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Priscila Mendonça de Oliveira – 0012205

Priscila Nunes Martins de Almeida - 0012111

Fisioterapia Geral I
Efeitos da Laserterapia de baixa potência na cicatrização

PROFº. LIZIA FABIOLA ALMEIDA SILVA

Gama, 28 de maio de 2019


O uso terapêutico do laser de baixa potência na fisioterapia tem aumentado
significativamente. Objetivo: Avaliar os efeitos da laserterapia de baixa potência nos
parâmetros oxidativos na cicatrização de feridas em ratos. Métodos: Dezoito ratos
Wistar foram divididos randomicamente em 3 grupos (controle 5 dias, n=6; 5 dias/2
J/cm2 , n=6; 5 dias/4 J/cm2 , n=6). Uma única ferida circular medindo 8 X 8 mm foi
cirurgicamente realizada no dorso do rato. Trinta minutos após a última irradiação, os
ratos foram submetidos à eutanásia, e o tecido irradiado foi removido cirurgicamente e
armazenado a -70o C. Foi determinada a atividade das enzimas da cadeia respiratória:
DCIP oxirredutase (complexo II) e succinato desidrogenase solúvel (SDH), atividade do
citocromo c oxidase (complexo IV), produção de ânion superóxido, atividade da
superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT). A lipoperoxidação foi avaliada pela
técnica, termo laser é um acrônimo para “Light Amplification by Stimulated Emission
of Radiation”, que significa amplificação da luz por emissão estimulada da radiação”. A
palavra laser é consagrada pelo uso e define fonte de luz monocromática, intensa,
coerente e colimada, cuja emissão de radiação se faz pelo estímulo.

Embora tenha sido Albert Einstein quem concebeu os princípios da geração


deste tipo de luz, somente em 1960 foi produzido o primeiro emissor de laser. Os
primeiros trabalhos com laser de baixa intensidade foram conduzidos pelo professor
Mester, que observou que o laser é capaz de modular processos biológicos, em
particular, estimular processo de regeneração tecidual.

Os laseres podem ser classificados de três formas de acordo com sua potência:
Power laser, Mid laser e Soft laser. O Power laser emite radiações de “alta potência”,
sendo assim utilizados em procedimentos industriais e cirúrgicos, por seu potencial
destrutivo. O Mid laser emite radiações de “média potência”, apresentando efeito não-
destrutivo semelhante ao do Soft laser, com a diferença que o último emite radiações de
“baixa potência”

Com o objetivo de acelerar esse processo cicatricial, a fisioterapia tem em mãos


o laser terapêutico (de baixa intensidade), que atualmente vem sendo utilizado em
associação ao tratamento convencional de feridas, que consiste em adequada assepsia
local, curativos, uso de colchões e almofadas especiais, associadas a abordagem
sistêmica da patologia e nutrição, e principalmente a remoção de sua causa.
Os lasers utilizados por fisioterapeutas são os de Hélio-Neônio (He-Ne),
Arseneto de Gálio (AsGa), Alumínio-Gálio-Indio-Fósforo (AlGaInP) e Arseneto-Gálio-
Alumínio (AsGaAl), conhecidos como lasers terapêuticos, lasers de baixa intensidade
ou de baixa potência.

RESULTADO

Os resultados mostram uma diminuição na atividade do complexo II nos grupos


irradiados por 5 dias com 2 e 4 J/cm2 , enquanto a produção de ânion superóxido
mostrou uma diminuição significativa no grupo irradiado por 5 dias com 4 J/cm2 em
relação ao grupo controle. Além disso, um aumento significativo na atividade da
catalase foi observado no grupo irradiado por 5 dias com 2 J/cm2 , como também uma
diminuição da peroxidação lipídica nos dois grupos irradiados. Conclusões: Os
resultados do presente estudo indicam que o laser estimula a atividade antioxidante e
protege a célula contra danos oxidativos durante o processo de cicatrização de feridas
cutâneas em ratos.

PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO

Quando a integridade da pele é alterada, inicia-se a cicatrização, que é um


processo complexo, envolvendo a interação entre células estromais e circulatórias que
são ativadas por um conjunto de mediadores químicos, fragmentos de células e matriz
celular, microorganismos e alterações físico-químicas do microambiente da lesão e
áreas circunjacentes. É didaticamente dividido em três fases, interdependentes e
sobrepostas dinamicamente no tempo.

A fase inflamatória ou exsudativa inicia-se logo após a lesão, com formação de


rede de fibrina e migração de neutrófilos, linfócitos e, mais tardiamente, os macrófagos,
tendo como objetivo remover tecidos desvitalizados. A fase proliferativa é dividida em
três subfases e é responsável pela formação do tecido de granulação. A primeira subfase
é a reepitelização que ocorre pela migração de queratinócitos das bordas e anexos
remanescentes; a segunda é a fibroplasia, na qual ocorre proliferação de fibroblastos e
produção de colágeno, elastina e outras proteínas; a terceira é a angiogênese que ocorre
paralelamente à fibroplasia, onde os novos vasos darão suporte à formação da nova
matriz16. Nessa fase, tem início o fenômeno de contração realizado pelos
miofibroblastos.

