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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

LATO SENSU ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

ADRIANA DA SILVA CHAGAS

ESTUDO DE CASO: PIELONEFRITE E VAGINOSE

Macapá
2019
ADRIANA DA SILVA CHAGAS

ESTUDO DE CASO: PIELONEFRITE E VAGINOSE

Estudo de caso apresentado a disciplina de


estagio Supervisionado de Saúde da mulher e
neonatal, da Faculdade de Macapá - FAMA,
como requisito parcial para a obtenção do título
de Especialista em Enfermagem obstétrica.

Macapá
2019
1. INTRODUÇÃO

Estudo de caso elaborado como requisito da disciplina de estagio supervisionado


Assistência à Saúde da Mulher e Neonatal, ministrada pela Dra. Ediane Andrade docente do
Curso de Especialização de Enfermagem Obstétrica da Faculdade de Macapá-FAMA. O estágio
foi realizado no Hospital da Mulher Mãe Luzia, localizado na Av. Fab, no Centro de Macapá-
AP. Teve como base a sistematização da assistência de enfermagem obstétrica aplicada a uma
paciente, internada na referida unidade de saúde no dia 13 de Agosto de 2019. A qual está
acometida por Pielonefrite e Vaginose. Foi abordado a patologia, a terapêutica empregada,
diagnostico e prescrição de enfermagem, tendo como objetivo, fazer um comparativo entre as
condutas adotadas e as descritas na literatura.
2. PIELONEFRITE

Pielonefrite aguda durante a gravidez é uma patologia grave que pode causar com
sepse e trabalho de parto prematuro. Caracteriza-se pelo comprometimento do ureter, da pelve
e do parênquima renal. As vias de infecção são ascendentes, hematogênica ou linfática. Ocorre
em 2% das grávidas e até 23% destas mulheres tem recorrência na mesma gravidez.

2.1 Diagnóstico

O diagnóstico é feito por bacteriúria acompanhada de sintomas como a queda do


estado geral com presença de sintomas como: febre, calafrios, cefaleia, náuseas, vômitos, e
hipersensibilidade do ângulo costo-vertebral (sinal de Giodano). Pode estar associada a
desidratação, comprometimento da função renal, hemólise, anemia, choque séptico,
prematuridade e infecção feto-anexial e puerperal.

2.2 Tratamento

Todas as gestantes com diagnostico de pielonefrite devem ser hospitalizadas. Deve-se


solicitar hemograma completo, níveis séricos de eletrólitos, creatinina e cultura de urina. É
recomendado a hidratação com soluções salinas.
A cultura de urina positiva é um dos principais achados laboratoriais. As bactérias mais
frequentes, são Escherichia coli, Klebsiela pneumoniae, Enterobacter e Proteus Mirabilis.
É importante estabelecer diagnostico diferente com apendicite, corioamnionite,
pneumonia, nefrolitíase, abscesso renal, insuficiência cardíaca e embolia pulmonar.
O tratamento medicamentoso deve ser realizado com Cefalotina ou Cefazolina 1,0g
IV a cada 6 horas ou Ampicilina 1,0g IV a cada 6 horas. Mudar para terapia oral assim que a
gestante permanecer afebril por 24-48 horas. Em caso de resistência a essas drogas, o uso de
Gentamicina na dose de 5-7 mg/kg em dose única diária também pode ser adotado com
realização de controle adequado da função renal por intermédio da dosagem de creatinina
plasmática. Manter tratamento por via oral por 10 dias.
Em todos os casos de infecção urinaria deve-se realizar cultura de urina para controle
de cura 7 dias após o final do tratamento e esta deve ser repetida mensalmente até o parto.
Se o tratamento falhar ou a infecção recorrer, tratar com antibiótico apropriado para o
micro-organismo de acordo com a cultura e teste de sensibilidade.
Recomenda-se após infeções após infecção recorrente, realizar profilaxia com
antibioticoterapia oral, uma vez ao dia durante a gravidez e até duas semanas após o parto, com
nitrofurantoina 100mg ou Amoxicilina 250 mg ou cefalexina 250 mg.
3. VAGINOSE

É caracterizada por desequilíbrio da flora vaginal normal devido ao aumento


exagerado de bactérias, principalmente anaeróbicas (Gardnerella vaginalis, Bacteriodes sp.,
Mobiluncus sp., micoplasmas, peptoestreptococos), associado a uma ausência ou diminuição
acentuada dos lactobacilos acidófilos, que são os agentes predominantes na vagina normal. Por
isso sua presença em culturas (principalmente das Gardnerella Vaginalis) não indica
necessariamente a doença. Ocorre em mais de 20% das gestações, mas a maioria é
assintomática. Apresenta-se como corrimento vaginal branco-acinzentado, de aspecto fluido
cremoso, algumas bolhoso, com odor fétido. Está associada à rotura prematura de membranas,
baixo peso ao nascimento e prematuridade.
Não se trata de infecção de transmissão sexual, porém pode ser desencadeado pela
relação sexual em mulheres predispostas, devido ao contato com o pH elevado do sêmen.

