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I- PARTE
Vendas Maturidade
Nascimento Desenvolvimento Declínio
Tempo
II - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TURISMO
- a idade clássica;
- a idade moderna;
- a idade contemporânea.
Idade Contemporânea
1. Idade Clássica
Período que vai desde os primórdios das primeiras civilizações até à primeira metade do
século XVIII.
A invenção da roda permitiu o desenvolvimento da carruagem puxada por animais e criou
as primeiras condições que possibilitaram a realização das viagens, não só para efectuar
transações comerciais, mas também para outros fins.
As estradas começaram a generalizar-se e a ser construídas com maiores cuidados.
Mas foram os romanos que, cerca de 150 anos A.C. criaram a maior rede de estradas até
então construídas, das quais algumas ainda hoje são utilizadas, subsistindo ainda várias
pontes da época atravessadas pelos automóveis de hoje.
Também por via marítima, há mais de 5000 anos, eram organizadas viagens pelo rio Nilo,
no Egipto, para visitar os vários templos que existiam ao longo daquele rio.
Os romanos e os gregos viajavam para visitar os templos e as sete maravilhas do mundo
da área do Mediterrâneo, em particular as pirâmides e os monumentos do Egipto que
ainda hoje constituem uma das grandes atracções turísticas do mundo.
A Grécia atraía grandes multidões por altura dos Jogos Olímpicos e ofereciam grande
número de atracções como as produções teatrais, os banhos termais, competições
atléticas e festivais.
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Entre 180 e 160 A.C., foi escrita em dez livros uma «Descrição da Grécia» que continham
uma descrição pormenorizada dos mais importantes sítios e monumentos da Grécia -
pode ser considerado como o primeiro guia turístico .
É, no entanto, com o desenvolvimento das instalações termais, em 25 A.C, em Roma, que
nascem os verdadeiros centros de turismo que se prolongam até aos nossos dias.
Já os gregos, há cerca de 4000 anos, haviam aproveitado as fontes termais para
realizarem curas, mas foram os romanos que as transformaram em centros de atracção
espalhados por todo o território imperial: em Itália, França, Espanha, Portugal, Inglaterra,
Roménia, Norte de África e Ásia Menor.
A grandeza e o luxo das instalações termais com piscinas, banheiras de água quente,
salas de sudação e massagens, acompanhados de representações teatrais, jogos de
circo, corridas de carros e outras distracções, a que hoje chamamos animação, permitiram
que o termalismo desempenhasse um importante papel no plano das viagens e da
animação que ainda hoje se mantém.
Grande parte das estâncias termais europeias em funcionamento, e que constituem
importantes centros de atracção turística moderna, iniciaram-se com os romanos e, em
alguns casos, mantém o esplendor do passado. Tal é o caso de Ischia e Abano, em Itália,
Vichy, Mont-Dore ou Évian, em França, Chaves, S. Pedro do Sul ou Luso, em Portugal,
Bath, em Inglaterra, e muitas outras em vários outros países.
erca de 900 A. C. as viagens tinham como principal razão as peregrinações sendo
célebres as que se dirigiam a Santiago de Compostela, em Espanha, Canterbury, em
Inglaterra, à Terra Santa, na Palestina, e a Meca, na Arábia. Para alguns autores, as
peregrinações que já se efectuavam na Grécia, no Egipto ou em Roma, são mesmo as
primeiras viagens turísticas.
No século XIV, existiam já guias de viagens que forneciam aos peregrinos indicações
detalhadas sobre as regiões que tinham de atravessar e os tipos de alojamentos que
poderiam utilizar.
As grandes viagens iniciam-se com Marco Polo no século XIII, percorreu o Oriente até à
China.
Posteriormente, os portugueses preparam as suas grandes expedições por mar e Lisboa
torna-se um centro de atracções.
As primeiras descobertas dos portugueses, seguidas das grandes viagens dos espanhóis,
ingleses, franceses e holandeses, transformaram o mundo e permitiram a universalização
das viagens.
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Os portugueses - percorrem toda a costa de África e Mar Vermelho, chegam à Índia,
Tailândia, China e Japão, estabelecem-se em Malaca e em Timor e
descobrem o Brasil;
Os espanhóis – chegam às Caraíbas, às Antilhas e América Central e Sul.
Os ingleses - descobrem a América do Norte.
A Idade Clássica do turismo, que se prolonga até ao século XVIII, caracteriza-se pelo facto das
viagens serem individuais e se realizarem, predominantemente, por necessidades fundamentais como
o comércio, as peregrinações religiosas, a saúde ou por razões políticas e de estudo.
Idade Moderna
Durante todo o período histórico que abrange a Antiguidade e a Idade Média as formas e os
motivos das viagens mantiveram as mesmas características e os mesmos traços não se
distinguindo claramente as duas épocas.
A partir de meados do século XVIII produzem-se grandes mudanças do ponto de vista
tecnológico, económico, social e cultural, que introduzem alterações significativas nas viagens.
É nesta época que se popularizam, entre as camadas sociais de maiores recursos, as viagens
de recreio como forma de aumentar os conhecimentos, procurar novos encontros e
experiências.
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Com a Grand Tour nasce o conceito de turismo e, pela primeira vez, começam a designar-se
as pessoas que viajam por turistas.
Multiplica-se a publicação de guias turísticos. Em 1793 surge o Guide dês Voyageurs en
Europe.
No mesmo ano de 1793, foi também publicado Le Guide d'Espagne et Portugal.
O vasto movimento dos ingleses para o Continente europeu influenciou extraordinariamente o
desenvolvimento dos transportes, da hotelaria e da restauração.
A palavra restaurante aparece, pela primeira vez, numa lei francesa de 1786 que autoriza os
«restaurateurs à recevoir du monde dans Ieurs salles et v donner à manger».
No século XIX, o progresso da ciência, a revolução industrial, a multiplicação das trocas, o
desenvolvimento dos transportes, em particular do comboio, e a transmissão de ideias com a
generalização da publicação de jornais, dão um novo impulso às viagens.
As viagens começam a encontrar a sua verdadeira identidade: um meio de as pessoas se
interessarem pelas particularidades de cada povo, pelas tradições, pelo exotismo e por outros
modos e vida e novas culturas.
Por volta de 1830, surgem na Suíça os primeiros hotéis que começam a tomar o lugar dos
albergues e das hospedarias.
São, sobretudo, as viagens dos ingleses que impulsionam a hotelaria e, por isso, não é de
estranhar que muitos deles passem a ter nomes ingleses: Hotel d'Angleterre, Hotel Albion,
Hotel de Londres, Hotel Windsor, Carlton, etc.
Surgem, nessa época, alguns dos grandes hoteleiros que, ainda hoje, dão o nome a cadeias
famosas como Pullman e Ritz.
Em 1822, Robert Smart, de Bristol, tornou-se o primeiro agente de viagens encarregando-se
das reservas de lugares para os passageiros de barco entre a Inglaterra e a Irlanda.
Foi em 1841 que nasceu o turismo organizado com Thomas Cook. Este organiza a primeira
Viagem Colectiva com duração de um dia e com 570 passageiros entre Loughborough e
Leicester para assistirem a uma manifestação anti-alcoólica.
Em 1855 dá-se a primeira viagem internacional – Great Exhibition.
Em 1864 Thomas Cook organizou a primeira excursão acompanhada no regime “tudo incluído”
para 500 turistas – destino Suíça. Seguindo-se um ano depois uma viagem no mesmo regime
de Londres para os E.U.A.
Em 1867 a Agência de Viagens “Thomas Cook & Son” emite o Voucher.
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Thomas Cook abre escritórios por todo o mundo (Egipto e Índia). As suas iniciativas marcam
uma das mais importantes etapas na história do turismo e estão na origem do turismo dos
nossos dias, continuando a agência por ele criada a ser uma das maiores organizações
turísticas do mundo.
Em 1872 em 222 dias realiza-se a primeira volta ao mundo.
Henry Wells emite em 1891 os primeiros Traveller Cheque da American Express.
Em Portugal nascem as primeiras organizações de viagens de que é exemplo a criação da
Agência Abreu, em 1840.
A primeira década do século XX caracterizou-se por inovações e transformações que alteraram
profundamente os modos de vida: é a chamada Belle Epoque:
- A descoberta do telégrafo;
- A descoberta do telefone;
- O alargamento da rede de caminhos de ferro que ultrapassa o milhão de Km;
- A extensão das redes de estradas, que só em França atingem os 700.000 Km;
- O grande desenvolvimento industrial, que transfere a força económica da Europa para os
Estados Unidos;
- A racionalização do trabalho e as reivindicações sindicais, conduzem a uma maior
democratização das sociedades e a novos conceitos de vida;
- O tempo de trabalho diminui e alcança-se o direito ao repouso semanal pelo que o conceito
de lazer surge como uma nova noção;
- O turismo transforma-se num fenómeno da sociedade;
- O turismo influencia o comportamento das pessoas;
- O turismo começa a alcançar uma dimensão económica sem precedentes.
O reconhecimento da importância do turismo leva a que quase todos os países da Europa
criem instituições governamentais com o fim de promover e organizar, sendo a Áustria o
primeiro país a fazê-lo, seguida da França com a criação Office National du Tourïsm, em 1910,
e da Repartição de Turismo de Portugal, em 1911.
Os grandes destinos turísticos são as estâncias termais, as estações climáticas da montanha
com o lançamento de helioterapia na Suíça, e surgem as primeiras estâncias balneares
marítimas, como Biarritz, Deauville, Miami ou a Riviera francesa e italiana.
