Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Na sequência, Boécio aponta uma hipótese inicial, qual seja, a de que as riquezas parecem
corresponder à felicidade. Passa, então, a investigar a hipótese, procurando saber se os meios pelos
quais as pessoas pensam em adquirir a felicidade são apropriados para se atingir aquilo que fixaram
como meta.
P1A2. Se o dinheiro, a honraria e afins levam a algo que pareça incluir todos os bens
existentes, então se admitiria que sua aquisição torna as pessoas felizes.
P2A2. Se esses bens não oferecem o que realmente foi prometido, a aparência de
felicidade é enganosa.
P3A2. Aqueles que têm riqueza não têm tranquilidade de espírito.
CIA2. A riqueza não pode fazer com que um homem não tenha necessidade de algo (que
é o que ela promete).
CfinalA2. A aparência de felicidade (quanto às riquezas) é enganosa.
E continua:
P1A3. O dinheiro não tem a propriedade de não poder ser roubado por outros.
P2A3. É sempre necessária uma ajuda externa para proteger o dinheiro.
P3A3. Se não corrêssemos o risco de perder o dinheiro que temos, então não teríamos
necessidade de proteção.
C1A3. Corremos o risco de perder o dinheiro que temos.
CfinalA3. As riquezas (que eram buscadas para se atingir a independência) tornaram seu
possuidor dependente de ajuda alheia.
Note que C1A3 foi obtida de P3A3 e P2A3 e o argumento assim constituído pode ser
identificado como um caso de modus tollens: P3A3 é a condicional; P2A3 é a premissa de negação do
consequente e a conclusão obtida, por sua vez, é a negação do antecedente.
Boécio apresenta ainda dois outros argumentos, sendo um deles, complexo, pois constituído
de subargumentos.
P1A5. A necessidade encontra a sua satisfação nas riquezas, mas não é suprimida,
então resta sempre uma necessidade a ser satisfeita.
CfinalA5. = As riquezas não evitam a necessidade, mas, ao contrário, criam sua própria
P1A6. necessidade.
CfinalA6. Não podemos crer que as riquezas possam oferecer garantia de independência.
Finalmente, está o autor em condições de refutar a hipótese inicial, concluindo, pois, que a
riqueza não pode ser a Felicidade (o verdadeiro fim).