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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 1

FILOSOFIA AFRICANA PRÉ-MODERNA ............................................................................... 1

FILOSOFIA AFRICANA MODERNA ........................................................................................ 3

ETNOFILOSOFIA E SAGACIDADE FILOSÓFICA ................................................................. 3

FILOSOFIA PROFISSIONAL ..................................................................................................... 5

FILOSOFIA IDEOLÓGICA NACIONALISTA .......................................................................... 5

FILOSOFIA AFRICANA ............................................................................................................. 6

FILOSOFIA ETONISMO ............................................................................................................. 7

CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 8

BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................... 9

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INTRODUÇÃO

Neste trabalho iremos debruçar sobre a filosofia Africana, iremos também conhecer os
filósofos africanos e uma das questões mais discutidas entre os pensadores africanos que é aquestão
do estatuto da oralidade tradicional Africana. Podem considerar-se filosóficos os provérbios, contos
tradicionais, dizeres dos sábios africanos entre outros. Pois parece haver duas escolas básicas de
pensamento acerca deste tema, a primeira sustenta que a filosofia Africana é um pensamento
especulativo que subfaz nos provérbios, e nos costumes africanos.

A Filosofia africana é usada de múltiplas formas por diferentes filósofos. Embora diversos
filósofos africanos contribuíram para diversas áreas, com a metafísica, epistemologia, filosofia
moral e filosofia política, uma grande parte da literatura entra em debate para discutir se a filosofia
africana de fato existe.

No último ponto de vista, a filosofia africana é qualquer filosofia praticada por africanos ou
pessoas de origem africana, ou outros envolvidos no campo de filosofia africano.

FILOSOFIA AFRICANA PRÉ-MODERNA

Joseph I. Omoregbe define um filósofo como "aquele que dedica boa parte de seu tempo
refletindo sobre questões fundamentais sobre a vida humana ou sobre o universo físico, e que faz

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isso de maneira habitual", e diz que não existe nenhuma filosofia articulada e documentada, ainda
que exista uma tradição filosófica. Simplificando, mesmo que não existisse filósofos africanos
conhecidos, a filosofia foi praticada na África. Isso pode ser apoiado através da observação da
literatura grega Ilíada e outros em que os conceitos filosóficos como a arrogância, o heroísmo e a
superioridade da cultura grega vigentes antes do período final da Antiguidade Clássica Grega.
Assim, uma forma de filosofia natural sempre esteve presente na África desde tempos muito
antigos.

Se tomarmos a filosofia como sendo um conjunto coerente de crenças, mas não como um
sistema de explicar a unidade do entendimento de todos os fenômenos, então poucas ou quase
nenhuma cultura carece de filosofia.

A visão padrão da ascensão do pensamento filosófico (e científico) é que provavelmente


exigiu um certo tipo de estrutura social, mas que mesmo dada essa condição, há mais um conjunto
de fatores necessários.

A filosofia na África tem uma história rica e variada, que data do Egito pré-dinástico,
continuando até o nascimento do cristianismo e do islamismo. Sem dúvida, foi fundamental a
concepção do "Ma'at", que traduzido, significa aproximadamente "justiça", "verdade", ou
simplesmente "o que é certo". Uma das maiores obras de filosofia política foi o Maxims de Ptah-
Hotep, que foi empregado nas escolas egípcias durante séculos.

Filósofos egípcios antigos deram contribuições extremamente importantes para a filosofia


helenística, filosofia cristã e filosofia islâmica.

Na tradição helênica, a influente escola filosófica do neoplatonismo foi fundada pelo filósofo
egípcio Plotino, no terceiro século da era cristã.

Na tradição cristã, Agostinho de Hipona foi uma pedra angular da filosofia e da teologia
cristã. Ele viveu entre os anos 354 a 430, e escreveu a sua obra mais conhecida "Cidade de Deus",
em Hipona, atual cidade argelina de Annaba. Ele desafiou uma série de ideias de sua idade
incluindo o arianismo, e estabeleceu as noções básicas do pecado original e da graça divina na
filosofia e na teologia cristã.

Na tradição islâmica, Ibn Bajjah filosofou junto com linhas neoplatônicas no século XII. O
sentido da vida humana, de acordo com Bajjah, era a busca da felicidade, e essa felicidade
verdadeira só é atingida através da razão e da filosofia, até mesmo transcendendo os limites da
religião organizada.

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Ibn Rush filosofou segundo as linhas aristotélicas, estabelecendo a escolástica do
Averroísmo. Notavelmente, ele argumentou que não haviam conflitos entre a religião e a filosofia,
uma vez que existem diversos caminhos para Deus, todas igualmente válidas, e que o filósofo está
livre para tomar o caminho da razão, enquanto que as pessoas comuns só eram capazes de tomar o
caminho dos ensinamentos repassados a eles.

