código Civil: “A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma
natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem
líquidos e vencidos”. Da leitura do dispositivo legal conseguimos extrair os elementos cumulativos
identificadores da imputação do pagamento: a) igualdade de sujeitos (credor e devedor); b) liquidez
e vencimento de dívidas da mesma natureza e, c) capital insuficiente para pagamento de todas.

Não havendo discordância do credor em receber parcialmente o pagamento, caberá ao devedor


a escolha do débito que pretende extinguir. Caso o devedor seja omisso, transfere-se o direito de
imputar ao credor, tudo consoante o artigo 353 do CC. (Não tendo o devedor declarado em qual
das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas,
não terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido
violência ou dolo). Não havendo manifestação nem do devedor, nem do credor, a imputação de
pagamento opera-se pela lei (artigo 354 do CC) e, existindo capital e juros, o pagamento será
imputado primeiramente aos juros vencidos, alcançando posteriormente o capital, salvo
estipulação em contrário ou se o credor passar a quitação por conta do capital.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 8. Analise e julgue o item:

Aquele que exercer, por 2 anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com
exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² cuja propriedade divida com ex-cônjuge
ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família,
adquirir-lhe-á o domínio integral, ainda que seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4.3. Prescrição. (...) 5.1. União estável. 5.1.1. Caracterização, efeitos
alimentícios e sucessórios, dissolução. 5.1.2. Uniões homoafetivas. (...) 7. Direitos reais.
7.1. Posse e propriedade. 7.1.1. Conceito, classificação, aquisição, perda, proteção e
efeitos.

Como vimos na terceira rodada desse curso de reta final, a usucapião é forma originária de aquisição
da propriedade, sendo declaratória (não constitutiva) decisão que a reconhece. A denominada
usucapião por abandono de lar (ou de meação), foi introduzida no ordenamento jurídico pela Lei
12.424/11, possuindo disposição expressa no artigo 1.240-A do CC. A questão apresentada está
equivocada por uma única razão, a prescrição aquisitiva em estudo não poderá ser concretizada
quando o cônjuge/companheiro abandonado possuir outro imóvel urbano ou rural, os demais
requisitos estão em perfeita sintonia com o disposto legal. Vale lembrar, o direito aqui estudado
não será reconhecido ao mesmo possuidor por mais de uma vez. A usucapião por abandono de
lar possui o menor prazo (2 anos) previsto entre as modalidades de usucapião, inclusive de bens
móveis (3 anos – art. 1.260/CC). Por fim, a expulsão/retirada do cônjuge ou companheiro do lar não
pode ser comparada ao abandono, não ensejando usucapião.

Enunciados das Jornadas de Direito Civil:

498. A fluência do prazo de 2 anos previsto pelo art. 1.240-A para a nova modalidade de
usucapião nele contemplada tem início com a entrada em vigor da Lei n. 12.424/2011.

RETIFICAÇÃO 30/05/2017 - PROFESSORA FERNANDA PRUGNER:

595. O requisito “abandono do lar” deve ser interpretado na ótica do instituto da usucapião
familiar como abandono voluntário da posse do imóvel somado à ausência da tutela da
família, não importando em averiguação da culpa pelo fim do casamento ou da união
estável.

499. A aquisição da propriedade na modalidade de usucapião prevista no art. 1.240-


A do Código Civil só pode ocorrer em virtude de implemento de seus pressupostos
anteriormente ao divórcio. O requisito “abandono do lar” deve ser interpretado de maneira
cautelosa, mediante a verificação de que o afastamento do lar conjugal representa
descumprimento simultâneo de outros deveres conjugais, tais como assistência material
e sustento do lar, onerando desigualmente aquele que se manteve na residência familiar
e que se responsabiliza unilateralmente pelas despesas oriundas da manutenção da
família e do próprio imóvel, o que justifica a perda da propriedade e a alteração do
regime de bens quanto ao imóvel objeto de usucapião.

500. A modalidade de usucapião prevista no art. 1.240-A do Código Civil pressupõe a

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propriedade comum do casal e compreende todas as formas de família ou entidades


familiares, inclusive homoafetivas.

501. As expressões “ex-cônjuge” e “ex-companheiro”, contidas no art. 1.240-A do Código


Civil, correspondem à situação fática da separação, independentemente de divórcio.

Por fim, importante observação realizada por Flávio Tartuce acerca da prescrição e a usucapião
por abandono de lar: “Não correrão os prazos de usucapião entre os cônjuges, na constância da
sociedade conjugal. Atente-se ao fato de que a nova modalidade de usucapião urbana, para
os casos de abandono do lar conjugal (art. 1.240-A do CC), constitui exceção a essa regra.
Entendemos, por equiparação entre as entidades familiares, que a mesma regra vale para os
casos de união estável, não correndo o prazo de usucapião entre companheiros ou conviventes”.
(Direito Civil. V.4: Direito das Coisas. 9ª ed. Rio de Janeiro. Forense. 2017. p. 117. grifamos)

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 9. Julgue o item:

Segundo entendimento do STF, a empresa locadora de veículos responde civil e


subsidiariamente com o locatário, pelos danos por esse causados a terceiros, no uso do
carro locado.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9.4. Locação. (...) 10. Responsabilidade civil.

De acordo com o entendimento estampado na Súmula 492 do Supremo Tribunal Federal: A


empresa locadora de veículos responde civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por
esse causados a terceiros, no uso do carro locado. Sobre o conteúdo sumular, dispõe a doutrina
especializada: “Superada essa questão, talvez os arts. 932, III, 933 e 942 do CC sirvam agora
para justificar a Súmula 492 do STF, pela qual “A empresa locadora de veículos responde, civil
e solidariamente, com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro
alugado”. Na verdade, pode­se dizer que o vínculo de confiança existente entre locadora e locatário
está fundamentado no art. 932, III, do CC. Outro argumento para justificar a súmula seria o princípio
da solidariedade, previsto no art. 7º do CDC. De qualquer forma, há ainda quem não veja a súmula
com bons olhos, pois a solidariedade contratual não se presume, advém de lei ou do contrato (art.
265 do CC)”. (TARTUCE, Flávio. Direito Civil. V.2: Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil.
12ª ed. Rio de Janeiro. Forense. 2017. p. 654).

GABARITO: ERRADO

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QUESTÃO 10. Acerca dos entendimentos sumulares do STJ, julgue o item:

A exigência de acordo entre o credor e o devedor na escolha do agente fiduciário aplica-se


aos contratos vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7.3. Hipoteca. (...) 9.5. Empréstimo. (...) 9.10. Alienação fiduciária.

Como salientado em rodadas pretéritas, mas nunca demais lembrar, merecem especial atenção
as recentes súmulas aprovadas pelo Superior Tribunal de Justiça, pois, certamente, aparecerão
na prova que irão enfrentar em breve. A Súmula 586 do Tribunal da Cidadania, aprovada em
19/02/2016 e publicada em 01/02/2017, dispõe o contrário do apresentado na questão, vejam:
“A exigência de acordo entre o credor e o devedor na escolha do agente fiduciário aplica-se,
exclusivamente, aos contratos não vinculados ao Sistema Financeiro de Habitação – SFH”.

Nesse momento, remeto o aluno à leitura dos comentários da Súmula 586 do STJ realizados pelo
professor Márcio André Lopes Cavalcante, editor do site Dizer o Direito: https://dizerodireitodotnet.
files.wordpress.com/2017/01/sc3bamula-586-stj.pdf

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 11. Acerca dos direitos reais de garantia, julgue o item seguinte:

O ordenamento jurídico nacional admite a utilização do pacto comissório pelo credor


pignoratício ou hipotecário.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Direitos reais. (...) 7.3. Hipoteca. 7.4. Penhor

Flávio Tartuce, citando Orlando Gomes leciona “direito real de garantia é o que confere a pretensão
de obter o pagamento da dívida com o valor de bem aplicado exclusivamente à sua satisfação. Sua
função é garantir ao credor o recebimento da dívida, por estar vinculado determinado bem
ao seu pagamento”. (Direito Civil. V.4: Direito das Coisas. 9ª ed. Rio de Janeiro. Forense. 2017.
p. 295. grifamos). Para relembrar, os direitos reais de garantia são identificados como penhor,
hipoteca e anticrese, possuindo natureza acessória, aplicando-se o princípio da gravitação jurídica
(o acessório segue a sorte do principal). Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca,
o bem dado em garantia fica sujeito por vínculo real, ao cumprimento da obrigação (art. 1.419 do
CC).

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Nesse momento, importante um recorte, “não se pode esquecer que os direitos reais de garantia
não se confundem com as garantias pessoais ou fidejussórias, eis que no primeiro caso um bem
garante a dívida por vínculo real e efeitos erga omnes (art. 1.419 do CC/2002); enquanto que no
último a dívida é garantida por uma pessoa, presentes efeitos inter partes (exemplo: fiança)”. (op.
Cit., p. 295)

O pacto comissório (ou cláusula compromissória) consiste na possibilidade de o credor


pignoratício, anticrético ou hipotecário apropriar-se imediatamente do bem dado em garantia (sem
levá-lo à execução), nos casos de descumprimento da obrigação principal, o que é vedado pelo
ordenamento jurídico nacional, em observância ao devido processo legal, proteção da parte
mais vulnerável, etc. Estabelece o artigo 1.428 do CC: “É nula a cláusula que autoriza o credor
pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for
paga no vencimento. Parágrafo único. Após o vencimento, poderá o devedor dar a coisa em
pagamento da dívida”. Trata-se de nulidade absoluta, por força do artigo 166, VII, do CC.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 12. De acordo com o entendimento do STJ, julgue o item:

É presumida a necessidade de percepção de alimentos do portador de doença mental


incapacitante, devendo ser suprida nos mesmos moldes dos alimentos prestados em razão
do Poder Familiar, independentemente da maioridade civil do alimentado.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6. Relações de parentesco. (...) 6.3. Alimentos: pressupostos.

A discussão levada ao Tribunal da Cidadania, cingia-se na possibilidade ou não de exoneração


do alimentante diante do advento da maioridade civil do alimentado, portador de doença mental
crônica incapacitante e recebedor do Benefício de Prestação Continuada (BPC), garantido pela Lei
Orgânica de Assistência Social (LOAS - Lei 8.742/93). Vejam o que restou decidido: (...) convém
destacar que a obrigação alimentar relativa a filho maior, porém incapaz, embora migre,
tecnicamente, dos alimentos devidos em face do Poder Familiar para alimentos devidos por
vínculo de parentesco, não importa em significativa alteração quanto à abrangência desses
alimentos. Essa assertiva decorre, entre outras regulações, do quanto preconizado no art. 8º da Lei
n. 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), que fixa a obrigação da família de assegurar
à pessoa com deficiência que não possa prover o próprio sustento, a efetivação de toda a gama
de direitos relativos a seu bem-estar pessoal, social e econômico. Sob esse foco é de se ver que
o julgador, diante do pedido formulado por um possível alimentado, não se volta inicialmente
para a capacidade do alimentante, mas procura encontrar, diante da análise dos elementos

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que dispõe e do que vislumbra ser as necessidades do alimentado, o ideal dos alimentos ad
necessitatem. Exsurge, da visão conceitual do processo de fixação dos alimentos, que possível
aumento na renda do alimentado somente importará em redução, ou exoneração dos alimentos,
se ela suprir o ideal de necessidade daquele alimentado. (...) Nesse contexto, o Benefício de
Prestação Continuada recebido pelo alimentado, que equivale a um salário mínimo, por óbvio
lhe agregou significativa qualidade de vida, mormente por se considerar a situação de penúria
absoluta que deveria existir antes da sua percepção. Mas como se observa do cotidiano de famílias
nas quais um dos membros é acometido de doença mental incapacitante, esse valor é ínfimo se
comparado às efetivas necessidades dessa pessoa. E essa verdade se perpetua, mesmo que
a esse benefício sejam acrescidos alimentos correspondentes a 30% do salário mínimo. É dizer:
mesmo com a soma do benefício assistencial e a pensão alimentícia, os valores carreados
para a manutenção do alimentado, ficarão bem aquém de suas reais necessidades”. (REsp
1.642.323-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 28/3/2017, DJe 30/3/2017.
grifamos).

Súmula 358/STJ: O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade


está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 13. Acerca do Direito Obrigacional, julgue o item:

De acordo com o ordenamento jurídico nacional, a regra do lugar do pagamento da obrigação


é o domicilio do credor, salvo se as partes convencionarem diversamente ou se o contrário
resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8. Modalidades das obrigações. 8.1. Efeitos das obrigações.

Constitui regra geral do ordenamento jurídico, o pagamento da obrigação no domicílio do devedor


(obrigação quesível/quérable), salvo se as partes convencionarem diversamente ou se o contrário
resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias (artigo 327 do CC). Por sua vez,
se for estipulado que o pagamento será efetuado no domicílio do credor, estaremos diante de uma
obrigação portável/portable.

Acerca do tema, leciona Flávio Tartuce: “a) Obrigação quesível ou quérable – situação em que
o pagamento deverá ocorrer no domicílio do devedor. De acordo com a lei, há uma presunção
relativa de que o pagamento é quesível, uma vez que o sujeito passivo deve ser procurado pelo
credor em seu domicílio para efetuar o pagamento, salvo se o instrumento negocial, a natureza da
obrigação ou a lei impuserem regra em contrário (art. 327, caput, do CC). Assim, “a Lei adjetiva civil,

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em seu artigo 327, encerra uma presunção (legal). Não havendo contratação específica quanto ao
local do cumprimento da obrigação, esta será considerada quesível, ou seja, o credor, quando
do vencimento, deve dirigir-se até o domicílio do devedor para receber o pagamento que lhe é
devido.(...) b) Obrigação portável ou portable – é a situação em que se estipula, por força do
instrumento negocial ou pela natureza da obrigação, que o local do cumprimento da obrigação
será o domicílio do credor. Eventualmente, também recebe essa denominação a obrigação cujo
pagamento deva ocorrer no domicílio de terceiro. Em casos tais, o sujeito passivo obrigacional
deve levar e oferecer o pagamento a esses locais. (Direito Civil. V.2: Direito das Obrigações e
Responsabilidade Civil. 12ª ed. Rio de Janeiro. Forense. 2017. p. 186/187. grifamos)

Por fim, de acordo com o parágrafo único do artigo 327 do Código Civil, designados dois ou mais
lugares para pagamento, caberá ao credor escolher entre eles.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 14. De acordo com o posicionamento do STJ, julgue o item:

Recairá sobre o promitente vendedor a responsabilidade pelas despesas de condomínio


caso o compromisso de compra e venda não tenha registro.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7.1.2. Condomínio. (...) 9. Contratos: generalidades, elementos e efeitos


dos contratos. (...) 9.2. Compra e venda.

O Tribunal da Cidadania, em julgamento pelo rito dos recursos repetitivos (Tema 886), fixou a seguinte
tese: “Havendo compromisso de compra e venda não levado a registro, a responsabilidade pelas
despesas de condomínio pode recair tanto sobre o promitente vendedor quanto sobre o
promissário comprador, dependendo das circunstâncias do caso concreto”.

O que define a responsabilidade pelo pagamento das obrigações condominiais não é o registro do
compromisso de compra e venda, mas a relação jurídica material com o imóvel, representada
pela imissão na posse pelo promissário comprador e pela ciência inequívoca do condomínio
acerca da transação. Em outras palavras, se restar comprovado que o promissário comprador
se imitira na posse e o condomínio teve ciência inequívoca da transação, afasta-se a legitimidade
passiva do promitente vendedor para responder por despesas condominiais relativas a período em
que a posse foi exercida pelo promissário comprador.

GABARITO: ERRADO

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QUESTÃO 15. Analise e julgue o item:

Em decisão recente firmada pelo Tribunal da Cidadania, é possível a alteração do sexo


constante no registro civil de transexual que comprove judicialmente a mudança de gênero,
independentemente da realização de cirurgia de adequação social.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Pessoas naturais e jurídicas. 2.1. Capacidade, domicílio e registro.

A questão apresentada está correta e em consonância com o noticiário do STJ, datado de


09/05/2017. Importante ressaltar, a averbação deve ser realizada no assentamento de nascimento
original com a indicação da determinação judicial, proibida a inclusão, ainda que sigilosa, da
expressão “transexual”, do sexo biológico ou dos motivos das modificações registrais. O
direito dos transexuais à retificação do registro não pode ser condicionado à realização de cirurgia,
que pode inclusive ser inviável do ponto de vista financeiro ou por impedimento médico.

Nas palavras do ministro relator Luis Felipe Salomão, “(...) as pessoas caracterizadas como
transexuais, via de regra, não aceitam o seu gênero, vivendo em desconexão psíquico-emocional
com o seu sexo biológico e, de um modo geral, buscando formas de adequação a seu sexo
psicológico. (...) apesar da existência de princípios como a imutabilidade do nome, dispositivos
legais como a Lei de Registros Públicos preveem a possibilidade de alteração do nome que
cause situação vexatória ou de degradação social, a exemplo das denominações que destoem
da aparência física do indivíduo. (...) a simples modificação de nome não seria suficiente para a
concretização do princípio da dignidade da pessoa humana. (...) também seriam violados o direito
à identidade, o direito à não discriminação e o direito fundamental à felicidade. Se a mudança do
prenome configura alteração de gênero (masculino para feminino ou vice-versa), a manutenção
do sexo constante do registro civil preservará a incongruência entre os dados assentados e a
identidade de gênero da pessoa, a qual continuará suscetível a toda sorte de constrangimentos
na vida civil, configurando-se, a meu juízo, flagrante atentado a direito existencial inerente à
personalidade, ressaltou o relator”.

GABARITO: CERTO

DIREITO EMPRESARIAL GRUPO I

QUESTÃO 16. Acerca dos tipos societários, julgue o item:

A administração da sociedade em nome coletivo compete exclusivamente a sócios.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Sociedade de fato e de direito. 3. A responsabilidade dos sócios. 4.


A personalidade jurídica.

A sociedade em nome coletivo possui personalidade jurídica e está prevista a partir do artigo 1.039
do CC. Para rememorar, apenas a sociedade em comum e a sociedade em conta de participação
não são personificadas, conforme apresentado na primeira rodada desse curso de reta final. Fecha
parênteses, na sociedade em nome coletivo apenas pessoas físicas podem fazer parte dela,
respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais, eis
suas principais características. Em outras palavras, a sociedade em nome coletivo não admite
sócio pessoa jurídica e, esgotado o patrimônio da sociedade, seus credores poderão executar
o restante das dívidas sociais no patrimônio pessoal dos sócios. Importante frisar, sem prejuízo
da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato constitutivo, ou por unânime
convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada um (artigo 1.039, parágrafo
único, do CC). Por fim, em consonância com o enunciado, a administração da sociedade em
nome coletivo compete exclusivamente a sócios, sendo o uso da firma, nos limites do contrato,
privativo dos que tenham os necessários poderes (artigo 1.042 do CC).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 17. Julgue o item:

Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os


comanditários, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações
sociais e os comanditados, obrigados somente pelo valor de sua quota.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Sociedade de fato e de direito. 3. A responsabilidade dos sócios. 4.


A personalidade jurídica.

Realmente, a sociedade em comandita simples possui duas espécies de sócios: os comanditados


e os comanditários. A questão está errada por trocar a responsabilidade desses sócios. Os sócios
comanditados, apenas pessoas físicas, respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais,
competindo à administração da sociedade e o nome da firma social. Por outro vértice, como observa
André Luiz Santa Cruz Ramos, “A obrigação precípua do sócio comanditário, tal como ocorria
nas commendas, é tão somente contribuir para a formação do capital social, contribuição esta que
pode ser feita em dinheiro ou bens – mas não em serviços, como temos enfatizado no estudo das
sociedades empresárias. Sua responsabilidade restringe-se a tanto, ou seja, uma vez efetivada a

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contribuição a que se comprometeu no contrato social, cumpriu sua obrigação social, não podendo
os credores, em princípio, nada mais exigir dele, em função da limitação de responsabilidade que a
lei lhe assegura.” (Direito Empresarial Esquematizado. 4ª ed. Rio de Janeiro. Método. 2014). Vale
lembrar, o contrato da sociedade em comandita simples deve discriminar os comanditados e os
comanditários.

Para não restar dúvida, importante leitura atenta do artigo 1.045 do CC: “Na sociedade em
comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados, pessoas físicas,
responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados
somente pelo valor de sua quota”. Importante ressaltar ainda, sem prejuízo da faculdade de
participar das deliberações da sociedade e de lhe fiscalizar as operações, não pode o comanditário
praticar qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma social, sob pena de ficar sujeito às
responsabilidades de sócio comanditado (artigo 1.047 do CC).

(Quadro retirado da obra de André Luiz Santa Cruz Ramos. Direito Empresarial Esquematizado. 4ª
ed. Rio de Janeiro. Método. 2014)

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 18. Acerca da falência sobre os sócios, julgue o item:

Ao contrário dos sócios ilimitadamente responsáveis, os sócios de responsabilidade


limitada, em princípio, não se sujeitam aos efeitos da falência. Todavia, caberá ao juízo da
falência apurar eventual responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada,
controladores e administradores da sociedade falida, independentemente da realização do
ativo e da prova da sua insuficiência para cobrir o passivo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6.1. Efeitos da falência sobre os sócios.

Na quarta rodada desse curso de reta final, estudamos os efeitos da falência nos sócios ilimitadamente
responsáveis, nessa rodada iremos verificar seus efeitos nos sócios de responsabilidade limitada.
Acerca do tema, leciona a doutrina especializada: “Em se tratando, em contrapartida, de sociedade

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em que os sócios respondem de forma limitada, eles em princípio não se submetem aos
efeitos da falência, uma vez que quem faliu foi a sociedade, pessoa jurídica com existência e
patrimônio distintos da pessoa dos sócios. ” (RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial
Esquematizado. 4ª ed. Rio de Janeiro. Método. 2014. grifamos). Entretanto, eventualmente,
poderá ser apurada responsabilidade pessoal, conforme dispõe o artigo 82 da Lei 11.101/05, “A
responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada, dos controladores e dos
administradores da sociedade falida, estabelecida nas respectivas leis, será apurada no próprio
juízo da falência, independentemente da realização do ativo e da prova da sua insuficiência para
cobrir o passivo, observado o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil”. Essa
ação para responsabilizar pessoalmente os sócios prescreve em dois anos, contados do trânsito
em julgado da sentença de encerramento da falência (artigo 82, § 1º, da Lei 11.101/05).

Enunciado 48 da I Jornada de Direito Comercial: A apuração da responsabilidade pessoal


dos sócios, controladores e administradores feita independentemente da realização do
ativo e da prova da sua insuficiência para cobrir o passivo, prevista no art. 82 da Lei n.
11.101/2005, não se refere aos casos de desconsideração da personalidade jurídica.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 19. Acerca das sociedades simples, julgue o item:

Na sociedade simples, a cessão total ou parcial de quota, com o consentimento dos demais
sócios, porém sem a correspondente modificação do contrato social, não terá eficácia
quanto a estes e à sociedade. Até um ano depois de averbada a modificação do contrato,
responde o cedente subsidiariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros,
pelas obrigações que tinha como sócio.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Sociedade de fato e de direito. 3. A responsabilidade dos sócios.

“A sociedade simples pura é uma sociedade de pessoas, ou seja, existe uma forte affectio societatis
entre os sócios e o vínculo contratual formado entre eles é intuitu personae, razão pela qual a
entrada de estranhos no quadro societário dependerá sempre da anuência dos demais”. (RAMOS,
André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. 4ª ed. Rio de Janeiro. Método. 2014).
De acordo com o disposto no artigo 1.002 do CC, o sócio não pode ser substituído no exercício
de suas funções, sem o consentimento dos demais sócios, expresso em modificação do
contrato social.

Adentrando na questão, a cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente modificação


do contrato social com o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a estes e à

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sociedade (artigo 1.003, caput, do CC). Todavia, o sócio retirante/cedente não fica automaticamente
exonerado de eventuais obrigações, respondendo até 02 (dois) anos, depois de averbada a
modificação do contrato, de forma solidária com o cessionário, perante a sociedade e terceiros,
pelas obrigações que tinha como sócio (artigo 1.003, parágrafo único do CC). Como visto, o
equívoco do enunciado está no prazo e na forma da responsabilidade do sócio cedente.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 20. Analise e julgue o item:

O registro do empresário rural e a sociedade rural na Junta Comercial é facultativo e de


natureza constitutiva, sujeitando-se ao regime empresarial.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1. O empresário.

Estudamos na primeira rodada desse curso de reta final, que a inscrição do empresário na Junta
Comercial, antes de iniciar sua atividade, é obrigação legal imposta pelo artigo 967 do CC, sendo um
requisito delineador de sua regularidade e não de sua caracterização, admitindo-se o exercício da
empresa sem essa providência. Por sua vez, a lei assegura um tratamento favorecido, diferenciado
e simplificado ao empresário rural no tocante à inscrição e aos efeitos daí decorrentes (artigo
970 do CC). Para aqueles que exercem atividade econômica rural, a codificação civil concedeu
a faculdade de se registrar ou não perante a Junta Comercial. Vejamos o disposto no artigo 971
do CC: “O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as
formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de
Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para
todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro”. Dessa maneira, o registro na Junta Comercial
do exercente de atividade rural possui natureza constitutiva e não declaratória.

Enunciado 202 da II Jornada de Direito Civil: O registro do empresário rural e a


sociedade rural na Junta Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-
se ao regime empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural
que não exerce tal opção.

GABARITO: CERTO

DIREITO DO CONSUMIDOR GRUPO I

QUESTÃO 21. Julgue o item de acordo com o entendimento do STJ:

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A ação de indenização por danos morais decorrente da inscrição indevida em cadastro de


inadimplentes sujeita-se ao prazo prescricional de 5 anos, previsto no artigo 27 do CDC.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. O Código de Defesa do Consumidor.

O artigo 27 do CDC estabelece o prazo prescricional de 5 anos a pretensão à reparação pelos danos
causados por fato do produto ou do serviço. Segundo o Tribunal da Cidadania, não é aplicável o
prazo prescricional quinquenal do CDC na hipótese de ação de indenização por danos morais
decorrente da inscrição indevida de nome em órgão de restrição ao crédito, vez tratar-se de um
vício de adequação/prestação do serviço realizado, aplicando-se o prazo de três anos estampado
no artigo 206, § 3º, do CC, não sendo caso de reparação de danos causados por fato do produto
ou serviço. Nas palavras do STJ: “A ação de indenização por danos morais decorrente da inscrição
indevida em cadastro de inadimplentes não se sujeita ao prazo quinquenal do art. 27 do CDC, mas
ao prazo de 3 (três) anos, conforme previsto no art. 206, §3º, V do CC/2002”. (Jurisprudência em
Teses. Edição 74: Direito do Consumidor III)

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. OFENSA AO


ART. 535 DO CPC/73. NÃO OCORRÊNCIA. EXECUÇÃO DAS ASTREINTES. AUSÊNCIA
DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS Nº 211/STJ E Nº 282/STF. CADASTRO DE
INADIMPLENTES. INSCRIÇÃO INDEVIDA. PRESCRIÇÃO TRIENAL. ART. 206, §3º,
V, DO CÓDIGO CIVIL. SÚMULA Nº 83/STJ. DECISÃO MANTIDA. 1. Não há afronta ao
art. 535 do CPC/73 quando o Tribunal de origem manifesta-se suficientemente sobre
a questão controvertida, apenas adotando fundamento diverso daquele perquirido
pela parte. 2. A ausência de prequestionamento, mesmo implícito, impede a análise
da matéria na via especial. Súmulas nº 211/STJ e nº 282/STF 3. É de 3 anos o prazo
prescricional para discutir eventuais danos morais por negativação indevida de
nome em cadastro de inadimplentes, nos termos do art. 206, § 3º, V, do CC. Súmula
nº 83/STJ. 4. Agravo interno não provido. (AgInt no REsp 1294478/RS. Ministro Luis
Felipe Salomão. T4. Data do julgamento 20/04/2017. DJe 03/05/2017. grifamos)

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 22. Julgue o item:

Incumbe ao credor a exclusão do registro da dívida em nome do devedor no cadastro de


inadimplentes no prazo de cinco dias úteis, a partir do integral e efetivo pagamento do débito.
Por sua vez, após a quitação da dívida, incumbe ao devedor providenciar o cancelamento do
protesto, salvo inequívoca pactuação em sentido contrário.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. O Código de Defesa do Consumidor.

A primeira parte da questão é reprodução literal da Súmula 548 do STJ, cumprindo ao credor
(cuidado para não confundir!), após a quitação da dívida, providenciar o cancelamento da anotação
negativa do nome do devedor em cadastro de proteção ao crédito, utilizando, por analogia, o prazo
de cinco dias úteis previsto do artigo 43, § 3º, da codificação consumerista.

