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Capítulo 5

Águas Subterrâneas
Marcelo Ribeiro Barison

Conceitos apresentados neste capítulo


• Classificação dos aquíferos
• Contaminação dos solos e águas subterrâneas
• Técnicas de remediação de solos e águas subterrâneas contaminadas

5.1  INTRODUÇÃO
Quando analisamos a quantidade tão restrita de águas doces no planeta, que per-
faz em torno de apenas 2,5 %, é que percebemos quão importante é esse recurso para a
manutenção da vida no planeta. Da parcela de toda água doce do planeta, estima-se que
68,9% encontra-se na forma de gelo nas calotas polares e o restante, 31,1%, é água doce
líquida. Deste montante apenas 4% são águas superficiais (rios, ribeiros, lagos e canais), sendo
que 96% são águas subterrâneas (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA, 2007).
Em termos espaciais, da mesma forma, como apresentado no Capítulo 4, a distribuição das
águas subterrâneas segue a irregularidade da distribuição das águas superficiais (Figura 5.1).
A partir destas evidências ressalta-se a importância em se conhecer a dinâmica de
ocorrência das águas subterrâneas, seu potencial para o abastecimento público, agricultura,
piscicultura, indústria e demais setores da sociedade. Embora ainda seja um tema pouco es-
tudado, por se tratar um assunto ainda não prioritário como parte integrante de muitos cur-
rículos universitários, aos poucos se tem observado que esta área vem sendo mais explorada.

5.2  CONCEITOS GERAIS


Todas as águas, superficiais e subterrâneas, são recursos interdependentes e estão
incluídas nos estudos de gestão dos recursos hídricos, em âmbito municipal, estadual ou
federal. Como em águas superficiais, os estudos acerca das águas subterrâneas sempre se
considera o binômio “Qualidade e Quantidade”. Sabe-se que não é viável economica-
mente explorar águas subterrâneas por meio de poços tubulares que apresentam vazões
muito pequenas, da ordem inferior a 5 m3/h (considerada uma vazão de nascente), ou no
caso de águas com elevado conteúdo de sais ou contaminadas. Daí a necessidade de sem-
pre considerar o volume ou vazão de exploração associado com a qualidade do recurso,
tipicamente verificada em função da presença de substâncias. Neste sentido, a gestão dos
recursos hídricos subterrâneos leva em conta manter em equilíbrio a demanda por água
sem que haja super exploração do aquífero e sem que se comprometa a qualidade destas
águas, ou seja, deve garantir sempre a sua qualidade e a continuidade de sua quantidade.
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Figura 5.1  Disponibilidade de água (Fonte: MMA, 2007).

O ciclo hidrológico, que analisa as várias formas de ocorrência de água no planeta,


em muitos casos pouco abordava a ocorrência das águas subterrâneas e a sua inclusão
neste precioso ciclo da natureza (IRITANI e EZAKI, 2009; KARMAN, 2000), con-
forme descrito no Capítulo 3. A água subterrânea é uma parcela muito importante do
ciclo hidrológico e contribui significativamente no suprimento de água doce para as
populações. No ciclo, somente uma parte do volume de água de chuvas consegue atingir
a superfície dos terrenos e assim iniciam-se a infiltração ou o escoamento superficial,
também conhecido como run-off. Quanto maior a infiltração nos terrenos, maior será a
recarga de água para os aquíferos, e isso depende muito da baixa declividade do terreno
e da maior permeabilidade dos materiais de subsuperfície. Ainda assim, não se pode
considerar que as águas infiltradas irão abastecer totalmente os aquíferos, isso porque parte
desta água ficará retida na forma de água pelicular na camada ou zona insaturada e não
terá mobilidade descendente. Outra parcela desta água infiltrada ficará retida na camada
ou zona capilar, ou seja, somente o excesso da água de infiltração é que vai atingir a zona
saturada (lençol freático) e assim alimentar o aquífero. Esta água que se movimenta no
aquífero é a denominada água livre, que pode ser explorada por poços tubulares e assim
vir a ser utilizada.

5.2.1  Classificação dos Aquíferos pela porosidade e quanto à pressão


Os aquíferos não são somente rochas permeáveis e boas armazenadoras de águas.
Existem materiais, como as próprias argilas, que conseguem em função de sua grande
extensão e espessura em subsuperfície, armazenar elevados volumes de água, porém não
conseguem transmiti-las adiante. No caso de um aquífero, por definição, exige-se a exis-
tência de rochas, solos ou sedimentos que armazenam e transmitem a água livre (água
subterrânea). Ao ser transmitida, a água pode ser explorada por meio de poços tubulares
ou até mais simplesmente, por poços cacimbas. No primeiro caso, os poços são perfurados
no subsolo por meio de máquinas perfuratrizes percussoras, rotativas ou roto pneumáticas,
equipados com filtros, tubos lisos e pré-filtros quando a rocha for sedimentar (aquífero
granular ou intersticial) e ausentes destes equipamentos quando a rocha for cristalina
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Figura 5.2  Tipos de poços tubulares executados em aquíferos intersticial e fissural (Fonte: CPRM, 1998).

(aquífero fissural), conforme é observado na Figura 5.2. No segundo caso, os poços são


construídos artesanalmente, com pequena profundidade e grande diâmetro em pequenas
propriedades rurais.
A primeira forma de classificação dos aquíferos é pela sua porosidade. Esta classificação
se atribui a três tipos básicos de aquíferos, a saber: Aquífero Granular, Aquífero Fissural e
Aquífero Cárstico (MMA, 2007; BOSCARDIN BORGHETTI et al., 2004 e IRITANI
e EZAKI, 2009), conforme observado na Figura 5.3.
Os aquíferos granulares são aqueles cujas rochas apresentam porosidade intergranular,
ou seja, a água pode ser transmitida por entre os grãos da rocha, através dos vazios dos
poros. Este aquífero possui extensão regional e por possuir uma elevada porosidade,
sua condutividade hidráulica é elevada, o que faz dele um excelente produtor de águas
subterrâneas. As principais rochas deste tipo de aquífero são os Arenitos e Conglomerados,
que são rochas sedimentares muito permeáveis. Os sedimentos aluvionares, de dunas e
os coluviões também são considerados aquíferos granulares. Toda rocha ígnea ou meta-
mórfica com elevado grau de alteração torna-se também muito permeável e assim passa
a se comportar como um aquífero granular, porém apresentam pequena profundidade
e com isso, a produtividade dos poços tubulares é menor.
Os aquíferos fissurais são constituídos por rochas ígneas e também por rochas metamór-
ficas de alto grau, ambas caracterizadas por possuir um elevado grau de fraturamento. São
rochas que apresentam uma porosidade primária muito baixa a nula e a única maneira
da água se acumular e ser transmitida vem da sua movimentação pelos planos de fraturas.
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Figura 5.3  Tipos de aquíferos quanto à porosidade (Fonte: IRITANI e EZAKI, 2009).

Os planos de fraturas que se comunicam entre si é que permitem a passagem de água


subterrâneas e são considerados como uma porosidade secundária, ou seja, uma porosidade
adquirida posteriormente à formação da rocha. Em geologia, quando uma destas rochas
apresenta-se intensamente fraturada e com elevado potencial de fornecimento de águas
subterrâneas, são denominadas na engenharia como Cataclasitos. São também aquíferos
de abrangência mais local e sendo assim, a produtividade do poço estará condicionada
à presença de intensos fraturamentos de elevada persistência lateral cujas fraturas sejam
abertas para facilitar a transmissão da água.
Por fim, os aquíferos cársticos são constituídos essencialmente por rochas carbonáticas
que sofreram dissolução por meio da infiltração e percolação de águas meteóricas. As
águas de chuva se associam facilmente com o gás carbônico (CO2) e formam o ácido
carbônico (H2CO3) tornando-se águas levemente ácidas. Estas águas, ao dissolverem
estes tipos de rochas, geram cavidades no interior destes corpos rochosos, formando
condutos e rios subterrâneos. Neste caso, a percolação ocorre via dissolução da ro-
cha e portanto, este tipo de porosidade é também classificada como uma porosidade
secundária, oriunda desta transformação química. As rochas sedimentares carbonáticas,
como os Calcários Calcíticos e o Calcários Dolomíticos são as mais comuns que
compreendem este tipo de aquífero. Porém, rochas metamórficas carbonáticas, como
Mármores e Dolomitos também podem ocorrer. Possuem ocorrência muito restrita e
se comportam com aquíferos muito locais, embora muito produtivos. A sua exploração
deve ser cautelosa, pois, com o bombeamento, a pressão da água nas cavidades se reduz
drasticamente e podem gerar recalques e subsidências nas superfícies dos terrenos
próximos. Outro ponto negativo deste tipo de aquífero é a sua qualidade, pois são
águas duras (águas fortemente bicarbonatadas cálcicas) e muitas vezes impróprias para
o consumo humano.
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Figura 5.4  Diferentes tipos de aquíferos classificados quanto à pressão da água subterrânea
(Adaptado de PINTO et al., 1976).

