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SEMINÁRIO

ASSUNTO : CAOS COMO CIÊNCIA

POR : Paulo (Keldor)

Parte 1.
- Mas afinal , o que é a Teoria do Caos ?
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Quando os gregos queriam se referir a um vazio abissal, usavam a palavra


cháos.
Porém, caos e Ordem não são teorias opostas, como geralmente se tem
suposto, mas apenas a interação entre o Macrocosmo e o Microcosmo.
Podemos considerar o Caos como o Macrocosmos (o imensamente grande, ao
ponto de que nossa ignorância nos leve a chamar-lhe “infinito”) enquanto um
certo sentido de Ordem está representada no Microcosmos (os seres vivos e
a circunstância que lhes é inerente).
Nada é perfeito, existindo irregularidade em toda a sua superfície – altos,
depressões, reentrâncias, fossas gigantescas, etc. –, para proporcionar, como
resultado final, uma esfera? Também a ordem e disposição das linhas que
formam os fractais (dos quais falaremos mais tarde) é absolutamente
aleatória, aparentemente desequilibrada, ilógica e completamente imprevisível
(durante o seu desenvolvimento), para revelarem uma estonteante beleza,
ordem, funcionalidade estética e lógica matemática depois de apreciadas no
conjunto. Num sentido mais grosseiro e imediato, é o exemplo da árvore, ou de
uma simples folha, ou até de um humilde rebento, enquanto se desenvolvem.
A Ordem tem sempre origem no Caos, porque este é a causa primária de todas
as coisas. Podemos estabelecer Leis para a compreensão da obra criada, mas
não para a sua elaboração, a não ser com teorias de probabilidades (as quais,
além de pecarem pela ausência de rigor, apenas se podem formular a partir da
observação da “mais provável repetição” de anteriores situações, também elas
aleatórias enquanto decorreram). Passa-se algo disto nas sondagens pré –
eleitorais.
O “rigor”, em termos de “ordem” e de “equilíbrio”, procurado na música, na
arquitetura e na maioria das artes, proporciona a satisfação dos sentidos mais
objetivos, mas a expressão aleatória (cujo efeito final e de conjunto é
fabuloso) transporta-nos ao Mundo da Magia, do macrocosmo, do Caos, do
“quase” infinito, sem tempo espaço ou ordem, onde a regra é a ausência de
regra.

-Em que a Teoria do Caos pode me ser útil à primeira


vista?
À primeira vista, a teoria do Caos em si nos mostra a importância de todo e
qualquer momento: o atravessar de uma rua, uma risada, uma tosse e etc...
Esses momentos podem passar desapercebidos em nossas vidas corridas,
cheias de afazeres, mas não o deveriam.
Por que? Um simples atravessar de ruas, por exemplo, pode terminar com sua
vida num piscar de olhos. Uma risada num momento certo pode faze-lo (a)
conhecer o grande amor da sua vida, num momento errado, pode faze-lo (a) ,
encontrar seu pior inimigo.
Com essas teorias em jogo temos a consciência de que somos nós, e nossas
decisões, as quais, certas ou erradas, moldam nosso futuro. O presente
constrói o futuro.

