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lntro uçao

ao controle
lcibliográf ic
Seg unda edição

..:
INTRODUÇÃO AO CONTROLE BIBLIOGRÁFICO
Bernadete Campello

Introdução ao controle
bibliográfico
Segunda ediçáo

@
irusmJR8.I-EMos
O Beúàdete campellô 2006 Sumário
DiÌeild .lesta edição adqúiridos Por ldos l.fÕnnâção e ComúDicação Ltda
sesêês6@s&
Todos os diÉilos reseúãdos. De a@,llo com a lei n.' I 610 de 19/2/1998,
nenhlüm pdle dste lim pode ser foio.oPÈda. gravâda, rcprütúida ou
âìÌenada nun sistda de recupeÌação d€ idomação ou târsÌÌtÜda
eb qu.lquer lomâ ou Por quâlqúd nÌcio eletrônlco ou mc.ãÌÍco sem o Apresentação vii
Previo consfllútÍto do autor e do editor' t-ista de siglas ix
Re\dsão: Mdia Lucia Vllar de L€mos
! I
Capa: Fomatos Design Grá6co Ltdâ 2 PÍeservâÌ paÌa acessar 4
:l ConboÌe Bibliográfico UniveÌsaì I
4 Bibiiotecas nacionais 20
5 Depósito legal 32
Dados hlcrnâ.io.ais dê catâlogaqão na Füblicação (cÌPl 6 BibliograÍìa nacionaÌ 43
(C;Ìrãra BÍàslleira do l-nÍo. s:iÒ I'ãúlo. sr, B.asill
7 Padronização da descrição bibÌiográfica 57
u Catalogação cooperâtiva, catalogação na fonte e
Ìnrroduqão ão.onlrcìe bibliogin.o / Bemãd€te cdnpclÌo. 2. catalogaçào na pubÌicação
ed. Erâsilla. DÊ: Briquet do Lcmos / Liros. 2006
6a
Sistemas de identifìcação numéricâ de
documentos 78

Índice 93
1 Bibüo4ànâ nactonal 2. conlrol. brbìiogr;nco r"titulo

06-A795 .DD 025 3

2006

Brtquet de r:mós / Llws


L.nos Ittormâçào e Comuntcâção Ltda.
SRarS Ouadra 70Ì - Bloco K Sala 83Ì
EdlÍìcio Embassy Tower
Brâsíia, DF 70340 000
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editoÌa@bnquetdelemos..om.Lìr
Apresentaçáo

&ss*6s**s€

IìSTE I,I\''RO DESCRE\E OS INSTRUMENTOS DE CONTROLE BIBLIO'


gráfico propostos por organizaçôes internacionais, que têm
sido utilizados por diversos paÍses nos últimos 25 anos,
com ênfase na maÍÌefa como o Brasil vem aplicando esses
irìstrumentos. Cada capÍtulo descreve a origem, o desen-
voìümento e ãs caÌacterísticas de determinado instrumento
cle controle bibliográÍìco, e termina com a descricão de como
tem sido empregâdo aqui. Com isso, visualiza-se, de forrna
iulpla, a trajetória dâ biblioteconomla na busca de umâ or-
ganização bibliografica que per'Ìnitã concretizar o ideal da
, lií-áciâ no acesso à inlormaçào.
Este texto foi elaborado tendo em üsta, em princípio' a
disciplina Organização e Controle BibÌiográfico da Infor
rnaçáo, ministrada na EscoÌa de Ciência da Informaçáo da
Universidade Federal de Minas Gerais. O obietivo foi reunir
iÌÌfoÍmações básicas que permitârÌì aos alunos conhecer os
I)rincipais conceitos que integram a noçáo de controÌe biblio
gr áfico.
Esta segrrnda ediçáo de IntroduÇco ao cofttroLe biblíqrAfm
vcm com algumas modificações. Dois capÍtulos constantes
(la primeira edição [DisponibilÍdade de Pub]icações e Con-
trole Bibliográfico EspeciaÌizado) forarn rettados, e o capitulo
soble agência bibliograíica nãcional foi incorporado ao de
l)iblioteca nacional. Foi incluído um capítulo sobre o conceito
r lc preservação da memória, em l,irtude da necessidàde que

sentimos de proporcionar embasamento conceitual que ori


( Ììte o estudo dos diversos instrumeÌìtos de controle biblio
tráfico, de forma que eles não sejam trabalhados apenas
('ln uma perspectiva operacional.
As modiÍìcaçoes efetuadas visaram a peÌmitir que se
enfocassem instrumentos de controle bibliográlico que' em- Lista de siglas
bora inventados há muito lempo no ámbilo da biblioleco-
nomia, continuam pel1inenles no universo informacional &e*s#*ss*s
Espero que o texto constitua apenas um referencial que
fundamente outras pesquisas mais abrangentes a serem
efetuadas no âmbito da; disciplinas em que for utilizado' /\^alR2 Anglo-American Cataloguing Rules
Assim, a j.déia é que o li\To sirva como ponto de partida AI]N'Ì Associação Brasileirâ de Normas Técnicas
pâfa estuclos qua Èu.* u discussóes e inlerprelaçóes mais American Library Association
àprofundadas. e partj.r das informações aqrÌi reunidas' os r\lÌl Assoí-jaçáo Pau lista de Bibliolecários
aiunos poderão èxplorar e aprofundâr idéias que thes (
^t.co
Catalogação Legível por Computador
possibilitem refletir criticamente sobre questões pertinentes (.I]IJ Controle Bibliográlìco Universal
( c^A2 Côdjgo de Catalogacão Anglo-Americano
ao controle bibliográfi co.
Catâlogo Coletivo Nacionaì de Publicaçòes Seria-
Agradeço a Maria Helena de Andrade Magâlhães' co-
( ]CN

autoìa da primefâ edição e que, embora não mais parti-


das
( Classificação Decimal de Dewey
cipando deste trabalho, teve contribuição importante' e a
]DT)
( l)NL Conference of Directors of National Libraries
Isis Paim, que, acompanhando há muito tempo minha tra- ( t)lI ClassiÍìcação Decimal Universal
tem sido
i.rO.iu ptotittional. colaborou com várias ideias e
-uma
(Ir Cataloging In Publication
força para o meu â perfei(oamen Lo' I)ASP Depadamento Administrativo do Serviço Público
I)OI Digital Object Identifier
l,t^N European Article Numbering
ItÌnbrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Iì'IJAB Federação B[asileira de Associaçoes de Bibliote-
cários, Cientistas da Inlormaqão e Instituiçoes
II(ìV Fundação Getúlio Vargas
IìD Federação Internacional de Informação e Docu-
mentaqáo
r.ììBD Functional Requircments for Bibliographic Records
II]BD Instituto Brasiìeirc de BibliogÌa-Êa e Documentação
IIIGE Institlrto Brasileiro de Geografia e Estatística
IÌìCT Instituto Brasileirc de IÌÌformação em Ciência e Tec
nologia
International Council on Archives
t( tAus IFLÀ CDNL Alliance for Bibliographic Standards
l( rsu Conselho Internacional de Unioes Cientificas
tì,1,1 InternationaÌ Federation of the Phonographic In-
dustry
IN I- Instituto Nacional do Li\.ro
r\ InternâtionâÌ PübÌishers Associâtiôn
ISAN
ISBD
International Standard Audiovisual Number
tntemational StaÍÌdard Bìbliographic Description I Antecedentes
IStsN lnternational Standard Book Number
ISDS InteÌ'national Sedals Data System &&&&s#6*&&
ISMN International Standard Music Number
tso International Organizaliol-t for StandaÌdization
ISRC International Standard Recording Code Ii o
srcr'rrFrcATlve A côN'r'RIBUIÇÃo DA tsIBI-torEcoNoMLA PARA
MARC Machine Reêìdable Cataloguing
ircesso amplo e democrático à informação. Na Perspectiva
N,{fÌS National Documentation. Library and Archives
Infrastructures rnrrndial, essa contribuição é representada por mecanismos
ocLc Online Co!Ìputer Library Center <1ue, adotados poÍ diversos paises, permitem o intercâmbio
(Adobe) Portable Document ForÌnat ( rìtfe sistemas de inforrnação do mundo inteiro e faciìiiam
PDI'
PGI General Information Progranln]e o acesso de qualquer cidadão ao conjunto da ProdrÌção biblio-
PNBU Plâno Nâcional de Bibliotecas UniveÍsitárias tráfica universal.
PROBIB Programa Nacional de Bibliotecas de Os requisitos para esse acesso são organizaçáo e controÌe,
Instituições de Ensino Superior rìo sentido de que a produção bibÌiográfica esteja deúda-
RFC Request for Comments rÌìente estruturada em s'istemas de informacão coerentes,
RLIN Research Libraries Infonnation Netivork (lrÌe perrnitãm a identificação e a Ìocalização dos itens dese
sic Serviqo de lnrcrcambio de CataÌogaÇào
SICI Serial ltem and Contribution ÌdentiÍìer iiìdos pelos usuários. Esses sistemas cor-ìstituem basicamen-
SNE]- Sindicato Nacional de Editores de Li\''Ìos tc as bibliografias nacionais e catálogos de grandes bibliote
( as que, utilizando registros catalográficos padronizados,
UBCINI Universal Bibliographic Control ancl Internatiol-lal
MAIì( ] Ilossibilitam o acesso às publicacóes.
UCC Uniform Code Council É impoftante observar qlÌe. nesse sentido, a contribìJição
TJNESCO OrganizaÇâo das NaQoes Unidas para a EdlrcaQáo, (la biblioteconomiâ começa muito ântes até da invenção da
Ciência e Cultura irÌìprensa e pode ser percebida na organizacão de bibliotecas
UNI!L{RC Universal MARC l,ì)rmat rìa Antiguidacte. Exemplo disso é o trabalho de Calímaco
URÍ Uniform Resoutce IdentiÍìer (3IO ac-235 ac), poeta. que trabalhou na biblioteca de Aìe
URL Unifomr Resource l,ocator
UTT,AS University of ToÌ-onto Library Automation System
xandria,* onde compÌlou o Pinakes, um dos primeiros ins-
\aÀF Virtual International AuthoÌity File lrumentos de organlzaQão bibliográlìca de que se tem notícia.
O PirÌírkes era di\ridido por assuntos: retórica, direito,
lì1erãtura épica, tragédia. comédia, poesia, medicina, mate-
r ÌÌática. ciências naturais e miscelâr'ìea. Bm cada uma dessas
(livisóes os autoÌes eram arranjados em ordem alfabética e

' Iistimâ se que a bibliotecâ dc Alexândria teiÌha coÌecioÌÌado mais de


,too 000 rolos de pâpiro. podendo teÍ clÌegacio a 700 O00. Sobre ela contam
sr nÌÌÌitas Ìendâs. pois poÌrco se sabe sobre s!Ìâ história e coÌllo ocorreu
s( rì desapârecimento- É provável que, situaclâ enl região sujeita a telle-
nr(ilos e guerras, sua existência haja estâclo sempre sob Ìisco- E gcraÌmente
,r'('iio que Ììo sécu1o vtt dâ cra crislã e1a não mais existiâ.
sobre cada um havia breve nota biográfica e uma anáÌise A idéia do cBU constituiu a base do rnodclo de orgaÌÌização
do seu trabaÌho, O Pinakes foi muito importante para apoiar l)iltiográfica que predominou a paftir da década de ì970 e
o trabalho dos intelectuais da época e se torr-rou um modelo (
lr rc fbi sistematizado em congresso organizado pela UNESCo
parã catálogos eÌaborados posteÍionnente. Tinhã iníclo a cr r r colaboração com a IFI,A. Realizado ern 1977 , em Paris, o
tradição catalográfica que continuou na ldade Média e pros- ( 'ongresso Internacionâl sobre Bibliografias Nacionais pÌopi-
segue até o presente (veÍ capitulo 7). ( iou a oportunidade para que Í'ossem debatidas em profundi
A partir da década de 1970, o esforço da biblioteconomia (liìde diversas questões relativas ao controÌe bibliográfico,
em diÍeção ao aperfeiçoamento do acesso à produção rrrDr enfoque na bibliografia nacional, considerada o instru
bibl.iográfica mundial é representado pelo desenvolúmento rrr, nlo-chave para Lal conlrole.
das redes de inforÌrrâção, resultantes da aplicaçáo da ir-rfor- Os resultados das discussões, qne se embasaram em
mática aos processos de organização bibliográfica. tlocumentos previamente preparados por especialistas,
A partir da década de Ì980 acentua-se o processo de loram reunidos em The no.tíono.l bíbltographg: present roLe
conversão de antigos registros catalográficos, de consulta t u rdJrtfitre deuelopments. Esta publicação incoryoÍa as reco-

manual, para registros eletrônicos processáveis por compu- rrrcndaçóes aprovadas pelo congresso, que representam o
tador. Era a chamada conversão retrospectiva de catálogos, rrrodelo de controle bibliográfico proposto pela UNESCO e rFLA..
ou RECON, do inglês retrospectíue conDersílJn. Muitos países assimilaram esse modeÌo e abraçaram o
Esse trabaìho de conveÍsão de catálogos, aliado ao itlcal do cBU, estrlrturando seus sistemas bibliográficos
aparecimento de sistemas de catalogação cooperativa e, nâ scgundo as recomendacoes emanadas desse congresso.
década de Ì99O, ao advento da internet, permitiu a dispo- Entretânto, as mudanças no universo bibliográfico, ocor-
nibilizâcão universaÌ dos catálogos das bibliotecas e possi- rirlas a partir da segunda metade da década de 1990, vêm
lorcando a reúsão desse modelo. A comunidade bibliotecária
bititou o idea1, sempre presente na biblioteconomia, de
( (nÌìeça a questionar a estrutura vigente e a buscar novos
ampliar mundialmente o acesso à inforrnação, peÌ:rnitindo
a cada cidadão encontÍar a publicaçáo de que necessita.
|irminhos para continuar a prover com eÍìciência o ãcesso
O conceito de Controle Bibliográfico Universal (cBU) foi rì inforÌnação, atendendo às necessidades infor-rnacionais
r lrr sociedade como um todo.
formaÌizado com a criaçáo, em 1974, do International Office
for uBc luniversal BibliogÍaphic Controlì da Federação ln-
ten-racional de Associaçoes e Instituicoes Blbliotecárias (IFLA), Referências
que teve origem na Reunião Interrracional de Especialistas r\Nl)ERSoN. D. ÌFLA'S progranme ofuniversal bibliographic control:
em Catalogação, ocorrida em 1969. origins and early year s. Internatiotlql CaLqloguing and BíbLiogrct-
pllic Control, v. 29, n. 2, p.23-26,2OOO.
Nessa reunião. um docurnento preparado por Suzanne lloNoRE, S. Reportofthe]MCE.Ubrí"v.20. n. Ì,p. 115- 116. ì970.
Honoré. da biblioteca nacional francesa. delìniu as bases rN lìTRNATIONAL coNcRrìss oN NATIONAL BIBLIoCRAPHIES. The no,t]f.no,t
de um sistema de intercâmbio internacional de inforn.ração I tíbLí<41raphg :pre sent role andJtlir'Lre del,elopments. Paris: UNESCO/
que, por intermédio de agências nacionais, distribuiria os rÍ,ì-A- 1997.
registros bibliográficos padronizados de todas as publica- 1.,\w, D. Access to the world's literature: the global stlateg. LibrcLnl
eoes. A eficiência do sistema clepcnderia, porlanto. da máxi- Reuíeúr, v. 47, n. 5/6, p. 296 30O, 1998.
ma padronizaqão da íorma e do conteitdo cla descúcão
bibliográlìca.
2 Preservar para acessar rli r sua vida social. A perpetuaçáo dessa etapa possibilitará
rrrudanças. permitindo a evolução cuÌtural contínua daqueÌa
riìÇão ou comunidade.
&&s#*s*&6& r

