Você está na página 1de 4

Mariana Plácida de Faria Costa – RA: 759955

Introdução a Sociologia
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma breve dissertação
acerca da leitura da obra Um Toque de Clássicos, que aborda de forma didática,
os pontos principais das obras de Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim.
Karl Marx
A obra de Marx é extensa e passa por muitos pontos importantes, tornando
o trabalho de resumi-lo bastante desafiador. Para começar é necessário salientar
que Marx foi muito influenciado intelectualmente pela obra de Hegel. Assim, o
primeiro conceito a ser citado aqui é uma releitura dos ideais deste autor. Marx
disserta a partir do conceito de Materialismo e se aprofunda nele ao criar o
conceito de Materialismo histórico, que entende que as relações de produção
como algo indispensável para compreender a forma como a história avança.
Marx acrescenta que o ser humano é um ser produtivo e reprodutivo.
Sendo assim, produz seus meios de vida para garantir a perpetuidade da espécie
e se reproduzem. Os indivíduos agem perante a natureza de acordo com a forma
como as forças produtivas se expressam e esse conceito tenta assim entender
como os indivíduos obtêm os bens de que necessitam.
O autor desenvolve também a ideia de que a sociedade pode ser
comparada a um edifício, onde a base (estrutura) seria as forças econômicas e
a edificação (superestrutura) seria os valores, costumes e instituições. A partir
disso e com a intenção de denunciar as desigualdades sociais, Marx apresenta
o conceito de classes sociais. Essas seriam divididas a partir da propriedade dos
meios de produção e, olhando para a sua época, nomeia duas classes: a
burguesia e o proletariado, sendo que a burguesia detém os modos de produção
e o proletariado vende sua força de trabalho.
Aprofundando no conceito de classes, Marx escreve sobre como
historicamente estas classes sempre estão em luta, ou seja, uma é sempre
opressora e outra sempre é oprimida. A luta de classes é algo que prevaleceu
através dos tempos mas se reinventa a partir da organização econômica daquele
tempo. Dessa forma, o capitalismo proporcionou à burguesia a possibilidade de
saírem da marginalização e se tornarem proprietários dos modos de produção.
Marx também desenvolve o conceito da alienação. Para ele o fato de o
trabalhador estar sempre preso ao trabalho causa um tipo de estranhamento
com a própria produção já que, devoto a um mesmo tipo de trabalho
infinitamente, o trabalhador nunca sabe de tudo o que acontece durante toda a
produção.
Traçando um paralelo com as teorias iluministas, Marx se volta à temática
do progresso e procura estabelecer leis de desenvolvimento da sociedade. Para
ele, quando uma formação social se choca com as estruturas econômica e
política elas começam a entrar em colapso e vão se decompondo e dando lugar
a novas estruturas, o que marca um estágio de revolução e de conflitos sociais.
Pensando nas revoluções e nos conflitos sociais, Marx propõe o
Comunismo; uma estrutura socioeconômica onde a divisão do trabalho obedece
os interesses de toda a sociedade e garante, dessa forma, tudo o que é
necessário para a existência do indivíduo, extinguindo-se assim as contradições
entre indivíduo privado e ser coletivo.
Èmile Durkheim
Durkheim é considerado o pai da Sociologia como a conhecemos hoje. O
autor demonstrava uma preocupação pontual com relação a definição e
reconhecimento da Sociologia como ciência. Ele define por exemplo, que o
objeto central de estudo da Sociologia deve ser o fato social. Esse seria a
objetificação dos instrumentos sociais e culturais que influenciam e até mesmo
exercem força de coerção sobre o indivíduo e sua educação e modo de agir.
O autor compartilha com a visão positivista de Augusto Comte sobre os
estudos da sociedade. Partindo do pressuposto que a sociedade deve ser
analisada como um organismo vivo, ele também acreditava que sociedades só
se permanecem unidas se compartilharem alguma crença ou sentimento.
Èmile Durkheim discorre também sobre a dualidade dos fatos morais, quer
dizer, sobre como certas regras morais acabam se tornando parte do nosso
cotidiano e se enraizando nele até que criamos uma certa dependência destas
regras.
Outro conceito importante na obra do autor é também o de solidariedade.
A solidariedade por si própria só se cria a partir de um senso de coletividade
dentro de uma sociedade, e para Durkheim existem dois tipos de solidariedade:
a mecânica e a orgânica. Na solidariedade mecânica o indivíduo está fortemente
ligado à sociedade e o seu comportamento sempre levará em conta o que é mais
coeso com as necessidades da sociedade como um todo; já na solidariedade
orgânica as relações coletivas são mais frágeis e por isso o indivíduo possui mais
liberdade individual para interpretar os imperativos sociais.
Ligado à noção de integração do homem a uma vida social, é importante
ter em mente que o que rege essa interação é a moral. Portanto, se a sociedade
