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RESUMO
O atendimento em cadelas para diagnóstico de distocia é uma rotina na clínica de pequenos
animais, assim como o diagnóstico de gestação. Algumas raças como as braquicefálicas
apresentam alto risco de distocia. As formas mais frequentes são de origem materna ou fetal
ou até mesmo relacionada a alterações hormonais, nutricionais e endócrinas durante a
gestação, que podem ser diagnosticadas por exames sanguíneos, radiográficos ou
ultrassonográficos. Casos de distocias podem ser tratados de forma medicamentosa ou por
meio de intervenção cesariana. O objetivo deste estudo é revisar as possíveis causas de
distocias em cadelas, além dos métodos diagnósticos e terapêuticos.
Palavras-chave: Reprodução, gestação, cesariana.
ABSTRACT
Dystocia is diagnostic commonly done by small animals clinician as well as pregnancy
diagnosis. Some breeds like brachycephalic are usually at high risk of dystocia, however in
other breed can also occur. The most common forms are of maternal or fetal origin or even
related to hormonal, nutritional and endocrine changes during pregnancy, which can be
diagnosed by blood analysis, X-ray or ultrasound exams. In cases of dystocia, can be treated
medically or by caesarean intervention, always with previous surgical anesthetic care, due to
reduced blood perfusion, the intervention may predispose a decrease in blood oxygenation
postpartum in dogs. The objective of this study is to deepen the knowledge about causes of
dystocia in bitches, being necessary to know about pregnancy and childbirth changes of this
kind, so that the necessary interventions are carried out in time.
Keywords: Reproduction, pregnancy, cesarean section.
INTRODUÇÃO
Distocia é definida como uma dificuldade de nascer ou a inabilidade materna em
expelir os fetos pelo canal do parto, sem assistência. O parto anormal ocorre quando há falha
em iniciar o nascimento no momento correto, ou devido a inabilidade ou incapacidade em
expulsar o feto, seja ela de origem materna ou fetal (1,2). Em média 75% das distocias em
cadelas são de origem materna e 25% de origem fetal (3). Qualquer fator que interfira na
saúde da mãe influenciará o parto (4).
Ocorre de forma mais frequente em cadelas do que em gatas e, de modo geral,
apresenta incidência de 5%, podendo atingir a 100% em algumas raças, sendo mais comum
nos animais de alta linhagem, quando comparados aos sem raça definida (5). Portanto, o
atendimento veterinário torna-se de extrema importância, para a sobrevida da mãe e dos fetos,
com acompanhamento prévio da gestação e até mesmo cesarianas de urgência ou emergência.
*
Discente do curso de Medicina Veterinária - Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO/FEMM. Email:
mariliade13@gmail.com
†
Docente do curso de Medicina Veterinária - Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO/FEMM
Liguori HK, Eneas MD, Ignácio FS. Distocia em cadelas - revisão de literatura. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2
(1): 14-19.
ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 15
REVISÃO DE LITERATURA
1. Distocias
A distocia em cadelas é de comum ocorrência, podendo variar de 5% a 100% em
determinadas raças (10). A distocia ocorre por uma dificuldade de efetivação de um parto
natural, sem intervenções e, podem ocorrer devido a um retardamento no desencadear do
parto ou até a completa inaptidão em parir. Podem ser classificadas em distocia de origem
materna ou fetal (11).
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Torção ou ruptura uterina podem ocorrer em diferentes graus, sendo mais frequentes
após administração de ocitocina em dose exagerada, realizada por pessoas inexperientes, sem
a orientação de um médico veterinário (17).
Dentro outras causas maternas, podemos citar vagina dupla, vulva infantil, estenose
vaginal, vagina hipoplásica, hiperplasia de assoalho vaginal, vulvovaginite, presença de septo
vaginal, dor, medo (inibição do parto espontâneo), excesso de gordura perivaginal, histerocele
gravídica e placentite (14).
