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UNIDADE 1
Socioantropológicos
Estudos Socioantropológicos Graduação | UNISUAM
Apresentação
da Disciplina
Fonte: Flickr
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
Para tanto, oferecemos, nesta disciplina, uma introdução geral dos conceitos
básicos da Antropologia, da Sociologia e das Teorias Clássicas delas, que
consideramos indispensáveis para o entendimento global das transformações
socioculturais que vivenciamos na contemporaneidade. Abordaremos questões
que estão presentes no cotidiano na realidade sociocultural contemporânea,
a fim de permitir que você dialogue com eles em um mundo marcado por
mudanças, novas tendências e desafios.
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Estudos Socioantropológicos Graduação | UNISUAM
Antropologia
e Sociologia:
ciências do
homem e da
sociedade
Nesta unidade iremos conhecer as transformações sociais, com o advento
da modernidade, e as origens da Sociologia e da Antropologia e seus
objetos de estudo, em busca da compreensão do homem e da sociedade.
Vamos apresentar:
• Os precursores dos estudos sociológicos e antropológicos e suas teorias;
• Os conceitos básicos de ambas as disciplinas no que se refere às relações
sociais e culturais;
• A diversidade sociocultural para uma compreensão crítica da
contemporaneidade.
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
1
T1. A Sociedade Moderna e as Transformações Sociais.
T2. As Bases do Pensamento Sociólogico - Max, Durkhein e Weber.
T3. Antropologia: ciência do homem e da cultura.
T4. Diversidade Sociocultural: etnocentrismo e relativismo.
Vamos lá!
A Sociedade Moderna e as
T1 Transformações Sociais
A emergência da sociedade moderna foi uma experiência efetivamente nova
na história da humanidade, ela está intimamente relacionada à dissolução
da velha sociedade feudal na Europa, à conquista da Terra pelas caravelas
lançadas ao mar, bem como às novas concepções de mundo. Vejamos:
5
Estudos Socioantropológicos Graduação | UNISUAM
saiba mais
Estatamentos são
agrupamentos mais ou
menos estanques nos
?
quais a mobilidade social A Sociedade Estamental representa a estrutura
é quase inexistente ou social típica do sistema feudal medieval,
extremamente regulada. dividida nos estamentos (grupos sociais), onde
quase não existe mobilidade social, ou seja, a
posição do indivíduo na sociedade dependerá
de sua origem familiar, por exemplo: nasceu
servo, morrerá servo (TODA MATÉRIA, s.d.).
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/a-
sociedade-estamental-as-funcoes-cada-
estamento.htm
om
g.c
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6
Fo
Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
Concepção antropocêntrica
O homem e as questões relativas ao ser humano tornam-se referência primeira para a
sociedade renascentista. Assim, a valorização da razão humana, do potencial artístico do
homem e do seu livre-arbítrio nas questões referentes à política foram contribuições do
humanismo presente nas reflexões filosóficas da época. Desenvolveu-se uma concepção
antropocêntrica do mundo, que tem o homem como o centro de todas as coisas no universo,
em oposição ao teocentrismo dominante.
O Homem vitruviano é baseado nas ideias do arquiteto romano Marcus Vitruvius Pollio
exibidas no tratado De Architectura, no qual ele descreve as proporções do corpo humano
masculino. “Este desenho ilustra a tese filosófica segundo a qual o homem é a medida de
todas as coisas, própria do Renascimento. Considerado como um símbolo da simetria básica
do corpo humano e, por extensão, para o universo como um todo” (MARTINS, 2017).
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Fonte: historiadasartes.com
Concepção Heliocêntrica
A Terra deixou de ser o centro do universo e descobriu-se que
ela era mais um planeta, entre outros, a girar em torno do Sol.
Assim, a concepção geocêntrica aliada ao teocentrismo deu
lugar a uma nova visão, a heliocêntrica. Os enigmas do universo
e do mundo passaram a ser objetos de estudo e de descobertas
cientificas realizadas pelo homem.
