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EMERSON RODRIGUES DA SILVA

VINICYUS NATAN NUNES FERNANDES

Carbonatação e Reação Álcali-agregado


AVALIAÇÃO E DURABILIDADE DE ESTRUTURAS

UBERLÂNDIA, MINAS GERAIS.

2019
Carbonatação Commented [AF1]: Seria interessante adotar formatação
padrão para títulos

Segundo Ferreira (2013) o fenômeno da carbonatação consiste em um processo físico-


químico entre o gás carbônico (𝐶𝑂2 ) presente na atmosfera e os compostos da pasta de cimento,
tendo como resultado principal a precipitação do carbonato de cálcio (𝐶𝑎𝐶𝑂3 ), como apresentado
na figura 1. Internamente onde tal precipitação ocorre, o concreto se altera fisicamente e,
quimicamente há uma redução da alcalinidade. O 𝐶𝑂2 se difunde no concreto de fora para dentro, Commented [AF2]: Repetição de termos
pois tal gás se encontra em maior concentração no meio externo, a carbonatação se dá, portanto,
de fora para dentro e por isso está intimamente ligado ao concreto de cobrimento. Este por sua
vez, tem grande importância no que tange o campo da conservação de estruturas, pois ele está em
contato direto com o meio ambiente e assim governa a entrada de agentes agressivos para o
interior dos poros da pasta de cimento.

Figura 1 Reação entre gás carbônico e compostos da pasta de cimento Commented [AF3]: Introduzir a equação e nomeá-la
como equação – no caso reescrever seria mais interessante
no ponto de vista de formatação
Ainda segundo Ferreira (2013) a carbonatação se caracteriza pela formação de uma frente
homogênea de avanço, promovendo assim zonas de pH distintos, de modo que quando a frente
de pH mais baixo formada atinge a região da superfície do aço ocorre um ataque à película
passivadora da armadura, deixando o material mais suscetível à corrosão, principalmente devido
à presença de oxigênio associado com umidade. Por se tratar de um fenômeno que ocorre de forma
generalizada, as estruturas podem sofrer grandes problemas na estabilidade global e também em
termos do desenvolvimento continuado dos processos corrosivos das armaduras.

Por isso é extremamente importante garantir a qualidade e desempenho do concreto de


cobrimento, pois é nesta região que ocorre todo o processo de carbonatação. A Carbonatação do
concreto envolve os seguintes processos físico-químicos:

a) Difusão e dissolução do 𝐶𝑂2 gasoso na solução presente nos poros do concreto,


conforme é mostrado na figura 2. Segundo Papadakis (2000) na primeira etapa
da reação há a formação do ácido carbônico que posteriormente se ioniza em
bicabornato e depois em carbonato, considerando que apenas este último
participa do processo de carbonatação.

Figura 2 Difusão e dissolução do 𝐶𝑂2 gasoso na solução dos poros do concreto Commented [AF4]: Equação
b) Dissolução do 𝐶𝑎(𝑂𝐻)2 na solução dos poros do concreto. A dissolução do 𝐶𝑂2
provoca a diminuição do pH da solução intersticial dos poros, com isso a
dissolução do 𝐶𝑎(𝑂𝐻)2 ocorre para restabelecer a alcalinidade do meio, seguido
de sua difusão das regiões de maior alcalinidade para as de menor alcalinidade.

Figura 3 Dissolução do 𝐶𝑎(𝑂𝐻)2 na solução dos poros do concreto Commented [AF5]: Equação

c) Reações entre os íons 𝐶𝑂3 e Ca com a precipitação do composto 𝐶𝑎𝐶𝑂3 , como é


apresentado na figura 4.

Figura 4 Precipitação do composto 𝐶𝑎𝐶𝑂3 Commented [AF6]: Equação

A reação entre o 𝐶𝑎(𝑂𝐻)2 e o 𝐶𝑂2 é considerada a reação principal da carbonatação do


concreto.

Segundo Ferreira (2013) a profundidade e a velocidade de carbonatação podem ser


influenciadas por diversos fatores que estão diretamente ligados ao sistema de poros e pH do
concreto, fatores que podem ser alterados devido a composição e execução da estrutura de
concreto. Entre os principais fatores, estão a presença de adições minerais, a relação
água/cimento, o processo e o tempo de cura, a dosagem, a porosidade, a resistência a compressão,
os fatores internos do concreto (idade, grau de hidratação, agregado e aglomerante) e as condições
ambientais (temperatura, umidade relativa, concentração de 𝐶𝑂2 e tempo de exposição). Commented [AF7]: Não foram citados os principais
ensaios
Reação álcali-agregado

Histórico Commented [AF8]: Poderia ter se usado um parágrafo


para introduzir o quadro, além de nomeá-lo conforme
normatização

PERÍODO PESQUISADOR/INSTITUIÇÃO CONTRIBUIÇÃO

Estruturas de concreto totalmente fissuradas


(Califórnia - EUA);
Após investigações Stanton constatou reações
envolvento álcalis do cimento e areia;
Após alguns experimentos o pesquisador
Década de 30 (descoberta) STANTON (1930)
constatou presença de fissuras similares a
estrutura deteriorada;
Ao limitar a a 0,60% o teor de álcalis, foi
verificada a redução da manifestação no
concreto.

