Almir Chedialt
RT o
&Lumiar Ett*ora
Idealizado, prodt¿zido e editado
por Almir Chediak
Volume 2
Frevo rasgado................... tr
Funk-se quem puder.. tr
Geléia gera1............. tr
Jeca úoraI...... tr
Lady Neyde. tr
Louvagáo..... E
Luar............. tr
Luzia luluza. u
Mar de Copacabana. tr
Meio de campo.......... tr
Metáfora...... tr
Minha ideologia, minha religiáo......... tr
Minha senhora........ tr
Mulher de coronel....
Yl*ga(Photographblues).. tr
bios barracos da cidade (Barracos)... tr
1iossa."......... tr
Songbonk 0 Gilberto Gil
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lOs copyights das composig6es trRevisáo de Texto¡ o Composigáo g¡fli6s dqs part¡tures IFotocomposigÁo:
musicais inseridas neste álbum estáo Nerval M. Gongalves e editoraSo eletrdr¡ics: Cena¿l Griífica Editora [¡da.
indicados no final de cada música e Mauro Sérgio B. de Freitas Jacob lopes
o Tr¡nscrig6o de pcrtiturs:
g Editor rrsponsóvel: o Composigío eletr6nica dc rordes
Ricardo Gilly, Fred Martins, Sérgio
A]mi¡ Chediak Nacif, Bival e Guilherme Mayah
c letrs co¡n cifr¡s:
Jacob lopes e [,ou Nogueira
o Crpe: o Revisio musicsl:
I D¡reitos de edigáo para o BrasiV
Bruno Libe¡ari Ricardo Gilly o Acmrpuüeme¡¡to editorid :
Publishhg rights for Brazil:
Fátinu Perei¡a dos Santos
tr Arte e Produgño gráEce:
o Reüs6o h¡rm6nica: Lumiar Editora, Rua Bario de ltapagipe, 402
Horondino Reis e Rica¡do Gillv 20261-005 Rio de Janeiro. RJ
Tonim Fernandes 6 Assistente de produgio: -
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o l¡tícia Dobbin www.lumiar.com.br
SuFrvisáo musical:
Ian Guest lumiarvendas@uol.com.br / lumiarbr@uol.com.b
Gilborto Gil: em constante
ilberto Gil estiá entre os compositores mais O repertório para este songbook foi escolhido
criativos e musicais de todos os tempos. juntamente com Gilberto Gil. Encontramo-nos
lnstrumentista e harmonizador de primei- e, de posse de uma listagem de mais de 300 com-
ra linha, táo criativo que dificilmente toca duas posiEóes, chegamos a uma selegáo de 130 cangóes,
vezes a mesma harmonia de uma música. distribuídas em dois volumes. l¡mbro-me de que
A produgáo deste songbook foi a mais demora- nesta nossa entevista, a primeira pergunta que fiz
da e trabalhosa de toda a série já editada. Este tra- foi se ele preferia que no repertório escolhido cons-
balho teve início no ano de 1986, um pouco de- tassem aBenas músicas de sua autoria, isto é, sem
pois dejá ter comegado a produgáo do songbook parceiros, e ele foi taxativo: "Quero as músicas
de Caetano Veloso, o primeiro da série. Gil seria mais representativas e muitas sáo em parceria.,'Gil
o segundo, o que náo foi possível devido á sua falta é um compositor eclético, que já teve muitos par-
de tempo para os enconfos necessários is revisóes cei¡os como Chico Buarque, Caetano Veloso, Ca-
musicais ou mesmo para as entrevistas sobre sua pinan, Torquato Neto, Joáo Donato, Jorge Maut-
vida, que compóem o material básico para a feitu- ner, entre outros presentes neste songbook.
ra de sua biografia, e que resulta numa entrevista Para escrever os textos introdutórios deste tra-
que faz parte do segundo volume desta obra. balho, convidamos Caetano Veloso. o escritor
L-
ebuliqáo
baiano Antonio Risério, o compositor, inté¡prete Na transcriEáo das músicas, tomaram-se como
e filósofo Jorge Mautner, e o professor e escritor base as gravagóes originais dos discos, que, na
Muniz Sodré. sua maioria, tém como intérprete o próprio Gil,
Gilberto Gil acompanhou e ajudou em todo o que, além de cantar, participa dos ananjós e toca
processo de produgáo desta obra, desde a escolha violáo ou guitarra. A partir daí, foram feitas as re-
do repertório, nas revisóes musicais, pesquisas visóes, em que Gil em algumas músicas manteve a
de fotos. Enfim, a sua participagáo direta foi harmonia original e em oums rearmonizou-as para
da maior importáncia para a plena realizagáo des- fica¡em mais ricas ou para facilitarem a execugáo.
te songbook. Agradego a todos que colaboraram direta ou indi-
retamente para que este tabalho fosse realizado.
Fazem parte do repertório c4ngoes de todas as fa-
ses de Gil, desde o seu primeiro üsco lnuvagáo,
gravado em 196ó, atn o Parabolicattwró, de 1992. Almir Chediatr
t
G
'6
-E
ImpressÓes tropicais
ilberto Gil é, ao mesmo tempo-espago, um Aliás, de táo autoconsciente deste fato, Gilberto Gil
clássico e um moderno, um erudito e um fez uma cangáo especificamente sobre o espírito
popular, um artista de inspiraEáo indivi- santo. Mas sobre quais temas este pensador de vio-
dual e um artista industrial da indústria das artes láo e cantor do templo do deus de vários nomes náo
atuais. um conservador e um revolucioniírio. se debrugou?
Suas cangóes váo desde o filosofar pré-socrático Sua velocidade é de qualidade ciclónica e, ao
até a captagáo de nuances familiares e pops e kits- mesmo tempo-espago, caminha pelo caminho do
ches e bregas. Sua carreira toda é possuída pelo fogo meio do Tao.
do espírito santo, e cantar e compor sáo fungóes da
missáo religiosa que o impulsiona, sem explicagáo
em plena densidade dos mistérios inexplicáveis. Jorge llfautner
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Songbook tr Gilberto Gil a
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L¡ta Cerqueira
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Eu dizia:'Vou
aer murtigueito"
Mas com a música era diferente.
Música, quando eu escutava, estabelecia
entáo um espago diferenciado na minha
no Canecáo, 1988
atenEáo. Como se, de rePente, alguma
coisa, algum ente de um mundo Batista, Carlos Galhardo, Francisco
ALMIR uma Pracinha
específico, estivesse falando comigo de - Obviamente,
com uma igreja? Alves, Augusto Calheiros, Jararaca e
uma forma que as outras coisas náo Ratinho, Emilinha Borba, Marlene.
GIL Uma pracinha com uma igreja, é
falavam. Como as cores náo falavam,
claro,- com coreto, com tudo. Um rio que Angela Maria já mais tarde, CaubY
como as densidades náo falavam. Peixoto também, mas náo em ltuaEu.
passava ao lado, as fazendas. A cidade
Música falava comigo diretamente. Eles só váo aparecer quando eu já estou
fica na caatinga, rnas, como fica num
Tinha uma seduqáo, uma coisa mágica' em Salvador, depois de 1950, porque em
vale á beira de um rio, é uma cidade
Logo cedo, aos dois, trés anos de idade' 50 eu já vou pra Salvador.
verde, florida. Eu vivi ali. As referéncias
eu já tinha me decidido que, quando ALMIR Seu pai era médico, nao é?
básicas da música local eram o -
pudesse, quando estivesse capacitado, GIL E.
sanfoneiro Cinézio, a banda A Lira
i¡ia estabelecer formas de contato com
Ituaguense, uma banda'de música
-
aquele mundo. Quando.minha máe
perguntava, eu respondla que quena ser
filarmónica, os violeiros que tocavam A fungáo curadora'
musigueiro quando crescesse. Meu pai,
nas feiras. As feiras eram aos sábados. balsámica, do
Nas quintas ou sextas-feiras, alguns
minha avó, todos perguntavam: "O que trabalho de meu Pai
tropeiros já chegavam e, em geral, com
vocé vai ser quando crescer?" Eu dizia:
eles vinham os violeiros, cantadores'
"Vou ser musigueiro." Eu jáqueria fazer ALMIR Sua móe era dona-de-casa?
música, ter alguma coisa com música.
E as duas referéncias mecánicas, que -
eram o rádio a música tocada no rádio, GIL Professora, ela ensinava na
- - Meu pai trabalhava em casa' Eu
- Vocé mortva
ALMIR numa cidade principalmente na Rádio Nacional, na escola.
do ínterior? Raaio tupi, eventualmente na Mayrink tinha mais contato com a vida
Veiga, que eram captadas lá em Ituaqu profissional dele, porque o eonsultório
GIL Eu morava em ltuagu, uma
- pequena, com menos de mil e os discos, muito raros também. era contíguo, era pratica[rente um
cidade -Duas ou trés casas tinham vitrolas, cómodo da casa. Entáo, eu acompanhava
habitantes naquela época. Uma cidade
gramofones, enfim, onde alguns discos muito mais de perto o entrar e sair de
muito emblemática, muito matriz da
chegavam. Discos do Bob Nelson, do clientes. A presenEa do sangue, a
comunidade humaria urbana. Era uma
Orlando Silva, do Luiz Gonzaga. coisas presenEa da afliEáo, a dor, o alívio, o
sede <le município pequena, mas tinha
assim. E aí, claro, esse mundo já dava iernédio, a fungáo curadora, balsámica,
prefeitura, tinha coletoria, o Fórum, os
uma referéncia mais arnpla. Todo aquele do trabalho dele. Tanto que nos
Correios, a Cámara de Vereadores, o primeiros momentos eu queria ser
juiz, o advogado, o Promotor, o Padre, a cast da Nacional, praticamente todos <ls _
grandes cantores de sucesso: as irmás médico também. Queria antes de tudo ser
paróquia, enfim, os médicos da cidade.
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Songbook tr Gilberto Gil
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Slow Dia donm noite neon no Circo Tihany, margo de 198ó
ls
Songbook tr Gilberto Gil
I
Gil com a turma do colégio, I
I
músico, musigueiro, mas também minha irmá na cozinha, ao lado dela. Ela paciente correndo risco de vida, se fosse I
queria ser médico por causa do meu pai. sentada com a gamela de carne, de do PSD e meu pai náo estivesse, morria, (
Já a minha máe trabalhava no centro porco, galinha, tratando as carnes, e nós e vice-versa. Uma disputa política muito
acirrada. Meu pai era um dos chefes (
escolar, na escola que eu náo ao lado, com a tabuada, ou a cartilha,
freqüentava. Ia eventualmente, nas datas estudando as ligóes. políticos da cidade. Enfim, um líder por (
comemorativas, nas festas. Me razóes óbvias, e minha família era uma
alfabetizei enr casa com minha avó, que Dtinha casa era famflia de destaque. (
era professora aposentada. Minha avó
Lídia, tia de meu pai, na verdade, máe de
un Palco Gom A vida política era muito presente em
casa. A prese.nga dos candidatos, o
I
criagáo de meu pai. Ela era irmá do meu
mudangas constarrtes desfile dos eleitores assiaando petigóes (
avó, e, falecido o meu avé quando meu de inscrigáo no tribunal, a distribuiEáo de
ALMIR teve uma infóncia cédulas. Me lembro muito de quartos I
pai era muito pequeno, ela criou meu pai -Vocé
em Salvador. Professora e aposentada,
bem-estruturada? cheios de cedulas dos candidatos a prefeito, I
foi pro interior viver 1á em casa e se GIL muito bem vereador, deputado, a governador etc.
incumbiu de minha aifabetizaqáo, minha
- Bastante,
administrada. Para os padróes de Ituagu, Minha casa era um comité em todas as I
e de minha irmá, que é um ano mais nova família da classe dominante, famflia épocas de eleigóes, pelo menos nas duas (
burguesa. Meu pai era um dos líderes ou trés eleiEóes que oconeram uma
do que eu. Minha avó cuidava da casa. -
Meu pai no eonsultório, minha máe na locais, um dos dois médicos da cidade, pra Presidéncia da República, em 50 I
que eu me lembro bem.
