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Introdução
Este trabalho aborda uma reflexão sobre as Implicações das relações públicas nas diferentes
esferas públicas e ou sociais com o objectivo de compreender o papel que as relações públicas
têm (dentro e fora de uma organização) e as suas nuances no meio social.
A metodologia usada no trabalho foi a pesquisa bibliográfica que consistiu na leitura de vários
manuais que debruçam-se da matéria em alusão.
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As relações públicas podem ser definidas tendo em conta duas perspectivas: a académica e a
profissional.
Na perspectiva académica, para Harlow citado por Tench & Yeomans (2009:28), as relações
públicas são uma função empresarial que ajuda ao estabelecimento e manutenção de linhas de
comunicação, compreensão, aceitação e cooperação entre a organização e os seus públicos.
Envolve a gestão de problemas; informa a direcção sobre as correntes de opinião existentes no
seio dos diferentes públicos; define e enfatiza a responsabilidade social da empresa; ajuda à
previsão e adequação da organização a processos de mudança e novas tendências; e utiliza a
pesquisa e a ética como principais instrumentos.
Em termos organizacionais, Grunig & Hunt (1984) definem as relações públicas como a gestão
da comunicação entre a organização e os seus públicos e Cutlip, Center, & Broom (1999)
apresentam-nas como a função de gestão que estabelece e mantém relações de mútuo benefício
entre a organização e os públicos que determinam o seu sucesso ou insucesso.
I. Opinião Pública
Segundo Fortes (2003: 31) “Fortemente influenciada pela proliferação dos veículos massivos, a
Opinião Pública passou a perceber a sua energia moral e o poder de julgamento.”
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Caracterizada como um espaço onde se debatem questões que interessam a uma comunidade e
aos seus membros, a Esfera Pública, para além de ser o espaço de intervenção da actividade do
profissional de Relações Públicas, representa também o reflexo da sua actividade. A Esfera
Pública é um espaço de discussão e convencimento que também actua como instância mediadora
entre o Estado e a sociedade civil. Segundo Jurgen Habermas, filósofo alemão, principal
teorizador do Espaço Público, a Esfera Pública é um espaço de livre comunicação, onde a opinião
emerge da discussão entre os protagonistas com argumentos racionais. (Cascais, 2001:83).
Este espaço permite a exposição de ideias e opiniões em livre debate, cujo culminar leva à
determinação do interesse colectivo (Rodrigues, 2000:46).
III. Propaganda
É uma acção sistémica que visa influenciar opiniões e a Opinião Pública. Pode recorrer a
cartazes, panfletos e slogans para se exprimir (Cascais, 2001:155).
IV. Publicidade
Sector de crescente importância na economia e para muitos o seu grande motor, a publicidade é
uma actividade do domínio criativo, cuja função social implica responsabilidade perante o
cidadão e o consumidor. É uma actividade que visa a promoção de bens e serviços (Cascais,
2001:157).
V. Comunicação Organizacional
A actividade de comunicação deve ser exercida não só na empresa mas também no contexto
social e projectada para a comunidade (Caetano e Rasquilha, 2007:25).
A Comunicação Organizacional deve conter padrões definidos que assegurem a captação perfeita
da mensagem pelo público a quem esta se direcciona, uma vez que o conteúdo das comunicações
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deste género não atinge apenas indivíduos isolados, mas sim grupos de indivíduos. (Caetano e
Rasquilha, 2007:27).
VI. Marketing
Conjunto de técnicas e actividades que procuram optimizar a relação entre a oferta e a procura de
bens e serviços (Cascais, 2001:157).
Deste modo, o Marketing é uma promoção ou divulgação comercial, que visa aliciar o público
comprador a adquirir um dado produto ou serviço. Esta acção por vezes também recorre à
comunicação, mas aqui definida como comunicação de Marketing permite às organizações
comunicar com o público e com a comunidade.
Segundo Lindon et al. (2010, p.350) “ao funcionar como intérprete da gestão da organização
procurando informar e mobilizar os diferentes públicos, as Relações Públicas têm subjacentes
diversos objectivos”. O quadro a seguir apresenta os principais objectivos das Relações Públicas
que faz uma correspondência directa entre os públicos internos e externos:
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Comunicação deve ter como objectivo conscientização. O que precisa mudar são os rumos dessa
comunicação conscientizadora. Da manipulação para a imparcialidade, da alienação para a
formação crítica. A sociedade tem direito a isso. Conhecer seus direitos é a base da cidadania. Ser
cidadão significa ter completa consciência dos seus direitos e também de seus deveres perante o
Estado. Ter o conhecimento de como funciona o governo, sabendo que pode se ter participação
indirecta ou directa na composição, nas decisões e nas acções do mesmo.
A comunicação deve actuar como fonte difusora de toda informação relacionada á formação da
cidadania nas pessoas, buscando sempre levar o conhecimento á sociedade dos direitos que essa
conquistou no espaço democrático. Tendo consciência e conhecimento de seus direitos e deveres,
a democracia – ao pé da letra, o poder do povo – pode passar a eleger melhor seus representantes
no governo e a exigir mais dos seus próprios direitos. O cidadão analisa e discute os problemas de
sua comunidade, e exige que o Estado cumpra seus deveres, sendo que os seus estão sendo
cumpridos. Esse é o primeiro passo para que o poder da sociedade se iguale ao do Estado e das
classes dominantes. Ser cidadão é buscar e afirmar conhecimentos. Sem conhecimento, não há
mudança.