Fixou o limite de álcalis do cimento em 0,60%


Década de 40
BUREAU OF RECLAMATION em massa, co mo intuito de tornar menor Commented
o [AF9]: Erros de digitação
(consequência da
(1941) rsico de fissuração em obras de concreto em
decsoberta)
contato com ambiente úmido.
Primeiro estudo realizado no Brasil (Barragem
GITAHY (1963) de Jupiá). Detecção de manifestação patologica
no agregado.
Observou a necessidade de estudos mais
Início de estudos no Brasil KIAHARA (1986)
aprofundados.
Observou crescente número de casos no Brasil
KIAHARA (1993) nos últimos 10 anos (Deu destaque a estudos
em barragens).
Publicou livro em 1994 de grande relevância
Literatura referência MEHTA E MONTEIRO (1994) acadêmica no qual dedicou uma parte ao
assunto RAA.
Em 1997 foi realizado em Goiânia o primeiro
Eventos "Simpósio Brasileiro Sobre Reatividade Álcali-
Agregado em Estruturas de Concreto".

Manifestações

A reação álcali-agregado é um processo que se dá a partir de minerais que compõe os


agregados presentes no concreto e os íons alcalinos provenientes do cimento que estão presentes
nos poros do concreto.
De acordo com DIAMOND (1989, apud FOURNIER & BERUBÉ , 2000), os Commented [AF10]: Letra minúscula
microporos do concreto no estado endurecido possuem uma alcalinidade elevada. Alguns
minerais que compõe os agregados são instáveis nesse ambiente de elevada alcalinidade e reagem
com os hidróxidos presentes nos poros do cimento ocasionando uma expansão que,
consequentemente, gera uma tensão de tração no interior do concreto, promovendo a formação
de fissuras.

Figura 2 – Gel formado após reação e exudado Commented [AF11]: Introduzir figura no texto

Fonte: HASPARYK, DAL MOLIN, MONTEIRO (2006)

Entretanto, para que ocorra essa reação, além da alcalinidade presente nos poros do
concreto e agregados potencialmente reativos, é necessário um ambiente com temperatura
adequada, bem como uma taxa de umidade suficiente (≥ 80 a 85%) (ACI COMMITEE 221,
1998).
Além dos materiais reativos e condições de ambiente citadas acima, a RAA também
precisa de determinado período de tempo para ocorrer. Mas apesar de estudos iniciais defenderem
a tese de que as manifestações patológicas ocorreram em idades avançadas (20 anos), ANDRADE
(2006) verificou no Estado de Pernambuco estruturas com idade aproximada de 3 anos que Commented [AF12]: Seria interessante citar os fatores
causadores dessa redução de idade de acordo com o estudo
apresentaram fissurações severas em consequência da RAA. observado
A reação álcali-agregado podem ocorrer de 3 principais formas: Reação álcali-sílica
(RAS); Reação álcali-silicato (RASS) e Reação álcali-carbonato (RAC).

Métodos para detecção da patologia em laboratório

Existem vários métodos para se detectar a reação deletéria em questão. Como o objetivo
deste trabalho é a prevenção, o foco estará nos métodos laboratoriais em detrimento aos métodos
de diagnóstico in loco. A partir disso irá se trabalhar com os principais métodos, sendo eles:
AMBT (método acelerado de barras de argamassa), CPT (método de prismas de concreto), ACPT
(método acelerado de prismas de concreto), ACPST (método acelerado de prismas de concreto
imerso em solução) e a análise petrográfica. Do conjunto citado, apenas a análise petrográfica, o
AMBT e o CPT são ensaios normatizados, os demais são ensaios paralelos, mas que conseguem
detectar a potencialidade do concreto sofrer a reação e têm sido utilizados por pesquisadores.
A análise petrográfica, por ser uma análise qualitativa, tem maior importância no
sentido de complementar aos demais métodos, ou é mais confiável quando complementada por
eles. A análise tem o intuito de classificar por meio de microscopia estereoscópica os
componentes do agregado e/ou microestruturas no concreto resultantes da reação. O método em
questão é regido pelas normas ASTM C 856 (1995) e ASTM C 295 (1990) para concretos e
agregados respectivamente.