-
escola o dia todo, ela cuidava da náo só da cidade, da regiáo toda, do (
município e de outos municípios. Além ALMIR En 50, quemfoi o candidato?
administragáo doméstica, determinava o
GIL
-
Foi Getúlio. Enfim, esse era um (
que fazer, que louEa usar, a compra do disso, ficava incumbido de uma faixa
muito grande da populaEáo, porque a vida
-
dos cenários que a vida da casa
querosene. E tomava conta diretamente
proporcionava. Tinha vários. O cenário
(
da cozinha, era ela quem cozinhava, era muito politizada maniqueisticamente.
quem determinava a lista da feira, a Entáo, meu pai, do PSD, e o doutor Luiz das festas, a procissáo, por exemplo, que I
providéncia das verduras. dos legumes Gouveia, que era o outro médico, da eu descrevo numa música. E uma música
muito ligada a isso, quer dizer, d família,
(
junto ás fazendas vizinhas, ela cuidava UDN. Quem era do PSD se tratava com
de tudo. E é muito presente, ainda muito meu pai, quem era da UDN, o doutor promovendo junto com a Igreja e as (
viva em mim a imagern de nós, eu e Gouveia tratava. E havia casos em que o lideranQas cornunitiírias as festas
{
t4 I
Songbook tl Gilberto Gil
Gil com amigos do 39 ano científico do Colégio Marista, com 17 anos de idade, Colagáo de grau em Administragáo de Emgesas, na Reitoria da Universid¿de
Salvador, 1959 Federal da Bahia. 29 de dezembro de 1964
ALMIR
religiosas da cidade. Isso era muito
comum. Minha casa era sede de
- Se vocé fosse um garoto da
cídade, talvez ndo fosse músico.
interior da Bahia, com quem nós lnhamos
pouco contato. Aliás, os primeiros
encontros nos dias de festas religiosas. GIL Talvez eu náo tivesse tido a contatos que passei a ter com eles foram
-
possibilidade de aprofundar essa relaEáo depois de morar em Salvador. Enquanto
A procissáo passava pela porta. Outro
cenário importante eram as festasjuninas com a música, com a poesia. Teria, morava em IfuaEu, náo os conheci, náo
onde, ao redor da fogueira lá de casa, se talvez, mas diferentemente. Náo tive a oportunidade. E um outro tio que
reunia parte importante da gente da aóredito. Pra minha geragáo, aquelas morava no Rio. Praticamente, nem no
cidade e chefes de famílias vindos das condigóes foram fundamentais pra Rio morava. Era embarcadiEo do Lloyd,
fazendas das redondezas, os clientes muitos de nós. E o mesmo caso do trabalhava nos navios , vivia pelo mundo.
gratos do meu pai. Pessoas que tinham Caetano, do Joáo Gilberto, de uma série Passava um, dois anos viajando. Ficava
sido curadas por ele. de outros. em Nova York, ás vezes ficava na
Europa, enfim, eu só vim a conhecé-lo já
Outro cenário muito comum era o desfile Meu pai é da muitos anos depois, quando já
das pessoas que vinham trazer presentes,
fazer pagamentos. Meu pai recebia
geragáo do Caymmi adolescente em Salvador. Entáo, a
família era muito pequena. Náo havia
muitas leitoas, muitos porcos, muitas ALMIR Vo cé tinha pare nt e s músic o s, uma presenga grande de parentes e
galinhas, carneiros em pagamento aos -
mesmo nao profissionais? pessoas próximas.
serviEos prestados como médico. Minha GIL Náo. Minha família é muito ALMIR Que importáncia teve o feto
casa era um palco com mudanEas -
pequena. Aproximagáo, pelo lado do
-
de seu pai ser negro e médico?
constantes, com vários cen¡írios, vários meu pai, nós só tínhamos com a minha GIL Ser negro, ser branco. "Terra de
teatros se desenrolando. As festas cívicas
avó, que era tia dele. Eramos os únicos
- mulato. Terra de preto, doutor/
branco,
também eram marcantes, com desfile vivendo lá em ItuaEu, e, em Salvador, Sáo Salvador, Bahia de Sáo Salvador",
dos escolares e dos soldados, com a quando íamos nas férias, tínhamos como diz Caymmi.
banda tocando os dobrados militares. alguns parentes do meu pai, mas muito Ele pertence a isso, é da geragáo do
Essa é uma das imagens tambem fortes de poucos. Náo era uma família grande. A Caymmi. é a mesma coisa, o mesmo
IruaEu. Festas juninas, festas religiosas, família de minha máe também era muito tipo, o mulato de cabega branca, cabelo
festas cívicas, o dia-a-dia da vida pequena. Tinha um tio, irmáo dela, que branco. Inclusive, era muito confundido
missionária de meu pai. morava com a famflia em Caravelas, no com Dorival Caymmi nas ruas.
r5
(
(
Songbook tr Gilberto Gil I
José Anlm¡o / AJB
Aconteceu várias vezes de estar andando {
em Salvador e as pessoas apontarem, (
"olha o Dorival Caymmi". Porque muito
cedo, também como Caymmi, ele teve I
cabclos brancos, aos trinta anos já tinha
I
cabelos brancos.
Essa coisa era muito importante, quer I
dizer, ele ter percorrido aqueles estágios
todos da ascensáo social pros negros e I
mulatos. Era um dos raros. vamos dizer (
assim, esffcimes, um dos bern-sucedidos
negros pequeno-burgueses. E minha máe, (
professora, a mesma coisa. As famfias de
(
ambos tinham tido muitas dificuldades
para educá-los, para conseguir que I
SeJgassem aquele degrau de importáncia
social¡om a educaEáo. Ambos I
conseguiram, se casaram e constituíram I
uma família. Eu nasci nesse contexto.
Tive toda uma vida programada para dar I
continuidade a isso, pra ser doutor, me (
letrar, rne ilustrar, ocupa¡ posigóes
importantes na vida, continuar esse I
trabalho de consolidaEáo'de uma
(
burguesia negra na Bahia. Eu pertengo a
essa linha mesmo. (
Pedi i
minha (
máe pra estudaf, I
acofdeom (
ALMIR I
- Vocéfoi
avó achava isso?
um bom aluno? Sua
(
GIL _- Bom, ela era muito exigente.
Vinha de uma tradiEáo de exigéncia do I
mestrado, uma época de muita
disciplina. Tinha sido professora na
{
Escola Marqués de Abrantes, em Gil em show, novembro de 1966 (
Salvador. Com ela haviam estudado
vários meninos que vieram a ser pessoas
(
casa da minha tia, irmá de meu pai, que demonstrado interesse em estudar
importantes, chefes de Polícia, era a professora que tinha substituído música e o acordeom era um instrumento I
deputados, secretários de Estado e tudo minha avó na Escola Marqués de ligado a todo aquele mundo de formagáo
isso. Era uma pessoa muito ciosa de sua Abrantes. Fomos morar com ela, eu e meu: o sertáo, Luiz Gonzaga, os
I
importáncia; uma negra daquelas como
se fosse uma máe-de-santo. Entáo, já na
minha irmá, pra fazer o ginásio, porque sanfoneiros da regiáo, o mundo rural, I
náo tinha ginásio em Ituaqu. Além disso, tudo aquilo. E o acordeom emergia
fase da velhice, da aposentadoria, a casa meu pai e minha máe, ambos de também como instrumento imponante na I
que administrava e as duas crianEas de Salvador, achavam que eu devia fazer lá o vida das cidades grandes, no Rio de a
quem tomava conta eram todo o mundo, ctuso ginasial, havendo aquela facilidade Janeiro, na Academia Mascarenhas, em
eram o resultado, o resíduo de toda a vida de ter uma casa onde pudéssemos hcar. Sáo Paulo, Pernambucc, Salvador. Ele a
dela. Entáo, vocé imagina com que zelo,
com que disposigáo ela tocava a vida
Minha máe professora, minha avó
professora, minha tia professora, meu pai
teve naqueles anos cinqüenta a mesma
importáncia que o violáo veio a ter nos
I
daquela casa e, pofanto, vocé imagina médico, todos tinham tido a vida colegial, anos sessenta. Quer dizer, era um a
de que éramos objeto, eu e minha irmá. sabiam o que era, todos estavam muito instrumento ligado á formaEáo cultural
Eramos objeto do mais acurado trabalho ligados áquilo. Eu fui entáo pra dos adolescentes das famílias de classe
I
e zelo da parte dela. Salvador, com minha irmá, fazer o média nas cidades. O acordeom dava a
ALMIR Quando vocé foi para ginásio, fui pros Maristas, fiz o curso de acesso, pra muitos jovens, ao mundo da
Salvador?- admissáo durante um ano. No final do música, á iniciaqáo musical, á iniciagáo a
GIL Eu fui pra Salvador entre os nove ano, prestei exame, em 1952 entrei, aos artística. Entáo, nessa época, a
e dez-anos. dez anos, na primeira série ginasial. entusiasmadíssimo por uma novidade,
ALMIR foi com seus pais? No mesmo ano, entrava na Academia de por uma revoluEáo na utilizagáo do a
GIL -Vocé
Náo. Meus pais ficaram em Acordeom. Minha máe comprou um acordeom, que tinha sido determinada
Ituagu- e eu fui para Salvador morar na acordeom pra mim. Eu já tinha pelo Luiz Gonzaga, que era um criador,
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Songbook tr Gilberro Gil
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reciclador do instrumento no Brasil, pedi errar, que era o bairro mais ALMIR-Sorteasua.
á minha máe que me pusesse pra estudar representativo da formagáo da cidade GIL Ali comegou minha vida. Fui
acordeom. E fui estudar com o Dr. José naquele período da História. Era o baino -
estudar num ginásio distante. Um
Benito Colmenero, um médico com a maior concentraqáo de igrejas, ginásio, pa¡a os padróes da Bahia de
espanhol, que, ao mesmo tempo em que onde está o Convento do Carmo, onde entáo, de classe alta, um lugar que
comegava a carreira como médico, abria tinha sido fundada a cidade, onde tinha concentrava os filhos da elite baiana.
sua primeira academia. sido assinado o tratado entre holandeses Estudava nesse lugar e morava nesse
e portugueses, na rendiEáo dos outro, que concentrava a elite média, a
O Santo António holandeses, enfim, uma concentraEáo elite negra, rírabe, espanhola, a elite dos
muito grande. A procissáo da Semana imigrantes. O Santo António era uma
era rrrna pérOla Santa saía dali. Ao lado fica o péroia, uma pérola negra, uma cidade
negFa Pelourinho, uma densidade cultural, aquele bairro. Hoje decadente, mas
uma significaqáo muito forte. Embaixo, naquela época, absolutamente
E aí. fui estudar acordeom, comegando a descendo a ribanceira, ficava o porto de florescente. Representava o que havia de
viver a vida de um bairro de uma cidade Salvador. A presenga dos marinhei¡os mais importante na acumulagáo cultural
grande, diferente de ltuagu, o bqirro de estrangeiros eles chegavam e da classe média baiana.
Santo Antdnio. Ao mesmo tempb, um imediatamente - se encaminhavam para o E, ali, eu fui crescendo, adolescente, I l,
dos bairros mais animados. mais bairro de Santo António. Os grandes 12 anos, tocando acordeom, me
representativos da vida na cidade de blocos de carnaval, como Os Corujas relacionando com aquele mundo do
Salr ador, porque era de classe média (hoje em dia, Os Internacionais), Os carnaval, aquela efervescéncia e aquela
bai.ra, com muitos negros, muitos Filhos de Gandhi, todos eles nascidos ali capacidade de explosáo que o bairro
árabes , muitos espanhóis, muita gente do no bairro de Santo António. Entáo, eu fui tinha. Já comegando a acompanhar o
interior. Eu diria, quase sem medo de parar nesse lugar. futebol, indo para os jogos, pelo menos
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Songbook tr Gilbedo Gil
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GiJ, Sáo Paulo,
I
a
quando ougo o Joáo Gilberto pela primeira
todos os domingos, torcer pelo Bahia.