Fonte: www.scielo.br
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
Por sua vez, Dobb (1987) defende que o principal motivo do declínio do modo
de produção feudal deu-se mais às contradições internas presentes nas
relações entre os servos e os senhores feudais, dado o aumento da exploração
dos servos pelos senhores, a fim de aumentarem seus ganhos, que ao próprio
sistema mercantil nascente e ao desenvolvimento das cidades. Tais fatores
contribuíram para acirrar ainda mais o descontentamento dos servos em
relação aos senhores feudais, uma vez que o comércio crescente contribuiu
para a diferenciação social e o desenvolvimento das cidades, que abrigavam
os que saíam do campo em busca de outras oportunidades de trabalho
fomentadas pelo sistema mercantil.
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REPRESENTATIVO DO MERCANTILISMO
AO RETRATAR O INTENSO COMÉRCIO EM
UM PORTO DO MAR MEDITERRÂNEO NO
SÉCULO XVII.
PORTO COM VILA MEDICI, 1637. CLAUDE LORRAIN, 1600 – 1682.
ÓLEO SOBRE TELA, 102 × 133CM.
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
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Estudos Socioantropológicos Graduação | UNISUAM
O Surgimento da Sociologia e da
Antropologia
Ao longo do processo de transformação social da sociedade feudal para a
sociedade moderna, além da Revolução Científica, dois acontecimentos foram
decisivos para uma mudança radical da realidade: a Revolução Industrial e
a Revolução Francesa.
Revolução Industrial
Revolução Francesa
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saiba mais
?
Leia o artigo “Augusto Comte, o homem que quis dar ordem ao mundo”, para conhecer
um pouco mais sobre o pensamento sociológico do pai do positivismo:
https://novaescola.org.br/conteudo/186/auguste-comte-pensador-frances-pai-positivismo
Mesmo que tenha sido Comte o criador do termo sociologia e ter sido ele o
primeiro a ter desenvolvido um esforço inicial de teorização da vida social, não
teve importância maior no desenvolvimento da sociologia enquanto ciência.
Os três grandes pensadores que ficaram conhecidos como os clássicos
da sociologia são o francês Émile Durkheim (1858-1917) e os alemães Karl
Marx (1818-1883) e Max Weber (1864-1920), por conferirem-lhe todo o rigor
analítico, teórico e metodológico para o desenvolvimento da disciplina como
uma verdadeira Ciência Social. Suas contribuições continuam influenciando
e inspirando pesquisas e reflexões até hoje.
As Bases do Pensamento
Sociológico - Marx,
T2 Durkheim e Weber
Karl Marx: uma teoria crítica do
capitalismo
Frente à realidade socioeconômica e política da Europa do século XIX,
Karl Marx voltou-se, especialmente, à compreensão das contradições
presentes na sociedade do seu tempo. No mesmo século em que Augusto
Comte deu os primeiros passos rumo a uma ciência da sociedade, Marx,
com o objetivo de compreender as transformações sociais, debruçou-se
sobre o modo de produção econômico capitalista e o conjunto de ideias,
leis e ideologia que o sustentavam.
Karl Marx (1818–1883) foi um filósofo e revolucionário socialista alemão. Criou as bases
da doutrina comunista, onde criticou o capitalismo. Sua filosofia exerceu influência em
várias áreas do conhecimento, tais como Sociologia, Política, Direito, Teologia, Filosofia,
Economia, entre outras (FRAZÃO, 2016). Conheça um pouco mais sobre a biografia de Marx.
https://www.ebiografia.com/karl_marx/
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
Fonte: fernandosaldivia.blogspot.com.br
KARL MARX E FRIEDRICH
ENGELS NA GRÁFICA
DA GAZETA RENANA,
COLÔNIA – ALEMANHA.
E. CHAPIRO. ÓLEO SOBRE
TELA MUSEU MARX & ENGELS,
MOSCOU, RÚSSIA
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Estudos Socioantropológicos Graduação | UNISUAM
A partir dessas ideias e das críticas a elas realizadas, Marx, com a contribuição
de Engels, desenvolveu o método do materialismo histórico e dialético para
análise da realidade social, tendo como base as relações materiais de existência
determinadas pelo modo de produção econômico da sociedade. Nesse contexto
histórico, o que lhes interessava era desvendar as relações capitalistas.