-Entendimento Prático
Você certamente já planejou algo do tipo: “amanhã à tarde irei à casa de meu
colega para juntos irmos à praia”. Então você acorda com um belo dia
ensolarado, mas aos poucos o céu fica completamente nublado, mesmo com a
previsão meteorológica: “Fim de semana com sol durante o fim de semana em
todo o Estado”.
Você poderá ficar triste e dizer: devido a esta desordem do caos, nunca
saberei quando o clima estará propício a ir à praia. Mas e se eu lhe disser que
por trás desta desordem climática há uma ordem escondida?
Assim, a teoria do caos não é uma teoria de desordem, mas busca no aparente
acaso uma ordem intrínseca determinada por leis precisas. Além do clima,
outros processos aparentemente casuais apresentam certa ordem, como por
exemplo, o quebrar das ondas do mar, crescimento populacional, arritmias
cardíacas, flutuação do mercado financeiro, etc...
Talvez isto seja animador, mas você ainda deve saber que em situações onde
aparentemente há ordem, como por exemplo, o movimento de um pêndulo de
relógio cuco, um pouco de caos ainda subsiste. Esta é a teoria do caos: há
ordem na desordem e desordem na ordem.
Parte 2
Principais pesquisadores do Caos:
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- Edward Lorenz
No departamento de Meteorologia do Boston Tech, atualmente conhecido
como MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), ano: 1955. Um
cientista de cerca de 38 anos, chamado Eduard Norton Lorenz, preenche a
vaga deixada por Thomas Malone no corpo docente deste departamento.
Lorenz herda, desta forma, a direção de um projeto de pesquisa cujo
estudo se concentrava na previsão estatística do tempo. Herda também a
possibilidade de participar daquilo que seria o início de “uma nova ciência”.
A previsão estatística do tempo é muito parecida com a previsão sinóptica,
que se caracteriza por se basear mais em observações do passado do que
em princípios físicos. Tal forma de previsão era do tipo linear, ou seja, a
temperatura de um local poderia ser prevista e calculada como sendo uma
constante a, somada com uma constante b mais uma outra constante c
multiplicada pela temperatura de hoje em um outro local... O trabalho do
meteorologista se limitava a determinar os valores destas constantes a, b,
c ... e os preditores – elementos climáticos que multiplicam as constantes.

Lorenz não estava muito satisfeito com os resultados de previsões


sinópticas e numéricas obtidos com equações de caráter linear. Então, num
encontro em Wisconsin, 1956, propõe previsões a partir de sistemas de
equações não lineares. Isto era bem razoável pelo fato de que a linearidade
perfeita fazia com que cada variável sempre assumisse os mesmos valores
apresentados no ciclo anterior. Resumindo: Lorenz foi levado a concluir que
as equações deveriam apresentar soluções não periódicas. Poder-se-ia fazer
uso de um computador para resolver tais equações e chegar a uma previsão
mais correta.
Aconselhado por um colega de departamento, Robert White, Lorenz
começou a efetivamente usar um computador. Utilizando um Royal McBee
LGP-30, Lorenz criou um modelo de previsão que apresentava um conjunto
de apenas 14 variáveis, que foram mais tarde reduzidas até 12 variáveis. Tal
modelo tinha como objetivo reproduzir o movimento das correntes de ar na
atmosfera. O baixo poder computacional que seu primitivo computador
apresentava forçava o cientista a poupar recursos, arredondando casas
decimais, suprimindo as vírgulas dos números... etc. Ainda assim era possível
traçar gráficos que representavam as condições meteorológicas desta
atmosfera artificial. Dias ou meses de condições climáticas podiam ser