Me afeiEoando também áquele mundo do
já nesse baino, já nessa casa, exatamente
no período mais fértil da vida da cidade, vez tocando. Até entáo, náo tinha me I
futebol, estudando no colégio, me dezembro, janeiro e fevereiro, quando interessado por violáo. Ouvia, gostava do a
violáo, do regional. Gostava muito do
dedicando a esportes, tocando no
conjunto do colégio, O Bando Alegre,
ocorrem todas as festas e o Camaval.
Entáo, eu já estava acostumado a passar Jacob, do Waldi¡ Azevedo, de tudo o que I
pelo menos esses trés meses da minha estava ligado ao mundo das cordas
onde fui tocar acordeomjá com 12, l3
populares, mas nada me atraía pra aquilo.
a
anos de idade. ComeEando a me vida. na infáncia, ali nesse bairro.
interessar por música de um modo geral, Quando eu vim morar, foi como se fosse ALMIR Era o Regional do Canhoto,
- a
uma adogáo definitiva do bairro por mim nao e!
comegando a descobrir as pessoas que a
tocavam, que cantavam. Me interessando e de mim pelo bairro. Quer dizer, claro GIL E, mas eu náo conhecia ainda.
pelas discussóes sobre música na que mudava muito o fato de eu estar Eram-pessoas que a gente náo ti¡rha a I
barbeana. que ficava na esquina.
Discutíamos as preferéncias. Cauby
morando ali. distante de meus Pais,
freqüentando um colégio, pela primeira
oportunidade de conhecer de nome,
porque estavam nos bastidores. Eles náo I
Peixoto comeEando a surgir e nós, os mais vez, na cidade. Entáo, havia adaptaEÓes eram as grandes estrelas, entáo a gente a
náo conhecia de nome. E ainda náo tinha
novos, preferindo Cauby Peixoto,
discutindo com os antigos, que preferiam
exigidas. mas ao bairro. mesmo. em sl,
aos cheiros das frutas e dos sorvetes, dos a curiosidade específica de saber. Das I
Nélson GonEalves. Ali fluem, ao mesmo verdureiros. dos taboqueiros que
vendiam, aquela coisa toda, eu já estava
cordas, quem a gente destacava mesmo
era o Jacob e o Waldir Azevedo, eram as
I
tempo, existéncia, cultura, meditagáo,
todas as grandes meditagóes sobre a acostumado. A adaptagáo ao bairro náo duas estrelas das cordas pequenas
-
o I
vida, os primeiros amores.
ALMIR As namoradas surgiram?
foi táo difícil. bandolim e o cavaquinho.
O primeiro grande interesse pelo violáo,
I
GIL -
As namoradas surgiram Por aí, Joáo Gilberto foi quem me despertou foi Joáo Gilberto. a
-
nas festas de bairro, as festas quem me despertou Quando ouvi aquele violáo, aquilo ali, na
I
verdade, realizava no violáo todo um
importantes. Lá no Santo António tinha
muitas festas. Ali ao lado, a Lapinha
para o violáo mundo que a gente já Procurava no I
também tinha uma muito importante, a acordeom, no piano. Quando chego aos
ALMIR E o ac'ordeomJbi até quantos 18, l9 anos, venho de uma experiéncia a
de Reis. Entáo os romances aconteciam. -
ALMIR
- Vocé sentiu uma diferenEa
anos?
GIL-Oacordeomfoi atéos l8'
no acordeom que já tinha sido
enriquecida, tinha saído daquele
I
muito grande quando saiu do interior?
GtL -- Náo muita, porque, quando pelo menos como instrumento único,
19,
contexto brejeiro, vamos dizer assim, da I
morávamos em Ituaqu, todos os anos como referéncia nrusical única. porque
entre os 19 e os 20 eu Pego o violáo, já
academia, onde se cultivavam as
nrúsicas seftaneias, as coisas tblclóricas
I
vínhamos passar as férias em Salvador,
I
l8 I
Songbook tr Gilberto Gil
.w-Si
::''l'iiffii"li'l ffi
Show lza¿ Te¡ro Piringuinha, Sáo Paul,q abritdc t98l
e os clássicos de Zequinha de Abreu e por causa do Chega de saudade- sonoridade cla¡amente defrnida no violáo
Ernesto Nazareth, e já se passava a Pedi á minha máe e ela mandou dinheiro através de Joáo Gilbefo, que aí me criou
cultivar a sonoridade de Glenn Miller, para comprar um violáo. Comprei pela a apeténcia, me deu apetite pelo violáo.
das bi6 bands da época, com o jazz manhá e, de tarde, peguei uma lancha ALMIR E vocé estudou por música7
comegando a interessar a gente. Nós para ir veranear em Salinas. Era época de GIL -
Estudei os métodos de solfejo
tÍnhamos formado um conjunto, no férias já, e quem encontro na lancha? O -
e divisáo.
bairro, chamado Os Desafinados. Clodoaldo Brito, Codó, que me viu com ALMIR Por quanto tempo?
aquele violáo. Eu já conhecia o Codó da GIL -
Quatro anos, com muito
$ueria inventar Rádio Sociedade da Bahia, sabia que era - porque náo me interessava na
desleixo,
um grande violonista. Enfim, ele me
as coisas que pediu o violáo e afinou. Codó foi a
verdade. O que eu queria era o som,
queria a possibilidade técnica imediata
estavam sendo primeira pessoa a afinar meu violáo. de acessar os sons e, aí, utilizá-losjá em
inventadas Logo o Codó pra afinar pela primeira vez funEáo de um gosto meu, que se
meu violáo! desenvolvia com aquela cultura musical
ALMIR Por causa da música Junto com o violáo eu tinha comprado o que emergia na época. Queria inventar as
-
Desafinado? método do Canhoto, entáo comecei a coisas que estavam sendo inventadas.
GIL Exatamente. Tínhamos um destrinchar aqueles primeiros acordes ali Queria os malabarismos, já queria de
- nesse conjunto,
vibrafone onde naquelas semanas de férias. Um més e LuizGonzaga pra lá. Queria a inventiva
revezávamos, eu e o Everton, um outro pouco depois, numa loja de música de de Luiz Gonzaga ligada a tudo isso que
menino que também tocava acordeom, Salvador. encontrei o método do vinha a se associar com as harmonias da
tocava mais que eu inclusive, era mais Bandeirantes, e comecei a aprender com modernidade. As coisas teóricas, velhas,
modemizado. Entáo, ele tocava cifra, acordes cifrados. Comecei a náo me interessavam. Entáo, eu náo tive
acordeom no conjunto, eu também aprender as inversóes, as alteragóes e a no curso, pro lado teórico, uma
tocava, e revezávamos no vibrafone. E aí perceber que aqueles acordes tinham a dedicagáo muito grande, porque o curso
foi exatamente quando esse mundo da ver com o que eu ouvia no Joáo Gilberto. era clássico. Ele ensinava a gente a
harmonia moderna comeqou a penetrar. ALMIR E aí vocé jóficou sensível d dividir, solfejar, ler as partituras, tocar.
Foi exatamente quando chega o Joáo harmonia.- No comego vocé já botaya Mas todo material que nos oferecia era
Gilberto realizando no violáo tudo isso, uma sétima maior? caduco, mais velho. Entáo, náo me
condensando no violáo todo esse mundo GIL Já. Sextas e quintas aumentadas, interessei teoricamente pelo curso.
que a gente já comeEava a abordar - terceiras, já tinha tudo isso, por
décimas ALMIR ¿ aí yieram as composigóes?
atrar'és do acordeom. Foi aí que eu causa do jazz, por causa daquilo tudo. GIL -
É, com o violáo. No acordeom,
resolvi tocar violáo, por causa do Joáo, Porque encontrei, pela primeira vez, aquela eu já -
compunha muito. mas náo
l9
Songbook D Gilberto Gil
son¡a D'Alreida / AJB
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1989
registrava como composlEao. acompanhava, náo dava essa imagem. Era um outro samba, com saborpraieiro,
Improvisava muito, inventava baióes, LuizConzaga despertava a imagem que dava essa coisa de coqueiros, luares,
xotes, inventava choros, sambas, mas popular, a imagem da festa, de muitas palmeiras e sereias e pescadores, co{pos
náo memorizava propriamente. pessoas. Era como se, ao cantar, ao tocar, nus, fortes. Quer dizer, CaYmmi
LlizGonzaganáo fosse um, fosse muitos. deslocava um pouco aquela coisa do
ALMIR- Vocé ds vezes pensava, " seró confinamento do samba is matrizes
que isso é meu mesmo?" O Joáo era o contrário. Dava a idéia de
solidáo, de uma pessoa, de um músico. cariocas. Enfim, Caymmi, pela primeira
Entáo, comecei a ter a idéia da solidáo, vez, dava esse gosto, essa colsa que
A idéia da solidáo, da individualidade como criador. Foi o antecedia a reggaes e merengues na
da individualidade primeiro a despertar isso em mim. E aí, música brasileira. A música de Caymmi
como criador passei a ter a necessidade de ter minha já era isso. Náo foi h toa que Joáo
própria música, minha própria canEáo, a Gilberto compós Bim-bom. Bim-bom é
GIL Exatamente. E por isso mesmo cangáo que dissesse de mim para mim uma das raras composiEóes de Joáo e é um
-
eu náo registrava. Náo havia, até entáo, mesmo, por mim mesmo e que fosse, pouco esse mundo do sertáo e do Ca¡ibe,
nenhum interesse pela canEáo como para os outros, um símbolo concentrado um pouco baiáo e um pouco merengue. E
compositor. Havia interesse do músico da minha pessoa. o afro-cubano. Joáo Gilberto é isso, é
ALMIR LuizGonzaga e é Caymmi.
pela frase, pelo fraseado. Entáo, quando -//a suafase de acordeonista,
o Dorival Caymmi era um compositor Engragado, que quando peguei o violáo e
vi Joáo pela primeira vez, me interessei
pelo dizer das coisas; pela primeira vez, presente também? fui vendo as cifras e aprendendo acordes,
intuí a capacidade que a pessoa tem de GIL Era. Muito presente. Ele era da quando fui fazer a batida da bossa nova,
ser ao mesmo tempo um instrumentista e
- de um Luiz Gonzaqa. transmitia
estatura queria acompanhar, pensava em samba e
um cantor, cantar e se acomPanhar. E o mesmo. É como se fosse*o'mesmo náo conseguia fazer a batida. Só fui ter a
claro que Luiz Gonzaga já tinha universo, como se fossem matrizes decifraEáo da batida, da divisáo do Joáo
despertado isso. Mas Luiz Gonzaga tinha contemporáneas, matrizes equivalentes, Gilberto, quando comecei a pensar em
despertado o lado, vamos dizer assim, embora náo fossem as mesmas. A matriz baiáo. Aí deu. Só consegui sentir a
comunicativo, expresso, aberto dessa beira-mar do Caymmi equivalia i matriz relaEáo bordáo, cordas agudas, quer
coisa. O Joáo estirnulava o lado sertáo do Luiz Gonzaga, pela forma, dizer, arelaEáo dedo polegar e os trés do
cornunicativo fechado, intimista. Ele pelo mundo das harmonias que meio nos agudos, quando comecei a
dava a imagem da concentraEáo numa dominavam, pelas estruturas melódicas pensar em baiáo. Entáo, Pra mim ficou
pessoa, enquaf¡to Luiz Gonzaga, mesmo que manipuiavam etc. Era o mesmo logo tranqüila a associaEáo de Joáo com
sendo uma pessoa que cantava e se mundo. Caymmi era um pouco o Caribe. o sertáo, com o baiáo. Foi logo de cara.
.2()
Songbook tr Gilberto Gil
Wiboñ SantG/AJB
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f! ,' iii-, ,
ALMIR ¿' aí vocé comegou a compor me casei com Nana (Caymmi), dois Gessy-Lever. Esse emprego nunca
-
a tocar no ródio, como é que foi isso?
,
anos. Depois me casei com Sandra, doze ameagou afastar vocé da música?