A busca e a mâr-ìutenção dessa identidade parecem ter


, omeçado quando as sociedades se preocuparam em preser-
var, por meio de ritos e comemoraçoes, seus mitos de origem,
su:r sacralidade. Os depositários dessa memória. principal
As PESSoAS SUEREM'rErì ACESSo À IN!'ORMAÇÃO poR vÁRros rrrente oral, eÍam os sacerdotes, pajés e xamãs, que deti-
motivos, e a funçáo dos bibliotecários é possibilitar esse
nham, em razâo de seu papel, grande prestigio e poder.
acesso. Eles são mediadores entre os usuários e os registros
do conhecimento e, mediante seu trabalho, buscam pro- Poste or-Ínente, as sociedades tentaram garantir sì-Ìa
< ontinuidade por n.ìeio de marcas das posições e relações
porcionar ao maior número de pessoas o acesso à infor
(le indiúduos que ocuparam um lugar de destaque ou dorni-
mação da forn'ra mais eficaz. Para ser'acessada', a informa-
nação. Essas marcas são os monumentos comemorativos e
ção precisa estar organizada. isto é, disposta de forma a
poder ser recuperada (bibliográfica e Íìsicamente) e, ao mes- as geneâlogias, por exemplo.
mo tempo, precisa ser preservada, isto é, conseÌvada e man- A consewaçáo da memória supre, portânto, a necessidade
tida para que possa ser continuamente utiÌizada. de tradição, de meios de transmissão de modelos qr-Ìe irão
Assim, os bibliotecários se tornam responsáveis pela pre- garantir a continuidade da sociedade, afastando o medo da
servaçáo de um patrimônio documental amplo e variado. perda de memória, medo de amnésla coÌetiva.
Esse tem sido o papel desempenhado por esses profissionais
há milênios, desde a época em que os registros documentais Pod.er
constituiam objetos raros e valiosos. Mesmo atuâImente, Outro aspecto que pode explicar o desejo que as sociedades
quândo a situação é bastante diferente, a preocupação com demonstram de preservar sua memória é a questão do poder,
a preservação persiste, envolvendo aspectos complexos dos da necessidade que os diversos grupos sociais têm de obter
quais um dos mais importâÌìtes refere se a'o que preservar?' a coesão social que permi.tirá o alcance de seus objetivos e
Mas, altes de definir 'o que preservar', é necessário entender a manuteneão de seus interesses. Apoderar-se da memória
'por que preserwar?' E, se os bibliotecários quiserem atender (ou do esquecimento) tem sido umã preocupaçáo de indiú-
à legitima vontade dos usuários de ter ãcesso a inforrnações duos, grupos ou cÌasses dominantes. Não é coincidência o
e aos documentos de todas as épocas, inclusive as mais fato de várias bibliotecas nacionais terenÌ se originado de
remotas, é pÍeciso compreender esse processo. coleções reais, acervos riquissimos, reunidos por monarcas
e outros governantes,
Identidade coletiva Assim, a memória coletiva tÍansforma-se em patrimÔnio
A noção de identidade coletiva e o desejo de dâr continui cultural. Esse patrimônio não é forrnado necessariâÌnente
dade a essa identidade parecem ser os principais pontos por qualquer legado do passado, mas Íepresenta a escolha
em que se apóia o conceito de preservação da memória. A feita pelos gr-upos dominantes, e as coÌeções presewadas
mernória, seja de uma naçào ou de uma pequena comuni refletem o processo de manipulação da memória coletiva.
dade, contíbui paÌ:a a constituiÇão de sua identidade cultu- Conseqüentemente, o patrimônio cultural pode selvir para
rãl e testemunha um passado que rcpresenta umâ etapa produzir diferenças entre os grupos socials, considerando-
se que os grupos hegemônicos detêm o poder de definir que A produção do saber científico, desde os primórdios da
bens devem ser preservados e quais os que podem ser esque- ciência ex?erimental, apóia se na bibliografia que representâ
cidos. Percebe-se que existe disputa constante pela domina- o conhecimento científico consolidado. Para fazer avançâr
çáo da memória e da tradiçáo e, assim, o campo da preserva- iì ciêncla, os pesquisadores necessitam ter acesso constante
ção do patrimônio cultural constitui espaço conflituoso. à literatura, ao conhecimento registrâdo por seus anteces-
sores. É a partir das idéias, hipóteses e descriçóes de experi-
Educação e transmissáo de conhecimento ências contidas nesses registros que os cientistas de hoje
Educação e transmissão de conhecimento são também ques- ampliam, aprimoram, revêem, modificam ou corrigem os
tões que explicaÌn o interesse das sociedades pela preser- resultados alcançados, elaboram novas hipóteses e partem
vaçáo da memória coletiva. para novos experimentos. A continuidade proporcionada
Desde o surgimento da educação formal, foi necessário pela memória cientÍfica é fundamental para o avanço da
preservar os te{os que embasavam o ensino: as escrituras, ciência. As grandes bibliotecas de pesquisa, mantidas poÍ
os textos sagrâdos e filosóficos [o conhecimento sagrado e o universidades e instituições profissionais, e as redes de cita-
profano), e durante muito tempo o ensino se baseou na me- (ìoes presentes nos trâbalhos cientificos atestam o valor dado
morização compulsóía desses textos. ir essa memória.
Os atuais métodos pedâgógicos, baseados não mais na Os diversos usos que os grupos sociais fazem do patri-
memorização, mas no pressuposto de que o aluno deve ÌÌÌônio cultural, bem como os diferentes niveis de capacidade
construir seu próprio conhecimento, têm levado os educa desses grupos para apropriar-se do conhecimento propor-
dores a propor estratégias de aprendizagem que exigem o cionâdo por instituições que presewam esse patrimônio,
contâto do estudante com variados estoques de informação. indicam que estamos em terïeno onde há questões comple-
Assim, os estudantes delram a sala de aula e estáo cadâ
vez mâis presentes em museus, arquivos, bibliotecas, cen- O discurso sobre a preservaçáo do patrimônio apresenta
l ros cullurais e de documentaçào. nuances que contemplam inúmeras possibilidades e, por
ianto, é necessário compreender ã retórica, o que esse dis-
FoÍmas de preservação da memória curso enceÍTa, especialmente se os autores forem políticos
Nas sociedades que utilizam tecnologia, seja esta a lingua- clue pretendam apoiaÍ projetos públicos de preservação
gem escritâ ou a informática, as formas de preservaçáo da cultural.
memória variam em função da diversidade dos grupos en- As dlversas disciplinas envolvidas nesse terreno devem
volvidos, dos diferentes usos que fazem da memória e, final- considerar os conflitos e a multiplicidade de usos dados ao
mente, do valor social conferido à atividade de preservaçáo. patrimônio cultural. Assim, estãrão aptas a desenvolverem
PaÌa os arquivistas, por exemplo, a preservaçáo dos docu- aeoes que contemplem os múltiplos modos de abordar o
mentos se impõe não só pela importância que têm para as artefato cultural e a construirem novos patrimônios e novas
atividades dos historiadores, mas também, e até por exigên- possibiLidades de acesso e de apropdaçáo dos saberes, que
ciâs legais, para a comprovação de atos e decisões de natu- iÌlinjam os mais diversos grupos sociais.
rezâ administrativa na vida das instituições. A biblioteconomia vem dando sua contribuicão pâra a
Pesquisâdores e cientistas são outro grupo para o qual a orgaÍÌização da inforrnação, e o conceito de cBU, desenvolüdo
preservação da memóriâ constitui um valor, qÌre é inerente no âmbito dessa disciplina, incorpora a idéiâ de preservar o
à sua prática. patrimônio cultural, no que conceme aos documentos publi-
(:r(l{)s. ir lìrn de proporcionar a todos os cidadãos o acesso
r ll'rrÍrcrittit:O ao conhecimento.
3 Controle Bibliográlico
Universal
Referências
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impertinentes. PerspectÍuas emcÍêÍlcis dalryfir'nrlaçao, Beìo Hori
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t'Lctl,
o rDEAL Do coN1RoLE BtBLIocRÁFtco UNTVERSAL, EMBoRÀ o
CIIAG^S, M. Cultura, patrimônio e mernória. In: INTDGRAR: coN-
lermo só tenha sido usado formalmente a partir de Ì974'
IìRESSO INTERNACIONAL DE ARgUWOS, BIBLIOTECAS, CENTROS DE DO- nâo é novo na biblioteconomia e tem permeado o trabalho
CUMENTAÇÁO E MUSEUS, 1., 2OO2, São Paulo. Ánars. São Paulo. de indiüduos que buscavam orgãnizar o conhecimento.
FEBAB, 2002. p. Ì35 Ì50. Até a invençáo da imprensa, em meados do século xv, a
Ì,8 GOFF. J. Memória. In: ENcÌcLopÉDL{ Enaudi. Lisboa: Imprensa produçáo de liwos era limitada, e seu controle constitrÌÍa
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MU0LLER, S.P.M. O crescimento da ciência, o comportamento ci, almejâr reunir tudo que se produzia, como Íoi o caso da bi-
entifico e a comunicaçáo cientifica: algumas reflexões. Reuista blioteca de Alexandria, fundada por Ptolomeu I (367/366
da Escola de Biblíoteconomía da uFMc, Belo Hoúzonte, v. 24, n.
Ì. p. 63-84, 1995. ou 364 283 /282 ac), cujo objetìvo era âdquirir livros do
SHERA, J. Tle Jottndatíons oJ educatianÍor líbrananship. New york: mundo inteiro.
Becker & Hayes. Ì972. As bibliotecas foram as primelras instituições a se
VIANNA, A.; LrssovsKy, M.; SÁ, P.S.M. Avontade de guardar: lógica preocuparem com o controle blbliográfico e durante algum
da acumulação em arquivos privados. Arqutuo & AdmínÍstrc.. tempo seus catálogos constituÍram os únicos instrlrmentos
çAo, Rio de Janeiro, v. 1OlÌ4, n. 2, p. 62 76, 1986. para esse íim.
Corn o aumento da produção de ììwos, surgiraÌll âs bibÌio-
grafias, elaboradas por indivÍduos interessados na orga-
nização do conhecimento e por instituiçÓes voltadas para
determinados ramos do saber, como as sociedades cientÍficas
ou âssociações profisslonais. Embora elaboradas, na maioria
clos casos dentro de grandes bibliotecas, as bibliografias,
diferentemente dos catálogos, que representavam o acervo
de determinada biblioteca, pretendiam ultrapassaÌ esse
objetivo localizado, pois incluiriam materiais de qualquer
origem institucional ou geográfica.
Nas primeiÍas décadas após a invenção da imprensa, o
homem podia sonhar em produzir bibliografias universais
que registrassem a totalidade dos documentos publicados
no mrrndo. em todos os clominios do saber. Foi o caso de
Conrad Gesner (Ì516-1565), zoólogo e bibliógrafo suiço que sel, chegou a acumular cerca de 20 milhões de fichas até o
publicou, em 1545, quando ainda não havia decorrido um final da década de 1930, representândo acetvos de biblio-
século da invençào dâ imprensa, a Bíblíotheca uniuersdÌis, tecas européias e norte-americanas, mas foi interrompido
marco da históÍia da bibliografia e do controle bibliográfico, deüdo a dificuldades Íìnanceiras. O instituto manteve outras
que arrolava obras publicadas em lâtim, grego e hebraico. ãtividades no campo dâ documentação, ündo â transformar
Apesar de ser uma bibliograÍìa geraÌ, por abranger todos os se na Federação Internâcionâl de Informação e Documen
ramos do conhecimento e de pretender ser universaÌ, não tação (FID), que existiu até a década de 199O.
chegou a tanto, pois os quinze mil titulos de cerca de três Essâs primeiras tentativas de controle bibliográfico for
mil autores que arrolou, se se considerar tarnbém o apêndice mavam um conjunto desestruturado de iniciativas indiü-
de 1555, correspondem, segundo se supòe, a mais ou menos duais e trabalho voluntário, e careciam de planejamento
uma quinta parte da produção blbliográÍìca européia de ate que levasse em conta as necessidades dos usuários e os
então. Como se pode observar, o empreendimento biblio- recursos necessários.
gráfico exaustivo já era uma tarefa árdua mesmo na época Ao longo do tempo, aumentou a complexidade do ambi-
em que o número de lir,ros publicados era pequeno. ente iníormacional, fator que âfeta diretamente o controle
Outras tentativas de produzir bibliografias universais bibliográfico. Essa complexidade envolveu não só o cresci-
foram feitas, no seculo xr,'rn, pelo inglês Michaeì Maittaire mento do volume de publicações, mas também o apare
(166a 1747) e pelo alemão Johann cottlieb Georgi [1729- cimento de grarde variedade de tipos de publicações.
l8O2) e, no século xx, pelo francês Jacques ChâÌles Brunet Até o século xr'Ìr, o conhecimento registrado era disse
[1780-f 867), cuja obra MantLeL du Líbraire et d.e L'amctteur minado somente na forrna de liwos. A paftil daí, com o
des liures, publicada inicialrnente em 1803, foi suplementada crescimento da ciência experimentâl, foi criado novo meio
por Johallrr Georg Theodor Graesse ( t 8 I 4- Ì 885) com o Tlésor pâra a disseminação do conhecimento: o periódico científico.
de Líures rares et précíeux ou tlouueou dictíonnaíre bÍblío- _ O JournaL des Sçauans (mais taÌde Journal des Sannnts,
graphíque.Todos se limitaram a incluir em suas obras li\,.ros devido à grafia ter sido atualizada no começo do século xx)
publicados na Europa ocidental. é geralmente citado como o primeiro periódico cientílìco.
Houve também trabaÌhos especializados, como o Inúema- Seu primeiro fascículo foi publicado em janeiro de i665.
türnaL catalogrE of scientifr.c Literature, iniciado em 190 I pela Poucos meses depois surgiu o periódico Philosophical Tlans-
Royal Society (instituição que, desde 166O, congrega os cien- actúcns, da Royal Sociefr, inglesa, que é publicado até hoje.
tistas britânicos), com a pletensão de arrolar a literatura Desde entáo, o número de periódicos tem crescido ininter-
científica em geral. Entretanto, a Royãl Society suspendeu ruptâmente, como pode ser obsewado pela quantidade de
sua pÌÌblicação em 1914, deúdo aos conflitos que antece- mais de um milháo de números rssN atribuídos desde a
deram a Primeira Guerra Mundial. criâção do sistema internacional de numeração de periÓdicos
O projeto mais ambicioso foi, provaveÌmente, o estabele- na década de 1970. Desse total, mais de 100 mil seriam
cimento do Instituto Internacionâl de BibliograÍa, em Bn_rxe periódicos científicos.
las, pelos advogados belgas Paul Otlet (1868-1944) e Henri Depois do periódico, surgiÍam oÌrtros tipos de publicaçáo:
L,a Fontaine (f85tf-1943), com o objetivo de reunir toda â relãtórios técnicos, anãis de eventos, documentos governa
produção bibliográfica mundial, na forrna de catálogo em mentais, vãriadas formas de materiais não-bibliográficos e
fichas, que indicaria também a lo càliza:çâo das obras. Esse eletrônicos e, mais recentemente, as publicações elehônicas.
catalogo, conhecido como Répertoíre Bíbliographique (Jnfuer- Essa diversldade de formas de registros fez emergir novas