Ibn Sab'in discorda dessa ideia, alegando que os métodos da filosofia aristotélica eram inúteis na
tentativa de entender o universo, porque elas não refletem a unidade básica com Deus e consigo
mesma, de modo que o verdadeiro entendimento necessário requer métodos diferentes de
raciocínio.

Houve também filosofia pré-modernista na África Subsaariana. O ganês Anton Wilhelm Amo é um
importante representante. Ele foi levado pela Companhia das Índias Orientais para a Europa, onde
adquiriu diplomas nas áreas da medicina e da filosofia, chegando a lecionar na Universidade de
Jena.

Em termos de filosofia política, a independência da Etiópia e o exercício da independência dos


nativos africanos frente ao colonialismo europeu serviram como gritos de guerra no final do século
XIX e início do século XX, e foram determinantes para os movimentos de independência de grande
parte dos países africanos durante o século XX.

FILOSOFIA AFRICANA MODERNA

O filósofo queniano Henry Odera Oruka distinguiu o que ele chama de quatro tendências na
filosofia africana moderna: etnofilosofia, sagacidade filosófica, filosofia ideológica nacionalista e
filosofia profissional. Mais tarde, Oruka adicionaria mais duas categorias: a filosofia
literária/artística, que teve representantes como Ngugi wa Thiongo, Wole Soyinka, Chinua Achebe,
Okot p'Bitek, e Taban Lo Liyong; e a filosofia hermenêutica. Maulana Karenga é um dos principais
filósofos. Ele escreveu um livro de 803 páginas intitulado "Maat, o ideal moral no Egito Antigo".

ETNOFILOSOFIA E SAGACIDADE FILOSÓFICA

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O termo etnofilosofia tem sido usado para designar as crenças encontradas nas culturas africanas.
Tal abordagem trata a filosofia africana como consistindo em um conjunto de crenças, valores e
pressupostos que estão implícitos na linguagem, práticas e crenças da cultura africana e como tal, é
visto como um item de propriedade comum. Um dos defensores desta proposta é Placide Tempels,
que argumenta em filosofia bantu que a metafísica do povo Bantu são refletidas em suas
linguagens. Segundo essa visão, a filosofia africana pode ser melhor compreendido como surgindo
a partir dos pressupostos fundamentais sobre a realidade refletida nas línguas da África.

Um exemplo deste tipo de abordagem é a palavra de E. J. Algoa, da universidade nigeriana


de Port Harcourt, que defende a existência de uma filosofia da história decorrentes dos provérbios
tradicionais do Delta do Níger, eu seu artigo "Uma Filosofia da História Africana na Tradição
Oral". Algoa argumenta que, na filosofia africana, a idade é vista como um fator importante na
obtenção de sabedoria e de interpretação do passado. Em apoio desa tese, ele cita provérbios como
"Mais dias, mas sabedoria" e "O que um velho vê sentado, o jovem não vê em pé". A verdade é
vista como eterna e imutável ("A verdade nunca apodrece"), mas as pessoas estão sujeitas ao erro
("Mesmo um cavalo de quatro patas tropeça e cai"). Também é perigoso julgar pelas aparências
("Um olho grande não significa uma visão aguçada"), mas em primeira mão, ela pode ser confiável
("Aquele que vê, não erra"). O passado não é visto como fundamentalmente diferente do atual, mas
a história é vista como um todo ("Um contador de histórias não falam de épocas diferentes").
Segundo eles, o futuro vai além do conhecimento ("Mesmo um pássaro com um longo pescoço não
poderá prever o futuro"). No entanto também é dito "Deus vai sobreviver a eternidade". A história é
vista como sendo de importância vital ("Um ignorante em sua origem não é um humano"), e os
historiadores, conhecidos como "filhos da terra" são altamente respeitados ("Os filhos da terra
possuem os olhos aguçados de uma píton. Esses argumentos representam apenas um lado da vasta
cultura africana, constituída por patriarcados, matriarcados, monoteístas e animistas.

Outra aplicação mais controversa dessa abordagem está incorporada no conceito de


negritude. Leopold Senghor, um defensor da negritude, argumentou que a abordagem nitidamente
africana para a realidade é baseada mais na na emoção do que na lógica, se manifestando através
das artes e não através da ciência e da análise. Cheikh Anta Diop e Mubabinge Bilolo, por outro
lado, embora concordem que a cultura africana é única, contesta essa opinião, destacando que o
Antigo Egito estava inserido na cultura africana quando deu grandes contribuições para as áreas da
ciência, matemática, arquitetura e filosofia, fornecendo uma base para a civilização grega. Essa
filosofia também pode ser criticada por ser excessivamente reducionista, devido ao apoio óbvio nas
realizações egípcias.