A Organização Internacional de Trabalho (OIT) estabelece numa convenção o principio das
férias pagas, posteriormente reconhecido pela Declaração Universal dos Direitos do Homem, e,
em 1936, uma lei de 20 de Junho, institui em França as férias pagas, acontecimento que vai
marcar profundamente o futuro do turismo.
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A aviação e o automóvel fazem a sua entrada no mundo das viagens embora de utilização
reservada às elites: em 1918, cria-se a Deutsche Lufthansa com a linha Berlim-Leipzig-Weimar
Nos Estados Unidos da América, cria-se, em 1926, a Varney Airlines, primeira companhia aérea
que estabelece um serviço de correio aéreo regular.
Estavam criadas as condições para a universalização do turismo e para o seu desenvolvimento
como actividade económica consistente mas a eclosão da II Guerra Mundial faz atrasar o seu
avanço.
3. Idade Contemporânea
O turismo passa a ser considerado como uma actividade económica relevante a partir do inicio do
século XX:
- a I Guerra Mundial;
o turismo alcançou dimensões significativas até ao inicio da II Guerra Mundial para, a partir daí, entrar
numa fase em que, praticamente, desapareceu.
A partir dos anos cinquenta, os países europeus conheceram a fase de maior progresso
económico e social que o mundo jamais havia conhecido o que impulsionou e consolidou o
desenvolvimento do turismo.
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É importante aprofundar a análise da época posterior a 1945 por forma a determinar os factores que
influenciaram o turismo:
- o tempo livre;
- o rendimento disponível;
- Prosperidade;
- Férias pagas;
- Excesso de aviões de guerra;
- Avanços tecnológicos – viagens mais rápidas e destinos distantes;
- Mudança social – igualdade / democracia;
- Televisão;
- as motivações das viagens – interesse em conhecer outros locais;
De acordo com as características de cada período, Cunha (1997) subdivide aquela época em três
partes:
À data da sua fundação, a ONU contava com 51 países membros mas, em 1973, foram
ultrapassados os 150;
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No plano económico, este período foi marcado por um grande desenvolvimento:
a produção mundial aumentou à média anual de 5%;
crescimento do rendimento real por habitante da ordem dos 3%.
Esta expansão foi fruto da conjugação de vários factores favoráveis:
progresso científico;
progresso técnico;
existência de matérias-primas abundantes;
inflação fraca;
taxas de câmbio estáveis;
bom funcionamento do sistema financeiro criado pelos acordos de Bretton Woods;
alargamento da divisão internacional do trabalho;
entre 1948 e 1973, as trocas internacionais multiplicaram-se por seis;
crescimento superior em 50% da produção mundial;
enorme mobilidade dos créditos internacionais, do capital, da tecnologia e da mão-de-obra;
emergência de gigantescas empresas multinacionais;
no domínio da política, constituição de grupos sócio-económicos como a Comunidade
Económica Europeia (CEE) E O Conselho de Assistência Económica Mútua (COMECON) que
reforçaram a divisão da Europa em dois blocos: a Europa Ocidental e a Europa de Leste;
aumento dos dias de férias dos trabalhadores;
em 1970, a OIT aprovou uma convenção que elevou para três semanas o período de férias
pagas;
inicia-se a conquista do espaço com o lançamento dos primeiros satélites
primeira viagem à lua com consequências revolucionárias em vários domínios.
Os efeitos produzidos a nível do turismo por estas alterações fizeram-se sentir nas duas vertentes:
Procura e Oferta.
Do lado da Procura:
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alterações por via do rendimento:
aumentou o rendimento considerado discricionário;
adoptaram medidas sociais (pensões de reforma, pagamento das despesas com
doença, subsídios à família);
facilidade na compra de viagens.
O turismo passou a ser a procura do sol e mar. Foi a célebre época dos 3 S: Sun, Sea and
Sand .
Do lado da oferta:
Neste período, o turismo transformara-se já numa das actividades com maior volume de negócios nos
países industrializados.
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b) Alterações ocorridas entre 1973 e 1990
acentuou-se a diferença entre o nível de vida dos países em vias de desenvolvimento e dos
países industrializados;
os problemas mundiais tomaram uma tal amplitude que foi necessário criar condições para uma
melhor cooperação mundial;
um dos problemas era o crescimento da população mundial (2% ao ano) e a sua alimentação;
a população dos países em vias de desenvolvimento representava mais de metade da
população global mas apenas fornecia um quarto da produção agrícola mundial;
enquanto os países desenvolvidos de economia de mercado detinham 18% da população mas
asseguravam 38% da produção de bens alimentares;
um outro problema foi a chamada «crise ou choque do petróleo», ocorrida em 1973, que pôs fim
à era da energia a preço baixo;
o aumento das tensões políticas e o rápido aumento das despesas militares tiveram como
consequência a intensificação dos problemas internacionais;
afrouxamento do crescimento económico mundial e, em alguns casos, a diminuição da
produção;
O turismo mundial sofreu uma alteração estrutural ao mesmo tempo que se reduziu o
ritmo de crescimento.
A distância e a duração das viagens encurtou-se e as fórmulas de alojamento a baixo
preço passaram a ser as mais procuradas.
Do lado da oferta, multiplicaram-se os equipamentos desportivos e de animação e
surgiram novas fórmulas para utilização dos meios de alojamento turístico em regime de
compropriedade e de utilização periódica com carácter de permanência.
O turismo interno passou a adquirir uma importância cada vez maior e, em alguns
países, ultrapassou, em importância e em volume, o turismo internacional.
Os poderes públicos passaram a dar maior ênfase às políticas de desenvolvimento de
equipamentos e de promoção susceptíveis de enquadrarem o turismo dos nacionais no interior
dos seus territórios.
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A nível conceptual, passou a enfatizar-se menos o papel económico do turismo no qual
se tinha, até então, insistido em excesso para, igualmente, se atribuir importância ao seu papel
social, político, ecológico, cultural e educativo o que levou a passar a considerá-lo como uma das
componentes essenciais da vida do homem.
Deixou de ser unidimensional para passar a ser multidimensional, na medida em que
responde a uma multiplicidade de necessidades humanas e não apenas à melhoria do bem-estar
material.
Os valores económicos do turismo, sem deixar de estar presentes nas preocupações
do seu desenvolvimento, foram relegados para um plano de menor evidência dando lugar aos
valores da identidade e valorização do homem.
A Declaração de Manila, resultante da Conferência Mundial de Turismo realizada em
1980, colocou em destaque as tendências da estratégia de desenvolvimento turístico
recomendável:
Quadro — Estratégias do Turismo
6. Crescimento 6. Desenvolvimento
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12. Falta de comunicação 12. Utilização das línguas numa óptica universal
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Relativamente aos elementos da procura, as alterações operadas durante este período
influenciaram:
o tempo livre - na medida em que se reduziu ainda mais a duração do trabalho diário e semanal.
os rendimentos reais - diminuíram levando a atrasar as compras de bens não essenciais, sem
renúncia às viagens, que passaram a ser encaradas como um bem de primeira necessidade.
- Em contrapartida, porém, os viajantes passaram a optar por férias mais económicas e a escolher
destinos menos distantes.
Na parte final dos anos 80, a economia mundial registou um novo dinamismo com taxas de
crescimento que permitiram a retoma da expansão que se prolongou para além de 1990.
A partir, porém, de 1992, a economia entrou em recessão generalizada tendo-se verificado, nos
países mais desenvolvidos, a maior crise económica posterior à II Guerra Mundial.
Criação do Mercado Interno que conduziu à liberalização dos movimentos de bens e serviços,
capitais e pessoas entre os Estados Membros
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No domínio político assistiu-se à constituição de um grande número de novos países europeus
como resultado da queda do muro de Berlim e da desintegração da Jugoslávia e da União
Soviética, elevando para 184 o número de membros da ONU.
A profunda crise económica vivida e as tensões políticas internacionais não abalaram o turismo
que manteve a sua tendência de crescimento embora a taxa menos elevada.
O TURISMO EM PORTUGAL
condições naturais
condições climatéricas
elevado grau de competitividade em termos de preços
sentido de hospitalidade do seu povo
peculiaridade da sua cultura
Factores que desfavoreceram o desenvolvimento do turismo:
concepção política dominante durante muitos anos;
privilégio do isolamento internacional;
situações avessas às mudanças e pouco propensas à modernidade
atraso dos meios de transporte
atraso das vias de comunicação
inexistência de uma iniciativa privada esclarecida e informada
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Apesar do atraso com que se iniciou o seu processo de desenvolvimento, o turismo
alcançou rapidamente um lugar de relevo no conjunto das actividades económicas,
devido:
ao emprego criado
Infância Adolescência
Maioridade Maturidade
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Primeira etapa: 1900 a 1950. Infância
1920 – A Sociedade de Propaganda de Portugal (SPP) abriu 143 representações por todo o
país.
objectivos da SPP:
1928 – o jogo ficou ligado ao turismo e criou-se a Repartição de Jogos e Turismo integrada
no Ministério do Interior.
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1930 – Surgiu a comissão de propaganda do Turismo de Portugal no estrangeiro e foram
criadas casas de Portugal em Paris, Londres e Antuérpia.
No início da década de 50, Portugal não acompanhou a nova era do turismo na Europa,
devido ao atraso sobre o aperfeiçoamento dos meios materiais exigidos pela vida moderna.
O turismo deve ser encarado como uma verdadeira indústria, tendo de se subordinar a
princípios de organização administrativa.
A política do turismo é concebida segundo uma abordagem horizontal porque uma política
de turismo, para ser eficiente não pode ser obra de um só sector.
Em 1956 foi publicada a Lei 2082 que passou a constituir a lei base do turismo.
Passaram a ser criadas zonas de turismo nos concelhos em que existiam praias, estâncias
hidrológicas ou climáticas, de altitude, de repouso ou de recreio ou monumentos.