GIL Eu comecei no rádio através de anos. E agora, Flora. Já tá indo pra doze GIL Tinha um projeto. Eu deveria
- Nessa época, quando comecei a
jingles. anos também. - o estágio de mais seis meses no
terminar
tocar violáo e continuava o trabalho com ALMIR A Luzía-Luluza, de outra Brasil, ir pra Inglatena, Índia e
-
música sua, er6 namorada, uma amiga? Austrália, prafazer estágios nas trés
Os Desafinados, estava fazendo o
vestibular para a faculdade de GIL Náo. É uma personagem fictícia. estruturas, nos trés conjuntos industriais
Administragáo de Empresas. Quando
- deles nesses países. E volta¡ pro Brasil
chego á universidade, em Salvador, Nunca fiquei para assumir um cargo de geréncia, um
cargo de alto nível, já na cúpula da
chego também á televisáo, ao mundo da solteiro, desde que empresa. Mas eu desisti, resolvi ficar
gravagáo através dos jingles , quer dizer,
á ampliagáo do convívio com o meio
me casei pela com a música.
musical, aos contratos, aos concertos, ao primeira vez ALMIR EIes viram em vocé talento
-
contato com a música erudita, a música pra coisa...
ALMIR GIL E tinha um fator que era
clássica, a música experimental. Isso até - Vocé nunca ficou muito
tempo solteiro entre os casamentos? -
importante pra eles. Eu deveria ser o
os 22 anos, quando me formei e vim pra
Sáo Paulo. Me casei com Belina e vim GIL De um pra outro? Praticamente primeiro executivo negro de alto nível
pra Sáo Paulo.
-
sem intervalo. Náo houve espago, há 26 daqui, isso também fazia parte do projeto
anos que sou casado. Me casei em 65 político deles.
ALMIR Casou-se com a móe da
Narinha?
- com Belina. Saí da Belina já pra viver ALMIR
- Quer dizer, o Gilberto Gil
com Nana, saí da Nana pra viver com poderia substituir o Mário Amato na
GIL Máe da Nara e de Marflia.
Fiesp (risos)...
ALMIR
- Sandra, saí da Sandra pra viver com
- Vocé fala delas em uma de
suas músicas, Volkswagen blue...
Flora. Nunca fiquei solteiro, desde que GIL
-
O projeto era esse.
me casei pela primeira vez. ALMIR vocé foi para Sao
GIL: "Minha caravela. minha ALMIR ¿'ssa coisa de família é muito
- Quando
Paulo coincidiu com a ida de Bethánia
- Fala do meu pai, da minha
carabela." -
forte em vocé? para o Rio?
máe, das duas meninas "duas GIL É, Em sido. O casamenó tem sido GIL Coincidiu. Inclusive há um fato
- e Nara.
marinaravilhas "-. Marília -
uma coisa... náo consegui ficar sozinho. muito- engragado. A vinda da Bethánia
pra fazer o Opiníao foi muito decisiva
ALMIR
- E vocé ficou casado por
quanto tempo, Gil?
Tive oito hlhos, farnfia grande, va¡iada.
ALMIR Quando vocé se casou e se pra minha ida pra Sáo Paulo, pra
GIL Com Belina? Dois anos. Depois
-
mudou para Sao Paulo, se empregou na Gessy-Lever. Porque, ao terminar o
-
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Stwv 20ans d¿ Gilbeno Gú S¡o P¡ulo. l9t5
I
curso de Administragáo, em 64, o
encaminhamento prioritário do
Caetano em Sáo Paulo foi fator definitivo
pra que optasse pela Gessy-Lever e náo
era universitório, vocé conheceu I
desdobramento da minha formatura era a pelo Master em Michigan.
nessa época?
GIL Eu conheci o Chico em janeiro I
Pós-Graduagáo, o Master nos Estados ALMIR
-
de 65, quando fui a Sáo Paulo fazer o I
Unidos, em Michigan, para o qual eu já - Como foi o processo da sua teste da Gessy. Quando saí da Bahia para
vinha me preparando. Estava pronto para
entrada na Gessy-Lever?
GIL Eu rne formei em dezembro de
f.azer o teste, alguém me deu o enderego I
ir para lá quando surgiu o teste da
Gessy-Lever na Bahia, coincidindo com
- essa época, a empresa foi á
64. Por da Telma Soares, que era cantora, era
enturmada. Entáo, em Sáo Paulo,
I
a vinda da Bethánia pra Sáo Paulo. Aí, na
Bahia, a Pernambuco, ao Rio, ao Paraná,
a Santa Catarina, e recrutou 36
procurei por ela, e numa noite dessas I
hora da opEáo, dei preferéncia á Gessy,
porque Bethánia, Caetano, Gal já
estudantes. Fomos a Sáo Paulo fazer
testes e, desses 36, quatro foram
fomos parar no Joáo Sebastiáo Bar, do
Paulo Cotrim. Era o aniversiírio de
I
estavam viajando pra Sáo Paulo.
ALMIR
selecionados para assumir o
alguém, e todo mundo foi parar nesse I
GIL
-
- Vocé estava casado?
Me casei pra vir para Sáo Paulo.
treinamento, eu da Bahia, dois de Sáo
Paulo e um do Paraná.
bar. Conheci o Chico nessa noite.
Cantamos, demos canja. Telma disse I
Exatamente em maio de 65, um més
antes de vir para Sáo Paulo, já com
que eu cantava na Bahia, eu cantei uma
música, Chico cantou outra.
I
minha vinda decidida.
Conheci o Ghico ALMIR
- Vocés ficaram amigos?
I
ALMIR Como essa decisáo em janGlro de 65 GIL Ficamos amigos logo em
I
repercutiu- na sua família? - questáo de um més ou dois. No
seguida,
GIL Na verdade, essa minúcia náo
- a ser uma questáo na minha
ALMIR-Esses primeiros anos emSdo final de fevereiro, Chico visitou a Bahia I
chegou
famflia, porque eu estava distante. E, de
Paulo sdo, apesar da Gessy-Lever, anos
em que vocé comega realmente a se
com a turma da Arquitetura, a turma de
calouros da faculdade dele, e nos
I
todo o modo, era um desdobramento que tornar umprortssional de música, ndo é? encontramos por acaso em Salvador. Eu I
ia se dar numa circunstáncia considerada
de avango. Eu vinha pra Sáo Paulo
GIL
-
É, sem dúvida. Quando estou na
Gessy é exatamente quando comego a
saía do tabalho na Alfándega á meia-noite
fui funcionário público, fiscal do
-Ministério da Fazenda. f,z concurso em
I
frabalhar numa multinacional, numa
grande empresa, com um projeto. Quer
freqüentar o Bar Bossinha, as noites em
1960, fui nomeado em 1962 e nabalhei até
I
dízer, em relaEáo a ir para os Estados
Sáo Paulo. Comecei a freqüentar o Teato
de Arena, o Redondo, que era ao lado do resolver muda¡-me para Sáo Paulo. I
Unidos, esse peso ponderado náo foi
muito considerado. Mas pra mim foi
Teatro de Arena. No Bar Bossinha,
cantava aos sábados á noite e fui me
Enfim, essa noiúe, saindo da Alfándega,
encontrei o Chico na praga principal, ali
I
fundamental, poque a questáo da nrúsica, enfurmando com o pessoal da música. no Elevador Lacerda, com a tunna de I
a questiio da presenga de Bethánia e ALMIR O Chico Buarque, que ainda
- colegas universitiírios, fazendo vaquinha
I
22 I
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Songbook 0 Gilberto Gil
Frederico Rozário/Folha
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Gilberto Gil e io. outuko de I
pra compr¿¡r cachaga. Eu, passando de toda, de solidariedade, Louvagdo entrou ponderamos muito, pesamos os prós e os
terno e gravlt^, vi aquela roda, aquele como mote, tocou o dia todo, os dias contras, as dificuldades todas que iam
violáo tocando ali, achei aquele som seguintes etc. A Elis se referiu ao fato no surgir. Meu pai disse: "Vocé é quem
familiar, fui lá e era o Chico Buarque. programa dela, na segunda-feira sabe. Está a fim, topa a parada?" Ficou
ALNÍIR jó
- Vocé compunha bastante
naquela época?
seguinte, e a música se tornou umhit na
cidade de Sáo Paulo. Daí em diante, se
meio apreensivo, mas deu forEa. Belina
também disse isso. "Vamos lá..."
GIL Já. Já tinha Roda, Maria. tornou um hit nacional. E eu comecei a ALMIR E vocé? Ficou apreensivo?
- telecoteco, P rocissdo.
Serenata ser solicitado. "Quem é o compositor?", GIL -
Fiquei, mas topei a parada.
Louvagdo ainda náo. LouvaEóo foi feita ficou aquela curiosidade e, "traz pro -
Naquela época, o Marcos Lázaro era
já em Sáo Paulo, com Torquato. progra.ma O e et
fino da bosse..." quem praticamente tomava conta do
comecei a freqüentar O fino da bossa por elenco da Record, fazia os contratos. Fui
Tinha conhecido Elis causa disso. conversar com ele e me ofereci como
através de Ruy Guerra ALMIR
- E na Gessy, o pessoal torcia
o naríz? Como era?
artista pra fazer outras coisas. Ele
comeEou a me arrumar uns showzinhos
e Edu Lobo GIL Havia uma dicotomia muito em Santos, Belo Horizonte, com o
nítida-pra eles. E muito incómoda, tanto Quarteto em Cy, com a Tuca, com outros
ALiVÍIR
- Vocé estava
quando LouvaEáo
na Gessy
aconteceu?
que fui chamado a optar. Me lembro que
o chefe de pessoal na Gessy, um jovem
artistas. O Guilherme Araújo também já
tinha providenciado os contratos com a
GIL Estava. Tem uma história muito aberto, muito inteligente, me gravadora, a Philips, para eu gravar meu
- Elis tinha gravado
en-eraEada. Louvagáo. chamou um dia e disse: "Olha, Gil, está primeiro disco.
Eu tinha conhecido Elis através do Ruy surgindo um problema aqui. Vocé está ALMIR As músicas desse primeiro
Guerra e do Edu, quando ela voltou da entrando na última fase do treínamento, -
disco sao típicas do que se viniafazendo
Europa, ali no final de 65, início de 66. E sua ida para a Inglatena. India e a na música popular brasileira daquele
ela havia gravado LouvaEdo naquele Austrália já está sendo definida, e eles momento?
disco ao vivo com o Jair Rodrigues, o querem saber se vocé vai. Está GIL O disc o Louvagóo? Louvagdo era
Dois na bossa. E foi um estouro. Ar, parecendo, pela sua freqüéncia na isso - toada nordestina. música de
acontece o incéndio na Record, o televisáo, que vocé está fazendo a opEáo -
protesto, samba, marcha-rancho,
primeiro incéndio da Record, no pela música, e isso precisa ficar Vandré, Torquato, Rancho da rosa
Aeroporto. Foi bem cedo de manhá, e definido." Eu pedi a ele uma semana, e encarnada, Vira-mundo, os baióes,
estavam tocando Louvagdo. Resultado, falei com meu pai, liguei pro meu pai, Procissdo, Roda, LouvaEdo...
com o incéndio, o programador ficou que morava em Vitória da Conquista. E ALMIR daí comeEa umavirada
com aquilo marcado e na programagáo falei com Belina, conversamos muito, -Bem,
musical na sua cabeea.
23
¡
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Songbook tr Gilberto Gil ¡
GIL É aí que entra, que comega Sáo
R¡cardo Co€lho/AJB
I
Paulo,- o cosmopolitismo de Sáo Paulo, I
aquela coisa vem logo.
ALMIR Vocé ouvia muito rádío?
I
GIL -
Ouvia, era obrigatório. ¡
-
ALMIR Os Beatles bateram com
-
muitaforga? Vocé se encantou com eles? I
GIL Totalmente, completamente. ¡
Era a-grande referéncia como novidade,
náo é? Rubber soul, Revolver e Sgt. a
Pepper's. Esses trés discos foram
marcantes para nós e proporcionaram
¡
toda essa convulsáo. a
ALMIR Domingo no parque é c
- aparece para o público como
música que
¡
seu romoimento? a
GIL-É. É o Eopicalismo . Domingo no
parque se inseria nas investidas a
"ma¡tinianas", isto é, á maneira do a
George Martin (produtor dos Beatles), e
na verdade ela é o qué? Um afoxé de ¡
capoeira, com ritmo de capoeira
popzado, trazido pro contextopop. Quer
¡
dizer, aquele ritmo, aquela levada do I
berimbau, que atravessa a música toda
num contexto Pop.