io lt
questões e tomoÌÌ mais compÌexo o controle da produção I omendações, Íeunidas no documento ?he naÍional bíbLío
((
intelectual. A conseqúência natural foi a institucion alizaçào r ytlthg: present role ond Juture deueLopments. Essas reco-
do controle bibliográfico. rÌì('ndaçoes consolidavam o modelo de controle bibliográlìco
A partir da década de 1970, aÌgumas organizaçoes inter- iÌlllalmente existente na maioria dos países. O modelo se
nacionais começaram a desenvolver progÍamãs que visãvam :ìl)oiava em um conjunto de mecanismos ou instrlrmentos
à consecução do controÌe bibliogrâfico em âmbito nâcior'ìal, {
lr lrì. postos em prática
pelos pâises, resultariarÌl na orgaÌÍza
isto é, de cada paÍs que desejasse aprimorar suas atividades crro bibliográfica nacional que constitlÌiria a base paÍa sus-
de organizaÇão bibliográfica. l( ntação do cBU. Assim, cada pais seria responsável pela
O conceito de National Doclrmentation, Library and Ar- (loscrição bibliográfica padronizada e pela di\,'ulgaçâo, por
chives lnfÍastrlrctures (NATIS). elaborado pela uursco. em rrreio da bibliogralia nacional, das publicações ali editadas.
conferência sobre sisLemas nacionais de informacão rea Ao estabelecê-lo, UNESCo e IFLA. preúâÌn que seria um
lizadâ em seternbro de I974, Iòi um desses programas. Reco- t)rojeto de longo prazo, no qual cada pãÍs buscaliâ progres-
mendava que os países-membros desenvolvessem infra, sivamente fazer uso das novas tecnologias de inforrrração
estrutrÌras integradas para bibliotecas, arqlrivos e serviços l)iìra apeÍfeiçoar o controle bibliográfico no seu âmbito de
de documentação. Urn dos argumentos era que tais infra- :rção. Sendo diíerentes os estágios de desenvolúmento de
estruturas servìriam para apoiar os planos de desenvoÌú t irda pais, taÍnbém seriam diferentes os patermares de orga-
mento, econômico e social, de cada paÍs. rÌizaçáo bibliográfica e de contribuiçáo de cada um' embora
Poucos anos durou o NAflS, que, em 1977. foi fundido isso não significasse diíerenças na qualidade dos registros
com o Unisist. Este surgira ern 1972. com a finalidade de bibÌiográficos. As diretrizes propostas no congresso de 1977
promover a coordenação de ações de cooperaÇão no campo constituiram, portanto, parâmetros que os paises deveriam
da informação científica e tecnológica, o que levaria a urna lentar alcançar em determlnado prazo.
rede flexivel de sistemas e seÌviços de informaÇão. baseada Periodicarnente, novos encontros têm permitido o aper
em cooperação voluntária. cuja metã seria a li\,'l-e circulação leiçoamento das recomendaçÔes. O Seminário sobre Controle
da inforrraçào em ciência e tecnologia. tlibliográÍìco Universal, em 1992, no Rio de Janeiro' reforQou
Da fusão do NATts corn o Unisist resultou o Programa- a importâÍÌcia, paÍa o sucesso do controle bibliogÍáÍìco nacio
Geral de InÍormâçáo (r,cr), que passou a focalizar, por meio na1, dos elos cooperativos entre bìbllotecas, agências biblio-
de diversos projetos, qucstões voltadas para o acesso à gráficas nacionais e indústía e comércio li\Teiros.
informaçáo, treináìrnento de proÍìssionais da inforrnaçào e A ConfeÍência IntemacionaÌ sobre Serviços Bibllográlicos
aspectos éticos da informação. Nacionais, que ocorreu em Copenhague' em 1998, teve como
Em 1977 , a uNESco, juntamente com a rFr-A, propôs dire objetlvo avaliar e atualizar as recomendações do Congresso
trizes para o pÍograma então denominado Controle Biblio- Internacional sobre Bibliografiãs Nacionai.s de 7977 à \uz
gráfico Universal (CBU.), cujo objetivo era reunir e tornar dos desenvolvimentos ocorridos nos 2l anos que sepaÍaram
disponÍveis os registros da produção bibliográfica de todos os dois eventos. Entretânto, devido provaveÌmente aos inú
os países, concretizando assim o ideãÌ do acesso de todos meros fatoÍes que atualmente afetam o panorama infor-rna-
os cidadãos ao conjunto do conhecimento Lrniversal. cional, especialmente aqueles relacionados com as publica-
No congresso promovido pelas duas instituiçóes, o ções eletrônicas, a conferência se limitou a reforçar as
Congresso Internacional sobre Bibliografias Nacionais. reali- recomendacões de 1977, acÍescentando poucos elementos
zado em 1977, na sede da uNESCo. definiu-se umâ série de novos e mantendo o modelo proposto naquela época.

)"2 13
Em 1990, o pl-ograma cBtJ, já entáo sob a responsa ographic Descripuon (lsBD), Functional Requirements for
bilidade da n't-A, Íìrndiu se com o projeto Internatiorlál rraanc ilibliographic Records (r'ngo), Universal N4,cRc Format (uNl
e recebeu o notne de Universal Bibiiographic Conrrol ald N,LA.RC), MARC 21 Concise ForÌrìats, 239.50 e 239.50 Inter-
International MARC (rJBCÌM), refletindo a importância funda nãtional (referentes à norna ISo 23950 Information Retrie
mental da padronização da descrição bibìiográfica para os val: Applicatlon Seruice Deflnition and Protocol Specifica-
objetivos do cBU. tion), Virtuâl International Alrthority File (r,.IAr.), além de vá-
Em 2003, esse programa foi substituido pelo rFL\_CDNL rios esquemas de identificadores perslstentes. Essas âtiü
Alliance Íbr Bibliographic Standards (rcaes). Siis bibliotecas dades são desenvolvidas de forma cooperãtivâ com diversas
nacionais for.lnâÌn atuaìrlente a aliança, cujos objetivos sáo instituiçÕes, tais como CDNL, uNESco, ISo, International
a coordenacão e o lomento de àtiüdades nas áreasde contro_ Council on Archives (tcÂ), Online ComputeÍ Library Center
le bibÌiográfico de todos os tipos de recursos e formatos re_ (ocLC) e outras organizaçoes de normalização na área de
lacionados e de protocolos padronizados. Constitui uma ação contlole bibliográfico.
estratégica que busca, de maneira prática, estabelecer e coor_ Paralelamente aos seus programas voltados para ques-
denar atiúdades nessas áreas. Os objetivos especÍficos sáo: toes específicas de controÌe bibliográfico, como os men-
1) coordenar atiüdades voltadas para o desenvolümen, cionados acima, a IFL{ se preocupa com questões mais am-
to de normas e de práticas de controle bibliográfico e de plas de preservação e de acesso à informacão. Em colabo-
recursos, inclusive metadados, identificadores persistentes ração com a Internâtlonal Publishers Association (IPA) a IFLA
e norÍnas de interoperabilidade; gerou o documento Presen)Íng the mernory oJ the tuorld in
2) apoiar o intercârnbio intemacional de recursos bibli- petpetuíüJ: ajoínt statement on the archiuíng and preseruing
ográficos, promovendo, desenvolvendo e testando a manu oJ dígital informattrn.
tenção de metadados e de formatos padronizados: Nesse documento as duas instituições estabeÌecem prin-
3) assegurar a promoção de novos padrões; cipios para um trabalho conjÌÌnto, no sentido de preser-var
4) [uncionar como cenlro referencial para infon-naçòes documentos digitais. Declaram inicialmente a imPortância
sobre todas as aqoes da rnra nessa área; desses materiais e a necessidade de garantir sua disponi-
5) organizar seminários e oficinas de trabalho; bilidade por longo prazo. IFI-A e iPÂ se dispóem a trabalhar
6) aperfeiçoar a comunicãçâo dentro da comunidade. coduntamente no desenvolümento de norrnas e sistemas
As metas para que tais objetivos sejam âlcanÇados são: que possibilitem o aÍquivamento e a preservaQão da memória
. manter, promover e harmonizar norraas existentes e digitãl do mundo. Nessa declaração conjunta, reconhecem
que as bibliotecas são as instituiçÔes adequadas para se
conceitos relacionados com controÌe bibliográíico e controle
responsabilizar por essas tarefas, devendo as bibliotecas
de recursos:
. desenvolver estratégias para controle bibliográÍìco e nacionâis, em colaboração com outras instituições interes-
sadas, assumir a funçào de colecionar e Preservar para as
controle de recursos e asseguÍâr a promocão de convenções
gerâções futuras a memória digitâI.
novas e recomendadas:
. aumentar a compreensão de questões relacionadas Essâ preocupação também é demonstrada pela UNESCo,
que coordena o projeto Memória do Mundo, criado em 1992,
ao arquivamento de longo prazo de recursos eletrônicos.
a partir dâ constatacão de que muitos acervos docrìmentais
Nesse sentido a lFtÁ se propÕe manter e desenvolver estudos que representam parte da memória cultural da humanidade
Ìigados aos seguintes projetos: Intemational Standard Bibli encontram se em situação precária, taÍìto no que diz respeito

14 l5
à sua preservação como ao acesso. Assim, o programa pre- anos. É um projeto seletivo, que pode ser enquadrado no
tende: conceito de controle bibliográfico, dada a sua perspectiva
l) facilitar a preservação da memória cÌocumental da hu de acesso amplo a uma quantidade de livros que ã maioria
manidade, mediante o uso de técnicas apropriadas; das bibliotecas não abriga.
2) colaborar no acesso à herança documental, mediante Percebe-se que o ideal do controle bibliográfico permanece,
o uso de lecnicas de digiLalizaçào:
e diversas instituiçÕes enúdârn esforços, tanto no âmbito
3) aumentar a consciência global sobre a existencia e a polÍtico mais amplo, divulgando suas posições com relação
importância dos acervos documentais. à preservaçào da memória documental e ao acesso à infor
Também a FrD, desde sua criação em l8gb, desenvolveu maeão, quarÌto no âmbito técnico, voltândo-se para aspectos
diversas ações ligadas ao cBU, sendo a última delas a Global de normalizaçáo e padronização, que se tornaÌn cruciais no
Inforrrration Alliance, acordo inforrrral firmado em 1995_ â âmbito da inforÌnação eletrônica. Por meio de parcerias, o
partir de uma resolução (a chamada Tokyo Resolution on trabalho dessas instituições, parece estar apontando parâ
Stategic AÌliance of International Non-GoverÌtÌnental Organ novo modelo de controle bibliográfico, que exigirá esforços
izations in Ìnformation to Serve Better the World Commu- coletivos para seu sucesso, em úrtude da complexidade do
nity) assinada por várias organizações intemacionais não, âmbiente informacional na sociedade contempoÍânea.
govemamentais. Um dos itens aprovados pela resoluçáo foi
que "todas as pessoas devem ter acesso total e irresüito à
informâQão, de acordo com a proteção de dlreitos indiúdu- RefeÌências
ais, de incentivos econômicos apropdados e com as preo- ANDERSON, D.P. UniDersal Bibliogrctphíc ControL: alorlg tenn policA,
clrpaçoes dos povos e das nações segundo suas circuns- a pLanÍor actürn. Múnchen: Ver-lag Doklrmentation, 1974.
tâncias peculiares". Assim, os objetivos da Global Ìnforma- tFLA's Programme of Universal Bibliographic Control:
C ataloguing & Bibliographíc
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18
do papel importante que a blbliotecâ nacional pode desem-
4 Bibliotecas nacionais penhar na preservação do patrimônio cultural. no fomento
à criação de bibliotecas públicas e no controle bibliográfico,
*s66'S*&SS6 nã.o se pode dizer que a esse reconhecimento corresponda
uma reaÌidade de bibìiotecas dinâmicas e eficientes. Princi
palmente nos paÍses subdesenvolvidos.

