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Determinação da densidade aparente para as espécies florestais Araucaria

angustifólia e Eucalyptus spp.

João Vitor Frigeri 1, Sandra Mara Krefta1, Aline Delfino Germano1


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UDESC – Universidade do Estado de Santa Catarina. E-mail: joaovfrigeri@hotmail.com

Resumo
A madeira tem sido utilizada para diversas situações. Entretanto, é considerado um material
heterogêneo e sua densidade varia de espécie para espécie. A determinação da densidade aparente é
importante para estabelecer sua melhor utilização e está relacionada com o produto final da madeira,
como resistência do papel, qualidade do carvão, etc. Desta forma, o objetivo do trabalho foi
determinar a densidade aparente de amostras de Araucaria angustifolia e Eucalyptus spp. Os corpos
de prova possuíam formato retangular e com dimensões que se aproximavam de 2,5 x 2,5 x 10 cm e
suas dimensões foram medidas a 12% de umidade, saturada e secos. Evidencia-se ainda que nas três
taxas de umidade o Eucalipto apresentou densidade maior que a da Araucária, com densidade
no estado seco de 0.61 e .037 g/cm3, respectivamente.

Palavras-chave: Densidade; espécies florestais; madeira;

1. Introdução
A madeira é uma matéria-prima importante em diferentes atividades humanas, podendo ser
aplicada a diversas situações. O fato de suas propriedades serem variadas para cada espécie constitui o
principal obstáculo para compreender o seu uso tecnológico, pois, diferentes amostras de árvores da
mesma espécie podem diferir grandemente em termos de propriedades anatômicas, físicas e químicas,
(BRITO e BARRICHELO, 1977).
A madeira é considerada um material heterogêneo, possuindo variados tipos de células que
desempenham inúmeras funções específicas para cada processo metabólico realizado em seu interior.
Devido a essa grande diversidade, a madeira é a matéria-prima primordial utilizada pelo homem
(SHIMOYAMA, 1990).
Segundo Silva et al. (2003) e Busnardo (1987) a massa específica da madeira procede da
combinação dos constituintes anatômicos, físicos e químicos, uma vez que gera inúmeras informações
sobre suas características. Estas características se relacionam com o produto final, como, rendimento
em celulose, resistências físico-mecânicas do papel, produção e qualidade do carvão (BARRICHELO
e SHIMOYAMA, 1989). Além disso, a densidade básica e uma das características da madeira que
melhor expressa sua qualidade para uso em propriedades agrícolas ou processamento industrial.
Dependendo da sua Importância e facilidade de determinação, em comparação com outros parâmetros
de qualidade, a densidade básica tornou-se a característica mais estudada e disseminada (RIBEIRO e
ZANI, 1993).
Desta forma, o objetivo do trabalho é determinar a densidade aparente de amostras da espécie
Araucaria angustifolia e Eucalyptus spp.
2. Material e Métodos
Os ensaios foram realizados no Laboratório de Anatomia e Química da Madeira do
Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus
Dois Vizinhos. Usou-se para os ensaios experimentais 4 corpos de prova, sendo dois provenientes de
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze. e 2 provenientes de Eucalyptus sp.
Esses corpos de prova possuíam formato retangular e com dimensões que se aproximavam de
2,5 x 2,5 x 10 cm, sendo a última medida no sentido longitudinal (Figura 1). Os corpos de prova
possuíam superfície lisa, lados paralelos e ausência de fendas.

Figura 1- Representação do Corpo de prova usado no trabalho.

Inicialmente com aproximadamente 12% de umidade, os corpos de prova foram mensurados


nos sentidos: tangencial, radial e longitudinal diretamente sobre as amostras, com o auxílio de um
paquímetro analógico, para tomada de massa os corpos de prova foram pesados em uma balança
analítica, possibilitando então a realização de cálculos para determinação da massa específica.
Finalizado esse processo, colocaram-se os corpos de prova em água até os mesmos saturarem.
Depois que amostras saturaram realizou-se a segunda avaliação, sendo que para tanto se efetuaram as
mesmas coletas feitas quando os corpos de prova estavam em equilíbrio a 12%. Posteriormente os
corpos de prova foram levados até estufa para secagem dos mesmos.
Por fim a terceira avaliação foi feita com os corpos de prova já secos, nessa avaliação tomou-
se o cuidado para que as medições fossem realizadas rapidamente evitando assim que as amostras
adquirissem umidade. Nessa avaliação foram tomadas as mesmas medidas das outras duas últimas
análises citadas anteriormente.
Finalizada a coleta dos dados, os mesmos foram tabulados em planilhas, através do software
Microsoft Office Excel®, e procederam-se os cálculos então de densidade e volume para ambas
espécies.