A última fase é a de maturação ou remodelação, onde ocorre a substituição do


colágeno tipo 3 pelo tipo 1, absorção de água, diminuição do número de vasos, que
pode levar de 6 meses a 2 anos.

Com base na natureza da ferida e quantidade de tecido lesado, as lesões cutâneas


podem ter uma cicatrização por primeira ou por segunda intenção. A cicatrização por
primeira intenção ocorre por aproximação das bordas, com menor quantidade de
colágeno e reduzido tempo de recuperação.

Diversos fatores locais e sistêmicos podem atrasar ou impedir a cicatrização,


como: suporte nutricional inadequado, déficit na oxigenação tecidual, infecção, necrose,
ambiente seco, tamanho da ferida, idade do paciente e imunossupressão. Qualquer
alteração no processo de reparo leva à cicatrização patológica, que pode ser agrupada de
forma geral em: formação deficiente de tecido cicatricial, formação excessiva (cicatriz
hipertrófica e quelóide) e a formação de contraturas.

ESTUDOS SOBRE OS EFEITOS DO LASER TERAPEUTICO NO PROCESSO


DE CICATRIZAÇÃO

Há evidências na literatura que o laser terapêutico acelera a reparação tecidual.

Dentre os protocolos experimentais utilizados, estão a cultura de células e tecidos, que


referem um aumento na proliferação de vários tipos celulares, incluindo fibroblastos,
células endoteliais e queratinócitos.

A maioria dos estudos sobre a ação do laser no reparo tecidual foi realizada em
modelos animais. Utilizando pele ou tendões, a fotobiomodulação no processo
cicatricial é frequentemente analisada do ponto de vista da contração da ferida, por meio
da mensuração de área ou diâmetros e eventualmente outras variáveis, como estudo
histológico dos vários tipos celulares, contagem de vasos e organização das fibras
colágenas. A maior parte dos investigadores emprega o rato, que não é o ideal, devido à
pouca similaridade com a pele humana.

São poucas as investigações que utilizaram modelo humano, sendo conduzidas


com poucos casos e de modo pobremente controlado. Entretanto, as mesmas conclusões
reportadas em estudos in vitro e em animais são sugeridas pelos estudos em humanos.

Neste sentido, um estudo com laser HeNe, aplicado na dose de 4J/cm,


apresentou melhores efeitos na produção de colágeno do tipo III. Em outro, observou-se
que doses entre 7 e 9J/cm2 provocaram efeito inverso, reduzindo a produção de fibras
de colágeno. Entende-se que o aumento da produção de colágeno ocorre através de
mecanismos de fotoestimulação, sobre os quais certas frequências/doses podem atuar,
modulando assim a proliferação celular e elevando a quantidade de fatores de
crescimento de fibroblastos. Outra possível explicação para este fato, ainda segundo
os autores acima, seria a melhor absorção desse tipo de energia por parte das
mitocôndrias e consequentemente, maior produção de ATP e ácido nucleico, cujo
resultado é o incremento na produção de colágeno, aceleração do reparo epitelial e
facilitação do crescimento de tecidos de granulação. Segundo Zanotti et al. , doses
excitatórias (até 8J/cm2) são indicadas quando o objetivo da intervenção inclui a
potencialização da bomba sódio/ potássio; estímulo à produção de ATP;
restabelecimento do potencial de membrana; aumento do metabolismo e proliferação

Celular.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que a laserterapia de baixa potência quando aplicada sobre feridas cutâneas é
capaz de promover como principais efeitos fisiológicos resolução antiinflamatória,
neoangiogênese, proliferação epitelial e de fibroblastos, síntese e deposição de
colágeno, revascularização e contração da ferida. É possível afirmar ainda, que doses
compreendidas entre 3-6 J/cm2 parecem ser mais eficazes e que doses acima de 10
J/cm2 estão associadas a efeitos deletérios. Os comprimentos de onda compreendidos
entre 632,8 e 1000nm seguem como aqueles que apresentam resultados mais
satisfatórios no processo de cicatrização tecidual.
A partir dos achados descritos, observa-se que o laser terapêutico é capaz de
promover um processo cicatricial mais rápido e de melhor qualidade. A maioria dos
estudos revela que a laserterapia acelerou a proliferação de células, aumentou a
vascularização e melhorou a organização do colágeno. Entretanto, poucos exploraram
os efeitos do laser na cicatrização de queimaduras e mostraram achados divergentes.

REFERÊNCIAS

Guirro E, Guirro R. Queimaduras. In: Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos,


recurso e patologias. São Paulo:Manole;2004. p.491-7.

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