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ESTUDO DIRIGIDO II
DISCIPLINA: DIDÁTICA DE ENSINO
Assis
2018
Resposta Questões 1; 2. 7; 9 e 02:
A ideologia não é ilusão nem superstição religiosa de indivíduos mal orientados, mas
uma forma específica de consciência social, materialmente ancorada e sustentada.
Como tal não pode ser superada nas sociedades de classe. Sua persistência se deve ao
fato de ela ser constituída objetivamente (e constantemente reconstituída) como
consciência prática inevitável das sociedades de classe, relacionada com a articulação de
conjuntos de valores e estratégias rivais que tentam controlar o metabolismo social
em todos os seus principais aspectos (MÉSZÁROS, 2004, p. 65).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, é possível verificar se, por detrás do sistema de crenças, valores, planos e
estratégias de atuação gerencial, existem mecanismos de controle e dominação que
orientam e condicionam a atuação e discurso gerencial para interesses do capital. O
indivíduo só pode aderir a um sistema de valor coerente com sua experiência própria se
este lhe permitir ao mesmo tempo torná-lo inteligível e valorizá-lo. Da perspectiva das
relações de poder, pretende-se verificar se o aparato organizacional da unidade
produtiva industrial (composto por novas e refinadas formas de gestão do processo
de trabalho) atua como instrumentos de poder e controle nas atividades laborais
fortalecendo, através de mecanismos sutis de sedução, as condições de engajamento
com a organização, potencializando (i) o controle da subjetividade e (ii) a manipulação
dos desejos e necessidades dos sujeitos trabalhadores. Em outras palavras, a partir desta
categoria pode-se verificar como e se o poder se consolida (i) através de regras,
dispositivos e técnicas consentidas mediante uma lógica racional e/ou (ii) através de
mecanismos de controle da subjetividade.
O estudo das relações de poder permite, assim, verificar se a eficácia dos sistemas
edas formas de gestão utilizadas para controlar (presentes nos discursos de gestão) (i)
dependem exclusivamente de imposição, obediência ou de formas autoritárias de sua
aplicação, ou (ii) se entra em contradição com o antigo sistema baseado na autoridade
pessoal do chefe, submetendo os indivíduos a uma lógica abstrata de lucro e expansão.
Em outros termos, o estudo das relações de poder devem permitir verificar se e como
trabalhar em uma organização industrial implica a obediência exclusiva às regras ou se
igualmente compreendea adesão a um sistem a de crenças, cultura e valores, a uma
filosofia de vida, a uma formação específica e diferenciada. Da perspectiva da
ideologia, deve ser possível constatar como os modelos e as formas de gestão
implantadas pela organização incorporam um conjunto de conteúdos de ordem prática,
historicamente relacionado com os interesses econômicos do capital. Em outras
palavras, esta categoria de análise permite verificar a existência de um sistema
estruturado, de uma filosofia global, de um conjunto de princípios nos quais os sujeitos
podem acreditar: construção de um apelo ideológico amalgamado no imaginário
heroico; motivo de orgulho e de pertencimento; além das condições materiais, oferta de
satisfações de ordem psicossocial e elementos de vínculos sociais; elementos de
reconhecimento com a organização a ponto de promover o engajamento à mesma com o
emprego de toda energia física e emocional disponível.
Da perspectiva da alienação pode-se verificar como a fantasia (o imaginário)
direciona a maneira de ser, de pensar e de agir dos sujeitos trabalhadores, tendo em vista
que a realidade passa a ser compreendida pelo sujeito alienado como sendo tal como
parece ser, simplificada e destituída de sua história, de forma que este sujeito projeta a
si mesmo como um ser de qualidades segundo aquilo que dele se espera e passa a agir
de acordo com estas qualidades, alienando-se de sua própria existência real, doando sua
vida a uma ideia dela, a um tipo idealizado: “trabalhador ideal”, “chefe competente”,
“gestor democrático”, “equipe unida”, “ trabalho eficaz”, “qualidade reconhecida”,
entre outras. O estudo sobre a alienação pode indicar a existência de uma elaboração
maniqueísta do bom (ser do elogio, da aceitação, da admiração, do sucesso) e do mau
(ser da crítica, da exclusão, do desprezo, do fracasso) trabalhador. Além deste aspecto,
pode-se também analisar a associação entre o uso de novas tecnologias e a imposição de
condições de trabalho. O estudo da alienação no trabalho deve permitir verificar como
se materializam as inúmeras práticas organizacionais com o objetivo de estabelecer
maior vínculo, envolvimento, adesão aos projetos e programas e dedicação permanente
dos trabalhadores na execução e planejamento de atividades. Assim, será possível
verificar se, por detrás do sistema de crenças, valores, planos e estratégias de atuação
gerencial, existem mecanismos de controle e dominação que orientam e condicionam a
atuação e discurso gerencial para interesses do capital, canalizando a pulsão e energia
do sujeito trabalhador por meio do engajamento, da persuasão e do convencimento de
que suas atividades são fundamentais para o sucesso e alcance dos seus resultados.
Objetivamente, o estudo da alienação permite analisar (i) a manutenção da forma
assalariada de trabalho como mecanismo de “liberdade”, (ii) a introdução de vantagens,
prêmios, benefícios e outros aliciantes, (iii) a participação direta nos resultados
relacionados à intensificação do trabalho, (iv) a valorização dos resultados da produção
em detrimento das condições de trabalho, (v) a utilização de programas de premiação
por produtividade, (vi) a destituição material dos resultados individuais de produção,
(vii) a apropriação cada vez mais significativa de resultados pela empresa e (viii) a
criação de incentivo ao melhor desempenho (eficiência, eficácia, produtividade) devido
a ameaças reais (flexibilidade da jornada, terceirização, subcontratação).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS