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2012
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - PHA2537 – Água em Ambientes Urbanos
Fascículo 5: Medidas de Armazenamento Artificial e Facilitadores de Infiltração para Controle de Inundações
Urbanas
Sumário
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Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - PHA2537 – Água em Ambientes Urbanos
Fascículo 5: Medidas de Armazenamento Artificial e Facilitadores de Infiltração para Controle de Inundações
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Figura 2: Polder em Kiiu Tau Waii– Hong Kong. Fonte: Chu (2005)
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marítimas e do avanço do mar. A junção destes fatores com o baixo relevo faz com que
a Holanda seja um país frequentemente ameaçado de inundações de grandes
proporções. Por conta disso, a partir do século IX (1.200 anos atrás), uma série de
barreiras físicas contra inundações foram instaladas na região, visando especialmente
a contenção do avanço do mar sobre os feudos que na época ali existiam (CASTRO,
2010).
A capital do país, Amsterdam, encontra-se a alguns metros abaixo no nível do
mar e se não fossem estas grandes obras de contenção, a cidade não existiria.
Portanto, o trabalho desenvolvido pelo povo holandês para conviver com enchentes e
chuvas e, posteriormente, a construção de canais e diques proporcionando o convívio
com as águas e, mais ainda, o aproveitamento para transporte, constitui um grande
exemplo de adaptação de um povo às condições naturais às quais estão submetidos
(CASTRO, 2010).
Obras de controle de erosão
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Dispositivos de infiltração
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Poços de Infiltração
Os poços de infiltração (Figura 6) são estruturas que permitem a infiltração
direta de águas pluviais no solo a certa profundidade, vencendo a barreira importa
pela camada superior do solo, que é pouco permeável. Poços de infiltração podem ser
construídos com ou sem material de enchimento, podendo estar associados a outras
técnicas de infiltração, como trincheiras ou pavimentos porosos (MATOS, 2008).
Poços de infiltração requerem uma manutenção frequente, para evitar
colmatação. Há também o risco associado de contaminação de água subterrânea, uma
vez que a infiltração é promovida sem que haja melhoria da qualidade da água durante
a infiltração, como aconteceria naturalmente durante a infiltração natural pelo solo.
Figura 6: Corte de um poço de infiltração e Cilindro perfurado pré-fabricado. Fonte: Matos (2008)
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Figura 8: Calçada com canteiro pluvial, em frente ao New Seasons Market, Portland, OR.
(EUA). Fonte: Matos e al. (2007)
Pavimentos permeáveis
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Recomposição vegetal
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baixa velocidade, com seções transversais largas ou com soleiras que ajudam nesse
armazenamento.
Os reservatórios de retenção são aqueles que têm um volume de água já
armazenado, mas que tem a capacidade de armazenamento além deste volume já
ocupado, podendo exercer controle de cheias (BAPTISTA, sd; CANHOLI, 2005). O
escoamento armazenado nestes reservatórios não é liberado no sistema de drenagem
durante o evento de chuva. A água pode ser utilizada para irrigação ou manutenção de
vazão mínima a jusante. São conhecidos também como reservatórios “molhados”. Um
exemplo deste tipo de reservatório é o lago do Parque do Ibirapuera (figura 11).
Figura 12: Bacia de detenção de Tai Tai Hang Tung -100000 m³, em Hong Kong. Fonte: Chu, 2005.
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Reservatórios Off-stream
Os reservatórios off-stream são aqueles que ficam ao lado do rio, e recebem
água do rio apenas quando a vazão é suficiente para que o nível de água ultrapasse a
soleira de um vertedor lateral no rio, durante um episódio de chuva. Após o evento da
chuva, o armazenamento é esvaziado com a ajuda de uma estação elevatória, pois o
reservatório fica em uma cota inferior a do rio, o que constitui uma desvantagem, uma
vez que há um gasto de energia elétrica para a operação deste tipo de reservatório.
A figura 15 mostra um exemplo de Reservatório Paralelo. Trata-se do piscinão do
Ribeirão dos Couros, que fica ao lado da Via Anchieta, em São Bernardo do Campo, na
Região Metropolitana de São Paulo.
Figura 15: Vista do vertedouro do piscinão do Ribeirão dos Couros. Fonte: Folha de São Paulo.
Este piscinão tem como função amortecer as cheias que possam ocorrer no
Ribeirão dos Couros em casos de chuvas intensas.
A figura 16 mostra os hidrogramas afluente e efluente de um reservatório de
detenção “off-stream”. A área em azul indica o maior volume armazenado. Pode-se
notar que esse volume é menor do que aquele exigido pelo reservatório “in-stream”.
Desta forma, os reservatórios “off-stream” precisam de um volume menor, o que exige
uma área para a localizaçâo do reservatório também menor. A desvantagem dos
reservatórios “off-stream” é a necessidade de uma estação de recalque, para retirar a
água acumulada, uma vez que ele fica em cota inferior a do canal.
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120
100
Afluente
Efluente ( In Line )
Efluente ( Off Line )
80
Vazões (m3/s) 60
40
20
0
0 5 10 15 20 25 30
Tempo ( horas)
Piscinão do Pacaembu
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Figura 17: a) representação esquemática; b) durante a construção; c) após conclusão (reservatório está
sob a praça).