Nos úLTrMos 150 ÁNos AS BIBLIo'IECAS NAcloNArs 'rÈM sIDo Estrutura


instituições presentes na maioria dos países, destacando- Na maioria dos paises, a bibliotecâ nacional é um órgáo
se geralmente pelâ imponência de seu ediÍicio e pela riqueza mantido pelo poder púb1ico e subordinado a uma das ins-
de sua coleção. Suas origens refletem o desejo de reis e tânciâs adminiskativas de mais alta hierarquia do goveÌno
mandatários de reunir e preservar os regishos do saber' central ou federal, geralmente o minlstério da cultura ou
razão pela qual muitas delas foram originalmente criadas seu equivaÌente. Existem outras formas de estruturação que
como bibllotecas reais, passando, com o tempo' por um dependem das tradições cuÌturâis e da história de cada paÍs.
processo de democÍatização, em que foram abertas ao públi- Em alguns casos, biblÌotecas especializâdas, universi-
co e se tornaìÌam instituições de preservação do patrimônio tárias ou públicas, acabam assumindo o papel de biblioteca
intelectual das nações. nacionaÌ, em virtude de sua lideranç4. Nos eua, por exemplo,
Exist€m bibliotecas nacÌonals fundadas há séculos, como a Library of Congress, que é uma biblioteca parlamentar'
as da França e da Áustria, criadas respectivamente nos desempenha a função de biblioteca nacionaL. Em outros,
séculos xv c xt't. O desenvolümento das bibliotecâs nacio- como Finlândia e Israel. a biblioteca nacional funciona tam-
nais. com as caracteristicas que lhe são próprias atual- bém como bibÌioteca universitária. O mesmo ocorre na DiÍìa-
mente, resultolt da derrr'rbada de monarquias absolutistas marca, onde a bibLioteca nacional é também a biblioteca
ou do surgimento de novos Estados e, conseqúentemente, central da universidade de Copenhague. Esta última é tam-
dos esforços feitos para a consolidação da ciênciâ e da cul- bérn biblioteca nacional especializada, atendendo a consul-
trìra naclonais. Esse processo teve inÍcio na França, em tas de todo o paÍs nas áreas de humalidades, teologia e
1791, quardo ã bibìioteca real francesa foi declarada pro- ciências sociais.
priedade nacional. Em alguns paises a biblioteca nacional integra diversas
No sécuLo xIX. novas bibliotecas nâcionais foram criadas instituições, como nâ Indonésia, onde ela é formada por
em mais de duas dezenas de países. Só na América Latina, quaho órgáos: pela biblioteca do museu nacional, por uma
assinale se o surgimento das bibliotecas da Argentina biblioteca especializada em ciênciâs sociais' politica e
(1810), Venezuela (1810), Chile (18r3) e MéxÍco (1867)' história, pela biblioteca regional de Dakar, e por uma diüsão
reflexo do processo de emancipação polÍtica e do nacionalis- bibliográÍìca.
mo emergente dâ época, marcada também peÌa criação de A denomlnação 'selviço nacional de biblioteca' começou
arquivos. museLls e Ìe.rtros nacionais. a ser usada quando algumas bibliotecas nacionais passaram
No século )o<, foram fundadas cerca de 30 bibliotecas a desempenhar funções de atendimento à população em
nacionais, como, por exemplo, em Cuba (1901), Panamá geraì, ampliando ou afastando-se da função badicionâl de
(1942) e Jamaica (1979) depositária da produção intelectual do paÍs. Por exemplo,
Atualmente, embora seja generalizado o reconhecimento no Quênia, a função da biblioteca nacional é exercida por

20 21
um desses serviços (o Kenya National Library SeÍvice), que belecida no âmbito do sistemâ de bibÌiotecas de cada país,
funciona como Llma rede, e que integra as bibliotecas das com duas funcões primáriâs:
diversas proúncias do pais, estando mais voltado para as . preparar os registros oficiais e completos de cada nova
questões de estÍmulo à leitura. publicação editâda, de acordo com normas catalográficâs
No Panâmá, a Fundación Biblioteca Nacionaì administra interrìacionais;
não só a própria biblioteca nacional, mas também as biblio- . dir'rrlgar esses registros, com a maior rapidez possível,
tecas públicas ligadas ao ministério da educação. na bibìiografia nacional.
Existem países, como os EUA, que, aìém da biblioteca Essa concepçáo foi baseada nos modelos de administração
nacionaì geraÌ, possuem bibliotecas nacionais que abrangem existentes nas instituiçoes que realizavam tarefas de controle
determinada especialidade, como é o caso da National bibliográfico, geralmente as bibliotecas nacionais. Caberia
Library of Medicine e da National Agricultural Library. aos pãises deffnir a estr-utura que mais se adaptasse à sua
Na AÌemanha, há bibliotecas nãcionais nas áreas de realidade, embora ficasse claro que a aeru deveriâ estaÌ forte-
medicina, ciência e tecnologia, agricuìtura e ciências sociais, mente ligada ao sistema de bibliotecas. A uNESco sugeria
embora não incluam o ãdjetivo nacional em sua deno- que a ABN funcionasse como um setor da blblioteca nâcionaÌ,
minâção. tendo em üsta qÌÌe, na maioria dos países, essa biblioteca
Na ltália, há duas bibliotecas nacionais distintas, uma já assumia a maior parte das funções ligadas ao controle
em Roma e outra em Florença, do mesmo modo que no bibliográfico.
Canadá, que possui uma em Montreal e outra no guébec. Além de suas funções primárias, anteriormente descritas,
Agência bibliográÍìca nacional a ABN deveria encaÍïegar-se de outras tarefas, como, por
exemplo, a produção de bibliografias retrospectivas. Ao res-
Segundo o modelo de controle blbliográfico proposto pela saltar a importância do resgate dos registros antigos da
uNESco em 1977, biblioteca nacional é aquela que, indepen- . produção editorial dos paÍses, a UNESco pretendia, por oca-
dentemente de outras funções, tem a responsabilidade de sião do congresso de 1977 , detalhar recomendâções para a
controlar o depósito legal e de produzf a bibliografiâ naclo elaboração desse tipo de bibliografia. Tais recomendações
nal. Nessa concepçâo, a biblioteca nacionaL desempenharia náo chegaram a ser deflnidas até hoje.
o papel de agência bibliográfica nacional (ae^Ì), desenvol- Outrâs funções propostas para a ABN estavâm relaciona
vendo diversas atiúdades qrÌe gârantissem o gerenciamento das às diversas açÕes ligadas à produção da bibliografia
eficaz do conftole bibliográfico nacional. Essa agência teriâ nacional e inclrríam:
sustentação legal que pennitisse a captação da produçâo . controlar o depósito legal e o cumprimento da respec
bibliográfica do paÍs, da maneira mais compLeta possível.
Isso seria feito através da Ìegislaçáo de depósito legal. tiva lei:
O conceito de aelt foi proposto para reforçar as açóes de
. manler calálogos coìetivos nacionais:
controle bibliográfico nacionâl e foi disseminado no con-
. atuar como agência centrâl de catalogação, encarre-
gresso de 1977, quando a UNESCo recomendou que cãda gando se de: manter a lista padronizada de nomes de autores
país criasse sua 'agência bibliográlìca nacional', de forrna a do país (pessoas fisicas, entidades coletivas, nomes geográ
garantir a sustentaçáo das atiüdades de controle bibliográ- ficos); definir regras catalográficas a serem utilúadas na
fico, reunindo-se estmturalÍnente todas as ações e processos bibliograÍa nacionaÌ, em cataìogos coletivos e nas bibliotecas
a ele reÌacionados. Segundo a uNEscÕ, a ABN seria esta- do paÍs, seguindo padroes internâcionalmente aceitos;

22
embora a Biblioteca Nacional assuma as pdncipais lrrnções
. manter o programa de catalogação nâ publicaQão: da aeru, outras organizações desenvolvem atividades de
. manter cónús de atribuiÇão de números padroni- controle bibliográfico, como, por exemplo, o Instituto Brasi-
zados para documentos: ISBN, IssN, etc'; leiro de Informação em Ciência e Tecnologia {tBÌcT), que é
. Ëoordenar o intercâmbio de registros bibliográÍìcos responsável pelo Catálogo Coletivo Nacional de Publicações
com ABNS de outros PaÍses; Seriadas (ccN), além de sediar a agência brasileira do ISSN,
. assessorar sislemas de inforÌÍÌação especializada na e a Câmara Brasileirã do Liwo (cBL) que opera. juntamente
incorporãQão de seus registros bibliográficos em sistemas com o Sindicato Nacional dos Editores de Lir,ros (SNEL), o
inteÌnacionais. programa de catalogação na publicação rnais antigo do paÍs.
O papel da ABN incluiria' portanto, responsabilidades
nacio-
Nos EUA há paÍticipação de empresâs ligadas à indústria
násì internacionais. Por um lado, estaria comprometida e ao comércio editorial nas atiüdades de controle biblio-
com a satisfação dãs necessidades de inforrnaçáo dos usuá- gráfico. É o caso das editoras Bowker e Wilson, que publi
tio.t po, outio, deveria contribuir' como centro nacional' cam, respectivamente, o Books tn pint e o Cttmulatiue book
para a consecução do cBU. index, que funcionam como bibllografias nacionais, divul
Examinando as funçoes da 'tetl, pode-se constatar que gando os últimos lançamentos. A Bowker é responsável pela
do
as relacionadas com a captação do materiâl bibliográfico atdbuição do rsBN a publicaçoes norte-americãnas.
pais por mej.o do depósito legal e com a preserva.ção. desse
A UNESCo sempre insistir-l na necessidade de cooperação
material sao funcões tradlcionalmente desempenhadas por entre aABN e os diversos componentes da indústria e comér-
muitas bibliotecas nâcionâis. A biblioteca nacional seria' cio editorial (editorâs, livrarias e distribuidoras), além da
portanto, o órgão mais adequado para acolher as atiúdades classe bibliotecâria, â fim de que a tarefa de controle biblio
da egn em deterÌninado PaÍs. gráfico seja desenvoÌ\'ida de forma a atender a dlferentes
A criação de um setor que se encarregasse das duas fun- necebsidades de mâneira eleliva,
nacional
ções básìcas da ,qsn na estr-utura da biblioteca Atualmentc [2005), a denominação 'agência bibliogÍáffca
existente constituiria a forma mais adequada para estru- nacional' está em desuso. conforme se nota em documentos
gastos
turar o processo de conüole bibliográÍìco' evitando-se produzidos pela tm.r e a uNESCo.
ex.essi.ros e duplicação de esforços e deveria ser adotada
por paises que 1á possuÍssem srÌa biblioteca nacional E o novo perfil das bibliotecas nacionais
èssaa estrutura u.tilizada por diversos paÍses' como' por Muitos debates sobre o papel atual das bibliotecas nacionais
exemplo, o Reino Unido, onde a BritÌsh Library (a biblioteca ocorreralTì em reunioes da IFLA e da uNESCo. tendo em \.ista
nacional do pais) possui a Bibliographlc Selwices Diüsion' as mudanças ocorridãs no panorama socioculturaÌ, nas
que funcionâ como ABN. Na França, igualmente' o CentÌe décadas de 1980 e 1990. especialmente no que tange à
eibliographique Nationale' Iigado à Bibliothèque Nationale' tecnologia da informação. As diferenças entre paises também
Íúnciona como ABN. influenciaram essas discLrssoes. no sentido de buscar um
Em alguns paÍses as funçÓes da AÌlN náo se concentram papel mais eficaz para a biblioteca nacional nos paÍses em
todas na-blblioteca nacional: são desempenhadas por diver- desenvolvimento.
sãs organizaçóes (órgãos públicos ou da iniciativa privadaì Em relrnião realizada na Rírssia, em 1991, sobre os objeti
que, p"or moiivos hlJtÓricos, tenham assumido em algum vos da bibÌioteca nâcional no novo anìbiente informacional.
aquela função. E o que acontece no BrasiÌ' onde' com ênfase nos paises em desenvolúmento. discutiu se a
-o-àtlto
24
zc
mudança de função da biblioteca nacional, afastando-se Atualmente, observam-se três orientações distintas nas
da abordagem voltada para o acer-vo e enfatizando o acesso. [unçóes das bibliolecas nacionais:
Um ponto importante foi â concordância de que deveria ha- 1 . Funçáo depositária: ênfase na preservação da heran-
veÍ intensificação no papel de liderânça da biblioteca nacio- ca cultural do paÍs, representada por extensa coleção de
na1 sobre o sistema de bibliotecas do país. mâteriais. As que seguem essa orientaeáo sáo, geralmente.
As bibliotecas nacionais, especialmente as de paises em as mais antigas ('clássicas') e srÌas atiüdades voltam,se pre-
desenvolvimento, deveÍiam definir as funçoes que atende- dominantemente pâra a conservação do acervo.
riam mais adequadamente às necessidades de informação 2. Função de infra estr-uturâ: ênfase na coordenação,
do pais e, a paftir daí, estabelecer suas prioridades. Na reu- liderança e serviço às bibliotecas do país. As que seguem
nião mencionada houve concordância quanto a recomendar essa orienlaçào sào. em geral. mais novas.
às bibliotecas nacionais que enfatizassem as funçÕes de: 3. Função de servlÇo nacional abrangente: nesse caso,
. liderar o desenvolvimento e mânutenção de um siste- estão as bibliotecas nacionais que direcionam seus servi
ma integrado de bibliotecas: eos para o usuário final, atendendo a pessoas do pâÍs intei-
. responsabilizar-se pela melhoria de programas de edu- ro, mediante o sistema de bibìiotecas pÍlblicas. Esse tipo de
cação continuada; orientaçáo é encontrado em bibliotecas nâcionais de paÍses
. prestar serviços às demais bibliotecas do paísi em desenvolúmento.
. atuar como depositária da coleQão recebida mediante O quadro abaúo sintetiza essas três orientaçoes:
o depósito legal e como agênciâ bibliográfica nacional.
Ampliam-se as funçÕes da biblioteca nacional. Além de man- Dímensões EstAgÍo de Usudrios ÊnJase Tipo de
do coftceíto de desenDolDi príncipíJ.ís biblioteca
ter a herança cultural da nação, para uso de pesquisadores bíblioteca metTto
e estudiosos (parcela reduzida da populaçáo), ela estará nc"cíano'l
voltada para o atendimento a todos os cidadãos, por meio
da ação que irá beneficiar a rede de bibliotecas do país, Depositária da Cì:issico Pesquisâ- Convencio-
atingindo principalmente as camadas menos favorecidas. herança cultu- (paises de naÌ ou trâ
raÌ do pais senvolúdos) dêmicos dicional
Verifica se mudança expressiva na concepção da funçáo
da biblioteca nacionaÌ. A função depositária e de preservacão InfÍa estruturâ ModeÌ'no Bibliotecas Liderançâ ModeIÌ1a
da nemória intelectual preponderou por muito tempo e (paises de nacional
senvolvidos)
permitiu às bibliotecas nacionais acumularem um patrimô-
nio de milhões de documentos. Não apenas li\Tos' mas tam Sewiço nacìo- Pâíses em PopuÌaçáo Servieo Servico Ììa
bém os mais variados materiais, dependendo da definiçáo, nal abrangente desenvol- para usuá- cional c1e
mais restritâ ou mais ampla, adotada nâ legislação de rios lìnais bibliotecâ
depósito legal de cada país. A biblioteca nacional da França, lroDte: LoR. P.J.: SoNNE({rs. E.A.S. GJi.l.lür,s./or le.riskltían [or naâÕnaL LibnPs r!_r^. Ì997. Dis
por exemplo, coleciona, além de documentos tradicionâis poriveÌ em: <lÌttp: / /Mw.rìncs.o.ore/\rebwond/nÕrÌinalions/guidclincs Ì h.ht'Ì> A.csso cÌì: Ì ljl
ti/2005
impressos, estampas, desenhos, caftazes, postais, fotogra-
fìas, moedas, medalhas, discos e oì-Ìtros supoÍtes sonoros e
Se, por um lado, as blbliotecas nãcionais tornaram se
até mesmo trajes e maquetes, em raz ão da concepção ampla
lepositórios de riquíssimos acervos, por outro, defrontam-
de 'documento' constante na sua 1ei de depósito legal.
se com graves probÌemas para armazená-los e conserwá

