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Escrito por J.L.E.

Sex, 28 de Agosto de 2009 10:05


PONTO

“O TALENTO EDUCA-SE NA CALMA,


O CARATER NO TUMULTO DA VIDA”

2009–3363
T E M A 1.9 9 1

Em outras palavras Pitágoras disse: “Deus Geometrizou na Creação”.


Na verdade por detrás da geometria clássica existe um lado metafísico muito
elevado e muito tem sido escrito sobre isso. A Ordem Pitagórica tem como
base os ensinamentos de Pitágoras tendo como base: Aritmética – Geometria –
Música. Isso quer dizer que todo o universo pode ser revelado através dos
números (aritmética), das formas (geometria), e da vibração (sons = música).

Muitos escritores têm escrito sobre as formas geométricas, mas quase


nada tem sido dito com respeito ao “ponto” que, na verdade, é à base de todas
as formas.

Poucas pessoas percebem que o ponto não existe como expressão do


mundo imanente, por isso se trata de algo imperceptível e indefinível,
condição essencialmente transcendental. Essa afirmação tem como base o fato
de que é impossível se desenhar um ponto. O sentido de ponto,
conceitualmente é algo adimensional. Como se pode representar graficamente
algo sem dimensão? Por menor que seja o desenho representativo de um ponto
tem ainda assim há dimensões: comprimento, largura e altura (espessura).
Mesmo projetado na tela de um monitor além de comprimento e largura há
também espessura a ser considerada, pois há uma finíssima camada de
elétrons, sendo assim na verdade há espessura.

Aceita-se como ponto aquele sinalzinho colocado no final de capítulos


na escrita, mas ele é aceito como algo usual e habitual, mas representando o
término de algo. Em nível de intelecto, subjetivo, pode ser assim, mas não em
nível de expressão material - objetivo. Mentalmente a pessoa considera o
ponto como um fim, como algo que parou, mas isso só se faz sentir em nível
mental – subjetivo, pois no plano objetivo isso é impossível, baseado no fato
donde algo acaba? Onde é o fim de algo? Qual o limite de algo? Onde ele
acaba para outra coisa ter início? Aplicando-se o paradoxo se Zenão veremos
que jamais se pode determinar onde algo acaba e inicia. Vê-se que não há
limite, a não ser no Infinito. Se um ponto indica um limite, e não havendo
limite, então o ponto indica o infinito. Mas, se diz que o circulo representa o
infinito, ele não tem começo e não tem fim, contudo mostraremos que ele não
atende aquela condição infinitésima, isso porque se trata de uma linha fechada,
mas como tal, constituída por um indeterminado número de pontos.

Quando se representa um ponto como sendo um marcador de um fim, na


verdade se está representando o um e sim o três porque, por menor que seja a
sua representação, ainda assim existem nele dimensões - largura,
comprimento, e espessura. Para ser um ponto final ele não deveria ter
dimensão alguma e isso é impossível em nível de mundo imanente – estrutura
objetiva. Verdadeiramente o ponto geométrico é Invisível, de modo que pode
ser considerado como algo abstrato. Assemelha-se a um zero, do ponto de vista
material. O ponto é “ausência”, diz Kandinky Vemos que na escrita, o ponto é
a ponte essencial e única entre a palavra e silencio. O ponto em que cessa o
som de uma palavra e o silêncio para o inicio de outra.

“Quando falamos ou escrevemos, o ponto é sempre é sempre um símbolo de


interrupção, de não existência, mas ao mesmo tempo é a ponte que unifica uma
frase com outra” (Kandinsky).

Vale aqui também o paradoxo de Zenão: Onde termina o som e se inicia


o silencio? No infinito. Sendo assim o ponto é o marcador do infinito. “O
ponto geométrico, na escrita, significa parada em nível espacial e silencio em
nível sonoro. Quando falamos ou escrevemos, o ponto é sempre um símbolo
de interrupção, de não existência, mas ao mesmo tempo é a ponto que unifica
uma frase com outra”. (Kandinsky) O ponto é algo fechado em si mesmo uma
condição do nível da inefabilidade. Não tendo dimensão ele age, mas ao
mesmo tempo não é coisa alguma, algo impossível de existir no mundo das
formas. No mundo objetivo o ponto não existe.