I
ALMIR
- Entáo os Beatles, em termos
de música internacional, foram a
I
primeira grande influéncia. O Joao I
Gilberto daqui e os Beatles de fora?
GIL E, a primeira grande influéncia. i:ii, i:1 E]r¡j:i:lii+|,+,;1n::.ft$dHiW-:ii;ii.:air?+ii,iiir:'1i1,i.rii;ri:iliri:rirr:ri:¡.:ri,i;:'ii1:ii,:i,:l¡ili'n:,r.r;i
I
- vem Bob Dylan, depois vem
Depois, Gil concedendo entrevila sobre o langamento do LP E¡rr¿, Rio, agosto de 1983 I
Rolling Stones, vem Jim.i Hendrix, vai
ALMIR ou era GIL Chegou. Era o clima geral. a
incorporando tudo, mas eles é que
abriram a porta.
- Era divertido
angustiante? - tudo
Aquilo agressóes, ameaqas a
GIL Pra mim era angustiante, rondava um - pouco, embora nenhum-
ALMIR
- No seu segundo disco, o
dísco do "fardao" , tinha um pouco de
-
principalmente angustiante. Para episódio específico tivesse acontecido I
Sgt. Pepper's cli.
GIL Um pouco, náo é? Tinha
Caetano, náo sei. Caetano se divertia
mais, e investia mais, contabilizava
conosco. Mas a gente pertencia áquele
grupo dos malvistos, por razóes náo
I
- com os Mutantes, já PoP , já
Procissáo mais, computava mais o sentimento do necessariamente iguais ás daqueles que I
roct, amplificada.
ALMIR Como foi a receptividade do
investimento cultural que ele estava
fazendo, pra ele, pra música popular,
eram identificados com aquele
partisanismo...
I
- Domingo no parqueZ
público para pra cultura. ALMIR Coz a esquerda mesmo, náo é ?
-Com a esquerda, com a luta da
I
GIL
GIL Foide perplexidade e aceitaEáo.
- preferida do público, no voto
A música Defendelrdo a - a luta estudantil, operiíria.
esquerda, I
popular, foi ela. O júri escolheuPonteío, estéüca tropicalista ALMIR
- Vocés enfrentavam má
vontade da esquerda?
I
mas, no voto popular, venceu Domíngo
no parque. ALMIR O que o angustiava era GIL Nós acumulávamos má vontade a
- - lado. Da esquerda, da direita.
ALMIR
- Dá paraJodo
dizer que houve um a rejeigóo?
GIL Pra mim era o fato de ser muito
de todo
ALMIR processo é bruscamente
I
tripé de influéncias: Gilberto, Luiz
-
outsider e de ser identificado com uma
- Es se
interrompido pela prisao de vocés. I
Gonzaga,e Beatles?
GIL
emblema
E, bossa nova, com Joáo como
- maior; o Gonzaga, que eu já
intoleráncia, com uma impertinéncia
com um gosto pela ruptura muito gnndes.
e Vocés foram presos em Sao Paulo?
GIL Fomos presos em Sáo Paulo, eu e
I
vinha trazendo, é Procissáo, Roda, Me angustiavam muito as manifestagóes
- Naquele momento, a gente
Caetano. I
sofria um isolamento, isolamento na
Louvagdo; e os Beatles. Domingo no
parque, ele falava nisso todo dia,
de hostilidade, que se multiplicaram
muito no meio. Viírios colegas viravam a imprensa, no próprio meio artístico. Nós I
Luzia-Luluza, que é como se fosseA day cara, literalmente. Houve uma
hostilizagáo violenta por parte de muitos
pertencíamos a um grupo rest¡ito e foram
poucas as adesóes. Vozes isoladas aqui e
I
in the life, o arranjo, a estrutura,
o encaminhamento todo. colegas. Eu era menos arrojado que o ali. Gláuber Rocha, Zé Celso, Hélio I
ALMIR
-N¿sse
período, 67 168, qs coisas
¡wo o
Caetano, ele sempre foi mais arrojado.
ALMIR Aquela coisa de CCC
Oiticica, gente que se identificava corn
aquilo tudo que fazíamos. Os irmáos
I
foram se rs.dicalizarrdo, a sociedade
olhava como uma coisa estranha?
-
(Comando de CaEa aos Comunistas) Campos, o Augusto fazendo a nossa I
GII,
-
Flavia uma oienza generalizada. chegou a rondar vocés, ameaEar vocés? defesa, defendendo a estética tropicalista
I
2¿L I
Songbook ll Gilberto Gil
l* íI
t
{#$
como algo novo e importante, ALMIR Dois dias depois do Natal? aí se torna mais fácil, porque aí comega o
revolucionário enfim. Mas o grande GIL -
Dois dias depois do Natal, diálogo, tinha aproximagáo. Eu me
meio musical, todo ele ficou arredio, -
quinze dias depois do AI-5, numa lembro que lá no quartel dos PQDs,
desconfiado. sexta-feira, exatamente, chega a Polícia depois da primeira semana, os sargentos
ALMIR E o episódio da prisao Federal. Chega enviada do Rio, pelo se aproximam, pois a prisáo ficava na
mesmo?
- Segundo Exército, e nós somos trazidos guarda, ali na entrada do quartel, onde há
de Sáo Paulo, direto de casa para o Rio. o movimento todo, o tráfego do quartel
Sexta-feira" Foi assustador. Fomos transportados se dá por ali.
numa Veraneio da Polícia, eu e Caetano, ALMIR
quinze dias juntos. Me lembro que era o dia da - E vocés tinham acesso um ao
outro, vocé e Caetano?
depois do AI-5 chegada da Apollo á Lua. As cinco horas GIL Náo, náo. Caetano estava em
da tarde chegamos ao Rio, fomos para o outro-quartel, ao lado.
GIL Tem o AI-5, no dia 13 de Ministério da Guerra, ali na Presidente ALMIR Vocé tinha acesso a algum
- Nos dias seguintes
dezembro. fica aquela Vargas, e, de lá, para a Tijuca. Na -
outro preso, para conversar?
atmosfera de apreensáo. As ameaEas, os Tijuca, ficamos uma semana em GIL Náo. Aí fase, náo. Só
telefonemas. O Jó Soares avisa: "Olha, solitária, um quartinho fechadinho. Uma - 15 dias nessa
naqueles da Vila Militar. Na
tenho notícias de que estáo atrás de semana ali, isolados. Depois, nos póem Tijuca, foi uma semana de isolamento,
vocés". O Randal Juliano faz campanha num camburáo fechado e vamos parar na seguida do convívio com outros presos
contra nós na televisáo, nos acusando de Vila Militar. Rí já tem mais genie, uma durante l5 dias na Vila Militar. Depois,
ter cantado o Hino Nacional, de ter cela maior, com umas l2 pessoas. Lá o isolamento de novo, mas já mais
desrespeitado o Hino Nacional e a estáo o Perfeito Fortuna, o Ferreira brando, porque aí comega o diálogo,
bandei¡a, enfim, uma série de fofocas, Gullar, o António Callado, o Paulo comegam os interrogatórios.
muita intriga contra nós. E fica aquela Francis, e ali ficamos mais 15 dias. Daí, ALMIR jó podía se sentir vivo?
coisa de váo prender, náo váo prender, somos transferidos para prisóes GIL Já, -Aliumvocé
pouco mais. Vém os
foge, náo foge, sai do Brasil, náo sai do individuais, náo solit¡írias, mas prisóes -
interrogatórios, os majores, os coronéis
Brasil. Eu e Caetano resolvemos ficar e individuais em Deodoro, no PQD nos interrogar, conversar; vém os
aguardar a situagáo. Por mais apreensáo (Regimento Pára-quedista). sargentos, e um deles, o sargento Juarez,
que houvesse, a gente náo achou que a ALMIR
coisa pudesse ficar táo complicada. Aí,
- Comparado ao que veio
antes, aí a vida se torna mais fócil?
me ttaz um violáo. ..
ALMIR
no dia2'1,28... GIL É. Considerado o que veio antes. GIL - Vocé compós?
Compus quatro músicas,
- -
25
Songbook tr Gilbelo Gil
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:i;:i.i*,,,| t;ffiib;i:.;'n,
i:j:i:!jir!t!ii!ta,¡.:il
Show no Roc& i¿ Rio, 20 de janeiro de 1985
Futurível, Vitrines, Cérebro eletrdnico circunstáncia particularmente passou os dois, trés primeiros meses
e mais uma. atormentada e torturante. simplesmente cumprindo as ordens do
ALMIR ALMIR Durou quanto tempo essa Exército. Depois, comega a questionar,
- Vocé se desesperou na
história?
- porque náo é dado a ele nenhum
solitdria?
GIL Desespero, náo, mas a sensaEáo
GIt- Sáo dois meses esse peíodo. De inquérito, nenhuma formalizaEáo de
culpa, nada que pudesse dar a ele os
era de- prostragáo,
27 de dezembro a25 de fevereiro, se náo
acabrunhamento, instrumentos legais para a custódia. E
me engano.
angúsfia totais. Náo me recordo de
ALMIR Da cadeia vocés saem para comega a questionar isso.
semana mais triste na minha vida. -
uma espécie de prisóo domiciliar ALMIR Nesse período vocés estáo
ALMIR Tinha uma sensagdo de na Bahia?
-
impedidos de trabalhar?
-
inju*iEa, ou isso nem passa pela cabega? GIL Impedidos de trabalhar, rJe dar
GIL InjustiEa era tudo aquilo que Peguei pela -
entrevistas, fazer aparigóes públicas, sair
-
estava acontecendo. Pessoalmente, eu
náo tinha tempo de colocar a questáo
primeirí¡vez uma de Salvador...
ALMIR Nem que vocé quisesse ver
nesses termos. Injustiqados foram todos guitarra elétrica seu pai no- interior?
os libertiírios, todas as pessoas que GIL Náo podia. E aí, o coronel Luiz
lutavam, que se dedicavam á expansáo GIL Saímos do quartel de - comega a questionar tudo isso e se
Arthur
dos horizontes existenciais, nos mais -
pára-quedistas, fomos para a Polícia estabelece o processo de distensáo, _
variados sentidos, no sentido das Federal, donnimos lá e, no dia seguinte, encaminhado a partir deste coronel. E ele
liberdades estéticas, das liberdades pegamos um aviáo da FAB, com escolta quem comeEa a negociar nossa saída do
políticas etc. A contextualizagáo do que de policiais, que nos levou para Salvador. Brasil, argumentando exatamente com a
ocorria conosco era pra mim um Aí entáo, somos soltos, em regime de falta de inquérito, a falta de culpa
elemento de sustentagáo, porque eu custódia. Temos de nos apresentar formada etc. Daí, ele vem ao Rio e volta
dizia, bom, isso náo tá acontecendo regularmente á Polícia Federal. com a seguinte posiEáo: o Exército,
comigo, foi o Gláuber que foi preso, foi o ALMIR Vocé respondeu a algum enfim, a ditadura, o poder central, acena
Paulo Francis, o Callado, o Ferreira inquérito?
- com a possibilidade de saída do Brasil.