2. Diagnóstico
Algumas características da gestação canina são únicas quando comparadas com outras
espécies. A determinação do tempo de gestação, o desenvolvimento embrionário e fetal,
assim como mudanças durante a gestação na fisiologia materna é essencial para monitoração
da gestação e no auxílio ao parto. Para um diagnóstico conciso deve-se saber o máximo
possível de informações sobre o animal e a sua gestação, como idade gestacional sendo a
principal para a escolha da conduta médica de diagnóstico e tratamento (20).
Pode ser realizado o diagnóstico por meio da palpação abdominal entre 24° e 35° dias
pós-cobertura. No segundo terço da gestação, a palpação abdominal é considerada um método
preciso para diagnóstico positivo de gestação em 87 a 88% dos casos, e 73% preciso para
diagnóstico negativo (21,22). Quando se desconfia de fetos em estática atípica, deve-se
realizar radiografias abdominais, nas posições lateral e ventrodorsal após 45 dias de gestação.
Sendo a radiografia ainda utilizada para contagem do número total de fetos e no caso de morte
fetal é avaliada a presença de gás no interior do útero, além de sobreposição dos ossos do
crânio fetal, denominado de sinal de Spalding, que se deve pela superposição dos ossos da
calota craniana (15, 23).
O exame ultrassonográfico é o exame de escolha para diagnóstico precoce de gestação
em cadelas, e pode ser utilizado para determinar o tempo gestacional, o diâmetro das
vesículas embrionárias, o diâmetro biparietal e o diâmetro abdominal fetal (14). Embora essas
mensurações sejam vastamente utilizadas, é importante lembrar que a acurácia desse exame
pode ser inferior a 50% quando as mensurações fetais são realizadas após o dia 39 da
gestação. Além disso, como as fórmulas para cálculo da idade gestacional são adaptadas para
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cadelas de várias raças, normalmente o resultado é apresentado com variação média de três
dias. (10). O exame ultrassonográfico também é útil no diagnóstico de malformações fetais
(14). A viabilidade fetal também pode ser avaliada, avaliando a frequência cardíaca, a
movimentação espontânea e o peristaltismo intestinal fetal (24). O achado de peristaltismo
intestinal fetal por meio de ultrassonografia pode estar relacionado com sofrimento fetal e
risco perinatal acentuado, sendo necessária a intervenção cirúrgica imediata.
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CONCLUSÃO
Procedimentos obstétricos em casos de distocia em cadelas como técnicas
conservativas por meio de tratamento clínico e auxílio manual ao parto ou técnicas cirúrgicas
como episiotomia e cesariana, são frequentes na rotina veterinária. O prognóstico é favorável
para fêmea e filhotes se o procedimento for efetuado no intervalo de 12 horas após início do
segundo estágio do parto, e um atraso superior a 24 horas pode resultar em morte fetal e
comprometimento materno, portanto, o entendimento da fisiologia e endocrinologia de uma
parturição normal é fundamental para prevenir, diagnosticar e tratar distocia, garantindo
sobrevida materna e fetal.
REFERÊNCIAS
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3.Walett-Darvelid A, Linde-Forsberg C. Dystocia in the bitch: a retrospective study of 182 cases. J
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4.Nelson RW, Couto CG. Medicina Interna de Pequenos Animais. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
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5.Prestes NC. Como e quando intervir no parto de cadelas. Rev. educo confino RMV-SP / Continuous
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6.Nelson RW, Couto CG. Medicina interna de pequenos animais. 4.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
cap. 59, p.855-858.
7.Jackson PGG. Obstetrícia Veterinária. 2 ed. São Paulo: Roca, 2006. P. 192-194.
8.Linde-Forsberg C, Eneroth A. Manual or small animal reproduction and neonatology. Shurdington:
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9.Barner FW, Spencer ET. Hormones and pregnancy. Texas: Elsevier; Texas A & M. University, v.5,
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