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O supremo valor da adoração

29 de agosto de 2007

Depois de um excitante período como um jovem cristão no início dos anos


1970, de alguma forma aterrissei em tradições que tinham expressões de
adoração que não se encaixavam em minha personalidade e valores. Nos 15
anos seguintes, eu ansiei por uma qualidade de vida espiritual, uma
profundidade da comunidade e uma experiência de adoração viva. Eu clamei
por uma reforma geral na igreja, anos antes de eu saber que Deus estava
levantando homens ao redor do mundo que também lutavam por isso. Quando
finalmente descobri que tal profundidade na experiência da adoração existia,
minha fome espiritual ficou mais intensa. Me senti como se estivesse
pastoreando algemado, preso a um sistema com o qual me sentia
desconfortável.

Finalmente, durante a Páscoa de 1992, meu coração foi quebrantado por um


estudo baseado no Salmo 27:14 — “Espera no Senhor, anima-te, e ele
fortalecerá o teu coração; espera, pois, no SENHOR”. Deus respondera meu
clamor por uma experiência viva com Ele na adoração. Além desse e de outros
recentes encontros com Deus, minha mulher e eu, junto com um grupo de
amigos, plantamos uma igreja local. Investimos um tempo considerável em
uma adoração intensa e significativa. Desenvolver intimidade com Deus se
tornou uma das prioridades.

Não éramos necessariamente muito “bons” naquele primeiro momento, mas


nos devotamos a buscar Deus, primeiramente através da música de louvor e
adoração contemporânea e da intercessão. Não importava se aqueles
momentos não pareciam ser tão vívidos; fazíamos aquilo para Deus e não para
nós. Na hora certa, e com um foco adicional no serviço à nossa comunidade,
com atos práticos de amor, as coisas começaram a melhorar.

As idéias a seguir sobre o supremo valor da adoração são baseadas no encontro


progressivo de uma igreja local com Deus. Enquanto os caminhos que
escolhemos para a adoração são únicos para nós, os princípios que fluem
autenticamente das experiências de “adoração viva” se aplicam a todos nós. Na
realidade, encontrar a Deus na adoração é um pouco parecido com trocar as
cordas do violão — não há como saber o quão obtuso as cordas antigas soavam
até ouvir as novas soando. Muitas vezes, com o coração funciona da mesma
maneira.

Adoração estabelece um tempo para focar em Deus

Isto não significa se preocupar se nossa adoração é silenciosa ou exuberante,


sonoramente atual ou tradicional; muitas vezes, as pessoas reagem ao serem
atraídas para um lugar especial para eles e para Deus. Vemos isso nas lágrimas
de recém-convertidos, na tranqüilidade dos jovens e nos olhares absortos de
pessoas concentradas em Jesus. Vemos também nos gestos de amor e no
encontro dos olhares das pessoas normalmente reservadas. Canções simples
cantadas por corações sinceros preparam o ambiente para a visita de Jesus, e
Sua presença traz o sopro quente da primavera para corações cativos por
várias formas de inverno.

Adoração viva nos atrai para Deus.

Adoração cria um espaço para a comunhão com Deus

Para mim, isto é um valor supremo da adoração: criar um espaço na vida para
comunhão e relacionamento verdadeiros com Deus. Abrimos nossos corações a
Deus de forma transparente e sem defesas, e Ele se apresenta entre nós de
maneiras diferentes, algumas vezes de modo bastante palpável. Ele continua o
trabalho de consertar as coisas em nossos corações, e assim, conforme
direcionamos nossa visão a ele, somos transformados.

Enquanto não passo conscientemente por esses passos todo domingo de


manhã, algo assim invariavelmente acontece comigo: depois de esvaziar minha
mente das ocupações cotidianas, de repente percebo a música (depois de rir do
novo chapéu do baixista) e sou levado à alegria: lembrando de Deus, do Seu
amor, das minhas necessidades, recebendo suas respostas, cantando com o
coração, cantando no espírito, despertando para Ele — vivo novamente para a
comunhão com Deus.

Adoração viva nos desperta para Deus.

Adoração nos prepara para o compromisso com Deus


Outro valor que emana de um período de adoração viva é a sua capacidade de
extrair de nossa alma laços mais profundos. Athanasius (293-373) ensinou que
o louvor tem a maravilhosa habilidade de focar todas as partes da alma numa
única direção, de ordenar nossos desejos contraditórios. Ele diz: “Como na
música o dedilhar é usado para fazer soar a corda, a alma deve, através da
música, se tornar um instrumento totalmente devotado ao Espírito; de forma
que todos os membros e emoções reajam perfeitamente à vontade de Deus”.

Adoração viva nos prepara para um compromisso mais profundo com


Deus.

Adoração nos dá a oportunidade de sermos curados por Deus

Adoração nos ajuda a obter cura. Martinho Lutero (1483-1546) escreveu: “Eu
seguramente acredito, sem vergonha de afirmar, que depois da teologia
nenhuma arte se compara à música; é a única arte, com exceção da teologia,
capaz de dar uma mente tranqüila e feliz. Isto é notoriamente provado pelo
fato de que o demônio, autor da depressão e outros distúrbios, quase foge do
som da música como da teologia”. Em outras palavras, ele diz que a música é
um dom de Deus que afasta o demônio e deixa as pessoas felizes.
Adoração viva nos cura, de dentro para fora.

Adoração provê um lugar onde podemos ser transformados por Deus

William Temple, arcebispo de Canterbury de 1942 até sua morte em 1944,


capturou muitos desses benefícios na bela descrição da adoração em seu livro,
“Hope of a new world” (Esperança de um novo mundo). Ele também confirmou
a importância da experiência da adoração na nossa transformação na imagem
de Jesus: “Adorar é despertar a consciência pela santidade de Deus, abrir o
coração para amá-lo, para dedicar nossa vontade para o propósito de Deus”.

Adoração viva nos transforma progressivamente à imagem de Cristo.

Ao seu alcance

Sob a luz da sabedoria das vozes mais experientes, e sob a luz da minha
própria experiência, penso que é quase impossível superestimar a importância
da adoração para a alma. Precisamos disto para sobreviver espiritualmente;
precisamos disto de modo a nos tornar o que Deus quer que sejamos. Cada
comunidade de cristãos deve trabalhar de todo coração e entendimento, para
encontrar o vivo caminho que trabalha a nosso favor. É uma tragédia de
primeira grandeza que muitas igrejas tenham “adormecido para a adoração”,
com crentes pensando ter adorado quando mal arranharam a superfície.

Ausência de uma experiência real de adoração, e seu conseqüente


desapontamento, pode nos afastar de uma verdadeira comunhão que está mais
próxima do que podemos imaginar. A adoração viva está ao alcance de todos
nós. Agradeço a Deus por ter ouvido meu clamor e permitir que nossa igreja
local desenvolvesse uma estrutura de adoração que nos possibilita encontrar
com Ele num caminho real. Descobrir um estilo que funciona na sua
congregação é mais importante que qualquer tradição, e certamente mais
importante do que a pequena quantidade de tempo muitas vezes destinada a
isso.

Há um lugar chamado “a terra dos viventes”. É um lugar de adoração viva para


todos, e para toda igreja local. Eu os aconselho a não descansar até que
tenham experimentado o supremo valor da adoração.

Por Dr. Peter Fitch

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