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A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
AArte de
Tradução de
Pedro JOsé Maria Bianco
Jl
THOMAS NELSON BRASIL
Rio de Janeiro
2007
Título original
How to handle adversity
ASSISTENTE EDITORIAL
Clarisse de Athayde Costa Cintra
TRADuçÃo
Pedro José Maria Bianco
CAPA
Valter Botosso Jr.
COPIDESQUE
Norma Cristina Guimarães Braga
REVISÃO
Margarida Seltmann
Magda de Oliveira Carlos
S791a
Stanley, Charles F.
A arte de superar problemas: uma solução espiritual para vencer as grandes ad-
versidades da vida! Charles Stanley ; tradução Pedro José Maria Bianco. - Rio de Janeiro
:Thomas Nelson, 2007
Prefácio 9
Introdução 13
,
CAPITULO UM Adversidade: Quem está por trás de tudo? 15
,
CAPITULO DOIS O poder da perspectiva 31
, 1\
CAPITULO TRES Quando Deus está em silêncio 51
,
CAPITULO QUATRO Justiça para todos 67
,
CAPITULO CINCO Avançando em meio à adversidade 77
.'
CAPITULO SEIS Sua atenção, por favor! 93
,
CAPITULO SETE Um lembrete não muito gentil 103
,
CAPITULO OITO Auto-exame 115
,
CAPITULO NOVE Uma lição de humildade 125
,
CAPITULO DEZ O poder da fraqueza 135
,
CAPITUlO ONZE °
Fiel é que vos chama 145
,
CAPITULO DOZE Consolado para consolar 155
,
CAPITULO TREZE Não eu, mas Cristo 167
,
CAPITULO QUATORZE A história de um homem 181
,
CAPITULO QUINZE Reagindo à adversidade: A escolha é sua 201
Agradecimentos 21 5
I IH " ~
Prefácio
em 'que vIvem.
11
Nelll ele nelll seus pais pecaram, mas isto aconteceu para
que a obra de Deus se manifestasse na vida dele (joão 9:3).
Um exemplo característico
Estou ciente de que uma declaração destas vai direto contra
a teologia da prosperidade, tão predotninante eIll nossos dias.
Entretanto, uma afirmação como a do Evangelho de João dei-
18 A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
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ADVERSIDADE: QUEM ESTÁ POR TRÁS DE TUDO? 19
As raizes do mal
Esta narrativa bíblica faz mais do que simplesmen-
te ilustrar a possível conexão entre pecado e adversidade. Ela
serve de fundamento para responder a muitas, dentre algumas
das mais difíceis perguntas da vida. Deixa claro, até mesmo a
partir de uma leitura superficial destes primeiros capítulos da
Bíblia, que Deus nunca teve a intenção de que os seres hu-
manos passassem pelas adversidades e tristezas causadas pelos
nossos primeiros pais. A morte não era parte do plano original
,
de Deus para a humanidade. Ela é uma interrupção. E inimiga
,
de Deus tanto quanto é do homem. E o oposto de tudo o que
ele desejou realizar.
A enfermidade e o sofrimento com certeza não são
amigos de Deus. Não havia doença no Jardim do Éden. Não
eram parte do plano original de Deus para a humanidade. O
ministério de Cristo dá testemunho acerca desta verdade. Em
todo lugar que ia ele curava os enfermos. Deus compartilha de
nosso desprezo pelas doenças. A enfermidade é uma intrusa.
Não tinha lugar no mundo de Deus no princípio; não terá
lugar em seu mundo futuro.
A morte, as doenças, a fome, os terremotos e as guerras:
todos eles não faziam parte do plano original de Deus. Ainda
assim são parte de nossa realidade. Por quê? Teria Deus per-
ADVERSIDADE: QUEM ESTÀ POR TRÁS DE TUDO? 21
'" . ,
E Deus que enxugará toda lágrirna. E Deus que fará
desaparecer a morte, o choro, a dor e a tristeza. Por que fará
tudo isso? Porque ele é um Deus bom e fiel. Corno poderá fa-
zer essas coisas? Pela força do seu poder. Ele é o Todo-poderoso
Soberano do universo. Nada é difícil demais para ele.
Um exemplo atual
A idéia de que a adversidade é algumas vezes resultado
do pecado dific:ilm.ente necessita de suporte bíblico. Todos nós
podemos testemunhar em favor deste princípio. Cada multa por
excesso de velocidade que já pagamos serve corno prova. A últi-
ma discussão que tivemos com o nosso cônjuge, com os nossos
pais ou COIll os nossos filhos, provavelmente brotou do pecado,
de urna forma ou de outra. A tristeza e o sofrimento causados
22 A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
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ADVERSIDADE: QUEM ESTÁ POR TRÁS DE TUDO? 23
o próprio adversário
Existe uma terceira fonte para a adversidade: Satanás.
Em. certo sentido, ele está, fundam.entalmente, por trás de toda
a adversidade. Foi o responsável direto por influenciar no des-
vio de Adão e Eva e, portanto, para toda a calamidade que se
seguiu. Entretanto, o seu envolvim.ento com. respeito às adver-
24 A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
Como saber?
Em nossa experiência do dia-a-dia, é difícil algumas
vezes identificar a fonte de nossa adversidade. A adversidade re-
lacionada a. nosso pecado pessoal, em geral, é fácil de ser iden-
tificada. Saindo desse âmbito, no entanto, as coisas começam a
ficar confusas. Com certeza não gostaríamos de repreender o
Diabo por algo cuja responsabilidade é de Deus. Nem quere-
mos simplesmente dar de ombros, se existe algo que podemos
fazer para acabar com o nosso sofrimento.
A Bíblia não nos fornece três passos simples para nos
ajudar a determinar a fonte de nossa adversidade. Isto real-
mente costumava me incomodar. Durante UITl longo tempo,
quando enfrentando adversidades, eu orava e orava a Deus para
que me desse alguma indicação da razão de meu sofrimento.
Foi então que percebi por que este tipo de oração raramente
parece ser respondido. Havia e ainda há UITla questão muito
mais importante envolvida.
Bem mais importante do que a fonte da adversidade é
a reação diante da adversidade. Por quê? Porque a adversidade,
não importa a fonte, é o instrumento mais eficaz de Deus para
aprofundar a fé e o compromisso com ele. As áreas onde se ex-
perimenta a maior adversidade são as áreas em que Deus está
atuando. Quando alguém diz: "Deus não está fazendo nada em
minha vida", minha resposta é sempre: "Quer dizer então que
ADVERSIDADE: QUEM ESTÁ POR TRÁS DE TUDO? 27
ter curado seu irm.ão; Marta indica até rnesrno crer que ainda
havia esperança (vejaJoão 11:22). Mas o fato de ele ter aparen-
temente ignorado sua súplica deixou-as confusas e frustradas.
Por que ele se atrasou?
Pois não temos urn SUlllO sacerdote que não possa COlllpa-
decer-se das nossas fraquezas (Hebreus 4:15).
o papel da dor
Existe um ditado que diz: Não se conquista nada sem
sofrimento. Essa frase se aplica tanto ao universo dos esportes
quanto ao espiritual. O padrão que observamos no ministério
terreno de Cristo e em sua peregrinação pessoal confirma essa
idéia. O sofrimento é o meio pelo qual Deus traz glória a si
mesmo e a seu Filho. Embora geralmente seja a última coisa
a ser considerada como tal, o sofrimento é a ferramenta mais
útil de Deus. Nada se compara quando se trata de glorificar a
Deus, porque nada mais põe em destaque a nossa dependência,
a nossa fraqueza e a nossa insegurança quanto ao sofrimento.