3.1 Diagnóstico

O diagnóstico da Vaginose é clinico. A gestante se queixa de Corrimento acinzentado


com odor de peixe, que facilmente confirmado no exame especular. O pH vaginal está acima
de 4,5 e o teste das aminas é positivo. No exame microscópio observa-se a presença de clue
cells ( células “pista”) tanto exame a fresco quanto em coloração de Gran.
No entanto, esses são critérios de execução difícil e demorada. O uso de coloração de
Gran com semi-quantificação da flora vaginal tem alta sensibilidade e especificidade para
vaginose bacteriana, avaliando pequena quantidades ou ausência de lactobacilos com grande
presença de bacilos Gram negativos/ Gram Variáveis.
Não há benefícios claro para preconizar a pesquisa de vaginose bacteriana em gestantes
assintomáticas em gestação de baixo risco. Porém, em gestação de alto risco, principalmente
nas mulheres que apresentam prematuridade em gestações anteriores, parece haver benefícios
em fazer a pesquisa de vaginose e tratar as possíveis com metronidazol oral. Observou-se
redução da incidência da prematuridade e de rotura prematura de membranas em alguns
estudos, mas não em todos. Assim, recomenda-se considerar a pesquisa de vaginose bacteriana
em gestantes de alto risco para prematuridade.
3.2 Tratamento

Há esquemas terapêuticos eficazes na gestação, sem risco de teratogenicidade.

Esquema 1: Metronidazol 250 mg via oral, 8h/8h, por 7 dias;


Esquema 2: Metronidazol, 500mg, VO, 12h/12h, por 7 dias;
Esquema 3: clindamicina 300 mg via oral, duas vezes por dia, 05 dias.
Também pode ser realizado o tratamento com Metronidazol, 2g, VO, dose única, ou
metronizol gel a 0,75%, uma aplicação vaginal (5g), 2 vezes ao dia, por 5 dias, ou clindamicina,
300mg VO, 12h/12h, por 7 dias, ou clindamicina creme a 2%, uma aplicação à noite por 7 dias.
Metronidazol, 250mg, VO 8h/8h, por 7 dias, ou metronidazol, 500mg, VO, 12h/12h, por 7 dias,
ou clindamicina, 300mg, VO, 12h/12h, por 7 dias.

4. HISTÓRICO DE ENFERMAGEM

NOME: J.C.S
SEXO: Feminino
IDADE:30 anos
COR: Parda
ESTADO CIVIL: Casada
UNIDADE: Hospital da Mulher- Mãe Luzia
GRAU DE INSTRUÇÃO: Ensino Médio Completo
OCUPAÇÃO: Do Lar
DATA DE INTERNAÇÃO: 13/08/2019
DIAGNOSTICO: pielonefrite + vaginose
DIAS DE INTERNAÇÃO: 05 dias
DATA DA COLETA DE DADOS: 17/08/2019
ENDEREÇO PARA CONTATO:
PROCEDÊNCIA: UBS do Novo Horizonte
5 - ANAMNESE

Multigesta G4P2A0C1 no leito 16 A, em tratamento clinico obstétrico para


Pielonefrite e Vaginose Bacteriana, com idade gestacional de 23 semanas e 6 dias pela DUM e
15 semanas e 02 dias pela USG. Refere dor suprapúbica, em cólica, contínua, dor em flanco
direito de média intensidade, associada à febre (temperatura axilar = 38ºC), calafrios.
Apresentava também disúria, polaciúria e urina com coloração amarelada, houve fatores de
melhora, não houve piora progressiva. Negava náuseas e vômitos. Apresentava também
Vaginose Bacteriana, corrimento acinzentado com prurido. Negava história de manipulação
cirúrgica prévia do trato urinário e também quadro de infecções do trato urinário (ITU) de
repetição. Não apresentou queixas alérgicas. Alimentação e hidratação estão dentro da
normalidade. Não relatou uso de bebidas alcoólica, drogas ou uso de medicamentos.

6. EXAME FÍSICO

Couro cabeludo integro, cavidade ocular sem alterações, cavidade nasal sem alterações
aparentes, cavidade oral sem alterações. Cavidade auditiva mantendo sua filologia, garganta
mantendo suas estruturas normais, Pescoço com gânglios infartados. Mucosas normocoradas e
pele com presença de melasma gravídico.
Avaliação do abdômen gravídico, observou-se presença de estria, linha nigra, na
realização da Manobra de Leopold, observou-se feto em situação longitudinal, com dorso a
direita, apresentação cefálico. BCF: 156 bpm . MF(+). DU ausente.
Membros inferiores sem alterações. Não apresenta perdas sanguíneas ou perdas de
líquido amniótico.