Por outra banda e, consoante entendimento firmado pelo STJ em julgamento pelo rito dos recursos
repetitivos (REsp 1.339.436-SP. Julgado em 10/09/2014), após a quitação da dívida, incumbe
ao devedor providenciar o cancelamento do protesto, salvo pactuação em sentido contrário,
aplicando-se lei específica acerca do protesto (Lei 9.492/97), vejamos: “No regime próprio da
Lei 9.492/1997, legitimamente protestado o título de crédito ou outro documento de dívida, salvo
inequívoca pactuação em sentido contrário, incumbe ao devedor, após a quitação da dívida,
providenciar o cancelamento do protesto”. Importante ressaltar e, ainda de acordo com o Tribunal
da Cidadania, aplica-se igual entendimento tratando-se de relação de consumo.

(Quadro produzido por Márcio André Lopes Cavalcante, editor do site Dizer o Direito)

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 23. Analise e julgue o item seguinte:

O STJ admite a mitigação da teoria finalista para autorizar a incidência do CDC nas hipóteses
em que a parte, pessoa física ou jurídica, apesar de não ser destinatária final do produto ou
serviço, apresenta-se em situação de vulnerabilidade.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. O Código de Defesa do Consumidor. (...) 2.3. Definição de consumidor


e fornecedor.

Pela literalidade do artigo 2º do CDC, consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatário final. Porém, o que devemos entender como destinatário
final para enquadramento no conceito de consumidor? A doutrina especializada costuma apresentar

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algumas teorias acerca do tema. Em apertada síntese, para a Teoria Maximalista ou Objetiva,
consumidor é toda pessoa que adquire produto ou serviço como destinatário final, ou seja, basta
que seja o último da cadeia de consumo. Já para a Teoria Finalista ou Subjetiva, consumidor é
toda pessoa que adquire produto ou serviço como destinatário fático e econômico. “Destinação
final fática – o consumidor é o último da cadeia de consumo, ou seja, depois dele, não há ninguém
na transmissão do produto ou do serviço. Destinação final econômica – o consumidor não utiliza o
produto ou o serviço para o lucro, repasse ou transmissão onerosa”. (TARTUCE, Flávio. NEVES,
Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo. Método. 2017. p.
59. grifamos). Em outras palavras, consumidor é todo aquele que usufrui do produto ou serviço
como destinatário final, não o reinserindo na cadeia produtiva. Essa é a teoria adotada pelo CDC
e, em regra, pelo STJ. Por fim, para a Teoria Finalista Mitigada ou Aprofundada o conceito de
consumidor alcança pessoas físicas e jurídicas que, por conta de sua vulnerabilidade frente ao
fornecedor, necessitam da incidência das normas do CDC, ainda que não sejam destinatárias
finais dos produtos e serviços. Confirmando o enunciado da questão, o STJ admite a mitigação da
teoria finalista para autorizar a incidência do CDC nas hipóteses em que a parte, pessoa física ou
jurídica, apesar de não ser destinatária final do produto ou serviço, apresenta-se em situação de
vulnerabilidade. (Jurisprudência em Teses. Edição 39: Direito do Consumidor I)

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 24. Acerca da cobrança de dívidas do consumidor, julgue o item:

O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor
igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais,
ainda que por engano.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. O código de Defesa do Consumidor. (...) 6. Práticas abusivas.

O artigo 42, parágrafo único, do CDC estabelece que o consumidor cobrado em quantia indevida
tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido
de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável, eis o erro da questão.
Conforme verifica-se, o final do dispositivo legal em tela confere uma brecha ao credor para não
repetir o dobro do cobrado e recebido indevidamente, o erro justificável. Ressalta-se, a comprovação
da justificativa para o engano é ônus do credor. Por fim, como bem observa Rizzato Nunes, “(...)
se for aceito algum engano justificável na cobrança indevida, ainda sim remanesce, obviamente,
o direito de o consumidor repetir o valor singelo, acrescido de correção monetária e juros legais”.
(Comentários ao Código de Defesa do Consumidor, 8. ed. São Paulo. Saraiva. 2015. p. 641.

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grifamos)

É obrigatória a restituição em dobro da cobrança indevida de tarifa de água, esgoto,


energia ou telefonia, salvo na hipótese de erro justificável (art. 42, parágrafo único,
do CDC), que não decorra da existência de dolo, culpa ou má-fé. (Jurisprudência em
Teses. Edição 74: Direito do Consumidor III)

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 25. Julgue o item:

A defesa do consumidor constitui princípio da ordem econômica, expressamente previsto


na Constituição de 1988.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1. A proteção constitucional do consumidor.

De acordo com o artigo 170 da CR/88, “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade
privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII - redução
das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido
para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede
e administração no País. Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer
atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos
previstos em lei”. Importante lembrar ainda, a defesa do consumidor pelo Estado consta do rol dos
direitos e garantias fundamentais da Constituição Federal (artigo 5º, XXXII).

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: THIMOTIE HEEMANN


E-mail: profcei.thimotieheemann@gmail.com

DIREITO AMBIENTAL GRUPO I

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QUESTÃO 26. Segundo o Supremo Tribunal Federal, é constitucional a lei municipal que
proíbe, sob qualquer forma, o emprego de fogo para fins de limpeza e preparo do solo em
determinado município, inclusive para o preparo do plantio e para a colheita de cana-de-
açúcar e de outras culturas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: A matéria “direito ambiental” é novidade no concurso da DPU.

Ao analisar o caso em questão, a Corte Constitucional brasileira entendeu que será necessário
realizar uma ponderação de interesses entre o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado
e a proteção dos trabalhadores canavieiros. Neste caso, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela
inconstitucionalidade de lei municipal que proíbe a queima da cana-de-açúcar. Senão vejamos o
precedente do STF:

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


ESTADUAL. LIMITES DA COMPETÊNCIA MUNICIPAL. LEI MUNICIPAL QUE PROÍBE
A QUEIMA DE PALHA DE CANA-DE-AÇÚCAR E O USO DO FOGO EM ATIVIDADES
AGRÍCOLAS. LEI MUNICIPAL Nº 1.952, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1995, DO MUNICÍPIO
DE PAULÍNIA. RECONHECIDA REPERCUSSÃO GERAL. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO
AOS ARTIGOS 23, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO, Nº 14, 192, § 1º E 193, XX E XXI,
DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO E ARTIGOS 23, VI E VII, 24, VI E
30, I E II DA CRFB. 1. O Município é competente para legislar sobre meio ambiente
com União e Estado, no limite de seu interesse local e desde que tal regramento seja e
harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados (art. 24, VI c/c
30, I e II da CRFB). 2. O Judiciário está inserido na sociedade e, por este motivo, deve
estar atento também aos seus anseios, no sentido de ter em mente o objetivo de saciar
as necessidades, visto que também é um serviço público. 3. In casu, porquanto inegável
conteúdo multidisciplinar da matéria de fundo, envolvendo questões sociais, econômicas
e políticas, não é permitido a esta Corte se furtar de sua análise para o estabelecimento
do alcance de sua decisão. São elas: (i) a relevante diminuição – progressiva e
planejada – da utilização da queima de cana-de-açúcar; (ii) a impossibilidade do manejo
de máquinas diante da existência de áreas cultiváveis acidentadas; (iii) cultivo de cana
em minifúndios; (iv) trabalhadores com baixa escolaridade; (v) e a poluição existente
independentemente da opção escolhida. 4. Em que pese a inevitável mecanização total
no cultivo da cana, é preciso reduzir ao máximo o seu aspecto negativo. Assim, diante
dos valores sopesados, editou-se uma lei estadual que cuida da forma que entende ser
devida a execução da necessidade de sua respectiva população. Tal diploma reflete,
sem dúvida alguma, uma forma de compatibilização desejável pela sociedade, que,
acrescida ao poder concedido diretamente pela Constituição, consolida de sobremaneira

ALUNO: mirlonfernando pág. 59


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seu posicionamento no mundo jurídico estadual como um standard a ser observado


e respeitado pelas demais unidades da federação adstritas ao Estado de São Paulo.
5. Sob a perspectiva estritamente jurídica, é interessante observar o ensinamento
do eminente doutrinador Hely Lopes Meireles, segundo o qual “se caracteriza pela
predominância e não pela exclusividade do interesse para o município, em relação ao
do Estado e da União. Isso porque não há assunto municipal que não seja reflexamente
de interesse estadual e nacional. A diferença é apenas de grau, e não de substância.”
(Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros Editores, 1996. p. 121.) 6. Função
precípua do município, que é atender diretamente o cidadão. Destarte, não é permitida
uma interpretação pelo Supremo Tribunal Federal, na qual não se reconheça o interesse
do município em fazer com que sua população goze de um meio ambiente equilibrado.
7. Entretanto, impossível identificar interesse local que fundamente a permanência da
vigência da lei municipal, pois ambos os diplomas legislativos têm o fito de resolver a
mesma necessidade social, que é a manutenção de um meio ambiente equilibrado no que
tange especificamente a queima da cana-de-açúcar. 8. Distinção entre a proibição contida
na norma questionada e a eliminação progressiva disciplina na legislação estadual, que
gera efeitos totalmente diversos e, caso se opte pela sua constitucionalidade, acarretará
esvaziamento do comando normativo de quem é competente para regular o assunto,
levando ao completo descumprimento do dever deste Supremo Tribunal Federal de
guardar a imperatividade da Constituição. 9. Recurso extraordinário conhecido e provido
para declarar a inconstitucionalidade da Lei Municipal nº 1.952, de 20 de dezembro de
1995, do Município de Paulínia. (RE 586224, Relator(a):  Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno,
julgado em 05/03/2015)”

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 27. A doutrina ambientalista divide o meio ambiente em: meio ambiente do
trabalho, meio ambiente cultural, meio ambiente artificial e meio ambiente natural.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: A matéria “direito ambiental” é novidade no concurso da DPU.

Esta é exatamente a classificação proposta pela doutrina majoritária. Vejamos um quadro sinótico
sobre o tema:

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É o conjunto de fatores que se relacionam às condições do trabalho,


compreendendo as relações entre o trabalhador e o meio físico e psicológico
Meio
em que presta serviços. Não se restringe às relações de caráter empregatício,
ambiente do
pois fundamentado na promoção da salubridade e incolumidade de todo
trabalho
trabalhador, independentemente da atividade, do lugar ou da pessoa que
exerça;

Meio
É também denominado de meio ambiente físico, é o conjunto de recursos
ambiente
naturais bióticos e abióticos
natural

Meio É o construído ou alterado pelo ser humano, composto pelos edifícios urbanos
ambiente (espaços públicos fechados) e pelos equipamentos comunitários (espaços
artificial públicos abertos).

Meio
É o patrimônio histórico, artístico, paisagístico, ecológico, científico e turístico,
ambiente
constituído tanto por bens imateriais, quanto materiais.
cultural

Esta classificação também é reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal em suas decisões. Por
fim, lembro ao aluno que uma parcela minoritária da doutrina também reconhece a existência do
meio ambiente genético.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 28. O direito ambiental brasileiro é regido pelo princípio da participação


comunitária.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: A matéria “direito ambiental” é novidade no concurso da DPU.

O princípio da participação comunitária está inserido no caput do artigo 225 da Constituição


Federal de 1988, além de constar como décimo princípio da Declaração do Rio de 1992. Segundo
este princípio, é dever de toda a sociedade atuar na defesa do meio ambiente. A participação
consubstancia-se: a) no dever jurídico de proteger e preservar o meio ambiente; b) no direito de
opinar sobre as políticas públicas; e c) na utilização dos mecanismos judiciais e administrativos de
controle dos diferentes atos praticados pelo Executivo.

A participação democrática se dá em três segmentos:

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Plebiscito

Medidas legislativas Referendo

Iniciativa popular

Direito de informação

Medidas administrativas Direito de petição

EIA

Ação Popular
Medidas processuais
Ação Civil Pública

Nesse sentido, destaco ainda que, por ser bem de uso comum do povo, a propriedade do meio
ambiente não é exclusiva do Estado, tendo como consequência a necessidade de prestação de
contas por parte dos gestores, como corolário da eficiência e do princípio democrático. Existe
não só uma obrigação moral de defesa do meio ambiente, mas o dever jurídico, em especial para
a sociedade. Um claro exemplo do princípio da participação democrática pode ser visualizado
através do assento dos cidadãos nos conselhos ambientais e da consulta pública para criação de
unidades de conservação, com exceção da estação ecológica e reserva biológica.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 29. Segundo a legislação ambiental brasileira, não há diferença entre os conceitos
de poluição ambiental e degradação ambiental.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: A matéria “direito ambiental” é novidade no concurso da DPU.

A legislação brasileira contempla conceitos jurídicos distintos para a degradação ambiental e para
a poluição. Nesse sentido, considera-se “degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa
das características do meio ambiente” (art. 3º, II, da Lei n. 6.938/81). Esse conceito, de alcance
amplo, implica em reconhecer que a degradação pode ser causada por atividades antrópicas ou
não. Assim, um evento natural, como uma erupção vulcânica, um abalo sísmico etc., pode se
enquadrar como degradação ambiental.

Poluição, por seu turno, é “a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que
direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem
condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d)
afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em

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desacordo com os padrões ambientais estabelecidos” (art. 3º, III, da Lei n. 6.938/81). É preciso
reconhecer que poluição é somente aquela causada por uma atividade antrópica, humana. De
outra forma, não teria sentido a diferenciação legal entre degradação ambiental e poluição.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 30. Segundo a teoria do risco criado, não é possível a alegação de excludentes
de responsabilidade civil ambiental.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: A matéria “direito ambiental” é novidade no concurso da DPU.

No que se refere às teorias adotadas no Direito Ambiental, duas são as principais: (a) teoria do
risco integral e (b) teoria do risco criado.

Para os defensores da teoria do risco criado, é necessário demonstrar que o risco foi criado
pela atividade ou empreendimento. Busca-se a causa adequada, a causa que resultou no dano
ambiental. Na teoria do risco criado, é admitida a ocorrência de excludentes, tais como o caso
fortuito, a força maior e a culpa exclusiva da vítima. Na verdade, essa teoria, com variações, segue
a dinâmica da teoria do risco administrativo, tal como se vê no direito público em geral, em especial
na responsabilidade extracontratual do Estado.

Em contraposição, os partidários da teoria do risco integral defendem, em síntese, que em matéria


ambiental, não há que se falar em excludentes que ilidem a responsabilidade. Significa dizer a
inaplicabilidade das excludentes clássicas do caso fortuito, da força maior e da culpa exclusiva da
vítima. No que se refere ao nexo causal, a simples existência da atividade é equiparada à causa
do dano.

Por fim, lembro ao aluno que prevalece nos tribunais superiores a aplicação da teoria do risco
integral (conforme já estudamos ao longo deste curso de reta final).

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: EDILSON SANTANA


E-mail: profcei.edilsonsantana@gmail.com

DIREITO PROCESSUAL CIVIL GRUPO I

QUESTÃO 31. É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos

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órgãos classistas das carreiras de segurança pública.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5 Procedimento ordinário e sumário.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que o exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou
modalidade, é vedado aos policiais (militares ou civis) e a todos os servidores públicos que atuem
diretamente na área de segurança pública (ARE-654432. Pleno. 2017).

No mesmo julgamento entendeu que, considerando que a categoria dos policiais sofre a restrição de
um direito fundamental (de greve), necessita de instrumento para vocalizar as suas reivindicações
de alguma forma. Sendo assim, entendeu ser obrigatória a participação do Poder Público em
mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do
art. 165 do Código de Processo Civil, que trata de sessões e audiências de conciliação e mediação.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 32. Formalizada a penhora, deverá a parte executada ser imediatamente intimada
para, querendo, oferecer impugnação por meio de embargos, no prazo de quinze dias.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 30 Execução. 30.1 Regras gerais. 30.2 Partes. 30.3 Competência.
30.4 Responsabilidade patrimonial. 30.5 Título executivo judicial e extrajudicial. 30.6
Execução por quantia certa contra devedor solvente e contra devedor insolvente. 30.7
Execução para entrega de coisa. 30.8 Execução de obrigação de fazer e de não fazer.
30.9 Execução contra a Fazenda Pública. 30.10 Embargos à execução.

Formalizada a penhora, deverá a parte executada ser imediatamente intimada na forma do art. 841
do CPC para, querendo, oferecer impugnação à penhora por simples petição nos próprios autos e
no prazo de 15 (quinze) dias, consoante o disposto no art. 917, § 1º, do CPC.

“Art. 841. Formalizada a penhora por qualquer dos meios legais, dela será imediatamente
intimado o executado.

§ 1º A incorreção da penhora ou da avaliação poderá ser impugnada por simples petição,


no prazo de 15 (quinze) dias, contado da ciência do ato”.

Ou seja, a impugnação não ocorre por meio de embargos, como afirma a assertiva, motivo pelo
qual encontra-se errada.

ALUNO: mirlonfernando pág. 64


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GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 33. No caso de condenação em quantia certa o cumprimento definitivo da


sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o
débito, no prazo de 15 dias, acrescido de custas, se houver. Não ocorrendo o pagamento
voluntário do total do débito, este será acrescido de multa de dez por cento e, também,
de honorários de advogado de dez por cento, sendo expedido, desde logo, mandado de
penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação. O pagamento parcial do débito
reduz a multa e os honorários para o percentual de cinco por cento.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 30.6 Execução por quantia certa contra devedor solvente e contra
devedor insolvente.

O cumprimento de sentença pode ser definitivo ou provisório, a depender da existência ou não de


recurso em face da sentença.

“Art. 513. § 1º O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia,


provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do exequente”.

O cumprimento definitivo da sentença que reconhece a exigibilidade da obrigação de pagar quantia


certa é disciplinado pelos artigos 523 e seguintes do CPC.

No caso de condenação em quantia certa ou já fixada em liquidação, o cumprimento definitivo da


sentença far-se-á a requerimento do exequente. O executado terá o prazo de quinze dias para
pagar o débito, acrescido de custas, se houver, nos termos do artigo 523 do CPC. O mesmo se
aplica ao caso de decisão sobre parcela incontroversa.

Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo de quinze dias o débito será acrescido de multa e de
honorários de advogado, ambos no percentual de dez por cento. A multa e os honorários incidirão
também no caso de pagamento parcial, sobre o restante (ou seja, sobre a parcela não paga).

Assim, não há redução do percentual dos valores de multa e honorários em caso de pagamento
parcial. Mesmo neste caso, ainda incidirá o valor de dez por cento, porém, apenas sobre a parte
não paga.

Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo, mandado de
penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação.

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 65


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QUESTÃO 34. No caso de condenação em quantia certa, não ocorrendo o pagamento


voluntário do débito no prazo de quinze dias, este será acrescido de multa de dez por cento
e, também, de honorários de advogado de dez por cento. A multa e os honorários se aplicam
também ao cumprimento provisório da sentença.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 30.6 Execução por quantia certa contra devedor solvente e contra
devedor insolvente. 30.7 Execução para entrega de coisa. 30.8 Execução de obrigação
de fazer e de não fazer.

Conforme vimos na questão anterior, no caso de condenação em quantia certa, não ocorrendo
o pagamento voluntário do débito no prazo de quinze dias, este será acrescido de multa de dez
por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento. A primeira parte da assertiva,
assim, se encontra correta.

Tal multa e honorários se aplicam também ao cumprimento provisório da sentença:

“Art. 520. § 2º. A multa e os honorários a que se refere o § 1º do art. 523 são devidos
no cumprimento provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 35. O cumprimento provisório da sentença de obrigação de pagar quantia


certa, de fazer, de não fazer ou de dar coisa, impugnada por recurso desprovido de efeito
suspensivo, será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 30.6 Execução por quantia certa contra devedor solvente e contra
devedor insolvente. 30.7 Execução para entrega de coisa. 30.8 Execução de obrigação
de fazer e de não fazer.

O cumprimento de sentença pode ser definitivo ou provisório, a depender da existência ou não


de recurso em face da sentença. Havendo recurso desprovido de efeito suspensivo, é possível o
cumprimento provisório, ou seja, mesmo na pendência da decisão recursal.

É o que se conclui da leitura sistemática do Código de Processo Civil.

“Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido


de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo,
sujeitando-se ao seguinte regime: (...)”.

ALUNO: mirlonfernando pág. 66


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O artigo 520 encontra-se dentro do capítulo que trata do cumprimento provisório da obrigação que
reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa. Em seu parágrafo 5º, tal artigo
estabelece que:

“Art. 520. § 5º Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça obrigação de


fazer, de não fazer ou de dar coisa aplica-se, no que couber, o disposto neste Capítulo”.

Sendo assim, “o cumprimento provisório da sentença de (1) obrigação de pagar quantia certa,
(2) de fazer, (3) de não fazer ou de (4) dar coisa, impugnada por recurso desprovido de efeito
suspensivo, será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 36. No procedimento da execução fundada em título extrajudicial os embargos à


execução terão efeito suspensivo, independentemente de o juízo atribuir-lhe tal efeito.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 30.5 Título executivo judicial e extrajudicial. 30.10 Embargos à execução.

Enquanto a execução de título judicial ocorre por meio de cumprimento de sentença, o procedimento
da execução fundada em título extrajudicial é disciplinado pelos artigos 771 e seguintes do CPC:

“Art. 771. Este Livro regula o procedimento da execução fundada em título extrajudicial,
e suas disposições aplicam-se, também, no que couber, aos procedimentos especiais
de execução, aos atos executivos realizados no procedimento de cumprimento de
sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir força
executiva”.

Neste caos, ao inverso do que informa o enunciado, os embargos à execução não terão efeito
suspensivo. O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos
quando verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a execução já
esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes (Art. 919, CPC).

Sendo os embargos recebidos, com efeito suspensivo, a execução será suspensa, no todo ou em
parte (Art. 921, CPC).

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 67


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QUESTÃO 37. Suspensa a execução e ultrapassado o prazo de um ano sem que seja
localizado o executado ou que sejam encontrados bens penhoráveis, sem manifestação do
exequente, inicia-se o prazo de prescrição intercorrente.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 30 Execução.

A inexistência de bens penhoráveis é causa de suspensão da execução, nos termos do CPC:

“Art. 921. Suspende-se a execução:

III - quando o executado não possuir bens penhoráveis”.

Neste caso, o juiz suspenderá a execução pelo prazo de um ano, durante o qual se suspenderá a
prescrição.

Decorrido o prazo máximo de um ano sem que seja localizado o executado ou que sejam encontrados
bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos. Neste mesmo prazo (um ano), não
havendo manifestação do exequente, começa a correr a prescrição intercorrente.

Atingido tal interregno temporal (da prescrição intercorrente*), o juiz deverá determinar a intimação
das partes para que se manifestem no prazo de 15 dias, em observância ao princípio do contraditório
efetivo.

Depois de ouvidas as partes, poderá o juiz, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e


extinguir o processo.

Vale observar que a extinção só produz efeito quando declarada por sentença.

Nesse sentido são os artigos 921, 924, V, e 925 do CPC.

*OBS: a prescrição intercorrente ocorre no mesmo prazo da prescrição do direito material vindicado.
Nesse sentido: “Prescreve a execução no mesmo prazo da prescrição da ação” (Súmula 150/STF).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 38. A situação de abandono do processo difere da inação do exequente no


âmbito do processo de execução, sendo, portanto, para o reconhecimento da prescrição
intercorrente, desnecessária a intimação pessoal do devedor.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 30 Execução.

ALUNO: mirlonfernando pág. 68


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Como vimos na questão anterior, é necessário a intimação das partes antes de o juízo reconhecer
a prescrição intercorrente e extinguir o processo:

“CPC. Art. 921. § 5º O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias,
poderá, de ofício, reconhecer a prescrição de que trata o § 4º e extinguir o processo”.

Situação diversa ocorre quando há inação do exequente, quando não haverá necessidade de
intimação do devedor para o reconhecimento da prescrição intercorrente. O exequente será intimado
tão somente para propiciar-lhe a oportunidade de manifestação acerca de eventual justificativa de
sua própria inércia.

O entendimento era esposado pelo STJ mesmo antes do CPC de 2015. Nesse sentido: STJ. REsp
1522092 / MS. Terceira Turma. DJe 13/10/2015.

Mais recentemente, a Terceira Turma do STJ voltou a afirmar tal inteligência:

“1. Controvérsia acerca da prescrição intercorrente no curso de execução de título


extrajudicial. 2. “Prescreve a execução no mesmo prazo da prescrição da ação” (Súmula
150/STF). (...) 4. Ocorrência de prescrição intercorrente, se o exequente permanecer
inerte por prazo superior ao de prescrição do direito material vindicado. (...) 6. Distinção
entre abandono da causa, fenômeno processual, e prescrição, instituto de direito material.
(...) 8. Desnecessidade de prévia intimação do exequente para dar andamento ao feito.
9. Necessidade apenas de intimação do exequente, concedendo-lhe oportunidade de
demonstrar causas interruptivas ou suspensivas da prescrição. 10. “O contraditório é
princípio que deve ser respeitado em todas as manifestações do Poder Judiciário, que
deve zelar pela sua observância, inclusive nas hipóteses de declaração de ofício da
prescrição intercorrente, devendo o credor ser previamente intimado para opor algum
fato impeditivo à incidência da prescrição” (REsp 1.589.753/PR, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, DJe 31/05/2016). 11. Entendimento em
sintonia com o disposto no novo Código de Processo Civil (art. 921, §§ 4º e 5º, CPC/2015)
(STJ. REsp 1593786 / SC. Terceira Turma. DJe 30/09/2016).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 39. No julgamento dos embargos de declaração, a improcedência possibilita ao


Tribunal majorar os honorários fixados anteriormente.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 25.1 Recursos.

É cabível a fixação de honorários por força do julgamento de recursos:

ALUNO: mirlonfernando pág. 69


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“CPC. Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do


vencedor. § 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento
de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos
interpostos, cumulativamente”.

Neste sentido, mais especificamente com relação aos embargos de declaração:

“Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do


Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Senhor Ministro Luís Roberto Barroso,
na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade, em
negar provimento aos embargos de declaração e, por maioria de votos, em condenar
a parte sucumbente ao pagamento de honorários advocatícios, nos termos do voto do
Relator, vencido, nesse ponto, o Senhor Ministro Marco Aurélio” (RE 929925 Agre/RS,
rel. Min. Luiz Flux, 7.6.2016) .

A decisão foi noticiada no informativo 829 do STF: “Embargos de declaração e condenação em


honorários advocatícios. Após 18 de março de 2016, data do início da vigência do Novo Código de
Processo Civil, é possível condenar a parte sucumbente em honorários advocatícios na hipótese
de o recurso de embargos de declaração não atender os requisitos previstos no art. 1.022 do
referido diploma e tampouco se enquadrar em situações excepcionais que autorizem a concessão
de efeitos infringentes. Com base nessa orientação, a Primeira Turma desproveu os embargos de
declaração e, por maioria, condenou a parte sucumbente ao pagamento de honorários. Afirmou
que a razão de ser da sucumbência recursal seria dissuadir manobras protelatórias. Vencido o
Ministro Marco Aurélio, que afastava a condenação no caso concreto. Pontuava que os embargos
de declaração serviriam para esclarecer ou integrar o julgamento realizado anteriormente. No
entanto, o recurso que motivara os embargos de declaração teria sido interposto sob a regência
do Código pretérito. Portanto, não seria possível condenar a parte sucumbente com base no Novo
Código de Processo Civil. RE 929925 AgR-ED/RS, rel. Min. Luiz Fux, 7.6.2016. (RE-929925)”.

O parágrafo 11 do artigo 85 do CPC possibilita a majoração dos honorários fixados anteriormente


levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal.

“§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando


em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o
caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação
de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites
estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento”.

OBS: não há previsão de majoração dos honorários em razão de embargos de declaração ajuizados
em primeiro grau, prevalecendo que o disposto no §11º se aplica tão somente ao grau recursal, por
expressa disposição de seu texto.

ALUNO: mirlonfernando pág. 70


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GABARITO: CERTO

QUESTÃO 40. A Defensoria Pública possui legitimidade para promover ação civil pública
e todas as espécies de ações capazes de propiciar a adequada tutela dos direitos difusos,
coletivos ou individuais homogêneos quando o resultado da demanda puder beneficiar
grupo de pessoas hipossuficientes.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 44.1 A ação civil pública.

Com o advento da Lei nº 11.448/07 restou alterada a lei que disciplina a Ação Civil Pública (Lei
7.347/85), incluindo-se a Defensoria Pública no rol de legitimados para o exercício da ACP:

“Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: II - a Defensoria
Pública”.

Em 2009, com a alteração promovida pela Lei Complementar nº 132, a Lei Orgânica Nacional da
Defensoria Pública – LONDP (LC 80/1994) passou a expressar, dentre as funções institucionais
da Defensoria Pública, a de “promover ação civil pública e todas as espécies de ações capazes
de propiciar a adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos quando o
resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas hipossuficientes” e a de “promover a mais
ampla defesa dos direitos fundamentais dos necessitados, abrangendo seus direitos individuais,
coletivos, sociais, econômicos, culturais e ambientais, sendo admissíveis todas as espécies de
ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela”, consoante prevê expressamente os
incisos VII e X do artigo 4º da LONDP.