Entretanto, também é através do sofrimento que Deus
concede honra e glória a seus filhos. Em sua segunda carta aos
Coríntios, Paulo deixa isso muito claro ao escrever:
por vir. Nessa passagem, Paulo fala de glória como se fosse algo
. ,
tangível, que se pode aumentar progressivamente. E como se
cada cristão tivesse uma conta eterna, onde a glória está sendo
aplicada em proporção ao sofrimento pessoal neste mundo.
Ele encerra essa parte do texto nos dando a motiva-
ção de que necessitamos para adotar essa perspectiva. Dito de
modo simples, nossos sofrimentos são temporários. Mas as re-
compensas, que acumulamos enquanto estamos nestes corpos
temporários, são eternas. Que investimento magnífico! Que
sistema maravilhoso! Deus permitiu-nos participar de um sis-
tema onde o que é temporal pode ser usado para se adquirir o
,
que e eterno.
Esta verdade tem importância especial à medida que
nos concentramos no final da história de Lázaro. Muitas pes-
soas podem se sentir tentadas a dizer: "Bem, sempre termi-
na tudo bem para as pessoas na Bíblia, mas meu marido não
foi ressuscitado dentre os mortos". Ou: "Minha mulher nunca
voltou para mim". Ou ainda: "Não vi Deus ser glorificado de
forma alguma a partir da minha situação".Ao que Deus acres-
centaria urna palavra essencial: "Ainda!" Lembre-se de que um
dia Lázaro morreu de vez e não ressuscitou mais. O milagre
realizado por Cristo foi, nesse sentido, somente temporal. A
glória vinculada ao fato de Lázaro ter retornado à vida teve
vida curta. Todas as vezes que Deus nos livra de uma adver-
sidade, como costuma fazer muitas vezes, a glória vinculada a
esse livramento é até certo ponto temporária. No entanto, ele
estabeleceu um meio pelo qual nosso sofrimento pode resultar
em glória eterna, uma glória que não exalta somente a ele mas
também àqueles que sofrem.
48 A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
"Tirem a pedra"
"Tirem a pedra", disse ele. Disse Marta, irmã do morto:
"Senhor, ele já cheira mal, pois já faz quatro dias". Disse-
lhe Jesus: "Não lhe falei que, se você cresse, veria a glória de
Deus?" (João 11 :39-40).
Sem comentários
Para piorar as coisas, quando lemos a Bíblia, parece que
Deus estava sempre falando corn os homens de cuj as histórias
suas páginas estão. repletas. Quando Pedro foi lançado na prisão,
um anjo apareceu a ele para lhe contar que tudo ficaria bem.
Quando Abraão foi explorado por Ló, o Senhor deu-lhe urna
palavra de consolo. Paulo estava com algumas dúvidas teológicas
e foi levado até o terceiro céu a fim de ter urna conversa com
Deus. Não nos parece justo. Afinal de contas, rninha fé também
seria forte se, cada vez que eu tivesse urnaadversidade, um anjo
de Deus aparecesse para me dizer o que fazer. No entanto, não
é dessa forma que funciona conosco. Deus fica incrivelmente
silencioso algumas vezes; e não faz nenhum comentário para
nos ajudar.
Para os cristãos, o silêncio de Deus faz com que as
adversidades se torriern ainda mais difíceis de suportar, porque
nossa cosmovisão inclui um Deus amoroso que se apresentou
como Pai. Quando ocorre uma tragédia, ou quando surgem
momentos difíceis em nossos carninhos, nossa cosrnovisâo fica
abalada. As perguntas vêm à tona em nossa consciência. Pas-
samos a duvidar. Então, mais do que nunca, necessitamos de
QUANDO DEUS ESTÁ EM SIL~NCIO 53
Rumo ao Egito
D e acord o corri sua " " ,uma caravana d e COlller-
sorte
ciantes ismaelitas estava de passagell1.. Para evitar ter o sangue
de um membro da família em suas próprias mãos, os rrrnãos de
José o venderam aos isrnaelitas. Durante muitos dias, talvez por
sernariaa.Tosê viajou como escravo na companhia dos ismaeli-
tas. Noite após noite ele se deitava sob as estrelas e ficava ima-
ginando, sem dúvida, por que tudo aquilo estaria acontecendo.
Conhecia as histórias de seu bisavô.Já ouvira C01l10 Deus fa-
lara a Abraão em diversas ocasiões. Com certeza se perguntava:
56 A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
Por que Deus não fila comigo agora? Deus, porém, permanecia
em silêncio.
No Egito, José foi vendido a Potifar, o capitão da guar-
da do Faraó. Seu senhor percebeu que José era especial. Todo
projeto que assumia prosperava. Finalmente Potifar o nomeou
administrador de toda a sua casa. A Bíblia relata que Potifar não
se preocupava com nada a não ser com a sua própria comida.
(Gênesis 39:6).
Ora, isso pode nos levar a pensar: Bem, aconteceu exa-
tamente como em todas as histórias bíblicas: tudo terminou bem para
José. Mas o que nos esquecemos é que José não se apresen-
tou na segunda-feira para ser promovido a administrador na
sexta-feira! Na melhor das hipóteses ele serviu a Potifar por
algo entre cinco a dez anos. E podemos deduzir pelo texto
que a carreira de José como administrador foi reahnente curta.
Quem sabe por quantos anos ele teve que limpar os estábulos
ou distribuiu lavagem aos porcos? Quem sabe em que tipo de
alojamento vivia ou com quem teve de compartilhá-los? E,
apesar de sua posição final na casa de Potifar, continuava sendo
um escravo. Ainda estava muito longe de casa. E, em meio a
tudo isso, Deus manteve-se em silêncio!
Mais urna vez José fez a coisa certa. A coisa certa, po-
rém, trouxe-lhe problemas. Ele se recusou a se envolver com a
mulher do seu senhor. Ela se zangou e o acusou de tentar vio-
lentá-la. Exatamente quando as coisas começavam a melhorar,
José viu-se na prisão.
Consegue se identificar?
Espero que a esta altura você esteja começando a se
identificar comJosé. Eu corn certeza estou. Não há nada rnais
desconcertante do que se fazer o que é certo e então descobrir
que tudo está dando errado. Ou o que dizer da adversidade
que surge COll1.0 resultado de fatores sobre os quais não se tern
nenhurn controle? A cada vez que lido corn alguém que sofre
por causa de alguma coisa que ocorreu durante a sua infância,
fico pensando: Senhor; não foi escolha desta pessoa nascer naquela fa-
mília. Por que tinha que sofrer? Quando estou ao lado da cama de
pessoas que sofrem de câncer ou de outra enfermidade, pego-
rne fazendo a rriesrna pergunta.
Não escolhemos os pais; contudo,· podernos padecer
por algo que teve sua origern nos probleITlas deles. Podernos
perder o erriprego em função de algo de que não tivem.os culpa
de forrna alguma e, no entanto, ainda sornos nós que sofrernos,
assim COlllO a mulher que interage adequadamente com urn
marido de personalidade difícil, e que acaba abandonada junto
com os filhos. Situações corno essas levantam perguntas difi-
ceis. Elas parecelll justificar, erri nosso pensarnerito, a linha de
raciocínio que diz: Se houvesse um Deus nos céus, ele não ficaria
58 A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
terricnte, não existe conexão entre estes dois e José, a não ser
pelo fato de tererri sido lançados na rnesma prisão. E segundo
os desígnios de Deus, aqueles homens teriam um. papel crucial
no curnprimcnto de seu plano.