3. Resultados e Discussão

Através das medidas obtidas tornou-se possível a construção das tabelas abaixo que
demonstram as médias das medidas no plano radial, tangencial e longitudinal dos corpos de
prova secos, corpos de prova em umidade de equilíbrio e corpos de prova saturados. Tais
valores foram utilizados para cálculo das densidades aparente das espécies Araucária angustifolia
e Eucalyptus spp. em diferentes condições: corpo de prova secos, corpos de prova em umidade de
equilíbrio (12%) e corpos de prova saturados (Tabela 01).
Tabela 1 - Densidades aparentes relacionando as diferentes umidades presentes na madeira.
Densidade (g/cm³)

Espécie Seco 12% Saturado

Araucária 0,37 0,40 0,65

Eucalipto 0,61 0,63 0,76

Através da Tabela 1 pode-se perceber que a densidade no estado seco é menor do que
a densidade apresentada pelo estado de equilíbrio e saturado, tanto para Araucária como para
Eucalipto. Evidencia-se ainda que nos três estados de umidade o Eucalipto apresentou
densidade maior que a da Araucária, isso em função de possuir mais substâncias na madeira, e
menos espaços vazios.
Estudos com Araucaria angustifolia realizados por Santini, Halesen e Gatto (2000)
mostraram médias de densidade de 0,40 g/cm3, valores semelhantes aos encontrados no
presente estudo, com exceção do estado saturado.
Estudos realizados Evangelista et. al.,(2010) com a espécie de Eucalyptus spp.
mostraram valores médios de massa especifica igual a 0,50 g/cm³, o que difere do estudo em
questão onde a densidade encontrada foi maior. Já Brito e Barrichelo (1977) ao comparar 10
espécies de Eucaliptos obtiveram densidades básicas que variaram de 0,51 g/cm3 para
Eucalyptus urophylla a 0,77 g/cm3 para Eucalyptus paniculata, percebe-se que nesse caso os
resultados encontrados no presente estudo se aproximam dos encontrados por Brito e
Barrichelo (1997).
Além disso, evidencia-se através da Fig. 2 (A e B) que conforme a umidade aumenta a
densidade das duas espécies também possui um aumento, sendo que no Eucalipto esse
aumento é gradativo, já na Araucária de 12% de umidade para saturado ocorre um aumento
repentino.

Araucária Eucalipto
0.8 0.8
Densidade(g/cm³)

Densidade(g/cm³)

0.6 0.6
0.4 0.4

0.2 0.2

0 0
Seco 12% Saturado Seco 12% Saturado
Umidade Umidade

Figura 2- Densidade (g/cm³) em função do teor de umidade, sendo A – Araucária e B- Eucalipto (2013).
4. Conclusões

Para todas as densidades aparentes avaliadas nos diferentes níveis de umidade (seco, a 12% e
saturada), as amostras da espécie Eucalyptus spp. possui densidade aparente maior que a da Araucaria
angustifolia. Novos estudos devem ser feitos para a determinação dessasdensidades nas espécies
estudadas.

5. Referências

BARRICHELO, L.. E. G, SHIMOYAMA, V. R. de S. Densidade básica da madeira, melhoramento e


manejo florestal. Série Técnica IPEF. Piracicaba, v.6, n.20, p 1-22. 1989.
BRITO, J. O.; BARRICHELO, L. E. G. Correlações entre características físicas e químicas da madeira
e a produção de carvão vegetal; I. Densidade e teor de lignina da madeira de Eucalipto. IPEF n. 14,
p.9-20, 1977.
EVANGELISTA, W.V.; SILVA, J. de C.; DELLA LUCIA, R. M.; LOBO, L. M.; SOUZA, M. O. A.
de. Propriedades Físico-Mecânicas da Madeira de Eucalyptus Urophylla S.T. Blake No Sentido Radial
e Longitudinal. Ciência da Madeira, Pelotas, v. 01, n. 02, p. 01-19, 2010.
RIBEIRO, F. de A., e J. ZANI FILHO. "Variação da densidade básica da madeira em
espécies/procedências de Eucalyptus spp." IPEF, Piracicaba, 1993.
SANTINI, E. J.; HASELEIN, C. R.; GATTO, D. A. Análise comparativa das propriedades físicas e
mecânicas da madeira de três coníferas de florestas plantadas. Revista Ciência Florestal, Santa Maria,
v.10, n.1, , p.85-93, 2000.
SILVA, J. C; OLIVEIRA, J. T. S.; TOMAZELLO FILHO, M.; KEINERT JÚNIOR, S.; MATOS, J. L.
M. Influência da idade e da posição radial na massa específica da madeira de EucalyptusgrandisHill
ex. Maiden. Revista Floresta, v. 34, n. 1, 2004.

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