Materialista Dialético
Porque o motor principal de nossa Porque concebe o conjunto das relações sociais e os
realidade não são as ideias, mas acontecimentos a partir de suas dinâmicas estruturais
as maneiras concretas como marcadas por antagonismos, pela luta de classes. O
produzimos e reproduzimos método dialético é adequado para a análise dos processos
materialmente a nossa existência históricos, pois nos revela a existência das forças opostas
por meio do trabalho nas relações em luta em seu interior. Seguindo essa linha de raciocínio,
de produção. Marx e Engels afirmaram que: “A história de todas as
sociedades que existem até nossos dias tem sido a história
das lutas de classes” (MARX, 2004, p.23).
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
A OFICINA DE UM
TECELÃO, 1656 - GILLIS
ROMBOUTS, 1630 – 1672.
Fonte: Fatos e Acontecimento
MULHERES
TRABALHANDO EM
UMA MANUFATURA –
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
INGLATERRA
Fonte: Dissertation Rewies
INTRODUÇÃO
DA INDÚSTRIA
METALÚRGICA -
SEGUNDA REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL, SÉCULO XIX
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https://www.infoescola.com/sociologia/manifesto-comunista/
A história de todas as sociedades que existem até nossos dias tem sido
a história das lutas de classes.
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor feudal e servo, mestre
de corporação e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos,
em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora
franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou por uma
transformação revolucionária, da sociedade inteira, ou pela destruição
das duas classes em luta.
Nas primeiras épocas históricas, verificamos, por quase toda a parte,
uma completa divisão em estamentos distintos, uma escala graduada
de posições sociais. Na Roma antiga temos patrícios, cavaleiros, plebeus,
escravos; na Idade Média, senhores feudais, vassalos, membros de
corporação, oficiais-artesãos, servos, e ainda, em quase cada uma dessas
classes, novas gradações particulares.
A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da sociedade
feudal, não suplantou os velhos antagonismos de classes. Ela
colocou no lugar novas classes, novas condições de opressão,
novas formas de luta.
Entretanto, a nossa época – a época da burguesia – caracteriza-se
por ter simplificado os antagonismos de classe. A sociedade divide-
se cada vez mais em dois vastos campos opostos, em duas grandes
classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado (MARX,
2004, p.23-24).
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
O homem não só aliena de si mesmo seus próprios produtos, como também se aliena a si
próprio da atividade mesma pela qual esses produtos são criados, da natureza na qual vive
e dos outros homens. Todos esses tipos de alienação são, em última análise, a mesma coisa:
são aspectos diferentes, ou formas, da alienação do homem, formas diferentes da alienação
que se produz entre o homem e a sua essência ou sua natureza humana, entre o homem e
sua humanidade.
Assim como o trabalho alienado aliena do homem a natureza e aliena o homem de si mesmo, de
sua própria função ativa, de sua atividade vital, ele o aliena da própria espécie (…). Ele (o trabalho
alienado) aliena do homem o seu próprio corpo, sua natureza externa, sua vida espiritual e sua
vida humana (…). Uma consequência direta da alienação do homem com relação ao produto
de seu trabalho, a sua atividade vital e à vida de sua espécie é o fato de que o homem se
aliena dos outros homens (…). Em geral, a afirmação de que o homem está alienado da vida de
sua espécie significa que todo homem está alienado dos outros e que todos os outros estão
igualmente alienados da vida humana (…). Toda alienação do homem de si mesmo e da natureza
surge na relação que ele postula entre outros homens, ele próprio e a natureza. (Manuscritos
econômicos e filosóficos, Primeiro Manuscrito) (BOTTOMORE, 2013, p.21).
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Estudos Socioantropológicos Graduação | UNISUAM
Isso significa que, ao vender a sua força de trabalho, toda a riqueza, ou seja,
todo o valor excedente produzido pelo seu trabalho, que não se destina a pagar
o seu salário, é retida pelo patrão. É por meio da mais-valia que a exploração
do trabalhador se efetiva no capitalismo e garante que a burguesia acumule
capitais e bens, enquanto o proletariado sobrevive do salário.