Para atender ao sentido de “ponto”, ele não deveria ter dimensão


alguma, pois ainda não saiu da unidade. Pelo que vemos, o ponto não é nada,
mas ao mesmo tempo é tudo, porque gera todas as expressões de formas. As
formas são constituídas sempre de pontos distribuídos em linha? Todos dirão
que ela é uma sucessão de pontos seguidos. Mas, como se pode entender uma
sucessão de algo que não existe? Se o ponto não tem existência real,
consequentemente também a linha não a tem.

O que faz com que se veja um ponto é a limitação da percepção, se esta


fosse plena não se veria ponto e sim o todo. Portanto é percepção – mente – a
geratriz do ponto, assim com também as formas são condições imaginárias,
irreais, que só existem no nível objetivo. Se a percepção fosse plena o ponto
não existiria, tudo seria um continuum, não existindo ponto seria impossível
existir a linha e consequentemente todas as formas dela resultante.

Se é a mente é a geratriz do ponto, ela também o é de todas as formas


perceptíveis. Nessa palestra estamos enfatizando algo que parece nada ter a ver
com o campo místico. Mas não é assim, porque permite se ver cada vez mais
que tudo é conteúdo do mundo imanente, ou seja, de um mundo de natureza
mental apenas.

É a limitação da mente que gera o ponto, a linha.... e as formas. Quando


o ponto sai da unicidade esse ponto se movimenta. para gerar a linha requer a
existência do tempo. Sem tempo não poderia existir sucessão. Linha como
algo representando uma sucessão de ponto, uma sucessão que objetivamente
não existe. Então o ponto em si não tem como se estender, apenas a ocorrência
de reprodução dele mesmo. Qualquer linha cabe uma sequência infinita de
pontos, no plano material equivale dizer que linha requer uma sucessão de algo
que não existe.

No plano objetivo quando o ponto se desloca ocorre uma polarização –


polaridade – que, por sua vez, requer espaço e tempo. Diz Elizabeth Makm no
livro Iniciação ao pensamento. “Quando o ponto sai do mundo não
dimensional e atua durante certo tempo, este ponto se movimenta e então surge
uma linha: _________________”.

O Ponto não se transforma em linha, mas o inverso, ele se “reproduz”


gerando uma sucessão dele mesmo constituindo a ilusão da linha. A ilusão de
ponto gera a ilusão de linha, e assim por diante.

Quando o ponto se reproduz surge o comprimento. A linha em si


infinita; consequentemente, como primeira revelação, ela também pode ser
tida como representação do número 1

Uma linha não é uma continuidade, mas sim uma sucessão de


irrealidades descontínuas pontos – Vale indagar: Nela onde termina um ponto
e começa outro ? Segundo o Paradoxo de Zenão teoricamente no infinito, mas
sendo ele adimensional, então não há lugar para ponto ou linha. Isso é mais
uma prova de que tudo quanto se tem ciência objetivamente não passa de
artifício da mente.

Uma linha “fechada” na verdade não é fechado, há espaços entre os


pontos, e esse espaço na verdade não é vazio, nele há o infinito, vai
diminuindo seguidamente , o espaço ira aparentemente se reduzindo até chegar
ao nível conceitual de infinito. Se admitirmos que o círculo seja o infinito,
então esse infinito estaria totalmente aberto pela descontinuidade dos pontos,
entre um e outro está o infinito, portanto ele contido infinito número de vezes
nele mesmo.

A reta, podemos dizer, no mundo objetivo envolve três elementos


físicos: começo (ponto de partida – fim (ponto de chegada = final) – e
intervalo. Assim podemos ver que na linha não está simbolizado o um e sim o
três, ela traz em si o número três. Ao mesmo tempo também, espaço e tempo.
(distância entre partida e chegada e tempo decorrido para isso).