Numa outra perspectiva, quanto à pressão submetida à água subterrânea, os aquíferos


podem ser livres ou confinados. Em geral, podem ser classificados como aquíferos livres,
aqueles em que a pressão da água subterrânea é igual ou muito próxima da pressão atmos-
férica (superficial) e os aquíferos confinados, cuja pressão é superior à pressão atmosférica
(PINTO et al., 1976; FEITOSA e MANOEL FILHO, 2000; e BOSCARDIN BORG-
HETTI e BORGHETTI FILHO, 2004), conforme pode ser observado na Figura 5.4.
Os aquíferos livres encontram-se em geral mais próximos da superfície do terreno e
assim são mais fáceis de serem explorados. Os poços de captação são menos profundos e,
dependendo do tipo de porosidade da rocha, são bons produtores de águas subterrâneas.
Os aquíferos confinados são mais profundos e limitados por uma camada confinante
superior por um material natural (rocha ou sedimento) impermeável, que pode ser uma
camada de argila ou de uma rocha com porosidade primária nula, como basaltos, granitos
ou gnaisses. Como a pressão destas águas é superior à pressão atmosférica na superfície,
quando se perfura um poço ocorre a elevação do nível estático do poço, até atingir o
nível de pressão desta água, denominado de nível piezométrico ou nível potenciométrico.
Quando o nível de pressão da água se posicionar acima do nível da superfície do terreno,
ocorre a situação de um poço jorrante. Na literatura atual, não basta ser um aquífero
confinado para se ter um poço artesiano, é preciso que seja um poço jorrante também.
Em outras palavras, um poço artesiano é sinônimo de poço jorrante.
Conforme visualizado no Capítulo 3, existe uma comunicação intensa entre águas
superficiais com águas subterrâneas, em geral ambas recebem a contribuição de recarga
das águas de chuvas. O rio influente recarrega com água o aquífero e o rio efluente é
abastecido subsuperficialmente pelas águas de um aquífero.
A comunicação de águas subterrâneas pode ocorrer entre uma camada de aquífero
livre com uma camada de aquífero confinado, por meio da passagem de água entre uma
camada aquífera e outra. Neste caso, estes aquíferos são considerados drenantes. O aquífero
livre é considerado drenante, quando sua base é constituída por uma camada semipermeável
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que permite a comunicação e transferência de águas com o aquífero inferior. Já o aquífero


confinado é drenante quando possui uma camada superior ou uma camada inferior drenante,
semipermeável. Estas camadas podem ser constituídas por argilas arenosas, siltes ou por uma
camada de rocha localmente fraturada, como ocorre facilmente em camadas de basaltos da
Formação Serra Geral no sudeste brasileiro.

5.3  NOÇÕES DE GEOLOGIA DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS


Inicialmente, no estudo sobre os materiais geológicos que comportam aquíferos,
tem-se os sedimentos e solos, que são camadas de materiais inconsolidados oriundos da ação
do intemperismo físico e químico sobre as rochas (materiais consolidados pré-existentes).
Dentre os principais tipos de sedimentos estão os depósitos aluvionares, os coluvionares e os
eólicos (dunas). Os solos são materiais que passaram por uma evolução pedogenética mais
profunda, com a geração de horizontes e/ou camadas com composição e comportamento
distintos, porém se comportam muito semelhantemente com os sedimentos.
Os depósitos aluvionares são constituídos por materiais de origem fluvial, cujo
ambiente deposicional ocorre em regiões próximas ou dentro dos vales dos principais
cursos de rios e ribeirões. São considerados depósitos de composição heterogênea, ou
seja, envolvem uma grande variedade de tipos e tamanhos de grãos minerais e/ou de
rochas. Os grãos apresentam-se com elevado grau de arredondamento de grãos e alta
esfericidade, devido ao intenso transporte e atrito gerados em fluxo aquoso. É pos-
sível dentro de uma mesma sequencia sedimentar aluvial se encontrar materiais finos,
como areias quartzosas, junto de materiais grossos, como areias grossas e pedregulhos.
A sua ocorrência está restrita dentro da zona de várzea e de espessura pequena, sendo
considerados como aquíferos localizados. Como são sedimentos muito fofos, a porosidade
intersticial é muito elevada, o que, somado ao fato do nível freático ser superficial, torna
estes aquíferos fáceis de serem explorados, permitindo a criação de poços rasos nestas
regiões. Por possuírem um nível d’água muito próximo da superfície e por apresentarem
elevada porosidade (materiais são ausentes de cimento), são aquíferos considerados muito
vulneráveis aos agentes contaminantes.
Os depósitos coluvionares ou coluviões são depósitos de gravidade, que foram gerados
pela ação do intemperismo nas rochas situadas em cotas mais elevadas e que depois de um
pequeno transporte gravitacional, se depositaram nos sopés das encostas. Possuem um ex-
tensão e espessura muito pequenas, de forma que são considerados aquíferos de ocorrência
restrita e fracionada, por não estarem ligados uns aos outros na região. Portanto, são aquíferos
de textura arenosa a argilosa, de baixa produtividade e portanto não são muito explorados.
Os depósitos eólicos ou de dunas são constituídos por sedimentos arenosos entre
finos e médios, em geral com elevada uniformidade no tamanho de grãos e consequente
homogeneidade composicional e textural, devido ao transporte pela ação dos ventos
possuírem uma energia mais constante. A porosidade destes materiais inconsolidados e
muito fofos pode atingir de 30% a 45%, um valor muito alto que os torna bons aquíferos,
porém restritos em nosso país às regiões costeiras.
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Os sedimentos de várias origens (fluvial, coluvial ou eólico), se submetidos ao processo


de diagênese, transformam-se em rochas sedimentares, que são excelentes aquíferos. As ro-
chas sedimentares passaram por intensa compactação de grãos, expulsão de água dos poros
e consequente cimentação de grãos, sendo materiais mais coesivos que os sedimentos de
origem. As rochas sedimentares clásticas, ou seja, de origem detríticas, são os melhores
aquíferos que existem no mundo, por constituírem aquíferos de abrangência regional e
muito espessos, na qual apresenta elevadíssima produtividade e também ótima qualidade
de águas. Dentre os principais tipos de rochas sedimentares clásticas estão o Arenito (rocha
na fração areia) e o Conglomerado (rocha na fração pedregulho). Já as rochas sedimen-
tares oriundas da precipitação química possuem uma porosidade primária muito baixa,
porém são rochas carbonáticas que facilmente sofrem dissolução pela infiltração de águas
superficias ácidas (águas de chuvas). A dissolução carbonática gera cavidades subterrâneas
e assim estas rochas podem conter rios e dutos subterrâneos de grande vazão. Porém
são águas fortemente bicarbonatas cálcicas, são consideradas águas de elevada dureza de
carbonatos, que em muito impede seu uso no abastecimento público e uso industrial.
As rochas ígneas como os basaltos e granitos e também as rochas metamórficas de alto
grau são consideradas em engenharia como sendo rochas cristalinas, que significam ser ro-
chas brilhantes, impermeáveis e de alta resistência mecânica. A porosidade primária nestes
materiais são nulas, ou seja, são materiais impermeáveis, porém podem obter uma porosidade
secundária devido ao intemperismo químico, e assim se transformarem em materiais rochosos
decompostos e portanto permeáveis. Neste caso, acabam se comportando como materiais
inconsolidados e portanto, como aquíferos granulares. Mas essa ocorrência é muito restrita
aos primeiros metros da superfície, pois em profundidade maior, são materiais inalterados e
portanto impermeáveis.Todas essas rochas cristalinas podem sofrer tensões crustais e desenvol-
verem fraturas que se extendem por diversas direções e profundidades. Neste caso, estas rochas
inicialmente impermeáveis, tornam-se armazenadoras e transmissoras de águas subterrâneas
por meio dos planos de fraturas, constituindo assim, os aquíferos fissurais. São considerados
aquíferos de produtividade baixa e apenas onde o maciço encontra-se intensamente fraturado é
que haverá disponibilidade de se encontrar água. São aquíferos locais e de baixa produtividade,
formados por rochas cristalinas muito fraturadas, denominadas de Cataclasitos.