Interessante notar que as previsões constantes na LC 80 vieram, portanto, posteriormente à


alteração da Lei da Ação Civil Pública, com o advento da Lei Complementar nº 132, de 7 de outubro
de 2009, a qual alterou a LONDP.

Posteriormente, a legitimação para atuação coletiva restou constitucionalizada pela a Emenda


Constitucional nº 80 de 2014, que abriu seção específica no texto constitucional (seção IV) para
tratar da Defensoria Pública.

Referida Emenda, promulgada em 04/06/2014, alterou o artigo 134 do texto constitucional para
nele dispor que “A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente,
a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e
extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na
forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal”.

ALUNO: mirlonfernando pág. 71


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No ano seguinte (2015) o Supremo Tribunal Federal julgou a Ação Direita de Inconstitucionalidade
3943. Referida ADI houvera sido ajuizada pela Associação Nacional dos Membros do Ministério
Público em 2007, e contestava o artigo 4º, II, da Lei da ACP, acima transcrito. A ação foi julgada
improcedente, por unanimidade, confirmando-se a constitucionalidade da previsão legal.

GABARITO: CERTO

PROFESSORA: MARIA HELENA ROCHA


E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

DIREITO TRIBUTÁRIO GRUPO I

QUESTÃO 41. O poder de tributar decorre da soberania estatal e tem limites nos princípios
constitucionais que o restringem, os quais são considerados cláusulas pétreas pela
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1. O Estado e o poder de tributar.

De fato, o poder de tributar decorre da soberania estatal, correspondendo a um dever de prestação


por parte dos indivíduos que compõem a sociedade. Trata-se, contudo, de “um poder de direito,
lastreado no consentimento dos cidadãos, destinatários da invasão patrimonial, tendente à
percepção do tributo.” (SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2017,
p. 58). Assim, embora seja dotado de força, o poder de tributar, no Estado de Direito, obedece a
limitações (lembrem, nesse sentido, que uma das reivindicações quando da feitura da Carta Magna
era no taxation without representation, o que demonstra que a construção do Estado de Direito
passou pela construção teórica do Direito Tributário). Essas limitações podem ser em relação às
normas jurídicas de competência tributária ou aos princípios constitucionais tributários, os quais
são garantias do contribuinte contra possíveis exacerbações na tributação.

Nesse sentido, o STF já decidiu que “as imunidades têm o teor de cláusulas pétreas, expressões
de direitos fundamentais, na forma do art. 60, § 4º, da CF/88, tornando controversa a possibilidade
de sua regulamentação através do poder constituinte derivado e/ou ainda mais, pelo legislador
ordinário.” (RE 636941, Rel. Min. Luiz Fux, j. em 13/02/2014).

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 72


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QUESTÃO 42. A Constituição da República reservou algumas matérias tributárias à


disciplina de lei complementar. Entre elas, está o regramento das normas gerais de Direito
Tributário, inclusive em relação à definição de tratamento diferenciado e favorecido para as
microempresas e empresas de pequeno porte.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5. Normas gerais de direito tributário.

É muito importante conhecer o artigo 146 da Constituição, que exige lei complementar para
dispor sobre conflitos de competência entre os entes federativos em matéria tributária, regular
as limitações constitucionais ao poder de tributar (sobre as quais falamos na questão anterior) e
estabelecer normas gerais de Direito Tributário (em relação aos tributos, lembrem, como já falamos
em rodada anterior, que há tributos que também só podem ser criados por lei complementar: IGF,
Empréstimos Compulsórios, Impostos Residuais e Contribuições Sociais Residuais). O teor do
dispositivo é este:

“Art. 146. Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados,


o Distrito Federal e os Municípios;

II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente


sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos


discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo
e contribuintes;

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades


cooperativas.

d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e


para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados
no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195,
I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239.

Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir
um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, observado que:

ALUNO: mirlonfernando pág. 73


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I - será opcional para o contribuinte;

II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado;

III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos


pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção
ou condicionamento;

IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes


federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes.”

Não basta decorar as regras de Direito Tributário. É interessante e importante saber o porquê de
elas existirem. Nesse sentido, Eduardo Sabbag ensina, com propriedade, que “a presença de
normas gerais no ordenamento jurídico tributário, no bojo dos institutos básicos da tributação, visa
conferir à União, diante da notória multiplicidade de municípios e estados brasileiros, a possibilidade
de imprimir uniformidade técnica no plano da instituição de tributos, pelas variadas entidades
políticas.” (SABBAG, Op. Cit., p. 695).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 43. A hipótese de incidência é a descrição abstrata de um fato que, caso ocorra
no mundo concreto, gera o imediato surgimento do crédito tributário.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6. Obrigação Tributária. (...) 6.2. Fato gerador (hipótese de incidência).

O erro da assertiva está em afirmar que a ocorrência do fato gerador faz surgir o crédito
tributário quando, na verdade, o que surge é a obrigação tributária. Nesse sentido, afirma-se
que “a hipótese de incidência é a situação descrita em lei, recortada pelo legislador entre inúmeros
fatos do mundo fenomênico, a qual, uma vez concretizada no fato gerador, enseja o surgimento da
obrigação principal.” (SABBAG, Op. Cit., p. 765).

Não é demais recordar que o fato gerador é o responsável pela definição da natureza jurídica do
tributo, sendo irrelevante a denominação que o legislador confere à exação, como prescreve o
artigo 4º do CTN:

“Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da


respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:

I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;

II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.”

ALUNO: mirlonfernando pág. 74


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Além disso, da leitura do artigo 118 do CTN, infere-se que “podem ser tributados os atos nulos e
os atos ilícitos, prevalecendo o princípio da interpretação objetiva do fato gerador.” (SABBAG, Op.
Cit., p. 766).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 44. João, residente em Campina Grande/PB, comprou, à vista, uma casa, onde vive
com sua família há quinze anos. O imóvel foi adquirido por R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). Em
2014, João decidiu dar entrada em um apartamento, localizado na mesma cidade, que custava
R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) com R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) que tinha investidos,
ficando o restante (R$ 160.000,00) a ser pago de forma parcelada ao proprietário. Ocorre que,
em janeiro de 2015, João conseguiu vender sua casa antiga pelo valor de R$ 120.000,00 (cento
e vinte mil reais), obtendo, portanto, ganho de capital de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), o
qual entregou imediata e integralmente ao proprietário do apartamento, para que fosse abatido
do montante que ainda devia. Nesse caso, de acordo com a jurisprudência do STJ, há isenção
do imposto de renda sobre o referido ganho de capital.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Os tributos da União

A Lei nº 11.196/2005, em seu artigo 39, prevê isenção de imposto de renda para “o ganho auferido
por pessoa física residente no país na venda de imóveis residenciais, desde que o alienante,
no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da celebração do contrato aplique o produto da
venda na aquisição de imóveis residenciais localizados no país.” A Secretaria da Receita Federal
editou Instrução Normativa (IN 599/2005) estabelecendo que essa isenção não se aplicaria ao
caso de venda de imóvel residencial para quitar total ou parcialmente débito remanescente de
aquisição a prazo/prestação de imóvel que o alienante já possuía. O STJ, contudo, considerou
ilegal a restrição contida no referido ato infralegal e decidiu que “a isenção do Imposto de Renda
sobre o ganho de capital nas operações de alienação de imóvel prevista no art. 39, da Lei
11.196/2005 se aplica à hipótese de venda de imóvel residencial com o objetivo de quitar,
total ou parcialmente, débito remanescente de aquisição a prazo ou à prestação de imóvel
residencial já possuído pelo alienante. É ilegal a restrição estabelecida no art. 2º, § 11, I, da
Instrução Normativa-SRF n. 599/2005.” (REsp 1469478/SC, Rel. Min. Herman Benjamin, Rel.
para Acórdão Min. Mauro Campbell Marques, j. em 25/10/2016).

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 75


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QUESTÃO 45. Caso haja dispensa da garantia do juízo para o oferecimento dos embargos
à execução fiscal, o prazo para a oposição da referida defesa será a data da intimação da
decisão que dispensou a apresentação da garantia.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11.1.2 Embargos do executado.

Apesar de fortes vozes doutrinárias em sentido contrário (ex.: Leonardo Carneiro da Cunha, como
vimos na rodada passada), o STJ tem entendimento no sentido de que, nos termos do art. 16, §
1º, da Lei nº 6.830/1980, é necessária a garantia do juízo para o oferecimento dos embargos à
execução fiscal. Não obstante, é possível que o juiz dispense a garantia, em deferência ao acesso
à justiça. Caso isso ocorra, o STJ entende que “o prazo para oferecer embargos à execução
fiscal, nos casos em que a garantia é expressamente dispensada pelo juízo de execução,
deve ter início na data da intimação da decisão que dispensou a apresentação de garantia,
já que é esse o ato que caracteriza a informação aos atores processuais da desnecessidade
da garantia e a aptidão para embargar, não havendo a necessidade de, na intimação da
dispensa de garantia, se informar expressamente o prazo para embargar.” (REsp 1.440.639,
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. em 02/06/2015).

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: CAIO PAIVA


E-mail: profcei.caiopaiva@gmail.com

DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA GRUPO II

Sobre os crimes contra a administração pública, julgue os cinco itens a seguir.

QUESTÃO 46. Pratica o crime de descaminho o policial federal que avisa aos agentes os
horários em que não haverá fiscalização, permitindo que ingressem pela fronteira no Brasil
com produtos trazidos do exterior, sem se sujeitarem ao procedimento alfandegário.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10.7. Crimes contra a Administração Pública.

O enunciado está equivocado. O crime de descaminho está tipificado no art. 334 do Código Penal
e consiste – dentre outras condutas equiparadas – em iludir, no todo ou em parte, o pagamento

ALUNO: mirlonfernando pág. 76


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de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo da mercadoria. Trata-se de
crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa. O crime de descaminho é praticado na
clandestinidade, ou seja, o seu sucesso depende de o agente passar despercebido pela fiscalização
alfandegária. Assim, se o autor do crime de descaminho é auxiliado por um funcionário público –
um policial federal, p. ex. –, pergunta-se: que crime o funcionário público comete? Quem pensou
se tratar de coautoria do crime de descaminho, se equivocou.

Excepcionando a teoria monista – “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade” (art. 29, caput) –, o Código Penal criou
a figura típica autônoma da facilitação de contrabando ou descaminho, punindo com pena de
três a oito anos o funcionário público que facilitar, com infração de dever funcional, a prática de
contrabando ou descaminho (art. 318). Vejamos o exemplo trazido por Leandro Paulsen:

“A facilitação do descaminho pode ocorrer quando o funcionário avisa aos agentes


os horários em que não haverá fiscalização, quando permite que passem ao largo da
fiscalização ou sem sujeitarem-se aos procedimentos normais, de modo que não sejam
flagrados com o produto trazido” (Crimes Federais. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 123).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 47. Não há crime de desobediência quando a inexecução da ordem emanada de


servidor público estiver sujeita à punição administrativa, sem ressalva de sanção penal.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10.7. Crimes contra a Administração Pública.

O crime de desobediência está tipificado no art. 330 do Código Penal, prevendo pena de quinze dias
a seis meses e multa para quem “Desobedecer a ordem legal de funcionário público”. Interpretando
esse dispositivo, o STF assentou o entendimento colocado no enunciado de que “(...) não há crime
de desobediência quando a inexecução da ordem emanada de servidor público estiver sujeita à
punição administrativa, sem ressalva de sanção penal. Hipótese em que o paciente, abordado
por agente de trânsito, se recusou a exibir documentos pessoais e do veículo, conduta prevista
no Código de Trânsito Brasileiro como infração gravíssima, punível com multa e apreensão do
veículo (CTB, artigo 238)” (HC 88.452, 2ª Turma, j. 02.05.2006). O STF também já afastou o crime
de desobediência quando o agente, descumprindo ordem judicial que lhe foi dirigida, se submeteu
ao pagamento de multa diária: “Não se reveste de tipicidade penal – descaracterizando-se, desse
modo, o delito de desobediência (CP, art. 330) – a conduta do agente, que, embora não atendendo
a ordem judicial que lhe foi dirigida, expõe-se, por efeito de tal insubmissão, ao pagamento de multa
diária (“astreinte”) fixada pelo magistrado com a finalidade específica de compelir, legitimamente,

ALUNO: mirlonfernando pág. 77


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o devedor a cumprir o preceito” (HC 86.254, 2ª Turma, j. 25.10.2005). Ainda sobre o crime de
desobediência, o STF decidiu que o descumprimento da transação penal não configura o crime de
desobediência (HC 84.976, 1ª Turma, j. 20.09.2005).

Sugestão de leitura: sobre o crime de desobediência e a Defensoria Pública, recomendo que


leiam o HC 310.901, julgado pelo STJ em 28.06.2016 – principalmente para quem irá prestar o
concurso da DPE/SC.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 48. É atípica a conduta de delegado de polícia federal que utiliza veículo
pertencente à União, do qual tem a posse para o exercício do cargo, para realizar encontros
sexuais com prostituta em motel.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10.7. Crimes contra a Administração Pública.

O enunciado está correto. A conduta narrada no enunciado configuraria o que se denomina de


peculato de uso, considerado atípico pela doutrina e pela jurisprudência. Vejamos a descrição
típica do crime de peculato: “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito
próprio ou alheio” (art. 312). Percebam que a conduta de usar não está abrangida pelos verbos
apropriar e desviar. Enfrentando caso idêntico ao colocado no enunciado – embora referindo-se
a delegado de polícia estadual, e não a delegado federal –, o STF decidiu pela atipicidade da
conduta de peculato de uso (HC 108.433 AgR, 1ª Turma, j. 25.06.2013). Na doutrina: “O peculato
de uso, que se tipificaria pelo uso momentâneo do objeto material do peculato, o qual se encontra
na posse do funcionário em razão do cargo, sem animus domini, e a devolve intacta após sua
utilização, não configura crime” (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Volume
5 – Parte Especial. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 47).

Um fato interessante, aparentemente não enfrentado pelo STF na decisão mencionada: e se o


combustível consumido for pago, na ocasião, pelo Estado? Confira-se, nesse ponto, a lição de
Luiz Régis Prado: “O peculato de uso, que se manifesta pelo uso momentâneo de coisa ínfungível
sem o animus domini, coisa essa que se encontra na posse do funcionário, que a devolve intacta à
administração após sua utilização, não configura o delito em análise, por não encontrar tipicidade na
norma incriminadora. Pode ocorrer, no entanto, o peculato em relação ao combustível consumido,
no caso de o agente se utilizar de uma viatura de determinado órgão público, da qual tem a posse”
(PRADO, Luiz Régis. Curso de Direito Penal Brasileiro – Volume 3 – Parte Especial. 6ª ed. São
Paulo: RT, 2010, p. 395).

ALUNO: mirlonfernando pág. 78


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Desta forma, para que se trate, efetivamente, de peculato de uso, é fundamental que o bem utilizado
seja infungível e não consumível. Atenção: e se o bem utilizado for dinheiro? Tratando-se de bem
fungível e não consumível, o STF já decidiu configurar, sim, crime de peculato (AP 218). Atenção
(2): sendo, porém, um Prefeito o sujeito ativo, o peculato de uso é tipificado no art. 1º, II, do
Decreto-Lei 201/1967: “utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio, de bens, rendas
ou serviços públicos“. Atenção (3): o peculato de uso configura ato de improbidade administrativa
(art. 9º, IV, da Lei 8249/1992).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 49. Pratica os crimes de peculato-desvio e peculato-eletrônico o funcionário


público que insere dados falsos em sistema de informações da Administração Pública com
o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10.7. Crimes contra a Administração Pública.

O enunciado está errado. O caput do art. 312 do Código Penal descreve as condutas do peculato-
apropriação e do peculato-desvio. Já o art. 313-A, ao descrever a conduta de inserir dados falsos
em sistema de informações da Administração Pública, prevê o denominado peculato eletrônico.
Se o agente pratica o desvio mediante a inserção de dados falsos em sistema de informações da
Administração Pública, deverá ser punido somente pelo crime de peculato eletrônico, que também
trabalha – assim como o peculato-desvio – com o dolo de obter vantagem indevida. Nesse sentido,
já decidiu o STJ: “1. O delito de inserção de dados falsos em sistema de informações, descrito
no artigo 313-A do Código Penal, é especial ao crime de peculato delineado no artigo 312 do
Estatuto Repressor. 2. Na hipótese, a vantagem indevida auferida em detrimento da administração
pública (objeto de tutela do crime de peculato) foi alcançada por meio de um especial modo de
agir, consistente na inserção de informações falsas nos sistemas informatizados ou banco de
dados da municipalidade. 3. Tal circunstância evidencia a ocorrência de apenas uma lesão ao
bem jurídico tutelado, sendo imperioso, diante do concurso aparente de normas penais aplicáveis,
o afastamento da condenação referente ao crime de peculato-desvio, já que o delito descrito no
artigo 313-A do Código Penal disciplina, na íntegra, os fatos praticados pelo paciente, remediando-
se, por conseguinte, o bis in idem repudiado pelo ordenamento jurídico pátrio” (HC 213.179, 5ª
Turma, j. 19.04.2012).

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 79


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QUESTÃO 50. Não se exige, para a configuração do crime de concussão, que o agente
esteja na função ou a tenha a assumido, bastando que tenha exigido em razão da condição
de funcionário público, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem indevida.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10.7. Crimes contra a Administração Pública.

Nas questões anteriores, treinamos o conhecimento doutrinário e jurisprudencial. Agora, uma


questão cuja resposta está no conhecimento da lei seca. É muito importante uma leitura atenta
– e reiterada – da parte especial do Código Penal, pois muitas questões da primeira fase
podem ser respondidas com esse conhecimento de base. O enunciado está certo. Para que
o crime de concussão seja configurado, não se exige que o agente esteja na função ou a tenha
assumido, bastando que a conduta seja praticada em razão da condição de funcionário público.
Vejamos o que estabelece o art. 316 do Código Penal:

“Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida”.

GABARITO: CERTO

DIREITO PROCESSUAL PENAL GRUPO II

Sobre o procedimento dos Juizados Especiais Criminais, julgue os cinco itens a seguir.

QUESTÃO 51. O descumprimento dos termos da composição dos danos civis, tratando-se
de infração penal sujeita à ação penal privada ou condicionada à representação, restitui à
vítima o direito de queixa ou de representação.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Procedimento dos Juizados Especiais Criminais.

Na fase preliminar do procedimento do Juizado Especial Criminal (JECrim), o primeiro ato


processual a ser praticado é a audiência preliminar, em que, segundo dispõe o art. 72 da Lei
9.099/95, presente o representante do MP, o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável
civil, acompanhados por seus advogados, o juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição
dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade.
Os efeitos da homologação da composição dos danos civis variam conforme a natureza da ação
penal a que a infração penal se submeter. Vejamos a didática exposição de Renato Brasileiro:

ALUNO: mirlonfernando pág. 80


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“a) ação penal privada: de acordo com o art. 74, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95,
tratando-se de ação penal de iniciativa privada (v.g., dano simples), o acordo homologado
acarreta a renúncia ao direito de queixa, com a consequente extinção da punibilidade,
nos termos do art. 107, IV, do CP. Portanto, se a regra prevista no Código Penal é que
o fato de o ofendido receber a indenização do dano causado pelo crime não implica em
renúncia ao direito de queixa (CP, art. 104, § único), pode-se dizer que a composição
dos danos civis funciona como uma exceção, já que o acordo homologado acarreta a
renúncia ao direito de queixa, por força da norma especial do art. 74, parágrafo único,
da Lei nº 9.099/95. Ademais, por força do princípio da indivisibilidade (CPP, arts. 48 e
49), a renúncia ao direito de queixa decorrente da composição dos danos civis estende-
se a coautores e partícipes do fato delituoso, ainda que eles não estejam presentes à
audiência preliminar;

b) ação penal pública condicionada à representação: o acordo homologado também


acarreta a renúncia ao direito de representação (...). A partir do momento em que o art.
74, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95, aponta que a composição civil dos danos acarreta
a renúncia ao direito de queixa ou representação, é intuitivo que ambas as renúncias
devem ter a mesma consequência jurídica, qual seja, a extinção da punibilidade.

Em ambas as situações – ação penal privada e pública condicionada à representação –, o


não cumprimento do acordo não restitui à vítima o direito de queixa ou de representação.
De fato, extinta a punibilidade, resta ao ofendido apenas a possibilidade de executar o
título executivo judicial obtido com a homologação transitada em julgado.

c) ação penal pública incondicionada: a celebração do acordo não acarretará a


extinção da punibilidade, servindo apenas para antecipar a certeza acerca do valor
da indenização, o que permite, em tese, imediata execução no juízo civil competente.
Portanto, em crimes de ação penal pública incondicionada, a celebração da composição
civil não irá produzir a extinção da punibilidade, sendo possível, assim, o oferecimento
de proposta de transação penal e, em último caso, até mesmo de denúncia. (...)” (Manual
de Processo Penal..., p. 1457).

Atenção, portanto, para o que estabelece o art. 74, § único, da Lei 9.099: “Tratando-se de ação penal
de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado
acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação”. Percebam que a consequência para o
descumprimento da composição dos danos civis é distinta da consequência para o descumprimento
da transação penal: enquanto no primeiro há extinção da punibilidade e se abre a opção de executar
o título no cível, no segundo – segundo o entendimento consolidado na SV 35 –, o MP pode dar
continuidade à persecução penal mediante oferecimento da denúncia.

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 81


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QUESTÃO 52. Considere a situação em que o Ministério Público ofereceu o benefício da


transação penal e o autor do fato aceitou. Submetida a proposta ao juiz, o acordo não
foi homologado sob o argumento de que o autor do fato já havia sido condenado à pena
restritiva de direitos por sentença definitiva. Assim, é correto dizer que o juiz acertou ao agir
desta maneira, cabendo apenas a impetração de habeas corpus contra a sua decisão.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Procedimento dos Juizados Especiais Criminais.

O enunciado possui dois erros. Inicialmente, relembremos que a transação penal pode ser oferecida
para o autor do crime de menor potencial ofensivo, desde que sejam preenchidos os seguintes
requisitos, de acordo com o art. 76, § 2º, da Lei 9.099/95: 1) não ter sido o autor da infração penal
condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; 2) não ter
sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva
ou multa; e 3) não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem
como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.

Duas anotações: (1) encontramos o primeiro equívoco do enunciado no item 1 do dispositivo legal
citado, pois somente a condenação definitiva à pena privativa de liberdade impede a concessão
da transação penal; e (2) o item 2 se refere à pena restritiva de direitos ou multa objeto de anterior
transação penal, e não de condenação transitada em julgado.

O segundo equívoco do enunciado diz respeito ao expediente recursal contra a sentença que não
homologa a transação penal, que não é o HC, e sim a apelação, nos termos do art. 76, § 5º, da Lei
9.099. Nesse sentido, a lição de Renato Brasileiro:

“(...) da decisão homologatória da transação penal caberá apelação. Também caberá


apelação contra a decisão que não homologar o acordo, aplicando-se, subsidiariamente,
o art. 593, II, do CPP, por se tratar de decisão interlocutória mista não terminativa”
(Manual de Processo Penal..., p. 1469).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 53. No procedimento sumaríssimo da Lei 9.099/95, a reação defensiva à peça


acusatória é apresentada antes do recebimento da denúncia ou da queixa e o interrogatório
do acusado é realizado somente ao final da instrução, após a oitiva da vítima e das
testemunhas.

COMENTÁRIO

ALUNO: mirlonfernando pág. 82


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Ponto do edital: 13. Procedimento dos Juizados Especiais Criminais.

O enunciado está correto. Vejamos o que estabelece o art. 81, caput, da Lei 9.099/95: “Aberta a
audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o juiz receberá,
ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de
acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente
aos debates orais e à prolação da sentença”. Assim, diferentemente do que estabelece o CPP
para o procedimento comum, no procedimento sumaríssimo temos efetiva defesa preliminar –
por vir antes do recebimento da peça acusatória –, e não resposta à acusação – que vem após
o recebimento da denúncia ou queixa. E tal como prevê o CPP reformado, a Lei 9.099 também
inseriu o interrogatório ao final da instrução.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 54. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa no âmbito do procedimento


sumaríssimo caberá apelação, que deve ser interposta no prazo de cinco dias, por petição
escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Procedimento dos Juizados Especiais Criminais.

Diversamente do que ocorre no procedimento comum, em que a rejeição da peça acusatória é


desafiada por meio de recurso em sentido estrito (CPP, art. 581, I), no JECrim a rejeição da peça
acusatória é desafiada por meio de apelação. Outra diferença entre o procedimento comum e o
procedimento sumaríssimo no tocante à apelação é que enquanto no primeiro as razões podem
ser apresentadas num momento posterior, após o recebimento do recurso (CPP, art. 600, caput),
no segundo as razões necessariamente devem acompanhar a petição de interposição (Lei 9.099,
art. 82, § 1º). E finalmente, atenção, porque aqui está o erro do enunciado: o prazo para interpor
apelação no JECrim é de 10 dias (art. 82, § 1º), ao passo que no procedimento comum é de
5 dias para interpor e de 8 dias para apresentar as razões.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 55. Compete ao Tribunal Regional Federal ao qual o Juizado Especial Criminal
estiver vinculado a competência para julgar habeas corpus contra decisões da Turma
Recursal, ao passo que compete à Turma Recursal julgar as revisões criminais contra
decisões proferidas pelos Juizados Especiais Criminais.

ALUNO: mirlonfernando pág. 83


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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Procedimento dos Juizados Especiais Criminais.

As duas assertivas do enunciado estão corretas. Vejamos. Inicialmente, quanto à impetração de


habeas corpus, tratando-se de decisão proferida pelo juízo singular do JECrim, a competência para
processá-lo e julgá-lo será da respectiva Turma Recursal. Tratando-se, porém, de HC impetrado
contra decisão da Turma Recursal, o STF anteriormente entendia que “Compete originariamente ao
Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus contra decisão de uma turma recursal de
juizados especiais criminais” (Súmula 690), vindo posteriormente a modificar o seu entendimento
para assentar que “Estando os integrantes das turmas recursais dos juizados especiais submetidos,
nos crimes comuns e nos de responsabilidade, à jurisdição do tribunal de justiça ou do tribunal
regional federal, incumbe a cada qual, conforme o caso, julgar os habeas impetrados contra ato
que tenham praticado” (HC 86.834, Pleno, j. 23.08.2006). No que diz respeito à segunda assertiva,
o STJ já decidiu que “Compete à Turma Recursal Criminal processar e julgar a revisão criminal
em que o réu condenado por praticar o crime previsto no art. 147 do CP (crime de menor potencial
ofensivo) pelo Juizado Especial criminal pugna pela reforma de decisão. Isso se deve ao fato de
que as decisões proferidas pelos Juizados Especiais não ficam submetidas à revisão dos Tribunais
de Justiça, pois a vinculação entre eles é apenas administrativa, e não jurisdicional” (CC 47.718,
3ª Seção, j. 13.08.2008).

GABARITO: CERTO

DIREITO PENAL MILITAR GRUPO II

QUESTÃO 56. Conforme estabelece o Código Penal Militar – e a jurisprudência do Supremo


Tribunal Federal considera válido o dispositivo –, a atenuante da confissão espontânea
somente se aplica quando o acusado admitir a autoria de crime ignorada ou imputada a
outrem, inviabilizando, portanto, o seu reconhecimento na hipótese de prisão em flagrante.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5. Penas; 6. Aplicação da pena.

O enunciado está correto. Prevê o CPM que a atenuante da confissão espontânea somente deve
ser aplicada quando o acusado admitir a autoria de crime ignorada ou imputada a outrem (art. 72,
III, d). O condicionamento da aplicação desta atenuante ao fato de a autoria do crime ser ignorada
ou imputada a outrem também estava presente no Código Penal comum até a reforma da sua
parte geral em 1984, tanto que atualmente se admite – com apoio na jurisprudência, inclusive – o
reconhecimento da atenuante da confissão espontânea ainda quando o réu é preso em flagrante,

ALUNO: mirlonfernando pág. 84


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situação em que a autoria do crime não pode ser considerada ignorada ou imputada a outrem.
Atenção: a DPU com atuação na Justiça Militar da União já impetrou diversos habeas corpus no
STF sustentando o reconhecimento da atenuante da confissão espontânea no Direito Penal Militar
mesmo quando a autoria do crime não for ignorada nem imputada a outrem, não tendo, porém,
alcançado êxito nesses pleitos. O STF tem decidido que “A Reforma Penal de 1984, revelando
a espontaneidade da confissão como requisito à atenuação da pena, não alcança a prevista no
Código Penal Militar, a exigir a demonstração de autoria criminosa ignorada ou imputada a outrem”
(HC 115.189, 1ª Turma, j. 03.05.2016). Vejamos um trecho muito elucidativo do voto do ministro
Marco Aurélio (relator):

“A atenuante da confissão tampouco merece acolhimento, pois, nos termos do artigo


72, inciso III, alínea “d”, do Código Penal Militar, está vinculada à revelação de autoria
criminosa ignorada ou imputada a outrem, reeditada a regra do então artigo 48, inciso
IV, alínea “d”, do Código Penal de 1940. A substituição deste último preceito pelo contido
no atual artigo 65, inciso III, alínea “d”, fruto da Reforma Penal de 1984, a exigir, para a
atenuação, apenas a espontaneidade, não alcança a legislação militar, ante o critério da
especialidade, até porque não afasta a razão de ser da minorante – elucidar a verdade
real”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 57. De acordo com o que prevê o Código Penal miliar, a publicação do acórdão
condenatório recorrível interrompe a prescrição.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Extinção da punibilidade.