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- consolidação da recuperação económica dos países industrializados afectados pela
guerra
- generalização do automóvel
1964 – ultrapassou-se, pela primeira vez, o milhão de entradas, tendo forte contributo os
seguintes factores:
- localização geográfica
- condições climatéricas
- preços praticados
- Algarve
- Madeira
- Tróia
perda de posição dos centros tradicionais e desvio de investimentos para os novos pólos
turísticos.
O país não estava preparado, nem soube preparar-se, quer no que respeita aos circuitos de
distribuição, quer em infra-estruturas surgindo assim os primeiros desequilíbrios estruturais.
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- Reino Unido
- França
O turismo, que, até aí, não tinha sido objecto de qualquer planeamento, passa a ser
enquadrado nos Planos de Fomento
desejava-se uma oferta equilibrada mas a construção dos meios de alojamento não foi
acompanhada, nem pelos equipamentos de animação e de ocupação dos tempos livres,
nem pela protecção dos espaços envolventes.
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A Alemanha, a Espanha, a França, o Reino Unido e os Estados Unidos da América passam
a ser os primeiros clientes de Portugal
O distrito de Lisboa baixa a sua participação no conjunto da capacidade hoteleira para 27%.
A procura dominante caracteriza-se pela busca do sol, do mar e das praias de areia fina que
existem em abundância no país
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as receitas externas que, em 1973, haviam ultrapassado os 13,5 milhões de contos
baixaram para 9,2 milhões;
no período 1980 a 1992, Portugal registou a nível europeu as mais elevadas taxas de
crescimento;
2 – concentração territorial
um dos desafios mais prementes com que o turismo português se passou a defrontar é,
então, o da diversificação;
- da diversificação de mercados;
Com o fim de adoptar uma nova estratégia para o desenvolvimento do turismo foi lançado,
em meados da década de oitenta, um Plano Nacional de Turismo que tinha como
objectivos:
Nos últimos vinte anos – as acções incluídas nas Grandes Opções do Plano (GOP) têm
incidido:
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existe uma dificuldade em calcular a percentagem exacta da contribuição do turismo para o
PIB devido à diversidade de actividades (alojamento, transportes, serviços de viagens,
restauração, animação, comércio a retalho, etc.)
actualmente, o turismo representa mais de 8% do Produto Interno Bruto e emprega cerca
de 10% da população activa.
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II - PARTE
1. CONCEITOS DE TURISMO
A expressão turista é relativamente recente. Começou a ser utilizada no início do século XIX para
designar aqueles que “viajavam por prazer”. Mas, actualmente, a expressão turista tem um sentido
Na segunda metade do século XVIII, passou a ser normal para os jovens ingleses, das camadas
sociais mais elevadas, complementarem a sua educação com uma viagem ao Continente que era
designada, na Inglaterra, pela expressão “fazer a Grand Tour” ou, mais tarde, apenas a «Tour». As
A palavra foi, posteriormente, introduzida em França por um escritor, passando a designar toda a
Muitas outras línguas adoptaram as palavras francesas Touriste e Tourisme com o sentido
restrito de:
- por distracção,
- repouso
embora a viagem não fosse considerada um mero capricho mas antes uma forma de
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Esta concepção prevaleceu durante muitos anos e, ainda em 1932, um autor português (José
Ataíde), escrevia o seguinte: o turismo consiste nas viagens por mero prazer, as que se fazem com
o fim exclusivo de gozar os encantos dos países que se visitam . Face a esta consideração, surgem
- Um indivíduo que vai fazer uma cura numa estância termal não é um turista?
- Aqueles que passam uma temporada numa praia não são turistas?
Todos eles, ao deslocarem-se para fora da sua residência habitual, seja no interior do país ou para o
estrangeiro, comportam-se de modo idêntico àqueles que viajam por puro prazer e utilizam-se dos
procedem a reservas pelas agências de viagens e fazem compras nos locais para onde se
deslocam.
Têm tudo em comum, excepto quanto à razão da sua deslocação ou da motivação que esteve na
Para a economia das companhias aéreas, dos hotéis ou das agências de viagens é indiferente que
o viajante utilize os seus serviços, quer se desloque por puro prazer ou para satisfazer uma
necessidade profissional.
Deste modo, na acepção moderna, a expressão turista refere-se às pessoas que se deslocam para
Convém, pois, desde já reter os dois elementos que integram o conceito de Turista:
- a deslocação
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- e a residência.
Para alguém ser considerado como Turista é necessário que se desloque para um local diferente
do da sua residência.
Mas todos os dias há pessoas que se deslocam para fora da sua residência e não podem ser
considerados como turistas. É o caso dos que vivem nos arredores dos centros urbanos e que
todos os dias se têm de deslocar para estes por razões profissionais ou quaisquer outras.
Para que uma pessoa possa ser considerado como turista é necessário que se desloque para um
local diferente da sua residência habitual e aí tenha uma certa permanência, tendo-se
Há, contudo, milhares de pessoas que se deslocam para fora da sua residência por períodos
inferiores ou superiores a 24 horas exclusivamente por razões ligadas ao exercício da sua profissão
e com o objectivo de auferirem uma remuneração, não sendo correcto englobá-las na mesma
categoria daquelas que se deslocam por motivos considerados no conceito inicial de turista.
A definição de turista ou de turismo não tem sido tarefa fácil nem pacífica em virtude da dificuldade
em enquadrar no mesmo conceito realidades, por vezes, muito distintas mas com pontos comuns
inseparáveis e gerando fenómenos semelhantes mas nem sempre produzindo resultados iguais.
Mas uma viagem de uma pessoa nacional no interior do seu país tem muito de comum com a
viagem de uma pessoa estrangeiro nesse mesmo país mas os resultados que produzem são
diferentes.
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A primeira tentativa de definição de turista ocorreu em 1937, quando a Comissão Económica da
Sociedade das Nações (SDN) se defrontou com a necessidade de «tornar mais comparáveis as
viajantes estrangeiros, a SDN entendeu que o termo turista deve, em princípio, ser interpretado
como significando toda a pessoa que viaja por uma duração de 24 horas, ou mais, para um país
Como esta definição era imprecisa e não considerava a remuneração, a Comissão fê-la seguir da
enumeração das categorias de pessoas que deveriam ou não considerar-se como turistas.
1. As pessoas que realizam uma viagem por prazer ou por razões familiares, de saúde, etc.;
2. As pessoas que se deslocam para realizar reuniões ou missões de toda a espécie: científicas,
24 horas.
1. As pessoas, com ou sem contrato de trabalho, que chegam a um país para ocupar um
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4. Os viajantes em trânsito sem paragem no país, mesmo se a travessia durar mais de 24 horas.
Esta primeira definição ampliou o conceito inicial passando a considerar como turistas as pessoas
que se deslocavam para realizar reuniões ou missões ou em viagens de negócios e, levou, pela
primeira vez, a incluir no turismo pessoas que viajavam independentemente do puro prazer.
Em 1950, a então União Internacional dos Organismos Oficiais de Turismo (UIOOT), que mais tarde
daria lugar a Organização Mundial de Turismo (OMT), entendeu que não se justificava a exclusão
dos estudantes da definição da SDN porque a manutenção dos jovens é, em geral, assegurada
pelas respectivas famílias que residem no estrangeiro e passou a incluí-los na definição de turista.
For outro lado, a UIOOT preocupou-se com uma categoria especial de pessoas, cada vez mais
numerosa, que se deslocam para um país estrangeiro por períodos inferiores a 24 horas e que não
Sociedade das Nações, em conjunto com a Organização da Aviação Civil Internacional, modificaram
a definição da SDN, com as alterações introduzidas pela UIOOT, E elaboraram a sua própria
A definição a que chegaram difere essencialmente da anterior pelo facto de abandonar o critério da
trânsito.
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Uma outra definição foi incluída na Convenção sobre as Facilidades Aduaneiras em favor do
turismo, concluída em Nova York, em 1954, que considerou como turista toda a pessoa que entra
em território de um Estado, diferente daquele em que a dita pessoa tem a sua residência habitual e
nele permaneça pelo menos 24 horas e não mais de 6 meses, em qualquer período de 12 meses,
com fins de turismo, recreio, desporto, saúde, assuntos familiares, estudo, peregrinações religiosas
sobretudo por razões de comparação e análise estatística, pelo que a UIOOT tomou a iniciativa de
A proposta foi apresentada e discutida em 1963, na Conferencia das Nações Unidas sobre o
visitante para fins estatísticos: «o termo visitante designa toda a pessoa que se desloca a um país,
diferente daquele onde tem a sua residência habitual, desde que aí não exerça uma profissão
a) Os turistas, isto é, os visitantes que permaneçam pelo menos 24 horas no país visitado e
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Esta definição abrange, portanto, os visitantes no número dos quais se incluem todos os não
residentes que chegam a um determinado país, com excepção dos que, juridicamente, não entram
no território nacional (por exemplo, os viajantes que chegam a um aeroporto e nele permanecem até
Surge-nos aqui uma distinção importante. A distinção entre visitante e turista, que habitualmente se
Os visitantes são todos os que chegam às fronteiras e, por isso, é habitual falar em «chegadas»,
A diferença entre eles não é meramente estatística: os excursionistas, que adicionados aos
turistas constituem o grupo de visitantes, não se utilizam dos alojamentos e limitam as suas visitas
Para se avaliar a diferença entre uns e outros bastará referir que, em 1995, as entradas de
ultrapassaram os 9,7 milhões. Tradicionalmente, o número de turistas não chega aos 45% do
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Entradas de Visitantes Estrangeiros em Portugal
Unid.: Milhares
Visitantes 1990 1992 1994 1995
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Fonte: «O Turismo em 1994». Análise de Conjuntura. Boletim n° 18, Jan./Fev. 1996, DGT.