Não nos é relatado por que os dois foram feitos prisio-
neiros, apenas que o foram.. Por ordem. do "destino", o capitão
da guarda deixou-os aos cuidados de José. O escritor diz-nos
que eles ficaram lá por"certo tempo". Esta é outra indicação
de que os eventos ali relatados tiveram longos hiatos, talvez de
meses ou mesmo anos. Certa noite, depois de já. estarem lá por
algum tempo, cada um dos dois teve um sonho. Quando acor-
daram, traziam UlTIa expressão na face que deixou claro para
José que algurna coisa estava errada. José perguntou:
Eles resporideram:
Entretanto
Ao final de dois anos, o faraó teve um sonho. (...) Pela
manhã, perturbado, mandou chamar todos os magos e sábios
do Egito e lhes contou os sonhos, mas ninguém' foi capaz de
interpretá-los (Gênesis 41:1 e 8).
Enquanto isso...
"Então, o que devo fazer enquanto isso?" pode ser que
você pergunte. A resposta é sirnples, ernbora não necessaria-
rnerite fici!: Confie elll Deus. Talvez a resposta seja simplista
demais para o seu intrincado conjunto de circunstâncias. E as-
sim, no restante deste livro, pretendo elaborar rnais a questão.
Mas, rnesmo que este fosse o últilllo capítulo, considere suas
opções. Se você não pretende confiar elll Deus, o que vai fa-
zer? Resolver as coisas à sua própria rnancira é correr o ris- .
co certo de pular da frigideira quente para dentro do próprio
fogo. Quando você já experirnerrtou voltar suas costas para o
plano de Deus e se saiu vitorioso?
Você pode dizer: "Mas você não compreende as rni-
nhas circunstâncias". E pode ser que estej a certo. Pense, p orérn,
a respeito de José. Sern amigos, sern fam.ília, serri igreja, sern
liberdade, sern dinheiro, sem Bíblia, sern respostas perceptíveis
de Deus. Contudo, perrnarieceu fiel. E assim perll1.aneceu o seu
Pai celestial.
Quando Deus está ern silêncio, você só possui tirna op-
ção razoável: confiar nele; apegar-se a isso; esperar e descansar
nele. Pode ser que ele esteja quieto, rnas não desistiu de você.
De volta ao rancho .
Agora eu quero lhe contar o que aconteceu afinal à
família que não tinha petróleo ern suas terras. Poucos anos
depois, o Dr. Criswell encontrou por acaso o pai da fam.ília.
Ele era todo sorrisos. O Dr. Criswell entendeu que finalrnerite
tinham encontrado petróleo na propriedade deles.
- Bem ao contrário - o homem respondeu, nunca
acharam petróleo rierihurn, e eu estou feliz por isso. - Isso
COlll certeza surpreendeu o pastor.
r
66 i A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
EITl certa cidade havia UITl juiz que não temia a Deus nern
se im.portava COITl os horriens. E havia naquela cidade UITla
viúva que se dirigia continuamente a ele, suplicando-lhe:
"Pazc-rne justiça contra o llleu adversário". Por algum
tempo ele se recusou. Mas finahnente disse a si rnesrno:
"Embora eu não terna a Deus e rrerri rne importe COlll
os hornens, esta viúva está me aborrecendo; vou fazer-lhe
justiça para que ela não venha rnais rne irnporruriar". E o
Senhor continuou: "Ciuçam o que diz o juiz injusto. Acaso
Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele
dia e noite? Continuará fazendo-os esperar? Eu lhes digo:
Ele lhes fará justiça, e depressa. Contudo, quando o Filho do
horriern vier, encontrará fé na terra?" (Lucas 18:2-8).
Um problema de cronograma
Jesus sabia que as suas palavras suscitariam dúvidas
quanto ao tempo da prometida justiça. Ele nos conhece tão
bem que previu a nossa reação à sua resposta. Por isso, ele apre-
senta a sua resposta na forma de uma pergunta, deste modo
devolvendo a bola para nós antes que pudéssemos discutir o
assunto. Ele diz: "Quando o Filho do homem vier, encontrará
le
L'''
na terra.?"
Haverá justiça para os eleitos quando Cristo vier pela
segunda vez. Sem dúvida havia pessoas confusas e outras de-
sanimadas entre aqueles para quem ele falou naquele dia. De-
viam estar pensando: Quando o Filho do homem vier? Mas ele
já está aqui! Para nós, sua resposta não provoca tanta confusão
quanto desapontamento, porque não queremos esperar até que
Cristo venha pela segunda vez para vermos a justiça prevalecer.
Queremos isto agora!
Não é de se admirar. Nos últimos vinte e poucos anos,
uma ênfase crescente tem sido posta sobre o que Deus irá fa-
zer a nosso favor agora. Procure pelos títulos de livros de sua
JUSTiÇA PARA TODOS 'I
Até lá ...
Então, o que devemos fazer enquanto isso? A esta altu-
ra, a pergunta de Jesus tem um alto significado:
Abra mão
Para algurnas pessoas, fé irá significar abrir mão de anos
de amargura e de sentimento de vingança arrnazenados no seu
76 A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
o bem de quem?
o "bem" de Romanos 8:28 não telll a ver necessaria-
rrierrte com a história de um Irornern que perde seu emprego e
no fim consegue um rnellror. Pode ser a história de Ulll Irornern
que perde seu emprego e obtém urna compreensão maior do
que significa confiar em Deus dia após dia. O "bem" de Ro-
rnanos 8:28 não tem a ver necessariamente com a história de
urna mulher que perde seu amor apenas para encontrar um
rnelhor partido mais tarde. Ern vez disso, poderia ser a história
de urna mulher que, através da tragédia de urn arrror perdido,
descobre o chamado de Deus para o serviço cristão de tempo
integral.
A razão por que tantos de nós ainda se debatem tão
intensamente contra as adversidades é que não assimilamos até
agora a perspectiva e as prioridades divinas. Quando se lê sobre
a vida dos personagens bíblicos, nota-se rapidarnerrte que suas
histórias não terrniriarn com: "E viveram felizes para sempre".
Em muitas delas, suas vidas parecem terminar exatamente ao
contrário. Moisés morreu no deserto, a apenas alguns quilôllle-
tros da Terra Proructida. Paulo, de acordo com a tradição, foi
AVANÇANDO EM MEIO À ADVERSIDADE 79
Definição de felicidade
Felicidade, segundo definida por Deus, "é um estado de
bem-estar encontrado no fundo da alma de um homem ou
mulher". Seu contexto é muito mais amplo que meras cir-
cunstâncias. Seus efeitos sobre as emoções vão além de uma
sensação momentânea. E o meio pelo qual se chega a ela não
é pela aquisição de mais coisas. Nem mesmo pela alteração das
circunstâncias. A felicidade que Deus deseja para os seus filhos
e filhas vem somente através do processo de crescimento e
...
amadurecimento espiritual. A parte disso não existe felicidade
duradoura.
Deus quer que sejamos felizes, mas não com a felici-
dade propagada no mundo. Seu desejo por nossa felicidade é
expresso através de seu desejo para que "cresçamos" espiritual-
mente. O apóstolo Paulo coloca desta maneira:
80 A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
Deus nos considera como estando em UITla escola. Ele está nos
ensinando acerca dele mesmo: sua fidelidade, sua bondade, sua
compaixão e sua santidade. Assim como em todas as escolas, al-
gumas aulas são mais atraentes que outras. E, se formos honestos
para admitir, "Adversidade 101" não é uma de nossas aulas prefe-
ridas. Entretanto, é essencial para que "cresçamos" no Senhor.
o velho apoio
o versículo mais citado da Bíblia quando o assunto
é adversidade é Tiago 1 :2. Infelizmente, versículos como este
acabam se tornando tão familiares que perdem seu impacto
depois de certo tempo. Como é este o caso, esperei de propó-
sito até o presente capítulo para introduzi-lo aqui:
Regozijo?