Todos esses paradoxos têm a ver com a descontinuidade. Mas, a


descontinuidade resulta da incapacidade de percepção, a mente não podendo
ver o todo o vê em partes, fragmentos. É isso que faz com que se tenha idéia
objetiva do ponto e consequentemente da linha. Sem a descontinuidade
aparente, o ponto é o mesmo que infinito, assim também a linha e
consequentemente todas as formas de existência.

O ponto na transcendência é um, e a linha também por ser ela uma


sucessão aparente de pontos, do mesmo modo todas as formas Por isso o
infinito está em tudo e tudo está no infinito; partes são meras unidades de
percepção limitadas pela incapacidade da percepção de perceber as partes
como o próprio todo.

A linha do infinito é “um”, mas em manifestação é três pois se apresenta


com princípio, extensão, e fim. Como não há começo e fim em coisa alguma
no transcendente, então tudo é “Um”.

Examinando-se as propriedades do ponto e da linha se pode tirar varias


ilações. Na linha há uma trindade – começo – espaço - e final, ou seja, ponto
de partida, trajeto e ponto de chegada. Não se considerando isso não há lugar
para ele. Juntando dois pontos já se trata de uma linha, portanto do três. Por
isso esse mundo objetivo é considerado trino. Quando o um se polariza não
gera o dois e sim o três. Comprimento e largura gera a linha de extensão;
quente e frio = idéia de calor; pequeno e grande, a idéia de grandeza; e assim
por diante. Não existe forma de manifestação do dois sem o três. Mesmo no
mundo objetivo não existe lugar para a linha sem os pontos inicial e final.
Começo e final são artifícios da mente – incapacidade de perceber o todo.
O TRIÂNGULO E O
INFINITO
Escrito por JOSÉ LAERCIO DO EGITO
Sex, 28 de Agosto de 2009 10:28
O TRIÂNGULO E O INFINITO

“NINGUÉM DUVIDA TANTO COMO


AQUELE QUE MAIS SABE."
(Marquês de Maricá)

2009–3363
T E M A 1.9 9 2

Smar Hara
Iantra

Fig. 1

A representação gráfica de uma trindade é o triângulo, mas, assim


como o ponto e a linha, ele também é impossível de ser representado
graficamente, por ser composto de linha que, por sua vez, é constituída de
pontos. O sentido de ponto liga-se a algo sem dimensão, e quando o ponto
é fisicamente assinalado ele tem comprimento, largura e espessura (3
dimensões).

Como falamos na palestra anterior, não somente a linha é a


representação gráfica do três, como também a linha e o triângulo.
Objetivamente (Mundo Imanente) - ponto, linha, e triangulo, são figuras
com tripla natureza física – comprimento, largura, altura; Subjetivamente
(Mundo Transcendente) é diferente: O ponto é indicativo do nada, uma
entidade sem qualquer característica; a linha já faz sentir a polaridade; e o
triangulo, a superfície.

Segundo a geometria, o primeiro plano fechado seria o triângulo,


mas, em nível mais elevado, veremos que é impossível expressá-lo física
ou graficamente. Apenas é possível concebê-lo como uma aparência,
porque a figura gráfica que o representa, na verdade não passa de uma
ilusão, tal como acontece com o ponto e a linha. Isso ocorre , isso por ser
ele representado por três linhas, ou melhor, por uma linha com três
angulações. No limiar comum de percepção não há descontinuidade entre
as três linhas (lados do triângulo), mas num limiar mais acurado sim.
Vejamos que uma linha é uma sucessão de pontos, mas já sabemos que
ponto não tem dimensão, não é uma realidade. Realmente o sentido de
ponto é impossível de ser concebido como imagem real, ele transcendem
qualquer limite de percepção que esteja vinculado ao não espacial, ou seja,
a um nível em que não há espaço, ou seja, ao continuum, nível do tudo é
um.