Figura 3 – Análise petrográfica em agregado Commented [AF13]: Introduzir a figura

Fonte: Sanchez (2008)

O método do CPT ocorre a partir da confecção de corpos de prova de concreto nas


dimensões 7,5 cm x 7,5 cm x 28,5 cm que serão armazenados em ambiente com umidade relativa
de 100% e temperatura de 38 ºC. Este é o método mais confiável, não tendo incongruências
observadas quando comparados os comportamentos em campo e laboratório (THOMAS,
FOURNIER, FOLLIARD, IDEKER & SHEHATA, 2006). Entretanto, o período de observação
é de um ano, o que o torna inviável em alguns contextos.
Figura 4 – Prismas de concreto para ensaio CPT

Fonte: Sanchez (2008)

O CPT é normatizado pela ASTM C 1293 (RAS), ASTM C 1105 (RAC). Segundo tais
normas, o limite de expansão após o ensaio de 1 ano é 0,04%. Expansões maiores ou iguais a esse
limite implicam na ocorrência da reação deletéria.
O método AMBT é o método mais utilizado no Brasil e no mundo devido aos testes
durarem apenas 16 dias, além de ter fácil execução. Entretanto, de acordo com LEE, LIU &
WANG (2004), o método não apresenta grande confiabilidade, apresentando resultados falso-
negativos e falso-positivos, devido ao ambiente altamente agressivo (sem relação com condições
de campo).

Figura 5 – Barras de argamassa para método AMBT

Fonte: Sanchez (2008)

O AMBT consiste em confeccionar barras de argamassa e submergi-las em solução


alcalina (NaOH) a 80 ºC. O método é preconizado mais comumente pela norma ASTM C 1260
que estabelece que expansões inferiores a 0,10% aos 16 dias de ensaio indicam um
comportamento inócuo do agregado. Expansões iguais ou superiores a 0,10% e inferiores a 0,20
% aos 16 dias de ensaio indicam um comportamento potencialmente reativo do agregado.
Expansões iguais ou superiores a 0,20% aos 16 dias de ensaio indicam um comportamento reativo
do agregado.
Já o método ACPT é um método ainda não normatizado, apesar de apresentar bom
potencial. Surgiu da proposta de RANC & DEBRAY (1992) acelerar o método CPT a partir do
aumento da temperatura de 38 para 60 ºC.
Seguindo os estudos de RANC & DEBRAY, outros pesquisadores produziram e
compilaram resultados e constatando-se que havia grande correlação entre o ACPT e o CPT. Com
a produção destes resultados definiu-se um limite de expansão de 0,03% aos 3 meses
(FOURNIER, CHEVRIER, GROSBOIS, LISELLA, SHEHATA, FOLLIARD, IDEKER,
THOMAS, BAXTER, 2004).
O método ACPST é outro método não normatizado, mas estudado por diversos
pesquisadores. Ele se propõe a ser uma alternativa ao CPT, de forma a acelerar o processo. De
acordo com a proposta de LEE, LIU & WANG (2004), as condições de ambiente são as mesmas
do ensaio AMBT, com a ressalva de que o ACPST é feito com concreto, além disso, os corpos
tem as mesmas dimensões do CPT. Segundo LEE, LIU & WANG (2004), adota-se o período de
14 dias, admitindo-se limite de expansão de 0,062%.
Referências

ANDRADE, T. Histórico de Casos de RAA Ocorridos Recentemente em Fundações de Edifícios Commented [AF14]: Revisar questão de negritos
na Região Metropolitana do Recife. RAA 2006 – II Simpósio sobre Reação Álcali-Agregado em
Estruturas de Concreto. Rio de Janeiro, setembro de 2006 (Ibracon).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15577: Agregados –


Reatividade álcali-agregado. Rio de Janeiro, 2008. 8 p.

FERREIRA, M.B. Estudo da Carbonatação Natural de Concretos com Diferentes Adições


Minerais Após 10 Anos de Exposição. Goiânia, 2013. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Civil) – Programa de Pós-Graduação em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil, Universidade
Federal de Goiás. Goiânia, 2013

HASPARYK, N.P.; DAL MOLIM, D.C.C.; MONTEIRO, P.J.M. Avaliação das propriedades
Mecânicas e Análise da Microestrutura de Concretos Afetados pela RAA da UHE Furnas. RAA
2006 - II Simpósio sobre Reação Álcali-Agregado em Estruturas de Concreto. Rio de Janeiro,
setembro de 2006 (Ibracon).

PAPADAKIS, V.G. Effect of supplementary cementing materials on concrete resistance against


carbonation and chloride ingress. Cement and Concrete Research, v. 30, p. 291 -299, 2000.

SANCHEZ, Leandro Francisco Contribuição ao Estudo dos Métodos de Ensaio na Avaliação das
Reações Álcali-agregado em Concretos. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Engenharia
Civil) Curso de mestrado em Engenharia Civil, USP, São Paulo, 2008.

THOMAS, M.; FOURNIER, B.; FOLLIARD, K.; IDEKER, J.; SHEHATA, M. Test Methods for
Evaluating Preventive measures for controling expansion due the alkali-silica reaction in
concrete. Paper. Cement and Concrete Research , p. 1842-1856, 2006.

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