Em O Capital, principal obra de Marx, ele demostra que a mais-valia pode ser
extraída de duas formas:
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
Apesar da riqueza global ter aumentado, a sua distribuição foi desigual, o que
indica uma maior concentração de riqueza e, consequentemente, a ampliação
das desigualdades. Não é por menos que Marx afirmou que as desigualdades
sempre existiram, mas que no capitalismo elas se intensificaram devido ao
processo de exploração do homem pelo homem.
saiba mais
?
Acesse o artigo “Pirâmide global da desigualdade da riqueza”, de José Eustáquio Diniz
Alves, e compreenda o quadro da má distribuição da riqueza no ano de 2017.
https://www.ecodebate.com.br/2017/11/24/piramide-global-da-desigualdade-da-
riqueza-2017-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
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Karl Marx, por sua vez, desenvolveu uma teoria social e um método de
investigação da realidade que objetivava não só compreendê-la, mas
revolucionar o sistema capitalista; suas teses não se voltaram exclusivamente
para a Sociologia, mas também para a Economia, a História, o Direito, a Filosofia.
Porém, foi Émile Durkheim quem efetivamente delimitou o campo de estudo
científico da Sociologia ao publicar, em 1895, As Regras do Método Sociológico.
https://www.ebiografia.com/emile_durkheim/
Consiste em conformar Os fatos sociais são exteriores O fato social é geral porque
os indivíduos às regras da ao indivíduo porque eles está presente em toda a
sociedade. Ao aprendermos o existem na sociedade e sociedade e se impõe a todos
idioma, ao internalizarmos as influenciam a cada um de os indivíduos, ou, ao menos, à
regras e as leis, ao aprendermos nós, independentemente de grande maioria deles. Dessa
os hábitos, os costumes e os nossa escolha ou vontade. forma, podemos identificar
valores de uma sociedade, A existência das leis, das a diferença entre um fato
não o fazemos por vontade ou regras e das normas sociais social e um fato isolado ou
escolha própria, mas por meio não dependem das nossas particular que não diz respeito
da coerção social. As forças escolhas particulares, elas à toda sociedade. Assim,
coercitivas atuam no processo estão presentes na sociedade Durkheim pôde identificar
de socialização dos indivíduos, na qual vivemos, possuem o fato social, que é o objeto
que ocorre, especialmente, existência própria, o que de estudo do sociólogo, e
por meio da educação formal determina sua exterioridade separá-lo do fato particular
e informal, integrando-os ao em relação à consciência ou individual, que pode
meio social. Podemos dizer que individual. São denominados interessar a outras áreas do
a sociedade se sobrepõe ao fatos sociais e não fatos conhecimento, mas não à
indivíduo. individuais. sociologia.
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
O fato do homicida ser punido pelas leis contribui para reforçar os valores, as
normas e as regras sociais reforçando os laços dos indivíduos com a sociedade.
Assim, a função social de todo fato social normal é integrar os indivíduos em
torno de determinas regras e valores comuns a toda sociedade e garantir o
consenso social, que é “a vontade coletiva ou o acordo de um grupo a respeito
de determinada questão” (COSTA, 2010, p.42).
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Fonte: dontwasteyourmoney.com
Fonte: folhamg.com.br
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
Solidariedade mecânica
Numa sociedade de solidariedade mecânica, o
indivíduo estaria ligado diretamente à sociedade,
sendo que enquanto ser social prevaleceria em seu
comportamento sempre aquilo que é mais considerável
à consciência coletiva, e não necessariamente seu
desejo enquanto indivíduo. Nesse tipo de solidariedade
mecânica de Durkheim, a maior parte da existência do
indivíduo é orientada pelos imperativos e proibições
sociais que vêm da consciência coletiva. A SOLIDARIEDADE
Segundo Durkheim, a solidariedade do tipo MECÂNICA, MAIS PRESENTE
mecânica depende da extensão da vida social NAS SOCIEDADES
que a consciência coletiva alcança. Quanto mais TRADICIONAIS E PRÉ-
forte a consciência coletiva, maior a intensidade CAPITALISTAS, EM QUE OS
da solidariedade mecânica. Aliás, para o indivíduo, COSTUMES FAMILIARES
seu desejo e sua vontade são o desejo e a vontade E RELIGIOSOS SÃO MAIS
da coletividade do grupo, o que proporciona uma PRESENTES.
maior coesão e harmonia social (RIBEIRO, s.d.).