simulados em poucos instantes.
Aproximava-se o final da década de 1950. Certo dia, Lorenz decidiu repetir
alguns cálculos em seu modelo. Para isto parou sua simulação computacional,
anotou uma linha de números que havia sido apresentada tempos antes e
digitou-a, fazendo com que o programa rodasse novamente, foi tomar um
café, voltando instantes depois, para sua surpresa, notou que os novos
números da simulação nada pareciam com os impressos anteriormente.
Inicialmente eram iguais, depois de algum tempo começavam a diferir na
última casa decimal, então na penúltima, na antepenúltima... Fisicamente
este resultado poderia ser interpretado como sendo as condições climáticas
que, primeiramente, comportavam-se de forma semelhante à simulação
anterior, dias após surgiam pequenas diferenças, depois diferenças cada
vez maiores até que, semanas depois, as características climáticas eram
totalmente diferentes das características da simulação anterior.
Por que isto ocorreu? A conclusão do cientista foi de que os números
digitados não eram exatamente os mesmos; estavam arredondados! Esta
pequena diferença, embora irrisória no início, foi de maneira tão incisiva se
avolumando até que mudasse totalmente o resultado final. E assim tudo
começou!!!
Em 1971, o físico matemático belga David Ruelle apresentou na Califórnia
uma palestra intitulada “Os atratores estranhos como uma explicação
matemática da turbulência”. O termo “atrator estranho” foi citado pela
primeira vez no artigo conjunto de Ruelle e Floris Takens: “Sobre a
natureza da turbulência”, que originou a palestra supra citada. Este artigo
influenciou enormemente a recém criada teoria do caos.
Atrator é apenas uma representação gráfica de estados de um sistema.
Mesmo sem jamais ter ouvido falar sobre atratores, Lorenz já havia visto
um; seu atrator assemelhava-se a uma borboleta, como na figura abaixo.
Embora a palestra de Ruelle tenha chamado a atenção dos estudiosos do caos
para uma forma de representação gráfica bastante interessante, nenhuma
influência seria de tal monta como a que causou um instigante artigo elaborado
por Lorenz. Intitulado “Previsibilidade: o bater de asas de uma borboleta no
Brasil desencadeia um tornado no Texas?”, o artigo foi apresentado em 1972
em um encontro em Washington. Lorenz não responde à pergunta mas
argumenta que:
a) se um simples bater de asas de uma borboleta pode ocasionar um tornado,
então todos os bateres anteriores e posteriores de suas asas, e ainda mais, as
atividades de outras inúmeras criaturas também o poderão;
b) se um simples bater de asas de uma borboleta pode ocasionar um tornado
que, de outra forma, não teria acontecido, igualmente pode evitar um tornado
que poderia ser formado sem sua influência.
O que Lorenz queria dizer é que insignificantes fatores podem amplificar-se
temporalmente de forma a mudar radicalmente um estado. Assim, a previsão
do tempo a longo prazo continua a ser algo inalcançável, pelo fato de que nossas
observações são deficientes e os arredondamentos que utilizamos, inevitáveis.
O best seller de James Gleick “Caos: a criação de uma nova ciência” (1987)
apresenta como um dos principais capítulos o intitulado “O efeito borboleta”.
De uma forma tão coincidentemente incrível, como talvez somente o destino
consegue fazer, a forma do atrator de Lorenz e o ponto principal deste seu
artigo são os mesmos: a borboleta. Por isto costuma-se associar à teoria do
caos o chamado “efeito borboleta”. Mas quando alguém lhe disser com
veemência que o efeito borboleta é chamado assim devido ao atrator; ou
afirmar que é por causa do artigo, duvide, pois o próprio Lorenz desconhece o
motivo.