Pode ser que esteja pensando: Isso é ridículo. Como alguém
poderia ficar tão entusiasmado com respeito ao crescimento espiritual a
ponto de se regozijar, quando confrontado com uma adversidade? Caso
essa seja sua atitude, então os seguintes versículos do meSITlO
_ A
Olhando atentamente
Lidar com a adversidade é como se preparar para uma
cirurgia. Ao colocarmos nossa confiança no que o médico diz,
_cremos que ficaremos melhor se formos operados. No entanto,
isso não torna a cirurgia menos dolorosa. Ao nos colocarmos
nas mãos de um cirurgião, estamos dizendo que nosso princi-
pal objetivo é a saúde, ainda que ao custo da dor. Acontece o
mesmo com a adversidade. É um meio para se chegar a um fim.
É o instrumento de Deus para o desenvolvimento de nossa
vida espiritual.
Talvez você simplesmente não consiga abraçar esse
ponto de vista. Diante da adversidade que você ou alguém que
ama já enfrentou, o que digo pode parecer uma tentativa de
adoçar a situação, um argumento utilizado pelos cristãos para
desculpar Deus. Se for isso o que pensa, gostaria que refletisse
AVANÇANDO EM MEIO À ADVERSIDADE 89
não ser que tenha alguma idéia do que seja urna linha reta.
A que eu estaria comparando o universo chamando-o de
injusto? Se tudo o que existe é r'uirn e sern sentido de A
até Z, por assirn dizer, por que eu, que devo fazer parte
de tudo o que existe, rne encontro reagindo de forrna tão
violenta contra o que existe? (...) É claro que eu poderia ter
desistido de minha idéia de justiça, dizendo que não passava
de uma concepção particular rniriha. Mas, caso fizesse isso,
niinha alegação contra a existência de Deus tarnbérn estaria
arruinada. Porque rneu argtrrrierrto dependia da constatação
de que o mundo era rrresrrio injusto, e não sirrrplesrnerite
que não conseguia satisfazer minhas fantasias pessoais.
A coroa da vida
Tiago encerra este assunto com uma interessante pro-
messa:
Era um sábado à tarde, por volta das cinco horas, quando ouvi
o barulho de uma porta batendo com força. Pelo som dos
passos sabia que era o meu filho. Ele estava com sete apos na-
quela época. Larguei minha caneta, fui até o seu quarto e fiz
uma pausa do lado de fora da porta a fim de organizar os meus
pensamentos. Esta é a parte desagradável em ser pai ou mãe: ter
que disciplinar os filhos. Sempre havia aquele temor, teimando
em incomodar, de que o sofrimento infligido pela disciplina os
faria se voltar contra mim algum dia. Entretanto, esses pensa-
mentos eram sempre encobertos pelo receio de que crescessem
pensando que poderiam sair livres de todas as situações, com o
sentimento de que não haveria conseqüências para o pecado.
Assim que entrei no quarto de Andy, ele reagiu como
sempre fazia: "Espera aí, deixa eu falar só uma coisa". Era uma
evasiva. Ele estava cansado de saber disso, mas era uma rotina
104 A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
Opa!
Todo pai conhece a dor e o embaraço que é reconhe-
cer ter cometido o erro de ter sido duro demais ao disciplinar
ou, pior ainda, de disciplinar urn filho que não tinha culpa.
Contudo, rnesrno com essas possibilidades sempre presentes,
um bom pai manterá a rotina da disciplina, porque o valor da
disciplina supera o risco de se errar ocasionalmente.
.
Se acreditamos que um pai terreno deva continuar dis-
ciplinando os seus filhos, mesmo sabendo que vez por outra
sua disciplina será injustificada ou administrada de maneira im-
perfeita, quanto mais apoio deveríamos dar a um Pai celestial
perfeito e onipotente que disciplina os seus filhos? Se respeitá-
vamos os nossos pais terrenos quando nos disciplinavam, quan-
to não deveríamos respeitar ainda mais o nosso Pai celestial?
UM LEMB"-ETE NÃO MUITO GENTIL 109
(.~.) mas, Deus nos disciplina para o nosso bem, para que
participemos da sua santidade. (...) produz frutos de justiça e
de paz para aqueles que por ela foram exercitados (Hebreus
12:10-11).
Organizando tudo
Quando parei à porta do quarto do meu filho já pre-
parado para lhe dar um castigo, ele não tinha nenhuma dúvida
sobre o que estava para acontecer. Nem havia dúvida alguma
sobre por que iria acontecer. Sempre fiz o que pude para ad-
ministrar a disciplina tão logo ocorresse a ofensa.
A disciplina do Senhor não é sempre tão visível quanto
a disciplina humana. O resultado é que existe muita confusão a
respeito. O Senhor não aparece durante a noite para nos contar
como e por que seremos disciplinados. Na verdade, algumas
vezes até parece que o nosso pecado passou despercebido. Não
acontece nada! Por outro lado, assim que ocorre algo de ruim
com alguns cristãos, imediatamente começam a se examinar
para ver se descobrem algum pecado não confessado. Ao che-
gar ao fim deste capítulo, gostaria de lhe dar alguma orientação
que ajude a identificar a adversidade que procede de Deus
como forma de disciplina.
1. Deus quer que saibamos quando estamos sendo discipli-
nados. Não nos faz bem algum se somos disciplinados, porém
permanecemos alheios ao que está acontecendo. Que bem fa-
ria a um pai, caso desse umas palmadas em um de seus filhos
sem lhe contar a razão? Será que esse pai poderia realmente es-
perar que o filho mudasse o seu comportamento, uma vez que
a criança não foi informada sobre a causa do castigo? É óbvio
que não. Do mesmo modo, Deus sabe que, para a disciplina
alcançar o seu desejado fim, precisamos ser informados.
2. A disciplina na qual incorremos estará de alguma forma
vinculada ao pecado que cometemos. Este aspecto está relacionado
ao princípio de se colher o que se planta. Paulo escreveu:
Passo a passo
-
o crescimento espiritual parece-se muito com o cres-
.
cimento físico. Existern estágios de deserrvol'virnenro. Cada es-
tágio traz consigo novas expectativas e maior liberdade. Nin-
guérn esperaria que um bebê recém-nascido andasse.Entretan-
to, ficaríamos rrruito preocupados com alguém que aos doze
anos ainda engatinhasse. Não consideramos trrn bebê de dois
anos inferior por não saber ler. Contudo, nossa expectativa é a
de que adultos tenham alguma capacidade nessa área.
Com o crescimento espiritual se dá o mesmo. As ex-
pectativas de Deus para com os cristãos recém-convertidos são
diferentes das que ele nutre por pessoas que já são cristãs há
muitos anos. Não entenda mal o que estou tentando dizer.
O padrão -moral de Deus é o rriesrrio para todos os cristãos.
Refiro-m.e aqui a questões como o desenvolvirnerrtó do cará-
ter, do discernimento e da rendição quanto a direitos e posses.