5.4  CONTAMINAÇÃO DE SOLOS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS


Muitas são as substâncias químicas presentes nas águas subterrâneas que não necessaria-
mente causam algum dano ao meio ambiente ou à vida. Por outro lado, uma água é considerada
contaminada quando possui substâncias inorgânicas e/ou orgânicas com valores acima dos
permitidos pelas normas nacionais e internacionais de qualidade de águas, cuja introdução
destes elementos contaminantes pode ter ocorrido de forma natural, planejada ou acidental.
As atividades industriais são consideradas importantes fontes de vários tipos de con-
taminantes, onde estão incluídas águas de descarte contendo compostos químicos, águas
com elevada temperatura, águas contaminadas por elementos radioativos, chorumes de
aterros sanitários e derramamentos acidentais de produtos químicos tóxicos. As atividades
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urbanas destacam-se como fontes de contaminação das águas subterrâneas: a produção


de chorume doméstico; as fossas sépticas; vazamento de redes de esgotos municipais; e o
vazamento de postos de combustíveis. E por sua vez, as atividades agrícolas são respon-
sáveis pelas fontes difusas de contaminação e compreendem em geral o uso inadequado
de fertilizantes minerais e orgânicos, de herbicidas e pesticidas. Atualmente, as criações
intensivas de animais em áreas de confinamento, também propiciam que substâncias de
origem orgânica, como nitratos e coliformes, possam contaminar as águas subterrâneas.
Muitos são os processos de transporte e mecanismos de migração dos elementos e
compostos contaminantes, onde se destacam a advecção, a dispersão, a difusão molecular,
a difusão turbulenta, o decaimento de primeira ordem e a sorção.
De acordo com Cleary (1991), a advecção é o principal mecanismo responsável pela
contaminação dos aquíferos, devido à migração do contaminante. Ela envolve o movi-
mento natural da água no subsolo, pois o soluto dissolvido move-se na mesma velocidade
e direção que a água. A dispersão pode ser definida como a soma dos coeficientes de
difusão molecular e/ou turbulenta e da advecção diferenciada. A difusão molecular é o
espalhamento do constituinte em um meio, ainda que este possua velocidade média nula,
devido ao movimento decorrente da agitação térmica das partículas de um fluido. O
coeficiente de difusão molecular para meios porosos é uma função linear da velocidade
de percolação do meio. A maioria das espécies químicas possui coeficiente de difusão
molecular em líquidos da ordem de 10-9 a 10-10 m2/s, a 20°C, portanto sua contribuição
para o coeficiente de dispersão é extremamente pequena. Entretanto, em argilas de
baixíssima permeabilidade, onde o transporte por advecção é praticamente nulo, a con-
tribuição do coeficiente de difusão ao coeficiente de dispersão é significativa; em outros
casos, a contribuição é desprezível. Já a difusão turbulenta possui conceito análogo ao
de difusão molecular, porém é baseado no movimento turbulento dos fluidos, no qual
o poder de espalhamento dos constituintes é muito mais intenso que aquele observado
em movimentos laminares. As reações de decaimento de primeira ordem em águas
subterrâneas incluem decaimento radioativo e a biodegradação. O contaminante decai
exponencialmente com o tempo e é função da constante de decaimento de primeira
ordem, que por sua vez depende da meia vida do contaminante. A sorção compreende
uma ação conjunta dos mecanismos de absorção e adsorção. É a partição dos sorvidos, ou
espécies químicas, entre as fases de solução ou líquida, e sorvente ou sólida. Os sorvidos
migram da fase líquida para a fase sólida até que haja o equilíbrio entre as partes. Na
prática, ocorre um retardamento, no qual a velocidade das espécies químicas é menor do
que a da água subterrânea não contaminada. Devido à interrelação intensa entre solos e
águas subterrâneas, este capítulo tratará da contaminação nestes dois meios.

5.4.1  Substâncias presentes/ausentes nos solos e nas águas subterrâneas


Substâncias naturalmente ausentes no solo
De acordo com a CETESB (2005), são consideradas substâncias naturalmente ausentes
no solo aquelas geradas ou isoladas antropogenicamente em processos industriais.
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O valor de referência de qualidade de solos e águas subterrâneas pode ser estabelecido


como o limite de detecção dos métodos analíticos que representem a melhor tecnologia
analítica disponível em procedimentos analíticos padronizados (CETESB, 2001).A Tabela 5.1
apresenta os limites de detecção para os compostos de maior interesse ambiental analisados
atualmente no Laboratório de Química Orgânica da CETESB, além daqueles obtidos em
métodos analíticos praticados internacionalmente, para os casos em que ainda não se dispõe
de metodologia padronizada.

Tabela 5.1  Limites de detecção dos métodos analíticos adotados na CETESB (2005) e pela American
Society for Testing and Materials (ASTM) para solos.
Limites de Detecção para Mostras de Solos

Substância CETESB (mg.kg-1) ASTM (ppm)

Aldrin 0,00125 -
Antraceno - 0,17
Benzeno 0,25 -
Cloreto de Vinila - 0,05
DDT 0,0025 -
Diclorobenzeno - 0,02
1,2 Dicloroetano 0,5 -
Diclorofenol - -
Endrin 0,00375 -
Estireno - 0,05
Fenol - 0,3
Hexaclorobenzeno 0,0005 -
Lindano – HCH 0,00125 -
Naftaleno - 0,20
PCB (Bifenilas Policloradas) 0,020 -
Pentaclorofenol 0,010 -
Tetracloroetileno 0,10 -
Tolueno 0,25 -
1,1,1 Tricloroetano - 0,01
Tricloroetileno 0,10 -
Triclorofenol - 0,2
Xileno 0,25 -

Substâncias naturalmente presentes no solo


Os valores de referência de qualidade para as substâncias inorgânicas de interesse am-
biental (metais pesados) que ocorrem naturalmente no solo podem ser estabelecidos
em função das suas concentrações naturalmente encontradas, porém levando-se em
consideração a variação das propriedades de cada solo (CETESB, 2001).
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A expressão “metal pesado” aplica-se a elementos que têm peso específico maior que
5 g.cm-3 ou que possuem um número atômico maior que 20. Entretanto, em assuntos
ambientais, a expressão engloba um conjunto heterogêneo de elementos, como metais,
semi-metais e mesmo não metais como o selênio (Se).
São considerados os seguintes metais pesados de maior frequência encontrados em
solos: Cu, Fe, Mn, Mo, Zn, Co, Ni, V, Al, Ag, Cd, Cr, Hg e Pb (MALAVOLTA, 1994
apud CETESB, 2005).
Os valores de referência da Tabela 5.2 foram extraídos do Relatório de Estabelecimento
deValores Orientadores para Solos e Águas Subterrâneas no Estado de São Paulo (CETESB,
2005). Estes valores foram obtidos a partir de análises estatísticas descritivas e multivariadas
dos dados analíticos de metais e outros parâmetros determinados em amostras dos principais
tipos de solos do Estado de São Paulo, coletadas em áreas sem influências antropogênicas.

Tabela 5.2  Resultados da análise descritiva para os metais analisados (CETESB, 2005).


Concentração (mg.Kg-1)
Resultados Número de
Elemento Mínimo Máximo Mediana Quatil 75% abaixo do LD (%) amostras (n)

Alumínio 1.700 117.100 34.025 71.500 0 84


Arsênio <0,20 17,60 1,89 3,24 7 84
Bário <5 223 39 75 14 84
Chumbo <5,0 23,5 9,8 17 36 84
Cobre 3,0 393,0 20,3 35,1 0 84
Cromo 2,2 172,5 26,3 40,2 0 81
Ferro 500 198.500 27.075 77.825 0 84
Manganês 5 2.330 235 461 0 84
Níquel 1,55 73,5 8,0 13,2 0 84
Zinco 1,5 200,0 30,6 59,9 0 84
Antimônio <25 <25 <25 <25 100 54
Cádmio <0,50 <0,50 <0,50 <0,50 100 54
Milibdênio <25 <25 <0,25 <25 100 54
Prata <0,5 15,4 <0,5 <0,5 98 53
Selênio <0,20 0,56 0,2 0,25 71 84
Cobalto <7,5 65,0 7,5 12,5 65 54
Vanádio <85 818 85 274 56 54
Mercúrio <0,02 0,08 0,02 0,05 54 84

Substâncias naturalmente ausentes nas Águas Subterrâneas


Alguns valores de referência de qualidade para as substâncias naturalmente ausentes nas
águas subterrâneas foram obtidos por meio da detecção dos métodos analíticos adotados
pela CETESB (2001). Para as outras substâncias, cuja análise não é executada na CETESB,
adotaram-se os limites de detecção da American Society for Testing and Materials – ASTM.
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Estes limites são apresentados na Tabela 5.3. Os limites de detecção são valores bem
abaixo do esperado, utilizados para a identificação das substâncias contaminantes em
águas subterrâneas. Nesta tabela encontram-se compostos orgânicos de origem antrópica,
naturalmente ausentes em aquíferos.