-Benoit Mandelbrot
"O mundo que nos cerca é caótico mas podemos tentar limitá-lo no computador.
A geometria fractal é uma imagem muito versátil que nos ajuda a lidar com os
fenómenos caóticos e imprevisíveis." Benoît Mandelbrot

Quando você pensa em uma certa mercadoria, qualquer que seja ela, você sabe
que seu preço ora sobe, ora desce, ou seja, dado um intervalo considerável de
tempo, este preço se comporta de forma imprevisível. Várias podem ser as
causas para este comportamento: a mudança de certas regras comerciais, uma
expectativa de falta iminente da mercadoria, ou ainda, uma retração geral da
economia... etc. De uma forma geral, os preços devem variar aleatoriamente e
ordenadamente. Paradoxo? Não. Em uma escala micro, em curto prazo, os
preços se comportam desordenados; mas em numa escala macro, em longo
prazo, há certas tendências ordenadas como quando, por exemplo, há um longo
período de recessão.
Quando um estatístico estuda certos dados, tais como o preço de certa
mercadoria, ele utiliza uma ferramenta indispensável: um gráfico em forma de
sino que representa a distribuição gaussiana ou normal dos dados. Esta curva
mostra, neste caso, os preços de certo produto em um certo período de tempo.
Desta forma a maioria dos valores discretos de preços se situa na parte
central desta curva, ou seja, a média. Porém, nos lados desta parte central, a
curva cai muito rapidamente.
Existiria um padrão nestes preços? O economista Hendrik Houtahkker aplicou
esta forma de sino para estudo de oito anos de preço de algodão, constatando
que a curva não se ajustava à distribuição normal perfeitamente. De forma
estranha, a curva se alongava ao invés de cair rapidamente.
Algum tempo depois, Benoit Mandelbrot, um jovem matemático, foi convidado
para fazer uma palestra no departamento de economia de Havard, do qual
Houtahkker era professor. Coincidentemente, Mandelbrot tinha em mente uma
figura bastante parecida com o diagrama de preços de algodão que Houtahkker
tinha em sua sala. Mandelbrot concluiu que os preços de algodão seriam um bom
conjunto de dados que ele poderia utilizar para prosseguir seus estudos. Eles
eram numerosos – havia dados de mais de um século – e não continham
interrupções.
Mandelbrot fazia parte da International Business Machines Corporation (IBM)
e usou os computadores da empresa para processar os dados dos preços do
algodão. Como Houtahkker já havia notado, os números mostravam aberração
quanto à distribuição normal. O que era impressionante é que havia certa
ordem oculta, havia simetria em pequenas e grandes escalas. Isto significava
que as seqüências de variações independia da escala. Olhando as variações
diárias e comparando-as com as variações mensais, notava-se que elas
correspondiam-se perfeitamente. Era isto o que Mandelbrot procurava! um
padrão onde , pensava-se, só existiria aleatoriedade.
Tempos depois a IBM começou a enfrentar problemas em suas linhas
telefônicas que eram usadas para a transmissão de dados. Vez ou outra havia
certos ruídos que causavam erro nos dados transmitidos. Quando Mandelbrot
começou a analisar o problema, soube que os ruídos, apesar de aleatórios,
apresentavam características peculiares: em certos períodos praticamente não
havia ruídos, enquanto que em outros, havia vários erros de transmissão e mais:
dentro de períodos de erro havia períodos de transmissão perfeita. A previsão
dos ruídos era simplesmente impossível.
Haveria alguma relação deste fenômeno com o comportamento dos preços de
algodão? Mandelbrot acreditava que sim. A intuição geométrica era uma de
suas qualidades e logo associou a distribuição de erros a uma construção
matemática chamada conjunto de Cantor, nome dado em homenagem ao
matemático russo George Cantor (1845-1918). Tal construção é simples.
Comece com uma linha de certo tamanho; tire o terço médio; tire o terço médio
das duas linhas restantes; repita o processo várias vezes. O que sobra são
finas linhas, chamadas poeira de Cantor (ver figura abaixo).

Mandelbrot concluiu que esta abstração matemática representava exatamente


o ruído nas transmissões. Assim, a solução que a IBM poderia tomar era nula,
ou seja, a empresa deveria aceitar o fato de que os erros são inevitáveis e usar
estratégia de redundância para descobrir e corrigir os erros.
O conceito da poeira de Cantor era totalmente incomum na matemática sob o
ângulo de dimensão. Numa visão euclidiana, como sabemos, um cubo tem
dimensão 3 porque apresenta largura, comprimento e altura; uma folha de papel
possui dimensão 2 porque tem largura e comprimento; um fio tem dimensão 1
por apenas ter comprimento e, finalmente, um ponto tem dimensão 0 pois não
apresenta nenhuma das qualidades.
Mas quando se pensa nas formas da natureza, como contorno de uma folha, do
litoral, de uma montanha, de um fragmento de rocha, esta geometria se mostra
deficiente. Nas palavras de Mandelbrot: “nuvens não são esferas, montanhas
não são cones”. Sobre estas idéias, Mandelbrot escreveu um artigo denominado
“Que extensão tem o litoral da Grã-Bretanha?”, onde analisa o processo de
mensurar uma forma irregular como o litoral. Para descrever as formas da
natureza, Mandelbrot foi além destas dimensões inteiras 0, 1, 2, 3, chegando a
dimensões fracionárias.
Faltava um nome para as formas que Mandelbrot pesquisava. Certo dia, ao
folhear um dicionário de latim que seu filho terminara de trazer da escola, a
palavra foi encontrada: o adjetivo fractus, do verbo frangere, quebrar,
fraturar. Daí surgiu a palavra que viria, a partir dali, revolucionar a maneira
como são estudadas várias propriedades de diversos campos científicos:
fractal.
Difícil conceber objetos de dimensão 2,73, não é mesmo? Realmente. Mas aqui
você pode pensar em dimensões não inteiras como grau de aspereza ou grau de
fragmentação. Voltando ao estudo do litoral, Mandelbrot viu que o grau de
irregularidade permanecia constante, qualquer que fosse a escala utilizada.
Isto significa que, seja de perto ou de longe os padrões de forma são os
mesmos (da mesma forma que os preços do algodão). A irregularidade é,
paradoxalmente, regular.
Esta é uma das principais características dos fractais: a auto-semelhança.
Você vê isto sempre que corta um pedaço de couve-flor e vê que este pedaço é
semelhante à verdura inteira. Um “pedaço” da poeira de Cantor é semelhante
ao conjunto inteiro.