O enunciado está errado. Pelo Código Penal comum, tanto a publicação da sentença quanto do
acórdão condenatórios recorríveis interrompe a prescrição (art. 117, IV). Já no Código Penal militar,
somente a sentença condenatória recorrível interrompe a prescrição (art. 125, § 5º, II), não havendo
previsão a respeito do acórdão condenatório recorrível. A jurisprudência do STF já oscilou quanto à
interpretação dessa matéria no Código Penal militar, mas o seu julgado mais recente foi no sentido
de que “O Código Penal Militar, em seu artigo 125, § 5º, estabelece as causas interruptivas da
prescrição e, uma vez que nesse rol não há a previsão do acórdão condenatório recorrível, inviável
cogitar-se em aplicação analógica in malam partem do artigo 117, IV, do Código Penal comum,
sobretudo por força do princípio da especialidade” (ARE 717.440 ED, 1ª Turma, j. 11.11.2014).

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 85


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QUESTÃO 58. Conforme estabelece o Código Penal militar, são reduzidos de metade os
prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos, ou, na
data da sentença, maior de 70 anos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Extinção da punibilidade.

O enunciado está errado, pois reproduz o que estabelece o Código Penal comum (art. 115). Pelo
Código Penal militar, o prazo prescricional é reduzido de metade tanto para o menor de 21 anos
quanto para o maior de 70 anos, verificando-se esse critério de idade – para ambos – ao tempo do
crime.

GABARITO: ERRADO

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR GRUPO II

QUESTÃO 59. O Supremo Tribunal Federal já consolidou a sua jurisprudência no sentido


de aplicar o princípio da especialidade e considerar válida a norma do Código de Processo
Penal Militar que insere o interrogatório como primeiro ato da instrução.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 17.1. Interrogatório.

Prevê o CPPM que “O acusado será qualificado e interrogado num só ato, no lugar, dia e hora
designados pelo juiz, após o recebimento da denúncia; e, se presente à instrução criminal ou
preso, antes de ouvidas as testemunhas” (art. 302). Diversamente do que afirma o enunciado,
o STF, após um longo período de indefinição do seu entendimento, a partir de HC impetrado
pela DPU, resolveu definitivamente essa questão pelo Plenário, assentando que “A norma inscrita
no art. 400 do Código de Processo Penal comum aplica-se, a partir da publicação da ata do
presente julgamento, aos processos penais militares, aos processos penais eleitorais e a todos os
procedimentos penais regidos por legislação especial, incidindo somente naquelas ações penais
cuja instrução não se tenha encerrado” (HC 127.900, Pleno, j. 03.03.2016).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 60. Conforme o entendimento do Supremo Tribunal Federal, o art. 366 do Código
de Processo Penal comum, que impõe a suspensão do processo e do prazo prescricional
quando o acusado, citado por edital, não comparece nem constitui advogado, não se aplica

ALUNO: mirlonfernando pág. 86


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ao processo penal militar.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 16. Citação, intimação e notificação.

O enunciado está correto. Prevê o art. 366 do CPP comum que “Se o acusado, citado por edital,
não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo
prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes
e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do art. 312”. No âmbito do Código de
Processo Penal militar, a citação por edital tem mais força e não resulta na suspensão do processo
nem do prazo prescricional. Instado a se manifestar sobre essa disposição do CPPM, o STF já
decidiu que “Ante norma especial contida no Código de Processo Penal Militar, a revelar que a
citação editalícia possui eficácia e validade, impróprio é evocar o disposto na regra geral, ou seja,
no artigo 366 do Código de Processo Penal” (HC 126.082, 1ª Turma, j. 18.04.2017).

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: THIMOTIE HEEMANN


E-mail: profcei.thimotieheemann@gmail.com

DIREITO ELEITORAL GRUPO II

QUESTÃO 61. Os direitos políticos negativos não se confundem com os direitos políticos
positivos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2 Direitos políticos.

A doutrina especializada no assunto faz uma diferenciação entre os direitos políticos negativos e
os direitos políticos positivos. Os direitos políticos negativos são determinações constitucionais que
importam na privação do direito de participar do processo político e dos órgãos governamentais,
como as contidas nas normas referentes à inelegibilidade, perda ou suspensão dos direitos políticos.
Já os direitos políticos positivos são aqueles consubstanciados em normas que asseguram a
participação do indivíduo no processo político e nos órgãos governamentais. As formas de exercício
da soberania popular são o direito de sufrágio ativo (direito de votar) e passivo (direito de ser
votado), a iniciativa popular, a ação popular e a organização e participação em partidos políticos.

ALUNO: mirlonfernando pág. 87


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Direitos políticos São aqueles consubstanciados em normas que asseguram a participação


positivos do indivíduo no processo político e nos órgãos governamentais.

São determinações constitucionais que importam na privação do direito


Direitos políticos de participar do processo político e dos órgãos governamentais, como as
negativos contidas nas normas referentes à inelegibilidade, perda ou suspensão
dos direitos políticos.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 62. O direito eleitoral brasileiro não admite a teoria dos votos engavetados.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4 Elegibilidade e inelegibilidade.

A Lei nº 12.034/2009 trouxe algumas alterações à Lei das Eleições, introduzindo dispositivos
inéditos, como é o caso do artigo 16-A que consagrou a teoria da “Conta e Risco e Teoria Dos
Votos Engavetados”, aplicada pelo TSE em várias eleições.

Segundo o artigo 16-A da referida lei, “o candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar
todos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e
na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica enquanto estiver sob essa condição, ficando
a validade dos votos a ele atribuídos condicionada ao deferimento de seu registro por instância
superior”. Ainda segundo o parágrafo único do referido artigo, “o cômputo, para o respectivo partido
ou coligação, dos votos atribuídos ao candidato cujo registro esteja sub judice no dia da eleição fica
condicionado ao deferimento do registro do candidato.”

Assim, segundo essa teoria, o candidato em condição sub judice, leia-se, que tenha decisão que
indefere o seu registro, pode prosseguir na campanha eleitoral, sendo apto para fazer propaganda
eleitoral, participar de comícios, debates, ter a garantia de seu nome na urna eletrônica, mas
por sua conta e risco (teoria da conta e risco), ou seja, se no dia da votação ele não tiver o
registro deferido (pelo TSE, em sede, no máximo, de Embargos de Declaração em REspe), seus
votos serão considerados nulos (vulgarmente “engavetados”, razão do nome da “teoria dos votos
engavetados”).

Assim, o candidato que tiver seu registro indeferido poderá recorrer da decisão e prosseguir por
sua conta e risco, enquanto estiver sub judice, em sua campanha e ter seu nome mantido na
urna eletrônica, ficando a validade de seus votos condicionada ao deferimento de seu registro por
instância superior.

ALUNO: mirlonfernando pág. 88


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GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 63. Segundo o Supremo Tribunal Federal, exige-se dois requisitos para a
configuração do crime de desobediência eleitoral, quais sejam: que a ordem descumprida
tenha sido emitida de forma direta e individualizada; e que o agente (réu) tinha ciência da
ordem tida por descumprida.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7 Crimes eleitorais.

Este foi justamente o decido pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal. Segundo os ministros da
referida Turma, exige-se dois requisitos para a configuração do crime de desobediência eleitoral,
quais sejam: que a ordem descumprida tenha sido emitida de forma direta e individualizada; e que
o agente (réu) tinha ciência da ordem tida por descumprida. Vejamos o precedente firmado pela
Corte Constitucional brasileira:

“AÇÃO PENAL. DIPLOMAÇÃO DO ACUSADO COMO DEPUTADO FEDERAL


SUBSEQUENTE AO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. IMPUTAÇÃO DO CRIME
PREVISTO NO ART. 347 DO CÓDIGO ELEITORAL. ATIPICIDADE DA CONDUTA.
INEXISTÊNCIA DE ORDEM DIRETA E INDIVIDUALIZADA AO AGENTE. AUSÊNCIA
DO ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO. PRECEDENTES. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA.
1. A diplomação do acusado subsequente ao recebimento da denúncia pelo juízo de
primeira instância e pendente apreciação de resposta à acusação conduz à análise,
pelo Supremo Tribunal Federal, da possibilidade de incidência do art. 397 do Código
de Processo Penal. Precedentes. 2. Para configuração do crime de desobediência
eleitoral, previsto no art. 347 do Código Eleitoral, é imprescindível que a ordem
tida por descumprida seja direta e individualizada ao agente. Precedentes. 3. A
ausência do elemento subjetivo do tipo, isto é, da vontade livre e consciente do
agente de recusar cumprimento a ordens da Justiça eleitoral, ou opor embaraços
à sua execução, caracteriza atipicidade da conduta. Precedentes. 4. Acolhida
manifestação do Ministério Público para absolver sumariamente o acusado, a teor do art.
397, III, do Código de Processo Penal. (AP 904 QO, Relator(a):  Min. TEORI ZAVASCKI,
Segunda Turma, julgado em 14/04/2015; grifo nosso)”

Para finalizar, transcrevo o artigo 347 do Código Eleitoral, dispositivo que prevê o crime de
desobediência eleitoral: “Recusar alguém cumprimento ou obediência a diligências, ordens ou
instruções da Justiça Eleitoral ou opor embaraços à sua execução: Pena - detenção de três meses
a um ano e pagamento de 10 a 20 dias-multa”.

ALUNO: mirlonfernando pág. 89


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GABARITO: CERTO

QUESTÃO 64. As inelegibilidades podem ser classificadas em absolutas e relativas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2 Direitos políticos. 4 Elegibilidade e inelegibilidade.

A doutrina especializada realmente faz uma diferenciação entre inelegibilidades absolutas e


inelegibilidades relativas.

A inelegibilidade absoluta está relacionada a características pessoais, atingindo todos os cargos


eletivos e não podendo ser afastada por meio da desincompatibilização. Por seu caráter excepcional,
apenas a própria Constituição pode prever tais hipóteses, como o faz em relação aos inalistáveis
(estrangeiros e conscritos) e aos analfabetos (CF, art. 14, § 4.º). Já as inelegibilidades relativas em
razão de cargo eletivo e em razão do parentesco estão relacionadas à chefia do Poder Executivo,
podendo ser afastadas, em certos casos, mediante desincompatibilização (CF, art. 14, §§ 5.º a 7.º).

Por fim, lembro ao aluno que segundo a Lei da Ficha Limpa, a condenação em crimes de ação penal
privada e em crimes de menor potencial ofensivo não possui o condão de gerar inelegibilidade,
conforme o artigo 1º, § 4º, da Lei Complementar 64 de 1990.

Inelegibilidade absoluta Atinge todo e qualquer cargo eletivo.

Atinge apenas certos cargos eletivos em razão de certas


Inelegibilidade relativa
situações.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 65. Segundo o Supremo Tribunal Federal, não comete o crime de desobediência
eleitoral o candidato que recebe ordem para não entrar na repartição pública para pedir
votos e ingressa na mesma para fiscalizar o seu adversário.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7 Crimes eleitorais.

Segundo o entendimento da Corte Constitucional brasileira, não comete desobediência eleitoral o


candidato que, proibido de ingressar em órgãos públicos com o intuito de realizar atos inerentes
à campanha eleitoral, adentra nos prédios da Administração Pública para averiguar se o então
Prefeito, seu adversário, estava praticando ilícitos eleitorais. Vejamos o precedente do Supremo

ALUNO: mirlonfernando pág. 90


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Tribunal Federal sobre o tema:

“Inquérito. Competência originária. Apreciação da admissibilidade da denúncia. 2. Inépcia.


Petição inicial descreve suficientemente a conduta imputada. Preliminar rejeitada. 3.
Desobediência eleitoral (art. 347 da Lei 4.737/65). Ordem judicial de abstenção de
ingresso em prédios públicos com o intuito de realizar “atos inerentes à campanha
eleitoral”. Prova que demonstra o ingresso coletivo de apoiadores da coligação
“Lagarto em Boas Mãos” em prédio público, com o intuito de fiscalizar o trabalho de
servidores públicos, mas sem realizar propaganda eleitoral. Ausência de violação
à ordem judicial. Atipicidade da conduta. 4. Acusação julgada improcedente, na forma
do art. 6º da Lei 8.038/90, combinado com art. 386, III, do CPP. (Inq 3909, Relator(a): 
Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 17/05/2016; grifo nosso)”

Para finalizar, transcrevo o artigo 347 do Código Eleitoral, dispositivo que prevê o crime de
desobediência eleitoral: “Recusar alguém cumprimento ou obediência a diligências, ordens ou
instruções da Justiça Eleitoral ou opor embaraços à sua execução: Pena - detenção de três meses
a um ano e pagamento de 10 a 20 dias-multa”.

GABARITO: CERTO

PROFESSORA: MARIA HELENA ROCHA


E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

DIREITO ADMINISTRATIVO GRUPO III

QUESTÃO 66. João, enquanto estava preso, foi torturado e morto. Sua esposa, Maria,
denunciou diversas vezes as torturas de que era vítima seu marido, tendo sido instaurado
inquérito policial para investigar os fatos. Entretanto, o membro do Ministério Público
decidiu não ajuizar ação penal contra os responsáveis, e o inquérito policial, na sequência,
foi arquivado. Neste caso, se Maria pretender obter indenização do Estado pela tortura e
morte de João, o prazo inicial para a prescrição será a data da morte de João.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 12. Responsabilidade civil do Estado.

Na questão 67 da 2ª Rodada, vimos que a prática de ato de tortura por agente público é considerada
ato de improbidade administrativa, independentemente da responsabilização civil do Estado e do
agente público. Na questão 66 da 3ª Rodada, vimos o entendimento do STF sobre a possibilidade

ALUNO: mirlonfernando pág. 91


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5ª RODADA - 25/05/2017

de indenização em dinheiro ao preso mantido em condições indignas de encarceramento.

A presente assertiva, contudo, diz respeito a decisão do STJ de 2015, referente à hipótese em que,
instaurado inquérito policial para apurar os fatos referentes à possível tortura e morte de preso,
não foi ajuizada a ação penal competente. Nessa hipótese, de acordo com o entendimento do STJ,
o termo inicial da prescrição será a data do arquivamento do inquérito. A ementa da decisão diz
o seguinte: “o termo inicial da prescrição de pretensão indenizatória decorrente de suposta
tortura e morte de preso custodiado pelo Estado, nos casos em que não chegou a ser
ajuizada ação penal para apurar os fatos, é a data do arquivamento do inquérito policial.”
(REsp 1.443.038, Rel. Min. Humberto Martins, j. em 12/02/2015).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 67. A União, em regra, é obrigada a fornecer o extrato detalhado, incluindo a data
e valor das transações efetuadas e CNPJ dos fornecedores de cartão corporativo utilizado
por chefe de escritório da Presidência da República. Essa obrigação decorre, diretamente,
do princípio da eficiência.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Bases constitucionais.

A primeira parte da assertiva está correta e reflete, coerentemente, o decidido pelo STJ no MS
20.895, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. em 12/11/2014, in verbis: “ não fornecimento
pela União do extrato completo - incluindo tipo, data, valor das transações efetuadas e
CNPJ dos fornecedores - do cartão de pagamentos (cartão corporativo) do Governo Federal
utilizado por chefe de Escritório da Presidência da República constitui ilegal violação ao
direito de acesso à informação de interesse coletivo, quando não há evidência de que a
publicidade desses elementos atentaria contra a segurança do Presidente e Vice-Presidente
da República ou de suas famílias.” Essa obrigação, contudo, como frisou o julgado, decorre do
direito de acesso à informação de interesse coletivo, que está ligada aos princípios da publicidade
e da transparência (e não ao da eficiência, como indicou a assertiva). Com base na Lei de Acesso
à Informação, o STJ considerou que as indicações das compras realizadas com cartão corporativo
de forma pública não atentariam, à evidência, contra a segurança do Presidente e Vice-Presidente
da República ou de suas famílias, bem como que o simples fornecimento de planilha com a indicação
dos gastos de maneira genérica “impede a elaboração de análise minimamente conclusiva.”

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 92


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QUESTÃO 68. Apesar de, em regra, o ato administrativo se destinar a complementar as leis,
é possível que ele extraia seu fundamento de validade diretamente da Constituição.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4. Ato administrativo. 4.1. Conceito.

Em regra, os atos administrativos em sentido estrito conceituam-se como “a declaração unilateral


do Estado no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante comandos concretos
complementares da lei (ou, excepcionalmente, da própria Constituição, aí de modo plenamente
vinculado) expedidos a título de lhe dar cumprimento e sujeitos a controle de legitimidade por órgão
jurisdicional.” (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo:
Malheiros, 2010, p. 386-387). De fato, é possível que, excepcionalmente, a própria Constituição
regule de maneira totalmente vinculada determinado comportamento administrativo obrigatório.
Nesses casos, afirma Celso Antônio Bandeira de Mello (Op. Cit., p. 285) que “poderá, então, haver
ato administrativo imediatamente infraconstitucional, pois a ausência de lei, da qual o ato seria
providência jurídica de caráter complementar, não lhe obstará à expedição.”

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 69. Diz-se eficaz o ato administrativo quando foi expedido em observância com
as exigências do ordenamento jurídico.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4.3. Existência, validade e eficácia do ato administrativo.

A afirmativa confunde os conceitos de validade e eficácia do ato administrativo. Para relembrá-


los, construí a tabela abaixo, com os conceitos extraídos, textualmente, do livro de Celso Antônio
Bandeira de Mello (Op. Cit., pp. 387-388):

“O ato administrativo é perfeito quando esgotadas as fases necessárias à


sua produção. Portanto, ato perfeito é o que completou o ciclo necessário à
Perfeição
sua formação. Perfeição, pois, é a situação do ato cujo processo de formação
está concluído.”

“O ato administrativo é válido quando foi expedido em absoluta conformidade


com as exigências do sistema normativo. Vale dizer, quando se encontra
Validade
adequado aos requisitos estabelecidos pela ordem jurídica. Validade, por
isto, é a adequação do ato às exigências normativas.”

ALUNO: mirlonfernando pág. 93


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“O ato administrativo é eficaz quando está disponível para a produção de seus


efeitos próprios; ou seja, quando o desencadear de seus efeitos típicos não
se encontra dependente de qualquer evento posterior, como uma condição
Eficácia
suspensiva, termo inicial ou ato controlador a cargo de outra autoridade.
Eficácia, então, é a situação atual de disponibilidade para produção dos
efeitos típicos, próprios, do ato.”

Portanto, o ato expedido com observância às exigências do ordenamento jurídico é válido, mas
não será, necessariamente, eficaz. Essa diferenciação (inclusive os termos utilizados para cada
plano) precisa ser conhecida de vocês. É ponto expresso do edital.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 70. São privativas de brasileiro nato as carreiras de oficial da Marinha, do Exército
e da Aeronáutica.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5.6.1. Estatuto dos Militares.

O artigo 5º, § 2º, do Estatuto dos Militares estabelece, exatamente, que “são privativas de
brasileiro nato as carreiras de oficial da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.” O dispositivo
está de acordo com o artigo 12, § 3º, especialmente o inciso VI, da Constituição da República, que
estabelece o seguinte:

“Art. 12. (...)

§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V - da carreira diplomática;

VI - de oficial das Forças Armadas.

VII - de Ministro de Estado da Defesa.”

É importante lembrar, como determina o artigo 12, § 2º, da Constituição da República, que “a lei

ALUNO: mirlonfernando pág. 94


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não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos
nesta Constituição.” Percebe-se, portanto, que, na parte referente à assertiva, o Estatuto dos
Militares foi recepcionado pela Constituição, pois é compatível com o dispositivo supratranscrito.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 71. Dois anos após obter sua aposentadoria do emprego público que exercia
junto a uma empresa estatal, João foi contratado temporariamente pelo IBGE, nos termos
do art. 37, IX, da Constituição Federal, para auxiliar em um recenseamento. Nesse caso, é
vedada a acumulação dos proventos de aposentadoria com a remuneração proveniente do
exercício do cargo temporário.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5.2. Direitos e deveres do servidor público.

A assertiva contraria o entendimento firmado pelo STJ no REsp 1.298.503, j. em 07/04/2015,


segundo o qual “é possível a cumulação de proventos de aposentadoria de emprego público
com remuneração proveniente de exercício de cargo temporário”. O art. 118, § 3º, da Lei
8.112/1990 proíbe o recebimento cumulativo de “vencimento de cargo ou emprego público efetivo
com proventos da inatividade”, salvo quando se trata de cargos acumuláveis na atividade. Ocorre que
essa vedação diz respeito apenas à acumulação de proventos de aposentadoria com remuneração
de cargo ou emprego público efetivo, ficando excluída da proibição a função pública exercida em
virtude de contratação temporária. Ademais, como a aposentadoria se deu pelo Regime Geral
de Previdência Social - RGPS, não se aplica o disposto no § 10 do art. 37 da CF, que veda “a
percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142
com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na
forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre
nomeação e exoneração”, pois não se pode dar interpretação extensiva ao dispositivo constitucional
em prejuízo do empregado público aposentado pelo RGPS, nos termos do artigo 201 da CF.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 72. Há bens públicos federais, estaduais, municipais e interfederativos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Bens Públicos: (...) classificação (...)

Com efeito, os bens públicos podem ser classificados, em relação à sua titularidade, como

ALUNO: mirlonfernando pág. 95


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federais, estaduais, municipais ou interfederativos. Estes últimos são aqueles pertencentes


às associações públicas (consórcios públicos de direito público - art. 6º, I e § 1º, da Lei
dos Consórcios Públicos). Os bens federais estão previstos no art. 20 e os estaduais no art. 26
da Constituição (vocês devem saber decorados). Os bens públicos distritais abrangem o rol do
art. 26 e os bens classificados, nos demais entes, como municipais, em virtude da concentração
de funções estaduais e municipais do DF. Em relação aos bens públicos municipais, tem-se que
“apesar de não serem mencionados na Constituição, os bens públicos municipais são aqueles
integrantes do seu patrimônio, tais como as ruas, praças, parques, repartições públicas municipais,
créditos tributários e não tributários municipais, etc. (OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso
de Direito Administrativo. São Paulo: Método, 2017, p. 644). Portanto, a alternativa está correta.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 73. É possível ao Poder Público desistir da ação de desapropriação, desde que
não tenha havido o pagamento integral do preço e seja possível restituir o imóvel nas mesmas
condições em que foi retirado do particular. Caso tenha ocorrido alteração substancial no
imóvel, obstando seu uso nas condições anteriores, o particular terá o ônus da prova desse
fato impeditivo do direito de desistência da desapropriação.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Desapropriação.

O STJ admite que o Poder Público desista da ação de desapropriação a qualquer tempo, mesmo
após o trânsito em julgado, desde que atendidos dois requisitos, quais sejam, 1) não ter havido
o pagamento integral do preço e 2) o imóvel ser devolvido sem alteração substancial que impeça
ser utilizado como antes. Segundo o entendimento da Corte, “se a desapropriação se faz por
utilidade pública ou interesse social, uma vez que o imóvel já não se mostre indispensável para o
atingimento dessas finalidades, deve ser, em regra, possível a desistência da desapropriação, com
a ressalva do direito do atingido à ação de perdas e danos” (REsp 1.368.773, j. em 6/12/2016).
Nesse sentido, caso reste demonstrado que não há condição de o bem ser devolvido no estado
em que recebido ou com danos de pouca monta, não se admitirá a desistência da ação. Como
a existência de danos e a impossibilidade de utilização do bem nas condições anteriores
são fatos impeditivos do direito do Poder Público de desistir da ação, o ônus da prova recai
sobre o particular expropriado, nos termos do art. 373, II, do CPC/15:

“Art. 373. O ônus da prova incumbe: II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor”. Por fim, segundo Rafael Oliveira (Op. cit., p.
628), da desistência da ação exsurgem duas consequências: “a) o Poder Público deve
indenizar o proprietário por meio de ação indenizatória autônoma; e b) a sentença de

ALUNO: mirlonfernando pág. 96


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extinção do processo de desapropriação deve condenar o Poder Público ao pagamento


das despesas processuais e dos honorários advocatícios, na forma do art. 90 do
CPC/2015, correspondente ao art. 26 do CPC/1973”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 74. Não há vedação legal expressa ao tombamento de bem federal por Estado-
membro.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9. Limitações administrativas da propriedade.

Pessoal, na rodada passada fizemos uma questão sobre tombamento voluntário e compulsório.
Nesta, vamos analisar, brevemente, recente decisão do STF (do Ministro Gilmar Mendes,
especificamente) que reconheceu a possibilidade de tombamento de bem da União por lei estadual
(ACO 1208, julgada em 05/05/2017).

Tratava-se de Ação Cível Originária ajuizada pela União, contra ato da Assembleia Legislativa do
Estado de Mato Grosso do Sul (lei estadual) que determinava o tombamento do prédio do Museu
da Força Expedicionária Brasileira em Campo Grande/MS, imóvel de propriedade da União.

A União invocou, para invalidar o ato, o “princípio da hierarquia federalizada”, o qual impede a
desapropriação de bens federais pelos Estados. Ademais, argumentou que o ato de tombamento
seria de competência do Poder Executivo. Apesar de reconhecer a vedação de desapropriação
dos bens federais pelos estados (cf. Decreto-Lei nº 3.365/41), o Ministro Gilmar Mendes
considerou que o Decreto-Lei nº 25/37, referente ao tombamento, não fez restrição
semelhante. Entendeu, ainda, que o tombamento poderia ser feito por ato legislativo de forma
provisória, restando o tombamento permanente ao Poder Executivo. Para ele: “a lei estadual ora
questionada deve ser entendida apenas como declaração de tombamento para fins de preservação
de bens de interesse local, que repercutam na memória histórica, urbanística ou cultural até que
seja finalizado o procedimento subsequente.” Desse modo, o tombamento provisório por ato
legislativo não precisaria ser precedido de notificação prévia da União (o que só seria exigível no
procedimento de tombamento definitivo).

Portanto, o Ministro entendeu que é possível o tombamento por ato legislativo, e que o Estado
pode tombar bem da União.

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 97


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QUESTÃO 75. A autarquia é instituída por lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo, sendo
o início da sua personalidade jurídica coincidente com a vigência do diploma legislativo que
a criou. Do mesmo modo, o detalhamento de toda a estruturação interna da autarquia está
submetido a reserva de lei em sentido estrito.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11. Organização Administrativa.

De acordo com o art. 37, inciso XIX, c/c art. 61, § 1º, inciso II, alíneas “b” e “e” da CF, a criação de
autarquia depende de lei, a qual será de iniciativa do Chefe do Executivo. Portanto, a primeira parte
do enunciado está correta. Além disso, também é correto afirmar que “sua personalidade jurídica
começa com a vigência da lei criadora, não sendo necessária a inscrição dos atos constitutivos no
registro competente.” (OLIVEIRA, Rafael. Op. Cit., p. 93). Entretanto, conforme afirma o referido
autor, “a reserva legal, exigida para a instituição da autarquia, não impede que o detalhamento da
sua estruturação interna seja estabelecido por ato administrativo, normalmente Decreto”.

GABARITO: ERRADO

DIREITO DO TRABALHO GRUPO III

QUESTÃO 76. Se ocorrer culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho, o empregado


fará jus à metade do valor das férias e do décimo terceiro salário proporcionais, mas não do
aviso-prévio.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.4. Rescisão do contrato de trabalho.

A culpa recíproca ocorre quando, ao mesmo tempo, o empregado e o empregador praticam faltas
graves que resultam no fim do contrato de trabalho e deve ser reconhecida pelo juízo trabalhista.
O artigo 484 da CLT prevê a situação nos termos seguintes: “havendo culpa recíproca no ato que
determinou a rescisão do contrato de trabalho, o tribunal do trabalho reduzirá a indenização à que
seria devida em caso de culpa exclusiva do empregador, por metade.” Interpretando o dispositivo,
o TST elaborou o enunciado nº 14 da Súmula de sua jurisprudência, pelo qual “reconhecida a
culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho (art. 484 da CLT), o empregado tem
direito a 50% (cinquenta por cento) do valor do aviso-prévio, do décimo terceiro salário e
das férias proporcionais.” Assim, incorreta a alternativa, por excluir a metade do aviso prévio das
verbas devidas nessa modalidade de resolução do contrato de trabalho.