Substâncias naturalmente presentes nas águas subterrâneas


As águas subterrâneas percolam solos, sedimentos e rochas de subsuperfície e assim in-
corporam gradativamente cátions e ânions oriundos destes materiais, por meio de reações
químicas, onde se destacam a dissolução e a hidrólise. Em geral, quanto maior o tempo de
residência de uma água subterrânea, maior será a sua salinidade. Aquíferos muito profun-
dos, como o Aquífero Guarani, que se estende pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai,
são muito extensos e formam importantes reservas subterrâneas regionais, possuem um
tempo de residência na faixa de milhares de anos, onde uma contaminação poderá levar
anos para ser remediada, ou até mesmo ser considerado irremediável tecnicamente.

Tabela 5.3  Limites de detecção dos métodos analíticos adotados pela CETESB e pela American
Society for Testing and Materials (ASTM) para amostras de águas (CETESB, 2001).
Limites de Detecção para Águas Subterrâneas

Parâmetro CETESB (micro g.L-1) ASTM (micro g.L-1)

Acetona - 10
Aldrin 0,005 -
Antraceno - 5
Benzeno 1,00 -
Cloreto de Vinila - 0,5
DDT 0,01 -
Diclorobenzeno - -
1,2 Dicloroetano 1,0 -
Diclorofenol - -
Endrin 0,015 -
Estireno - 5
HCH – Lindano 0,005 -
Hexaclorobenzeno 0,002 -
Naftaleno - 3
PCB (Bifenilas Policloradas) 0,1 -
Pentaclorofenol 0,1 -
Tetracloroetileno 1,0 -
Tolueno 1,0 -
1,1,1 Tricloroetano - 2
Tricloroetileno 1,0 -
Xileno 1,0
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No estudo de contaminação de águas subterrâneas, deve-se determinar quais são os


parâmetros químicos de uma determinada formação aquífera que podem ser considerados
naturais ou provenientes de fontes antrópicas. De acordo com a CETESB (2001), apesar
de o teor de substâncias dissolvidas aumentar à medida que se prolonga o contato da
água subterrânea com a litologia envolvida, as variações são muito pequenas. Portanto,
qualquer alteração extrema ou fora do esperado indica a presença de contaminação.
As concentrações naturais de metais em águas subterrâneas encontram-se geralmente
abaixo de 1 mg/L, com exceção ao ferro, devido a fatores de atenuação que regulam a
solubilidade dos metais, como adsorção em minerais de argila, em hidróxidos de ferro
e manganês e na matéria orgânica. (FREEZE e CHERRY, 1979). A presença de outros
metais na água subterrânea, principalmente daqueles regulamentados em legislações de
potabilidade, têm recebido maior atenção, uma vez que esses elementos raramente ocor-
rem de forma natural na água subterrânea em concentrações elevadas (CETESB, 2001).
Os aquíferos livres ou freáticos, na maioria dos casos, são os mais susceptíveis a serem
contaminados, por serem aquíferos pouco profundos e, sendo assim, mais próximos da
superfície de onde provém os agentes contaminantes.
No Estado de São Paulo, os valores de referência de qualidade das águas subterrâneas para
as substâncias naturalmente presentes são as concentrações naturais obtidas através da obtenção
de dados de poços de monitoramento de diferentes sistemas aquíferos (CETESB, 2001).

5.4.2  Principais contaminantes nos solos e nas águas subterrâneas


Contaminantes inorgânicos
Os principais tipos de contaminantes inorgânicos são o cobre, o mercúrio, o cádmio, o
manganês, o cromo, o alumínio, o arsênio, o flúor e o selênio. As concentrações em águas
naturais são inferiores a 1mg/l, exceto para o ferro, e estes elementos em geral são um
tipo raro de contaminação em águas subterrâneas.
Nas águas subterrâneas, o cobre total é detectado em baixas concentrações, geral-
mente inferior a 0,020 mg/L. Por possuir forte afinidade com argilas, óxidos de ferro e
manganês, e materiais carbonáticos, a concentração em sedimentos é geralmente mais
elevada. Normalmente existe uma ampla diferença entre níveis deficientes e tóxicos de
cobre para os mamíferos. Entretanto, a ingestão continuada de cobre em níveis acima
das exigências dietéticas dos animais conduz a um acúmulo gradativo do elemento em
vários tecidos, principalmente no fígado, acarretando, eventualmente, na intoxicação
por cobre (CETESB, 2001). A concentração de cobre nas águas subterrâneas não pode
exceder 1,0 mg/L quando utilizadas para abastecimento público.
A concentração de mercúrio nas águas é normalmente baixa, entre 10 e 100 mg/L. No
ambiente, o mercúrio inorgânico pode ser metilado para formas altamente solúveis e espécies
tóxicas. Estes compostos são rapidamente absorvidos e bioacumulados por plantas e animais.
Bactérias e fungos têm sido implicados no processo de metilação. O metil mercúrio se concen-
tra em todos os níveis tróficos (WHO, 1994 apud CETESB, 2001). Em geral, a concentração
não pode ser superior a 0,002mg/L em águas subterrâneas utilizadas para consumo humano.
Águas Subterrâneas 135

O cádmio nas águas continentais se encontra em concentração muito variável tanto


na forma dissolvida como em particulados. A sorção em sólidos em suspensão, tais como
a argila, é o processo dominante. Outros processos, como a fotólise e a volatilização, têm
pouca importância a nível de metais (CETESB, 2001).
O manganês apresenta concentração extremamente variável nas águas continentais,
valores esses que variam de 0,002 a 4 mg/L (CETESB, 2001). Em águas subterrâneas
admite-se valores inferiores a 0,1 mg/L.
A principal via de exposição da população em geral ao cromo é pela ingestão de alimen-
tos e pela água. Muitas nações usam o padrão de potabilidade recomendado pela Organização
Mundial de Saúde de 0,05 mg/L na forma de Cr+6, a espécie dominante (CETESB, 2001).
O alumínio dissolvido em água é complexado e influenciado pelo pH, temperatura e
a presença de fluoretos, sulfatos, matéria orgânica e outros ligantes. A solubilidade é baixa
na faixa de pH entre 5,5 e 6,0. Em geral sua concentração não pode exceder 0,05mg/L
em águas destinadas ao consumo humano (CETESB, 2001).
Em corpos d’água, o arsênio é predominantemente encontrado depositado em sedi-
mentos. Muitas nações adotam como padrão de portabilidade a recomendação da Orga-
nização Mundial de Saúde, de apenas 0,05 mg/L, porém recomenda-se que não ultrapasse
0,01mg/L. Este padrão não considera o potencial de efeitos carcinogênicos, projetando
um possível aumento de 2,5 casos de câncer de pele por milhão (CETESB, 2001).
O flúor em águas subterrâneas pode ocasionar fluorose dental, principalmente em
crianças, as mais susceptíveis à doença. Recomenda-se que não se ultrapasse 0,7 mg/l em
água para consumo humano.
O selênio sob condições naturais, sua concentração em águas geralmente varia de 0,3
a 3 mg/L. A partir de concentrações de 10 a 25 mg/L, as propriedades organolépticas
da água, principalmente o odor, podem ser afetadas. Águas superficiais apresentam níveis
de selênio menores do que as encontradas nas águas subterrâneas. O ideal é que sua
concentração não seja superior a 0,01mg/L. (CETESB, 2001).