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Figura 18: Corte dos túneis, mostrando os rios interceptados; perspectiva esquemática do sistema.
Fontes: http://www.ktr.mlit.go.jp/edogawa/project/gaikaku/outline/index.html
http://www.ipmotor2011.com/g-cans.html
Os túneis possuem 10 m de diâmetro (com um volume de 495.000 m³), que
totalizam uma extensão de 6,3 km. O volume armazenado nos 5 silos é de 260.000 m³.
O grande reservatório possui 25,4 m de altura, 177 m de comprimento e 78 m de
largura (com 59 pilares). Possui um volume de 350.000 m³ (Figura 19).
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Figura 20: Exemplo de gradeamento utilizado para separação de resíduos nas estruturas de
drenagem. Fonte: BAPTISTA, sd.
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A primeira parte da precipitação efetiva (~25 mm) possui 90% da carga poluente
carreada nos episódios de chuva. A esse tipo de carga poluente se dá o nome de
poluição difusa, que compreende todo aquele poluente carreado pelo escoamento
superficial em episódios de chuva. Estes poluentes e resíduos são carreados para os
reservatórios de retenção e detenção, podendo diminuir a capacidade de
armazenamento dos reservatórios e obstruindo estruturas hidráulicas importantes.
Reservatórios de detenção apresentam a vantagem de contribuírem para a
melhoria da qualidade da água no que se refere aos efeitos da poluição difusa e do
transporte de sedimentos e resíduos pelo escoamento superficial. Durante a
permanência das águas no reservatório, ocorre a sedimentação do material em
suspensão, que ficam no fundo do reservatório e podem ser removidos
posteriormente, através da limpeza (CANHOLI, 2005).
Medidas estruturais que visam a infiltração no solo também contribuem para a
melhoria da qualidade da água, uma vez que reduzem o escoamento superficial e,
consequentemente, o arraste de poluentes e resíduos do escoamento, reduzindo a
carga difusa de poluentes. A tabela 2 apresenta a eficiência de diferentes medidas
estruturais na redução da poluição hídrica.
Tabela 2: Eficiência das medidas estruturais na melhoria da qualidade da água
Porcentagem de redução
Alternativas de Controle Sólidos em Fósforo Nitrogênio Zinco Bactérias
suspensão Total total
Faixas gramadas 10-20 0-10 0-10 0-10 n.d.
Valetas gramadas 20-40 0-15 0-15 0-20 n.d.
Bacias de detenção secas 50-70 10-20 10-20 30-60 50-90
Bacias de detenção alagadas 60-95 0-80 0-80 0-70 n.d.
Alagadiços 40 9-60 9-60 60 n.d.
Pavimento poroso 80-95 65 65 99 n.d.
Fonte: Urban Drainage Flood Control, 1991, apud Campana,2007
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Esta lei incide sobre lotes edificados ou não, desde que tenham área impermeabilizada
maior que 500 m². Esta lei ficou conhecida como “lei das piscininhas”.
O dimensionamento dos reservatórios domiciliares previstos na lei leva em conta
a área impermeabilizada do terreno, o índice pluviométrico da região e o tempo de
duração da chuva. O cálculo é realizado de acordo com a equação 1:
V = 0,15 × Ai × IP × t Eq. 1
onde:
V = volume do reservatório (m³),
Ai = área impermeabilizada (m²),
IP = índice pluviométrico igual a 0,06 m/h
t = tempo de duração da chuva igual a uma hora.
A lei também recomenda que a água contida pelo reservatório deverá
preferencialmente infiltrar-se no solo, podendo ser despejada na rede pública de
drenagem após uma hora de chuva ou ser utilizada para finalidades não potáveis.
Sendo assim, a lei promove o reuso e a infiltração no solo, favorecendo a recarga do
lençol freático.
Apesar de ser uma legislação interessante que passa a responsabilidade também
ao dono do lote pelas questões relacionadas às enchentes nas cidades, existe uma
série de críticas associadas à lei das piscininhas. Caso não haja manutenção, existe o
risco de proliferação de vetores de doenças, como roedores e insetos. Há também a
questão do aumento de custos da construção civil, uma vez que a construção do
reservatório demandará mais material e mão-de-obra e também o custo com energia
elétrica para o caso de reservatórios que utilizem bombas para esvaziamento. Há ainda
a crítica relacionada à efetividade real das piscininhas. Diversos autores da área
questionam a efetividade da lei, uma vez que para que o efeito destes reservatórios
seja sentido na micro e macrodrenagem, seriam necessários milhares de reservatórios
como estes, o que não seria possível, uma vez que muitos lotes do município não têm
a área mínima impermeabilizada para construção do reservatório. Além disso, não há
fiscalização capaz de garantir adequada execução e operação destes reservatórios.
Portanto, a lei foi criada a partir de uma intenção bastante válida, mas ainda encontra
uma série de obstáculos para ser aplicada.
Referências Bibliográficas
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Engenharia Hidráulica e Ambiental. Escola politécnica da Universidade de São Paulo, 2012.
Disponível em: http://200.144.189.97/phd/default.aspx?id=5&link_uc=disciplina
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