ALUNO: mirlonfernando pág. 98


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GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 77. A submissão a maus tratos de idoso sob os cuidados indiretos do empregado
doméstico é considerada pela lei justa causa para o término da relação de emprego.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.5. A justa causa, seus efeitos e repercussões.

Mais uma vez, LC 150/2015! O artigo 27 prevê, expressamente, que a submissão a maus tratos de
idoso, enfermo, pessoa com deficiência ou criança sob cuidado direto ou indireto do empregado
doméstico é considerada justa causa. Peço licença a vocês para transcrever todo o dispositivo, que
considero importante:

“Art. 27. Considera-se justa causa para os efeitos desta Lei:

I - submissão a maus tratos de idoso, de enfermo, de pessoa com deficiência ou


de criança sob cuidado direto ou indireto do empregado;

II - prática de ato de improbidade;

III - incontinência de conduta ou mau procedimento;

IV - condenação criminal do empregado transitada em julgado, caso não tenha havido


suspensão da execução da pena;

V - desídia no desempenho das respectivas funções;

VI - embriaguez habitual ou em serviço;

VII - (VETADO);

VIII - ato de indisciplina ou de insubordinação;

IX - abandono de emprego, assim considerada a ausência injustificada ao serviço por,


pelo menos, 30 (trinta) dias corridos;

X - ato lesivo à honra ou à boa fama ou ofensas físicas praticadas em serviço contra
qualquer pessoa, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;

XI - ato lesivo à honra ou à boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador
doméstico ou sua família, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;

XII - prática constante de jogos de azar.

Parágrafo único. O contrato de trabalho poderá ser rescindido por culpa do empregador

ALUNO: mirlonfernando pág. 99


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quando:

I - o empregador exigir serviços superiores às forças do empregado doméstico, defesos


por lei, contrários aos bons costumes ou alheios ao contrato;

II - o empregado doméstico for tratado pelo empregador ou por sua família com rigor
excessivo ou de forma degradante;

III - o empregado doméstico correr perigo manifesto de mal considerável;

IV - o empregador não cumprir as obrigações do contrato;

V - o empregador ou sua família praticar, contra o empregado doméstico ou pessoas de


sua família, ato lesivo à honra e à boa fama;

VI - o empregador ou sua família ofender o empregado doméstico ou sua família


fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;

VII - o empregador praticar qualquer das formas de violência doméstica ou familiar contra
mulheres de que trata o art. 5º da Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006.”

É muito importante conhecer essas hipóteses, tanto em relação ao empregado quanto em relação
ao empregador doméstico, pois demonstram a peculiaridade da relação de emprego doméstico em
mais um aspecto.

No tema rescisão do contrato de trabalho, é importante lembrar que a doutrina costuma diferenciar:
a) resilição, que seria uma manifestação da livre vontade de não manter o vínculo empregatício, seja
por parte do empregador (dispensa sem justa causa), seja por parte do empregado (demissão); b)
resolução, que envolveria a prática de uma falta, seja pelo empregado (dispensa por justa causa),
seja pelo empregador (rescisão indireta), seja por culpa recíproca, como abordamos na questão
anterior e c) rescisão, nos casos de contrato de trabalho nulo. Entretanto, adverte-se, e serve para
vocês, que “o termo rescisão, por vezes, é utilizado de forma ampla, para tratar de ruptura contratual
(por exemplo: rescisão indireta, rescisão por justa causa, etc.). Assim sendo, se a questão não
trouxer especificamente a diferença entre resolução, resilição e rescisão, lembre-se de que o direito
do trabalho preza a simplicidade, e verifique qual situação fática o examinador está abordando.”
(CORREIA, Henrique. Direito do Trabalho para Concursos Públicos. Salvador: JusPodivm, 2017, p.
1133, nota de rodapé 24). Essa observação é pertinente e, na prática, já podemos ver que a própria
Súmula nº 14, do TST, que estudamos na questão anterior, utiliza o termo “rescisão do contrato
de trabalho” para uma hipótese que, mais tecnicamente, seria resolução. Por isso, apesar de ser
importante conhecer a diferença das expressões, também é salutar saber que, muitas vezes, na
própria jurisprudência, elas são intercambiáveis. Por isso, atenção ao que requerer a questão.

Tomei esse tempo e espaço para fazer essa diferenciação pois, nas próximas rodadas, me
dispensarei de fazer essa nota introdutória, quando tratarmos de algumas hipóteses de justa causa

ALUNO: mirlonfernando pág. 100


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de maneira específica.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 78. Na sucessão de empregadores, que depende da transferência do


estabelecimento e da não ocorrência da paralisação da atividade, o sucessor responde, em
regra, pelos débitos trabalhistas decorrentes da sucessão.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3.2.1. Empresa e estabelecimento.

Com efeito, havendo a transferência do estabelecimento e a continuidade do empreendimento,


o sucessor responde, em regra, pelos débitos trabalhistas. É importante destacar “que essa
continuidade se refere à manutenção da mesma atividade-fim exercida pelo sucedido.” (CORREIA,
Henrique. Op. Cit., p. 261). Entretanto, ainda nesse aspecto, é preciso conhecer algumas situações
específicas que, muitas vezes, são cobradas em concursos públicos, que são aquelas previstas
nas OJs 225 e 261 da SDI-I, as quais dispõem no seguinte sentido:

OJ 225, SDI-I

Celebrado contrato de concessão de serviço público em que uma empresa (primeira


concessionária) outorga a outra (segunda concessionária), no todo ou em parte,
mediante arrendamento, ou qualquer outra forma contratual, a título transitório, bens de
sua propriedade:

I - em caso de rescisão do contrato de trabalho após a entrada em vigor da concessão, a


segunda concessionária, na condição de sucessora, responde pelos direitos decorrentes
do contrato de trabalho, sem prejuízo da responsabilidade subsidiária da primeira
concessionária pelos débitos trabalhistas contraídos até a concessão;

II - no tocante ao contrato de trabalho extinto antes da vigência da concessão, a


responsabilidade pelos direitos dos trabalhadores será exclusivamente da antecessora.

OJ 261, SDI-I

As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados


trabalhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez
que a este foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres contratuais,
caracterizando típica sucessão trabalhista.

Portanto, além da regra geral, é preciso conhecer o entendimento do TST sobre determinados
aspectos específicos da sucessão trabalhista.

ALUNO: mirlonfernando pág. 101


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GABARITO: CERTO

QUESTÃO 79. O empregado público contratado como engenheiro para trabalhar em


fundação pública estadual, cujo edital do concurso previa, expressamente, que a relação
se daria sob o regime da CLT, tem direito a receber o salário profissional previsto para o
engenheiro, ainda que não exista lei específica prevendo o aumento de sua remuneração.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8. Salário profissional.

Salário profissional é o patamar mínimo, fixado em lei, devido como remuneração a determinadas
categorias. Esses salários devem ser observados, independentemente de acordo ou convenção
coletiva. Exemplos de salários profissionais são o dos médicos (Lei nº 3999/61) e o dos engenheiros
(Lei nº 4.950-A/66). Nesse sentido, é interessante conhecer o enunciado nº 370 da Súmula do TST,
que me parece ser o entendimento consolidado mais significativo sobre salário profissional:

Súmula 370, TST

Tendo em vista que as Leis nº 3.999/1961 e 4.950-A/1966 não estipulam a jornada


reduzida, mas apenas estabelecem o salário mínimo da categoria para uma jornada
de 4 horas para os médicos e de 6 horas para os engenheiros, não há que se falar em
horas extras, salvo as excedentes à oitava, desde que seja respeitado o salário mínimo/
horário das categorias.

Recentemente, em decisão publicada no Informativo nº 158, a SDI-I do TST decidiu o contrário do


que dispôs a questão, nos seguintes termos:

“o salário profissional de engenheiro previsto na Lei nº 4.950-A/66 não se aplica ao


servidor público de fundação pública estadual, contratado sob o regime da CLT,
porquanto sua remuneração deve observar os arts. 37, X, e 169, § 1º, da Constituição,
que preveem a necessidade de prévia dotação orçamentária e autorização em lei
específica para a concessão de vantagem ou aumento de remuneração.” (E-RR
nº 872-97.2010.5.04.0011, SBDI-I, Rel. Min. Alexandre Agra Belmonte, red. p/ acórdão
Min. Márcio Eurico Vitral Amaro, julgado em 4.5.2017).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 80. O trabalhador avulso, embora não seja empregado, tem todos os direitos
previstos para os trabalhadores com vínculo empregatício permanente. O trabalho avulso
pode ser intermediado pelo sindicato da categoria ou pelo Órgão Gestor de Mão de Obra.

ALUNO: mirlonfernando pág. 102


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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 27. Trabalho avulso.

A correção da primeira parte da assertiva se infere da leitura do artigo 7º, XXXIV, da Constituição,
pelo qual “são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social: (...) a igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício
permanente e o trabalhador avulso.” O trabalhador avulso portuário é regido pela Lei nº
12.815/2013. Sua relação com o operador portuário é intermediada pelo Órgão Gestor de Mão de
Obra (OGMO), e o funcionamento dessa dinâmica funciona da seguinte maneira: “esse trabalhador
se dirige até os portos para concorrer à escala de trabalho. Nem todos os dias conseguirá prestar
serviços, pois há um rodízio entre eles. Cabe frisar que ele deverá receber vale transporte mesmo
nos dias em que não for escalado para o trabalho (cf. Informativo nº 61 do TST.” (CORREIA,
Henrique. Direito do Trabalho para Concursos Públicos. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 394). É
possível, também, que haja outros trabalhadores - ou seja, não portuários - que se enquadrem
como avulsos, os quais são regidos pela Lei nº 12.023/2009. Como ensina Henrique Correia: “é
considerado trabalhador avulso não portuário aquele cuja atividade não é intermediada pelo órgão
gestor de mão de obra, mas pelo sindicato da categoria profissional respectiva. Esse trabalhador
pode ou não ser sindicalizado. A intermediação feita pelo sindicato não o obriga à filiação automática,
que é uma prática vedada no país (art. 8º, V, da CF/88).” (Op. Cit., p. 397).

GABARITO: CERTO

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO GRUPO III

QUESTÃO 81. Compete à Justiça do Trabalho julgar ações relacionadas aos servidores
temporários contratados para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
público.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1.2. Competência.

No RE 573202-9, o STF afastou a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar


ações entre o ente público e o servidor temporário. Portanto, a competência para processar as
ações relacionadas a esse tipo de vínculo com a Administração Pública é da justiça comum,
diferentemente dos empregados públicos, cuja relação é submetida à Justiça do Trabalho. Vejam,
nesse sentido, o seguinte quadro:

ALUNO: mirlonfernando pág. 103


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Competência da Justiça do Trabalho Competência da Justiça Comum

Servidor estatutário
Empregado público (celetista)
Servidor temporário

Fonte: MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para Concursos. Salvador: JusPodivm, 2017, p.
166.

Em relação aos comissionados, “a competência depende do regime adotado pela administração


pública. Sendo o regime celetista, a competência é da Justiça do Trabalho, enquanto na hipótese
de adotar o regime estatutário a competência será da justiça estadual.” (MIESSA, Élisson. Op. Cit.,
p. 166).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 82. Havendo recolhimento insuficiente de depósito recursal, o recurso será


considerado deserto, sendo a concessão de prazo de cinco dias para complementação
faculdade do juízo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6. Recursos no processo trabalhista.

A assertiva contraria o disposto na OJ nº 140 da SDI-I, de acordo com o qual “em caso de
recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito recursal, somente haverá
deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do art. 1.007 do
CPC de 2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor devido.” De fato, o artigo
1.007, § 2º, do NCPC dispõe que “a insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa
e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a
supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.” Portanto, seguindo-se o entendimento do TST e aplicando-se o
referido dispositivo, vê-se que não é faculdade, mas dever do juiz, abrir o prazo de cinco dias para
a complementação das custas processuais ou do depósito recursal.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 83. O TST possui entendimento consolidado no sentido de que a prescrição


intercorrente se aplica na Justiça do Trabalho.

COMENTÁRIO

ALUNO: mirlonfernando pág. 104


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Ponto do edital: 7. Execução no processo trabalhista.

A prescrição intercorrente “é aquela que ocorre no curso do processo, em decorrência da inércia


da parte que deveria realizar o ato processual.” (MIESSA, Élisson. Op. Cit., p. 999). O STF
possui entendimento sumulado (enunciado nº 327) dispondo que “o direito trabalhista admite a
prescrição intercorrente.” Por outro lado, o TST, na Súmula nº 114, firmou-se no sentido de que
“é inaplicável na Justiça do Trabalho a prescrição intercorrente.” Vale saber que o TST não se
curvou ao entendimento do STF, tendo reafirmado, no artigo 2º, VIII, da IN 39/2016, que os artigos
921, §§ 4º e 5º e 924, V, do NCPC, não se aplicam ao processo do trabalho.

Élisson Miessa (Op. Cit., p. 999) explica que o entendimento do TST se baseia “no fato de que, no
processo do trabalho, há aplicação do princípio do impulso oficial, cabendo ao juiz do trabalho dar
andamento ao processo e iniciar, de ofício, a fase de execução (art. 878 da CLT). Aliás, o art. 50 da
Lei nº 6.830/1980 (Lei de Execuções Fiscais) prevê que o juiz suspenderá a execução enquanto
não localizados bens do devedor e que durante esse prazo não correrá a prescrição. Diante disso,
entende que é inaplicável, na Justiça do Trabalho, a prescrição intercorrente.” (OBS: o referido autor
ressalva sua opinião no sentido de que ele, particularmente, entende que a prescrição intercorrente
é aplicável ao processo do trabalho quando o ato depender exclusivamente do exequente). Para
a prova, o mais seguro é conhecer os entendimentos sumulados do STF e do TST em sentidos
opostos, sabendo que, para o TST, que reafirmou essa posição na IN 39/2016, não se aplica a
prescrição intercorrente no processo do trabalho.

GABARITO: ERRADO

Considere a seguinte situação para responder às questões 84 e 85:

Maria, ex-empregada de Joana, ajuizou reclamação trabalhista contra a ex-empregadora,


pleiteando a reintegração no emprego, pois, como estava grávida, gozava de estabilidade e
não poderia ter sido dispensada. Requereu tutela provisória, a qual foi indeferida pelo juízo
de primeiro grau. Inconformada, Maria, assistida da DPU, impetrou Mandado de Segurança.
Entretanto, antes do julgamento do writ, foi proferida sentença de total improcedência, pois
o juízo não acolheu os argumentos de Maria.

QUESTÃO 84. No caso, a impetração do Mandado de Segurança foi tecnicamente inadequada,


pois há recurso próprio para atacar a decisão que indefere o pedido de tutela provisória.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9.2. Mandado de Segurança.

ALUNO: mirlonfernando pág. 105


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Pessoal, na Rodada 02, nós vimos um dos princípios peculiares do processo do trabalho que
é aquele segundo o qual, em regra, as decisões interlocutórias, no processo trabalhista, são
irrecorríveis de forma imediata (irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias). Naquela
oportunidade, estudamos as exceções ao referido princípio (na rodada 02, também, vimos o caso
de Maria e Joana, no enunciado da peça).

Bastaria lembrar desse preceito para concluir que, no caso narrado, diante da inexistência de
recurso que se enluve na hipótese de atacar decisão interlocutória que (in)defere tutela provisória,
é possível e tecnicamente adequada a impetração de Mandado de Segurança. Nesse sentido,
aliás, é o item II do enunciado nº 414 da Súmula do TST: “no caso de a tutela provisória haver
sido concedida ou indeferida antes da sentença, cabe mandado de segurança, em face da
inexistência de recurso próprio.”

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 85. Com o advento da sentença, ocorreu a perda superveniente do objeto do


Mandado de Segurança impetrado por Maria.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9.2. Mandado de Segurança

A questão reflete, de forma precisa, o disposto no item III do enunciado nº 414 da Súmula do TST,
segundo o qual “a superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do
mandado de segurança que impugnava a concessão ou o indeferimento da tutela provisória.”
Na verdade, o manejo do Mandado de Segurança como solução para a obtenção ou reversão de
tutela provisória na seara processual trabalhista é assunto de importante relevância teórica e prática
(daí o enorme número de enunciados que tratam do assunto). Em meu entendimento, conhecer e
compreender a lógica da Súmula nº 414 é bastante simples e esclarecedor. Por isso, transcrevo-a
na íntegra abaixo, inclusive o item I, que não foi objeto de indagação. Advirto-lhes que esta foi uma
das súmulas atualizadas de acordo com o NCPC e que, portanto, merece nossa especial atenção.

Súmula 414, TST

I – A tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação pela via do


mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. É admissível
a obtenção de efeito suspensivo ao recurso ordinário mediante requerimento dirigido
ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, por
aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, § 5º, do CPC de 2015.

II – No caso de a tutela provisória haver sido concedida ou indeferida antes da sentença,

ALUNO: mirlonfernando pág. 106


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cabe mandado de segurança, em face da inexistência de recurso próprio.

III – A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do mandado
de segurança que impugnava a concessão ou o indeferimento da tutela provisória.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: RAFAEL VASCONCELOS PORTO


E-mail: profcei.rafaelporto@gmail.com

DIREITO PREVIDENCIÁRIO GRUPO III

QUESTÃO 86. São segurados obrigatórios do RGPS, como empregados: a) o diretor


empregado, que presta serviço de natureza urbana a empresa, em caráter não eventual,
sob sua subordinação e mediante remuneração; e b) aquele que, contratado por empresa
de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender a
necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo
extraordinário de serviços de outras empresas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.1.1. RGPS. Os beneficiários. Segurado.

A questão trabalha com um pouco de memorização legislativa, o que, conforme adiantamos na


primeira rodada, não é tão recorrente, porém, há alguns dispositivos que o candidato infelizmente
precisa conhecer e este é o caso do art. 11 da Lei 8.213/91. As duas hipóteses que cobramos são
simples e não fogem à lógica, inclusive do ponto de vista trabalhista. Transcrevo o dispositivo a seguir:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:

I - como empregado:

a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não
eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor
empregado;

b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação


específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de
pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras
empresas;

ALUNO: mirlonfernando pág. 107


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c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como


empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior;

d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de


carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e
repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro
amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou
repartição consular;

e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros
ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e
contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;

f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como


empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença
a empresa brasileira de capital nacional;

g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União,
Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais.

h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não


vinculado a regime próprio de previdência social;

i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no


Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social;

j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado
a regime próprio de previdência social;

A primeira hipótese, portanto, reflete o disposto na alínea “a” acima transcrita. Explicam Baltazar
Júnior/Rocha (op. cit.) que: “Consideram-se traços característicos da relação de emprego: a
pessoalidade, a subordinação, a não eventualidade e a remuneração. (...) Se o trabalho é prestado
no Brasil, como regra geral, não importa o lugar da celebração do contrato e nem a nacionalidade
do trabalhador (...). Mesmo no caso do apátrida (...) o exercício de atividade vinculada ao regime
geral, consoante prevê o art. 24 da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, promulgado pelo
D. 4.246/02, assegura a aquisição de direitos previdenciários. (...) É considerado empregado o
administrador profissional, que não é acionista ou quotista da empresa. O regulamento considera
‘diretor empregado aquele que, participando ou não do risco econômico do empreendimento, seja
promovido para cargo de direção, mantendo as características inerentes à relação de emprego’
(art. 9º, § 2º, do RPS).”. A segunda hipótese, por sua vez, reflete o disposto na alínea “b” acima
transcrita. É o denominado “trabalhador temporário”, cuja relação jurídica é regida pela Lei 6.019/74,
caracterizada pelo fato de que o obreiro mantém relação empregatícia com a empresa de trabalho
temporário, apesar de prestar serviços à tomadora.

ALUNO: mirlonfernando pág. 108


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GABARITO: CERTO

QUESTÃO 87. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituam
regime de previdência complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo
efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo
próprio regime de previdência, o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS.
Tal regime de previdência complementar deve ser instituído por lei complementar.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3. O regime próprio dos servidores civis da União.

A questão cuida de aspectos ligados ao Regime Próprio e se baseia exclusivamente no regramento


constitucional a respeito. O § 14 do art. 40 da CRFB diz que “A União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, desde que instituam regime de previdência complementar para os seus
respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e
pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido
para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201”. Não há, contudo,
exigência de lei complementar. O § 15 do art. 40 da CRFB diz apenas que “O regime de previdência
complementar de que trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo,
observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades
fechadas de previdência complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos
participantes planos de benefícios somente na modalidade de contribuição definida”.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 88. A percepção de benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-


reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência
Social, não impede que o beneficiário seja enquadrado como segurado especial.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.1.1. RGPS. Os beneficiários. Segurado.

O regramento relativo ao segurado especial é extenso na Lei 8.213/91 (nos §§ do art. 11), delineando,
em detalhes, quem é e quem não é segurado especial. É algo que o candidato precisa também
conhecer bem. O § 9º do art. 11 da Lei 8.213/91 diz que: “Não é segurado especial o membro de
grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de: I – benefício de
pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício

ALUNO: mirlonfernando pág. 109


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de prestação continuada da Previdência Social; (...)”. A pensão por morte e o auxílio-reclusão são
benefícios devidos ao dependente do instituidor (morto ou recluso), ou seja, é uma renda que a
pessoa recebe que não é fruto de seu próprio trabalho. Como é plenamente possível, a qualquer
segurado, a acumulação com aposentadoria, não seria justo que o segurado especial ficasse
impedido, por via transversa, de atingir tal situação. Já o auxílio-acidente é um benefício de caráter
indenizatório, de valor correspondente a 50% do salário-de-benefício, que visa complementar a
renda daquele que sofre uma redução da capacidade laboral, então também não faz sentido que
sirva como óbice à eventual percepção de aposentadoria (que é o que a qualidade, prolongada no
tempo, de segurado especial visa/objetiva conferir).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 89. A emancipação exclui o filho menor de 21 anos da condição de dependente


do instituidor, mas o mesmo não se dá em relação ao irmão do segurado, por ausência de
previsão legal.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.1.2. RGPS. Os beneficiários. Dependentes.

Há sim previsão expressa de exclusão do irmão menor de 21 anos do rol de dependentes em caso
de emancipação. O art. 16, III, da Lei 8.213/91 diz que: “Art. 16. São beneficiários do Regime Geral
de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: (...) III - o irmão não emancipado,
de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual
ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (...)”. O
regramento, portanto, não destoa daquele conferido ao filho.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 90. Caso o servidor público, vinculado a regime próprio, venha a exercer atividade
abrangida pelo RGPS, tornar-se-á segurado obrigatório em relação a tal atividade.

Já no caso de tal servidor, amparado por regime próprio, ser requisitado para outro órgão
ou entidade cujo regime previdenciário não permita a filiação, nessa condição, permanecerá
vinculado ao regime de origem.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.1.3. RGPS. Os beneficiários. Filiação e inscrição.

ALUNO: mirlonfernando pág. 110


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A questão trata da relação do servidor público vinculado a Regime Próprio que ingressa também na
iniciativa privada ou que é requisitado para outro órgão. O tema está regulado pela Lei 8.213/91,
embora guarde relação [também] com o regime próprio. O servidor filiado a regime próprio, caso
exerça atividade abrangida pelo RGPS, torna-se segurado obrigatório deste regime, devendo, em
regra, recolher contribuições. Neste sentido, dispõe o §1º do art. 12 da Lei 8.213/91: “Caso o
servidor ou o militar venham a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas
pelo Regime Geral de Previdência Social, tornar-se-ão segurados obrigatórios em relação a essas
atividades”. Já o § 2º do art. 12 da Lei 8.213/91 diz que: “Caso o servidor ou o militar, amparados por
regime próprio de previdência social, sejam requisitados para outro órgão ou entidade cujo regime
previdenciário não permita a filiação, nessa condição, permanecerão vinculados ao regime de
origem, obedecidas as regras que cada ente estabeleça acerca de sua contribuição”. Esclarecem
Baltazar Júnior/Rocha (op. cit.) que: “De todo modo, quem ficar responsável pela remuneração
do servidor deverá promover o desconto e o recolhimento das contribuições previdenciárias. O
período de afastamento correspondente à cessão ou à requisição deve ser considerado para todos
os efeitos legais. Para fins previdenciários, o agente público permanecerá vinculado ao regime de
origem, seja a cessão onerosa ou não”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 91. O regime previdenciário próprio do servidor público estatutário possui


caráter contributivo e solidário, custeado por contribuições do respectivo ente público e
dos servidores ativos e inativos, salvo os pensionistas, sendo informado, entre outros, por
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3. O regime próprio dos servidores civis da União.

O caput do art. 40 da CRFB diz que “Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado
regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente
público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o
equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo”. Há, portanto, exigência de contribuição por
parte inclusive dos pensionistas, o que o STF já entendeu ser constitucional.

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 111


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QUESTÃO 92. No caso de aposentadoria compulsória no regime próprio do servidor público


estatutário, exige-se, para obtenção de proventos integrais, dez anos de efetivo exercício no
serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3. O regime próprio dos servidores civis da União.

A aposentadoria compulsória é, em regra, proporcional, salvo se preenchidos todos os requisitos


para a aposentadoria integral, dentre os quais estão os arrolados, mas fica faltando ainda o tempo
de contribuição (35 anos para homem, 30 para mulher). Neste sentido:

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime
de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.

(...)

II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70


(setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei
complementar;

III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício
no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria,
observadas as seguintes condições:

a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinqüenta e


cinco anos de idade e trinta de contribuição, se mulher;

b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher,


com proventos proporcionais ao tempo de contribuição.

(...)

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 93. O valor do benefício previdenciário de prestação continuada será, em regra,


calculado com base no salário-de-benefício. Quando, porém, o benefício for decorrente
de acidente do trabalho, considerar-se-á, ao invés do salário-de-benefício, o salário-de-
contribuição vigente no dia do acidente, se mais vantajoso.

ALUNO: mirlonfernando pág. 112


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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.2.2. RGPS. As prestações. Renda mensal.

A primeira parte da afirmativa está correta, conforme o caput do art. 28 da Lei 8.213/91: “O valor
do benefício de prestação continuada, inclusive o regido por norma especial e o decorrente de
acidente do trabalho, exceto o salário-família e o salário-maternidade, será calculado com base no
salário-de-benefício”. Não obstante, quanto à segunda parte da afirmativa, tem-se que a sistemática
diferenciada para o cálculo das prestações decorrentes de acidente de trabalho restou revogada
pela Lei 9.032/95. Com efeito, o § 1º do art. 28 da lei dizia que: “Quando o benefício for decorrente
de acidente do trabalho, considerar-se-á, ao invés do salário-de-benefício calculado de acordo com
o disposto nesta subseção, o salário-de-contribuição vigente no dia do acidente se mais vantajoso,
aplicando-se-lhe o disposto no § 2º do art. 29”. Tal disposição foi, porém, revogada, como já dito.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 94. Não se admite, em regra, a comprovação do tempo de serviço mediante


justificação judicial se baseada exclusivamente em prova testemunhal.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.4. RGPS. Tempo de serviço e contagem recíproca.

O § 3º do art. 55 da Lei 8.213/91 diz que: “A comprovação do tempo de serviço para os efeitos
desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no art.
108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova
exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito,
conforme disposto no Regulamento”. Assim, a regra é a de que não se admite prova exclusivamente
testemunhal para comprovar tempo de serviço, ainda que em justificação judicial. A exceção fica
por conta da hipótese de ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 95. Segundo a jurisprudência predominante do STJ, o menor sob guarda deve
ser incluído no rol de dependentes do RGPS, mesmo sob a égide da legislação atual.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.1.2. RGPS. Os beneficiários. Dependentes.

ALUNO: mirlonfernando pág. 113


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5ª RODADA - 25/05/2017

Trata-se de decisão recente prolatada pela Corte Especial do STJ, publicada em seu Informativo n.
595, de 15/02/2017, a qual transcrevo, por ser bastante elucidativa:

PROCESSO: EREsp 1.141.788-RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, por unanimidade,
julgado em 7/12/2016, DJe 16/12/2016.

