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AGUA QUENTE EM INSTALACOES HIDRAULICAS José Luciano Aguiar Lira “Este artigo aborda as modalidades de aquecimento da égua para utilizacdo nas instalagdes hidréulicas prediais”. 1. — INTRODUGAO Em paises de clima tropical, como o Brasil, obser- va-se que as pessoas que moram nas regides proxi: mas a0 Equador, praticamente se utllizam de agua nna Temperatura ambiente para sua nigiene e impeza, AA presonga de instalagdes de agua quente 6 notada somente nas habitagdes de luxo. Ja nas regides de clima temperado @ frio. 0 uso da 4oua aguecida nao representa apenas coniorto, mas sobretudo, uma ne- cessidade. Analoaamente as instalacdes de aqua fria. as instalagdes do agua quente devem oferecer ao usud- rio as mosmas condicées bésicas, ou seja: garantir © fornecimento de agua de forma continua, em quanti: dade suficiente, com presaées © velocidades adequa das, proservar rigorosamente a qualidade da agua do sistema de abastecimentoe proporcionar o maximo de contorto, com a reducao até mesmo dos niveis e ruido, conforme estabelece a NBR 7198 da ABNT. 2.— SISTEMAS DE AQUECIMENTO E TIPOS DE EQUIPAMENTO © abastecimento de Agua quonte é feito em en- eanamenios separados dos de agua fria © pode ser (om trés sistemas: + €ng9 civil ~ Pro. ds UNIFOR a} aquecimento individual ou local: b} aquecimento central privado (domiciliar); } aquecimento central do edificio;, No aquecimento individual ou local, a agua {ria 6 retirada das colunas normais de abastecimento @, wu cantata con uma fonte de produgéo de color (gas, dleo, eletricidade, etc.), aumenta sua tempera- tura, ficando em condigées de utilizacdo. Localizam- seem geral nos banheiros ou cozinhas @ atendem ‘a poucos aparelhos. So os chamados aquecedores de passagem ou instantaneos. No aquecimento cen- tral privado ha uma instalagao central para cada uni dade rosidencial, de ande partom as tuhulaches para ‘08 diversos pontos de utilizaco. Os aquecedores so de acumulagao. No aauecimento central do edificio ha uma insta- aco geral, normalmente no térreo, subsolo ou co- berta, de onde partem as colunas de agua quente para as diversas unidades do edifico. © aquecimento por acumulacao a gas, lenha, leo @ elétrico ja teve larga aplicacao em residéncias, AA lenha, porém, ficou dificil @ restrita & Zona rural, 9 9s natural escasseou e o derivado do oetréleo ficou muito caro, restando apenas o aquecimento elé- trico, ainda bastante utilizado. Mas a energia elétrica sobe de preco a cat dia e, segundo se preve, entrara em colapso na virada do século; por isso, existem no mercado modernos aquecedores a gas concorrendo em pé de igualdade feo ne aquaretares alAtricas. Como solugdo atternativa surge 0 aquecimento ‘solar, ainda pouco utilizado no Brasil por falta de REVISTA TECNOLOGIA — OEZEMEROIS! ‘conhecimento do pablico, e por ter tecnologia ainda incipionto, além de necessitar de um investimento Inicial bem maior. 3 — CONSUMO DE AGUA QUENTE Em paises de clima frio 0 consumo de agua quen- to ohoga 2 cor igual a 1/2 do coneumo total de 4gua dos aparelhos. Dentro das condicées brasileiras de clima temperado @ habitos, seguimos a estimativa da NBR 7198 da ABNT, ababxo indicada: TABELA1 PREDIO| ‘CONSUMO (litros/dia) Alojamanto pravidrio 2 nessnas Casa popular ou rural 36/pessoas Residéncia 45{pessoas Apartamento 60/pessoas Quaitel 49/pesaves Escola (interato) 45Ipessoas Hotel (sem cozinha e lavanderia) _36/héspede Hospital 125ileltos Restaurante e similares 12/refeigoes Lavanderia 15/kg de roupa seca 4 — AQUECIMENTO ELETRICO © aquecimento com energia elétrica realiza-se