As Relações Públicas, segundo Andrade (2003) podem funcionar como um factor interactivo para
favorecer a acção e a busca pela cidadania, considerando a profissão como actividade fim e a
formação da cidadania uma actividade meio. Para actuar e entender a actividade de Relações
Públicas, actuando no social, é necessário ter o conhecimento sobre cidadania. Essa parceria
precisa ser feita na busca de uma nova sociedade. Andrade considera que da mesma forma que a
Propaganda se aliou ao Marketing, com seus objectivos mercadológicos, as Relações Públicas
devem se aliar com a cidadania, focando mais o campo social do que o empresarial. Somente o
processo de comunicação tem o poder de manifestar - através dos seus meios, da consciência
sobre a estrutura social e da sensibilidade de diagnosticar ambientes para fazer a comunicação
adequada – conceitos imprescindíveis para a sociedade e como representá-los na realidade.
Vieira (2002) lembra também a importância das Relações Públicas respeitarem a dimensão
individual de cada pessoa. Esse é o principal desafio de uma comunicação eficiente ao se
comunicar com um grupo, já que cada pessoa pode ter interesses particulares que sobreponham os
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colectivos. Por isso, a função da actividade no trabalho com grupos sociais seria formar uma
opinião pública, sendo esta considerada como um consenso entre as várias opiniões individuais,
priorizando a liberdade de expressão de cada um dos indivíduos. Essa é uma mostra da função
política das Relações Públicas, actuando na difusão de informação imparcial e na mediação dos
debates entre os grupos em busca da harmonia e do consenso. Nesse contexto, Vieira (2002)
observa que a actividade de Relações Públicas deve estar sempre atenta, pois a sociedade actual
sofre um processo de progressiva racionalização, no qual novos valores são criados e antigas
mentalidades caem de forma muito dinâmica. Por isso, a necessidade de se estar sempre
actualizado, informado e alerta em relação á essas mudanças, para que o trabalho seja realmente
bem feito.
As Relações Públicas podem também actuar pela cidadania dentro das empresas. A maioria das
empresas, principalmente as que enfrentam forte concorrência, está sempre em busca de
diferenciais competitivos para atrair mais clientes. Uma empresa actuante no âmbito social,
destinando recursos – tanto financeiros, quanto humanos – em programas ou instituições sociais
de interesse público ganha, comprovadamente, mais confiança não só de seus públicos
consumidores, como da sociedade em geral. O único problema nessa situação é o fato de algumas
empresas “forjarem” esse interesse social, criando a chamada “maquiagem” de responsabilidade,
criando e implementando projectos que podem parecer óptimos para quem vê, mas objectivando
apenas o lucro e a boa imagem. Dentro desse contexto, foi criada a expressão “responsabilidade
social empresarial”. Enfim, a intenção aqui é mostrar que, mesmo actuando nas empresas
privadas - tratadas como as principais vilãs da dominação da sociedade e do meio ambiente -, as
Relações Públicas podem actuar de forma humanizada, respeitando a sua função social e
ajudando a criar o que está sendo chamado de “empresas cidadãs”, sempre tomando cuidado com
a veracidade desse rótulo.
Podemos perceber então que a formação da cidadania nos indivíduos se dá intrinsecamente com o
acesso á informação. Informação então passa a fazer parte da cidadania e se torna um direito do
homem, assim como a liberdade para expressar sua opinião sobre a mesma informação. Como
isso não é visto na prática na actualidade, a actividade de Relações Públicas passa a ter o dever de
mostrar um outro lado de sua função política, pressionando o Estado para que este apanhe essas
práticas como sua obrigação, através de políticas públicas em busca do interesse social, isso
considerando uma actuação dentro de instituições sociais. Tudo que a actividade precisa entender
é que todo o serviço que hoje é prestado prioritariamente para o setor privado e para a classe
dominante pode ser adaptado para os grupos minoritários, que têm capacidade de expressão e de
inovação, mas não tem voz dentro da sociedade. Peruzzo (2004) reafirma esse pensamento,
afirmando que os princípios fundamentais para se atingir a cidadania são a liberdade e a
igualdade. E completa: Igualdade corresponde ao direito de isonomia, que pode ser tomada em
múltiplas dimensões: igualdade perante a lei, igualdade de oportunidades, igualdade de acesso
aos bens, aos meios de informação e comunicação, etc.
O contacto com a comunicação e com uma experiência de diálogo livre, na busca da formação de
cidadãos activos na sociedade, se faz necessário dentro da sociedade, principalmente no processo
educativo. Entender a comunicação, a cidadania, a visão sistémica e as redes sociais é o caminho
para a transformação da realidade social.
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Conclusão
A participação das Relações Públicas nos processos de interesse social consiste basicamente na
distribuição racional de informações de maneira didáctica, evitando a influência de discursos
hegemónicos e evitando categorizar a sociedade como massa.
As Relações Públicas têm o poder de adaptar suas actividades para atender as necessidades do
interesse público e dos grupos excluídos da sociedade. Pode trazer para esses grupos sociais as
discussões sobre mobilização e organização, através da criação de comunidades.
A criação da consciência de que as pessoas têm poder transformador e podem mudar sua
realidade é essencial para que o trabalho social realmente dê certo. Comunidades bem
organizadas têm voz e podem criar meios para se fazer ouvir pela sociedade. As Relações
Públicas têm características e formação adequadas para desempenhar esse papel.
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Bibliografia
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Paulo: Pioneira, 2003
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CAETANO Joaquim, RASQUILHA Luís, Gestão da Comunicação, Ed. Quimera Editores, Lda.,
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GONÇALVES, Vitor, Nos bastidores do jogo político – O poder dos assessores, Minerva
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Tench, R.; Yoemans, L. (2009). Exploring Public Relations. 2nd Edition, London: Financial
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