DESTAQUE

Ao menor sob guarda deve ser assegurado o direito ao benefício da pensão por morte
mesmo se o falecimento se deu após a modificação legislativa promovida pela Lei n.
9.528/97 na Lei n. 8.213/90.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

A controvérsia a ser dirimida cingiu-se a definir se, ocorrido o óbito do instituidor da


pensão por morte após 11 de outubro de 1996, data em que foi editada a MP n. 1.523/96,
convertida na Lei n. 9.528/97, que alterou o art. 16 da Lei n. 8.213/90 e suprimiu o menor
sob guarda do rol de referido benefício previdenciário, ainda assim, deve prevalecer
referido direito com fundamento no art. 33, § 3º, da Lei n. 8.069/90. A Terceira Seção do
STJ, quando detinha a competência para processar e julgar matéria previdenciária, havia
pacificado a jurisprudência sobre o tema no sentido de que, como a lei previdenciária
tem caráter especial em relação ao Estatuto da Criança e do Adolescente, de ordem
geral, prevaleceria sobre esta e, portanto, o menor sob guarda não mais teria direito
ao benefício da pensão por morte após a modificação legislativa promovida pela Lei n.
9.528/97 na Lei n. 8.213/90. Após a alteração regimental que designou a competência da
matéria à Primeira Seção desta Corte, houve decisões em sentido oposto ao supracitado,
entre as quais, o RMS 36.034/MT, de relatoria do Ministro Benedito Gonçalves. Convém
registrar que a Corte Especial, ao julgar o MS 20.589/DF, da relatoria do Ministro Raul
Araújo, apesar de apreciar feito relativo a servidor público, emitiu posicionamento
no sentido da prevalência do Estatuto da Criança e do Adolescente. Diante dessas
considerações, a melhor solução a ser dada à controvérsia é no sentido de que o art. 33,
§ 3º, da Lei n. 8.069/90 deve prevalecer sobre a modificação legislativa promovida na lei
geral da previdência social porquanto, nos termos do art. 227 da Constituição, é norma
fundamental o princípio da proteção integral e preferência da criança e do adolescente.
Consectariamente, ao menor sob guarda deve ser assegurado o direito ao benefício
da pensão por morte mesmo se o falecimento se deu após a modificação legislativa
promovida pela Lei n. 9.528/97 na Lei n. 8.213/90.

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 114


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5ª RODADA - 25/05/2017

PROFESSOR: CAIO PAIVA


E-mail: profcei.caiopaiva@gmail.com

PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA GRUPO III

No que diz respeito à organização da Defensoria Pública para atuar junto aos tribunais de
segunda instância e tribunais superiores, julgue os itens a seguir:

QUESTÃO 96. A LC 80 admite a possibilidade de os defensores públicos estaduais atuarem


na segunda instância do Poder Judiciário federal, assim como junto aos Tribunais Regionais
do Trabalho e Tribunais Regionais Eleitorais, não admitindo, porém, esta atuação perante os
tribunais superiores especializados (TSE, TST e STM).

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.1.2. A organização da Defensoria Pública da União.

Tema importante! Segue trecho do meu livro Prática Penal para Defensoria Pública:

“Existe alguma possibilidade de os defensores públicos estaduais atuarem na segunda


instância do Poder Judiciário federal? Sim. A LC 80 estabelece que “A Defensoria
Pública da União deverá firmar convênios com as Defensorias Públicas dos Estados e
do Distrito Federal, para que estas, em seu nome, atuem junto aos órgãos de primeiro
e segundo graus de jurisdição referidos no caput, no desempenho das funções que
lhe são cometidas por esta Lei Complementar” (art. 14, § 1º). Por isso, os membros
das DPEs atuarão na segunda instância não apenas do Poder Judiciário Federal, mas
também junto aos TRTs e TREs, sempre que a DPU não estiver devidamente instalada
na respectiva unidade federativa, atuação esta que deve ser precedida pela formalização
de um convênio.

Importante observar que a LONDP prevê apenas a possibilidade da celebração de um


convênio para que a Defensoria estadual atue perante os órgãos de primeiro e segundo
graus de jurisdição, não havendo a permissão, portanto, para que as DPEs atuem
perante os Tribunais Superiores especializados (TSE, TSM e TST), sendo esta uma
atribuição exclusiva da DPU” (p. 280).

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 115


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QUESTÃO 97. Conforme o entendimento majoritário do Supremo Tribunal Federal, somente


o Defensor Público-Geral Federal possui legitimidade para atuar junto ao STF, não se
admitindo que representantes das Defensorias Públicas dos Estados e do Distrito Federal
atuem nesse órgão judicial máximo do país.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.1.2. A organização da Defensoria Pública da União.

O enunciado está errado. Segue trecho do meu livro Prática Penal para Defensoria Pública (aqui
adaptado, sem as notas de rodapé):

“Prosseguindo, deparamo-nos com a seguinte questão: as Defensorias dos Estados e


do Distrito Federal podem atuar no STJ e no STF? Vejamos.

O art. 22, § único, do texto original da LC 80, previa que “Os Defensores Públicos da
União de Categoria Especial atuarão em todos os processos da Defensoria Pública
nos Tribunais Superiores”. Ocorre que o dispositivo citado recebeu veto presidencial,
afastando qualquer pretensão de atribuir à DPU a exclusividade da atuação perante os
Tribunais Superiores.

Analisando ainda a LC 80, encontramos no art. 14, § 3º, a previsão de que “A prestação
de assistência judiciária pelos órgãos próprios da Defensoria Pública da União dar-se-á,
preferencialmente, perante o Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores”. O
que devemos entender por esta atuação preferencial da DPU? O raciocínio do legislador,
aqui, foi mais de natureza prática do que de jurídica. Considerando que a sede principal
da DPU fica em Brasília, aonde também estão sediados os Tribunais Superiores,
e ainda, tendo em conta que os defensores públicos federais de Categoria Especial
necessariamente são lotados na capital federal, com atuação perante os Tribunais
Superiores (art. 22, caput), o legislador incumbiu à DPU a atuação preferencial no STF
e no STJ, o que deve ser entendido da seguinte forma: a DPU atua preferencialmente
desde que a respectiva Defensoria estadual/distrital não esteja em condições de atuar.

Até aqui, portanto, já podemos afirmar e reiterar que não há qualquer exclusividade
da DPU para atuar perante o STF e o STJ, havendo apenas uma atuação preferencial
(ou subsidiária), condicionada, portanto, à impossibilidade de as demais
Defensorias atuarem. Não altera esta conclusão o fato de a LC 80 prever que “O
Defensor Público-Geral [Federal] atuará junto ao Supremo Tribunal Federal” (art. 23), eis
que esta disposição diz respeito apenas à organização da carreira da DPU, em que, de
fato, o DPGF atua junto ao STF. Assim, seja originariamente (numa Reclamação, p. ex.),
seja em decorrência de interposição de recurso extraordinário, as Defensorias estaduais
e distrital podem atuar junto ao Supremo (e ao STJ), inclusive com sustentação oral.

ALUNO: mirlonfernando pág. 116


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5ª RODADA - 25/05/2017

Pesquisando a jurisprudência a respeito da matéria, verifica-se uma divergência entre


as condições exigidas pelo STF e pelo STJ para que as DPEs e a DPDF atuem junto aos
Tribunais Superiores: enquanto o STF exige apenas a previsão contida na lei estadual/
distrital que contemple a possibilidade de atuação junto aos Tribunais Superiores, o STJ
exige, além da previsão em lei estadual/distrital, a representação física da instituição em
Brasília, principalmente para receber intimações.

Embora seja salutar a observância daquelas condições pelas Defensorias estaduais


e distrital para atuarem junto ao STF e ao STJ, sob pena, advirta-se, inclusive da
inadmissibilidade do recurso interposto, aqui, no plano da investigação teórica (que pode
subsidiar a atuação na prática), manifesto-me contrariamente às condições colocadas
pelo Supremo e pelo STJ para permitirem a atuação das DPEs e da DPDF, e isso porque
ambas podem ser superadas. Explico-me.

No que diz respeito à condição exigida tanto pelo STF quanto pelo STJ, sobre a previsão
desta atuação na Lei Orgânica da respectiva Defensoria, entendo que se trata de uma
interpretação equivocada do art. 111 da LC 80, que dispõe: “O Defensor Público do
Estado atuará, na forma do que dispuser a legislação estadual, junto a todos os Juízos
de 1º grau de jurisdição, núcleos, órgãos judiciários de 2º grau de jurisdição, instâncias
administrativas e Tribunais Superiores”. Me parece, portanto, que quando o legislador
estabelece “na forma do que dispuser a legislação estadual”, ele está se referindo
apenas à organização da carreira, isto é, à qual categoria/nível/classe de defensores
públicos competirá atuar em cada instância. Por isso, interpreto o art. 111 da LONDP
como autossuficiente para permitir que as DPEs e a DPDF atuem junto aos Tribunais
Superiores, sem qualquer necessidade de complemento normativo na respectiva
legislação estadual/distrital.

Por outro lado, a condição exigida exclusivamente pelo STJ, de que as Defensorias
necessariamente tenham representação física em Brasília para atuar junto aos Tribunais
Superiores, não se coaduna com a realidade do processo eletrônico, que já é utilizado
na quase totalidade dos processos em trâmite no STF e no STJ. Assim, a exigência de
escritório físico das Defensorias estaduais somente se justificaria quando a atuação se
dirigisse a processos que ainda não migraram para o sistema eletrônico” (p. 281-283).

GABARITO: ERRADO

MATERIAL ESPECIAL

Inseri no meu livro Prática Penal para Defensoria Pública o seguinte quadro-resumo, compilando
todas as informações sobre a organização da Defensoria Pública para atuar junto aos tribunais de
segundo grau e tribunais superiores:

ALUNO: mirlonfernando pág. 117


CEI-DPU
RETA FINAL 2017
5ª RODADA - 25/05/2017

Organização da Defensoria Pública para atuar junto aos Tribunais de segunda instância
e Tribunais Superiores

Como regra, cada Defensoria atua no segundo grau da sua respectiva


unidade federativa. Assim, p. ex., a DPE/SP atua junto o TJSP, a DPE/
Atuação junto RJ junto o TJRJ, a DPDF junto ao TJDFT e a DPU junto os TRFs, TRTs
aos Tribunais de e TREs.
segunda instância Excepcionalmente, se celebrado um convênio com a DPU, as DPEs
e a DPDF podem atuar junto aos órgãos de primeiro e segundo graus
das Justiças Federal, Eleitoral e do Trabalho (art. 14, § 1º, da LC 80).

Atuação junto Conforme ressaltado anteriormente, o convênio entre a DPU e as DPEs


aos Tribunais e DPDF somente autoriza a atuação até o segundo grau de jurisdição,
Superiores de modo que a atuação junto aos Tribunais Superiores especializados
especializados (TSE, TST e STM) é exclusiva da DPU.

Prevalece que não há exclusividade da DPU para atuar junto ao STF


Atuação junto ao e ao STJ. Trata-se apenas de uma atuação preferencial ou subsidiária,
STF e ao STJ que somente existirá, portanto, quando as DPEs e a DPDF não
conseguirem atuar junto a estes Tribunais Superiores.

Condições para
O STF exige apenas a previsão da atuação na Lei Orgânica da respectiva
que as DPEs e a
Defensoria. O STJ exige, além desta condição, a representação física
DPDF atuem junto
da instituição em Brasília, principalmente para receber intimações.
ao STF e ao STJ

QUESTÃO 98. Se o defensor público entender inexistir hipótese de atuação institucional,


dará imediata ciência ao Corregedor-Geral da Defensoria Pública, que decidirá a controvérsia,
indicando, se for o caso, outro defensor público para atuar.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.1. A Lei Complementar nº 80/1994.

Esse tema já caiu várias vezes nos concursos das Defensorias Públicas e ainda há quem erre; se
esse for o seu caso, vamos já combinar: você nunca mais vai errar isso. Vejamos o que dispõe o art.
4º, § 8º, da LC 80/1994: “Se o Defensor Público entender inexistir hipótese de atuação institucional,
dará imediata ciência ao Defensor Público-Geral, que decidirá a controvérsia, indicando, se for o
caso, outro Defensor Público para atuar”. Portanto, não se esqueçam: a autoridade responsável
para revisar a decisão do defensor público de denegar atendimento é o Defensor Público-
Geral, e não o Corregedor-Geral.

ALUNO: mirlonfernando pág. 118


CEI-DPU
RETA FINAL 2017
5ª RODADA - 25/05/2017

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 99. Entre os direitos dos assistidos da Defensoria Pública assegurados pela LC
80/1994, não se encontra o de ser atendido sempre pessoalmente pelo defensor público, e
não por estagiário ou colaborador do órgão.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.1. A Lei Complementar nº 80/1994.

Os direitos dos assistidos da Defensoria Pública estão previstos no art. 4º-A da LC 80:

I – a informação sobre: (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).

a) localização e horário de funcionamento dos órgãos da Defensoria Pública; (Incluído


pela Lei Complementar nº 132, de 2009).

b) a tramitação dos processos e os procedimentos para a realização de exames,


perícias e outras providências necessárias à defesa de seus interesses; (Incluído pela
Lei Complementar nº 132, de 2009).

II – a qualidade e a eficiência do atendimento; (Incluído pela Lei Complementar nº 132,


de 2009).

III – o direito de ter sua pretensão revista no caso de recusa de atuação pelo Defensor
Público; (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).

IV – o patrocínio de seus direitos e interesses pelo defensor natural; (Incluído pela Lei
Complementar nº 132, de 2009).

V – a atuação de Defensores Públicos distintos, quando verificada a existência de


interesses antagônicos ou colidentes entre destinatários de suas funções. (Incluído pela
Lei Complementar nº 132, de 2009).

Entre esses direitos não se encontra o de ser atendido sempre pessoalmente pelo defensor público,
mas apenas que o atendimento tenha qualidade e eficiência. Assim, nada impede que o primeiro
atendimento seja realizado por estagiário ou colaboradores da Defensoria, remetendo ao defensor
público responsável pelo caso os pleitos de atendimento pessoal de casos mais complexos ou
quando o assistido assim requerer.

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 119


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RETA FINAL 2017
5ª RODADA - 25/05/2017

PROFESSOR: EDILSON SANTANA


E-mail: profcei.edilsonsantana@gmail.com

DIREITO CONSTITUCIONAL GRUPO IV

QUESTÃO 100. Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, é vedado o direito de


greve aos policiais militares, mas não à polícia civil.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7 Direitos e garantias fundamentais.

O direito fundamental à greve é previsto na Constituição Federal em seu artigo 9º:

“Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a


oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que o exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou
modalidade, é vedado aos policiais (militares ou civis) e a todos os servidores públicos que atuem
diretamente na área de segurança pública (ARE-654432. Pleno. 2017).

A conclusão da Corte deriva da interpretação teleológica dos artigos 9º, 37, VII, e 144 da Constituição
Federal, sendo vedada a possibilidade do exercício de greve a todas as carreiras policiais previstas
no artigo 144, considerando que a Constituição tratou das carreiras policiais de forma diferenciada
ao deixá-las de fora do capítulo específico dos servidores públicos, não havendo possibilidade de
nenhum outro órgão da iniciativa privada suprir essa atividade quando de eventual paralisação. Por
isso, a segurança pública, privativa do Estado, deve ser tratada de maneira diferenciada tanto para
o bônus quanto para o ônus:

“Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos,


é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e
do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária
federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de
bombeiros militares”.

Assim, a CF garante o direito de greve aos servidores públicos, com limites e nos termos que a lei
estabelecer. Em relação às carreiras policiais, todavia, não possibilita esse exercício, sob pena de
desrespeito ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Essa categoria, assim,
no interesse público, sofre a restrição de um direito fundamental.

ALUNO: mirlonfernando pág. 120


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5ª RODADA - 25/05/2017

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 101. Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de


Ação Popular contra o presidente da república.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 16 Remédios constitucionais.

O Supremo Tribunal Federal não dispõe de competência originária para processar e julgar ação
popular.

A competência do STF é fixada pelo artigo 102 da Constituição Federal. Lá não se verifica previsão
para julgamento originário de ação popular.

Nesse sentido:

“O Supremo Tribunal Federal – por ausência de previsão constitucional – não dispõe de


competência originária para processar e julgar ação popular promovida contra o Diretor-
Geral do Departamento de Polícia Federal ou ajuizada contra qualquer outro órgão
ou autoridade, como o próprio Presidente da República, ou as Mesas da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal ou, ainda, contra qualquer dos Tribunais Superiores
da União. Jurisprudência. Doutrina. Ação popular de que não se conhece” (STF. Pet
6.910-MC/DF).

Informação complementar:

Dispõe a Lei da Ação Popular (4.717/65):

“Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação,


processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado,
o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao
Município”.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 102. A concepção sociológica de constituição tem como expoente Carl Schmitt,
para quem devem ser consideradas, dentro de um Estado, duas constituições: uma real
(ou efetiva); outra escrita. A primeira (real) equivale a soma dos fatores reais de poder que
regem uma determinada nação.

COMENTÁRIO

ALUNO: mirlonfernando pág. 121


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Ponto do edital: 2 A Constituição. 2.1 Noções fundamentais. 2.2 Concepções e teorias.


2.3 Tipologia. 2.4 Conteúdo e supremacia das normas constitucionais.

A concepção sociológica de constituição tem como expoente Ferdinand Lassale, para quem
devem ser consideradas, dentro de um Estado, duas constituições: uma a real (ou efetiva); outra
escrita.

Assim, além da Constituição escrita, existiria a Constituição real ou efetiva. Essa última (real)
equivale a soma dos fatores reais de poder que regem uma determinada nação.

No caso brasileiro, por exemplo, teríamos uma constituição real (soma dos fatores reais de poder)
e o texto escrito, que é a própria CF/1988.

Dessa forma, a Constituição real não se resume ao texto normativo, mas aos fatores reais de
poder, motivo pelo qual quem faz a Constituição são os detentores do poder (econômico, político
etc., tais como banqueiros e a aristocracia).

Temos assim: Constituição real (efetiva) – que equivale a soma dos fatores reais de poder;
Constituição escrita (ou jurídica) – consubstanciada no texto normativo.

Lassale escreveu duas importantes obras que merecem ser lembradas em uma prova subjetiva
ou oral (sendo possível que seus títulos apareçam, também, em teste objetivo): a) A Essência da
Constituição; b) Que é uma constituição?

Em “Que é uma constituição”, em certa passagem, esclarece-nos que os fatores reais de poder,
quando escritos em uma folha de papel, adquirem o status de instituição jurídica (de lei, em sentido
amplo).

O que ocorre se a constituição escrita não equivaler à constituição real? Nesse caso, para Lassale
a Constituição escrita não passa de uma “folha de papel”. A Constituição escrita só tem alguma
efetividade a partir do momento que corresponde à realidade (aos fatores reais de poder).

Não esquecer: essa concepção se chama sociológica porque o fundamento da Constituição está
na sociologia, nos fatores reais de poder, nos fatos sociais.

“Essa é, em síntese, em essência, a Constituição de um país: a soma dos fatores reais


do poder que regem um país.

Mas, que relação existe com o que vulgarmente chamamos Constituição; com a
Constituição jurídica? Não é difícil compreender a relação que ambos conceitos guardam
entre si.

Juntam-se esses fatores reais do poder, escrevemo-los em uma folha de papel, dá-se-
lhes expressão escrita e a partir desse momento, incorporados a um papel, não são
simples fatores reais do poder, mas sim verdadeiro direito, nas instituições jurídicas e

ALUNO: mirlonfernando pág. 122


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5ª RODADA - 25/05/2017

quem atentar contra eles atenta contra a lei, e por conseguinte é punido (...)

Tenho demonstrado a relação que guardam entre si as duas Constituições de um país:


essa Constituição real e efetiva, integralizada pelos fatores reais e efetivos que regem a
sociedade, e essa outra Constituição escrita, à qual, para distingui-la da primeira, vamos
denominar de folha de papel (...)

De fato, na maioria dos Estados modernos vemos aparecer, num determinado


momento da sua história, uma Constituição escrita, cuja missão é a de estabelecer
documentalmente, numa folha de papel, todas as instituições e princípios do governo
vigente (...)

Onde a Constituição escrita não corresponder à real, irrompe inevitavelmente um conflito


que é impossível evitar e no qual, mais dia menos dia, a Constituição escrita, a folha
de papel, sucumbirá necessariamente, perante a Constituição real, a das verdadeiras
forças vitais do país.

De nada servirá o que se escrever numa folha de papel, se não se justifica pelos fatos
reais e efetivos do poder” (LASSALE, Ferdinand. Que é uma constituição. São Paulo:
Edições e Publicações Brasil, 1993. Versão digital/eBooksBrasil.org).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 103. A concepção política de constituição adota um conceito decisionista de


Constituição.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2 A Constituição. 2.1 Noções fundamentais. 2.2 Concepções e teorias.


2.3 Tipologia. 2.4 Conteúdo e supremacia das normas constitucionais.

A concepção política de constituição é associada a Carl Schmitt. Schmitt faz uma distinção entre a
Constituição propriamente dita e os bens constitucionais.

A constituição propriamente dita é somente aquilo que decorre de uma decisão política fundamental
(conceito “decisionista” de Constituição).

As demais matérias da Constituição, que não decorrem dessa decisão política fundamental, são
apenas leis constitucionais (e não compõe a “Constituição propriamente dita”). São, portanto,
matérias que poderiam ser tratadas pelo legislador ordinário, sem necessariamente estarem no
texto da Constituição. O exemplo mais citado em doutrina é do artigo 242, § 2º, da CF/88, que
dispõe sobre o Colégio Pedro II no Rio de Janeiro. Trata-se, à evidência, de matéria que poderia

ALUNO: mirlonfernando pág. 123


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ser regulada por norma infraconstitucional.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 104. Para o sentido formal, uma norma será ou não constitucional a depender de
seu conteúdo. Ou seja, se versar sobre os temas considerados propriamente constitucionais
serão formalmente constitucionais. Nesse sentido, não é necessário que a Constituição
esteja em um único documento, pois o que interessa é o conteúdo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2 A Constituição. 2.1 Noções fundamentais. 2.2 Concepções e teorias.


2.3 Tipologia. 2.4 Conteúdo e supremacia das normas constitucionais.

A assertiva confunde sentido formal com sentido material de constituição.

O conceito político de constituição, proposto por Carl Schmitt e visto na questão anterior, se
aproxima da ideia de constituição em sentido material. Para o sentido material uma norma será ou
não constitucional a depender de seu conteúdo. Ou seja, se versar sobre os temas consideradas
propriamente constitucionais (estrutura do Estado, regulação dos poderes e reconhecimento
de direitos fundamentais) serão materialmente constitucionais. Relaciona-se, assim, com o que
Schmitt denominou de “Constituição Propriamente Dita”. Nesse sentido, não é necessário que a
Constituição esteja em um único documento, pois o que interessa é o conteúdo (a matéria).

Exemplo de Constituição material: A Constituição Inglesa é exemplo constituição em sentido


material. Não sendo escrita se identifica pela matéria/tema.

Que tipo de matéria decorre de uma decisão política fundamental, ligando-se ao conceito de normas
materialmente constitucionais e a ideia de Constituição propriamente dita? Direitos Fundamentais,
Estrutura do Estado e Organização dos Poderes. São matérias típicas de uma constituição.

Assim, o que Carl Schmitt denomina de Constituição são, na verdade, tais matérias constitucionais,
chamadas de normas materialmente constitucionais, a exemplo do artigo 1º da CF/88 (A República
Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos), que trata da organização
do Estado brasileiro.

Notem que, além de materialmente constitucional, tal artigo é formalmente constitucional.

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 124


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QUESTÃO 105. Para a concepção formal de constituição o que importa é a forma como a
norma é introduzida no ordenamento constitucional, independentemente de seu conteúdo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2 A Constituição. 2.1 Noções fundamentais. 2.2 Concepções e teorias.


2.3 Tipologia. 2.4 Conteúdo e supremacia das normas constitucionais.

Diferentemente do sentido material, para a constituição em sentido formal o que interessa é a


forma como a norma foi introduzida no ordenamento, independentemente de seu conteúdo. Assim,
tendo a norma sido aprovada por processo constitucional (mais dificultoso do que o procedimento
para as normas infraconstitucionais) será formalmente constitucional. Daí a expressão “normas
formalmente constitucionais”.

Notem que tudo o que está no texto da Constituição de 1988 é formalmente constitucional, mas
nem tudo é materialmente constitucional (exemplo: Colégio Pedro II. Art. 242, § 2º - é formalmente,
mas não materialmente constitucional).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 106. A denominada norma fundamental hipotética é apontada como fundamento


para a constituição escrita, no seu sentido jurídico-positivo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2 A Constituição. 2.1 Noções fundamentais. 2.2 Concepções e teorias.


2.3 Tipologia. 2.4 Conteúdo e supremacia das normas constitucionais.

A concepção jurídico-positiva liga-se às ideias de Hans Kelsen, para quem a constituição em


sentido lógico-jurídico equivaleria ao que chama de norma fundamental hipotética (ou norma
jurídica fundamental).

Diz-se fundamental por servir de fundamento para a constituição escrita, no seu sentido jurídico-
positivo. Hipotética em razão de não ser uma norma posta, mas apenas pressuposta (uma hipótese).

Assim, acima da Constituição não existe nenhuma norma jurídica em sentido positivo, mas haveria
uma norma fundamental hipotética, uma norma pressuposta sem a qual a constituição não tem
fundamento.

O conteúdo da norma fundamental hipotética é a prescrição de obediência irrestrita à norma posta,


ou seja, o mandamento de que todos devem obedecer a constituição.

ALUNO: mirlonfernando pág. 125


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GABARITO: CERTO

QUESTÃO 107. A concepção normativa de constituição, que defende a força normativa das
normas constitucionais, representa uma antítese à teoria sociológica de Ferdinand Lassale.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2 A Constituição. 2.1 Noções fundamentais. 2.2 Concepções e teorias.


2.3 Tipologia. 2.4 Conteúdo e supremacia das normas constitucionais.

A concepção normativa, cujo o expoente é Konrad Hesse, se contrapõe a tese de Ferdinand Lassale
(concepção sociológica), de forma que as duas teorias devem ser contrapostas. Trata-se de uma
antítese à teoria de Lassale.

Hesse rebate a ideia de que a Constituição escrita não passaria de uma “folha de papel”. Para ele
a constituição possui força normativa, o que já fica claro no título de sua obra “A Força Normativa
da Constituição”, o que era negado por Lassale.

Nas primeiras palavras desse trabalho o autor escreve: “Em 16 de abril de 1862, Ferdinand Lassalle
proferiu, numa associação liberal-progressista de Berlim, sua conferência sobre a essência da
Constituição (...) Esse documento chamado constituição - a constituição jurídica - não passa, nas
palavras de Lassalle, de um pedaço de papel (Stück Papier). Sua capacidade de regular e de
motivar está limitada à sua compatibilidade com a constituição real. Do contrário, torna-se inevitável
o conflito, cujo desfecho há de se verificar contra a Constituição escrita, esse pedaço de papel que
terá de sucumbir diante dos fatores reais de poder dominantes no país”. (HESSE, Konrad. Tradução
por Gilmar Ferreira Mendes. A força normativa da constituição. 1. ed. Porto Alegre: SAFE, 1991).

A tradução de “A Força Normativa da Constituição” para o Brasil foi realizada pelo ministro Gilmar
Ferreira Mendes, bem por isso não é raro encontrarmos referências nas decisões do STF, onde
muitos jugados se fundamentam no Princípio da Força Normativa da Constituição.

Hesse não nega que existam determinados casos nos quais a realidade acaba se sobrepondo à
constituição (onde aquilo que está escrito não é capaz de modificar a realidade). O direito diz aquilo
que deve ser. É nesse sentido que a constituição adquire força normativa.

“Em trabalho que teve por base sua aula inaugural na Universidade de Freiburg/RFA (1959),
HESSE busca demonstrar que, ao contrário da tese defendida por LASSALLE, nem sempre os
fatores reais do poder prevalecem sobre a constituição normativa (...)

A pretensão de eficácia das normas constitucionais se associa, como elemento autônomo, às


condições de sua realização. A constituição configura não só expressão do ser, mas também do
dever ser e, muito além do simples reflexo das condições fáticas de sua vigência, possui força

ALUNO: mirlonfernando pág. 126


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normativa capaz de imprimir ordem e conformação à realidade política e social” (NOVELINO,


Marcelo. Curso de direito constitucional. 11. ed. Salvador: Juspodivm, 2016. p. 90).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 108. O conceito de constituição-lei se confunde com o conceito de constituição-


moldura.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2 A Constituição. 2.1 Noções fundamentais. 2.2 Concepções e teorias.


2.3 Tipologia. 2.4 Conteúdo e supremacia das normas constitucionais.

O conceito de constituição-lei considera que a constituição é um conjunto de normas como qualquer


outro. Nesse sentido, não há que se falar em supremacia das normas constitucionais, de forma que
estas serviriam apenas como diretrizes não vinculantes para a atuação legislativa.

Embora se aproxime do conceito de constituição-moldura, não se confunde com este.

Para o conceito de constituição-moldura a constituição é considerada simplesmente como limite à


atuação legislativa. Ou seja, uma moldura que fixa os limites no qual o legislador pode atuar. Há,
portanto, vinculação aos limites das normas constitucionais, de forma que o legislador não pode
atuar fora dos parâmetros constitucionalmente estabelecidos.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 109. Para o conceito de constituição dúctil a constituição deve ser o fundamento
de toda a vida social.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2 A Constituição. 2.1 Noções fundamentais. 2.2 Concepções e teorias.