número de visitantes pelos seus componentes mas em alguns países não é feita esta distinção
como, por exemplo, no Reino Unido cujas estatísticas apenas fornecem o número de visitantes, pelo
Pela definição das Nações Unidas, que é a normalmente seguida internacionalmente, verifica-se
a) A deslocação de uma pessoa de um país para outro diferente daquele em que tem a
residência habitual;
b) Um motivo ou uma razão de viagem que não implique o exercício de uma profissão
remunerada;
De acordo com o último dos elementos integrantes da definição de turista conclui-se que um
português que resida habitualmente em França deve ser considerado como turista francês quando
visita Portugal e um residente estrangeiro em Portugal quando passa férias no interior do país deve
ser considerado como turista português. No entanto, as estatísticas portuguesas não incluem os
portugueses não residentes no número de visitantes estrangeiros que chegam às nossas fronteiras,
contrariamente ao que se verifica em Espanha, por exemplo, e aqui encontramos mais um factor
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Esta definição das Nações Unidas é, porém, incompleta. Apenas se refere ao turismo internacional
excluindo, portanto, os movimentos turísticos no interior de cada país provocados pelas pessoas
que neles residem e não limita o tempo de permanência no local visitado, condicionando apenas,
esta, a que, no mínimo, seja de 24 horas, quando em anterior definição se considerava também um
limitar a 6 meses.
Por isso, em 1983, a Organização Mundial de Turismo, elaborou uma definição de turismo
nacional pela qual: o termo «visitante nacional» designa toda a pessoa, qualquer que seja a sua
nacionalidade, que reside num país e que se desloca a um lugar situado nesse país e cujo motivo
compreende:
a) Os turistas nacionais, isto é, os visitantes com uma permanência no local visitado, pelo
menos, de 24 horas mas não superior a um ano, e cujos motivos de viagem podem ser
agrupados em:
estudos, religião;
Chegados a este ponto é possível assentar nos seguintes conceitos de acordo com a definição da
ONU:
36
• Visitante, é toda a pessoa que se desloca temporariamente para fora da sua residência habitual,
quer seja no seu próprio país ou no estrangeiro, por uma razão que não seja a de aí exercer uma
profissão remunerada;
• Turista, é todo o visitante temporário que permanece no local visitado mais de 24 horas;
• Excursionista, é todo o visitante temporário que permanece menos de 24 horas fora da sua
residência habitual.
Por estas definições, essencialmente de carácter estatístico, não se faz qualquer destrinça entre os
que viajam por motivos de lazer, repouso, desporto, negócios, cultura, saúde ou religião e, assim,
estrangeiro desde que, no local para que se deslocaram, não exerçam qualquer profissão
37
Classificação de Viajantes
38
1. Turistas - visitantes temporários que permanecem pelo menos 24 horas
no destino e cujo propósito da viagem pode ser classificado como:
lazer
negócios
família
missão
encontro
Trâns. Marít. 234,8 230,1 220,9 0,9 0,9 1,0 2,0 4,2
Fonte: DGT
Assente o conceito de turista importa precisar o que se entende por turismo que, de modo
simplista, se poderia considerar como a actividade económica decorrente dos movimentos turísticos
A primeira definição de turismo foi estabelecida pelos Professores Hunziker e Krapf, em 1942,
sendo posteriormente adoptada pela Association Internationale des Experts cientifiques du
Tourisme (AIEST).
39
Segundo aqueles professores, o turismo «é o conjunto das relações e fenómenos originados pela
deslocação e permanência de pessoas fora do seu local habitual de residência, desde que tais
deslocações e permanências não sejam utilizadas para o exercício de uma actividade lucrativa
Esta definição, que integra o conceito de visitante não fazendo a separação entre turistas e
• Não pode ser utilizada para o exercício de uma actividade lucrativa principal.
Pelo facto de evidenciar a «actividade lucrativa principal» pode concluir-se que devem ser incluídas
no turismo todas as deslocações mesmo que impliquem a obtenção de um rendimento desde que
Por não ter em consideração os aspectos sociológicos, sobretudo quando se trata de turismo
nacional, esta definição é considerada incompleta pelos sociólogos. Do ponto de vista destes, o
turista é, antes de tudo, o homem que se desloca para satisfazer a sua curiosidade, o desejo de
conhecer, para se cultivar e evadir, para repousar ou se divertir num meio diferente do que lhe é
habitual.
São estes aspectos recreativos, educativos e culturais que levam a considerar o turismo não
apenas como um fenómeno económico mas, antes de tudo, como um fenómeno social não
40
Em 1991, a Organização Mundial de Turismo apresentou uma nova definição entendendo que: «o
locais situados fora do seu enquadramento habitual por um período consecutivo que não ultrapasse
excluir do conceito de visitante as pessoas que todos os dias se deslocam entre a sua casa e o
local de trabalho ou de estudo bem como as deslocações efectuadas no seio da comunidade local
Na sua explicitação, a OMT considera que o conceito reveste duas dimensões: a primeira é a
frequência na medida em que os locais frequentemente visitados por uma pessoa fazem parte do
raramente visitados. Deste modo, o enquadramento habitual é uma certa zona em redor do local de
Embora adoptada pela Comissão de Estatística da ONU, esta definição peca por imprecisão e por
habitual», tal como foi definido, elimina do conceito do turismo as deslocações efectuadas, com fins
privilegia o lado da procura, porque apenas inclui no turismo as actividades desenvolvidas pelos
criadas para servir directa e indirectamente os turistas e cuja existência permanece, mesmo quando
Mais completa e correcta nos parece a definição de Mathieson e Wall que consideram que «o
turismo é o movimento temporário de pessoas para destinos fora dos seus locais normais de
41
trabalho e de residência, as actividades desenvolvidas durante a sua permanência nesses destinos
O Prof. Bernecker, considerando que no turismo se estabelecem dois grupos de contactos, a saber,
o grupo de relações materiais, que consiste no recurso a serviços e bens de consumo por parte
dos visitantes que para isso fazem uma despesa, e o grupo das relações imateriais, que consiste
no contacto com o local visitado, a sua população, a sua cultura, as suas instituições, etc.,
apresentou a seguinte definição simplificada: «o turismo é a soma das relações e dos serviços que
resultam de uma alteração de residência, temporária e voluntária, não motivada por razões de
negócios ou profissionais».
No entanto, tal como se encontra formulada, esta definição exclui as deslocações provocadas pêlos
Ora, a cada vez maior internacionalização das actividades económicas bem como as, também,
cada vez maiores deslocações no interior de cada país motivadas por razões profissionais, esbatem
as diferenças entre os movimentos turísticos e não turísticos a que acresce a impossibilidade prática
Daí que, do ponto de vista económico, consideremos que o turismo abrange todas as deslocações
de pessoas, quaisquer que sejam as suas motivações, que obriguem ao pagamento de prestações
e serviços durante a sua deslocação e permanência temporária fora da sua residência habitual
O turismo é, assim, uma transferência espacial de poder de compra originada pela deslocação de
pessoas: os rendimentos obtidos nas áreas de residência são transferidos pelas pessoas que se
Nesta concepção, o turista é considerado como um puro consumidor cujos actos de consumo
42
não têm relação com a obtenção de um rendimento.
Excluímos as deslocações do e para o local de trabalho exigidas pelo exercício de uma profissão
fora da residência habitual, como resulta da própria definição, bem como as pessoas que se
de que necessitam para seu consumo corrente (caso das compras habituais em hipermercados
deva ser considerado como turista ou visitante francês quando se desloca a Portugal. Na sua
deslocação operou uma transferência de poder de compra de França para Portugal e Portugal, por
via disso, exportou serviços para França. É o que acontece, aliás, com a exportação de produtos
portugueses para serem consumidos pelos emigrantes portugueses. Em ambos os casos há lugar a
Podemos, então, desde já, extrair uma conclusão: todas as actividades económicas, culturais e
recreativas que, embora se possam inscrever na categoria das turísticas por prestarem o mesmo
serviço, sejam predominantemente destinadas à utilização dos residentes ou das pessoas que se
desloquem para o local onde se situam para aí exercerem uma profissão, não podem ser
poderá ser considerado como turístico desde que seja predominantemente frequentado por
visitantes. Também não é turístico um campo de golfe reservado aos sócios de um clube local ou
43
um campo de ténis que serve um aglomerado residencial e é reservado aos utentes desse
aglomerado.
Trata-se de uma distinção importante para a política turística porque permite evidenciar as
E já lugar comum falar-se em «turismo social» por contraposição ao chamado turismo comercial
como expressão de conteúdo mais restrito do que o contido na definição atrás referida, associando-
o ao turismo praticado pelas classes trabalhadoras, dispondo, regra geral, de fracos rendimentos.
fenómenos resultantes da participação no turismo das camadas sociais com rendimentos modestos,
participação que se torna possível ou é facilitada por medidas de carácter social bem definidas».
Pode dizer-se que se trata de um turismo sui generis, na medida em que se dirige para locais bem
entendido como aquele que necessita de uma exploração subvencionada pelo Estado, por
Os critérios que permitem definir o conteúdo do turismo social são: baixo preço relativo, ausência
de fim lucrativo e carácter colectivo dos consumos. Trata-se, pois, de critérios que não estão
chamar-lhe.
Com efeito, no turismo social, o preço das férias ou das estadas quando calculadas a partir do custo
de produção médio, é inferior ao nível médio dos preços do mercado para prestações similares.