26 27
Ao longo do tempo, outros acervos a ela foram acrescidos.
los. São obrigadas a investir pesados recursos em processos formando, assim, riquissimâ coÌeção.
que
de conservaçao que se tornam mais onerosos à medida Chegando ao Rio de JaneiÍo, em meados de Ì810, a
sáo mais varlados os tipos de materiais a serem preservados'
coleçáo, que possuÍa cerca de 60 mil peQas, foi instalada no
exigindo processos diversilicados de consewação e de restau- Hospital da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo,
ração. nãs proximidades do Paço Imperial. Em 29 de outubro de
Deve-se lenÌbrar ainda que, corno agência bibliográfica I8lO, considerada a data oficial de fundação da Reãl Biblio-
,r^"j.on^I, responsável pelo iontlole bibliográfico nacional' teca no Brasil, foi assinado o decreto qì.Ìe âutorizava sua
a biblioteca ìacional assume a tarefa de compartilhar instalação nos poroes do hospitâl, transferindo-a do andar
internacionalmente os Íegistos bibliográíicos do pais' o que superior onde flcara guaÌdada desde sua chegada. Em 18Ì2,
lhe acareta mais encâÍgos. As novas funções propostas a biblioteca passou a ocupar todo o prédio da OrdemTerceira
para ela, por outro lado' exigirão mais recursos e a institui- do Carmo, onde permaneceu até âgosto de 1858, quando
de forma efica.7 '
çao te.a q,re bt,scar mei.os para cumpri-las foi transferida para o prédio número 48 da rua do Passeio,
Uma p'ossibilidade. que vem senclo apontada' seriâ a ad-o-
que fora adqulrido e adaptado pelo governo imperial para
que possibilitassem a diminuição
çao de pôhucas de seleÇão, tal fim.
da quantidade cle mdterial caplado Outra seria a definiçào
dos Em 1824, a Real BÌblioteca passou a chamar-se Biblioteca
de criterios de preservacáo relaLivos ao sllporte originaÌ
pennite o uso Imperial e Pública, refletÌndo o fato de que haviâ sido
clocumentos. .1ã que a tecnologia dispor-rive1
franqueada ao púb1ico pelo Príncipe Regente, desde 1814.
de srÌportes ãe reposlçao' eÌÌì meio eletÍônico ou vftuaÌ' Essa denominação foi mantlda até 1876, quando um decreto
que pàderiarn diminuir os problemas de arrnazenamento
e
imperial mudou seu nome paÍa Biblioteca Nacional e hiblica
à.r".*tçao. A tercreira alternativa seria a descentrâLização
do Rio de Janefo.
das atividades de controle bibliográfico' com outras institui- trm 1910, foi inaugurado o prédio que abriga âté hoje a
ções similares. que assumiriam
deteÌrninadas tarefas' gâ' Riblioteca Nacional. na área central da cidade do fuo de
rantindo-se, a coerência do sisterna, de forrna que o objetlvo Janeiro. Em 1987, a estrutura da Biblioteca Nacional foi
final do cBU seja mantido. modificada pela lci n." 7.624, cle 5/ ll / l9a7, quardo passou
a integrar, juntamente com o Instituto Nacional do Livro
A biblioteca nacional no BÍasil (INL), a Fundaçáo Nacional Pró-l,eitlrra.
A Biblioteca Nãcional teve origem na Real Biblioteca daAju- Nova modificação ocoÌTeu na sua estrutura organiza-
da, pertencente à corte portuguesa e pâra cá tazida por' cional em Ì990, quando foi instituída, no âmbito do Minis
o"."ião d^ trun"ferência da sede do império poftuguês para tério da Cultura, a Fundação Biblloteca Nacionãl e extintos
o Brasil. em 18O8. o rNL e a Fundação Nacional Pró Leitura (ki n." 8.029, de
A Real Biblioteca c1a Ajuda foi organizada por iniciativa 12/ 4/ 1990, e Decreto n.o 99.492, de 3/9 / 1990). Pelo atual
do rei D. José I (1714-1777)' para substitrÌir a que foi des- estatuto (aprovado pelo Decreto n.' 5.038, de 7 /4/2OA4, a
truida pelo incênclio ocorrido após o terremoto de Lisboa' Biblioteca Nacional é o órgáo responsável pela execução da
em 1255. Era rica em obras não só portÌÌguesas' mas tam- polÍtica governamental de recolhimento, guarda e preser
béÌÌ.Ì de outros paises elrropeus AÌém de liwos'
possuia
vação da produção intelectual do pais, com as seguintes
estampas, mapa;' manuscritos, moedas e medalhas Fazia
finalidades:
parte àa Rcai Biblioteca a coleQão chamada Livraria do
infantaclo. qLre reLrnia preciosos manuscÍ-itos e impÍessos'

29
2a
. adquirir, preseÌïar e difrÌndir os registros da memória de los tres informes de la UNESCo sobre Ìas bibÌiotecas
y Comish (1991).
naciona-les: Silvestre (Ì9871. Line (Ì9Bg)
bibliográficã e documental nacional; An(j'les de DocutÌ]€ntclcíón, n. 6. p. 7 Ì 88.2OO3. DisponÍvel
. promover a difusáo do liwo' incentivando a criação <http:,//www.um.es/fccd/anales/ad06/adO605.pdf> Acesso
en.ì:

literária nacional, no pais e no exterior' em colaboraçáo em:18,/6,/2OO5.


com as instituiçoes que a isto se dedlquem: HERXENHOFF, P. Bíblioteca |.c.cionc.l: a hi,stória de LrÌÌ.r coieção. Rio
. atuãr como centro referencial de inforrnações biblio de Janeiro: Saìamandra, 1996. 263 p.
gráficas; I-oR. P.J.: SONNEKUS. E.A.S. Guídelínes -for tegi.slationJor natÍonal
. registIar obras intelectuais e averbar a cessão dos di- lÍbraries. IFLA, Ì997. DisponÍvel em: <http://www.unesco.org/
reitos patrimoniais do autor; webworld/nominationsi/guideÌines1_h.htm> Acesso em: l8/6/
. ;ssegurar o cumprimento da legislação relativa ao 2005.
REL{TóRrO da Presidência da Fundação Biblioteca Nacional. Án.rús
depósito legal; clÍrBíbLiotecaNational, Rio de Janeiro, v. 113,p.417-462, 1993.
. orientar e apoiar o Programa Nacional de SANT'ANNA, A.R. Biblíotecds. desníuel social e o desaJìo do sêculo
"oord.tut,
Incentivo à Leitura de que trata o Decreto n." 5Ì9, de 13/ )cí. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional. 1996. 27 p,
5 / 1992: SCFTWARCZ. Lilia Moritz; AzE\EDo, Paulo Cesar de: CosrA, Angela
. coordenar o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas Marques da. Á longa tingenda bíblútteca dos reis: do terremoto
de que trata o Decreto n.' 52O, de 13/5/ 1992: de Ltsboq à ínlependêncía do Brasit. São Paulo: Companhia
. elaborar e divtllgâr a bibliografia nacionall e das Letras, 2OO2. 554 p
. subsidiar a formulação de politicas e diretrizes volta- STNTESE histórica. Ano,i.s da BibLbteca Nc.ctonc.L Rio de Janeiro, v.
das para a producão e o amplo acesso âo ìir''ro'
r08, p. 275 3Ì6, Ì988.
VITIELLO. G. National libraries: the concept and the practice. lTOO-
A história da Biblioteca Nacional é típica das mais antigas 2OOO. Alexandria, v. 13, n. 1, p. 139 15Ì, 2oOÌ.
bibliotecas nacionais. OÍiglnando se de uma biblioteca real'
transformou-se em depositária da produçáo intelectual do
pais, reunindo rico e variado acervo, Írnico em muitos aspec-
ios. Tem sustentação legal e é formalmente responsávelpe1o
desenvolvimento dos mals variados serviços bibliotecários
que, se postos efetivamente em prática, a toÌnarão uma
bibhotecã nacional dentro dos moldes recomendados pelas
instituições inteÍnacionais.

Referências
ANDERSoN. D. The role ofthe national bibliographic cenÏeÍ ' Líbrary
Tlencls, v. 25. n. 3/4. p 645-663. 1977.
BoutÌNE, R. O papet da agência bibliográfica nacional ÁnaT,qcr
BÍbLioteca ivàciãnal, Rio de Janeiro, v 114. p l73-1A2' 1996'
BRAULT, Jean-Remi. A biblioteca nacional do futuro: algumas re-
flexões impertinentes. PeÌ'spectiuas em Cíèncía da I4fonnaÇao'
Belo Horizonte. v. 3. n. 1 p 61 66' 1998.
FUDNTES RoMERo, J.J. El concepto de biblioteca nâcional a partir