2.3 Tipologia. 2.4 Conteúdo e supremacia das normas constitucionais

O enunciado confunde os conceitos de constituição dúctil e constituição total (ou fundamento).

A expressão dúctil significa suave, flexível e maleável. Ou seja, aquilo que consegue se adaptar
com facilidade. Neste sentido, a constituição é concebida como não “como o centro do qual tudo
deriva por irradiação da soberania estatal, mas para o qual tudo deve convergir” (NOVELINO,
Marcelo. Curso de direito constitucional. 11. ed. Salvador: Juspodivm, 2016. p. 93).

“Nas sociedades pluralistas atuais, dotadas de certo grau de relativismo e caracterizadas pela

ALUNO: mirlonfernando pág. 127


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diversidade de interesses, ideologias e projetos, o papel da constituição não deve consistir na


realização direta de um projeto predeterminado da vida comunitária, cabendo-lhe tão somente a
tarefa básica de assegurar as condições possíveis para a vida em comum” (Ibidem. p. 92).

Ainda sobre a denominada constituição total, disserta Manoel Gonçalves Ferreira Filho: “Aplicado
ao Estado, o termo “Constituição” em sua acepção geral pode designar a sua organização
fundamental total, quer social, quer política, quer jurídica, quer econômica. E na verdade tem ele
sido empregado — às vezes — para nomear a integração de todos esses aspectos — a Constituição
total ou integral” (FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional. 38. ed.
São Paulo: Saraiva, 2012. versão digital).

Já o conceito de constituição-fundamento (ou constituição-total) se liga à ideia de que a constituição


é fundamento para toda a vida social, de forma que deve, assim, regular de forma global, deixando
pouco espaço para o legislador, a quem incumbe tão somente efetivar as normas constitucionais.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 110. Para a concepção processual de constituição, esta se revela como


algo dependente de interpretação, sendo, assim, o resultado de um amplo processo de
interpretação aberto ao público.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ponto do edital: 2 A Constituição. 2.1 Noções fundamentais. 2.2


Concepções e teorias. 2.3 Tipologia. 2.4 Conteúdo e supremacia das normas
constitucionais.

A concepção processual entende a constituição como um processo público. Nesse sentido, a


constituição se revela como algo dependente de interpretação, sendo, assim, o resultado de um
amplo processo de interpretação aberto ao público (em geral). Haveria, portanto, um processo
público de grande interpretação constitucional republicana, por meio de um processo democrático
dos diversos interpretes sociais, cuja obra final seria a própria constituição.

“Peter Häberle compreende a Constituição como uma ‘ordem-quadro’, ou melhor, uma lei necessária,
mas que se revela, ao mesmo tempo, fragmentária, indeterminada e dependente de interpretação.
Por isso, sustenta ser a Constituição o resultado de um amplo processo de interpretação aberto ao
público em geral, sempre temporário e condicionado historicamente.

A interpretação constitucional republicana, cuja obra final seria a própria Constituição, ocorreria
perante uma sociedade plural e aberta de intérpretes, num processo genuinamente democrático,
com participação e embate dos mais diversos segmentos sociais, em momentos de diálogo e

ALUNO: mirlonfernando pág. 128


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conflito, continuidade e descontinuidade” (JÚNIOR, André Puccinelli. Curso de direito constitucional.


1. ed. São Paulo: Saraiva, 2012).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 111. O conceito culturalista de constituição encerra uma visão centrada no


aspecto cultural, desconsiderando que a ordem constitucional envolve elementos políticos,
sociológicos, econômicos e jurídicos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2 A Constituição. 2.1 Noções fundamentais. 2.2 Concepções e teorias.


2.3 Tipologia. 2.4 Conteúdo e supremacia das normas constitucionais

O conceito culturalista de constituição engloba, dentro de uma perspectiva unitária, os elementos


políticos, sociológicos, econômicos e jurídicos, ou seja, o conjunto de normas fundamentais que
compõem diferentes aspectos de um mesmo ser, a constituição.

Assim, o enunciado encontra-se errado, exatamente por inverter a ideia de concepção culturalista.

A concepção cultural revela uma conexão de diversas concepções. O conceito de constituição


deve partir de sua compreensão como um sistema aberto de normas em conexão com a realidade
sociopolítica, indispensável à sua força normativa. Bem por isso, a constituição passa a ser
compreendida como um sistema normativo condicionante e condicionado pela ordem social (dentro
de uma unidade), traduzindo a ideia de Constituição aberta (fala-se em concepção culturalista ou
aberta). Tal “abertura” possibilita à constituição se adaptar, atualizar-se de acordo com a evolução
social ou situações concretas que surgirem, por meio, por exemplo, de princípios normativos apostos
no texto constitucional, os quais podem se expandir (em um processo interpretativo) para abranger
situações outras não previstas, o que favorece à concretização e longevidade da constituição.

GABARITO: ERRADO

Acerca do julgamento dos governadores por crime comum, julgue as duas próximas
assertivas:

QUESTÃO 112. As unidades federativas, desde que façam constar no texto da constituição
estadual respectiva, podem instituir normas que condicionem a instauração de ação penal
contra governador, por crime comum, à previa autorização da casa legislativa.

COMENTÁRIO

ALUNO: mirlonfernando pág. 129


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Ponto do edital: 10.1 Organização político-administrativa. 11 Poder Judiciário.

Ver explicação conjuntar das questões 112 e 113 abaixo.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 113. Compete ao Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente, nos


crimes comuns, os Governadores de Estado.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10.1 Organização político-administrativa. 11 Poder Judiciário.

A questão foi definida e pacificada pelo Supremo Tribunal Federal em recente julgamento conjunto
das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4798, 4764 e 4797, em maio de 2017.

O artigo 22, inciso I, da Constituição Federal, atribui à União a competência privativa para legislar
sobre direito processual. Assim, as constituições estaduais não podem condicionar a abertura de
ação penal contra governador à autorização prévia da Assembleia Legislativa do respectivo estado.
Trata-se de alteração na jurisprudência do Supremo sobre o tema, motivo pelo qual é grande a
chance de incidência em provas.

Por fim, vale lembrar que compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente
nos crimes comuns, os Governadores (Art. 105, I, “a” da CF).

No julgamento acima mencionado foi aprovada a tese segundo a qual “é vedado às unidades
federativas instituírem normas que condicionem a instauração de ação penal contra governador,
por crime comum, à prévia autorização da casa legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de
Justiça dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas cautelares penais, inclusive
afastamento do cargo”. É provável que a tese seja transformada em súmula vinculante.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 114. Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, a administração


pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação por greve realizada pelos
servidores públicos, ainda que a greve tenha sido provocada por conduta ilícita do Poder
Público.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7 Direitos e garantias fundamentais.

ALUNO: mirlonfernando pág. 130


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No julgamento do RE 693456 (Pleno: 27.10.2016) o Supremo Tribunal decidiu que a administração


pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de
greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre.

Todavia, tal desconto será incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta
ilícita do Poder Público.

Assim, somente não haverá desconto se a greve tiver sido provocada por circunstâncias excepcionais
que justifiquem o afastamento da premissa da suspensão da relação funcional ou de trabalho,
como a suspensão do pagamento dos servidores públicos.

OBS: lembrar que inexiste legislação específica acerca do direito de greve no setor público, razão
pela qual, o Supremo Tribunal Federal tem decidido pela aplicação da regra atinente ao setor
privado.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: THIMOTIE HEEMANN


E-mail: profcei.thimotieheemann@gmail.com

DIREITO INTERNACIONAL GRUPO IV

QUESTÃO 115. Segundo o Supremo Tribunal Federal, é possível a concessão de exequatur


em carta rogatória que versa sobre a coleta de sangue de determinado indivíduo de forma
coercitiva.

COMENTÁRIO

Pontos do edital: 4 Ordem pública. 6 Cartas rogatórias.

Segundo já decidiu a Corte Constitucional brasileira, não é possível a concessão de exequatur


em carta rogatória que versa sobre a coleta de sangue de determinado indivíduo situado no Brasil
de forma coercitiva. Segundo o Supremo Tribunal Federal, tal procedimento viola a ordem pública
interna. Nesse sentido, ver inteiro teor do Habeas Corpus nº 87759.

Ainda sobre o tema “carta rogatória e ordem pública interna”, os tribunais superiores entendem
pela impossibilidade da realização de interrogatório por juiz estrangeiro dentro de uma embaixada
estrangeira situada no Brasil. Segundo a jurisprudência pátria, tal situação também violaria a ordem
pública interna.

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 131


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QUESTÃO 116. Segundo o Supremo Tribunal Federal, a cobrança antecipada de despesa


relativa à expedição de carta rogatória para a oitiva de testemunha defensiva configura
cerceamento de defesa.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6 Cartas rogatórias. 4 Ordem pública.

Ao analisar a casuística em questão, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a cobrança antecipada
de despesa relativa à expedição de carta rogatória para a oitiva de testemunha defensiva
não configura cerceamento de defesa. Trata-se de entendimento polêmico, uma vez que a
doutrina especializada no tema (professora Denise Neves Abade) entende que a necessidade
de antecipar qualquer receita nas cartas rogatórias violaria o direito de acesso à justiça. No
entanto, este não foi o entendimento do Pretório Excelso. Vejamos o precedente da Corte
Constitucional brasileira sobre o assunto:

“HABEAS CORPUS. CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA (ART.


168-A DO CÓDIGO PENAL). OITIVA DE TESTEMUNHA NO EXTERIOR. PEDIDO
DE EXPEDIÇÃO DE CARTA ROGATÓRIA. GRATUIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
COMPATIBILIDADE COM O ART. 804 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.
AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. ORDEM DENEGADA. I - A cobrança
antecipada de despesa relativa à expedição de carta rogatória para a oitiva de
testemunha defensiva não configura cerceamento de defesa. II - A gratuidade se
refere, exclusivamente, às diligências requestadas pelo órgão ministerial público.
Interpretação das letras “b” e “k” do item 10 da Portaria nº 26 de 14 de agosto de
1990, com a redação da Portaria nº 16 de setembro de 2003, ambas do Ministério
das Relações Exteriores. Interpretação que afina com o art. 804 do Código de
Processo Penal, que se destina aos feitos em curso no Brasil. III - Ordem denegada.
(HC 85653, Relator(a):  Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Relator(a) p/ Acórdão:  Min.
CARLOS BRITTO, Primeira Turma, julgado em 05/08/2008; grifo nosso)”

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 117. Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, não é possível a


homologação de sentença estrangeira na parte em que ordene, sob pena de responsabilização
civil e criminal, a desistência de ação judicial proposta no Brasil.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5 Homologação de sentenças estrangeiras. 4 Ordem pública.

ALUNO: mirlonfernando pág. 132


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O Superior Tribunal de Justiça já analisou um caso envolvendo este tema, no qual foi decidido
que não é possível a homologação de sentença estrangeira na parte em que ordene, sob pena de
responsabilização civil e criminal, a desistência de ação judicial proposta no Brasil, sob pena de
violar a ordem pública brasileira. Senão vejamos o precedente exarado pelo Tribunal da Cidadania:

“HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA - CLÁUSULA ARBITRAL


CONSTANTE DE CONTRATO CELEBRADO NO EXTERIOR, SOB EXPRESSA
REGÊNCIA DA LEI ESTRANGEIRA - PEDIDO DE ARBITRAGEM FORMULADO NO
EXTERIOR - AÇÕES DE NULIDADE DA CLÁUSULA ARBITRAL, MOVIDAS PELA
REQUERIDA NO EXTERIOR E NO BRASIL - PRECEDENTE TRÂNSITO EM JULGADO
DA SENTENÇA ESTRANGEIRA HOMOLOGADA QUE AFASTOU NULIDADE DA
CLÁUSULA ARBITRAL,  DETERMINOU A SUBMISSÃO À ARBITRAGEM E ORDENOU,
SOB SANÇÃO PENAL, A DESISTÊNCIA DO PROCESSO BRASILEIRO -  POSTERIOR
TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA NACIONAL, DECLARANDO A NULIDADE
DA CLÁUSULA ARBITRAL - JURISDIÇÕES CONCORRENTES - PREVALÊNCIA DA
SENTENÇA QUE PRIMEIRO TRANSITOU EM JULGADO, NO CASO A SENTENÇA
ESTRANGEIRA - CONCLUSÃO QUE PRESERVA A CLÁUSULA ARBITRAL,
CELEBRADA SOB A EXPRESSA REGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO ESTRANGEIRA -
PRESERVAÇÃO DO PRINCÍPIO DA “KOMPETENZ KOMPETENZ” - DEFERIMENTO,
EM PARTE, DA HOMOLOGAÇÃO, EXCLUÍDA APENAS A ORDEM DE DESISTÊNCIA
DO PROCESSO NACIONAL E A SANÇÃO PENAL, ANTE A OFENSA À ORDEM
PÚBLICA PELA PARTE EXCLUÍDA.

(…) 4.- Impossibilidade de homologação de parte da sentença estrangeira que


determina a desistência, sob sanção, de ação anulatória movida no Brasil, dada
a preservação da concorrência de jurisdição. 5.- Sentença estrangeira parcialmente
homologada, para a submissão das partes ao procedimento arbitral, afastada, contudo,
a determinação de desistência, sob pena de multa, da ação movida no Brasil. (SEC 854/
EX, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, Rel. p/ Acórdão Ministro SIDNEI BENETI, CORTE
ESPECIAL, julgado em 16/10/2013; grifo nosso”

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 118. Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é possível impor


as regras previstas na legislação brasileira para a citação praticada fora do país.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5 Homologação de sentenças estrangeiras. 4 Ordem pública.

ALUNO: mirlonfernando pág. 133


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Conforme decisão do Superior Tribunal de Justiça, não é possível impor as regras previstas na
legislação brasileira para a citação praticada fora do país, uma vez que neste caso, vigora a regra da
lex fori, sendo o ato processual da citação regido pelo ordenamento jurídico no qual será realizado.
Vejamos um precedente do Tribunal da Cidadania no qual a situação em apreço foi enfrentada:

“SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. DIVÓRCIO. CITAÇÃO. PROCESSO


PRINCIPAL. REGULARIDADE FORMAL. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS.
HOMOLOGAÇÃO DEFERIDA. 1. Foram observados os pressupostos indispensáveis ao
deferimento do pleito previstos nos artigos 5º e 6º da Resolução nº 9/05 desta Corte. 2.
A alegada ausência de comprovação de citação válida nos autos principais deve
ser examinada cum grano salis. Por tratar-se de instituto de direito processual,
encontra-se inserida no âmbito da jurisdição e da soberania de cada país,
circunstância que impõe a observância da legislação interna, não sendo possível
impor as regras da legislação brasileira para ato praticado fora do país. Precedentes.
3. Dos documentos coligidos, pode-se concluir que o requerido teve ciência do processo
de divórcio realizado no país de origem, bem assim que a autoridade estrangeira adotou
as cautelas necessárias para a formação de válida relação processual à luz do direito
alienígena. 4. Homologação de sentença estrangeira deferida. (SEC 5.268/EX, Rel.
Ministro CASTRO MEIRA, CORTE ESPECIAL, julgado em 07/11/2012, DJe 19/11/2012;
grifo nosso)”

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 119. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, não afronta a soberania nacional
ou a ordem pública a concessão de exequatur para citar alguém no Brasil a fim que se
defenda em ação de cobrança de dívida de jogo contraído em Estado estrangeiro no qual tal
pretensão é licita.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6 Cartas rogatórias 4 Ordem pública.

Em que pese não seja possível a cobrança de dívida de jogo realizado dentro do território brasileiro,
o Superior Tribunal de Justiça admite a concessão de exequatur para citar alguém no Brasil a fim
que se defenda em ação de cobrança de dívida de jogo contraído em Estado estrangeiro, desde
que tal pretensão seja lícita no local no qual a dívida foi contraída. Segundo o STJ, tal situação não
viola a ordem pública interna. Vejamos o caso analisado pelo STJ:

“CARTA ROGATÓRIA - CITAÇÃO - AÇÃO DE COBRANÇA DE DÍVIDA DE JOGO


CONTRAÍDA NO EXTERIOR - EXEQUATUR – POSSIBILIDADE. - Não ofende a

ALUNO: mirlonfernando pág. 134


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soberania do Brasil ou a ordem pública conceder exequatur para citar alguém


a se defender contra cobrança de dívida de jogo contraída e exigida em Estado
estrangeiro, onde tais pretensões são lícitas. (AgRg na CR 3.198/US, Rel. Ministro
HUMBERTO GOMES DE BARROS, CORTE ESPECIAL, julgado em 30/06/2008; grifo
nosso)

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 120. Segundo o Supremo Tribunal Federal, o exame de eventual descumprimento


contratual por parte do extraditando com o seu advogado, bem como a confissão de dívida
firmada em favor de seu defensor, se destituídos de elementos probatórios suficientes da
licitude dos valores bloqueados, não podem ser apreciados em sede de extradição.

COMENTÁRIO

Pontos do edital: 2.3.1 Extradição.

Ao apreciar a casuística em tela, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o exame de eventual
descumprimento contratual por parte do extraditando com o seu advogado, bem como a confissão
de dívida firmada em favor de seu defensor, se destituídos de elementos probatórios suficientes da
licitude dos valores bloqueados, não podem ser apreciados em sede de extradição. Nessa linha,
o STF entendeu que a pretensão do advogado em satisfazer seus honorários submeter-se-ia à
esfera cível competente, juízo em que se obteria decisão executória, com fundamento em título
extrajudicial. Vejamos o precedente do Pretório Excelso:

“Questão de ordem. 2. Extradição parcialmente deferida. Plenário. 3. Manutenção de


valores custodiados no Banco Central do Brasil, aguardando manifestação das partes
para posterior decisão do STF. 4. Pedido de levantamento dos valores custodiados
em nome do estrangeiro para pagamento de proposta de honorários advocatícios. 5.
Ausência de certeza quanto à origem dos valores bloqueados e falta de decisão judicial
executória. Apreciação descumprimento contratual ou, ainda, confissão de dívida por
parte do extraditando foge à competência constitucional desta Corte. 6. Questão de
ordem que se resolve no sentido de indeferir o pedido. Determinação ao Ministério da
Justiça para diligenciar junto ao Estado requerente meio e forma para que o valor possa
ser transferido àquele país, ao qual cabe decidir seu destino. (Ext 1125 QO, Relator(a): 
Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 24/04/2013)”

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 135


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QUESTÃO 121. Segundo a doutrina, a ordem pública pode ser compreendida e dividida em
três níveis.

COMENTÁRIO

Ponto do edital:4.2 Os três níveis da ordem pública.

Tradicionalmente, entende-se por ordem pública o conjunto de valores essenciais de uma


comunidade. A ordem pública compreende não apenas aspectos jurídicos, mas também aspectos
sociais, morais, políticos e econômicos. O conteúdo incluso na cláusula de ordem pública é
variável no tempo.

Os três níveis da ordem pública foram idealizados pelo professor Jacob Dollinger e encampados
como ponto expresso do edital do último concurso da Defensoria Pública da União. Assim, decidi
colacionar um quadro sinótico com uma breve síntese de cada nível da ordem pública segundo a
classificação de Dollinger.

Ordem pública interna Visa impedir que a autonomia da vontade viole valores e normas
(primeiro nível) essenciais do ordenamento jurídico doméstico.

Ordem pública É utilizada como obstáculo para a aplicação do direito estrangeiro.


internacional Impede a aplicação de leis estrangeiras indicadas pelo elemento
de conexão, caso essas leis atentem contra os valores e normas
(segundo nível) essenciais do ordenamento jurídico doméstico.

Ordem pública
internacional Possui o papel de reconhecer direitos adquiridos no exterior.
(terceiro nível)

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 122. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, é possível a homologação de


sentença penal estrangeira que determine o perdimento de imóvel situado no Brasil em
razão de o bem ser produto do crime de lavagem de dinheiro.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5 Homologação de sentenças estrangeiras.

Segundo o entendimento do STJ, possível a homologação de sentença penal estrangeira que


determine o perdimento de imóvel situado no Brasil em razão de o bem ser produto do crime de

ALUNO: mirlonfernando pág. 136


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lavagem de dinheiro. Ainda segundo o Tribunal da Cidadania, não há ofensa ao artigo 23, inciso
I, do NCPC, pois a sentença estrangeira não tratou especificamente sobre a situação dos bens
imóveis ou sobre a sua titularidade, mas sim sobre os efeitos civis de uma condenação penal.
Vejamos o precedente do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema:

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA. CONFISCO DE BENS IMÓVEIS,


PRODUTOS DE ATIVIDADE CRIMINOSA, SITUADOS NO BRASIL. COOPERAÇÃO
INTERNACIONAL. CONVENÇÃO DE PALERMO. CRIME TIPIFICADO NAS
LEGISLAÇÕES ESTRANGEIRA E NACIONAL. EFEITO DA CONDENAÇÃO PREVISTO
TAMBÉM NA LEI BRASILEIRA. AUSÊNCIA DE OFENSA À SOBERANIA NACIONAL.
REQUISITOS PREENCHIDOS. HOMOLOGAÇÃO DEFERIDA. 1. A sentença
homologanda determinou a perda de bens imóveis da Requerida, situados no Brasil, pois
foram objeto do crime de lavagem de dinheiro a que ela foi condenada. 2. Nos termos
do art. 9.º, inciso I, do Código Penal, “A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil
para” “obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis”.
É o que ocorre no caso, pois também a lei brasileira prevê a possibilidade de perda, em
favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, do produto do
crime, como um dos efeitos da condenação (art. 91, inciso II, alínea b, do Código Penal).
3. Não há ofensa à soberania nacional, pois a sentença não tratou especificamente sobre
a situação dos bens imóveis, sobre a sua titularidade, mas sim sobre os efeitos civis de
uma condenação penal, determinando o perdimento de bens que foram objeto de crime
de lavagem de capitais. O confisco dos bens, além de ser previsto na legislação interna,
tem suporte na Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional
(Convenção de Palermo), promulgada pelo Decreto n.º 5.015/2004, de que também é
signatária a Finlândia. 4. Os bens imóveis confiscados não serão transferidos para a
titularidade do país interessado, mas serão levados a hasta pública, nos termos do art.
133 do Código de Processo Penal. 5. Pedido de homologação deferido. (SEC 10.612/
EX, Rel. Ministra LAURITA VAZ, CORTE ESPECIAL, julgado em 18/05/2016)

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 123. Ao assinar a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, o Estado
brasileiro não formulou qualquer reserva.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15.1 A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados.

O enunciado encontra-se incorreto, uma vez que o Estado brasileiro formulou duas reservas no

ALUNO: mirlonfernando pág. 137


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momento da assinatura da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados. A primeira reserva
formulada pelo Brasil versa sobre a aplicação provisória de tratados internacionais em território
brasileiro, prevista no artigo 25 da CVDT. Ainda sobre as reservas formuladas pelo Estado brasileiro
no momento em que o mesmo aderiu o texto da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados,
o Brasil também formulou uma reserva em relação a possibilidade de utilizar de forma automática
a Corte Internacional de Justiça como locus para dirimir controvérsias envolvendo o texto da
Convenção. Tal possibilidade está prevista no artigo 66 da CVDT e não possui aplicabilidade ao
Estado brasileiro diante da reserva formulada pelo mesmo.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 124. O Direito Internacional não admite a figura da concordata.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15 Direito dos Tratados.

A concordata é um tratado internacional celebrado entre a Santa Sé e um determinado Estado


tendo como objeto a regulação da relação entre igreja e Estado. No entanto, alerto o futuro
Defensor Público Federal que nem todo tratado internacional celebrado pela Santa Sé recebe o
nome de concordata, mas apenas aqueles tratados que regulamentam a relação entre igreja e
Estado.

Nesta linha de raciocínio, alerto ao aluno que a celebração de concordata é plenamente aceita
pela atual normativa internacional. Por fim, lembro ao aluno que a Santa Sé possui personalidade
jurídica de direito internacional.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 125. A simplicidade das sentenças estrangeiras, a exemplo das proferidas nos
Estados Unidos da América, não inibe a homologação cabível, quando preenchidos os seus
requisitos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5 Homologação de sentenças estrangeiras.

O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou sobre a problemática posta, decidindo que a


simplicidade das sentenças estrangeiras, a exemplo das proferidas nos Estados Unidos da América,
não inibe a homologação cabível, quando preenchidos os seus requisitos. Foi o que decidiu o

ALUNO: mirlonfernando pág. 138


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Superior Tribunal de Justiça na SEC 868/US. Ainda sobre o tema “homologação de sentença
estrangeira”, lembro ao aluno que o nosso Código Penal prevê expressamente a possibilidade
de homologação de sentença estrangeira em duas situações, quais sejam: a) para obrigar o
condenado a reparar o dano e impor outros efeitos civis da sentença (art. 9º, I, do CP) e; b)
sujeitar o condenado a medida de segurança (art. 9º, II, do CP).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 126. Entende-se por “jus cogens” as normas imperativas de direito internacional,
dotadas de um status normativo superior em relação as demais.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 18 O jus cogens.

As normas de jus cogens são normas imperativas de direito internacional, dotadas de um status
normativo superior em relação as demais. São inderrogáveis pela vontade das partes e só podem
sofrer modificação por normas do mesmo quilate. Também são chamadas de normas peremptórias
ou cogentes. Além disso, se caracterizam por uma qualidade de implementação. Ainda nesse
sentindo, lembro ao aluno que as normas de jus cogens não devem ser confundidas com as obrigações
erga omnes, uma vez que estas últimas retratam valores essenciais para toda a comunidade
internacional e, portanto, geram obrigações para todos os Estados. Sendo assim, todos os países
possuem legitimidade para exigir o respeito e o cumprimento destas obrigações. Deste modo, é
possível afirmar que as obrigações erga omnes estão ligadas a uma faceta processual, uma vez
que todo e qualquer Estado possui legitimidade para defender o cumprimento deste quilate.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 127. O princípio do aut dedere, aut judicare não subsiste no Direito Internacional
Público.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.3.1 Extradição.

O princípio do aut dedere, aut judicare consiste na obrigação de extraditar ou julgar os indivíduos
que cometeram determinados crimes internacionais. Trata-se de uma obrigação que subsiste no
Direito Internacional Público desde o ideal de Hugo Grotius que formulou a obrigação de aut dedere
aut punire (extradite ou puna) em matéria de pirataria internacional. O princípio do aut dedere aut
judicare pode ser encontrada no art. 36.2 “a” da Convenção única sobre Entorpecentes de 1961,

ALUNO: mirlonfernando pág. 139


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no art. 22.2 “a” da Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas (1971), no artigo 16 da Convenção
das Nações Unidas sobre Crime Organizado Transnacional (2000), no artigo 11 do Tratado de
Extradição do Mercosul (1998), entre outros documentos. Ainda sobre o assunto e para elucidar
eventuais dúvidas, uma pequena lição de Luiz Fernando Voss Chagas Lessa sobre o princípio do
aut dedere, aut judicare: “A cláusula aut dedere aut judicare (extradite ou julgue) aparece como
um princípio de Direito Internacional vinculante, aplicável não somente aos casos de extradição,
mas sim à própria persecução dos autores de ilícitos internacionais penais. Esse princípio tem
aplicabilidade naqueles casos em que um Estado recusa conceder a extradição requerida por
outro Estado, como, por exemplo, costuma ocorrer no caso de nacionais do país requerido. Nessas
hipóteses, embora o Estado requerido não esteja obrigado a entregar o acusado do fato criminoso
ao requerente, aquele tem a obrigação de processar e julgar o criminoso. Indo além, é possível
sustentar que, na ausência de um pedido de extradição, existe, para o Estado onde se encontra
localizado o autor do fato delituoso, o dever de processá-lo. Esse dever pode resultar tanto da
aplicação da cláusula do aut dedere aut judicare quanto do costume internacional, das normas
imperativas de DI ou mesmo de princípios gerais do direito” (LESSA, Luiz Fernando Voss Chagas.
Persecução penal e cooperação internacional direta pelo Ministério Público. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2013, p. 62-63).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 128. O Tribunal Penal Internacional pode ser considerado um “tribunal de direitos
humanos”

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 21 O Tribunal Penal Internacional.