Gullar, tanta gente. Entáo aquilo tudo, GIL Náo. Essa foi uma das questóes Nós questionamos, avaliamos e
de certa forma, foi uma reintegraEáo no
- pelo chefe da Polícia Federal
argüidas acabamos considerando essa
contexto da intelligentsia, do mundo em Salvador, o coronel Luiz Arthur, possibilidade. Aí vem o problema de
artístico etc.. embora através de uma encarresado de nossa custódia. Ele como viabilizar isso. E, primeiro, de
26
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Songbook tr Gilberto Gil
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como manifestar, de alguma forma, som na guitarra elétrica, e aí comeqa essa menos umas 20 pessoas, as meninas
nossa situagáo. Quer dizer, o que fazer, minha penetragáo nesse universo. vestem uma escultura móvel, feita por
como dar uma satisfaEáo ao nosso ALMIR Nesse momento, o reggae já elas, que é uma espécie de dragáo.
público? Nós queríamos também um chama sua- atengóo? Várias delas constituem o corpo do
resgate mínimo daquela coisa. A GIL O reggae só aparece pra nós dragáo e, quando tiram o corpo do
situagáo era negociada, fica claro isso, - No primeiro ano em Londres,
depois. dragáo, estáo nuas. Teve um happening,
entáo negociamos a gravaEáo de um morei em Chelsea. No segundo, em que acabou na Rollíng Stone. A revista
disco, com a possibilidade de algumas Nottinghill Gate. É aí que a gente toma citou aquilo como uma das coisas mais
entrevistas, enfim, apariEóes públicas contato como reggae, porque é em interessantes ocorridas no festival. A
mínimas. Eu faEo um disco, Caetano faz Nottinghill Gate, exatamente, o grande reportagem dizia que era um grupo de
outro. Tudo, lá na Bahia, em Salvador. foco do reggae. brasileiros, comandados por Caetano e
Rogério Duprat vai lá, recolhe o material Gil, dois exilados etc. Eram os últimos
-qravado
e traz para o Rio e Sáo Paulo Militáncia artísüca dias da Swinging London.
para complementar. Além disso, mais aberta ALMIR A Inglaterra ainda passava
negociamos um sáow de despedida, que, por um
-
período extremamente fértil
muitos anos depois, virou disco também ALMIR E bateu com muita forga? musicalmente?
s fiq¡v6 ó9. Fizemos também GIL -
Náo, o reggae só foi bater com GIL É, eram os Beatles lanqando
-entrevistas locais e alguma coisa chegou a -
forEa em mim aqui. Abbey- Road, a Yoko Ono comegando a
ser publicada nos jomais do Sul. Aí entáo, ALMIR Plastic Ono Band com o Lennon, Let it
saímos do Brasil. Na véspera da saída, eu
- Quando vocé morava em
Londres, vocé foi ao festival da ilha de bleed dos Rolling Stones, era o Traffic. o
gravo Aquele abrago, em compacto, Wight, que é tido como o último grande goodbye do Cream, o Led Zeppelin
e é aquele sucesso, aquele estouro, e é festival rn estilo Woodstock. Vocé tocou lá? comegando. O início do rock
incluído no LP logo em seguida. GIL Tocamos em off, em paralelo. progressivo, do Genesis, do King
ALMIR Quando sai o disco, vocé jó Fomos - levados pro palco, eu, Caetano, Crimson, todo esse pessoal, e eu gostava
-
nao está mais no Brasil? os meninos da Bolha (grupo de rock muito dessa área aí.
GIL Náo. Fomos pra Portugal, pra brasileiro), músicos de Londres e mais ALMIR vocé iaver isso ndo. tinha
Pa¡is -e delápra Londres, onde nos aquela entourage eurortia, meninas da interesse?
-E
fixamos. Lá resolvi: "E aqui que vou me Bélgica e da Alemanha que formavam o GIL Ia. Ia muito ver tudo aquilo,
rirar." Peguei pela primeira vez uma guitarra núcleo de convívio nosso em Londres. -
gostava muito, porque lá eu podia fazer a
elérrica. comeEo a explorar, a tirar um Vamos todos pro palco, somos mais ou militáncia artística mais aberta.
27
Songbook tr Gilbefo Gil
ALMIR Quando vocé vohou para Macalé pelo interior de Sáo Paulo, a servir a esses elementos, a incorporar
o Brasil?
- Macalé abrindo com um grupo, eu esses elementos.
GIL Em junho de 72. fazendo solo. Aí comegam as excursóes ALMIR Gil, vocé gosta mesmo é de
-
ALMIR Gozado é que, quando vocé nacionais mais freqüentes, anuais. Ao
-
subir no palco, disco é uma obrigagño?
-
voltou, aparentemente há muito pouco Expresso 2222 se segue o disco ao vivo, GIL Eu sou artista disso, sou como
disso na sua música. gravado no Tuca. em Sáo Paulo. -
aqueles caras de rythm' n'blues, qtue
GIL Náo, náo vai por aí. Náo sou um aquele show para pegam uma viola, um violáo r sobem
- de envergadura musical, do ALMIR
músico o disco?
-Vocé fez ali... Disco é obrigagáo. Fago porque
ponto de vista de treino e trato, pra náo tem jeito, porque é a única forma de
trabalhar nesse nível. O que fica GIL Náo, o disco é conseqüéncia do manter o público informado em larga
incorporado mesmo é o blues, o show.- O Tuca é apresentagáo do Circuito escala, em escala massiva. E o que
rock-blues , essa coisa que vai até o Eric Universitiário, aproveitou-se e gravou-se. realimenta a possibilidade do reencontro
Clapton. Que vem de B. B . King e vai até com o público através do show.
Clapton. Eu fico aí nessa, no miáximo Sou eomo aqueles ALMIR Disco ao vivo é bom?
-
com aqueles matizes que podem ser GAfas de GIL Adoro meus discos ao vivo.
assimilados pelo Nordeste, pela Bahia, o -
Montreux é um dos discos de que
blues, o rythm'n'blues. rytÍhm'n'blu.es mais gosto.
ALMIR Por sinal, quando vocé ALMIR E discos de estúdio, como
- ALMIR Desde o comego vocé tem -
voltou, foi logo ao Nordeste. -
essa alegria no palco? Ou é uma coisa
Refazenda ¿ Refavela, que sao
GIL E, fiz o langamento de 2222 em riquíssimos, tém repertórios fantásticos,
- Foi uma retomada do processo.
Recife.
que surge pós-Londres? o que vocé acha?
O arquivamento dos planos intemacionais GIL Depois de Londres, aumenta. GIL Gozado, Refazenda tem um
por um período era prioritiírio, Depois- que eu vou pra frente de uma - e tanto, um repertório
repertório
fundamental, retomar a coisa aqui. Entáo banda, com a guitarra elétrica, com a extraordiniário, malcuidado por mim,
veio o Expresso 2222, a primeira postura diferente, a postura de um malcuidado do ponto de vista de
excursáo nacional. Depois vem o driver, um chofer, é diferente. Aqui, era gravagáo. Náo mixei, náo estava nem
primeiro circuito universitiírio, pelo banquinho e violáo. A banda, a guitarra presente na mixagem, náo supervisionei
interior de Sáo Paulo, em 73, quando elétrica deram outra dimensáo, outra os arranjos que Perinho fezpra
deixo Guilherme Araújo e assumo a postura. Vocé vai, vocé corre, vocé orquestra, tudo ele fez sozinho, eu fui pra
minha empresa, a Gege . Daí, saio com danqa, vocé brinca. A composiqáo passa estrada. O disco resulta empobrecido da
28
Songbook tr Gilberto GiI
Lita C6rque¡rE
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minha presenga de arte-fin alizador. americano, o Nightingale. GIL É, náo gostei. Estava tudo chato,
Refavela, ao contrário, bem-cuidado, ALMIR Realce é Disco de Ouro? - Agora já me conformei, já
difícil.
Vocé sabe- quanto ele vendeu?
sou
repertório também extraordin¡írio, um
mais apaziguado com a nogáo de limites,
empuxo cultural extraordiniírio, que é a GIL Vendeu 300 mil discos, foi o noEáo de contexto, de elasticidade.
coisa da minha ida á África, a disiussáo - que mais
meu disco vendeu até hoje. Agora já sei até onde posso ir. Sou
polémica sobre a negritude militante, a Logo depois de gravar Realce, vou pra limitado mesmo e já sei que sou limitado.
negntude artistizada, cosmopolita, de Montreux, participar do festival. O Tenho muito compromisso com essa
marketing cultural etc., tudo isso no gozado é que eu estava meio deprimido, coisa do pequeno. E uma coisa meio de
disco. E eu cuido do disco, escolho, me achando estéril, sem criatividade. E Kafka, o artista, o grande criador, "ou
gravo l5 músicas, seleciono I l, e vou lá me lembro que recebi uma carta do elejá nasce pequeno ou ele se faz
e esculhambo o disco na mixagem. Os Caetano; quando ele ouve o disco de pequeno". Eu passo a vida lutando pra
dois discos sáo melhores do que Montreux, manda uma carta pra mim ser pequeno.
resultaram. O Refazenda é melhor como dizendo: "Mas, como vocé tá estéril? De ALMIR Vocé briga contra vocé.
repertório, como atitude de revisita ás que é que vocé tá se queixando?" -
GIL-Náo sei se é brigarcontamim, mas
raízes nordestinas etc., mas resulta mal,
brigo conta a expectativa. Conta o ego,
porque eu abandono o disco na arte-final. Passo a vida conü" essas coisas de me inserir no contexto
E no Refavela, ao contrário, assumo o
disco integralmente, até a arte-final, com lutando pra das grandes coisas. Quero ser ¡lc¡ueno
mesmo, nasci para isso. E gosto muito.
uma certa usurpaEáo das capacidades ser pequeno ALMIR Caetano contou wne história
técnicas que podiam, realmente, resolver -
genial, de que vocé qucr termirnr sua vída
o disco. Vou lá, me meto a sabicháo e ALMIR Quer dizer, a sua carreira
esculhambo o disco. americana- comeEa, sua carreira
toc an¿o um tamborzinho.
GIL Exatamente. Ou, enüio, dirigindo
.{LIVfIR
- E no Realce, vocé fíca mundial ganha impulso, seu disco é -
um caminháo pelas estradas. Foi o que eu
apa:iguado? grande sucesso no Brasil e vocé se
disse a ele. Ele disse: "Náo! Vá pro
GIL Fico. Aí resolve tudo. Tem um achando estéril?
- som, é o melhor som de disco
tremendo GIL Eu achava que estava. Isso volta
tamborzinho, po4pe vocé é pessimo
meu até hoje. É o único disco brasileiro - Voltou
sempre. depois, na época do Um
motorista! Fique mesmo músico, porque
músico a gente já sabe que vocé é bom!
meu gravado nos Estados Unidos. Foi banda um, eu larguei o disco no meio, Moto'rista, vocé é pessimo."
s¡avado logo depois da excursáo que fiz porque achava que estava fraco.
para promover meu primeiro disco ALMIR ndo gostou do que fez?
-Vocé
29
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Um, Ban----da Ó, ie ie ie ie iC Banda Barda
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u-ma a-Sa dsl-1¿ So--bre o mun---do Um banda so-bre patins J
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Ban---da Um tica Nas onsurfís ' ' das da manhá nascen-te Um Banda, ban-da
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Songbook El Gilberto Gil
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E6 / / / B7 /BIB7 E6 / / /
A¡da¡ com fé eu vou, que a fé náo cos-tuma "faiá" Andar com fé eu vou' que a fé náo
87 /B'nB7 E6 / / / s7 /87487 E6 /
cos-tuma "faiá" Anda¡ com fé eu vou, que a fé náo cos-tuma "faiá" Anda¡ com fé eu
/ / 87 / BIBI E6 / / / st / / / t
vou, que a fé náo costuma "faiá" Que a fé ¡á na mulher A fé tá na cobra co-ral Ó--¡'
87 / B.lFt E6 87 /Bi
cu vou, que a fé náo cos-tuma "faiá" Andar com fé eu vou, que a fé náo cos-tuma "faiá"
87 E6 87 /B1B7E6 / 87/
Anda¡ com fé eu vou, que a fé náo cos-tuma "faiá" A fé tá na manhá A fé tá ¡e ¿¡si¡s-
81 / 8,"87 E6 /
Anda¡ com fé eu vou, que a fé náo cos-tuma "faiá" Andar com fé eu vou, que a fé náo
87 /BiB7 E6 / B7 /BiB7 E6 /
cos-tuma " faiá" Andar com fé eu vou, que a fé náo cos-tuma "iaiá" Certo ou errado
B7 / B1O B7 E6
com fé eu vou cue a fé náo cos-tuma "faiá"
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Songbook fl Gilberto Gil
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samba vai pra Dorival caymmi, Joáo Gilberto e caetano Veloso"
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més de feverei-ro pasiso Al0 Banda de lpane-ma
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At Copyisfu by CAPA - CUILHERME ARAUJO PRODUqOES ARTISTICAS LTDA
Adnr. por WARNER/CHAPPELL EDIqÓEs MUSICAIS LTDA.