se encontra moralmente abalada, pode se perder a sensação de pertencimento
de seus membros e criar um sentimento de anomia, ou seja, falta de objetivos e
perda de identidade.
Para Durkheim a vida em sociedade é essencialmente moral e cada
indivíduo obedece e deseja a moral que se estabelecesse em sua própria
sociedade. Pensando nisso o autor chegou à conclusão de que a religião é a
idealização moral de uma sociedade perfeita. Os ritos e as crenças são
responsáveis por estabelecer as normas de conduta individual e coletiva. Um
indivíduo completamente aderido ao corpo social, terá de compartilhar das
regras e ideais que compõem sua sociedade. Dessa forma o respeito ao
religioso é importante para a manter unida e repreender aos que ignorarem as
regras morais.
A curiosidade do autor em relação a compreensão da vida humana e dos
aspectos da sociedade fez com que ele tivesse interesse também pelas
categorias essenciais do entendimento humano; conceitos como os de tempo,
espaço, número, causa, substância e personalidade. A ideia de como o ser
humano absorve e entende esses conceitos são também objeto de estudo do
autor.
Durkheim foi um dos principais teóricos das ciências humanas e ainda que
se tenham passado mais de cem anos do seu falecimento, seu trabalho
continuará sempre sendo fundamental para a compreensão e análise do que é
Sociologia e como ela pode ajudar a entender o mundo.
Max Weber
Max Weber é o último sociólogo a ser retratado na obra Um Toque de
Clássicos. O autor, que foi extremamente influenciado por Marx, dedicou sua
obra aos estudos da sociedade e de como o materialismo histórico poderia ser
decisivo na interpretação de como a história social se decorreu.
Weber discorre sobre a importância da objetividade do conhecimento nas
ciências sociais. Para ele é preciso distinguir juízo de valor de realidade empírica,
uma vez que o juízo de valor é imbuído de opiniões, crenças e valores e não
pode ser portanto uma realidade objetiva. O autor também faz uma crítica às leis
das ciências sociais pois como seu objeto de estudo é dinâmico, mutável e
imprevisível, não é possível se utilizar de métodos exatos para a compreensão
da sociedade.
Outro conceito importante para o autor é o do tipo ideal. Esse seria uma
construção puramente teórica e até utópica, que deve ser usada como método
de comparação com a realidade.
A obra de Weber também trata sobre os tipos puros de ação social e o
conceito de ação social. Ele define a ação social em quatro tipos: ação social
racional com relação a fins, ação social racional com relação a valores, ação
social afetiva, ação social tradicional. Para o autor compreender esses tipos de
ação social é uma das principais funções de um sociólogo. Weber também
entende que compreender as relações sociais (que ele divide em relações
sociais comunitárias e relações sociais associativas) é essencial para a formação
da estrutura da sociedade.
A observação da forma como a sociedade se organiza é uma preocupação
das obras de Weber. O autor explica como as classificações que acontecem na
sociedade só acontecem por causa das relações de poder, já que tudo é
influenciado pelo poder (mais especificamente poder econômico).
É importante para Weber também as consequências que o poder traz. Ele
comenta em uma de suas obras póstumas sobre a dominação, que é a
manifestação da autoridade quando legitimada pelo poder. O autor classifica a
dominação legítima em três tipos: legal, tradicional e carismática.
A grande necessidade do mundo de procurar explicações e razões na
religião e na mitologia resultou em séculos de dependência intelectual da
espiritualidade. Ao romper com as amarras da religião no entanto, houve na
opinião de Weber, um desencantamento do mundo. Isso seria o que acontece
quando a sociedade deixa de acreditar em explicações místicas e mágicas já
que a ciência consegue explicar uma grande parte das perguntas das quais a
religião se encarregava. Por essa razão, Weber acreditava que o estudo das
religiões era de extrema importância. O fenômeno de desencantamento do
mundo contribuiu para a formação das sociedades modernas pois mudaram as
práticas econômicas e as estruturas sociais.
É notável nos estudos de Weber que para ele o mundo parte para uma
racionalização crítica. Para que o mundo se organize de forma assim tão
racional, as estruturas modernas e a administração pública fazem uso da
burocracia como forma de consolidar a autoridade e a legitimidade do poder.
Para o autor a burocracia e a dominação são conceitos importantes para se
compreender o funcionamento do capitalismo.
É assim que Weber chega às suas conclusões sobre o capitalismo. A
racionalização da vida cotidiana contribuiu para a sua ascenção. Mesmo que o
calvinismo e algumas éticas protestantes tivessem tido alguma influência na
construção do capitalismo moderno (por valorizar o trabalho e transformá-lo em
algo de extrema importância para a religião), o mesmo não necessita mais de
fundamentações religiosas para se fortalecer e se consolidar.

Você também pode gostar