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1. INTRODUÇÃO
Elaborado em 11/2005.
O ICMS atual é fruto de uma série de evoluções legislativas. Desde a incidência sobre Vendas
Mercantis (IVM), o imposto passou também pela incidência sobre Vendas e Consignações
(IVC), chegando ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICM) e evoluindo para a
incidência sobre serviços de comunicação e de transporte (ICMS). Apresenta-se como imposto
não-cumulativo, sendo tal técnica de tributação princípio constitucional basilar para este e
outros tributos, como o IPI. Hodiernamente, as contribuições PIS e COFINS respeitam o
mesmo princípio, permitindo a compensação do tributo incidente na operação anterior
(aquisição) com o devido na operação subseqüente (venda), possibilitando que a tributação
recaia tão somente no valor acrescido à última operação realizada pelo contribuinte.
(...)
(...)
(...)
Para melhor explanar distinções entre estas duas categorias tributárias, se faz necessário, a
priori, uma análise da não-incidência, comparando-a com a isenção.
Acima, foi demonstrado que na isenção existe a obrigação tributária. O que não existe é o
surgimento do crédito tributário. Este impedimento é fruto de disposição legal. A operação só
será gravada com isenção se houver declaração expressa do legislador. Já a não-incidência é
fruto de inferência lógica, dispensando-se, embora exista, legislação para ampará-la. Na não-
incidência, busca-se averiguar se o fato ou evento ocorrido insere-se nas hipóteses de
tributação do imposto. Faz-se necessária uma análise da estrutura do ICMS, onde se verifica
se a operação objeto de estudo se enquadra nos aspectos material, espacial e temporal do
tributo. Caso não se enquadre, não haverá o nascimento da obrigação tributária em relação ao
ICMS e tampouco do crédito tributário, pois não há fato gerador, não há tributação. O imposto
portanto, não incide. Assim sendo, é nítida a diferença entre o diferimento e a não-incidência,
porque para que haja o diferimento, é necessária disposição legal expressa. A operação deve
ainda ser objeto de incidência e deve-se enquadrar nos aspectos estruturais do tributo, levando
fatalmente ao nascimento da obrigação tributária e do crédito tributário, havendo recolhimento
do imposto, por meio da procrastinação da obrigação para operação seguinte.
(...)
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
(...)
Embora o ICMS não seja objeto de cobrança nas operações em que se verifique a suspensão,
na verdade, não se trata de figura exonerativa. Trata-se de uma "segurança fiscal" onde o
legislador procurou resguardar, de forma taxativa, situações em que, ocorrendo o fato gerador
do imposto, dificilmente o contribuinte recolherá o tributo devido e mais difícil ainda o fisco
conseguirá fiscalizar essas operações. Um exemplo: "X" remete uma máquina para conserto.
Nesta operação, não ocorre o fato gerador do ICMS, pois embora haja circulação de
mercadoria, o critério material ainda não se completa, pois não houve a transferência da
propriedade do bem, que continua sendo de "X". Aqui, seria caso de não-incidência, mas
consideremos que a máquina não retorne, por qualquer motivo. Aí sim, o tributo é devido, pois
a "X" não mais pertence a máquina, concretizando todos os aspectos estruturais do imposto e
firmando a ocorrência do fato gerador. Por isso, a operação amparada pela suspensão é
cercada de regras, onde o contribuinte apresenta diversas informações ao fisco por meio de
documentos e demonstrativos fiscais.
Por ser assim, o ponto nefrálgico que diferencia a suspensão do diferimento é a mesma que o
diferencia da não-incidência: a concretização do fato gerador. A suspensão é, como já dito,
uma forma de securitizar o recolhimento do tributo, nas operações em que ainda não ocorreu o
fato gerador do imposto. No diferimento, o fato gerador ocorre, existe o nascimento da
obrigação tributária.
Existem situações em que as duas categorias tributárias podem coexistir. Exemplo: "X" envia
produtos com finalidade de demonstração a "Z". Esta operação é amparada pela suspensão.
"Z" resolve adquirir o produto. Neste momento o ICMS é devido por "X", pois este realizou a
circulação da mercadoria pela remessa e posterior venda, ocorrendo o fato gerador do imposto.
Mas verifica-se que aos produtos enviados por "X" aplica-se, por disposição legal, o
diferimento. Vislumbra-se aqui de maneira clara que o diferimento ocorre tão somente quando
do nascedouro do fato gerador, antes não, exceto nos casos em que o legislador quiser dar
tratamento diferenciado a determinada operação, com finalidade de restrição ou mesmo
manutenção de créditos (escriturais).
Entre estas duas categorias existem algumas semelhanças que levam alguns doutrinadores a
afirmar que o diferimento é espécie de substituição. Não entendo assim, embora realmente o
caminho percorrido por ambas seja o mesmo, ou seja, tanto no diferimento quanto na
substituição tributária a responsabilidade do recolhimento do tributo é transferida para outra
pessoa.
O instituto da substituição tributária está previsto no artigo 128 do Código Tributário Nacional:
(...)
Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a
responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da
respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a este em
caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.
(...)
6. O ENCERRAMENTO DO DIFERIMENTO
(...)
7. CONCLUSÃO
Por isso, quando não há modo de pode atingir tal neutralidade sem que haja o estiolamento de
toda uma cadeia produtiva, busca-se aplicar técnicas de tributação. Entre elas está o
diferimento.
Assim, o diferimento tem suas próprias regras de aplicação, de sua suspensão, de sua
renúncia e de seu próprio encerramento.