pelo calor dissipado com a passagem de uma corrente elétrica de intensidade | (amperes) em um condutor de resisténcia R (ohms). tes relacées: PeRP ve Oars og neo $ P—poténcia em watts V—tenséo em volts 9 — Fesistividade do material em ohms x mm2im 2, eomprimento de eondutor om motros. ‘A equivaléncia entre a quantidade de calor e a energia permite-nos escrever: E = Q, sendo @ expressa em Keal ‘A quantidade de calor necesséria para elevar uma massa m de um liquido de calor especitico C. de uma temperatura inicial T, a uma final Tp, € dada por: Q=m.C.(T=T) No caso da agua temos C = 1Kcal/kg.°C e pode- ‘mos exprimir m no mesmo nimero que mede a descar- REVISTA TECNOLOGIA ~ DEZEMBRO/D! ga. A lei de Joule pode ser expressa por: Q = KR. (Keal}, sondo K = 0,00024 ¢ t, 0 tempo ‘em segundos, de modo que podemos também escre- Q = 000024 x VxIxt Tipos de aquecedores: (OS aquecedores eletricos podem ser de dots ti pos: De aquecimento instantaneo ou de passagem “pe aeumulagsa, chamarios de “hailare eldtri cos! Para dimensionamento dos aquecedores de acu- mulagéo a NBR 7198 apresenta a tabela abaixo: TABELA 2 ‘Consumo Didrio| Volume do Aque- | Resistencia ‘cedor (Litros) (Kw) 00 30 ors 95 75 075 190 100 10 200 150 125 260 200 15 330 250 20 430 300 25 570 400 20 700 500 49 850 600 45 1,150 750 55 vbuv 1.000 79 11900 1.250 as 2300 1/500 100 ano 4750 sen 3300 2900 149 4200 2600 179 5,000 3/000 200 Observe-se que a tabela 2 apresenta a capacida de dos boilers em funcéo do consumo diario a 70.0. Masa ayue € ulliaada numa lenporatura infer 7046, isto 6, realiza-se uma mistura com agua fria de modo a se obter uma temperatura adequada. Esta temperatura para uso pessoal em benhos ou para a higione € em torno de 380 Pela equacao da mistura podemos escrever: Vx 70+ (A-V) xT = Ax 38 Sendo: V —volume de agua quente a 70,C A—volume de agua misturada a 8,6 T — temperatura de qua fri Considerando-se T = 17°, encontramos © = 0,40, & com isso podemos determinar 0 volume V ge éaua a 70°C. Suponhamos que desejamos dimensionar um boiler para um apartamento com 6 moradores: Pela Tabela 1 encontramos o consumo de 0S/pe2s0a, entéo: A = 6 x 60 - 2608. Vv -L = 040 —>v = 040 x 360 = 1448 ot Entrando na Tabela 2 com o valor mais proximo (200), encontramos um boiler com capacidade de 1501 @ poténcia de 1,25kw. 5 — AQUECIMENTO A GAS Nas grandes cidades, ¢ mais comum 0 uso do gas 9 nana que, quance puro, pode tomecer ate '5500Kcal/m® e, quando misturado, 4000Kcal/m?, valor este mais adotado nos céilculos. O aquacimenin cam G1 P & largamente utiliza do em zonas néo abastacidas com gas de rua, ofere- ‘cendo como principais vantagens a simplicidade da instalagéo e 0 poder calortico mais elevado, chegan- do a 12.000Kcal/ky, Tipos de aquecedors — De aquecimento mediato: a Aqua ¢ aquecida passando através de uma serpentina em conta- to com uma série de bicos de gas dispostos ‘em linha (queimadores), que automaticamente se acendem, comandados por um bieo (piloto), bbastando que se abra uma tomeira ou registro. —De acumulacdo: a Agua 6 aquecida através de uma resisténcia controlada automaticamen- ly por um termgstato @ UM ICO plioTo.. No dimensionamento dos aquecedores de acumu- lagao a gés hé peculiaridades especiticas para 0 caso de residéncias @ apartamentos individuals (ver ébaco 1), @ para centrais coletivas (ver ébaco 2). ABACO 1 - AQUECIMENTOCENTRAL PRIVADC — A GAS Exemplos © volume de um aquecedor por acumulagéo a ‘94s para um edificio com 14 apartamentos de 6 mora- ores, pode ser assim determinado: Bopulagle: 14x 8 = 84 poccoae Consumo par pessoa = G0 dia Consumo dirio: 84 