44
Sendo o preço dos bens e serviços consumidos inferior ao nível de preços do mercado, o turismo
social tem de ser justificado, não por critérios económicos, mas antes pela sua rendibilidade social
como, aliás, é reconhecido pela Carta de Viena, aprovada em 1972 pela Assembleia Geral do BITS,
segundo a qual o turismo faz parte integrante da vida social contemporânea devendo ser
considerado como um direito inalienável do indivíduo, pelo que nenhuma política social deve ser
Muitas vezes, porém, os regimes políticos utilizam esta «classe» particular do turismo para
desenvolver ou alimentar uma ideologia política. Isso mesmo aconteceu em Portugal antes e
durante o período revolucionário de 1974/76 mas o exemplo mais frisante é-nos fornecido pelo
período estalinista na ex-URSS, altura em que as autoridades soviéticas reservaram três funções ao
turismo:
mobilizar;
Era o turismo ao serviço da ideologia e os turistas tinham de comportar-se por forma a ganhar uma
nova força ideologia sendo os seus tempos livres ocupados na formação da ideologia comunista.
2. CLASSIFICAÇÕES DE TURISMO
45
Estabelecidos os conceitos de turista e turismo, várias classificações deste se podem fazer
tomando como base as suas causas e influências e atendendo aos factores que intervêm nas
deslocações de pessoas, tais como a sua origem, os meios de transporte utilizados, o grau de
Atendendo ao facto de se atravessar ou não uma fronteira o turismo subdividir-se-á, de acordo com
46
as classificações metodológicas adoptadas pela OMT e pelo Eurostat, em:
• Turismo doméstico ou interno que resulta das deslocações dos residentes de um país, quer
tenham a nacionalidade ou não desse país, viajando apenas dentro do próprio país;
• Turismo receptor (inbound tourism) que abrange as visitas a um país por não residentes;
• Turismo emissor (outbound tourism) que resulta das visitas de residentes de um país a outro
ou outros países.
Estas três formas básicas podem ser combinadas de vários modos, resultando dessas combinações
• Turismo interior que abrange o turismo realizado dentro das fronteiras de um país e compreende
• Turismo nacional que se refere aos movimentos dos residentes de um dado país e compreende
• Turismo internacional que, por abranger unicamente as deslocações que obrigam a atravessar
sempre, seja este que vem à mente quando se fala em turismo, o facto é que os movimentos
turísticos no interior de cada país são, regra geral, de dimensão superior aos fluxos internacionais.
estrangeiros aos países de todo o mundo enquanto os primeiros ultrapassam as 6.000 milhões de
No entanto, pelos diferentes efeitos económicos que provoca, é, geralmente, dada maior ênfase e
entrada, permanência e movimento de estrangeiros num certo país ou região» (Hermann von Schul-
lard, 1910).
47
Actualmente, porém, a expressão turismo abrange tanto o doméstico como o internacional.
residentes nesse país têm um efeito passivo sobre aquela balança por provocarem uma saída de
divisas
apenas pelo período de tempo necessário para se alcançar uma outra localidade ou país objectivo
da viagem, isto é, o destino final. Turismo de permanência será o realizado numa localidade ou num
país, objectivo da viagem, por um período de tempo variável que, porém, exigirá, pelo menos, uma
dormida.
Este período de tempo variará, naturalmente, com o objectivo da viagem, mas para aqueles que
viajam, em particular, por motivo de férias, dependerá das condições existentes para reter ou não o
turista, das características do local visitado e dos preços aí praticados, do país de onde proceda, da
retenção consoante dispuser de condições capazes de lhe proporcionar uma estada atraente e
agradável o que é tanto mais importante quanto as receitas proporcionadas pelo turismo dependem
Objectivos da viagem
Duração da férias;
Motivações.
O Reino Unido, com três vezes menos visitantes do que a Espanha, obtém uma receita
óbvio, contudo, que não há uma relação de causa-efeito por, na formação das receitas, intervirem
múltiplos factores como, por exemplo, os preços, mas não resta dúvida que a permanência é um
A capacidade de retenção de uma região depende de múltiplos factores locais, uns ligados às
condições naturais existentes (paisagem, praias, termas, neve), outros aos investimentos realizados
tempos livres).
visitantes e apesar de serem atravessadas por importantes correntes turísticas, continuam a ser
meras zonas de passagem por não terem equipamentos adequados nem revelado capacidade para
Como se vê pelo Quadro 1.3, em que se comparam as entradas de estrangeiros pelas principais
insignificante o número dos estrangeiros que permanece uma noite na área dos distritos
considerados o que significa que não dispõem de condições de retenção e os turistas que
atravessam os seus territórios procuram outros destinos. Trata-se de áreas com um turismo
50
predominantemente de passagem o que evidencia o facto de a uma região, que pretenda
Unid.: Milhares
Entradas pela fronteita Dormidas de (1)/(2)
Distritos do distrito estrangeiros %
(2) (1)
Viana do Castelo 6.571,6 238.6 3,6
De acordo com as vias utilizadas, podemos distinguir turismo terrestre, náutico e aéreo e, de
acordo com os meios utilizados, distinguiremos o turismo por caminho de ferro, por barco, por ar
ou por automóvel.
Com a perda da importância relativa dos dois primeiros meios de transporte, a maior parte dos
turistas desloca-se, ou por via aérea, ou por automóvel, embora em relação aos países que
possuem fronteiras terrestres importantes, como Portugal, e no turismo interno, continue a dominar
51
o turismo automóvel.
Via Férrea 116,7 105,7 101,6 0,4 0,4 0,4 4,0 10,4
Fonte: DGT
O quadro da distribuição das entradas de visitantes por fronteiras, que reflecte os meios de
transporte utilizados, revela a importância do automóvel, como meio de transporte, para o turismo.
Como é óbvio, se, em vez do número de visitantes, se utilizasse como indicador o número de
turistas evidenciar-se-ia uma importância relativa do transporte aéreo superior, mas, mesmo assim,
o automóvel continuaria a ser o meio que só por si transporta mais turistas que o conjunto dos
restantes.
Esta conclusão realça a importância das vias rodoviárias para o desenvolvimento do turismo, quer
É comum dizer-se que sem transportes não há turismo mas tal afirmação será também válida para
as vias rodoviárias, na medida em que estas constituem as mais importantes vias de acesso aos
destinos turísticos.
segundo as regulamentações existentes nos países, quer emissores, quer receptores, limitem a
razões políticas, podem limitar as saídas dos seus nacionais por vários meios: limitações na
passaportes.
Também os países receptores limitam, por vezes, sobretudo por razões políticas, as entradas de
entrada com indicação precisa das cidades de permanência, há países que impedem as visitas a
certas localidades e, outros, que condicionam a passagem de visto, ou mesmo das entradas,
nacionais de países com os quais não mantêm relações diplomáticas (caso de Portugal em relação
No entanto, pelo reconhecimento da importância do turismo para a economia de cada país e pelo
O turismo, quer nacional, quer internacional, de acordo com a forma como é organizada a viagem,
Quando uma pessoa ou um grupo de pessoas parte para uma viagem cujo programa é por elas
próprias fixado, podendo modificá-lo livremente, com ou sem intervenção de uma agência de
53
viagens, estamos perante o turismo individual.
Estamos perante o turismo colectivo ou de grupo, package tour (também conhecido por
organizado), quando um operador de viagens ou uma agência oferece a qualquer pessoa, contra o
pagamento de uma importância que cobre a totalidade do programa oferecido, a participação numa
viagem para um determinado destino segundo um programa previamente fixado para todo o grupo.
a organização prévia;
preço fixo.
um destino;
meio de transporte;
versa;
alojamento;
alimentação;
seguros;
organizações profissionais ou sindicais ou mesmo por empresas, mas unicamente para os seus
membros.
O turismo começou por ser fundamentalmente individual mas, sobretudo a partir da década de
sessenta, com o aparecimento dos voos fretados (charter flights), o acesso às viagens pela
as viagens organizadas passaram a ganhar cada vez maior importância. A título de exemplo, refira-
se que 40% dos britânicos que se deslocam ao estrangeiro, ou seja à volta de 15 milhões, fazem-no
Na época do seu nascimento, o turismo surgiu como uma actividade própria das classes
aristocráticas e, até finais da II Grande Guerra Mundial manteve-se como um privilégio das classes
Começou por ser uma actividade aristocrática, aburguesou-se posteriormente, mas hoje
rendimentos individuais e ao instituírem o principio das férias pagas, cuja duração tem vindo a
aumentar, garantiram o acesso ao turismo de camadas cada vez mais vastas da população.
Este acesso tem na sua origem razões de ordem económica e social, mas foi alargado por outros
55
• A exclusividade da participação no turismo das minorias aristocráticas e endinheiradas cedeu o
investimentos;
• O turismo passou a ser um direito do homem, reconhecido pela Declaração Universal dos
em geral, mas também pelo alargamento dos seus benefícios que passaram a respeitar a
todos.
O reconhecimento, pela Declaração Universal dos Direitos do Homem, do direito que assiste a
Liberdade que, porém, ainda reveste apenas um carácter teórico e de princípio, na medida em que
só uma parcela reduzida da população mundial tem efectivo acesso às viagens e ao turismo em
geral, fundamentalmente por razões económicas, culturais e sociais. Mesmo em alguns países
Situação de Férias
Índice de gozo de férias
ANOS TOTAL FORA DA RESIDÊNCIA
1980 44 30
1981 39 28
1982 41 26
1983 38 26
1984 44 28
1985 41 29
1980 43 28
1987 34 21
1988 32 22
1989 32 20
1990 32 22
1991 36 26
1992 38 27
1993 44 30
56
1994 46 29
1995 43 32
1996 37 25
1997 47 27
1998 63 42
Nota: Estes resultados, são obtidos com base na população portuguesa maior
de 15 anos e residente no Continente.