Estas são áreas da espiritualidade que levam uma vida inteira a
firn de se desenvolverem. A natureza mostra-nos muito clara-
mente que as coisas que crescem mais fortes são, de um modo
geral, as que crescem mais lentamente. Apenas ervas daninhas e
cogumelos venenosos brotam de repente da noite para o dia.
Quando as pessoas se tornam cristãs, são levadas a
atentar para algurnas questões quase que itnediatatnente: coisas
como a melhor rnarieira de lidar com os antigos arrrigos e COlllO
explicar para a família o que aconteceu a elas. Geralmente são
desafiadas a tratar de alguns hábitos pecaminosos também irne-
diatarnerrte, Para a m.aioria, essas questões são óbvias. Não é
preciso pensar muito a fundo para identificá-las.
118 A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
Fazendo-nos perceber
Muitas vezes nem mesmo nos damos conta de que
esses problemas existem. Por isso Deus vê como sendo ne-
cessário permitir alguma adversidade em nossa vida, a fim de
nos motivar a fazer um auto-exame. Os ventos da adversidade
dispersam as questões mais superficiais, forçando-nos a enfren-
tar a realidade em um nível mais profundo. Deus pode operar
através de um conflito entre você e um amigo. Pode ser que
use a sua mulher. Deus pode usar as suas finanças ou mesmo
um de seus filhos.
AUTO-EXAME 119
Examinem a si mesmos!
o apóstolo Paulo ordenou aos rriernbros da igreja de
Corinto que examinassem a si mesmos. Eles estavam experi-
mentando urna taxa elevada e iricornurn de doenças e rnorte
em sua corrmrihão. Paulo deixou claro que essa adversidade
fora enviada para revelar algo a respeito do caráter dos en-
volvidos naquela igreja na cidade de Corinto. Havia divisões
entre eles, agiam com glutonaria e desrespeito para com a
Mesa do Senhor (veja 1 Coríntios 11: 19-30). Para conseguir
a atenção deles, Deus começou a discipliná-los, atingindo-os
com enfermidades e até m.eSITlO corn a rnorte! Paulo respon-
deu dizendo:
120 A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
A pessoa certa
Eu conversava com uma moça de nosso departamento
.de solteiros que acabara de ser dispensada pelo namorado. Ela
estava arrasada. Carla tinha certeza de que Ben era o cara" cer-
to" para ela. Ela vinha orando pelo melhor que Deus tinha para
a sua vida desde o ensino médio.: E durante um bom tempo
sentiu como se ele fosse a resposta de suas orações. Já haviam
falado a respeito de casamento e até procurado as alianças. En-
tão, de repente, aparentemente sem qualquer aviso, ele rompeu
o relacionamento por completo.
...
A medida que conversávamos, senti-me com liberdade
para cavar um pouco mais a fundo o assunto. Fiz-lhe muitas
perguntas sobre o relacionamento. Quanto mais conversâva-
AUTO-EXAME ]21
Um check-up regular
Fazer um check-up médico é urna ótirna idéia, porque
praticamertte garante que qualquer ameaça à saúde poderá ser
detectada rnuito antes da vida de alguérn ficar em perigo. As
pessoas que têrn rrredo do que o m.édico poderá dizer, e por
isso descartam a realização dos exames, são as que acabam se
,;
J lo I..... ..U I •• , • , ..
UMA LIÇÃO DE HUMilDADE 129
o que eu poderia fazer para Deus? Ele não precisa de mim. Mas
não é urna questão de Deus precisar ou não de você, meu caro.
A questão é que Deus escolheu você para representá-lo dentro
de sua esfera de influência. Sua esfera pode ser a sua casa. Pode
ser o escritório ou a equipe com a qual trabalha. O tamanho
não é irnp ortante, Você pode ser a única pessoa no mundo a
quem alguém em especial do seu trabalho daria ouvidos. E se
você for a diferença entre o céu e o inferno para uma só alma,
já tem um. potencial trem.endo!
Existe uma outra área cujo potencial espiritual é fre-
qüentemente ignorada. Nossa tendência é a de nos concentrar
no trabalho público e notório do Reino. Mas um aspecto re-
servado e privado do trabalho do Reino de Deus se faz igual-
m.ente (se não mais) importante: a oração.Todos possuím.os um
grande potencial através da oração, pois a essência da vida es-
piritual é a luta que ocorre nas regrões celestiais (veja Efésios
6: 12). A oração é a participação do cristão nesta batalha celes-
tial. Somente os céus irão revelar os verdadeiros heróis espiritu-
ais. Creio que haverá muitas pessoas que serão altam.ente hon-
radas e que permaneceram desconhecidas nesta vida; que, no
entanto, deram. apoio em oração com toda a fidelidade àqueles
dedicados ao ministério público.
o lado negativo
Deus não é o único que reconhece °
seu potencial.
Satanás também está de olho nele. Ele adora pegar o sucesso
de alguém para usá-lo contra a própria pessoa. Ele se regozija
ao convencer pregadores, professores e cantores de que são re-
almente tão "maravilhosos" quanto as pessoas andam dizendo
que são. Ele é especialista em. desenvolver um. espírito altivo
e crítico naqueles que vêem a oração corno sendo o seu cha-
130 A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
Não é de se admirar
Diante de nosso potencial para o Reino, e do efeito
devastador que o orgulho possui em relação ao nosso relacio-
namerito com o Pai celestial, é compreensível por que Deus
é capaz de ir tão longe, e de forma tão dolorosa, a firn de nos
rnanrer hum..i1des. Irnagine o quanto Deus deve ter amado o
apóstolo Paulo. Ele permitiu que Paulo escrevesse rnetade do
Novo Testarnento!
Ainda assim lhe infligiu tribulação corn um espinho na
carne, que perlllaneceu corn ele por toda a sua vida. A única
forma de conciliar um privilégio desses com um sofrimento
dessa dimensão, é reconhecendo-se o quanto Deus odeia o
orgulho; sendo, no caso de Paulo, até rnesm.o o potencial para
o orgulho.
Se Deus estava disposto a cortar definitivam.ente o or-
gulho de Paulo, fazendo-o passar por uma adversidade, não
seria razoável supor que ele faria o mesmo conosco? Não seria
o nosso potencial para o Reino de Deus tão irrrporrante para o
nosso Senhor quanto o de Paulo? Estaria Deus menos interes-
sado eIT1 desenvolver um relacionamento íntimo conosco, do
que esteve com. o apóstolo? Claro que não. Portanto, a adver-
,
sidade que você pode estar enfrentando neste exato momento
pode ser a form.a de Deus dornar o seu orgulho.
Pense nisso do seguinte modo: Caso você soubesse que
o seu orgulho possui o potencial de irnpcdi-Io de ser tudo o
que Deus deseja que venha a ser, estaria disposto a pedir a Deus
que fizesse o que fosse necessário para mantê-lo sob controle?
Bem, se a idéia de fazer urna oração como esta o leva a estre-
132 A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
A história de Sheila
Havia trma rrrulb.er muito talentosa erri nossa igreja há
rrmitos anos, que era particularrnenre boa no lidar COITl osjovens.
As crianças de nossa igreja eram atraídas por ela corno jamais
vira acontecer a algiaérn antes. A sua personalidade agradável,
j uritarnerrte com a sua habilidade para se corrruriicar, faziam com
que fosse urna professora excelente e urn rnodelo a ser seguido.
Porérn, COlllO na verdade acontece COIn freqüência a pessoas ta-
lentosas, tinha urna inclinação por confiar UITl tanto exagerada-
rrierrte nos elogios de terceiros. COIllecei a notar urna mudança
ern sua atitude para COUl o seu trabalho e rninistério.A aprovação
dos outros se tornou mais irrrpor'tante do que a aprovação silen-
ciosa de Deus. O orgulho passou a assumir o controle.