Na representação gráfica de uma linha há uma sucessão de pontos, a


extensão não ocorre no ponto e sim na repetição dele. Na repetição ele se
apresenta como se fossem múltiplos. Cada ponto em si tem 3 dimensões
(comprimento, largura, e espessura), mas não é assim no nível não espacial.
Ali não se pode limitar coisa alguma, assim não se pode limitar o ponto e
consequentemente também a linha. Uma linha, portanto, está repleta de
descontinuidades, trata-se de uma sucessão contínua de pontos. Nela, onde
termina um ponto e começa o seguinte? – Pelo paradoxo de Zenão, no
Infinito.

Isso mostra que existe uma impossibilidade de se delimitar uma


superfície realmente. O que se pode fazer é criar algo como tal mas que na
verdade não é fechado, há descontinuidade entre um ponto e outro, portanto
um triângulo oferece um ilimitado número de “aberturas”,
descontinuidades. A delimitação, portanto, é puramente resultado da
limitação perceptiva.

Na metafísica do triângulo há algo ainda mais curioso, mesmo que


existisse uma linha angulada sem quaisquer espaços (pontos) formando um
triângulo, seria preciso que os dois extremos da linha se unissem fechando
a figura – a área do triangulo. Mas, quando ocorreria o fechamento? Pelo
paradoxo de Zenão, somente no infinito, jamais os dois extremos podem se
encontrar, sempre haver uma abertura. Será que o triangulo pode existir no
infinito se esse é adimensional? , logo é impossível. Por outro lado, no
finito também porque não pode devido à impossibilidade de se fechar a
linha para formá-lo.

O que dissemos com relação ao três aplica-se a todos os polígonos,


consequentemente a todas as formas geometricamente representadas. Se
este é o mundo imanente é considerado como “mundo das formas” e se as
formas não existem no nível objetivo, então todo o mundo não é mais do
que uma imagem mental.(Primeiro Principio Hermético)

Portanto podemos dizer que o triangulo está ligado no infinito; no


finito ele sempre é aberto para o infinito. Uma consequencia disso é que
mesmo não se considerando as incontáveis aberturas entre os pontos da
linha, ainda assim haveria o problema do fechamento, para poder se
delimitar o plano triangular. Mesmo se as linhas – lados- fossem um
continuum, ainda assim haveria o ponto de fechamento. Isso mostra que o
próprio triângulo em essência também é uma ilusão.

Visamos nessa palestra mostrar a fragilidade da idéia de um mundo


real, e que tudo está explicito na unicidade, o que vem justificar o Primeiro
Princípio Hermético – O Mundo è Mental. Não sendo possível a
delimitação então todas as coisas acabam sendo uma coisa só, eliminando-
se as descontinuidades inexoravelmente ocorre a unicidade. Haja vista, o
triangulo no sentido de realidade é impossível existir, o que existe é uma
figura resultante da incapacidade da percepção, ela registra como continuo
aquilo que é descontinuo. Registra o ponto como contínuo quando ele não
é, o mesmo com a linha, também com o triângulo, com todos os sólidos
geométricos, e consequentemente com todas as aparências.

Segundo as palavras do matemático e filósofo Matila C. Ghyka, “As


figuras geométricas que reúnem três pontos são a base do princípio
geométrico de formação e crescimento de todas as figuras planas e
regulares. O triangulo é o padrão elementar” (Matila C. Ghyca - Filosofia y
Mística del Numero (Barcelona: Apostrofe, 1998).

Mesmo admitindo-se ser possível a existência do triângulo ainda


assim seriamos direcionados para o infinito. Isso pode ser visto no símbolo
Smar Hara Iantra.

Na análise da fig. podemos ver que pode ser inscrito um segundo


(azul) triângulo. Nele um terceiro (amarelo) um quarto (vermelho) e assim
indefinidamente. Isso nos leva a ter que admitir que num triângulo pode ser
inscrito um número infinito de triângulos. Em cada triangulo resultante,
também um número infinito de triângulos.

A iantra (fig.1) é um símbolo importantíssimo, pois é capaz de


conduzir a mente para o infinito, mostrando que em todas as formas, em
tudo, o infinito está sempre presente.