Portugal
Irlanda
Portugal (98)
Áustria
Grécia
Espanha
Bélgica
Alemanha
Itália
França
Reino Unido
Luxemburgo
Finlândia
Suécia
Holanda
Dinamarca
0 10 20 30 40 50 60 70 80
57
Percentagem de Férias passadas no estrangeiro em 1997
Gré cia
Espanha
Portugal (98)
Portugal
França
Itália
Finlândia
Re ino Unido
Sué cia
Irlanda
Dinamarca
Áustria
Holanda
Alemanha
Bé lgica
Luxe mburgo
0 20 40 60 80 100
Os diferentes comportamentos dos turistas e as motivações que estão na origem das suas
O turismo de minorias pode ser tomado em dois sentidos. Num sentido puramente quantitativo,
segundo o qual os turistas pertencentes a esta categoria se consideram em relação à totalidade dos
turistas recebidos num país ou à totalidade dos turistas saídos do país de que procedem. Tomada
58
nesta acepção, a expressão «turismo de minorias» pouco nos diz e, então, preferimos tomá-la no
sentido qualitativo, isto é, do turismo realizado por indivíduos isolados (o turismo individual) ou
cultural.
O turismo de massas será, por oposição ao anterior, tomado na segunda acepção, o realizado
pelas pessoas de menor nível de rendimentos, viajando, na sua maioria, em grupos, sendo
voos «charter»;
caso europeu;
turística;
f) É muito afectado pêlos movimentos políticos e sociais e fortemente condicionado pela situação
59
A massificação passou a ser uma característica inerente ao turismo que se irá acentuando com o
cada vez maior acesso das pessoas às viagens. À medida que se acentua o grau de urbanização,
que aumentam os rendimentos e se banaliza a informação aumenta a apetência das pessoas pelas
viagens que tendem a passar, normalmente, as suas férias fora da área da sua residência.
O aumento do grau de massificação do turismo daí resultante leva à intensificação da utilização das
sua destruição, perverte a calma e o repouso que está na origem de importantes correntes
sensível.
A massificação encerra, assim, uma contradição dificilmente superável: por um lado, o acesso às
viagens corresponde a um direito inalienável dos homens e a todos deve ser reconhecido o direito à
fruição dos bens a que só o turismo dá acesso mas, por outro, o acesso indiscriminado e
se torna difícil, senão impossível, visitar palácios ou museus em virtude das multidões que os
Os bens turísticos, seja qual for a sua natureza ou característica, são bens escassos que têm de ser
utilizados com parcimónia e em condições tais que garantam a sua preservação tanto mais que
muitos deles não podem ser reproduzidos: uma gruta, uma vez destruída, jamais pode ser
reconstruída.
utilização dos bens mais sensíveis e, sobretudo informar e ensinar os turistas a usufruírem esses
60
bens sem os destruir. O turismo tem de ser, cada vez mais, um acto de cultura e um acto cívico que
A massificação do turismo é um facto inelutável e seria absurdo lutar contra ele ou ignorá-lo. O que
médias no conjunto da população, que tende a esbater as diferenças sociais e culturais, não faz
qualquer sentido falar, hoje, no turismo de qualidade como expressão que pretende fazer depender
o desenvolvimento do turismo apenas do grupo de pessoas com mais elevados rendimentos. Aliás,
nos países desenvolvidos que fornecem os maiores contingentes do turismo mundial, a parcela da
população que dispõe de rendimentos superiores à média não ultrapassa os 10% pelo que qualquer
condições de recepção e atracção internas, quer se trate de receber estrangeiros, quer nacionais.
No caso particular do turismo português, a qualidade da oferta é uma questão vital para o seu
61
Com efeito, a qualidade dos alojamentos, dos transportes, da utilização dos espaços, do
nacional e factor básico para enfrentar a concorrência de outros destinos, umas vezes melhor
dotados com equipamentos histórico-culturais e, outras vezes, mais aptos em condições naturais.
especificidade do turismo português há-de ter como suporte básico a qualidade da oferta.
dos atributos que qualificam a oferta turística como sendo de qualidade. Estamos perante um
opiniões dispares e imprecisas que, por vezes, induzem à adopção de soluções desajustadas e
inconvenientes. Não se trata, pois, de uma mera questão de semântica mas da essência do
problema.
Além de ser uma palavra de ordem moral e cívica, a qualidade tornou-se, nos últimos anos, um
Mais do que um instrumento, ou um objectivo a alcançar, a qualidade tem de ser uma forma de
estar na vida: o que se faz tem de ser bem feito, sem defeitos e sem erros.
62
Tem de ser um objectivo de sempre, em todas as actividades e em todas as manifestações do
homem e não uma moda. Hoje corremos o risco de a transformar numa moda de tanto falar nela,
b) Nos anos 60 passou a ser considerada como um custo que se aceitava com dificuldade num
c) Nos anos 70 a qualidade tornou-se um factor de venda num mercado em que a concorrência
qualidade passou a ser o termo de confronto mais importante na competição entre as empresas e
os produtos.
época da produção massificada, mas agora são os produtos que se adaptam aos
após venda, ao sistema de crédito para financiar a aquisição. Por exemplo, num hotel, a
exigência de qualidade vai desde a reserva, passando pela estada até às condições de
venda e à publicidade. A relação com o cliente não se inicia nem se esgota no acto de
63
3. Vivemos numa época de globalização dos mercados, produtos e processos, o que
significa que as barreiras nacionais desapareceram ou, aonde ainda subsistem, são
4. O preço que, até recentemente, constituía o factor determinante das opções e escolhas
dos consumidores, foi substituído pela relação qualidade/preço. Esta passou a constituir
conhecimentos profissionais).
Qualidade é um conceito relativo porque cada segmento de mercado tem os seus padrões.
E por isso que algumas empresas optam pela eleição de atributos diferenciados que melhor
Por exemplo, uma companhia aérea pode partir do princípio que qualidade significa boa decoração
dos aviões e bom serviço a bordo prestado por hospedeiras apresentáveis e simpáticas, mas
outras, entendem que qualidade é sinónimo de cumprimento de horários: partir e chegar a horas!
Provavelmente ambas têm razão mas não significa que ambas tenham o mesmo êxito. Tudo
depende da preferência que os seus clientes dão a um ou outro daqueles atributos. Cada uma
aposta em atributos diferentes embora a ideia de qualidade dominante deva ser a da qualidade total
que, em primeiro lugar, conduz a conceber a organização como um conjunto de processos cujo
entender a cadeia de relações internas com o cliente como uma engrenagem fundamental de gerar
Para uns, qualidade «é o ajustamento dos produtos e serviços às exigências da clientelas para
outros, «é atender às necessidades da clientela fazendo as coisas bem à primeira» e, ainda para
lhe satisfação».
64
Em qualquer destes conceitos há um traço comum fundamental: satisfação das necessidades e
exigências da clientela.
De facto «a qualidade é apenas dar às pessoas o produto ou o serviço que realmente desejam e de
Neste sentido, qualidade é igual à satisfação dos consumidores. E, portanto, um conceito dinâmico
que tem de acompanhar a evolução das preferências dos consumidores. Este aspecto assume
particular relevância em turismo na medida em que a procura turística, por reflectir profundamente
dar ênfase à clientela endinheirada e a privilegiar as acções de comercialização que visam a sua
conquista em detrimento das que garantam a qualidade da oferta o que tem sido nefasto para o
turismo português.
Com efeito, a qualidade da oferta turística deve ser definida, a par do respeito pela defesa do
património natural e cultural, em função das preferências e das características da procura, como foi
É uma questão fundamental mas complexa: o turismo é um produto compósito e que tem a ver com
as condições gerais do país. A procura turística não se satisfaz apenas de um bem material
segurança, arquitectura, paisagem e cultura são elementos que formam o produto turístico e que
influenciam decisivamente a procura. Um hotel de luxo deixa de ter qualidade se estiver rodeado de
entulhos, com acessos poeirentos e debruçados sobre o mar poluído e mal cheiroso.
A qualidade não depende da categoria dos estabelecimentos e tem de ser adequada a cada
segmento de mercado. Não significa luxo e tanto deve haver qualidade num estabelecimento ou
65
num produto de luxo como num estabelecimento ou num produto de modesta categoria. Tanto num
parque de campismo como num hotel de cinco estrelas. A confusão entre qualidade e luxo é um
A qualidade surge, assim, definida pelo consumidor e entendida como componente da satisfação de
Trata-se de uma questão que impõe o constante acompanhamento da procura e uma grande
capacidade de adaptação a situações novas já que a procura turística não é estática mas, antes,
origem a novas e mais cuidadas formas de oferta. A preferência pêlos espaços equilibrados, pelo
contacto com a natureza, pelas férias activas e personalizadas em detrimento das férias
Só assim se pode falar na qualidade da oferta. Com a excessivamente rápida evolução da procura,
a oferta turística portuguesa não só se degradou como viu agravarem-se os seus desequilíbrios
local, agravou-se a poluição das praias, perdeu-se qualidade estética, alastrou a clandestinidade,
O evidente desajustamento qualitativo entre as várias componentes da oferta configura uma oferta
turística incaracterística: praias de grande beleza natural servidas por vias de acesso poeirentas e
66
com construções abarracadas a que se dá o nome de restaurantes, hotéis bem concebidos e
ao património cultural, passando pelo sentido de hospitalidade do povo, mas tem sido abastardada
está na origem da criação de situações que reduzem o grau de satisfação dos visitantes e
O inquérito, levado a efeito, em 1992, pela Direcção Geral do Turismo (DGT), sobre o turismo de
estrangeiros, revelou que 61,4% dos turistas entrados emitiram opinião favorável sobre o nosso
país contra 85,9% em 1989, sendo sintomático que, para aquela percentagem, o
«qualidade dos serviços hoteleiros» contribuiu com apenas 3,2%, contra 5,7% em 1989. Com base
no principio de que são os utilizadores que definem a qualidade, ter-se-á de concluir que as
componentes da oferta turística portuguesa, que implicam uma intervenção humana decisiva, não
Sendo a qualidade o factor primário do desenvolvimento do turismo parece, então, que a política do
turismo português é, antes de mais, a política da qualidade a que se têm de subordinar todos os
A questão da qualidade do turismo não se esgota neste e, embora lhe respeite directamente, é uma
questão mais ampla que abrange todos os aspectos que determinam a qualidade de vida das
67
Implica, para alem de investimentos vultosos em infra-estruturas que não podem ser encaradas
apenas na perspectiva do turismo, um estado de espírito e uma certa forma de estar na vida. A
adquire pela educação colectiva permanente e pela criação de novos comportamentos e novas
atitudes sociais.