6.1 Sinais Vitais:

Pressão Arterial: 110/70 mmHg; frequência respiratória: 21mpm; frequência cardíaca


bpm; temperatura: 36,5 ºc.

7. EVOLUÇÃO DE ENFERMAGEM

As 14:00- Multigesta G4P2A0C1 no leito 16 A no leito em tratamento clinico


obstétrico no setor de auto risco do hospital de referência a saúde da mulher- Mãe Luzia. A
presenta-se lucida, orientada e comunicativa e cooperativa. Desidratada, normotermica
(36.5°c), eupneico, normotenso, com acesso periférico em MSD em região da face dorsal da
mão, sem sinais flogistico. Refere enjoos matinais. Fazendo boa aceitação da dieta oferecida,
relatou estar sentindo movimentação fetais normalmente, eliminações intestinal com alterações,
sem evacuar 03 dias.

8. EXAMES LABORATORIAL

8.1 Sorologia:

VDRL(SNR); HIV(SNR); HEPATITE C(SNR); HEPATITE B (SNR)


DIA 14/08/2019
Glicemia não jejum: 96.9mg/dL
Hemograma:
HB 10.70 g/dL ; HT: 30.8%; LEUC: 7.680/mm³; SEG: 70.7/mm³; PLAQ: 151.000
EAS: LEU+ , LEUC incontáveis
15/08/2019
CR: 0.5,
FA:34.9
UR 21.6 mg/dL; GLICOSE 81mg/dL; LDH 305; TGP: 21.9; TGO: 22.3; GGT: 5.9
Hemograma:
HB 10.8; HT 31.1; LEUC 8.010/mm³; SEG 74.3/mm³; PLAQ 164.000
16/08/2019
USG OBST Feto Único; cefálico;
BFF: 153 bpm;
IG: 22s;
Peso: 520 g.

9. PRESCRIÇÃO MEDICA

1- Dieta livre
2- Sulfato ferroso 300 mg 01 cp vo antes do almoço
3- Ácido fólico 5mg 01 cp vo dia
4- Buscopam simples 01 amp+ad ev 6/6h s/n
5- Plasil 01 amp + ad ev 8/8 h s/n
6- Paracetamol 01 cp vo 6/6 h s/n
7- Cefepime 2g ev 12/12 h
8- Crevagin creme aplicar vv a noite

10. DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM

- Distúrbio no padrão do sono relacionado a alterações metabólicas e efeito colaterais


de medicamentos definido por períodos de forte sonolência durante o dia;
- Risco de infecções relacionados ás anormalidades metabólicas;
- Risco para déficit no volume de líquidos relacionados a eliminação excessiva de
urina;
- Risco de constipação relacionado ao padrão irregular de evacuação.

11. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

- Aumentar a ingesta hídrica, para facilitar amolecimento das fezes;


- Reservar um horário para defecações regulares, de preferência pela manhã;
- Monitorar as eliminações fisiológicas;
- Explicar sobre os sintamos das patológicas; e o modo de se adquirir a vaginose;
- Ressaltar a importância do uso de preservativo;
-Orientar quanto a práticas de micção saudável como: evitar adiar a micção e adquirir
o habito de micção antes dos sonos e depois das relações sexuais, pois essas práticas podem
reduzir o tempo de multiplicação das bactérias, como ainda orientar, acerca dos cuidados
higiênicos diários, como no banho, após urinar e evacuar, e nas práticas sexuais;
- Aconselhar a evitar o uso de absorventes (protetor de calcinha);
- Orientar uso de roupas intimas de algodão e/ ao dormir sem a mesma a fim de
promover maior ventilação.
12- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da anamnese e da pesquisa realizada, pode-se notar poucas controvérsias com


relação as informações presentes na literatura. A enfermagem deve participar de maneira
integral e ativa na promoção e recuperação da saúde dos paciente sobre sua responsabilidade,
procurando encontrar meios para cumprir as metas já prescritas e propor novas metas quando
necessárias.
Os profissionais enfermeiros obstétricos precisam ter um olhar minucioso em relação
ao pré-natal, para reconhecimento das características sintomatológicas para ocorrência de
infecção do sistema urinário, para melhor eficácia do tratamento.
Alguns fatores merecem atenção especial, um deles diz respeito aos hábitos de higiene
genital, cuidados com roupas intimas e referente a micção. Este estudo possibilitou uma
reflexão acerca da qualidade da assistência pré-natal e traz como proposta a importância que
deve ser dada as atividades educativas durante assistência pré-natal e as queixas mais simples
referidas pela gestante, mediante um processo comunicativo efetivo. Entretanto, é importante
acrescentar que apenas a orientação não e uma garantia para não ocorrência da infecção na
gravidez. Uma anamnese qualitativa, pode colaborar para diagnóstico precoce tanto da
pielonefrite quanto da vaginose, que evitam as complicações perinatais.
13- REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco/ Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Básica.
- Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Gestão de Alto Risco: Manual Técnico / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 5. Ed. –
Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012.

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