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obstáculo ao desenvolvimento da
ciência
FERNANDO DE ANGELIS
NO ENCONTRO INTERNACIONAL CRIACIONISTA
INTRODUÇÃO
Na Itália me dizem que escrevo melhor do que falo, e agora há também a dificuldade
de dever traduzir em três línguas, por essas duas razões pensei em fazer um resumo
escrito, que entreguei com antecedência aos tradutores. Isso deverá me permitir
ganhar tempo e ter assim mais espaço para responder às perguntas, durante as quais
será possível dialogar com mais espontaneidade.
Desejo retomar alguns conceitos básicos de meu livro que, tendo acabado de ser
lançado, penso que poucos de Vocês terão lido (o livro está disponível, em fotocópias
ou disquete de computador, também em língua inglesa e espanhola. Finalmente,
desejo fazer referência também a um outro escrito meu que se intitula "Diálogos leigos
sobre uma visão bíblica da História", disponível por enquanto só em Italiano.
Temos aqui o propósito de examinar a teoria da evolução com base na História, porém
antes de entrarmos no assunto, são necessários alguns esclarecimentos o primeiro dos
quais destaca a importância que a História tem, na Bíblia.
O segundo esclarecimento, por sua vez, tem a ver com a atitude cultural prevalecente
nos países de cultura latina.
O terceiro e último esclarecimento tem a ver com o significado que desejo dar às
palavras "micro", "macro" e "mega-evolução".
Estes termos tornam evidentes as conexões que existem entre crer na geração
espontânea e crer no evolucionismo.
Que Redi acreditasse no relato bíblico da criação pode-se deduzir de um seu escrito no
qual disse que tudo, portanto, vem de "sementes", sementes geradas pelas primeiras
plantas e pelos primeiros animais, surgidos por ordem do soberano e onipotente
Criador: isto é, ele interpretava literalmente o Gênesis. [p. 21].
Mesmo que todos reconheçam em Redi o iniciador da Biologia, alguns vêem mais em
Lazzaro Spallanzani o fundador dessa Ciência, porque Spallanzani fixou um método
experimental que constituiu depois a base de todas as mais válidas pesquisas
posteriores.
O Criacionismo dos anos 1700 pode ser definido com três adjetivos: científico, fixista e
histórico. "Científico", porque suas convicções eram objeto de argumentação racional,
e porque representou mais uma corrente científica do que teológica. "Fixista" porque
cria na fixidez das espécies (destacando-se assim de um criacionismo evolucionista
que também então, como agora, era muito difundido). "Histórico", porque
desempenhou um grande papel em seu tempo, e porque não é igual ao de nossos
tempos modernos (embora mantenham entre si grandes semelhanças).
Acrescente-se, ainda, que esse criacionismo teve a função de livrar a Biologia dos
conceitos de magia existentes ainda no Renascimento e livrá-la também de um
"milagrismo" que obrigava Deus a intervir continuamente [p. 26-27].
Ao criacionismo dos anos 1700 pertence também Lineu [Carl von Linné, (1707-1778)],
que imprimiu grande progresso à Biologia (sentido até hoje). Por sua vez, no outro
lado, encontramos Buffon (1707-1788), e, mais tarde, Lamarck (1744-1829).
Evidentemente esses dois evolucionistas fizeram progredir a filosofia da Evolução, mas
no plano estritamente científico os seus trabalhos são geralmente ignorados pelos
livros-textos.
Em seguida, algo sobre Darwin (1809-1882), que, como se sabe, desenvolveu seus
trabalhos principalmente na segunda metade dos anos 1800.
Darwin estava inserido na cultura inglesa do século XIX, que, como é sabido, era
influenciada pela Bíblia. Além do mais, como já dissemos, Darwin havia terminado os
estudos para tornar-se pastor protestante. Acredito que tenha sido esta formação de
Darwin que o tornou muito mais preparado do que os evolucionistas que o precederam
e o sucederam. Não podendo aqui adentrar em todo o trabalho de Darwin, poremos
em destaque somente alguns aspectos que se relacionam mais de perto com a
argumentação que estamos desenvolvendo.