Solidariedade orgânica
Na solidariedade orgânica ocorre um
enfraquecimento das reações coletivas contra a
violação das proibições e, sobretudo, uma margem
maior na interpretação individual dos imperativos
sociais. Na solidariedade orgânica ocorre um
processo de individualização dos membros dessa
sociedade, os quais assumem funções específicas
dentro dessa divisão do trabalho social. Cada
A SOLIDARIEDADE pessoa é uma peça de uma grande engrenagem,
ORGÂNICA, CARACTERÍSTICA na qual cada um tem sua função e é esta última
PRÓPRIA DAS SOCIEDADES que marca seu lugar na sociedade.
MODERNAS E CAPITALISTAS A consciência coletiva tem seu poder de influência
REGIDAS PELA DIVISÃO reduzido, criando-se condições de sociabilidade
TÉCNICA DO TRABALHO. bem diferentes daquelas vistas na solidariedade
mecânica, havendo espaço para o desenvolvimento
de personalidades. Os indivíduos se unem não porque
se sentem semelhantes ou porque haja consenso,
mas sim porque são interdependentes dentro da
esfera social. Não há uma maior valorização daquilo
que é coletivo, mas sim do que é individual, do
individualismo propriamente dito, valor essencial para
o desenvolvimento do capitalismo (RIBEIRO, s.d.).
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https://www.ebiografia.com/max_weber/
Kal Marx priorizou em suas análises Émile Durkheim deu ênfase Para Max Weber,
as relações ao mesmo tempo às forças coercitivas da indivíduo e sociedade
antagônicas e complementares entres sociedade que atuam sobre não se opõem,
as classes sociais. O indivíduo não os indivíduos, demonstrando tampouco um se
tem lugar de destaque em sua teoria, assim que a vontade sobrepõe ao outro.
uma vez que as relações sociais coletiva e a consciência
são determinadas pelas relações social prevalecem sobre
de produção que revelam a luta de as escolhas pessoais e a
classes no interior da sociedade. consciência individual.
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WEBER, MARX, DURKHEIM
Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
Assim, concentrou seus estudos nas ações sociais realizadas pelos indivíduos.
Sua intenção era compreender a lógica social do comportamento humano.
Conceito básico da sociologia que designa, de maneira geral, toda ação humana que é
influenciada pela consciência da situação na qual se realiza e pela existência das ações e
reações dos outros agentes sociais [indivíduos] que estão envolvidos. Embora reconheça o
condicionamento social da ação humana, o conceito de ação social remete ao princípio de
liberdade e participação histórica [dos indivíduos / dos agentes sociais]. (COSTA, 2010, p.51).
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saiba mais
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Assista ao vídeo “Max Weber e a Ética
Protestante”, da Sociologia em Cena, sobre a
ética protestante e o espírito do capitalismo.
h t t p s : // w w w . y o u t u b e . c o m /
watch?v=ad73gm-rQVA
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
Antropologia: ciência do
T3 homem e da cultura
É possível afirmar que as primeiras questões que deram origem a um
saber sobre o próprio homem tenham sido postas desde os primórdios da
humanidade. Segundo Laplantine (2005), o homem sempre se interrogou
sobre sua origem, sua condição e seu destino.
Foi nesse contexto que a ciência do homem passou a ser o estudo da cultura
de todos os povos e sociedades.
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A Natureza Humana
A partir do século XVII, em meio à Revolução Científica, convencionou-se que o
homem se distinguia dos outros seres vivos por ser ele o único animal dotado
de razão, convincente explicação filosófica demonstrada por René Descartes
(1596-1650), que afirmou a separação existente entre res extensa – corpo, e
res cogitans – espírito/pensamento. De acordo com Descartes, os corpos de
todos os animais se assemelhavam ao funcionamento de máquinas biológicas,
mas no corpo-máquina humano havia um espírito, responsável por fazer do
homem um animal racional.
Fonte: significados.com.br
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
Segundo Morin (1975), homem e cultura nascem juntos, pois o que ocorreu
foi uma retroação entre mutação genética do cérebro e complexificação
cultural do humano.