Rua General Rabelo, 43 - Rio de Janeiro - Brasil
Todos os direitos reservados.
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O meihor luqar do mun------do é aqui O melhor lugar do mun----do é
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o coragáo ta lugar do mun------4o é aqui
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nldo que eu di--go Muito embora mui-to
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O melhor lugar do mun-------do é aqui e agora O melhorlusar do mun---{o é
Gm7
9\ 9.
EbmT(ll) EbmT(11) DbmT(ll) cb 1r) BbmT(e) BbmT(e) DbmT(ll) C tt)
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Quando a gente tá contente Tanto faz o quente Tanto faz o frio Tanto f.az Que eu
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minutos at¡rís de uma idéia Já, dño pra uma teia de a¡a¡ha crescer E prender sua vida na
F7/Bb7(e)/G7 / ct(s) / F7
que vocé disser Deve fazer bem Nada que vocO comer Deve fazer mal Quando a gente tá
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contente Nem pensar que está contente Ner-n pensar que está cotrtente A gente quer Nem pensar
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A gente quer A gente quer, a gente quer A gente quer é viver Lá' tá, lá, lu lá,
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macumba ié, ie Bat mam Bat macumba ie' iC Bat Bat macumba iC, ie Ba Bat
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macumba ie, ie Bat macumba ie Bat macumba Bat macum
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bobo de chorar Choro-ró, chororÓ, choro-rÓ É mágoa, é muita água, a gente Pode se
D /n DTlf* c c#o A7 / D/
afogar Choro-ró, choro-ró, choro-r6 É muita água, é mágoa É jeito bobo de chorar
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rÍ /ct / F9/ C7 / F" / C7 / p"/ct
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Dorival é ím-----par Dorival é pa¡ Dorival ma¡
Dorival vai can-ta¡ Dorival em C--D Dorival vai sam-baf Dorival na T-V
/cl/eml/cl/eml/c¡/cmz/C1 re-al da inspiragño Como príncipe principiou A
Dorival é um buda nagó Filho da casa
/ F8 / C7 / Ft / ct / F' /ct
no alto 5e¡-¡[6 (foi náo) L na mesa de um ba¡ (foi) Dent¡o do cora---Qáo Lá l6t
c7 / em7 / c7 / Fi lct / ti / c7
Apostando tudo na carta do amor Ases, damas e reis Ele teve e pas-sou (e' iá) Teve
/n8/c7/sE/c7/Fi/ct
(iÓ, iÓ) Ele viu, nem li-gou (iá, iá) Segurdores fi-éis (ió' iÓ)
o mundo a seus pes
/ sl / c7 / s8 / c7 / FÍ /ct
E ele se adian-tou (iá, iá) Só levou seus pin-céis (i0' i0) A viola e uma 'flor
/ Fi /c7 / rl/c1 / F8 /ct / F8/c7
Dorival é ín---dio Desse que anda nu Que bebe gara-----+a Que come bijú
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Songbook O Gilb€rto G.il
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Songbook D Gilberto Gil
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Náo vou mudar um mundo lou-co, dando
Preciso refrea¡ um pou----------{o o meu desejo de ajudar
C#ml / F#7(#rr) F#7 F#m7 / Ele* / c#71ur3) / g¡^7 C#mn
socos para o ar Náo posso me esquecer eue a pres-sa E a inimiga da perfeigáo
A7M / c*ml / smt / ot(g't / c/ Bi/87/Bl/87/
Seu eu ando o tempo todo a ja-to Ao me-nos aprendi a ser o último a sair do aviáo
A7M c,+ml
/ / l¡ml / D7(9) / G/ B'o/87
Se eu ando o tempo todo afli--to Ao'me-nos aprendi a dar meu grito e a c¿uregar a minha cruz
/ c*t(an) / A7v' / B](e) / c*mt(l') / c#7(b13) / n*r / BI(e) /
ó,O, ó, O, cada coisa em seu lugar Ó, O, Ó, O, a bondade, quan--{o
c#m¡('tt\ / c#7(br3) / tttvt / A#"/ cF//¡G#77r¡5 / / /
for bom ser bom A justi-------ga, quando for melhor O perdáo, se for preciso perdoar
5A
Songboot tr Gilberto Gil
Fil7(il11)
D7(e)
A7l,'' Gfr7lBil
oÍtf rrl
Fade Out
59
I
I
I
I
t
Songbook E Gilbeno Gil
I
Cérebro elet¡Onico I
I
GILBERTO GIL
I
I
G7
I
t
I
I
t
t
c/et/ c7 /st / nm/st / ct/ot / c/ I
O cérebro eletrÓ-nico faz tu--do Faz qua-se tudo Quase tudo Mas ele é mudo
I
G7/ c7 /w / Em /st / c7 /ot I
O cérebro elet¡Ó-nico coma¡-da Manda e desma¡--{a Ele é quem ma¡da Mas I
I
/e / eu nm
/st Só / ttz / Em/ sz/ Só
Em/
posso I
ele náo anda posso pensar se Deus e-xiste, só eu eu chorar
I
porque s6¡ vi-vs Vi-vo pra ca--chorro E sei que cé-rebro e-letr6-nico nenhum I
c/ct/ c/st Em /w / nm I
yi_ys Ah, sou muito vivo E sei que a mor-te f ¡ss-5s impul-so primi-tivo Eu sei I
/ Em A7 D7
seus olhos de vi----dro
6()
Songbook O Gilberto Gil
C7
61
Songbmk El Gilberto Gil
Copo vazio
GILBERTO GIL
B7 E,m7 A7(e) D7 A7
c7(e) C
II
-m
Em(cdd9) Bb7
-m
G C7
III
D7/c///G|O)///c///w/-//nmz///
de dor É' ' semp.e bom lembrar Que um copo va--zio
ctrJio
Az(e) / / / v // c7 Bi / / // / / / Em7 / / / / /
Está che-io de u Que o ar no co-po Ocupa o lugar do vinho
/ / / / / / D8 / / / / / //tt / / //
ocupa a meta-de da verdade A verdadeira nature-za interior Uma metade che-ia
/ / / w(g)///////st / / / / / / / E7(e)///
Uma metade vazi-a Uma metade triste-za Uma metade alegn-a
/ d;/
/ / / / cA magia / m / / / ct(s)/ / / / / / / Ac / D7
/ verda-de
/ da
verdade in-teira Todo-poderoso a-mor magia
///G|(g)///////////C///B7//
i¡¡si-¡¿ todo podero-so arnor É sempre bom lembrar Que um
/ smt///n / Pt /c///
copo va-zlo Está che-io de ar
Songbook tr} Gilberto Gil
G7(e)
G7(e)
A7(e)
G7(e)
G7 (e)
tt
D7 C7 B7
J
Em(a dd9) Em(a dd9) 4, A7
G7(e)
63
Songbook tr Gilberto Gil
Cores vir¡as
GILBERTO GIL
E4(be)
ffi ú.tc,#
E6 / /
st /ne / st desse ne / B7 /nq$D F(#11) M(be)^ F(#11) ao A4
sen-sagáo De goz' bom vi-v-ei noiri-' ;i"'' Gra-------{as calor
/ / / / / //
c7M///////J
c;:-táo póttat Sabor de mel, vigor do sal Cores d; p"oá de paváo Cenas de uma vibraEáo
64
Songbook tl Gilberto Gil
c7ll
65
Songbook tr Gilberto Gil
Divino rnaravilhoso
GILBERTO GIL E CAETANO VELOSO
-m
A c# D E G#m7(bs)
/ / A/ / / c# / / / o / / / a / / / A / //
vocé tem ? Atengáo ! Precisa ter olhos fi¡mes Pra este sol Pa¡a esta escuridáo A-ten--{áo !
/ * / / / nm // / A / / / nm // / t'E
É preciso estar aten-to e forte Náo temos tempo de temer a morte
/ / / Em // / A / / / nm // / t / // c#
preciso estar áten-to e forte Náo temos tempo de temer a morte Aten--1áo I Pa¡a
/ / / t¡ / / / c# / / / n / // E /
a estrofe e pra o refráo Pro palawáo Pa¡a a palavra de ordem Atengáo !
Pa¡a o samba
/ / A / / / c'*¡nz(¡s) /cn/t*m / / / o/ e
!
exaltagáo Aten----1áo Tu-----do é peri-go-so Tudo é divino-ma¡avi-lho-so
A D c#7(be) F#m / t / / / nrn // / A / / /
AtenEáo pa-ra o re-fráo \ É preciso estar ot€n--to e forte Náo temos tempo de temer
Em // / t^ / / / sm // / t / / / nm //
a morte É preciso esta¡ aten-to e forte Náo temos tempo de temer a morte
/ t¡ / tA-ten---{áo
// no aito
/ //c* Para as janelas / !// c* / / /
A-ten---gáo ! Ao pisar o asfalto, o mangue
D / / / E / / / t' / / / sm // / A /
A--tenqáo ! Para o sangue sobre o cháo É preciso estar aten--to e forte Náo temos tempo
/ / Em // / 4 / / / sm // / A / / / sm
de temer a morte E preciso estar oteo-to e forte Náo temos tempo de temer A
// / ¿, / / / c*mz(us) / cn / r*m / / / D/ G
morte Aten--1ño ! Tu-----do é peri-go-so Tudo é divino ¡¡¿¡'¿yi lhs-sg
A D C#7(be) F#m / + / / / nm // / A///
Aten-gáo pa-ra o re-fráo ! E preciso estar aten-to e forte Náo temos tempo de temer
Ern // / A / / /Em // / A / ¡-/ / sm // /
a morte É preciso estar aten-to e forte Náo temos rrrrrPw uv rvrrrLr a morte
Songbook n Gilberto Gil
Em
cfzürt rflm
Fúe Oul
67
Songbook tr Gilberto Gil
florningou
GILBERTO GIL E TORQUATO NETO
-m -m
D7(e) D7(#e) Bb B7
Em7 A7
ffi'"m'"ffi ffi ffi Bm? Gj Ab7(e) G7(e)
"m
Introduqáo:lottol // f
ffi nzt+sl/llot//
ffi ffi'"m ffi
///
/ e/ c/ D7 / c / na// / e /c / e/ st
Sáo nés horas. da ta¡de, é domingo, pa pa pau-á-aa Da janela, a cida--de se ilumi-na
Em7 / l¡mt/D7 / c/ // G7 / / / c / // /
Cris-to Redentor É, C É domingo no trolley que pas-sa É domingo na moga e
/ Eml L7 D7 / c / gmt Em7 Am7 D7 G /Sa /m / / / G /
na pra--------{a É domingo 0, é, domingou, meu amor Hoje é dia de
Quem tiver coraEáo mais aJli-to Quem quiser encontrar seu amor De uma volta na Praga
D7c/Bb/D7///c/c/e/w/Em7/A7/Am7
a-mor Olha a rua, meu benL meu benzi-nho Tanta gente que vai e que vem
/ // G7 / / /c / // / / nmt A7 D7/ c /
O bondinho vi-aja teo len-to Olhe o tempo passando, olhe o tem-po É dom.ingo, oura
Bm7Em7Am7D7G/C/ Bm7Em7Am7D7G/C/
vez domingou, meu a-mor É domingo, outra vez domingou, meu a-mor E domingo, outra
Am7 D7 Am7 D7
Em7 A7 D7
-ftil-
tr-
A
toX
e$
I tl
x^
Bm7 Em7 Am7 D7 G D 7(e)
^bio)
Buvifn daBatria
GILBERTO GIL
-m
c7(13)
D7 G7(e) c7M(e)
ffi
c7
F7 Bm7(b5) E7 A1 A7 D7 G7 C7 / SmZ(¡S) E7
lua, no canto do mar Eu vim da Ba_hia Mas eu vol-to
L74 A7 D7 G7 c7/ Bm7(b5) E1(#e) Am7 / D7(e) /
p¡a lá. Eu vim da Ba-hia Mas alsum dia Eu volto pra lá
c7(e) c7M(e)
EbTM(e)
Dm7(11)
Bm7(1r) E7 Gm7 C7
E7 qe)
8m705) L7 D7
A7 D7 Bm7(b5)
So¡rg¡oof B Gilberto Gil
nbz$rr¡
73
Songbook tr Gilb€rto Gil
flono do pedago
cTLBERTo crI-. wALy serouÁo E ANToNro cÍceno
-m'm Ezo
"m
Bbzn
DTlf(#s)
ffi
D7M(e) / / tVo ///GtD// /D/// D7M(e) / //
Sou um gato esperto Nlo sou tatu náo Náo sou nem do mato Quan----do eu ganho a rua
/ / / ci / / / c / / /e////// /
calor, sabor i¿ ¡t¡-¿ E, de repente, um co-ragño que eu já ftz Que ^//////
eu já fiz Táo
G/o 1 1 /Bbra///DiMl(s)///
Do--no do pedago
Songbook tr Gilberto Gil
h
+l
G/D
tnrrÍWnot
B'ID
Instrumental
BbID
Instrumenlal
\-z\--z
7ó
Songbook tr Gilberto Gil
flráo
GILBERTO GIL
"m
c7M(e)
ffi"'m ffi ffi ffiv
E7(i 3) An7 Gm7 C7(b9) FTNÍ Fm6 Fm(7N{)
rntrodusáo:
ffiffiffiffiffiffiffiffi
ci|/l / / / nñe) / / / cm / / / n*(s) / / / ctwt / / /nne) / / / cr|{ / / / omt(g) // /
c7r\{ //// / / / Fmtc//// / / / tm /// t¡m{ttu)
Dráo, o amor da gente é como um .gráo
Uma semente de ilusáo
7A
Songbook tr Gilb€rto Cil
X.zt
AmOM) Am7(9)
E7¿,)
c7üe)
c7M
Instrumental
,to X
77
Songbook tr Gilbeto Gil
Ele e eu
GILBERTO GIL
G¡o Fzt
"'m'm-m"m "mrv
D1z A al(e) Dbzt a7(b13)
ffi Fzr
'm
Ab7(#11) Gm7 Db7(9) cY(e) G7(13) ATOe) Am6* Eo/ A
ffiffiffi m.