Contaminantes orgânicos
Dentre os principais tipos de contaminantes orgânicos estão os Compostos Orgânicos
Voláteis (VOC’s) e os derivados de hidrocarbonetos (NAPL – non aquous phase liquid),
que são os compostos de fase livre não aquosa.
Os VOC’s são compostos que contêm carbono e que participam de reações foto-
químicas na atmosfera, excluindo monóxido de carbono, dióxido de carbono, ácido
carbônico, carbetos ou carbonatos metálicos e carbonato de amônio. São carcinogênicos,
dentre os quais se destacam o benzeno, tolueno, 1,3 butadieno e hidrocarbonetos clorados.
Sciulli (2008), em seus estudos sobre os VOC’s, enfatizou que a descloração redutiva é
um importante processo natural que consiste na retirada gradual dos átomos do cloro da
estrutura molecular do PCE (tetracloroetileno) em função da redução química (ganho de
elétrons) da molécula de PCE, processo esse é realizado naturamente (atenuação natural) ou
estimulada por ação antrópica (biorremediação). Este processo de descloração redutiva é de
grande importância na etapa final das técnicas de remediação, onde amostras de água são
136 Ciências Ambientais para Engenharia

coletadas e assim pode haver o acompanhamento do decaimento natural da concentração


destes compostos em suas fases contaminantes e assim concluir com segurança o projeto de
remediação inicialmente proposto.
Nesta reação, o composto PCE, contendo 4 átomos de cloro em sua estrutura mo-
lecular, perde sucessivamente os átomos de cloro, gerando os compostos tricloroeteno
(TCE) com 3 átomos de cloro, 1,1 dicloroetenos com 2 átomos de cloro e o cloreto
de vinila (VC) com 1 átomo de cloro. No final do processo, o VC forma os compostos
etileno e etano, finalizando com a geração de substâncias não perigosas à saúde, como o
gás carbônico (CO2) e moléculas de água (H2O) e de Cloro (Cl-), conforme ilustrado
na Figura 5.5 a seguir (USEPA, 1998; CETESB, 2005; e ARMAS, 2007).

Figura 5.5  Processo de descloração redutiva para a degradação do PCE (Adaptado de ARMAS, 2007).
Águas Subterrâneas 137

Uma grande preocupação ambiental sobre a descloração redutiva do composto


PCE na subsuperfície advém da formação do cloreto de vinila (Vinyl Chloride -CV).
Segundo a CETESB (2005), o limite de intervenção (limite acima do qual é obrigatória
a intervenção de um processo de remediação do contaminante) do cloreto de vinila
é de 5 ug/l, 8 vezes inferior, portanto, ao limite de intervenção do PCE de 40 ug/L.
Desse modo, pode-se concluir que o processo de degradação do PCE gera um com-
posto mais tóxico. Sendo assim, em alguns processos de remediação, no qual a área
possui altas concentrações de PCE, é necessário antes reduzir essa concentração (por
bombeamento por exemplo), antes de se efetuar a decloração redutiva do composto,
diminuindo os riscos ambientais no local.
Também de origem orgânica são os compostos de fase livre não aquosa (NAPL),
que podem ser leves ou densos: LNAPL (light non-aqueous phase liquid); e DNAPL (dense
non-aqueous phase liquid). Ambos podem contaminar tanto os solos como as águas sub-
terrâneas (CHIARANDA, 2006 e OLIVEIRA, 2007). O grupo LNAPL é caracterizado
por possuir densidade menor do que a água, se encontram entre a zona não saturada e a
zona saturada do aquífero. Ele se acumula no topo da franja capilar, formando um “véu”
móvel à superfície do nível freático que começa a se espalhar lateralmente e a se mover na
direção em que o gradiente hidráulico é decrescente (Figura 5.6) (CHIARANDA, 2006
e OLIVEIRA, 2007).

Figura 5.6  Ilustração de uma contaminação de solos e águas subterrâneas por um LNAPL (Adaptado
de OLIVEIRA, 2007).
138 Ciências Ambientais para Engenharia

Como exemplo de hidrocarboneto com essa característica pode-se destacar a gasolina,


o óleo diesel e o querosene em postos de combustíveis, que atualmente têm sido o grande
foco de contaminação de solos e águas subterrâneas em centros urbanos.
Já o grupo DNAPL se caracteriza por possuir densidade maior que a água, penetrar
no solo deslocando a água e acumular-se sobre as superfícies menos permeáveis, a partir
de onde escoa (Figura 5.7) (CHIARANDA, 2006 e OLIVEIRA, 2007). Como exemplo
se destacam os hidrocarbonetos clorados, PCBs (bifenilas poli-cloradas), antraceno, pireno,
1,1,1-TCE (Tricloroetileno) e fenol.

Figura 5.7  Ilustração de uma contaminação de solos e águas subterrâneas por um DNAPL (Adaptado
de OLIVEIRA, 2007).

Bertolo (2006) expressa que o deslocamento dos hidrocarbonetos em um aquífero


é comandado por processos que aceleram e que retardam seu movimento no ambiente,
ocasionando mudanças na forma e no tamanho da pluma de contaminação. Entre esses
processos estão o transporte (composto pelos mecanismos de advecção, dispersão me-
cânica, difusão molecular e sorção), a transformação física (volatização), a transformação
química (hidrólise, oxidação e redução), a transformação biológica (biodegradação) e a
acumulação em um ou mais meios, incluindo o meio receptor. Em compostos NAPL,
há uma transformação contínua em contaminantes em fases vapor, adsorvida, livre e
também dissolvida em água, que é a parcela miscível (Figura 5.8).
Águas Subterrâneas 139

Figura 5.8  Principais processos e fases contaminantes dos compostos NAPL (BERTOLO, 2006).

O deslocamento dos contaminantes também depende das características locais como


permeabilidade, estratigrafia dos terrenos, capacidade de troca catiônica do solo, potencial
de hidrogênio (pH), textura do solo, velocidade do fluxo, entre outros.
De acordo com Bertolo (2006), na camada insaturada e em meios granulares estes
contaminantes podem se encontrar na fase livre ou residual, dissolvidos em água, adsor-
vidos pelos grãos e partículas e na forma de gases voláteis (Figura 5.9).
O comportamento desses contaminantes no solo, principalmente dos hidrocarbonetos,
é determinado em função do composição do solo e das características físico-químicas
do tipo de contaminante. Nesse contexto, a USEPA (1993) descreveu que os hidrocar-
bonetos normalmente migram verticalmente pela zona insaturada sob a influência das
forças gravitacional e capilar. A quantidade de produto que irá afetar a água subterrânea
dependerá de sua quantidade inicial, da distância vertical entre o ponto de vazamento e
o lençol freático e da quantidade de poluente que ficará retido no solo.
O comportamento dos hidrocarbonetos na zona saturada sempre é bifásico por se
tratarem de compostos orgânicos que apresentam baixa miscibilidade em água.

5.4.3  Padrões de Qualidade das Águas Subterrâneas


Os padrões de qualidade indicam qual é o limite de concentração de um contaminante
que poderá ser encontrado no solo e nas águas subterrâneas, de uma determinada região,
acima do qual, existe um risco potencial à saúde humana. Os padrões permitem no caso
de uma água subterrânea estar contaminada, estabelecer o projeto de remediação mais
adequado e posteriormente efetuar um gerenciamento de toda a área contaminada.
A CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) é a agência do
Governo do Estado de São Paulo responsável pelo controle, fiscalização, monitoramento
140 Ciências Ambientais para Engenharia

Figura 5.9  Fases de hidrocarbonetos de fase livre não aquosa (BERTOLO, 2006).

e licenciamento de atividades geradoras de poluição, com o objetivo de preservar e


recuperar a qualidade do ar, do solo e das águas. O Padrão CETESB não contempla
atualmente apenas o Estado de São Paulo, tendo sido utilizado em todo o país.
O Padrão CETESB contempla 84 substâncias, cujos valores orientadores são definidos
e têm a sua utilização como segue (CETESB, 2005):
• Valor de referência de qualidade (VRQ): é a concentração de determinada substância
no solo ou na água subterrânea, que define um solo como limpo ou infere sobre a
qualidade natural da água subterrânea. Deve ser utilizado como referência nas ações
de prevenção da poluição do solo e das águas subterrâneas e de controle de áreas
contaminadas.
• Valor de prevenção (VP): é a concentração de determinada substância, acima da qual
podem ocorrer alterações prejudiciais à qualidade do solo e da água subterrânea. Deve
ser utilizado em caráter preventivo e, quando excedido no solo, deverá ser exigido o
monitoramento das águas subterrâneas, identificando-se e controlando-se as fontes
de poluição.
• Valor de intervenção (VI): é a concentração de determinada substância no solo ou
na água subterrânea acima da qual existem riscos potenciais, diretos ou indiretos,
à saúde humana, considerando um cenário de exposição genérico. Será utilizado
em caráter corretivo no gerenciamento de áreas contaminadas e quando excedido
requer alguma forma de intervenção na área avaliada, de forma a interceptar as vias
de exposição, devendo ser efetuada uma avaliação de risco caso a caso.
Para o estabelecimento dos valores de intervenção (VI) para a água subterrânea
foram consideradas as concentrações que causam risco à saúde humana listadas na Por-
taria 518 do Ministério da Saúde de 25 de março de 2004, dos padrões de potabilidade
do Guia da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2004) ou calculados segundo a
metodologia da OMS. Uma nova lista foi publicada pelo Diário Oficial do Estado de
Águas Subterrâneas 141

Tabela 5.4  Valores orientadores de contaminação de principais compostos orgânicos em solos e


águas subterrâneas (CETESB, 2005).
Substância Solo (mg.kg-1 de peso seco) Água Subterrânea (mg.L-1)

Etenos Clorados Prevenção Intervenção Intervenção

Agrícola Residencial Industrial

Cloreto de vinila 0,003 0,005 0,003 0,008 5


1,1-Dicloroeteno – 5 3 8 30
1,2-Dicloroeteno – cis - 1,5 2,5 4 50
1,2-Dicloroeteno – trans - 4 8 11 50
Tricloroeteno – TCE 0,0078 7 7 22 70
Tetracloroetano – PCE 0,054 4 5 13 40

São Paulo no dia 1º de dezembro de 2005, com os valores limites de contaminantes


para solos e águas subterrâneas no estado de São Paulo (CETESB, 2005) – (Tabela 5.4).
Em 2006 o CONAMA passou a usar os limites estabelecidos pelo CETESB em um
nível nacional.