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A Cultura Humana
O termo cultura é usualmente empregado para designar acúmulo de saberes.
Ter cultura, para o senso comum, passou a ser utilizado para indicar um
indivíduo de boa educação, culto, que possui instrução e vasto conhecimento.
No seu sentido inverso, o temo inculto serve para designar pessoas sem
cultura. Esses usos do termo cultura e do seu contrário, inculto, não tem
relação alguma com o conceito antropológico de cultura.
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
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Entre uma região e outra no mesmo país: no Brasil a cultura mineira é diferente
da cultura baiana;
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
BOLETIM (B): Sua pesquisa parece cair como luva para quem quer entender o processo de
miscigenação ocorrido no Brasil.
Templeton (T): Sim. Curiosamente, foi aqui no Brasil que, há mais de 20 anos eu senti - digo
senti porque ainda não era algo científico, mas emocional mesmo - o quanto é arbitrária a
divisão dos seres humanos em raças. Um professor da USP me contou que, numa viagem aos
Estados Unidos, percebeu que lá, diferentemente do Brasil, as pessoas morenas ou pardas são
consideradas negras. Foi aí que comecei a compreender que a classificação de pessoas em
raças é feita a partir de uma vivência cultural. A definição de negro, para o brasileiro, é diferente
daquela usada por quem mora no Alaska. O conceito de raça, ao contrário do que se acredita,
não é biológico, mas cultural.
B: Se não existem raças, porque um negro norte-americano é tão diferente de um japonês ou
de um índio maxacali?
T: Os genes, unidades que carregam todas as informações sobre o organismo de um ser humano,
determinam as características físicas. Mas as partículas que definem a cor do cabelo ou o
formato do rosto são tão poucas que perdem seu significado quando comparadas ao número
total de genes. A cor da pele de uma pessoa pode representar uma adaptação biológica a
certas condições geográficas ao longo de sua evolução. Na região de origem dos negros, por
exemplo, o sol é bastante forte. Como o excesso de energia solar prejudica o organismo, a cor
negra protege a pele contra os raios nocivos. Não importa se há diferenças na cor da pele, nas
feições do rosto, na estatura ou origem geográfica. Geneticamente, somos todos iguais.
B: Seria possível, então, encontrar mais genes africanos num alemão “puro” do que em um
negro nascido na África?
T: Sem dúvida. Às vezes, as diferenças mais gritantes aparecem entre indivíduos de um mesmo
grupo étnico, como os asiáticos. Os resultados da minha pesquisa demonstraram que, quando
há diferença significativa, 85% ocorre entre pessoas possuidoras das mesmas características
físicas. Afinal, os nossos genes vêm de todas as partes. Já as diferenças entre os negros africanos
e os brancos europeus, que serviriam de base para raças bem distintas, são de apenas 15%.
B: Os resultados da sua pesquisa podem contribuir para o fim do preconceito racial?
T: O preconceito é uma questão que preocupa o mundo inteiro. Se não existem raças, porque
há discriminação? Não faz sentido achar que os negros são melhores ou piores que os brancos
se os seus genes são praticamente os mesmos.
B: No Brasil, o IBGE divide os indivíduos em negros, brancos, pardos, amarelos e indígenas.
Como será a divisão se o conceito de raça for extinto?
T: Quando começarem a se ver de maneira diferente, os seres humanos passarão a ser
tratados como indivíduos e não só como membros de uma categoria. É lamentável que
essas instituições ainda agrupem as pessoas de forma estanque. Reconheço que produzem
estatísticas válidas para a definição de determinadas políticas públicas, mas no futuro a
forma de se categorizar as pessoas terá de sofrer mudanças. Se é que essas classificações
serão tão importantes assim.
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Estudos Socioantropológicos Graduação | UNISUAM
Diversidade Sociocultural:
T4 etnocentrismo e relativismo
A diversidade sociocultural ou, especificamente, a diferença entre povos e suas
culturas não é uma descoberta exclusiva da Antropologia em suas origens no
século XIX. O encontro com o outro, aquele que é diferente, ao longo da história
da humanidade ocorre há séculos, desde a Antiguidade, principalmente por
meio das conquistas promovidas pelas antigas civilizações.