Veja outros fractais e note a auto-semelhança.


Note que o retângulo branco significa a ampliação apresentada na imagem
posterior.

PARA VISUALIZAR MELHOR AS


IMAGENS, AMPLIE-AS !
Parte 3.
Experiência :
Desenhe um fractal:

Um exemplo de fractal razoavelmente simples é obtido utilizando materiais


simples. Você precisará de um dado, régua, lápis, papel e, paciência.
Comece desenhando um triângulo - que pode ser eqüilátero ou não - e marque
os vértices com letras. Você terá os vértices A, B e C.
1. Marque um ponto em qualquer ponto dentro do triângulo.
2. Jogue o dado.
3. Aqui você deve estabelecer as regras. Por exemplo: se a face superior do
dado for 1 ou 2, coloque um ponto no meio caminho entre o ponto marcado
anteriormente e o vértice A. Se cair 3 ou 4, marque o ponto no meio caminho
entre o ponto anterior e o vértice B. Se cair 5 ou 6, o ponto será marcado no
meio caminho entre o ponto anterior e o vértice C. Note algo imprescindível
para marcar o ponto no local exato: meça a distância entre o ponto anterior e o
vértice “sorteado” com a régua, divida este valor por dois e a seguir, com
auxílio da régua, marque o ponto.
4. Volte para o passo 2 e repita o processo.
A figura abaixo deve lhe ajudar a entender o que quero dizer. (Os pontos
foram desenhados grandes e coloridos para fins explicativos - você deve fazê-
los pequenos!).
Cabe aqui uma pergunta de suma importância: que figura você acha que
aparecerá dentro do triângulo? uma figura disforme, “caótica”? uma figura de
alguma maneira organizada?

Parte 4.
A Magia do Caos.