x 60 = 5040 Iitros. Entrando no ébaco 2, encontramos © volume de 15001 com quelmador de 2omilkcaim. Ja para um hospital com oitenta leitos temos: Goneura por et: 129 tros/da onsuspe diario: 80 x 125 = 10.0001 Pelo #0€C0 2 0 volume é de 3000! com queima- dor de 50 mil Keal/n. ‘ABACO 2 AQUECIMENTO CENTRAL COLETIVO A GAS 6 — AQUECIMENTO SOLAR © interesse pelo aquecimento da Agua com ener- gia solar vem de algumas décadas em todo 0 mundo, tend om vista a elovado custo dae formae conv cionais de energia. Apesar de exigir um investimento inicial em equipamentos, o aquecimento solar garante um fomecimento de agua quente gratuito e sem pro- bieres. Uma instalagao de agua quente com energia s0- lar consta essencialmonte de: a) Um coletor solar que absorve os raios do sol. aquecendo-se @ transferindo 0 calor para a ‘gua contida em uma serpentina, através do efelto estuta. b) Reservatérie de dgua quente (steraye) ©) Tubos @ acess6rios para estabelecer a circu- ago por conveccdo (termositac) entre o co- letor solar 0 0 reservatério. Para a realizacao da circulagéo adequada pode ser necesséria a instalacao de uma bomba de pequena poténcia. ‘loins prajetistas sugorom que no rosorvatério de qua quente, sejam introduzidas resisténcias ol6- 8 que possam melhorar as condigées de tempera- tura da agua em periodos fongos sem insolacéo. © vowior solar capta o Seu maximo ae erergla ‘quando esta perpendicular aos raios solares e nago destes varia durante o dia conforme as ¢5e8 do ano. Como 0s coietores sdo necessariamente fix0s, devernos inclind-ios relativamente & horizontal ‘com ‘um angulo (©) igual a latitude do lugar, com mais cerca de 1, para obtermos o melhor rendi- mento. Caleulo da area do coletor: A rea necessaria do coletor (S) pode ser calcu ‘ada pela expressao: onto Tro Q=mC.AT (Koalidia) REVISTA TECNOLOGIA — DEZEMBRO/SI Componente de wn ea decors Fig t I = incidéncia solar do local em Keal/m?. dia = rendimento (= 0,50) 7 — TUBULAGOES: E importante especificar bem o material a ser utilizado nos encanamentos. A agua quente pode des- truir canos de PVC ou de aco galvanizado, sendo 08 tradicionais tubos de cobre os mais indicados. ‘Cuidado especial dove-se tar com a ienlamenia adequado néo s6 dos tanques, como também dos ‘ubos, 0 que pode ser feito em tubos embutidos com vermiculita, diatomita + cal (3:1) ou massa de amianto; Ros tuoos ‘aparentes ulliza-se cammas Isulanivs Ue 1 de vidro ou cortica ‘Muitos instaladores usam a propria parede para isnlamenta, eu a fazem de forma oouco adeauada: ‘como conseqiéncia se tem maior consumo de agua fe mais gasto de energia ‘Atualmente estéo sendo utilizados tubos e cone- xBes de CPVC (policlorcto de vinila clorado), que alm das propriedades do PVC, resiste também & ‘condug&o de liquids sob pressées com temperaturas olevades. REVISTA TECNOLOGIA — DEZEMBRO/BI Por ser um material de baixa conduti mica 0 CPVC, segundo seus fabricantes, dispensa © Isolamento, Independente se a tubulacao estiver embutida na parede ou aparente. 9 — conoLUeko Confortavel para muitos, indispensével para ou- tos. a qua auente pode ser obtida de varias formas. O importante € que o sistema seja bem dimensionado @ se use materiais adequados. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS MACINTYRE, ARCHIBALD JOSEPH — Instal: Hidraulicas — 1982 an VANDERLEY DE OLIVEIRA MELO e AZEVEDO NET- TO —Instalagdes Predials Hidréulico Sanitérias — 1988, THIERRY CABIROL, ALBERT. PELISSOU, DANIEL ‘ROUX —Le Chauffe Eau Solaire, 1980, HELIO CREDER —Instalagdes Hidréulicas e Sanita- vias, 1988.

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