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Os críticos dessa abordagem argumentam que o verdadeiro trabalho filosófico está sendo
feito pelos filósofos acadêmicos, e que palavras de uma mesma cultura podem ser selecionados e
organizados de muitas maneiras, a fim de produzir sistemas de pensamentos muitas vezes
contraditórios.

A sagacidade filosófica é uma espécie de visão individualista da etnofilosofia, que é o


registro das crenças de certos membros de uma comunidade especial. A premissa aqui é que,
embora a maioria das sociedades exigem algum grau de conformidade de crença e comportamento
de seus membros, alguns desses membros chegam a níveis superiores de conhecimento e
entendimento de suas culturas e visão de mundo. Em alguns casos, o sábio vai além de mero
conhecimento e compreensão para reflexão e questionamento - estes tornam-se alvos de sagacidade
filosófica.

Os críticos dessa abordagem argumentam que nem todos os questionamentos e reflexões


são filosófica, além disso, se a filosofia africana for definida apenas em termos de sagacidade
filosófica, então os pensamentos dos sábios não poderiam se enquadrar na filosofia africana, pois
não foram obtidos de outros sábios. Também, por esse ponto de vista, a única diferença entre os
antropologistas não-africanos e filósofos africanos parecem ser apenas a nacionalidade do
pesquisador.

FILOSOFIA PROFISSIONAL

Filosofia profissional é a visão europeia de pensar, refletir e raciocinar, já que tal forma é
relativamente nova na maioria da África. Essa visão seria a resposta mais comum da maioria dos
filósofos ocidentais. A filosofia africana tende a crescer em termos de trabalho filosófico e
aplicação.

FILOSOFIA IDEOLÓGICA NACIONALISTA

A filosofia ideológica nacionalista pode ser visto como um caso especial de sagacidade
filosófica. Ela também pode ser vista como uma forma de filosofia política. Em ambos os casos, o
mesmo tipo de problema surge: é preciso manter uma distinção entre ideologia e filosofia, entre
conjuntos de ideias e uma maneira especial de raciocínio. Muitos filósofos se destacaram nesta
área, como Kwame Anthony Appiah, Kwame Gyekye, Kwasi Wiredu, Oshita O. Oshita, Lansana
Keita, Peter Bodunrin, e Chukwudum B. Okolo.

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FILOSOFIA AFRICANA

Afirmamos que não há nenhuma base ontológica para negar a existência de uma filosofia
africana. Também argumentamos que, frequentemente, a luta pela definição de filosofia é, em
última análise, o esforço para adquirir poder epistemológico e político sobre os outros. Esta luta por
poder está presente até no nome “África” ou “Africano”.

Isto surge pelo fato do nome não ser o resultado de um auto-definição autóctone e
identificação do povo indígena habitante do continente desde tempos imemoriáveis (Mazrui, 1986,
25-26). Esta é a razão pelo qual alguns estudiosos como Mazrui preferem usar o nome “sob
protesto” assim com nós.

Existem muitos povos de origem africana que são formalmente educados em filosofia
mundial, incluindo filosofia ocidental. Neste sentido existem filósofos africanos profissionais. No
entanto, esta condição não confere necessariamente o título de “Filósofo Africano” para um
profissional africano de Filosofia. Para obter este título é imperativo ter como condição que “Um
estudante de filosofia não-ocidental não tem desculpa, exceto um paidêutico, de estudar filosofia
ocidental no mesmo espírito. A ele falta até mesmo a mínima desculpa em pertencer a uma história
cultural na qual as filosofias figuram. É minha opinião que quando estudamos uma filosofia que
não é nossa, nós devemos vê-la no contexto histórico-intelectual ao qual ela pertence, e devemos
vê-la no contexto social em que ela nasceu. Desta maneira podemos usá-la no apoio ao
desenvolvimento cultural e no fortalecimento de nossa sociedade” (Nkrumah, 1964, 54-55). O
argumento de Nkrumah se reafirma particularmente como um ponto de partida Sobre a
Legitimidade e o Estudo da Filosofia Africana válido para a filosofia. É uma reafirmação que não
nega a reivindicação pluriversal da filosofia.

Segundo: é o argumento que a ferramenta da cientificidade (Osuagwu 1999, 28-32) da


filosofia possa ser emprestada. No entanto, o empréstimo tem que ser de forma que envolva a
modificação e a adaptação da ferramenta para lidar com as condições existenciais do estudante de
filosofia “não-ocidental”. Gostaríamos de dizer que este ponto se aplica ao estudo de outras
filosofias do mundo também.