Isso não é somente válido para o triangulo mas para as demais figs.
geométricas, Vemos que o Um contém o infinito que o todo está no Um.
A Ilusão do Espaço

"A coisa mais difícil do mundo é chegar à verdade,


e a mais fácil é chegar a um simulacro da verdade"
Paul Brunton

Assim como acontece com o tempo, também acontece com relação a


espaço. Ele não deixa de ser um dos padrões de ilusão inerente à mente.
Isto é o que resumidamente vemos nessa palestra.

Evidentemente não é fácil uma pessoa aceitar e, menos ainda, entender se


lhe for dito que espaço não existe. Pelo simples fato dele se sentir em um
lugar é o suficiente para o seu intelecto lhe dar inteira confiança de que não
pode negar a existência de um lugar, tal como a de um momento presente.

Segundo o que preceitua a Teoria da Relatividade de Einstein o espaço não


tem um padrão último de medida e não ser o mesmo em todas as
circunstâncias. Segundo a Teoria da Relatividade, o que corresponde ao que
as doutrinas metafísicas, entre elas o Hermetismo, vêm afirmando há
milênios.
A Teoria da Relatividade mostra que o espaço não possui as propriedades
mencionadas por Euclides em seus postulados e axiomas que condizem com
o que a percepção limitada das pessoas determina. Mas, bem antes de
Einstein, já Zenão e Pitágoras na Grécia, assim também diversos sábios da
Índia e o Hermetismo desde o Antigo Egito, haviam descoberto e assinalado
contradições inerentes à idéia comum de espaço como algo com
características de existência real e de inalterável fixidez. Perceberam que,
sob certo ponto de vista, o espaço é mensurável, relativo e finito, mas sob
outro ele é incomensurável, absoluto e infinito em todas as direções.

Aceitando-se que espaço é apenas a localização das coisas existentes, então


poderia ser algo mensurável, algo com dimensão e cujo limite seria
marcado pelo esgotamento das coisas que o constituem. Sob o outro ponto
de vista ele não pode ter limite desde que não existem limites separativos
no Mundo Transcendental, o que quer dizer; não existem coisas distintas,
mas apenas uma só. A existência de coisas é decorrência da limitação da
percepção. Se não existem coisas também não pode existir algo constituído
por elas .

A ignorância sobre a unicidade das coisas leva alguns à idéia da existência


de espaço mensurável cujo indicador seriam as coisas existentes. Segundo
o primeiro ponto de vista podemos delimitar o espaço mediante às suas
partes, ou seja pela extensão dos objetos físicos. Mas, conforme o segundo
ponto de vista, tais partes não têm existência em separado do Todo, e
sendo assim não é possível determinar limites, pois quando se tenta reunir
todas as partes, jamais se consegue chegar a um agregado que seja a
totalidade do espaço. Se o limite do espaço não fosse o limite da totalidade
das coisas, então haveria sempre mais espaço além do limite do que se
julga ser o todo. Hipoteticamente se juntássemos mais elementos ao
espaço ele cresceria, mas cresceria a partir do que e de onde?

Quando se falamos de espaço surge a idéia do aqui e do ali, e nos


encontramos diante de uma curiosa situação, pois espaço traz a idéia de ser
algo em que alguma coisa existe ou aquilo em que a ordem do mundo se
diferencia, e se não existem “coisas” espaço deixa de existir.

Diz Paul Brunton: “Pensemos num ponto colocado sobre uma folha de papel
em branco. A geometria define ponto como sendo uma posição sem
grandeza, portanto não tendo qualquer dimensão. Vale dizer que o ponto
não contém nada no seu interior e que não há lugar para ser colocado
alguma coisa dentro dele”. “Nessa análise ver-se-á que o ponto não é um
absoluto espacial e por isso o espaço, tal como o exposto, ele ao mesmo
tempo existe e não existe”.