L7 / / /D1z¿, / Gzo / Al(e) / Ft t / Dbzt
Ele vive cal-mo E na ho-ra do Porto da Barra fica elét¡ico
A7(b13)/I^me / / /e1(\/ / / w(s¡ / w@s) / Eb7(e)
Eu vivo elé_trico E na ho__ra do pe¡_¡s da Barra
//oz(s)/ / /ezg) /e*tg/ trmzlt¡AyT(s)/ Bm7(e)/ / /
fico calmo Ele vive ele-tri-*on-sumi-da{on-Suma-do-mu-----{amen-te bem
/ rze)/ Ez(e) / Am7/ / / ot(s) / // ta:(*n\ / Gml/
mais calmo Porque cur--te ca-da gol-pe do mar.te-lo na bi-gor-na
Db7(e) c7(e) / / tmt/ / / ot(g) // c7(r3) /// A7 /
do desti-no E na hora do Por-to da Barra fi-+a a fim Eu
/ / D7.tt / / /
A¡(e) / / / ;t(¡s) / Am6* / F"/A / E.zL
vivo gal-rn-ar----ga-la¡'-ga-aberta-mente bem mais louco Porque
Dlr / / / D".¡t / n$n) / ¡ime / Dm67¡ / /
es-pe-ro pelo bei-¡o arrependido Da serpen do comeEo Ena
F7M(#srlA
t--l
-te rr_t r-]
/ A7(irr )* / Am(7M) / A7(bl3)* / e G4(adde)G Am c G4(add9)
ho--ra do Porto da Barra fi-----co aflito
¡,1
cAm// L / A7(i,, )* /
I-] f-l_l
FTM(#S)/ ¡'mertD / A7(bl3)* / G G4{add9) G Am
E na he-ra do Porto da Ba¡ra fi------------co aflito
x! ¡ J,
I
T-l
G G4(add9) G Am/ / Fn,{(#s)/A / 47(lu)*/da 4rn(7tvr) / tz6tt¡* / G G4(add9)
E na he----ra do Porto Ba¡ra fi---------co aJlito
78
Songbook tr Gilberto Gil
I-]
G G4(add9)
r.]_l
GAm
ofu¡i A7órg
Am7(9) Bm7(9)
F7 (e) E7 (e)
^7bs)
Dm6/A AmOM)
l--l
G G4(¡dd9)
A7ÓrO*
ru ñtt
x'It x.I d
GAm
I
79
Songbook tr Gilberto Gil
Etaruxra
GILBERTO GIL
c*1(#s\ c7M
"m-m-m
c7M(#s) B7(#s)
A7 A7(#s)
ffi
"'m"m"m
ffi
lntrodugo:/ / / / s* / / / otvt / / / r* / / /
xI (_-a
hl
/ e+t ¡t / / / D7 / DTM / st(*s't D?M / // F#///
no-va Que sempre es--teve, que está pra nas-cer f¿l¡n 1¿¡-¡s...
ao
Songbook E Gilberto Cil
cil7(f s)
Ocz I cil7 A7
I)k' \)k'\t a
D7M A7(üs)'\/
D.C.
Ao#
c7M
| |\l
x.
I tJl
x'^
A7(üsr D7M
8l
Songffi tr Gilberto Gil
Botérico
GILBERTO GIL
G¡o Vn F#
ffi ffi.m
*ffi ''m"m-m"m
ElY ) E¡ (9) A7
-m "m"m"'m -m-m
A: (e) A7( l', ) A7* Ab7(#11)
Gtn / / / / / / / / / / / / / / / o ///
Nem ficar táo apaixonada, que na---da! Que náo sa-be nada¡ Que mone a-fogada por mim
82
Songboo& tr Gilberto Cil
nl(r)
I ll I
A7 el(r) A7fl?,
ez' abz(rr;
Fadc ü.t
@ copyríght át
cApA - GUILIIERME An¡,ú¡O pnOOUtoEs ARTIsTIcAs LTDA.
Adm. por WARNERTHAPPELL EDI9óES MUSICAIS LTDA.
R.u¿ Gener¡l R¡belo, 43 - R.io de Ja¡eiro - Brasil
Todos os direitos reservados.
8g
Songbook trt Gilberto Gil
GILBERTO GIL
G1 G7(#e) c7(b9)
/ / cm // Fm / / cm // G7 G7(#e) G7
yó Yó yó yÓ YÓ YÓ Y0 YÓ YÓ Yó ail-ah I
//cm//Fm//cm//G7G7(#s)G7Cm// prisáo
uma ilusá-6o Extra Abra-se, cada--{ra-se a Baixa
a4
Songbook c Gilberto Gil
/ / cm// Gi// cm // Fm //
tá lá tá iíL lá lá Yó y6 yó yó yó yó .yó y6 yó yó
cm / / Fm / / cm ,/ / Fm / / cm
yó yó yó yó Yó yó yó uh Yó yó yó yó yó yó yó yó yó Ah-ah I
/ / G7 G7(#e\ Gj
instrumental
GTtD G7
c7 bs)
c7ü13)
nmzds)
85
Son$ok tr Gilberto Gil
c($s) Fm7(9)
nbz(r¡)
*x
Se4rep,
et
cTqe) G7
86
Songbmk D Gilberto Gil
Bb(¡r )
ilI
ffi ffi
Dm7/ /
Mi-Se-{e-ro-ra
/ c///
nobis
Dm7/
O-r4 H8
/ / c /
pro no-bis
// Dm7
E
/
no sem-jre
C
se-rá, ó
c///Dn7///c///et///c/
se-rá, O Iaiá É no sem-pre, sem----pre seráo Toma¡a que um dia, dia, um dia
87
Songbmk tr Gilberto Gil
/ c / / / nv(i,,)///tmt///Gl4 / G7 / C / Ctnu
Dm7 / /
É no sem-pre, Sem-pre seráo . Já, náo So-rnoS
ETe+/c¡c/87¡e+/ctc/ETe+/omt///c///
sangue Mo-lhada de vi-nho e ma¡cha--------{a de sangue
/// c / //
no sem-pre, sem--pr9 Serao
DO
"c
J
Bb7(fii) c7¿ gl
E7lcl
ETtGI E7/Gil
Songbmk tr Gilberto Gil
Dm7 C
ffiov
| \.1/ | tl
a
s Bb7(ill,)
-lt.c.
Dm7 G7 Dm7 G7
Dm7
Fade Out
89
I
I
I
I
I
Songbook É Gilbero Gil t
Flora
GILBERTO GIL
ffi ffi
DlmT(bS) Ft(#1r) En{ia E7M(9)
ffi-m F#7M BbTOe)
"m
A7M c#i(e) c#7(e)
ffi BrnG x)7p¡
ffi-m
F#ó Abz(e)
-m-'m
Bb¡(e) Bb7(e) Bm(7M)
ab7(b9) DbTM(fs) Db7ñt
ffi FmG')
ffiry ffi ffi-m
-m
Gb7(#11) F7M(e)
VI
'"m
D7M(#s) D7M B¡ (9) An(7Ir) Fm7(bs) c7(#11)
''mil vuI
F#m(?M)
"mur
"),,C* cm(i\\ze
ffi c'M.(g)zc
ffiG7(e)
-m
AbTM BTIVÍ Bb7
90
ffi
Sontbdk o cilbcrro ci¡
- /
far--{A
Em(?) / E7M(e)/ rrvr ///t*tu/saz(bs)/tttu/tt¡t/cle)/
be----------l a se_nhora
/
nos-6os
Bm7 ,/ o*mz(us, / F?(#tl) / nmg\ / E7M(e) / cüe\ /
pró---prios sc-nhos de-vora----------*---dos Pelo
B7(e) /
_ra e
Cm(7M) /
na be___le_za
C#m1 / r'mz(us) / c7(#ll) / F#m(?lVl) /
Te--rei Sr-no. com cer ta---------------4a
c7 / sTNr / s¡z / AIQ) / ttt(c) / A'¡IQ) / t¡¡t(g) / cIQ) / ct@s) / cl(s) / c7(be) /
C7Tú(,/GGoG1(9)G7(9)C7M(9)76GoG1(9)37(9)iHu,",(o)C1M(g)/G
9t
Songbook D Gilberto Gil
cke) G7 bs)
nflmztbsr F7d11)
^,.ñ.
A7M
^húst
elrrl A7(e)
CmOM)
cmllMyc
ebzu alrrl
b
rbllr¡ clel
Fde Out
@ Copyright Dy GEGE pRODUCóES ARTISTICAS LTDA
Av. Aaulfo de Paiva, 527 - sab7A2 - fuo de Janeiro - Brasil.
Todoc c direitos reservados.
93
Songbook tl Cilberto Gil
Indigo blue
GILBERTO GIL
c7M
'"m"m'm
A7 BTG13) c7(#1r)
-m "m
Em7///A7///ol///Em7///////t¡z
Índi-go blue, índi-go blue ÍnOi-go blu-seo Índigo blue, índi-go
/ / / / / / / Dl / / lnmt // / /
^7
Sob o blusáo, sob a blu-sa Nas encos--{as lisas do monte do peito Dedos
/ / / A7 / / / DZ / /lnmt / // /
ale-gres e al:oi-tos Se apres-S¿rm em busca do pico do pei-to De onde os
/ / / A7 / / / Di / / / w{ú.tt)/// C7M//
efei----+os gozo-sos das ondas de prazer se propa-ga-ráo Por tÑa essa
// / A7 /// Dl / / /nmt/// / / / / A7
Índi-go blue, índi-go blue Índi-go blu-sáo Índigo blue, índi-go
/ / / / / / / D¡ / / / Em7 /// /
^7
Sob o blusáo e a gaml--_s¿ Os ¡¡¡!59¿-l6s ¡¡{sg¡-l6s dizem respei-to A quem,
/ / / tt / / / Di / / /smt ///
por direi-to, c¿ure-ga es-sa terra nos ombros Com todo o respei-{o E a
B7dr3)
Fde Out
95