Em que pese o Tribunal Penal Internacional seja um tribunal essencialmente penal, a doutrina
especializada entende que o TPI também está inserido no rol de “tribunais de direitos humanos”, uma
vez que este reprime graves violações de direitos humanos, além de tutelar os direitos humanos das
vítimas. Nesse sentido, é a lição de André de Carvalho Ramos: “As regras constantes do Estatuto
de Roma demonstram a preocupação da comunidade internacional em evitar que a impunidade
dos agentes responsáveis pelas condutas tipificadas possa servir de estímulo a novas violações.
Ademais, tais regras demonstram também a preocupação da comunidade internacional do due
process of law, que possibilita uma adequada investigação, processamento e condenação dos
responsáveis pelos atos odiosos descritos como crimes no próprio Estatuto. Assim, não podemos
reduzir o Estatuto a um conjunto de regras instituidoras de uma Corte internacional permanente.
Pelo contrário, desde o seu Preâmbulo, o Estatuto faz menção a uma missão de proteção às
vítimas de graves atrocidades, que têm o direito a exigir justiça. Como estabelece o Preâmbulo, os

ALUNO: mirlonfernando pág. 140


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Estados reconhecem que neste século milhões de crianças, mulheres e homens têm sido vítimas
de atrocidades inimagináveis que chocam profundamente a consciência da humanidade. E mais,
reconhecem os Estados que o combate à impunidade contribui à prevenção dessas atrocidades, no
clássico efeito preventivo da repressão penal. Os crimes elencados no Estatuto de Roma protegem
bem jurídicos considerados, por seu turno, direitos humanos mencionados em diversos textos
internacionais. É o caso do genocídio (direito à vida), dos crimes contra a humanidades (direitos
humanos diversos, tais como o direito à vida, à integridade física e outros), crimes de guerra (o
mesmo do anterior) e mesmo o chamado crime de agressão, que viola o direito à autodeterminação
dos povos. Logo, o intérprete não pode deixar de reconhecer que esse Estatuto insere-se no
conjunto de tratados internacionais protetivos de direitos humanos” (RAMOS, André de Carvalho.
Processo Internacional de Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 310).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 129. Não há impedimento em razão da nacionalidade para que o Estado brasileiro
entregue um brasileiro nato ao Tribunal Internacional Penal.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 21 O Tribunal Penal Internacional. 21.1 A entrega de nacionais.

Em que pese a constituição proíba a extradição de brasileiro nato para o exterior, tal situação não
deve ser confundida com a entrega de nacionais ao Tribunal Penal Internacional. O instituto da
entrega, também chamado de remise ou surrender, consiste na situação em que um Estado entrega
ao Tribunal Penal Internacional ou a outro Tribunal internacional (cuidado para não confundir com
tribunal estrangeiro!) um determinado indivíduo. Dessa forma, não há qualquer incompatibilidade
entre o instituto da entrega e a Constituição Federal de 1988, uma vez que esta última veda a
extradição de brasileiro nato.

Mas qual a diferença básica entre entrega e extradição? A extradição é uma modalidade
de cooperação jurídica internacional horizontal, uma vez que a mesma ocorre entre Estados.
Já a entrega é uma modalidade de cooperação jurídica vertical, uma vez que a mesma ocorre
entre Estado e organismo internacional. Em razão disso, o instituto da entrega de nacionais é
perfeitamente compatível com a Constituição Federal de 1988. Esta é a posição amplamente
majoritária na doutrina (LFG, André de Carvalho Ramos etc).

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 141


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5ª RODADA - 25/05/2017

PROFESSOR: CAIO PAIVA


E-mail: profcei.caiopaiva@gmail.com

DIREITOS HUMANOS GRUPO IV

A Carta Internacional dos Direitos Humanos ou Declaração Internacional de Direitos


(International Bill of Rights) é constituída por três documentos, quais sejam, a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. A respeito desses documentos,
julgue os seis itens a seguir.

QUESTÃO 130. A Declaração Universal dos Direitos Humanos é considerada “bipartite” ou


“brifronte”, já que somente prevê direitos de primeira e segunda gerações.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3.1 A Declaração Universal dos Direitos do Homem. 3.2 O Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 3.3 O Pacto Internacional
dos Direitos Civis e Políticos.

O enunciado está correto. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) realmente é
considerada bipartite ou brifronte, pois a sua estrutura é divida em dois grandes eixos, prevendo no
primeiro os direitos de liberdade (de primeira geração – artigos 1º a 21) e no segundo os direitos
de igualdade (de segunda geração – artigos 22 a 30). Assim, a DUDH não cuidou dos direitos
de solidariedade (de terceira geração), dos quais são exemplos o direito ao meio ambiente e ao
desenvolvimento. Atenção: o caráter bipartite ou bifronte da DUDH a diferencia dos Pactos de 1966
que a sucederam – sem lhe revogar, advirta-se –, já que estes possuem caráter unidirecional, cada
um protegendo um eixo de direitos, de modo que a DUDH atendeu ao princípio da indivisibilidade
dos direitos humanos.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 131. A Declaração Universal dos Direitos Humanos é criticada pela comunidade
jurídica internacional por não ter estabelecido o regime democrático com eleições periódicas
e legítimas como regime de governo, omissão esta que veio a contribuir para os regimes
ditatoriais da segunda metade do século XX.

COMENTÁRIO

ALUNO: mirlonfernando pág. 142


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Ponto do edital: 3.1 A Declaração Universal dos Direitos do Homem. 3.2 O Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 3.3 O Pacto Internacional
dos Direitos Civis e Políticos.

O enunciado está errado, pois a preocupação com o regime democrático consta do texto da DUDH.
Vejamos o que dispõe o seu art. 21:

“Artigo 21

§ 1º. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou
por intermédio de representantes livremente escolhidos.

§ 2º. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

§ 3º. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será
expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou
processo equivalente que assegure a liberdade de voto”.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 132. Conforme estabelece o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, a
pena de morte não poderá ser imposta em casos de crimes cometidos por pessoas menores
de 18 anos ou maiores de 70, nem aplicada a mulheres em estado de gravidez.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3.1 A Declaração Universal dos Direitos do Homem. 3.2 O Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 3.3 O Pacto Internacional
dos Direitos Civis e Políticos.

O enunciado está errado. Vejamos o que estabelece o art. 6.5 do PIDCP: “A pena de morte não
deverá ser imposta em casos de crimes cometidos por pessoas menores de 18 anos, nem aplicada
a mulheres em estado de gravidez”. Atenção: o PIDCP não proíbe a pena de morte ao maior de
setenta anos, proibição esta que consta, porém, na Convenção Americana de Direitos Humanos
(art. 4.5). Temos aqui, portanto, uma diferença entre os sistemas global e regional de proteção dos
direitos humanos.

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 143


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QUESTÃO 133. Estabelece o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos que toda
pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua inocência enquanto a
sentença penal condenatória não transitar em julgado.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3.1 A Declaração Universal dos Direitos do Homem. 3.2 O Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 3.3 O Pacto Internacional
dos Direitos Civis e Políticos.

Tema interessante! A CF prevê que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado
de sentença penal condenatória” (art. 5º, LVII). O PIDCP (art. 14.2), tal como a CADH (art. 8.2),
não trabalha com o conceito de trânsito em julgado para cuidar da presunção de inocência, e sim
com o conceito de comprovação legal da culpa, o que ocorre, segundo a doutrina especializada,
com o esgotamento do duplo grau e com a possibilidade de se obter uma revisão ampla da
sentença de primeiro grau, com discussão de fatos, de provas e de teses jurídicas. Há quem
entenda que comprovação legal da culpa, “traduzido” para nossa realidade brasileira, seria um
equivalente de trânsito em julgado. É essa a opinião de Aury Lopes Jr. e Gustavo Badaró. Divirjo
desse entendimento porque quando o PIDCP e a CADH quiseram, tais documentos utilizaram
expressamente a expressão trânsito em julgado, o que é visto no tratamento destinado à garantia
da proibição do bis in idem (PIDCP, art. 14.7; CADH, art. 8.4).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 134. O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais admite
que países em desenvolvimento, levando devidamente em consideração os direitos
humanos e a situação econômica nacional, poderão garantir menos direitos econômicos
aos estrangeiros do que aos seus nacionais.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3.1 A Declaração Universal dos Direitos do Homem. 3.2 O Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 3.3 O Pacto Internacional
dos Direitos Civis e Políticos.

O enunciado está correto. Estabelece o PIDESC que “Os países em desenvolvimento, levando
em consideração os direitos humanos e a situação econômica nacional, poderão determinar em
que garantirão os direitos econômicos reconhecidos no presente Pacto àqueles que não sejam
seus nacionais” (art. 2.3). Não há um dispositivo equivalente a este no sistema interamericano
de proteção dos direitos humanos; ao contrário, já no preâmbulo do Protocolo de San Salvador

ALUNO: mirlonfernando pág. 144


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consta que “(...) os direitos essenciais do homem não derivam do fato de ser ele nacional de
determinado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa humana
(...)”. Lembrando que, de acordo com a lista do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil é um
país em desenvolvimento.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 135. O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, tal
como o Protocolo de San Salvador, assegura o direito de gozar dos benefícios do progresso
científico.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3.1 A Declaração Universal dos Direitos do Homem. 3.2 O Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 3.3 O Pacto Internacional
dos Direitos Civis e Políticos.

O enunciado está correto. Prevê o PIDESC que os Estados devem garantir a cada indivíduo o
direito de “desfrutar o processo científico e suas aplicações” (art. 15.1.b), enquanto que o Protocolo
de San Salvador reconhece o direito de toda pessoa a “Gozar dos benefícios do progresso científico
e tecnológico” (art. 14.1.b). A Corte Interamericana de Direitos Humanos já assegurou esse direito
de gozar dos benefícios do progresso científico quando do julgamento do Caso Artavia Murillo
e outros (“fecundação in vitro”) vs. Costa Rica. Segue trecho do nosso livro – meu com o Thim
–, Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos, em que comentamos esse importante
tópico do Caso Artavia:

“56.2.4. Direito a gozar dos benefícios do progresso científico. Outro argumento


invocado pela CorteIDH para reprovar a proibição da FIV [fecundação in vitro] pela Costa
Rica foi o direito a gozar dos benefícios do progresso científico, que é reconhecido
internacionalmente, tanto no sistema regional americano quanto no sistema universal
de proteção dos direitos humanos. (...) Assim, para a CorteIDH, ‘Do direito de acesso
ao mais alto e efetivo progresso científico para o exercício da autonomia reprodutiva e
a possibilidade de formar uma família se deriva o direito a acessar os melhores serviços
de saúde em técnicas de assistência reprodutiva, e, em consequência, a proibição de
restrições desproporcionais e desnecessárias de direito ou de fato para exercer as
decisões reprodutivas que correspondam em cada pessoa (...)” (p. 501).

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 145


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PROFESSOR: DANIEL CHIARETTI


E-mail: profcei.danielchiaretti@gmail.com

FILOSOFIA DO DIREITO, NOÇÕES DE SOCIOLOGIA JURÍDICA E


GRUPO IV
NOÇÕES DE CIÊNCIA POÍTICA

QUESTÃO 136. A partir da década de 1960 o positivismo de matriz passa a sofrer diversas
críticas importantes. Uma das vertentes críticas pode ser atribuída a Robert Alexy e consiste
em uma abordagem que, entre outras características, dá maior centralidade à moral no
âmbito do direito.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Filosofia: 2.3 O positivismo jurídico e seus críticos.

Vimos em rodadas passadas alguns aspectos importantes do positivismo, tema que ainda será
retomado. Mas é importante termos em mente que esta teoria do ordenamento sofreu diversas
críticas, em especial a partir da década de 1960. Dentre elas temos a crítica de matriz constitucionalista
formulada por Robert Alexy, fundada, entre outros aspectos, na distinção entre regras e princípios.
Um ponto importante da teoria de Alexy é apresentado do seguinte modo por Carla Faralli (A teoria
contemporânea do direito. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 12):

“A defesa da conexão entre direito e moral baseia-se no processo de inclusão de


conteúdos morais no direito, expressos nos princípios e nos direitos invioláveis dos
indivíduos. A presença de princípios se traduz na abertura do direito aos conteúdos
morais e, paralelamente, determina o desenvolvimento de novas formas de decisões
judiciais (ponderação de princípios, balancing).”

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 137. De acordo com Immanuel Kant, regras jurídicas e regras morais possuem
estruturas distintas. No entanto, ambas são externas, pois exigem a conformação das
condutas a determinadas regras.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Filosofia. 4 Relações entre Direito e Moral.

Direito, segundo Kant, é um sistema de obrigações ligado às relações das pessoas entre si.

ALUNO: mirlonfernando pág. 146


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Contudo, o direito não considera o aspecto interno dessas ações, como a intenção de alguém,
mas apenas o aspecto externo. Desse modo, o direito liga-se à conformidade de uma conduta
conforme a lei, sendo essa legislação jurídica externa e decorrente de uma obrigação formal. Já a
legislação moral é interna, e exige o cumprimento por um senso de dever. São conceitos diversos,
mas complementares.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 138. De acordo com a obra de H.L.A. Hart, não cabe à legislação a internalização
de exigências morais presentes na sociedade.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Filosofia. 4 Relações entre Direito e Moral.

Na obra O Conceito de Direito, Hart expõe justamente esta posição:

“Aqui tomaremos o Positivismo Jurídico com o significado da afirmação simples de


que não é em sentido algum uma verdade necessária que as leis reproduzam ou
satisfaçam certas exigências da moral, embora de fato o tenham frequentemente
feito.” (p. 202)

Desse modo, a assertiva está de acordo com a própria obra de Hart. Trata-se, ademais, de uma
decorrência do próprio positivismo jurídico, que pauta-se pela chamada tese da separação,
segunda qual direito e moral são questões distintas. A moral importa apenas para uma crítica do
direito, mas uma norma jurídica, ainda que viole a moral (seja “injusta”, como dizemos de forma
mais vulgar), deve ser aplicada.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 139. É possível afirmar que a distinção entre direito e moral não era tão clara
no pensamento grego antigo. Isto porque, para os pensadores desta época, havia uma
identificação entre justiça e virtude.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Filosofia. 4 Relações entre Direito e Moral.

De fato, autores apontam que para os gregos antigos, esta distinção não era clara, tanto que a
justiça era considerada o exercício supremo da virtude, o que demonstra seu caráter extremamente
subjetivo. Neste sentido, citamos André Gualtieri de Oliveira (Filosofia do Direito. São Paulo:

ALUNO: mirlonfernando pág. 147


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Saraiva):

“As civilizações antigas, portanto, organizavam sua ordem social confundindo direito
e moral, considerando que numa única atividade produziam-se prescrições relativas à
religião, às boas intenções morais, à educação e à estrita definição das relações sociais”.

E, para fundamentar sua posição, o autor usa os ensinamentos de Michel Villey:

Ele [Michel Villey] explica o pensamento de Aristóteles esclarecendo uma distinção


etimológica entre os termos gregos dikaion e dikaiosunê, que significavam respectivamente
justo e justiça; e o termo to dikaion, que significava direito. A partir disso, exemplifica
Villey:

‘Pago bastante regularmente meu imposto de renda; em outras palavras, não tomo
menos do que a parte que me cabe quanto às contribuições às finanças públicas; realizo,
pois, a este respeito o estado de coisa justa (to dikaion). Mas talvez eu declare minha
renda tão exatamente porque o secretário geral da faculdade a comunica ao fiscal do
imposto de renda: não há como trapacear. E supondo que eu me abstenha de pagar na
data prescrita, e não estando bem relacionado na secretaria das finanças, não poderei
escapar do oficial de justiça. Se tivesse como, eu fraudaria... Assim sendo, você não
concluirá que eu seja um dikaios, que tenha a virtude da justiça (dikaiosunê). O dikaios
seria a justiça em mim, subjetiva; o dikaion é a justiça fora de mim, no real, objetiva:
assim entendeu-se durante muito tempo o termo direito. (VILLEY, 2008, p. 70-71)’

Nessa concepção, a moral preocupa-se com a virtude subjetiva do indivíduo, prescrevendo-


lhe condutas que fazem de alguém um homem justo. Mas da moral se destaca uma outra
disciplina, cuja finalidade é dizer o que é justo, o que pertence a cada um”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 140. De acordo com Aristóteles, a equidade decorre da impossibilidade de uma


lei geral que dê conta de todos os casos particulares.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Filosofia: 2 A estrutura do Direito.

De fato, para Aristóteles, a equidade equivalia à justiça no caso concreto, sendo necessária uma
adaptação diante da impossibilidade de uma afirmação universal que seja sempre correta. Daí a
metáfora da Régua de Lesbos usada pelo autor na obra Ética Nicomaqueia:

“De fato, a lei não prevê todas as situações porque é impossível estabelecer uma lei

ALUNO: mirlonfernando pág. 148


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a propósito de algumas delas... Com efeito, quando uma situação é indefinida a regra
também tem de ser indefinida, como acontece com a régua de chumbo usada pelos
construtores em Lesbos; a régua se adapta à forma da pedra e não é rígida, e o
decreto se adapta aos fatos de maneira idêntica”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 141. Um dos traços essenciais do Estado de Direito é a limitação das atividades
estatais pela lei.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ciência Política: 3 Conceito de Estado.

Segundo Nina Ranieri, a expressão Estado de Direito “em sentido amplo designa um tipo de Estado
que adota uma forma de organização estatal, de natureza política e jurídica, na qual o poder do
Estado se encontra limitado pelo direito, com a finalidade de garantir os direitos fundamentais.”
(Teoria do Estado. São Paulo: Manole, 2013, p. 196).

Neste sentido, ao vincular-se a noção de Direito com a do Estado, há o reconhecimento da limitação


do exercício do poder estatal com vistas à proteção de direitos fundamentais.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 142. Um Estado pode adotar formas distintas conforme o grau de descentralização
territorial do poder com relação aos entes componentes. No entanto, qualquer Estado deve
ser considerado unitário, na medida em que todos possuem um núcleo único e exclusivo
de poder.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ciência Política 7 Regime, formas e sistemas de governo.

De fato, um Estado pode adotar formas distintas conforme o grau de descentralização territorial do
poder com relação aos entes componentes. Um Estado unitário é aquele com uma forma simples,
com um único centro de poder político e jurídico em todo o território. Já as formas complexas
apresentam mais um centro de poder político, em regra com um modelo de coordenação entre
os entes. O principal exemplo de forma complexa é o Estado Federal, composto por vários entes
políticos territoriais, com poder legiferante próprio. Assim, há uma distribuição do poder entre os
diversos entes.

ALUNO: mirlonfernando pág. 149


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GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 143. Em que pese haja diferenças formais, uma confederação de Estados possui
as características essenciais do federalismo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ciência Política 7 Regime, formas e sistemas de governo.

Uma confederação de Estados é composta por dois ou mais Estados soberanos, havendo o
reconhecimento mútuo da soberania de cada um dos entes. É diverso, portanto, do federalismo,
no qual há um único Estado soberano composto por entidades federadas.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 144. Uma das interpretações dadas ao modelo de tripartição de poderes elaborado
por Montesquieu é a limitação recíproca, ou “sistema de freios de contrapesos”.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ciência Política 7 Regime, formas e sistemas de governo.

Esta é a interpretação americana da teoria de Montesquieu. Segundo este modelo, a divisão dos
poderes permitira um sistema de checks and balances a partir da repartição e divisão dos poderes
entre órgãos, de modo que nenhum poderia ultrapassar os limites constitucionais sem ser contido
pelos outros.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 145. Segundo Rousseau, o Poder Legislativo deveria ter prevalência sobre os
demais, já que é a expressão da vontade geral.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ciência Política 7 Regime, formas e sistemas de governo.

De fato, o modelo político de Rousseau, fundado na ideia de contrato social, é pautado pela
prevalência da vontade geral, a qual se expressa através do Legislativo. Ademais, neste modelo
o Executivo seria mero executor das leis, atuando por simples emanação do Legislativo. Vê-se,
portanto, que Rousseau possui um modelo muito diverso daquele elaborado por Montesquieu e

ALUNO: mirlonfernando pág. 150


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adotado como regra nas democracias ocidentais.

GABARITO: CERTO

Leia o excerto abaixo e julgue as assertivas seguintes:

“Ora, como diria o insuspeito Max Weber, os ricos e felizes, em todas as épocas e em todos
os lugares, não querem apenas ser ricos e felizes. Querem saber que têm “direito” à riqueza
e felicidade. Isso significa que o privilégio – mesmo o flagrantemente injusto, como o que se
transmite por herança – necessita ser “legitimado”, ou seja, aceito mesmo por aqueles que
foram excluídos de todos os privilégios. Nas sociedades do passado o privilégio era aberto e
religiosamente motivado: alguns tinham “sangue azul” por decisão supostamente divina, o
que os legitimava terem acesso a todos os bens e recursos escassos. A sociedade moderna,
no entanto, diz de si mesma que superou todos os privilégios injustos. Isso significa que
os privilégios injustos de hoje não podem “aparecer” como privilégio, mas sim como, por
exemplo, “mérito pessoal” de indivíduos mais capazes, sendo, portanto, supostamente
justificável e merecido. É isso que faz com que o mundo social seja sistematicamente
distorcido e falseado. Todos os privilégios e interesses que estão ganhando dependem do
sucesso da distorção e do falseamento do mundo social para continuarem a se reproduzir
indefinidamente. A reprodução de todos os privilégios injustos no tempo depende do
“convencimento”, e não da “violência”.” (SOUZA, Jessé. A tolice da inteligência brasileira:
ou como o país se deixa manipular pela elite. São Paulo: Leya, 2015).

QUESTÃO 146. Interpretando as ideias do trecho a partir de um viés marxista, podemos


dizer que a ideia de os privilégios de dada classe social são merecidos e justos decorrem da
ideologia existente nas sociedades capitalistas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Sociologia: 3 Positivismo, Marxismo e Historicismo.

De acordo com Karl Marx, a ideologia corresponde a certas ideias predominantes em dada
sociedade. No caso do capitalismo, a ideologia refere-se a certas representações decorrentes das
relações de classe, ou seja, da dominação do proletariado pela burguesia. Destas relações surgem
relações de dominação que são “naturalizadas” através do aparato ideológico.

Daí surgem ideias, tidas pelo marxismo como ilusórias, que legitimam estas relações de dominação.
Um exemplo é, justamente, o da existência de privilégios que seriam justos, na medida em que
conquistados a partir do esforço. Uma vaga em concurso público, por exemplo: o discurso padrão
vai no sentido de que com esforço e dedicação, qualquer um pode passar. Mas, na realidade,

ALUNO: mirlonfernando pág. 151


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a esmagadora maioria dos aprovados provem de grupos sociais que possuem meios para, por
exemplo, bancar cursos que em regra custam mais caro que o salário mínimo brasileiro.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 147. Em que pese esses privilégios estejam presentes nas sociedades
contemporâneas, o surgimento deles decorre sempre de uma contrariedade ao direito.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Sociologia: 8 A função simbólica do Direito.

A partir de uma interpretação marxista, temos o direito como uma mera reprodução da superestrutura
econômica. Neste sentido, é um instrumento de dominação. Mas mesmo uma interpretação não
marxista, ou seja, que admita que o direito pode ser utilizado para alterar estruturas sociais injustas
(e daí até mesmo a função da Defensoria Pública), temos que o direito com frequência é usado
para legitimar desigualdades. O erro decorre, portanto, da palavra “sempre”.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 148. Em que pese Jessé de Souza fale da inexistência de violência para a criação e
perpetuação destes privilégios, podemos dizer que a reprodução destas estruturas depende
da “violência simbólica” tal qual desenvolvida por Pierre Bourdieau.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Sociologia: 8 A função simbólica do Direito.

Como explica o próprio Jessé de Souza, a violência simbólica “é uma noção do sociólogo francês
Pierre Bourdieu para se diferenciar da noção de “ideologia” em Marx e enfatizar o trabalho
da dominação social como tendo seu núcleo na tentativa de fazer o dominado aceitar por
“convencimento” as razões da própria dominação.”

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 149. As relações de privilégio em uma sociedade decorrem basicamente de


assimetrias econômicas, de modo que as diferenças de classe decorrem da posição dos
indivíduos quanto a emprego e renda.

ALUNO: mirlonfernando pág. 152


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COMENTÁRIO

Ponto do edital: Sociologia: 5 Os grupos sociais e o Direito.

De fato, para a sociologia tradicional, emprego e renda são os principais critérios para a estruturação
de grupos sociais. No entanto, autores mais recentes têm buscado outros critérios, como questões
culturais, estilo de vida, padrões de consumo etc. Esta abordagem “embaralha” um pouco os
conceitos tradicionais de classe: podemos pensar, por exemplo, em ricos que não se interessam
por alta cultura, classes mais desfavorecidas que consomem o mesmo material cultural que as
elites (novelas, seriados, musica sertaneja etc.) ou uma classe média que conseguiu uma certa
ascensão econômica mas desacompanhada das referencias culturais e educacionais da classe
média tradicional. Esta seria uma característica das “sociedades de massa” que, se não superaram
as concepções tradicionais de classe, ao menos tornaram sua definição muito mais complicada.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 150. Um outro modo possível de se pensar esses “privilégios” seria a partir
da definição, por parte das elites, de determinados comportamentos sociais classificados
como criminosos. Assim, essas elites excluiriam, através do próprio direito, determinados
grupos sociais a partir da atribuição da prática de ilícitos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Sociologia: 8 A função simbólica do Direito.

Esta é uma possível interpretação sociológica do uso do direito como ferramenta de exclusão e
legitimação desta exclusão. Através do aparato legal, como por exemplo o próprio direito penal, são
definidas determinadas condutas associadas a grupos marginalizados e modo a possibilitar o uso
da coação estatal, legitimando a exclusão destas coletividades. Isto pode ser visto em tipos penais
já revogados ou em desuso, como a vadiagem. Mas também pode ser detectado, por exemplo, na
diferença de tratamento entre um delito como o furto e a sonegação fiscal, já que neste último há
muitas garantias e possibilidades de se conseguir a extinção da punibilidade.

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 153


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QUESTÕES DISSERTATIVAS

ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: RAFAEL VASCONCELOS PORTO


E-mail: profcei.rafaelporto@gmail.com

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

QUESTÃO 1. Descreva quais são os requisitos para a concessão de auxílio-reclusão no


RGPS, conforme a legislação de regência e a jurisprudência dos Tribunais Superiores.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 30/05/2017:
profcei.rafaelporto@gmail.com - LIMITE 10 LINHAS

PROFESSOR: THIMOTIE HEEMANN


E-mail: profcei.thimotieheemann@gmail.com

DIREITOS HUMANOS

QUESTÃO 2. Discorra sobre o princípio do non refoulement, abordando necessariamente


os seguintes tópicos: a) conceito; b) previsão legal e convencional; c) non refoulement
direto; d) non refoulement indireto; e) jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos
Humanos sobre o tema.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 30/05/2017:
profcei.thimotieheemann@gmail.com - LIMITE 10 LINHAS

ALUNO: mirlonfernando pág. 154


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PEÇA JUDICIAL

ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: DANIEL CHIARETTI


E-mail: profcei.danielchiaretti@gmail.com

DIREITO INTERNACIONAL

Segundo a narrativa de um atendimento inicial, Ukechukwu, nacional da Nigéria, foi preso no


Brasil em 15/04/2009 em razão da prática do crime de tráfico internacional de drogas. Enquanto
estava cumprindo a pena respondeu a um inquérito de expulsão de estrangeiro, durante o
qual contou com a assistência da DPU, tendo este procedimento culminado com sua expulsão
por ato do Ministro da Justiça publicado no Diário em 17/06/2012.

Em seguida, houve o deferimento de sua progressão de regime e, em 15/08/2015, quando


já fora do regime fechado, conheceu a tailandesa Kamonporn, com tem teve um filho em
território nacional.

Próximo de terminar o cumprimento da pena, Ukechukwu compareceu à Polícia Federal para


pedir permanência com base em prole, tendo sido impedido em razão da existência de um
decreto de expulsão. Foi alertado pelos agentes federais que provavelmente seria expulso do
território nacional assim que a pena fosse extinta.

Assim, os dois procuraram a DPU para tentar solucionar o problema da potencial expulsão. No
atendimento, trouxeram documentos que demonstram o vínculo afetivo entre Ukechukwu e seu
filho, como fotos familiares e postagens em redes sociais. No entanto, como não conseguiu um
emprego formal, em que pese tenha CTPS e esteja regular no país, não conseguiu comprovar
que ajuda de forma substancial para o sustento da criança. Afirma, no entanto, que possui
testemunhas que podem comprovar que, sempre que pode, ajuda seu filho do ponto de vista
material e que possui vínculos afetivos com a criança. Ademais, os pais da criança não são
casados ou vivem em união estável.

Diante deste cenário, dentro de suas atribuições de Defensor Público Federal de 2º Categoria,
e considerando a inviabilidade de solução extrajudicial deste conflito, elabore a peça cabível.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 30/05/2017:
profcei.danielchiaretti@gmail.com - LIMITE 90 LINHAS

ALUNO: mirlonfernando pág. 155


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RETA FINAL 2017
5ª RODADA - 25/05/2017

NOME:_________________________________________________________________________________________________

CURSO: CEI-DPU RETA FINAL 2017 RODADA: 5ª. PROFESSOR:_______________________________________

MATÉRIA: _____________________________________ PEÇA JUDICIAL DATA: _____/_____/_____

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5ª RODADA - 25/05/2017

NOME:_________________________________________________________________________________________________

CURSO: CEI-DPU RETA FINAL 2017 RODADA: 5ª. PROFESSOR:_______________________________________

MATÉRIA: _____________________________________ QUESTÃO Nº: _________ DATA: _____/_____/_____

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