Terceiro: o argumento ressalta a importância vital do estudo de filosofia como um projeto


de libertação humana. Isto se encontra na sua compreensão de que a filosofia deveria ter, “o apoio
ao desenvolvimento cultural” e “o fortalecimento de nossa sociedade”, como seus propósitos. Nesta
consideração o entendimento de Nkrumah do significado e da função da filosofia se opõe aos
daqueles que afirmam que o significado e a função da filosofia é tão somente o esclarecimento de

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conceitos. Nkrumah se aproxima da filosofia da libertação com o duplo foco sobre a cultura e o
meio social no qual o filósofo nasce, e, num contexto mais amplo, no qual o meio sócio-cultural do
filósofo interage com o mundo como um todo. Discute-se aqui que a tarefa libertadora da filosofia
Africana continua sendo urgente, uma questão de vida ou morte em vista da atual condição
cultural, econômica, educacional e política dos povos do continente. A questão crítica refere-se aos
caminhos abertos para a África alcançar sua libertação. Qualquer tentativa de responder a esta
questão deve partir da premissa que a libertação ainda não foi obtida.

Pelo contrário, é um desafio contínuo e uma vigilância exigida para preservação dos
ganhos já obtidos. O imperativo ontológico é continuar na luta para eliminar obstáculos existentes e
emergentes à sobrevivência individual e coletiva e para a defesa da liberdade humana. É sob a luz
desta compreensão da filosofia, como projeto de libertação humana, que nós nos voltamos para a
consideração de alguns aspectos da filosofia Africana.

FILOSOFIA ETONISMO

O Etonismo autodefine-se como uma filosofia da arte sobre a Razão Tolerante, é a


apreciação da arte como pedagogia. Me parece uma proposta aliciante num mundo onde o
humanismo parece estar a perder terreno e porque seria a continuidade de outras correntes
filosóficas, desde a Grécia antiga, passando pela idade média com o domínio da igreja que embora
o homem tenha elevado o pensamento para o Ser em Si, o objecto de toda a acção concreta
continuava a ser o Homem. Até a filosofia humanista que surge no século XIX, contrapondo-se ao
iluminismo que tinha algumas nuances da patrística que dominou o período medievo. O próprio
humanismo marxista, indo até as filosofias mais elaboradas e extremas que dominaram o século
XX, como Immanel Kant e Hegel, uma espécie de comparação moderna entre Platão e Aristóteles
na Filosofia Antiga ou Santo Agostinho e São Tomás da Aquino na filosofia do período medievo.

O Etonismo ao se apresentar como uma filosofia de raiz bantu angolana é também africana
e universal, seguindo a lógica silogística:

Angola é um Estado africano;

O Etonismo é uma filosofia com base na raiz bantu angolana;

Logo, o Etonismo é uma filosofia africana.

Esta preposição é irrefutável, por isso traz consigo um conjunto de interrogações cujas
respostas só poderão ser alcançadas através de uma sistematização do pensamento abstracto
universalista e tolerante. Partindo do pressuposto cientifico de que um paradigma pode ser refutado

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sempre que não satisfaça as exigências do presente, é possível que o Etonismo se afirme como uma
corrente filosófica universal se alargarmos a lógica silogística para o facto de África ser um
continente inserido no concerto das nações.

CONCLUSÃO

Depois da pesquisa cheguei a concluir que um dos mais básicos motivos de discussão
giram em torno da aplicação do termo "africano": o conteúdo de sua filosofia ou a identidade dos
filósofos. Na primeira visão, conta como filosofia africana aquela que envolve temas africanos (tais
como percepções distintamente africanas, personalidade etc.) ou utiliza métodos que são
distintamente africanos.

A juventude do continente africano e a aparição de autênticos filósofos africanos cujo


crescimento é exponencial numa região que será, dentro de algumas décadas, a mais populosa e
jovem do mundo (2 mil milhões de habitantes antes do fim de século XXI, mais numeroso do que a
China ou a India), abrirá caminho a uma nova modernidade que não poderá deixar de favorecer a
própria universalidade dos valores e a eficácia dos princípios

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BIBLIOGRAFIA

APPIAH, K. A. Na casa de Meu Pai – A África na filosofia da cultura. Rio de Janeiro:


Contraponto, 1998.

ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

BERNAL, Martin. Black Athena – The Afroasiatic Roots of Classical Civilization. Vol.1:
The Fabrication of Ancient Greece 1785-1985. New Jersey: Rutgers University Press. 2003.

CASTIANO, José P. Referenciais da Filosofia Africana: Em busca da Intersubjectivação.


Cidade do Cabo: Ed. Kadimah, 2010.

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