5.5  PRINCIPAIS PROCESSOS E TÉCNICAS DE REMEDIAÇÃO


DE SOLOS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
A camada insaturada é considerada uma importante zona de proteção das águas
subterrâneas, pois grande parte dos contaminantes ficam retidos em grande concen-
tração nos primeiros metros abaixo da superfície. Os argilominerais dos solos absorvem
parte dos contaminantes, fixando-os no solo. Nos poros desta camada os contaminantes
também podem ficar retidos, aderidos aos grãos minerais. Apenas os contaminantes mais
persistentes e quando derramados em grandes quantidades é que podem atravessar toda
camada insaturada e atingir o lençol freático. A partir daí, inicia-se a dispersão, com a
definição de uma pluma de contaminação nas águas subterrâneas, que seguem o sentido
preferencial de fluxo subterrâneo. Portanto, quanto mais espessa for a camada insaturada,
menos vulnerável estará o aquífero à contaminação.
Todo processo e técnicas de remediação de águas subterrâneas ocorrem paralelamente
com os de remediação de solos, que em grande parte são executados “in situ”, ou seja, no
próprio local da contaminação. Por outro lado, os solos podem ser tratados “ex situ”, ou
seja, são totalmente removidos do local contaminado, tratados e posteriormente reinseridos
ou não ao local de origem, sendo que este caso se aplica apenas quando a contaminação
é pontual e de ocorrência restrita aos primeiros metros de profundidade apenas.
As técnicas de remediação apresentadas a seguir serão subdivididas em sistemas Físicos,
Químicos e Biológicos (Figura 5.10).
A seguir serão apresentados as principais técnicas de remediação utilizadas para solos
e águas subterrâneas.
142 Ciências Ambientais para Engenharia

Figura 5.10  Resumo das principais técnicas de remediação utilizadas para Águas Subterrâneas e Solos.

5.5.1  Sistemas Físicos


Bombeamento (Pump and Treat)
A forma mais comum e amplamente usada na remediação de águas subterrâneas con-
taminadas por compostos voláteis consiste em um tratamento denominado Pump and
Treat. Neste procedimento, a água contaminada por poluentes orgânicos é retirada por
bombeamento, submetida a um processo de remoção de poluentes e descarregada, às
vezes, de volta ao reservatório natural. Segundo Kurozaua (2006), 75% das remediações
efetuadas nos Estados Unidos são provenientes desse tratamento em conjunto ou não
a outros processos.
Nesse tratamento a água subterrânea é retirada para a superfície através de uma bomba
pneumática ou elétrica, no qual o efluente é tratado posteriormente por processos como
a osmose reversa, ultra-violeta, tratamento com carvão, biorremediação, entre outros,
de acordo com o contaminante encontrado nesse efluente (KUROZAUA, 2006). Na
Figura 5.11 é apresentado um exemplo de bombeamento de contaminantes por uma
bomba submersa.

Extração Multifásica (Multi-Phase Extration – MPE)


O Sistema de Extração Multifásica ou Multi-Phase Extration (MPE) combina as técnicas
de bioventilação e remoção de massa a vácuo, possibilitando a extração da fase livre, fase
vapor, fase dissolvida na matriz do solo e estimulando o processo de biodegradação natural
Águas Subterrâneas 143

Figura 5.11  Bombeamento de contaminantes LNAPL (KUROZAUA, 2006).

na zona não saturada. O seu funcionamento consiste em um gradiente de pressão criado


nos poços de extração através da aplicação do vácuo, de onde são extraídas a fase livre,
vapor e dissolvida do contaminante. O gradiente de pressão é diretamente proporcional
ao vácuo aplicado e a eficiência de remoção do contaminante será em função do sistema
a ser implantado (TECNOHIDRO, 2011).
A mistura bombeada deve ser colocada em uma caixa separadora de água e óleo, a
parte oleosa que foi recuperada deverá ser armazenada em tambores enquanto a água
contaminada será destinada para tratamento de filtro de carvão ativado para ser injetado
novamente no poço. O vapor extraído será direcionado para um sistema de carvão ativado
e lançado posteriormente para a atmosfera.
A MPE é uma modificação da tecnologia de extração de vapor de solo (Soil Vapor
Extraction – SVE), e é comumente usada em solos de permeabilidade moderada (U.S.
ARMY, 1999).
Segundo USEPA (1997), a extração multifásica é dividida em duas tecnologias, na
Extração em Fase Dupla (Dual-Phase Extraction – DPE) e na Extração em Duas Fases
(Two Phase Extraction – TPE), que serão descritas mais detalhadamente nos itens a seguir.

Extração em Fase Dupla (Dual-Phase Extraction – DPE)


A Extração em Fase Dupla ou Dual-Phase Extraction (DPE) é uma tecnologia da Extração
Multifásica. O seu funcionamento consiste na extração de contaminantes na forma de
vapor através de um gradiente de pressão negativa (vácuo). Além disso, a tecnologia DPE
utiliza uma bomba submersa no mesmo poço do aquífero com o objetivo de retirar os
contaminantes dissolvidos na água, ou seja, o sistema DPE extrai os contaminantes de
um aquífero na forma de vapor e na forma liquida por meios diferentes, facilitando, desse
144 Ciências Ambientais para Engenharia

Figura 5.12  Sistema DPE (Adaptado de USEPA, 1997).

modo, o tratamento posterior desses resíduos (USEPA, 1997 e U.S. ARMY CORPS OF


ENGINEERS, 1999), conforme ilustrado na Figura 5.12.

Extração em Duas Fases (Two Phase Extraction – TPE)


A tecnologia da Extração em Duas Fases (Two Phase Extraction – TPE) tem como prin-
cipio o funcionamento descrito na extração multifásica (MPE), porém difere do sistema
DPE por não utilizar uma bomba submersa no poço do aquífero. A bomba de vácuo
(Blower) retira numa mesma tubulação os contaminantes em fase liquida e vapor, para
uma posterior tratamento dos mesmos (USEPA, 1997 e U.S. ARMY CORPS OF
ENGINEERS, 1999). A Figura 5.13 ilustra o funcionamento do TPE.

Injeção de oxigênio (Air sparging)


A injeção de oxigênio (Air sparging) é uma técnica de remediação in situ utilizada desde
cerca de 1985, para a recuperação de compostos orgânicos voláteis (VOC’s) dissolvidos
na zona saturada dos solos. Essa técnica tem grande apelo devido ao seu baixo custo em
relação às abordagens convencionais (SUTHERSAN, 1997).
Essa tecnologia consiste no borbulhamento na água do aquífero por meio de introdu-
ção de ar atmosférico à baixa pressão. As bolhas de ar são atravessadas horizontalmente e
verticalmente através de poços pela coluna de solo, criando uma aeração que remove os
contaminantes por volatização (USEPA, 2001). O Air Sparging é geralmente combinado
com um sistema de extração de vapores do solo (SVE), para onde os contaminantes
são removidos e tratados. A combinação destes dois sistemas é chamada de AS/SVE
(Figura 5.14). Este processo opera com altas taxas de fluxo de ar, a fim de se manter
contato constante entre a água e o solo e propiciar maior aeração da água subterrânea.
Águas Subterrâneas 145

Figura 5.13  Sistema TPE (Adaptado de USEPA, 1997).

Figura 5.14  Sistema Air Sparging associado ao SVE (TECNOHIDRO, 2011).