30 31
b Depósito legal era tão marcante naquela época que alguns países, coÌno
ã Bélgica, por exemplo, incluÍram na slrã legislaÇão a decla-
raçâo expressâ de que nenhuma idéia de censura estaria
es&ee#sê&& relacionada ao depósito legal, a fim de enfatizar a moderni-
zação do conceito.
O desenvolvimento da imprensa desencadeou outra ques-
táo: a proteção dos direitos do autor. Os governos de alguns
DEPÓSITo LEGÀL É A E)üGÈNCIA, DEFINIDA POR LEI, DE SE EFEfUAR
paises se propunham a oferecer algum tipo de proteção
a entrega a um órgão púb1ico (gerâlÌnente a bibLioteca nacio-
contla pirataria intelectual, mas, para fazê-lo, tinham de
nal) de um ou nlais exemplares de toda publicaçâo editada
saber exatamente o que estãvam protegendo. Assim, o
em um pais, considerando seus limites geográlìcos. Constitui
copAright ot direito de autor era garantido sob a condição
uma das forrnas mais utilizadas para captar material para de que um ou mais exemplares do trabalho em questão
a elaboração da bibliogrâfia nacionaì e formar a coleção que
fossem depositados em determinado órgão público.
propiciará a preservaçáo da herança cultural do paÍs. Por volta do século xvÌtt, vários paÍses, como França,
A forrnação de coleQões nacionais foi, comojá üsto ante-
Bélgica e Holanda, tinham leis de depósito legaÌ únculadas
riormente, ação levada a cabo, de inicio, por governantes ao direito autorâÌ. Em 1908, quando da revisão da convençáo
que, valendo se das prerrogativas de seus cargos' desen-
de Berna para a proteção das obras literárias e arústicas, a
volveram modos de obteÍ os li\,'ros e documentos que forma- questão dos diÌ'eitos autorais foi desvinculada do depósito
ram os acelos das bibliotecas reais. Transformadas depois legal. Os paÍses signãtáÌ:ios, na maioria elrropeus, se
em bibliotecâs nacionais, possuem dquissimas coleções.
comprometeram a modificar suas leis de forma que as duas
A história da legislação de depósito legal teve início em questões fossem tratadas de maneira distinta. Atualmente,
1537, quando o rei Francisco I, da França aprovot a Ordon
os EUA são um dos poucos países cuja lei de depósito legal
nance de Montpellier, decreto que proibia a venda de qual:
alnda se úncula ao direito âutoral, mas várias propostas
quer lil,ro sem que primeiro houvesse sido depositado um
têm sido apresentadas parâ que seja modificada.
exemplar na biblioteca reaì.
Utilizado inlcialmente para garantir privilégios para
Esse decreto estabeleceu o conceito de depÓsito 1ega1, deterrninadas bibliotecas. foi somente nos últimos 50 anos
posterioÌ'mente adotado por outÍos paises' como a Alemanha
que o depósito legal teve seu objetivo claramente associado
(1624), a Grã-Bretanha (1610), a Suécia ( 1661)' a Dinamarcã
à elaboração da bibliografia nacional, embora ainda haja
(1697), a Finìândia (Ì702). Atuaìmente, muitos paises pos-
argumentos de que ele constitui forma discriminatória de
suem legislaçâo de depósito 1egâl que gaÌante a preservaçào
confisco de bens privados. Enftetanto, não se pode negar
de grande parte de suâs pubìicacóes. que o depósito legal tem contribuÍdo para a preservaçáo de
Corn a invençào da imprensa na segunda metade do urna herança cultural significativa em muitos paÍses.
século x/, muitos monarcas que se haúam dedicado a cole- Poucos paÍses mantêm suas bibliotecas e bibliografias
cionar livros perceberam que o depósito legal era uma forrna nacionais por meio de depósito voluntário, mediante acordos
de enriquecer suas coleções e, ao mesmo tempo' manter entre a agência bibliográíica nacional e a associação de
controle sobre o novo e revolucionário meio de comunicaçáo: editores. Levando se em consideração que a maioria dos
o livro. A censura foi, portanto, unl objetivo dos primeiros países não está eÌrr condlÇões de garantir um controle biblio-
atos que regularam o depósito legal nos séculos xVI e x\41, e gráfico eficiente com base no depósito voluntáÌio. a reco
mendaeão da uNESco, no congresso de 1977, foi a de que os As recomendaçÒes a seguir Íbram feitas pela uNESCo em
paises estabelecessem leis de depósito legâl. 1977 íque continuam válidas para documentos então exis
Os princÍpios básicos das recomendações são: tentes), acrescidas de sugestões sobre clocumentos ürtuais
e outros aspectos que podem influenciar o depósito legal.
. o depósito deve ser obrigatório, nâo se recomendando
esquemas voluntários de caPtaçào: Objetlvos. Em termos gerais. o depósito legal deve cons_
. deve constituir responsabilidade nacional, sem impe- tituir-se em instrumento para polÍticas nacionais de livre
dir que outras iurisdições tenham suas próprias leis; expressão e âcesso à informação, pois, ao se reunir e preser
. a coleção forrnada em decorência do depósito legal var toda a produção intelectual do pais, garantir-se-áã aces_
deve ser de propriedade do Estado e a instituição depositária so ao patrimônio cultural, sem qualquer juÌgamento, seja
a responsável por sua manutelìçào e preservação: de ordem moral, politica. artistica ou Ìiterária, sobre o valár
. deve abranger todos os materiais produzidos. com intrinseco dos materiais.
exceçâo daqueles explicitâmente excluídos da Ìei: O depósito legal deve ter como objetivos:
. os depositantes nào devem receber pagamento ou . assegurar a formaçào de uma coleção de materiais
qualquer outra compensação pelo depósito: produzidos em váÍos formatos:
. o acesso à coleção deve ser gratuito, sendo que taxas . permitir â compilação da bibliograÍìa nacional, âssegu-
administrativas razoáveis podem ser cobradas em deter rando o controle bibliográfico da coìeçào;
minadas circunstancias. . proporcionaÌ aos cidadãos, do pais e do exterior, acesso
O texto da lei deve ser claro, preciso, bem-estruturado e às publicações nacionais.
conciso. eütando-se sentidos ambigúos e vagos, incluindo Esses objetivos devem estar claramente expÌicitos no texto
definiçôes precisas dos termos utilizados, de forma a deixar da lei,já que ela estará impondo um dever para certas pes,
clara a inlençào do legislador. soas [os depositantes), que têm o direito de compreendir a
No congresso de 1977, definiram-se os elementos básicos finalidade do seu ato.
parâ a legislacão de depósito legal, a saber, objetivos, insti-
Depositária. A instituição depositária é o órgão definido
tuição depositária, material a ser depositado, número de
por lei para receber os materiais oriundos do depósito legal.
exemplares, prazo para depósito, depositantes e métodos
Como o ob.ietivo do depósito legal é, além da fõrmaçáúa
de controle, e foram feitas recomendações concernentes a
coleção nacional, a elaboração da bibliografiâ nacional, a
cada um desses elementos.
UNESco recomenda que a lei defina como depositária a ins,
As recomendâções basearam-se em práticas de depósito
tituiçào encãrregada de elaborar a bibliografia.
legal existentes, na época, em vários países. Ao longo do
O depósito pode ser descentralizado em mais de uma ins_
tempo, o assunto foi objeto de inúmeras discussões que
tituição, no caso, por exemplo, de materiais que exijârn tra,
ocoÍTerann em encontros organizados pela InL\ e novas suges
tamento especializado, como filmes, ou para atendei a usuá_
tões foram feitas para aprimorar as leis existentes.
rios com necessidades especiais, como deficientes visuais.
Com relaçáo ao depósito de documentos que circulam por exemplo. Nesses casos, é preciso estabelecer mecarÌismos
na internet náo há consenso. deüdo às características pró de coordenação entre as várias agôncias depositárias.
prias desses documentos e ao fato de que só recentemente
alguns pâises passaram a desenvolver práticas para sua Material a ser depositado. eualquer lei de depósito legal
coleta e preservãção, só poderá âbranger as publicações produzidas nò pais, póis

34 35
só se aplica dentro de seus limites geográficos. Se houver no conteúdo e na forma (ÌeediçÕes e ediçoes em
interesse em captar materiaÌ publicado no exterior (por formatos e
encademacões diferentes, por exemploj deveriam
exemplo, documentos sobre o paÍs) é preciso utilizâr outros ser nre_
vistas na Iei. Assim, a abrangência é eslimuladu
meios, como compra ou permuta. Para publicações online, u O"n rï*u
do materiaì a ser deposilado deve ser a mais " possiuet,
o pais onde se dá a publicação deve ser identificado pela ampla
de forma a incluir todos os tipos de registro Oe
localizâção geográfica do Uniform Resource Locator (uRL). info'Àaçao,
independentemente do seu formato.
A definição dos materiais qlre serão objeto de depósito Entretanto, cadâ tipo de material apresenta questoes
legal é questão bastante complexâ e parece que nenhum especificas, ta-nto no que diz respeito à àaptação quanto
país atingiu solução ideal. Um dos aspectos da questáo refe- à
preservação. O advento da intemet e das-puúlicaçoes
Íe-se à exaustividade, ou sejâ, à idéia de que tudo o que em
linha{online) suscita novas questoes (legais, ìé";i;;J;
seja produzido deva ser depositado, para gaÌantir â isenção org;
para as insüruições depositárias, extginAo aï
de julgamento que está associada ao depósito legal. Desse :íi:l?1.*Ì
administradores e dos segmenlos envolüdos decisõËs
ponto de vista, todo material deveria ser captado, pois, por difíceis
e muitas vezes polemicas.
mais insignificante que possa pârecer, pode apresentar valor O-primeiro aspecto que reflete a diferença com relação
para determinados segmenlos sociais. publicação em linha e que ela não se enquadra à
Razões de ordem prática, como espaço, recursos huma- no princìoio
oe_ multiptos exempìares.. estabelecido para
nos e tecnológicos, podem levar à definição de limites na cap- maleriais bibl]o_
gráficos e nào-bibliogÉficos tradicionàis.
tação de documentos e, segundo as recomendações, esses Ofa e proOurã-a
em uma única cópia que é armazenada na rede
limites nunca devem incidir sobre o conteúdo da publicação. munaiA àe
computadores {a internet). A noQão de exempÌar po.trrO,
Alguns critérios de exclusão recomendados são: número é.
substituida pela de disponibÍlização.
reduádo de páginas, tiragem e tipo de mâterial (por exemplo, No âmbito do depósito legal, publicação é um
manuais de instruçào, listas de preços, listas de horários. documento
que consiste em um texto seqúencial (e, eventuaìmente,
de meios de trânsporte, liwos de colorir e recortar para cri- outros dados üsuais), estrutuiado, organizado
anças, boletins e relatórios de empresas, prospectos), enÍìm. como uma unidade independente. Existe em " "àrtãà.
materiais de duraçáo efêmera. A recomendaÇão, entretanto, suporte fÍsico
que é distribuÍdo para o público em múttiplos
é que paises de produçào editorial pequena não incluam que.pode ser adquirido por qualquer pesóoa.
exe*pt.r"" .
tâis limitações na legislaçào de depósito legal. No ambiente digitalem linha, publicaçào
e o documento
Os dois critérios básicos para inclusão na lei seriam: I ) produzido, armazenado e distribuido eletioni""_".rt",
material disponibilizado para o público, e 2) prodllzido em posto de conteúdo informacional flexível e
soytu.rore q"; "o__
p;
múltiplos exemplâres parâ distdbuiçào ao público. sibiUia uso diferenle do que ocorre com publicacòes
Segundo recomendação da uNESco, â legislação de depó- imDres_
sas, por exemplo. Existem publicaçôes em linha q,..,"
sito legal deveria incluf todos os objetos fisicos, em qualquer à"""_
metham âs impressas. que incluem conteúdo de ".
formato, que tivessem conteúdo informacional e fossem pro- natureza
permanente, estruturados e editados como
duzidos em múÌtiplos exemplares para distribuição ao pribli- unidades inde_
pendentes. Exemplos desse tipo são os periódicos
co. Outra recomendação é no sentido de serem adotadas etetrónl
cos disponibilizados em certôs formatós,
na legislaÇão terminologiâ e linguâgem abrangentes, de for- Portable Document Format (pDF). Sâo geralmente --. .-eá"U"}
ma a possibilitâr a inclusão de tipos de materiais já exis- por instituiçòes e têm acesso controlãdo. Há
_à;ìid;
tentes e outros que rnais tarde venham a existir- Variações consenso áe
que essas publicações devam ser depositadas.

36
OutÍa categoria refere se às publicaçoes 'dinâÍnicas' cujo uso. Alguns países definem o nírmero de exemplares com
conteúdo muda continuamente, apresentando atrÌalizações base na tiragem ou no custo do matedal. A legislaÇào deve
a intervalos variados ou em tempo real. Há posições diver- levar em conta a capacidade da instituicão depositária para
gentes no que concerne ao seu depósito. Há aqueles que abrigar e tratar adequãdaÌÍìente o material captado.
õonsideram que a versão válida é â que está disponÍvel no No caso da publicaçâo em Ìinha a questâo do número de
momento e, portanto, a agência depositária deve garantir exemplares é imaterial. A questão diz respeito à amplitude
simplesmente o acesso àquela versâo. A posição oposta, de do acesso ao material depositado. Da mesma forma que o
que todas as versões devam ser preservadas, encontra sérios número de exemplares do material impresso tem um limite,
obstácu1os, pois se toma praticãmente inviável manteÍ todas também o número de uslÌários do rnaterial em linha deve
elas. A solução sugerida, nesse caso' é a de se captarem al- ser limitado paÍa respeitar os direitos comerciais dos
gumas versões em periodos regulares. Para publicações di- produtores. Assim, a legislação deve definiÍ a utilização por
nâmicas que deixam de ser acessíveis, a soÌução pode ser a determinado número de usuários, garântindo apenas o uso
de se manter a primeira e a última vercão. sem fins comerciais dos materiais depositados.
Com relação a materiais como listas de discussáo e outros
Prazo para depósito. A recomendação ó quc o dcpósito
de natureza efêmera, há consenso de que não são editados,
não podendo ser considerados 'publicaçào' e' portanto, não
seja feito o mais rapidamente possível após a publicação,
de preferencia dentro de uma semana e. no mírimo. um
devem set objeto de depósito. Publicaçoes em linha com-
postas de dados não-estrutlrrados. tais como bases estatís- mês. Esse prazo leva em consideracão o objetivo primário
do depósito legal, que é a compilação da bibliografia nacional,
ticâs ou geográficas, náo seriam objeto de depósito
com a finaLidade de dir'.ulgar a produção intelectual do pais
Apesar cle reconhecer as dificuldades para captação e
presãrvação da pubÌicacão em linha a recomendaçâo final é e, cuja distribuição, portanto, não deve ser atrasada.
que sejam incluidas na legi.slação de depóslto legal' Essa Depositantes. Historicamente, a responsabilidade tem
inclÌÌsão, entretanto, diz respeito apenas a publicaçÓes que sido atribuida a diferentes agentes, passando pelo impressor,
constituam unidade intelectual estruturada editor, autor e distribuidor (no caso de a legislação cobrir
É necessário que a instituiÇáo depositária possibilite não material importado), dependendo do paÍs e de slÌa tadicão
só acesso aos documentos em linha, mas desenvolva editoriãI. Atualmente, as leis de depósito legal tendem a
condições para mantê-los em bases permanentes' não definir como responsável o editor. Nesse caso, é necessário
deixando essa responsabilidâde para o produtor/proprietário definir de fol1lla ampla o editor, para que não se restrinja a
que normalmente náo tem interesse em manter por longo editoras comerciais, mas inclua aquelas ligadas a insti-
tempo seu produto disponÍvel para o público. tuições acadêmicas e governamentais, ãlém dos produtores
Na questão do acesso, deve-se levar em conta a neces- de materiais nào-bibliográficos, eletrôÌÌicos e em linha.
sldade do depósito de soitruare e outros itens indispensáveis A recomendação é que os respoÌìsáveis pelo depósito
para consulia aos materiais depositados e da garantia de sejam as organizaçÕes e indivÍduos que publicam, produzem
permissáo para converter o material pâra novos formatos e disponibilizam o material ou sejam seus proprietários olr
ou para migraçáo paÍa novos ambientes operacionais' distribuidores.
Número de exemplares. Pelo menos dois exemplares Métodos de controle. Para ser efetiva, a legislação deve
devem ser depositados: um para preservação e outro para cstabeìecer método adeqrÌado de controle de seu cr-lmpri