UMA LIÇÃO DE HUMILDADE I 133
Amor sofrido
Exatamente do mesmo modo por que Deus tinha
grandes planos para o apóstolo Paulo, ele tem grandes planos
para você. Existem pessoas não salvas que só você pode alcan-
çar. Existem santos sofrendo que só você pode consolar. Deus
não irá deixar seu potencial ser reduzido, mas agirá.
Como Sheila, você também pode resistir. Entretanto,
só irá ferir a si mesmo. Por mais dolorosa que seja, a adver-
sidade é urna demonstração do amor de Deus. Ao agir para
vencer o seu orgulho, Deus age de maneira a preservar o seu
potencial e a sua vida. O orgulho é sempre seguido por algum
tipo de destruição. Pode ser a destruição da família, da carreira,
da própria vida.
Você está enfrentando algum tipo de adversidade? Tal-
vez Deus tenha permitido uma situação difícil em sua vida a
fim de vencer o seu orgulho. Se for este o caso, você estaria
disposto a lhe agradecer? Não pela adversidade em si mesma,
mas por seu grande amor e cuidado por você e por sua família.
Se você puder louvá-lo com sinceridade,' de coração, por seu
cuidado e envolvirnento atuante em sua vida,já terá dado um
gigantesco passo em direção à superação de sua adversidade.
Capítulo Dez
o poder da fraqueza
E se... ?
Imagine por alguns instantes que você fosse o estranho
de quem falei a alguns parágrafos atrás. Está assentado sobre um
dos lados da colina e observa tudo isto acontecendo. Você vê
Golias entrando no vale em sua visita diária. E então observa
uma agitação entre os soldados israelitas. Um grito de aclama-
ção se eleva de suas fileiras quando um dos seus empunha sua
espada e escudo e se dirige vale abaixo. Embora esse camarada
não seja tão grande quanto Golias, com certeza também não
está nem um pouco inseguro. Quando se posiciona para lutar,
fica claro que já esteve em muitas batalhas, e que provavelmen-
te já enfrentou grandes desafios.
o PODER DA FRAQUEZA 137
A escolha de Deus
o fato é sirnplesrnerite o seguinte: Quanto maior o de-
safio} melhor para Deus. Nosso Pai celestial recebe rnuito maior
atenção e~ corno conseqüência, maior glória quando age por
rrieio de pessoas que o mundo considera fracas. O apóstolo
Paulo coloca a questão coriforrne a seguir:
Deficientes
As adversidades sempre nos deixam de alguma for-
ma deficientes. Ou elas nos enfraquecem fisicamente, ou
nos drenam tanto ernocionahnente quanto rnentalrnente.
As adversidades impedem-rios de funcionar cem por cento.
Nossa mente fica dividida. Nosso nível de energia se reduz.
E até mesmo as tarefas m.ais simples se transform.am em grandes
provações. Atividades que antes nos tom.avam algumas poucas
horas passam a levar o dia inteiro, Diminuem. o nosso humor e
a nossa disposição. Ficamos com.pletamente irritados diante da
menor provocação.
Recentemente tive que lidar com. um.a situação fami-
liar muito sensível. Meu padrasto é cego e não pode mais cui-
dar de si m.esmo. Isso estava deixando a minha mãe seriamente
extenuada. Apesar da pressão que tê-lo em casa representava
para ela, não queria que eu colocasse John ern uma casa de
repouso. Não conseguíamos chegar a um acordo sobre o as-
sunto. No fim das contas, depois de muita oração e conversa,
coloqueiJohn na melhor casa de repouso para idosos que pude
encontrar. Depois de visitá-lo no sábado, mam.ãe resolveu que
eles não estavam tomando conta dele corno dever'iam e assim
arrumou suas coisas e o trouxe de volta para casa. Pobre John.
Por algum. tempo ele ficou sern saber, de uma semana para
outra, onde haveria de morar.
Lembro-me de sentar para estudar e de ficar tentando
rne concentrar em. meu trabalho. A minha rnerite ficava diva-
gando; me pegava olhando fixamente para fora da janela, pen-
sando em. mamãe e John.Vê-la sofrer me angustiava. Entretan-
to, não queria forçá-la a fazer algo contra a sua vontade. Aquele
incidente serviu para me deixar deficiente tanto mentalmente
quanto ernociorialrnente.
140 A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
Poder peifeito
o apóstolo Paulo sern dúvida alguma entendeu esse
princípio. Depois de pedir a Deus por três vezes que retirasse
aquele seu espinho na carne, afinal recebeu UITla resposta. Não
era a que ele estava esperando. Deus disse-lhe com todas as le-
tras que não retiraria o espinho. No entanto, iria supri-lo com
a força extra necessária para dar continuidade ao trabalho a que
fora chamado.
sidera fraquezas. Ou pode ter nascido ern urna família que não
• A , •
V ocê já deve ter ouvido alguém declarar que não sabia real-
mente quem eram os seus amigos até que tudo tenha ido por
água abaixo. Creio que há uma grande verdade nisso. Todos
nós já experimentamos a dor de descobrir que as pessoas que
pensávamos permanecer leais, não importando o que aconte-
cesse, foram amigos só para os bons momentos.Você sabe, ami-
gos cuja lealdade depende do clima das circunstâncias. Desde
que o relacionamento seja agradável, elas estão dispostas até o
fim. Entretanto, basta que a amizade comece a demandar certo
sacrifício da parte deles, fica difícil encontrá-los. A principal
medida da amizade está na escolha sobre de que lado os amigos
ficarão em tempos difíceis e controversos. Sendo esse ocaso,
sem algum tipo de adversidade jamais poderíamos saber quem
são os nossos amigos verdadeiramente leais.
146 : A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
Por exemplo.. .
Im.agine com.o a cornpreerisão de N oé quanto à fide-
lidade de Deus deve ter aumentado depois de ter sido salvo do
Dilúvio. Pense em com.o a fé que Davi possuía aumentou de-
pois de sua luta com. um leão e com um urso que vieram. para
devorar as suas ovelhas: Não consigo nem rnesrno im.aginar o
que se passava na cabeça de Gideão, quando Deus lhe disse que
ele tinha soldados demais, e que precisava se livrar da maior
parte deles (veja Juízes 7)! Porêrn, depois da vitória, sua fé al-
cançou as alturas. Deus usou o Mar Vermelho e )ericó a fim.
de demonstrar a sua fidelidade a Israel. Usou o egoísm.o de Ló
na vida de Abraão. E poderíamos prosseguir citando exem.plos
sem. fim. Em todas as situações, a adversidade foi o meio através
do qual Deus revelava a sua fidelidade a seus servos.
O salmista expressou esta realidade do seguinte modo:
ele tenha sido rnerios fiel antes disso, rnas, ao pertnitir-ll1e tes-
termrrihar e experimentar a sua fidelidade em ação, a minha fé
foi aumentada.
No mundo real
Infelizmente, nem sempre as coisas saern tão bem as-
situo Algumas vezes as circunstâncias não terminam nem perto
do que gostaríamos. Pessoas por quelll orarnos morrem. Mari-
dos abaridonarn as suas mulheres e nunca rnais retornam. Filhos
afundam e arruínam as suas vidas independente da influência
de pais piedosos. Empresas abrern falência. Cristãos perdell1 os
\
Igualmente fiel
A fidelidade de Deus nem sempre assume a forma de
livramento da adversidade. Freqüentemente Deus demonstra
sua fidelidade ao nos sustentar em meio à adversidade. Imagine,
por exemplo, um homem abandonado em uma ilha deserta.