Tem havido revoluções na ciência, literatura e arte. A Magia do Caos é a


primeira revolução no campo da magia. Filosofias mágicas antigas têm sido
enraizadas em conexão com o passado, como dos ancestrais ou historicamente
(romantismo mágico). Embora muitos dos pilares da Magia do Caos estejam em
construções feitas na magia, ela amplia mudanças em vez de continuidade, como
uma constante universal ou única.
Nós vivemos num mundo que está mudando rapidamente, um mundo onde as
aplicações da alta tecnologia e a saturação de nosso meio nos permite misturar
estilos de infinitas maneiras, onde elementos do passado, presente e
possivelmente do futuro estão presentes em muitos aspectos de nossa vida
cotidiana, desde as roupas que vestimos até as crenças que adotamos. Enquanto
outros sistemas mágicos prometem estabilidade, um tempo fixo e um universo
ordenado e todo fechado, a Magia do Caos se modifica com a fusão e a fluidez
da vida moderna.
A Magia do Caos começou a atuar no fim dos anos 70, como o rock punk,
amedrontando o status quo. Vemos agora a teoria do caos se movendo de
obscuros setores da matemática até ser aceita como uma nova ciência. Temos
visto Fractais gerados por computador se tornarem moda, "mandalas" para a
nova geração. Caos tem se tornado moda. Nós não rejeitamos a cultura
moderna, nós a aproveitamos.
Então como a Magia do Caos se diferencia de outros sistemas em evidência em
nosso mundo moderno?
Em primeiro lugar, a Magia do Caos é um paradigma ao invés de um sistema nela
mesma. Ela é uma aproximação ou uma visão geral, onde cada um,
individualmente, cria seu próprio psicocosmo mágico. Ao invés de seguir um
caminho, a Magia do Caos "traça" e segue seu próprio caminho, buscando o que
é melhor para ela. Os magos caóticos têm, desde o princípio, a opção de serem
tão ecléticos quanto desejarem, selecionando condições e técnicas de qualquer
sistema mágico que acreditem ser útil, sejam do passado, presente ou futuro,
da literatura, arte, ciência, pseudo-ciência, tecnologia ou fantasia.
O impacto revolucionário da Magia do Caos é dar ênfase à experiência própria.
O que interessa é a experiência de vida ao invés de se acomodar a crenças,
segredos ou listas de correspondências. Não existem professores.
No Caos não há professores, livros "sagrados" ou tradições que ditem crenças
e comportamentos. Os magos do Caos são livres para agirem primeiro,
escolherem suas questões e depois suas respostas. Este é o mago do Caos ao
invés de guru ou professor, ele é responsável pelo desenvolvimento,
experiência, criatividade e resultado de suas ações.
A magia tem sido um caminho ou uma forma de criarem ilhas de ordens, tema
que Austin Spare chamou de "caos normal". Como a realidade se tornou mais
complexa, parece que realidades se tornaram incrivelmente abstratas e
relativamente simples. O mundo de um Xamã tribal é o reflexo do seu mundo
diário, em contraponto ao mundo interior de "visões" cabalistas do século XX.
(...)
A visão geral da Magia do Caos é que qualquer ilha de ordem que criarmos é
melhor em claves temporários, que acreditamos serem uma ferramenta e não
um conjunto de limitações que podem rapidamente se tornar um dogma
estagnado. Então, o mago caótico deve escolher e adaptar o complexo sistema
cabalista como um parâmetro temporário, exatamente como deveria, dado o
tempo suficiente, esvaziam-se de suas crenças pessoais que governam todos os
aspectos de seu comportamento e de sua atitude.
"Nada é verdadeiro, tudo é permitido" é um dos poucos slogans do Caos. Não
entendemos porque alguns ocultistas reagem ao Caos, ainda que militantes
anarquistas.
Um grande número de conceitos que, até recentemente pareciam estáveis e
entendidos, têm sido questionados.
Um dos conceitos indistintamente pronunciados sobre a Magia do Caos é a
falta de base ética. A maioria das ordens e sistemas ocultos postula
claramente o estabelecimento de sua ética, e isso não quer dizer que o
praticante precise cumpri-la. O paradigma do Caos rejeita a necessidade desta
atitude e, ao invés disso, pende na direção de que pessoalmente a moralidade
cresça dentro de cada um e individualmente, se defina e aplique seus próprios
princípios éticos, em contraponto à sua imposição. Tendo dito isso, a Magia do
Caos é, em geral, pró-vida e pró-liberdade de expressão.

A magia tende a ser tratada como separada ou além da nossa existência do dia
a dia. A Magia do Caos, contudo, sustenta que os trabalhos mágicos funcionam
melhor quando são adaptados às situações de nossa vida.
O ajuste do Caos é se tornar mais flexível e adaptado no mundo em que
vivemos, para abrir um vasto ângulo em vez de uma única visão direcionada do
universo e abrir novas alternativas para encontrar a posição e perspectiva para
agir e atuar decisivamente. Magia se torna não somente o que fazemos, mas
como vivemos.
A magia se estagna quando se torna presa em um conjunto de formulações e
procedimentos. Olhar além do que conhecemos como magia, é ir além.

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