O que significa aqui? Aquele raciocínio que já fizemos para tempo, também
é válido para espaço. O que é o aqui, onde ele se situa? – Quando falta para
se atingir o aqui? Poder-se-ia dizer, falta tantos metros, centímetros,
milímetros, e assim por diante. Esse escalonamento decrescente só cessa
no infinito. O aqui seria um ponto inatingível a não ser no Infinito, e no
infinito não comporta o aqui porque nele não existem separações por se
tratar de um continuum. Sem separações o ponto representativo do aqui,
não existe e consequentemente também não existe lugar. Logo, espaço não
tem existência real.

Tente diminuir uma coisa qualquer, diminua-o seguidamente, cada vez


mais, então onde isto vai parar? Por certo no infinito. Veja que aqui
também acontece o mesmo que acontece com referência ao tempo. Onde
ocorrem o tempo zero e o espaço zero? Somente deveriam acontecer no
Infinito. Onde se situa o ponto zero do espaço? Vemos que não pode ser em
nível de Imanência. Assim podemos dizer que o ponto zero, o inespacial
somente poderia existir no próprio infinito, mas infinito não tem centro nem
periferia, não tem o dentro e nem o fora. O infinito tem que
necessariamente ser inespacial. No “É” não existe lugar para se situar o
aqui ou o ali.
Pelo que foi exposto se conclui que espaço é simplesmente uma condição da
mente por não poder existir nem no plano imanente e nem no
transcendente.

Se o espaço compreende a localização das coisas o que as separa? A mente


exige um limite para tudo, mas qual é esse limite? Já vimos em palestras
passadas que sempre existe um elo intermediário entre uma coisa e outra.
Tudo isso são condições ilusórias impostas pela mente.

É a mente quem nos obriga a encarar todas as coisas como existentes no


espaço e no tempo. O espaço parece ser uma condição necessária do
processo da percepção. Não nos é possível separar uma só coisa do tempo
e do espaço. Contudo, jamais vemos o tempo e o espaço propriamente
ditos! Não recebemos nenhuma impressão sensorial direta do espaço puro e
do tempo puro. Pensemos em uma condição em que coisa alguma se faça
sentir. Nesse estado que sensação se poderia ter? – Compreensão da
inexistência, mas como tal o que se sentiria, que percepção sensorial de
poderia ter? Ter-se-ia a compreensão de se tratar de um nada, mas o que
se sentiria no nada?

Não nos é possível revestir o simples conceito de espaço com nenhuma


imagem mental; só podemos pensar em alguma coisa ocupando um lugar e
tendo alguma dimensão, daí conhecermos o espaço apenas como uma
propriedade das coisas e o tempo como uma propriedade do movimento.

Reflexos da Descontinuidade

" Os seres são imagens do ser, que ignoram sua natureza UNA".

Considerando-se Deus como uma unicidade, com algo


absoluto e infinito, muitas condições podem ser consideradas.
Admitindo-se que este mundo seja uma forma de “Deus Ver a
Face de Deus” – conforme afirmam os cabalistas – uma das
indagações é o porquê Dele se ver fracionada-mente.
Inicialmente devemos levar em conta a nossa concepção do
nível mais elevado de Deus.

Consideremos então como uma unicidade absoluta, como o próprio


Absoluto e Infinito. Para ser Infinito Deus tem que conter tudo, o Infinito
não tem periferia, tudo está nele incluído. Nele não existe o “fora”,
consequentemente também não existe o “dentro”, simplesmente o que há
é a exis-tência. Não se pode falar no fora e no dentro de algo que não tem
limite entre essas duas condições. O absoluto e o Infinito têm que ser um
mesmo algo. O Infinito não tem fronteira, logo Deus como tal não pode ser
limitado sob qualquer forma. Ele é uma Unicidade, portanto sem nenhuma
possibi-lidade de existência de algo mais.
Representemos essa unicidade cósmica por um objeto qualquer –
ilustração 1 – ou como ou Vamos admitir, para facilidade de
desenvolvimento do nosso raciocínio, como um pneumático, ou como o faz
Fridjof Kapra em seu livro Ponto de Mutação – por um biscoito vasado no
centro. Ilus-tração 2.