Os grupos-alvo de contaminantes do Air Sparging são VOC’s e combustíveis derivados


de petróleo (TECNOHIDRO, 2011).

Arraste por Borbulhamento (Air Stripping – AS)


O método Air Stripping (AS), ou Arraste por Borbulhamento, é um processo físico de
transferência de massa, que deve ser trabalhada em conjunto com uma boa tecnologia
disponível para tratar muitos compostos orgânicos voláteis presentes na água subterrânea
contaminada. O sistema é recomendado também para a remoção de nitrogênio amoniacal
146 Ciências Ambientais para Engenharia

no caso do tratamento de águas residuais do óleo cru, quando comparado aos processos
convencionais de tratamento de águas amoniacais.
O sistema utiliza ar para remover VOC’s dissolvidos na água com concentração
inferiores a 2000ug/L, transferindo para a fase gasosa, isso ocorre pois há um aumento
de área de contato da água contaminada com o ar, causando a separação dos VOC’s e a
água subterrânea contaminada (NEGÃO, 2002).
A configuração convencional de Air Stripping utiliza uma coluna de borbulhamento
no tratamento de água subterrânea (Figura 5.15 – FERRAZ, 2010). Nesse sistema, a água
subterrânea contaminada é bombeada para o topo de uma coluna e, simultaneamente,
ar limpo é soprado na base da mesma. O fluxo de ar promove transferência de meio, a
água é distribuída no topo e desce por gravidade. O fluxo de ar locado na base da coluna
sobe por anéis que promovem o borbulhamento no interior da coluna.

Figura 5.15  Esquema do tratamento de água contaminada por Air Stripping (Adaptado
de FERRAZ, 2010).
Águas Subterrâneas 147

Isolamento Hidrodinâmico
O Isolamento Hidrodinâmico é um método físico simples e muito eficaz que se utiliza de
controle hidráulico para isolar uma zona contaminada. Esse método consiste na abertura
de um poço na região a jusante da fonte de contaminação, caso não haja um poço nesse
local. Devido ao gradiente de pressão, a pluma contaminante migra em direção do poço.
Através do bombeamento, estabiliza-se o deslocamento dessa pluma de contaminação. É
muito empregado para a remediação de águas subterrâneas contaminadas por hidrocarbo-
netos tanto dos tipos LNAPL quanto DNAPL. Na contaminação por LNAPL (gasolina),
o bombeamento deve ser feito na superfície da água, a fim de se recuperar o combustível
e evitar que água seja bombeada. Na contaminação por DNAPL, pelo combustível ser
mais denso, o bombeamento deve ser feito na altura da base do aquífero (TECNOHI-
DRO, 2011). Neste processo é gerado um gradiente de pressão dirigido para os pontos dos
quais a água subterrânea é extraída, onde tem-se que o gradiente de pressão é diretamente
proporcional ao vácuo aplicado pelos poços, conforme ilustrado na Figura 5.16.

Figura 5.16  Isolamento Hidrodinâmico (TECNOHIDRO, 2011).

Extração de Vapores no Solo (Soil Vapor Extraction – SVE)


O sistema de Extração de Vapores no Solo ou Soil Vapor Extraction (SVE) (Figura 5.17)
é uma tecnologia de remediação aplicada na zona não saturada do solo. É induzido um
fluxo controlado de ar através da aplicação de vácuo e assim remover os contaminantes
148 Ciências Ambientais para Engenharia

Figura 5.17  Sistema de Extração de Vapores (SVE) (Adaptado de TECNOHIDRO, 2011).

voláteis e semivoláteis do solo. Após a extração, o gás retirado deve passar por uma ex-
tração de tratamentos de vapores, a fim de se evitar contaminação atmosférica.
Em alguns casos, o vácuo pode induzir a elevação do nível d’água no poço. Um
rebaixamento do lençol freático ou um aumento da faixa não saturada pode ser utili-
zado para se evitar esse problema. A injeção de ar é efetivada para facilitar a extração
de contaminação em profundidade, em baixas permeabilidades e em zona saturadas
(TECNOHIDRO, 2011).
Dentre as principais vantagens da extração de vapor estão o seu bom desempenho
comprovado, fácil instalação dos equipamentos, por poder combinar com outras tec-
nologias e principalmente por conseguir tratar grande volume de solos com um custo
reduzido (OLIVEIRA NETO; SANTOS e OLIVEIRA NETO 2007).
Por outro lado, a empresa Tecnohidro (2011) destacou alguns fatores que podem
limitar a aplicabilidade e eficiência do processo de extração de vapores, dentre os
quais:
• solos muito compactados ou com mais de 50% de umidade requerem muito vácuo,
inviabilizando economicamente a operação do SVE;
• solos com permeabilidade altamente variáveis ou estratificados podem resultar em
envio de fluxo de gás para regiões não contaminadas;
• sempre é necessário o controle da emissão de gases para eliminar possíveis danos para
a sociedade e ao meio ambiente;
• os efluentes gasosos, líquidos residuais e resíduos gerados poderão requerer tratamento
com carvão ativado;
Águas Subterrâneas 149

• solos com alto índice de matéria orgânica ou extremamente secos apresentam alta
taxa de absorção de VOC’s, o qual reduz as taxas de remoção;
• SVE é um método ulitizado apenas na zona insaturada do subsolo.

5.5.2  Sistemas Químicos


Oxidação Química in situ (ISCO)
A oxidação química é a parcial ou completa conversão de compostos em dióxidos
de carbono e água, sem a presença de microorganismos. A Oxidação Química In Situ
(ISCO) é uma técnica de remediação baseada na injeção de oxidantes químicos em áreas
contaminadas (água subterrânea e solo), esse processo consiste na introdução de oxidantes,
como o peróxido de hidrogênio (H202), permanganato de potássio (KMnO4), ozônio
(O3) ou em menor escala o oxigênio dissolvido (OD), em meios contaminados a fim
de, através de reações químicas, converter a sua massa em compostas inertes encontrados
na natureza (TECNOHIDRO, 2011). As aplicações mais comuns desses processos de
oxidação são baseadas no Reagente de Fenton, onde o peróxido de hidrogênio é aplicado
junto ao ferro (Fe), que funciona com um catalizador, gerando radicais hidroxilas livres,
oxidando os compostos orgânicos presentes no meio. A Equação 5.1 mostra a aplicação
do Reagente de Fenton, o qual o peróxido de hidrogênio residual decompõe-se em água
e oxigênio, e ocorre a precipitação do ferro (SOARES, 2008):

Fe +2 + H 2O → Fe +3 + OH − + nOH
(5.1)
A oxidação in situ é bastante empregada na remediação de solo e água subterrânea.
Ela pode ser aplicada em diversos tipos de solos no tratamento de compostos orgânicos
voláteis (VOCs). A Tecnohidro (2011) analisou que entre os VOC’s que possuem melhor
oxidação, se destacam: dicloroeteno (DCE), tricloroetileno (TCE), tetracloroelileno
(PCE), benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos, assim como os compostos orgânicos
semivoláteis (SVOCs) tais como os pesticidas, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
(HPAs) e os bifenilas policloradas (PCBs).

Barreiras Reativas (Permealble Reactiva Barriers – PRB’s)


De acordo com a CETESB (2007), barreiras reativas, às vezes também denominadas
barreiras reativas permeáveis (Permeable Reactive Barriers – PRB’s), têm sido usadas com
sucesso na remediação de água subterrânea. Consistem na passagem da água contaminada
através de uma barreira permeável instalada em subsuperfície transversalmente ao sentido
de escoamento interceptando essa pluma (Figura 5.18).
O objetivo é que a água subterrânea saia da barreira com uma concentração reduzida
de contaminante, ou que o contaminante seja transformado em um composto não
nocivo, ou ainda que ele seja completamente eliminado. As PRB’s têm sido utilizadas
para remediar halocarbonos, metais passíveis de redução, metais totais, compostos or-
gânicos e hidrocarbonetos de petróleo, objetos de nosso estudo (CETESB, 2007). Os
materiais mais comuns usados nas barreiras para tratamento dos contaminantes incluem
150 Ciências Ambientais para Engenharia

Figura 5.18  Desenho esquemático de uma barreira reativa (Adaptado de USEPA, 2002).

ferro zero-valente, metais reduzidos, pares de metais, calcário, agentes de sorção, agentes
redutores e receptores biológicos de elétrons.