Nacional de Turismo para 1986/89 se defendia que a defesa da qualidade exige, entre outras
coisas:
c) Que a política de turismo a nível autárquico seja orientada pelo princípio da «concentração
descentralizada» por forma a estimular o desenvolvimento das regiões que oferecem reais
criando zonas equilibradas de concentração turística com libertação de espaços mais extensos;
d) Que a arquitectura satisfaça as exigências dos tempos livres e seja adequada ao ambiente e às
pelo turismo por se situarem na área da administração e da gestão do território mas, para um país
que pretende ter no turismo um factor de desenvolvimento económico, são questões que exigem
um tratamento preferencial.
68
Apesar de sobre estas propostas ter decorrido uma década elas mantêm integralmente a sua
validade e actualidade.
4. TIPOS DE TURISMO
A identificação dos tipos de turismo resulta das motivações e das intenções dos viajantes,
podendo seleccionar-se uma enorme variedade, dada a grande diversidade dos motivos que levam
as pessoas a viajar.
A diversidade de motivações turísticas traduz-se por uma diversidade de tipos de turismo. Como as
identificação dos vários tipos de turismo permite avaliar a adequação da oferta existente ou a
Embora as razões que levam os homens a viajar sejam extremamente variadas e, muitas vezes, se
misturem na mesma pessoa, é possível distinguir certos tipos de turismo e agrupando por
afinidades os motivos de viagens, podem destacar-se os tipos a seguir enumerados que, porém,
não esgotam todos os que se podem identificar nem estabeleçam uma barreira entre eles.
Turismo
Turismo Étnico
TIPOS DE
de Recreio
TURISMO Turismo
Turismo Religioso
de
Repouso Turismo
de Saúde
Turismo
Cultural Turismo
Político
Turismo Turismo
Desportivo de
Negócios
69
a) Turismo de recreio
Este tipo de turismo é praticado pelas pessoas que viajam para «mudar de ares», por curiosidade,
ver coisas novas, disfrutar de belas paisagens, das distracções que oferecem as grandes cidades
Algumas pessoas encontram prazer em viajar pelo simples prazer de mudar de lugar, outras por
Este tipo de turismo é particularmente heterogéneo porque a simples noção de prazer muda
b) Turismo de repouso
A deslocação dos viajantes incluídos neste grupo é originada pelo facto de pretenderem obter um
dos desgastes provocados pelo «stress», ou pêlos desequilíbrios psicofisiológicos provocados pela
Para eles, o turismo surge como um factor de recuperação física e mental e procuram, por via de
regra, os locais calmos, o contacto com a natureza, as estâncias termais ou os locais onde tenham
c) Turismo cultural
As viagens das pessoas incluídas neste grupo são provocadas pelo desejo de ver coisas novas, de
conhecer civilizações e culturas diferentes, de participar em manifestações artísticas ou, ainda, por
motivos religiosos.
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Os centros culturais, os grandes museus, os locais onde se desenvolveram no passado as grandes
Incluem-se neste grupo as viagens de estudo, bem como as realizadas para aprender línguas.
d) Turismo desportivo
Hoje as motivações desportivas respeitam a camadas cada vez mais vastas das populações de
todas as idades e de todos os estratos sociais, quer se trate de assumir perante as actividades
desportivas uma atitude passiva, quer activa. No primeiro caso, o objectivo da viagem é o de assistir
inverno; no segundo, o objectivo centra-se nas práticas de actividades desportivas como a caça, a
As modernas tendências da procura, em que a preferência pelas férias activas assume uma
importância cada vez maior, obrigam a que o desenvolvimento de qualquer centro turístico deva ser
equipado com os meios mais apropriados à prática dos desportos tendo em consideração as
e) Turismo de negócios
internacionalização das economias e das empresas, pelo aumento das reuniões científicas e pela
Do mesmo modo, constituem frequentemente ocasiões para viajar as visitas aos grandes
em congressos.
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Incluem-se neste grupo as deslocações organizadas pelas empresas para os seus colaboradores,
quer como prémio, quer para participarem em reuniões de contacto com outros que trabalham em
Este tipo de turismo assume um elevado significado para os locais ou países visitados na medida
em que, regra geral, as viagens são organizadas fora das épocas de férias e pagas pela empresa,
Implica, contudo, a existência de equipamentos e serviços adequados, tais como salas de reuniões,
Muitos teóricos e sociólogos consideram que uma viagem de negócios não pode ser considerada
como uma verdadeira viagem turística porque dela está ausente a voluntariedade que caracteriza o
turismo. Segundo eles, trata-se de viagens profissionais que não permitem ao viajante a escolha do
alongamento para actividades lúdicas, mas, também, a utilização, imposta pela viagem, de
mais favorecidas;
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Distribuição ao longo do ano – permite combater a sazonalidade, porque as deslocações
ocorrem fora da época alta do turismo de lazer, permitindo manter ocupados os vários serviços
O impacto ambiental das viagens de negócios é menos reduzido , de uma maneira geral
do que o provocado por outros tipos de deslocações. Os seus participantes, embora visitem a
região, para fazer compras, para a conhecer ou para se divertirem, passam a maior parte do tempo
em salas de reuniões.
As oportunidades promocionais levam a que a maior parte dos países desejem captar
este tipo de turistas, desejando que eles levem uma boa imagem do local visitado, dada a
capacidade que têm de influenciar outros visitantes. Além disso muitos dos acontecimentos
relacionados com o mundo dos negócios são objecto de cobertura mediática, o que promove,
demonstram, por isso um empenhamento, por vezes muito grande na captação destes turistas,
através de uma participação activa no evento ou através de uma acção facilitadora da sua
realização.
montantes mais elevados e que simultaneamente não perturbam muito a vida da comunidade local,
a competição para captar este tipo de visitantes é muito intensa, sobretudo no sector das reuniões,
feiras e incentivos, em que os seus organizadores podem escolher o local onde o querem realizar.
Já o turismo de negócios propriamente dito, devido à rigidez das suas opções, não é captável
através da promoção.
f) Turismo político
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São exemplos das primeiras as comemorações do duplo centenário da Revolução Francesa, em
Paris, os funerais do Imperador do Japão, ou, mais distante, a coroação da Rainha de Inglaterra;
são exemplos das segundas as reuniões originadas pêlos trabalhos da União Europeia em
São, porém, casos específicos que não traduzem a realidade dos movimentos das pessoas por
razões políticas já que, diariamente, eles se verificam com maior ou menor intensidade, quer
segurança.
g) Turismo de Saúde
Termalismo
terapêuticas das águas foram desde então utilizadas, tendo atingido, a nível europeu o seu maior
Os clientes dos produtos “Fitness” desejam encontrar o equilíbrio mais intensivo, uma vez que
engloba aspectos físicos, psicológicos e sociológicos. Trata-se de um bem estar que se liga a
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sentimentos de reequilíbrio e de vitalidade, ou seja, manter a unidade do corpo e do espírito,
Um recurso cada vez maior a tratamentos de saúde múltiplos, incluindo a homoterapia e outros
medicamentos naturais;
A duração das férias que tendem a ser mais freqüentes, por menos tempo e a preço pouco
elevado;
Talassoterapia
Os centros de talassoterapia atraem cada vez mais clientes, quer por motivos de saúde
Neste sector do Turismo de Saúde é uma espécie de porta estandarte. Quais as razões dos eu
sucesso? A água do mar, acima de tudo, mas também a imagem de luxo, a tecnicidade das
recuperar do stress do dia a dia, sem esquecer os meios de comunicação social que lhe imprime
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A talassoterapia, quer dizer a exploração, com fins terapêuticos das virtudes combinadas da
Ao longo dos tempos as águas do mar foram utilizadas para fins terapêuticos. Em 1899, o
primeiro centro de talassoterapia foi criado em Roscoff. Os tratamentos incluíam, apenas, fins
podia usufruir de um banho com fins curativos. Assim acontecia, por exemplo, na costa de
Lisboa. O próprio complexo de Santo António do Estoril, na sua fase inicial encara a água de
uma perspectiva curativa. Como já foi dito, aquele incluía termas e a ideia era de que as pessoas
pudessem tirar partido, igualmente, dos efeitos benéficos para a saúde, da água e do mar.