A percepção como um todo, como uma Unicidade, só é possível havendo


limite, para assina-lar o dentro e o fora. Para que possa haver percepção
global o observador tem que estar de fora. Como pode quem estar dentro
ver a totalidade? Se não existir o “fora” então, seja lá o que for, só
permite a possibilidade de uma visão interna, isto é, ser percebido como
parte.

O mesmo acontece quando a percepção é limitada. A percepção limitada


equivale a um ní-vel de percepção que podemos representar por um plano.
Essa condição de percepção limitada é o que faz a Mente não possa
registrar a totalidade. Para isso ser possível ela deveria existir fora do
absoluto, e como já dissemos em se tratando de infinito não existe o fora;
em termos de absoluto Nada pode ficar de fora.

A Mente então percebe a Unicidade da ilustração 2 da forma apresentada


conforme a ilustração 3.

Ilustração 3

Representação da unicidade da ilustração 2 sendo interceptada por um


plano, representativo da percepção limitada – Mente percebendo a
Consciência. Aquilo que nesse caso é percebido não é a totalidade mas
como parcialidades – Ilustração 4.

Ilustração 4

Só aparentemente existe uma descontinuidade. Aquilo que é “um” se


apresenta como se fosse “dois”. Na verdade o objeto considerado
permanece íntegro – continua sendo “um”, mas acon-tece que a pessoa
não tem como visualizar assim, ela só pode visualizar como uma
duplicidade.

Para todos os efeitos práticos existe uma duplicidade, cada uma das
imagens tem que ter limite, sem o que seria apenas uma. Quando a
percepção aparentemente desdobra a unicidade ela cria todas as
qualidades condizentes com os Princípios Herméticos, como veremos.

Agora vamos considerar o seguinte: Quando maior for o número de focos


de percepção, maior será o número de aparentes objetos “formados”.
Afastando, ou aproximando a percepção, a descontinuidade continua.

Agora consideremos um objeto compacto – ilustração 1. Nesse caso a


intercessão gera uma só imagem, mas não uma unicidade – ilustração 1. A
percepção dele gera uma imagem como a re-presentada na ilustração 5.

Ilustração 5

Trata-se de uma imagem única, mas que a rigor não é uma Unicidade.
Veja que a polaridade continua, assim como distância entre os extremos,
logo a presença de espaço, consequentemente de tempo. Isso é uma
limitação imposta pela percepção. Se há extremos, há pólos; se há pólos,
há al-guma forma de diferenciação, pois, do contrário os dois pólos seriam
apenas um. Vemos que mesmo em se tratando de um objeto compacto a
mente duplica a imagem. Na verdade não se vêem as sepa-rações em
decorrência das limitações da percepção, mas, na verdade, elas existem,
embora não se-jam percebidas pela visão. Na ilustração 5 a linha não é
um continuo, mas sim uma sucessão de pon-tos, como, aliás diz a
definição de linha (sucessão de pontos).

Ilustração 6

A ilustração 3 mostra apenas um plano de percepção, mas eles podem ser


incontáveis de-pende da situação do plano diante da imagem. Assim,
podemos considerar um plano de percepção mais abaixo – ilustração 6.
Neste caso também a percepção – ilustração 7 – se apresenta linear e
aplica-se o que foi dito a respeito da ilustração 5.
Ilustração 7

Em síntese, todas as percepções sempre geram uma aparente


descontinuidade e suas conse-qüências, polaridade, espaço, tempo, etc.

Os exemplos mostrados nesta palestra incluem também o Ser. Só existe


um Ser, mas a mente não percebe como tal, então percebe como se
existisse uma descontinui-dade, existissem múltiplos seres.

Ilustração 8

O somatório das percepções compõe aquilo que chamamos de Universo e


que consideramos como sendo algo real, quando na verdade trata-se
apenas de uma projeção. É apenas o resultado das inúmeras formas de
como a unicidade é percebida, por isso o Hermetismo diz: O Universo é
Mental.

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