É claro que Darwin, ao relançar a macroevolução, não introduziu uma nova concepção,
mas se posicionou contra a melhor Biologia que o havia precedido. Foi também contra
a melhor Biologia de seu tempo, representada, entre outros, por Mendel (1822-1884)
e por Pasteur (1822-1895). De fato, vinte anos depois de Pasteur haver
demonstrado a inconsistência da geração espontânea, Darwin obstinou-se,
ainda, a crer nela!
Darwin tinha em sua biblioteca um livro que falava amplamente dos trabalhos de
Mendel, mas não lhe deu atenção. ["La Scuola", p. 36]. E é lógico, porque Mendel
(também um monge) demonstrou que os caracteres novos em realidade não são
novos, mas representam o reaparecimento de genes já presentes nas gerações
precedentes, sendo nova a combinação e não a produção.
Há uma manifestação de Pasteur que nos permite intuir suas concepções íntimas. Diz
ele [p. 37]: "A grandeza das ações humanas mede-se através da inspiração que as faz
nascer. Feliz, de fato, é quem leva dentro de si um deus, um ideal, e permanece fiel a
ele - ideal artístico, científico, cívico, ideal de virtudes evangélicas. São estes os
mananciais vivos dos grandes pensamentos e das grandes ações. E todos eles são
iluminados como reflexos do infinito."
Freud, Marx, e o próprio Darwin, por exemplo, podem ser considerados como "ramos
laterais" e creio que a sua força depende de um "resíduo bíblico" que permaneceu
neles.
A História leiga inicia-se também no Oriente Médio (onde a Bíblia coloca o Éden) e
continua crescendo sobre si mesma até finalmente chegar a nós. A atual civilização
"ocidental" deriva de uma cadeia ininterrupta que se liga ao "Crescente Fértil" (isto é,
Egito, Palestina e Mesopotâmia, três regiões não por acaso familiares a Abraão, o Pai
da Fé).
Do que foi dito, portanto, a História pode ser vista também como a história da
"semitização" do mundo. É possível, de fato, sustentar que a História nasce
semítica e continua como tal. Tenho discutido esse posicionamento com colegas
não evangélicos e, em alguns casos, também ateus, os quais freqüentemente têm
considerado seriamente as teses propostas. Juntei os resultados desses colóquios no
escrito que mencionei no início, e que agora só posso resumir em frases telegráficas
que se referem à Grécia, Roma e à Revolução Francesa.
Existem diversos motivos para deduzir que, na fundação de Roma houve fortes
influências hebraicas. Acenamos com três desses motivos:
1. Roma surge no tempo da dispersão das dez tribos de Israel e era um porto
freqüentado pelos Fenícios (os Fenícios provinham da Palestina, e, como
dissemos, falavam uma língua semelhante ao Hebraico); [nascimento de Roma
no ano 753 A.C.; e invasão assíria e primeira diáspora hebraica em 721];
2. Roma não surge como uma comunidade étnica, isto é, não era constituída de
pessoas ligadas por vínculos sangüíneos, mas surge como federação de
vilarejos diversos, um dos quais poderia muito bem ser hebraico;
9. CONCLUSÃO
Buffon e Lamarck logo caíram em declínio. Também Darwin cada vez mais é
abandonado pelos próprios evolucionistas. Hoje são outros que estão saindo da moda,
mas durante quanto tempo ainda permanecerão?
Disse Jesus: "Passarão o céu e a terra, porém as Minhas palavras não passarão."
[Mateus 24:35]. Estamos convencidos disto, e também estamos prontos a discutir esse
assunto com quem perguntar sobre as nossas razões.
Fernando De Angelis.
FERNANDO DE ANGELIS