Lavagem de solo (Soil Flushing)


A Lavagem de solo é uma técnica in situ que preenche o solo com uma solução, forçando
os poluentes para fora. Características especificas do meio físico e do contaminante vão
determinar o tipo de solução flushing necessário no tratamento do processo. Segundo
Negão (2002), a solução flushing pode ser utilizada de dois modos: somente com água
ou com água e mais aditivos, como ácidos, bases ou surfactantes.
O tipo de solo é uma característica que influencia diretamente na eficiência do
processo. O solo argiloso, por exemplo, tem uma elevada afinidade físico-química
para a maioria das substâncias contaminantes. É necessário, nesse caso, para separar os
contaminantes do solo, remover as ligações entre estes e as partículas do solo, ou extrair
a região do solo contaminado. Em seguida, deve-se separar o fluído, enriquecido em
contaminantes, das partículas de solo limpas. Para os contaminantes voláteis, o processo
deverá contar com um circuito de exaustão e tratamento do ar. Caso a fração argilosa do
solo seja mais do que 30%, é inviável economicamente esse técnica, devida a quantidade
de resíduos contaminados gerados (NEGÃO, 2002).
A empresa Tecnohidro (2011) descreveu o funcionamento do sistema de bombea-
mento do soil flushing: Primeiramente, a solução é injetada pelos porcos de injeção.
A solução percola através do solo, carregando os contaminantes até os poços de
extração. A solução de flushing misturado com contaminantes é bombeada para a
superfície através dos poços de extração, nos quais é tratada como efluente.
A eficiência da ação de lavagem do solo pode ser aumentada pela adição de surfactan-
tes na solução, reduzindo a tensão superficial entre os contaminantes e a água, facilitando
Águas Subterrâneas 151

a extração da fase residual e imiscível. A água reinjetada também acelera o processo como a
dissolução dos contaminantes e os processos de oxidação, quando agentes químicos
apropriados são introduzidos no meio.
Os parâmetros que têm importância significativa no projeto do sistema de lavagem
de solo estão listados abaixo (TECNOHIDRO, 2011):
• solos que permitam a mobilidade da solução;
• solos que apresentem permeabilidades muito altas;
• o fluxo da água subterrânea deve ser bem entendido;
• a zona insaturada deve ser bem detalhada para que não ocorra aprisionamento de
solução.

5.5.3  Sistemas Biológicos


Biorremediação
De acordo com a USEPA (2001), a Biorremediação é um processo de tratamento para
solos e águas subterrâneas que utiliza a ocorrência natural de microorganismos (bac-
térias, fungos e leveduras) para degradar os contaminantes, reduzindo ou anulando sua
toxicidade. Os produtos finais de uma biorremediação efetiva são água e gás carbônico,
que não apresentam toxicidade e podem ser incorporados ao ambiente sem prejuízo
aos organismos vivos.
Technohidro (2011) descreveu alguns exemplos de aplicação de técnicas de biorre-
mediação in situ (Figura 5.19), dentre as quais se destacam:

Figura 5.19  Técnica de biorrediação in situ (Adaptado de TECNOHIDRO, 2011).


152 Ciências Ambientais para Engenharia

• Injeção de oxigênio para efetuar a biodegradação aeróbia de compostos presentes na


gasolina. Ex: benzeno, tuloeno, etilbenzeno e xileno;
• Dehalogenação redutiva de etenos em condições naturais anaeróbicas. Ex: PCE para
TCE;
• Injeção de doadores de elétrons para aumentar a dehalogeneção redutiva de etenos
ou imobilizar cromo hexavalente. Ex: Injeção de melaço e lactoto; e
• Aplicação de reagente biológico fluído para biodegradar aerobicamente metil tercbutil
éter (MTBE) ou reduzir tetracloroeteno.
A CETESB (2005) determinou que os contaminantes que possuem maior facilidade
de serem biotransformados são os hidrocarbonetos de petróleo (benzeno, tuloeno, etil-
benzeno e xilenos), solventes clorados (PCE e TCE, entre outros), compostos aromáticos
clorados (diclorobenzeno, por exemplo), nitroaromáticos (TNT e DNT, por exemplo),
hidrocarbonetos poliaromáticos (naftaleno, por exemplo), metais (cromo e arsênio, por
exemplo), inorgânicos oxidados (tetracloroetenos) e combustíveis oxigenados (etanol e
MTBE).

Atenuação Natural Monitorada (Monitored Natural Attenuation – MNA)


A Atenuação Natural Monitorada (Monitored Natural Attenuation – MNA) baseia-se nos
processos naturais de atenuação para remover ou conter os contaminantes dissolvidos na
água.Trovão (2006) definiu atenuação natural como a combinação de processos naturais
biológicos, químicos e físicos que agem sem intervenção humana de forma a reduzir a
massa, toxiciadade, mobilidade, volume ou concentração dos contaminantes.
Os contaminantes mais receptivos à MNA incluem hidrocarboneto de petróleo,
alcoóis, cetonas, ésteres, éteres, ferro e manganês. Sob uma estreita faixa de condições,
a MNA pode ser aplicável à solventes halogenados, halogenados aromáticos leves,
nitroaromáticos, alguns pesticidas, cromo, cobre, cádmio, chumbo, zinco e níquel
(USEPA, 2006).

Bioventilação
A Bioventilação é uma técnica de remediação in situ, baseada na degradação de contami-
nantes orgânicos adsorvidos no solo pela ação de microrganismos de ocorrência natural.
Na bioventilação, a atividade destes microrganismos é melhorada pela introdução de um
fluxo ar, ou outros gases, na zona não saturada, usando poços de injeção ou extração e
caso necessário, adicionando-se micronutrientes ao meio. Na bioventilação, compostos
presentes no solo da franja capilar ou na zona saturada não são tratados. A principal
diferença em relação a técnica de extração de vapores, quando poços de extração são
utilizados, deve-se ao fato de minimizar a volatilização, diminuindo-se a necessidade de
tratamento de gases (CETESB, 2007).
De acordo com a USEPA (2006), existem dois tipos de bioventilação, a aeróbica e
a anaeróbica. A bioventilação aeróbica envolve o suprimento de oxigênio aos conta-
minantes nos solos não-saturados com baixa concentração de oxigênio para facilitar a
biodegradação aeróbica microbial. Ao usar o suprimento de oxigênio, os microorganismos
Águas Subterrâneas 153

oxidam os contaminantes para obter energia e carbono para seu crescimento. O oxigênio
é tipicamente introduzido por poços de injeção de ar que empurram o ar para dentro
da subsuperfície. A bioventilação anaeróbica usa o mesmo tipo de remessa de gás que a
bioventilação aeróbica, mas invés de injetar ar são usados nitrogênio e doadores de elétrons
(por exemplo, hidrogênio e dióxido de carbono). O nitrogênio substitui o oxigênio do
solo, e o gás doador de elétron facilita a desclorização microbial. Compostos voláteis e
semivoláteis podem ser produzidos durante a bioventilação que não são anaerobicamente
degradáveis.
Portanto, enquanto a bioventilação aeróbica é usada principalmente para biode-
gradação de hidrocarbonetos, a bioventilação anaeróbica é usada para biorremediação
de compostos clorados.
Segundo a CETESB (2007), as principais vantagens do método de bioventilação são:
• utilização de equipamentos de fácil aquisição e instalação;
• minimização da extração de vapores, com redução dos custos de seu tratamento;
• implantação sem causar grande impacto na operação da área;
• atuação em áreas de difícil acesso.

Fitorremediação
A Fitorremediação é o nome dado ao conjunto de tecnologias que usam plantas para
limpar locais contaminados. É uma tecnologia emergente, que usa diversas espécies
de plantas para degradar, extrair, conter ou imobilizar contaminantes do solo e da
água subterrânea, aplicável tanto para compostos inorgânicos como para orgânicos
(CETESB, 2007).
Este método pode ser utilizado em combinação com outras técnicas de remediação,
como uma etapa de finalização ou polimento. Entretanto, algumas aplicações de fitoreme-
diação são mais demoradas do que os métodos mecânicos e são limitadas às profundidades
em que as raízes das plantas alcançam. Geralmente o uso da fitorremediação é limitado a
áreas com concentrações baixas a médias de contaminantes e contaminação em poucas
profundidades no subsolo.

EXERCÍCIOS

1. O que são aquíferos? Como podem ser classificados quanto à porosidade e à pressão?
2. O que são aquíferos fissurais e como são os poços tubulares construídos nesses
materiais?
3. Quais são os tipos de contaminação de aquíferos oriundos de atividades urbanas?
4. Qual é a importância da camada insaturada na proteção dos aquíferos?
5. Quais são as fases de contaminantes em um solo ou sedimento na zona insaturada
por um NAPL?
154 Ciências Ambientais para Engenharia

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