Enquanto ele explora a ilha procurando por alimento, descobre
uma lancha levada pelas águas até a praia. Depois de examinar
um pouco mais, descobre que o tanque da lancha está cheio de
gasolina. Então dá a partida no motor e se manda de lá. Ele foi
livrado de ficar desamparado.
Vamos tomar o mesmo exemplo de novo. Apenas que,
desta vez, o homem não encontra um barco, e sim uma casa
deserta e um pomar de frutas. Dentro da casa ele encontra
todas as ferramentas de que necessitará para cultivar o pomar.
Embora ainda esteja abandonado e sozinho na ilha, possui tudo
. o que necessita para a sua sobrevivência. Poderá continuar com
a sua vida.
Sem dúvida todos irão concordar que a primeira si-
tuação parece ser muito melhor. Mesmo assim, o homem do
segundo cenário poderia ter ficado muito pior. Em ambas as
ilustrações o homem recebeu aquilo' de que necessitava para
sobreviver. Deus não muda as nossas circunstâncias dolorosas.
Ele nos sustenta em meio a elas. É a isso que o autor de He-
breus se referia quando escreveu:
j II ....- ..'" •
CONSOLADO PARA CONSOLAR 157
Definindo termos
Consolar outros significa "comunicar força e esperan-
ça". Por força, quero dizer a força de Cristo. Pois, como já disse
em um capítulo anterior, Deus deseja usar a adversidade a fim
de nos ensinar a confiar nele. O trabalho de um consolador,
portanto, é o de fazer com que a outra pessoa mude da con-
fiança em sua própria força para a de Cristo. Ao sermos usados
para fazer isso, comunicamos força.
Sempre que leio a biografia de um grande santo, acabo
encorajado pela graça de Deus para com aquela pessoa em
tempos de adversidade e dificuldade. Saio pensando:' Se Deus
sustentou este indivíduo em meio a tal provação, também irá me sus-
tentar da mesma forma. Desse rriodo, o testemunho comunicou
força a mim. Deu-me motivação para seguir em frente, e a
parar de pensar em desistir.
Comunicar esperança é capacitar os outros a mudarem
sua atenção das circunstâncias imediatas e a colocarem em coi-
sas eternas. Muito do nosso sofrimento não será plenamente
compreendido ou totalmente justificado em nossa mente até
vermos Jesus. Em sua presença, tudo o que foi compreendido
apenas parcialmente passará a ter pleno sentido. Todas as per-
guntas serão respondidas. O apóstolo Paulo descreveu a nossa
esperança ao escrever:
estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa rnais
do que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não naquilo que
A _ A-. A.., -,-
vez por todas. Nem quero dizer que não existem lembranças
dolorosas de feridas passadas. Ainda me iricomoda falar de cer-
tos fatos de rniriha infância. Tanto aqueles que experrrnentam
contínua adversidade COlllO aqueles que sofreram no passado
po dern ser usados por Deus, caso tenham. perrrritido ou perm.i-
tiam Deus consolá-los e fortalecê-los.
\.
A procura de consoladores
.
Deus atua no processo de torná-lo urn consoladoro Ele
estrutura a sua experiência de modo a preparar você para um
ministério na vida de uma outra pessoa. Como Edith Schaeffer
diz em Ajfliction [Aflição]:
E de novo em Romanos:
lhança de Cristo. E para isso que fomos criados. Mas, o que isso
significa? Eu já ouvi dizer que ser semelhante a Cristo é simples-
rncnte fazer o que Cristo faria ern todas as situações. Na rnesma
linha de pensamento, alguns afirmam que é uma questão de se
•
imitar a Cristo. Creio que há espaço para esse tipo de noção e
aplicação na vida cristã. Entretanto, Paulo refere-se a algo rruri-
to mais profundo. Uma pessoa perdida poderia írnitar a Cristo.
Muitos hornens e mulheres, bons e virtuosos, tiveram uma vida
que faz muitos cristãos se envergonharem e, no entanto nunca
depositaram a sua te em Cristo. Com certeza não eram santos e
irrepreensíveis na presença de Deus.A que Paulo se refere, então?
encontramos dizendo:
NÃO EU, MAS CRISTO 173
Meu Pai, se for possível, afasta de rnirn este cálice; contudo, não
seja como eu quero, mas sim. corno tu queres (Mateus 26:39).
E a adversidade?
N este ponto, provavelmente você está se perguntando
o que tudo isso ·tem a ver corn a adversidade. Deus não está sa-
tisfeito com um "ego" bem comportado e respeitável ocupan-
do o trono de nossa vida. Ele deseja remover todos os vestígios
de "ego" para que possarnos ser apresentados a Cristo santos e
irrepreensíveis. Urna das formas de Deus fazer isso é enviando
adversidades à nossa vida. As adversidades rriexern conosco e
nos levam a olhar para a vida de um modo diferente. Somos
forçados a lidar corn as coisas em um. nível mais profundo.
Nada pode fazer corn que o "ego" vá mais fundo do que o
sofrimento. E, uma vez que a nossa fachada religiosa cornece a
se desgastar, Deus entra em cena e começa a nos ensinar corno
é a verdadeira semelhança a Cristo.
A pr.irrieira reação do" ego" diante da adversidade é a de
começar a procurar por pecados a confessar. Mas não é porque
o "ego" está preocupado com. a santidade. Ele está preocupado
é com a autopreservação. E se a confissão de pecados puder in-
fluenciar Deus a reduzir a pressão, que assimseja, Quando isso
não funciona, o "ego" entra em desespero. Com freqüência,
ele então irá se enterrar no serviço religioso, dizendo: "Com.
174 A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
Morte ao ego
o alvo de Deus com relação ao "ego" está claramente
delineado nas Escrituras. O apóstolo Paulo sintetiza do seguin-
te modo:
alguém através das suas finanças pessoais. Outras vezes é por sua
saúde. As pessoas são diferentes, e a vida do "ego" de cada um
tem a sua própria constituição. Deus, porém, sabe exatamente
como remover as camadas, de maneira a forçar os seus filhos
a lidarem com as suas vidas cristãs em um nível totalmente
diverso. O "ego" sempre tem o seu tendão de Aquiles. E Deus
sabe precisamente onde ele fica.
o caminho da cruz
"E então", pergunta você, "as pessoas podem ir para a
cruz sem terem as suas vidas inteiras destruídas?" Sem dúvida
alguma. O caminho da cruz não é igual para todos. É muito
mais fâcil para alguns do que para outros. O que é preciso ter
em mente é que martelar o "ego" pregando-o na cruz é o alvo
número um de Deus, no que diz respeito à santificação de uma
pessoa. Uma vez que ele tenha iniciado, não irá parar até que
O "ego" seja destronado e crucificado. Então e somente então
Será que Deus está arando você? Caso esteja, não ofe-
reça resistência. O seu Pai celestial o ama dernais e pagou urn
preço rnuito alto para deixar você seguir seu próprio caminho.
Ele deseja que você chegue ao fim de si mesmo. Que você
admita a derrota. Que você confie a sua vida, o seu futuro,
180 i A ARTE DE SUPERAR PROBLEMAS
Amém!