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Leinj824, de 5/9/Ì969. ficando o Brasil na posição pecu
mento, com preüsáo de penalidade' que varia nos diferentes liar de possuidor de duas leis de depósito legal, desde 1969
paises. A cobrança de multa aos depositantes omissos-
tem
eficaz' até â extinqào do lNL em 1987.
sido o método usual' mas raramente tem-se mostrado A úgência de rÌma legislação de dePósito legal, que data
Àameaça de náo concessáo do direito autoral é outra forrna do início do século )Õ(, obrigou a Biblioteca Nacional a resol-
de oarantir o depósito. embora náo recomendada Há tam' ver o problema da defasagem do Decreto n." 1.825, Ìistando
beri a possibilidãde de inrpedir a distribuiçáo do documento na sua página na internet os materiãis que deveráo ser
;iJ q;; . depósito seia fáito. o método recomendado pela deposltados. Esclarece que, por forÇa de interpretacão da
r rNES;o. em tgzz, foi 't-lt-t"r-,1açáo do depÓsito ão forneci-
^ 1ei, material não-impresso deve ser depositado, explicitando
mento dos números ISBN e ISSN. alguns desses materiais como fitas-cassete, discos de longa
A multa, segundo a uNESco, embora necessária' deveria duração (eÌepês), fitas de údeo, filmes, cns de áudio ou üdeo.
constituir o ú1iimo recurso. Campanhas de esclarecimento Define também os materiais que náo devem ser deposi-
sáo
sobre as vantagens do depósito legal para os editores tados, como propaganda comercial ou politica, conütes para
recomendadas, considerando-se que eles devem compreen-
visita a templos, brindes, como agendas e marcadores de
à". à i-po.tatt"ia da üsibilidade dada a seus produtos pela li\Tos, recortes de jornais, com exceção de publicaçÓes do
üibliog.áÍì. tt^"ional, além da preservação desses produtos tipo clrpping, publicaçóes fotocopiadas, obras inéditas e teses
em longo Prazo. universitárias, esclarecendo ser de competência das univer-
sidades de origem sua guarda e tratamento.
Depósito legal no Brasil Vários projetos foram apresentados para a reformuJ.ação
A preocupaçáo com o depósito legal data da época do
Império do Decreto n." Ì.825. Um deles foi o projeto de lei n.' 5.529,
tf
'AZZ-
f SS it, a partir de quando foram bal'€dos vários atos de 1985, que incluia, conforrne recomenda a uNESco, a
oUrigavam à enúega de exemplares de todas as publi declaÌacão explicita do objetlvo do depósito (ausente no De
lue Impe- creto n.' 1.825): assegurar o regisho e a guarda da produçáo
caçoes iãpressas naTipografia Nacional à Biblioteca
rial e Pública da Corte. intelectual do paÍs, além de possibilitar elaboraçáo e di!'lll-
Esses atos legais foram consolidados no Decreto n ' 1 825 gação da blbliograÍia brasileira e das obras estrangeiras dis
de 20 / \2 / 1gO7 , acompanhado por legislação complementar poniveis no Brasiì. O mencionado projeto tramitou no
(as chamadas 'instruçoes'), em 1922 e 1930 4legislação' Congresso Nacional até 1989, quando foi arquivado.
que ügorou zltê 2OO4, centralizoÌÌ o depósito na Biblioteca Em 1989, foi apresentado ao Congresso Nâcional o projeto
ú^"ioãu, obrigando-a a registraÍ as obras dePositadas em de lei n." 3.803, sobre a mesma questão. Finalrnente, depois
um boletim bibliográfico, cflando, assjm, formalmente' a de Ì5 anos de tramitaçáo, foi aprovado, transformando-se
bibliografia nacional brasileira' na Iri n.' 10 994 de 14/ 12 /2OO4."
A Bïhoteca Nacional desenvolveu essa atiüdade de forma
bastãnte iffegular, tendo o Boletim BtbLiogrâfico sofrido *Atuâlmente, aÌém da ìegisÌação federaÌ, existeÌÌì duas Ìeis estaduais sobÌe
inúmeras interrupções (ver capitulo 6)' depósito Ìegal: a de PeÍnambrÌco (l,ei n.' 12.435, de 6/Ì012003) e â de
Em 1967. o tNL iniciou a publicação da EibliqgrafnBrasí- Santa Câtârina (L€i n." lÌ.074, de ì116/1999J No Pará e no Ceârá. hâ
Ieírc.MensaL, tealizando, na prática, o controle bibliográÍìco' projetos em traÌÌìitaçâo nas assembléias legisÌativas. EncoÍÌtÌàn-se dis
Essa foi, provavelmente, a causa de ter sjdo o INL contem- positivos com igual finalidade em aÌguns municipios e em certas
plado coÁo órgão depositáÍio das publicações pelo Decreto-

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40
Do projeto aprovado no Congresso o presidente dâ Repú-
blica vetou os incisos rr, ür e \1r, do artigo 2.., que diziam 6 BibliograÍìa nacional
respeito à pdncipal questào: o que deve ser depositado. A
justilìcativa dos vetos foi que as definições de 'publicaçóes' e&&&s&&**s
e 'pubìicaçoes novas' eram muito abrangentes, englobando
materiais quejá eram ou seriam objeto de depósito em outras
instituições públicas, náo se justificando duplicaçáo. Além .BIBLIoGRAFIA
disso, argumentava se que a amplltude das referidas defi- A EXPR.ESSÃo NACIONÂL' FOI DEFINIDA PRIMEI
niçÕes resuìtâria na captação de uma grande variedade de ramente em 1896 por Frank Campbelì (1862-1906) no texto
tipos de materiais que demandariam espaços enorÍnes para em que o autor inglês apontava a necessidade de se reuÍÌirern
seu armazenamento, sem clara justificativa quânto ao sistematicamente os registros bibliográficos dâ pÍodueão
interesse público. editorial do paÍs. Isso seria feito a partir dos registros elabo-
Até que seja regulaÍnentada, esta lei náo propiciârá mu, rados peÌa biblioteca nacionâl qrÌe, idealmente, receberia
danças efetivas no processo atual de captação de material. os materlais, via depósito legal, e seria a depositária das
A Bibliotecâ Naclonal procura esclarecer as vantãgens publicações. Os novos registros seriam periodicamente
do cumprimento do depósito ìegal para os depositantes, Íìa publicados, formando, assim, a bibliografia nacional.
tentativa de conscientizá-los sobre sua importância. Buscâ, Essa concepção de bibliografia nacional diferia daqueÌa
assim, apesâr da defasagem da legislaçáo, constitÌrir um das anügas bibÌiograÍias, que eram obras fechadas, no sen-
patrimônio intelectual dentro das possibilidades existentes. tido de que não havia perspectiva de continuidade reguÌar
de sua publicação. Algumas dessas obras possuiam suple-
Referências mentos, mas estes constituiam complementações espo-
AL\DS. M.A.M.; MENEGAZ, R. Depósito legal: esperança ou reaìida-
rádicas, que dependiam da vontade dos seus compiladores.
de? ReDista de BíbLioteconomia de Bro.síli(l, BrasÍlia, v. 15, n. 1, trlaboradas pelo esforço individÌÌal, com base em colecões
p. 35 44, 1987. de bibliotecas pârticulares ou públicas, embora tivessem o
BELL. B.L. Reviewing recommendations from the International objetivo de reunir e preservar a memó a do paÍs, não pos-
Congress on National Bibliographies , Parls, lg77 . Intema:tíor.o]l suíam o alcance de uma bibliogrâíia corrente. Nas palavras
Catatoguíttg & BíbliogrqphÍc ControL v. 22, Ír. 2. p. 29-33, Ì993. de Augusto Vitorino Alves do Sacramento Blake (1827- 1903),
LARÌVIÈRE, J. GuídeLínes Jor LegaL deposit LegiskLtX,n, paris: rFr.\/ que compilou o Dtccbnarío bíbL@raphÍ ) braziLeiïo, irlspiÍàdo
UNESco, 2OO0. Disponível em <http:/ /\,.ww.iflz..org/wr / sI / grrr|/ nas obras dos grandes bibliógrafos portugueses Diogo
legaldep l.htm> Acesso em: 6/Il/2OO4. Bârbosa Machado í7642-1772) e Inocêncio Francisco da
LELLIS, V.L.M. Controle da produção editorial brasileira. Reuústq
de Bíblic,teconomia de Brosíia, Brasília, v. 17, n. 2, p. BZ 2O4,
Silva (18ÌO-1876), esse tipo de bibliograíia seria
1989.
[...ì um liwo onde se registrassem as obras de tantos brasileiros
desde os tempos coloniais até hoje, muitos dos quais delxaram
obras do mais alto valor sem que, entretanto, sejarn seus nomes
conhecidos; onde se pusessem em relevo os méritos literários
de tantos brasileiros. distintos nos diversos ramos dos conhe-
cimentos humanos nenhum brasileiro, que preze as letras,
-
dei-{aria de contribuir com seu óbulo. com os esclarecimentos

42 43
Nrrtionrrl bíblbgraphy: em 1953, a BibttogroJio Cubana; em
relativos a si, ou a outros patficios. para um cometimento que'
pais I95A, à BtbL@rarta Nazíonale ltcLLícLnct; em 1959, a Biblio
se dá a quem o toma a glória do trabalho' dá também ao
a glória àe perpetuar-se a memoria de tantas illustrações' já grafa Espcntola; em 1980. a BibLiograJia ChíLenat em 1982,
oa, q..a.,ao tombarrdo na vala obscura do esquecimento' a BiblíografaVenezoLana. Note-se que várias dessas obras
. aos estuáiosos a conveniência de acharem num só livro o
"aïdu., já existiam com outros títu1os. O que queremos ressaltar é
que, a custo, só poderão encontrar disperso' a sistematização na aplicação do conceito de bibliografia
outro exemplo brasÌleiro dessa fase artesanal da compilação nacional corrente e a tendência dos PaÍses em se adequarern
e publicaçáo de bibliograíias é o de Antônio Simões
dos Reis ao modelo da época. Atualmente, a maioria dos países possui
(i'Ag9'lg... ), que compllou e publi cou a BibliogroinnacíonaL' bibliografias nacionais correrÌtes.
Dara os anos de 1942 e Ì943. A bibliografia nacional prestâ se a várias funçÓes. Em
' O ,rouo conceito de bibliugrafia nacional proposLo por prlmeiro lugar, a acumulaçáo dos registros faz com que ela
Campbe11, além de reforçar a base nacional dos registros' funcione como instmmento de pesquisa para historiadores
pr"oôrlparr^-"a em mantê-los correntes, transformando a e outros estudiosos. interessados em identificar tendências,
Èibliografia nacional em instnrmento dinâmico' progressos e interesses do paÍs, possibilitando visualizar-
prri tgo f , o bibliotecário francês charles-Victor l'aÌìglois se a evolução cultural da nação ao Ìongo do tempo.
(1863-1929) definiu bibliogra{ìa nacional como o repertório Outra funçáo da bibliografia nacional, numa perspectivâ
Èibllogratico que relaciona Iivros de todos os assuntos' operacional, é que ela pode servir como instnìmento de
publJados dentro de determinado país' Ao longo do- temp^o' seleçáo e aquisição para as bibliotecas do país, além de mo-
'diversos
autores manifestâÌam sua concepção de bÌbliograÍìa delo de cataìogação. Parã a indústria editorial funciona como
nacional. definindo a de diferentes formas: regisúo estatÍstico de sua produção. Finalmente, a biblio-
. lista de materiais bibliográficos produzidos em deter- grafia pode servir como base para a compilação de bibliogra-
minado país: fiãs retrospectivas variadas, que podem ser geradas a partir
. lisia de materiais escrÌtos na lÍngua' ou línguas' do dos registlos acumulados ao longo do tempo.
paÍs;
. Iista de mâleriais sobre o Pais: O modelo de bibliografia nacional Proposto pela uNDsco
o lista de materiais cujos direitos autorais tenham sido e pela rFr,a
obtidos no Pais. Segundo o modelo proposto em 1977, a bibliografia nacional
Como se pode obselvar' o conceito' aparentemeÌìte simples' deve ter bâse geográfica, incluindo registros de publicaçÕes
pode aprèsentar perspectivâs diferenciadas que influencia- editadas dentro das fronteirâs do paÍs. Isso eúta que um
iâo no planeiamento de sewiços bibliográficos nacionais' mesmo li\.ro seja registrado em mais de um paÍs, com varia
Enfim, o surgimento do conceito apontâva para a necessl ção de dados que prejudicaria a consistência do controle
dade. sentidã nessa época' de reunir sistematicamente os bibliográfico, além de poupar gastos com duplicação da
registros da produçáo bibliográfica nacional, geralmente a catalogação.
pirtr aa tegiÀiação de depósito legal que existia em diversos Esse modelo considerou a bibìiograliâ nacionaÌ como
paises. prìncipal instrumento para se alcançar o cBU, e o princípio
Começaram a surgir com maior freqüêncla' em meados que o fundamentou foi o de responsabilidade nacional, que
do século >or, as bibliografias nacionais correntes: em 1931' significa que cada pais deveria registrar e di\'ìrlgar sua pro-
surgiu a Deutsche NolionaLbíblíographíe" em 1950' a BriÍish