O produto talassoterapia evoluiu do produto medicinal para produto “manter a forma”. Esta
mudança deve-se, por um lado, às características da nova procura e, por outro, às incertezas
quanto à manutenção de subsídios da segurança social para este tipo de tratamentos. Não
deixa, contudo, de ser verdade que a melhor maneira de evitar a doença é precisamente manter
h) Turismo Religioso
De forma a simplificar podemos afirmar que existem duas grandes correntes religiosas:
As religiões para as quais a peregrinação faz parte integrante da prática religiosa (católicos,
As religiões para as quais a peregrinação não existe mas cujos crentes, praticam pelo menos
uma forma de turismo ligada à religião – os Judeus e os Protestantes visitam locais que guardam
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as marcas dos seus correlegionários: lugares de memória que são em geral, lugares de
peregrinação.
participante encara a peregrinação como parte integrante da sua prática religiosa. Aquele que
realiza esta viagem pode, a qualquer instante, tocado pela emoção do lugar ou pelo espírito que
O aumento da procura dos locais religiosos está ligado, à motivação cultural e aos projectos de
O Peregrino – que se situa completamente fora do turismo, para viver uma experiência
O Praticante Liberal – que tem como objectivo estimular a sua espiritualidade, relembrar os
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O Apreciador de Arte e Cultura – que encara a sua experiência apenas do ponto de vista
O Catolicismo A Igreja Católica é muito estruturada, tendo por base uma organização
Os serviços e os movimentos têm em conta diversos aspectos da vida humana (do território da
diocese). A Igreja emprega, muitas vezes, na sua acção, as denominadas Pastorais, como a do
serviço da igreja encarregada do “Turismo e Lazer”. O acolhimento nas Igrejas é um dos seus
principais objectivos.
Tem lugar também, uma reflexão teológica que procura responder a questões como as
A Pastoral procura também, a formação e coesão dos cristãos implicados no Mundo do Turismo
e dos Tempos Livres – criação de ligações que lhes permita partilhar experiências por sectores
(guias, agentes de viagens, hospedeiras, jornalistas, postos de turismo, ...).
A animação que se centra no acolhimento, especialmente nas visitas às Igrejas, mas também a
monumentos, etc, é outro dos seus objectivos. Desenvolvem igualmente iniciativas nas praias,
nas montanhas e em estações termais.
Roma
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No que concerne ao Património da Igreja, a Pastoral tenta também, resolver alguns problemas
práticos:
Que imagem dar? É preciso fazer a manutenção do edifício, cuidar da limpeza e sobretudo dar
As Igrejas são também locais culturais. É preciso encorajar, com respeito pelo local,
O visitante médio tem pouca ou nenhuma cultura religiosa. O edifício nada diz. Há pois que
O Islamismo
A peregrinação para os muçulmanos é o momento ideal para demonstrar o fervor dos seus fiéis
para com o seu Deus. A peregrinação a Meca é talvez a mais prestigiada do mundo islâmico –
deve, se possível, ocorrer no Ramadão, relembrando a conquista pacífica que Maomé e sus
discípulos levaram a cabo nos ano 630 da nossa era e que marca o início do calendário
peregrinações, a maior parte dos peregrinos fazem a viagem de avião, mas ainda existem
muitos, que a fazem por estrada, em caravana, desejosos de conhecer as realidades dos países
O Budismo
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A doutrina budista apóia-se num só conceito: reconhecer os sofrimento e libertar-se. Esta
máxima leva a que a vida humana ganhe um valor especial: permite que o Homem se liberte da
Os principais lugares de peregrinação ligados à vida de Buda são: o lugar de seu nascimento no
Nepal, o local do sermão da “Roda da Lei” no Parque das Gazelas em Sarnath e o local do
O Judaísmo
A religião judaica não considera o conceito de peregrinação. Não se pode falar num turismo
judaico propriamente dito, mas sim num turismo judeu, ligado à identidade judia.
a procura da história do povo judeu podendo ser incluído neste grupo o muro das lamentações,
que lembra o Templo de Herodes, destruído pelos romanos, a Fortaleza de Massada, último
o regresso à Terra Prometida – viagem que é efectuada por aqueles que não regressaram a
Israel, após a fundação do Estado Judaico. Visitam os locais mais importantes, sob o ponto de
vista cultural.
Israel é o local mais importante do Turismo Judeu – é referência para 17 milhões de judeus no
mundo inteiro.
Incluem-se neste grupo as viagens realizadas para visitar amigos, parentes e organizações, para
participar na vida em comum com as populações locais, as viagens de núpcias ou por razões de
prestígio social.
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Uma parte significativa de pessoas que integra este grupo é formada por jovens que pretendem
manifestações juvenis.
Incluímos neste grupo as viagens realizadas ao país de origem, pêlos nacionais de um país, seus
Unidos da América, constituem vastos mercados potenciais para Portugal com uma disponibilidade
Nas fronteiras portuguesas não se procede à recolha de informações relativas aos movimentos dos
portugueses residentes no estrangeiro, não sendo, por isso, possível avaliar a importância que
assumem para o turismo português. No entanto, em Espanha contam-se, em cada ano, à volta de 4
visitantes ao país; por sua vez, quase 5 milhões de britânicos deslocam-se anualmente ao
Consoante a origem e o destino das correntes turísticas assim falamos em emissores e receptores,
designação que tanto se pode aplicar às regiões como aos países donde provêm os turistas ou
Os termos emissor e receptor são utilizados com muita frequência mas a sua definição é
• Na realidade, não é fácil encontrar países que sejam exclusivamente emissores ou receptores pelo
que será mais correcto utilizar as expressões «predominantemente emissor» ou
«predominantemente receptor»;
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• A noção de país emissor ou receptor do ponto de vista do turismo internacional anda, geralmente,
ligada ao nível de desenvolvimento económico: os países predominantemente emissores são,
normalmente, mais desenvolvidos economicamente do que os receptores e as regiões mais
desenvolvidas de um país são, normalmente, as
emissoras de turismo para outras do mesmo país;
• Um país ou região predominantemente emissor apresenta, normalmente, condições sócio--
económicas favoráveis, elevado nível de vida e níveis culturais que incitam à viagem;
• O país ou região predominantemente receptor dispõe de recursos, infra-estruturas e
instalações turísticas necessárias para acolher os turistas mas as suas condições sócio--
económicas são, por via de regra, inferiores às dos países emissores.
Esquematicamente, a deslocação de pessoas a partir do seu local de residência para um dado local
De acordo com este esquema, entre o país emissor e o país receptor, estabelece-se um fluxo
e um refluxo turístico de uma certa intensidade mas o receptor também estabelece idêntico
Receptor
Emissor
Este esquema, meramente ilustrativo, considera o aspecto direccional daquelas correntes já que um
mercado é, simultaneamente, receptor e emissor a não ser no caso de certas localidades que
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podem gerar fluxos turísticos mas que, não possuindo condições de recepção, não os recebem ou
vice--versa.
Já o mesmo se não passa em relação a um país que sempre dá origem a fluxos turísticos em
ambos os sentidos.
Podemos, então, classificar como emissor um país que dá origem a movimentos turísticos
superiores àquele que recebe e, o inverso, permitirá classificar um país como receptor. Assim, em
relação a Portugal, o Reino Unido é um emissor e Portugal receptor porquanto o número de turistas
ingleses que visita Portugal é superior ao número de portugueses que visitam o Reino Unido.
Esta é uma distinção que assenta numa comparação relativa interessando-nos, porém, em termos
Para o efeito, o melhor indicador é fornecido pelas receitas e despesas geradas pelo turismo e.
assim, um país cujas despesas turísticas sejam superiores às receitas classificar-se-á como emissor
ao passo que um país cujas receitas sejam superiores às despesas será receptor.
De acordo com este critério, como se vê pelo Quadro 1.4 das receitas e despesas turísticas de cada
país, a Alemanha, o Japão, a Bélgica, o Reino Unido, a Holanda e a Suécia, são países
As situações podem inverter-se e um país que se manteve sempre como receptor, na acepção da
sua favorável conjuntura económica permitir um acréscimo das saídas dos seus residentes superior
às entradas de residentes doutros países. E o caso do Reino Unido que, em 1992, obteve do
turismo externo activo menos receitas do que as despesas que os seus residentes provocaram,
tendo sido predominantemente emissor. Em 1985, pelo contrário, as receitas que obteve do turismo
Nesta acepção, os países emissores são deficitários em termos turísticos e os receptores são
superavitários.
Os países com maiores défices e, portanto, os maiores emissores mundiais de turismo eram, em
1992:
País Défice
Alemanha 26.327
Japão 23.271
Reino Unido 6.168
Canadá 5.586
Holanda 4.326
Taiwan 4.647
Suécia 3.708
Bélgica 2.550
Noruega 1.895
(*) Em milhões de dólares. Fonte: «Yearbook of Tourism Statistics», 1994, OMT.
Embora Portugal seja, a todos os títulos e qualquer que seja o critério utilizado, um país
saldo positivo em relação a estas tem vindo a diminuir. Enquanto, na década de oitenta, as
despesas representavam entre 25 e 30% das receitas, em 1996, ultrapassaram os 55% em virtude
relativamente a esse país. No entanto, a distinção baseada nas condições económicas é cada vez
menos relevante, na medida em que, entre os países mais desenvolvidos do mundo, tanto
Quando existem níveis de rendimento diferentes entre dois países origina-se uma corrente turística
do país mais rico (emissor) para o país mais pobre (receptor). A existência de um país rico próximo
de outro mais pobre origina uma corrente turística que este pode desenvolver pelo aproveitamento
dos recursos turísticos naturais com o fim de promover o seu turismo no primeiro.
Relativamente ao turismo interno verifica-se uma situação semelhante: as regiões mais pobres,
sempre que possuam suficientes meios e condições de captação, desenvolvem os seus recursos
turísticos que são vendidos nas regiões mais ricas. O mesmo raciocínio se pode aplicar entre as
áreas rurais e as áreas urbanas onde reside a população com maior apetência para o turismo.
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