Mas isso é só urna parte das boas notícias. Deus não nos
deixou apenas COIl1 o relato de urna testemunha ocular sobre
as provações de Paulo, como também permitiu que tivéssemos
urn comentário do próprio Paulo acerca desses me Sll1.0S even-
tos. Não precisamos ficar procurando o porquê de Paulo tê-los
suportado. Não precisamos só ficar especulando a respeito de
como ele teria perrnanecido fiel em meio a tantas provações
diferentes. Nem S0ll10S forçados a aceitar tão-somente a in-
terpretação de um terceiro, com relação às batalhas interiores
de Paulo contra a dor e o sofrimento. Temos o seu próprio
testemunho pessoal.
Deveríamos aproveitar a combinação única de docu-
mentos que possuímos, e extrair cada pérola de verdade no que
concerne à adversidade. COll1. Paulo, conhecemos urn Irornern
°
que provou sofrimento de maneira ampla, em todos os níveis
possíveis, contudo permaneceu fiel até o fim - algo que ainda
não pode ser creditado a rnirn ou a você.
O que Paulo tem a dizer sobre a adversidade? O que
ele aprendeu? Qual era o seu segredo? Corno ele conseguiu
levantar-se de novo, vez após outra sem parar, quando a maio-
ria já teria desistido? As respostas a praticamente todas essas
perguntas p odcrn ser encontradas em urn trecho da segunda
carta de Paulo à igreja ern Corinto:
As descobertas de Paulo
Conforme observamos nos capítulos anteriores, Deus
optou por não remover o seu espinho, e Paulo aprendeu a
conviver com ele. Durante esse processo, entretanto, Paulo fez
umas descobertas fantásticas com respeito à adversidade, que o
capacitaram a não apenas sobreviver às circunstâncias, mas a se
"gloriar" nelas e a sair vitorioso. Portanto, o que foi que Paulo
descobriu?
sido positiva desde o início. Mas, à medida que ele foi compre-
endendo o que Deus estava fazendo em sua vida, sua atitude
começou a mudar. E em meio a esse processo, passou a perce-
ber o espinho corno o que de fato era ~ um presente.
Era um presente na medida em que, através daquela
irritação, Deus protegeu Paulo daquilo que ele mais temia - a
desqualificação espiritual (veja 1 Coríntios 9:27). Paulo tinha
um desejo ardente de acabar bem, de completar o curso que
Deus estabelecera diante dele. Ele sabia, através de sua obser-
vação dos outros, que nada podia destruir a eficácia de um ho-
mem ou de urna mulher para Deus, tão depressa e tão comple-
tamente, como o orgulho. Desse modo, se aquele espinho na
carne o protegesse do orgulho, seria de fato um dom de Deus.
Poderia com toda a sinceridade vê-lo como alguma coisa que
Deus fez por ele, em vez de a ele.
Mas ele rne disse: "Minha graça é suficiente para você, pois
o rneu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu rne
gloriarei ainda mais alegremente ern minhas fraquezas, para
que o poder de Cristo repouse ern rnirn (2 Coríntios 12:9).
onde o seu Senhor queria que estivesse era o bastante. Ele não
necessitava de amparo rnater ial para se sentir satisfeito.
Você poderia dizer: "BeITl, isso soa trernendarnente espi-
ritual, mas seria realista pensar que podemos obter satisfação fora
do âmbito das circunstâncias?" Eu creio que é e~treITlaITlente
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Capítulo Quinze
Reagindo à adversidade:
A escolha é sua . . ' "
o jogo da culpa
Quando chega a adversidade, nossa primeira reação é
de, muitas vezes, culpar alguém. Lembro-me de um acidente
de carro, em que um estudante universitário tentava explicar
ao policial por que havia capotado em frente a urna rrrulher.
Ele tinha certeza de que não fora sua culpa, mas alguma coisa
com relação ao ângulo do sinal de trânsito o levara a perder a
direção. Não se podia culpá-lo por nada. No entanto, aquele
jovem estava com tanta raiva por ter acabado com o seu carro
que não poderia suportar a idéia de ser culpado pelo acidente.
Todos temos a tendência de descarregar nos outros à
nossa volta quando as coisas saem errado, ou quando somos
feridos. Lembre-se da reação de Maria e de Marta: "Senhor,
se estivesses aqui ..." Algumas pessoas culpam a Deus. Outras
culpam Satanás. Em geral, porém, colocamos a culpa em outra
pessoa na tentativa de nos livrar de nossa responsabilidade.
Se culpar outros não nos leva a lugar nenhum, pode-
mos nos encontrar lutando com o problema. Tentamos mani-
pular ou modificar as circunstâncias de maneira a nos ver livres
da dor ou de qualquer inconveniência. Esta é a razão de muitos
processos na justiça. As pessoas que são demitidas ou preteridas
em uma promoção podem querer processar a empresa. Sen-
tem-se compelidos a lutar por seus direitos.
Outra forma de reagir à tragédia é a negação. As pesso-
as simplesmente não enfrentam o que aconteceu. Agem como
se não houvesse nada errado. Vejo isso em situações ern que
alguém perdeu um ente querido. E um dos pais ou amigos
A autopiedade
Uma outra forma comum de se lidar com a adversida-
de é com a autopiedade: "Oh, meu, Deus, o que eu vou fazer?
Ninguém se importa mais comigo. Olha só a minha situação. Eu
não tenho mais nenhuma esperança. Logo, eu não terei mais
nenhum amigo. Eu vou ficar sozinho..." A autopiedade é o
resultado de se concentrar exclusivamente em si mesmo, em
vez de em Deus. Os que sofrem de autopiedade criaram um
círculo imaginário em torno de si mesmos e de suas circuns-
tâncias. As únicas pessoas que permitem entrar são aquelas que
desejam se unir em sua situação miserável. Em conseqüência,
muitas vezes terminam sozinhas. Ninguém deseja ficar muito
tempo em volta de pessoas assim. Essa solitude reforça as suas
perspectivas negativas, e então pendem de maneira ainda mais
firme para elas.
Não é incomum que tais pessoas se tornem depressivas.
A falta de esperança as domina, e já não vêem sentido em con-
tinuar vivendo. As pessoas deprimidas são incapazes de inter-
pretar de modo acurado os acontecimentos à sua volta. Desse
modo, se deixadas sozinhas, tendem a piorar.
Reagir de forma errada diante da adversidade sempre
terá um efeito devastador. Aqueles que reagem de qualquer
uma dessas formas que descrevemos sempre sairão perdendo.
A reação de quem se sente ferido é sempre compreensível; po-
, ......" _." .
rem, nao Importa o quanto suas reaçoes sejam compreensíveis,
se forem reações erradas, sofrerá do mesmo modo.
Guardar rancor ou amargura é sempre autodestruti-
vo. Ambos são venenos. Envenenam seus relacionamentos, sua
capacidade de tomar decisões, seu testemunho. Não se pode
guardar rancor ou amargura e ainda sair-se vitorioso da ad-
versidade. A reação incorreta à adversidade somente prolonga
REAGINDO À ADVERSIDADE: A ESCOLHA É SUA 205
A REAÇÃO CERTA
o salário do pecado
o pecado sempre resulta em alguma forma de adver-
sidade. Alguns tipos são visivelmente mais óbvios que outros. E
alguns são mais devastadores em seus efeitos. Entretanto, sem-
pre existe algum tipo de conseqüência, mesmo que seja so-
mente culpa. A seguir estão alguns passos que considero úteis
para se lidar com as conseqüências do pecado.
deve procurar pelas lições que Deus deseja lhe ensinar. A melhor
forrna de desenvolver esta atitude é agradecendo a ele todos os
dias pelo crescimento espiritual que está trazendo à sua vida.