44 45
dução editorial. A sisteÌÌÌatização de pÍocedimentos para mendações feitas na época, embora. em países menos
elaboração das bibliografias nacionais foi, portanto' um desen volvidos algumas tenham desapãrecido e outras
ponto importante nas recomendaçÕes que as instituiçÕes tenham tido dificuldade em manteÍ â regularidade de
propuseram no congresso de 1977. Nesse evento, foram esta- publicação. Observou-se também, como resultado do
belecidas as bases do conceito de bibliograíia nacional que compartilhamento da responsabilidade pelo depósito 1ega1,
predominou nos últimos 25 anos. O encontro teve como a tendência de des-centÍalização da produção da bibliografia
objetivos: nacionâl, assu-mindo a agência bibìiográficâ nacional o
. alcancar consenso a respeito de padrão minimo para papel de coorde-nadora.
a cobertura, o conteirdo e a foma da bibliografia nacional, Hoje é comum a disponibilizaçáo em linha das biblio
de modo que os registros dos diversos paÍses pudessem ser grafias ÌÌacionais em paises onde estão consolidadas. Em
intercambiados: outros, verifica-se que as versões impÍessas das biblio-
. obter consenso sobre a apresentacão, arranjo e fre- gra-fìas tendem a desaparecer, geralmente por câusa de linri
qüência da bibliografia nacional impressa; tações financeiÍas.
. discutir e propor diretflzes parã o compartilhamento
de recursos que auxiliassem os paÍses a alcançar o controle Material a ser incluído. A ampla abrangência recomen-
bibliográfico mediante a pÍodução da bibliografia nacional. dada para a captacão dos materiais via depósito legal se
repete com relação à sua inclusão na bibliografia nacional.
Recomendaçóes da urvosco para as bibliograÍias nacionais Recomendou-se que se incÌuÍssem materiais impressos, aÌém
de mâterlais não-bibliográÍìcos, como mapas, publicâeões
As recomendaçoes feitas em 1977 consideraram qlre a pro-
musicais e audioúsuais. MaJìtem se o mesmo princÍpio pârâ
dução intelectual vâriava em tamanho e compleÍdade nos
a inclusão de documentos eletronicos e em linha. Para os
diferentes países e que. poÌtanto. müitos aspectos da biblio
grafia nacional seriam de difícil padronizacão internacional: últimos será necessário abardonar o modelo tradicional de
Por isso, o modeìo não era dgido e as recomendacões funcio
bibliografia nacional, buscando soluçoes técnicas adequa-
navan.ì como parâmetros a serem alcançados pelos países
das, baseadas na natureza peculiar desses materiais. Em
que se propunham a aprimorâr seu contlole bibliogÍáfico' 1977, reconhecendo as dìficlrldades que nuitos paÍses te-
riam para produzir uma bibliografia nacional abrangente,
As recomendaçoes foram estabelecidas com base nos e1e- a uNESco sugeriu como pâÌâmetro mÍÍÌimo que se incluÍssem
mentos comuns encontrados em aìgumas bibliografiâs na- monografias e primeiros fascicuÌos de periódicos.
cionais existentes e pretendiam constituir diretrizes para o
planejamento de sistemas bibliográflcos nacionais. Ao longo do tempo, observa-se mudança na forma de
recomendar que materials a bibliograíia deve incluir. Em
A conferência de ì998 reforçou as recomendaçoes fej.tas 1982, sugerirâm-se níueis de inclusão, propondo se um
eÍn 1977 , a começar pelo fato de que a bibliografia nacional esforço para aumentar os patamares de cobertura da
aÌnda é considerada o melhor instnÌmento para concretizâr bibÌiografia. Os níveis recomendados foram:
o cBU. Assim, a bibliograÍìa nacional que constitui o conjunto
dos registros catalográficos das publicações correntes de Nivel l:
Lrm país é a base do cBU.
Monografias
Periódicos (primeiros fascículos e títulos alterados)
Alguns resultados do congresso de Ì977 foram obsewa-
Publicações goveÌÌÌâmentais
dos: muitas bibliografias foram criadas com base nas reco-

46 47
NÍvel 2: Outro aspecto a considerar quanto à inclusáo de docu-
Música impressa mentos em linha refere-se a certas caracteristicas que os
MateriaÌ cartográfico distinguem dos documentos estáticos. O registro bibliográ-
Normas fico permanente destes últimos náo constitui problema, pois
Patentes qualquer modificação que sofram implica que serão tratados
Teses como novos documentos a serem de novo registrados. Os siüos
Anais da intemet são dinâmicos, mudam constantemente, e podem
Reìatórios técnicos ser fragmentados em ambiente onde todo ele, ou parte, existe
Nivel 3: apenas como resultado de utilizaçào especÍfica, como as buscas
Artigos rápidas, por exempÌo. Por causa dessa imperrnanência e
Ilustrações volatilidade é o sÍtio como um todo que representâ o melhor
Reproduçoes de ârte equivalente a uma unidade fisica para fins de identificâçào.
Cartazes Portanto, apenas o sÍtio seria catalogado e listado na biblio-
Literatura comercial grafia. Maior especificidade na recuperação da informaçáo
Publicações estrangeiras da coleçáo nacional seria gaÌantida corn o uso de mecanismos de busca.
Fitas de árrdio Em resumo, há consenso de que os documentos em linha
Discos representam parte da herança culturaì do pais. É recomen-
Registros em údeo dável, portanto, que sejam captados, identificados e preser-
Filmes vados pelas bibliotecas nacionais. Disso resultarão modifi
Publicações em braille caçoes na bibliogralìa nacionâÌ, que precisará adaptar-se à
Microformas volatilidâde caracterÍstica desses materiais.
Diapositivos
Outros materiais audioüsuais e legÍveis por máquina. Formato. O formato impresso para a bibliograffa nacional
Embora a exaustividade constitua um dos princípios do cBU, foi recomendado em 1977 e novamente em lgg2, pois a
no sentido de não hâverjulgamento sobre o valor intrínseco UNESCo e, posteriormente, a IFI-A, reconheceram-no como
dos documentos, percebe-se que, mesmo no que diz respeito adequado e possivel na época para a maioria dos paÍses.
aos materiais tradicionâis. a manutenção dâ exaustividade Na conferència de lgg8, tendo em ústã que os formatos
na captaçào e na preservação torïÌou-se praticâmente in- eÌetrônicos e a disponibilização de informaçáo via internet
viável. já eram uma realidade em muitos paises, recomendou-se
que a blbÌiografia nacional fosse apresentada em um ou
Atualmente com a proliferaçáo de materiais, especial- mais formatos. de acordo com âs necessidades de seus
mente de documentos em linha, propõe-se a exaustiüdade
usuários, garantindo sua preservação e acesso permanente.
Íazoive\. isto é, baseadã no estabelecimento de critérios de
seleção, como, por exemplo, priorizando a captação de mate-
Conteúdo e arranjo dos registros catalogfáflcos. Os
riais que, tendo sido substituÍdos por versões em linha, já registros que formam a bibliografia nacional são conside,
eram incluÍdos na bibliografia nacional na sua versão ante-
rados dados 'oficiais' de identificaeão das publicações, e
rior, garantindo, assim, a continuidade de sua preservação devem. portanto, servir de base para a elaboração dos
e eütando que o acesso a esse material seja interrompido.
ca1âlogos das bibliotecas do paÍs.

4A 49
r
Segundo as recolìcÌlclaçÕcs de Ì977. os registros, além qlle podenÌ ser adquiridos pclos canais comerciais non]lais.
de r-o116;65. d.vc.11 r.r ,.r-O1"tO\. scguindo pddróc5 inlema Não incllrem certos documentos, conro teses e dissertaçòes.
ciOnais de descri, ao cataloAralica. especjalmetìle As l5hDs. relatórios técnicos e publicaçoes goveÍnamentais e outros
Os nomes dos autores (pesso:ús e et-Ìticlades coletivasl devem qLre, em geral, náo são comerciaÌizados peÌos meios LrsuiÌis.
ser normalizados de acordo coÌÌì o sistclna adotãdo peÌa A ofigem das bibliografias cìoÌ]ìerciais é antcrior à inv(]n-
aaencia Ìribl joAràlica nacionaL.
ção da impreÌlsa. quando os copistas elaboravam cartazes
Hojc' alguns arÌ1ores questionalìì a neaìessidade de re para divulgar os textos que produziam. Os cartazes erarn
gistros complctos para todos os nliÌtedais, argumentando allxados em portas de igrejàs. universidades, tavcrnas e
que a bibliogralìa nzrcional pocleria reduzir o nivel de outros locais freqüentados pcÌos 'Ìivreiros' da época.
descriçào. o que reslrltaria cm maior rapidez de divulgação. Após a invenção cla imprensa, os cartazes passararn a
aO mesmo lcmpL, ortr qt tc Clirn in I tiriü u problcma dos recursos ser impressos. mas sua distribuiçào continuou igual. Mais
Íinanceito:' ql re í'\tãu cada clia ma js escasso\. êm olosi( áo tarde. com o desenvohrirnento do comércio livreiro. foram
ao volume de material publicado. que \rcm alÌmentando sllbstituidos por Ìistas distribuÍdas de mào em mão ou inseri
{i\lemalicünrenro Rcgislros conÌplclos seriam lornecidoç das em lir'ros comercialÌzados nas larnosas feiras elrropéiâs.
poI oìllras Ío ln\. r.umo etnpresas ollorgcniZilcóe\ bibliô CatáÌogos mais completos e sofisticados conseqüência
grali' rs especializadas e cer-vjcos em Iinha. A bjbliuqralia -
nâtural da pÍofissionaÌização da atir.idade livreira surgi
nacionrl funcionariíì como lonle inií-iaì. a piìrtir da luâl ram a partir cle 1564. quiìndo Gcorg wiÌler (1515- 1594).
outros selviços bibÌiogl'áficos procìrÌziriarn sens registros. livreiro dc Augsburgo (AÌemanha) lanqou um catálogo que
Entende-se que o valor cla bibliograÍìa nacional repousará relacionava e descrevia 256 lir.ros por eÌe comercializados.
nl srrir |lrìrl('irlad(. de cohertltriì rclrosp.t.tir.r. islo e. de Até 1592, Willer continuoì.l editando o dlras vezes por ano.
inlormar para a posteridade sítios qrÌe até n.ìcsno hajam Essas pubÌicaçoes foram consideradas um avanço no
sido indisponibiÌÌzacìos por seus prodLrtores. comércio li\Teiro. pois atingianì unl público potencial beÌn
Ìnaior do que o priblico que freqÌrentava as livrarias.
BibliograÍias coÌneÌciais Buscando di\.Lllgar com maior presteza os tÍtulos lancados
As recomendaçòes da UNESCO e da ÌFL{ pr-essupõem a clabo- r-ro mercado, surgiram as bÌbliografias comerciais propria-
raçào da bibliogralia ÌÌacional colll base no depósito legal e. ÌÌlente ditas, que se deser-ìvolveram em países onde havia
poÌtanto. sob responsabiÌidacle govenanental, existindo Lrm comércio li\.reiro lorte e bibliotecas clue possuÍam polÍticas
órgào especilico encarregado dè sua proclrrção. Entretanto, de aquisição estáveis. além de recursos Iinarìcciros que as
em aÌgulÌs paises, geralÌnente naqueÌes em que a atividadc colocavam na posição de grandes consr-rmidoras dc Ìivros.
eclitodal possui Ìonga tradição. os própdos editores encarre- E o câso dos EUA, onde Íoram Ìançadas as bibliografias
garam-sc de produiir instrumerìtos bibliográficos qrre. conÌ comerciais de rnaior suaìesso. que continuam a suprir a ne-
o passar do Ien ì Ìro. acilharatrr arsr rminrlo ilgr rma. da- hrrr
cressidâde de iderìtÌÍìcação de livros novos em inglês: o Cumu
cões da bibliogralìa nacional. São as bibliograÍias comerciais, Icttíue hook índex, desde lBgB, da editora wilson. e o Boolcs
criadas com a firÌaìidade de di\,.1lgar a produção bibìiogÌáIica inpruìt, desde 1948, da Bowker. AÌnbos são cmpreendimen-
junlo a dislribìriclores. livrejros e oÌ ltfos inÍeressâclos. Essas ios bibliogúficos de grande envergadura, que utilizaÍn avan
bibliograÍlas não se preocuparn com a função de preservâçáo
çadas tecnologias de produçào e distribuição e assumem,
da hcrança cuìtural clo país. pois se restringeÌÌì aos títulos pode-se dizer, funçoes de unra bibÌiografia nãcional.

50 5Ì
rl

Terceiúzaçáo inicio da produção oficial cla bibtiografia nãcional, cuja iraje-


A terceirizacão é outr.ì forrna de publicaçào da bibliografia tória foi pontilhada por interrupcões. atrasos e alteracões.
nacional e começoì.l a ser Lrtilizarlã na DinamaÍca' cuja Embora sustentada pela legislação de depósito legal, a Bi-
bibliografia é elaborarla por en.Ìpresa pdvada, mediante blioteca Nacional nào conseguiu manter a produÇão reguÌar
contrato com o ministório da cultura, responsável Ìegal pela e atualizada do Boletim. Com mlritos pcrcalços, sobrevivelr
târeÍa. Esse aranjo comeqou em Ì 991. quando o ministério até 1982, quando seu título mr.rdou para BibLícgrajaBrasíleira.
rcpassou a uma erupresa dc propriedade da editora Gylden- Com essc título se manteve durânte Ì0 anos. até 1993.
da1 a tarefa de produziÍ a bibliografia nacional O contrato
quando foi interrompida, interrupçâo que persiste até hoje.
previa requisitos concretos e mensuráYeis para a prodllção E possiveÌ que essa suspensão da publicaçâo confirme a
dn bibliografia: critérios de inclLrsão. Íorma e nível dos re- tendência de desaparecimento da versão impressa de muitas
gistros bibliogÉficos. prazo para publicacão, formas de cola das bibliografias nacionais.
boração. pÍeço e direitos de propriedade dos registÍos. O No caso do Brasil, embora a BibliÕteca Nacional ressalte
contato peÌ'Ìrìitia o controle e avaìiaçào dc desempenho da sua função de depositária e preserwadora da memória inte-
empresa e sua renovação era Íèita por nÌeio de concorrência lectual nacional ela não parece considerar importante a
pública em que as iÌìstituiçÕes interessadas eram obrigadas manutencão da bibliografia como registro dessa memória.
a comprovar que tiÌÌham condiçÕes de realizar o trabalho. A divulgação sistemática e corrente da produção editoriaÌ
do país continua sem poìítica clara. pois a Biblioteca Nacio
Bibliogrâfia nacional no BÍasil nal não se preocupou ern informar a seLrs usuários sobre â
interrupção da BíbLíograJìa BrasíIeíra. que já completa ÌO
A origem da bibliogr:