Assim, os povos que eram tidos como selvagens passaram a ser vistos, a partir
do século XIX, como não civilizados, por se encontrarem em estágio evolutivo
inferior ao da civilização ocidental europeia.
Fonte: Historiar
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
É nesse contexto que os primeiros estudos sobre as culturas das sociedades nativas
se desenvolveram. Os seus precursores pertencem à escola do evolucionismo
social, que tinham como objetivo compreender o processo evolutivo da cultura
humana. Entre os seus principais representantes temos Edward B. Tylor (1832-1917)
e Lewis Morgan (1818-1881). O nobre propósito, que era traçar a história evolutiva
da cultura humana, acabou justificando o discurso de dominação da sociedade
europeia ocidental sobre as demais e, como veremos a seguir, alimentou o
etnocentrismo como visão de mundo.
https://biomania.com.br/artigo/lewis-henry-morgan
https://biomania.com.br/artigo/edward-burnett-tylor
CIVILIZAÇÃO
BARBÁRIE
SELVAGERIA
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Estudos Socioantropológicos Graduação | UNISUAM
Para Dias (2005), todas as sociedades tendem a considerar a sua cultura como
a mais adequada que a cultura das outras sociedades. Assim, o etnocentrismo
viria à tona quando os indivíduos de uma determinada cultura manifestam
sentimentos de repulsa e estranheza diante de hábitos, costumes, crenças e
valores que não lhes são comuns.
Fonte: umsabadoqualquer.com
A CHARGE DE
CARLOS RUAS
MOSTRA COMO
OCORRE O
PENSAMENTO
ETNOCÊNTRICO
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
saiba mais
?
Fonte: TNH1
h t t p s : // w w w . y o u t u b e . c o m /
watch?v=oD8ELrfSYoI
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Franz Boas (1858-1942), de origem alemã radicado nos Estados Unidos, foi
um dos precursores da pesquisa de campo. Ele enfatizava que em campo
o antropólogo deveria anotar tudo nos mínimos detalhes. Somente dessa
forma ele poderia transcrever com fidelidade os hábitos, os ritos, os mitos,
as técnicas, em suma, tudo que integra a cultura de uma sociedade.
https://www.ebiografia.com/franz_boas/
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
https://biomania.com.br/artigo/bronislaw-malinowski
DIVERSIDADE CULTURAL
Fonte: UFPB
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O relativismo cultural, segundo Dias (2010, p. 62), “refere-se à visão pela qual
deve ser entendido o comportamento em termos de seu próprio contexto
cultural. Ou seja, qualquer cultura deve ser analisada e compreendida
utilizando seus próprios costumes e valores para julgá-la.” Isso exige que
nós tenhamos uma atitude diferenciada ao olhar para os outros, um olhar
que nos permita compreender que esses outros agem de acordo com os
hábitos, costumes, crenças e valores próprios de sua cultura.
Considerações Finais
Nesta unidade, vimos que a emergência da sociedade moderna promoveu
um conjunto de transformações socioculturais que resultou em uma
sociedade capitalista, urbana-industrial, governada pela racionalidade
técnica e científica. Esse contexto de transformações generalizadas foi
favorável para que emergisse um conhecimento científico que pudesse
explicar a sociedade e o homem. Assim, a Sociologia e Antropologia se
constituíram enquanto ciências sociais.
Por sua vez, os antropólogos, ao voltarem seu olhar para os ditos povos nativos,
nos ajudaram a compreender a diversidade cultural.
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Unidade 01 Antropologia e Sociologia: ciências do homem e da sociedade
Vimos que a cultura, do ponto de vista antropológico, não deve servir para
medir o grau de evolução entre povos e sociedades.
Referências:
CARVALHO. Leandro. Darwinismo Social e Imperialismo no Século
XIX. Mundo Educação. Disponível em: <https://mundoeducacao.
bol.uol.com.br/historiageral/darwinismo-social-imperialismo-no-
seculo-xix.htm>. Acessado em: 03 jul. 2018.
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Estudos Socioantropológicos Graduação | UNISUAM
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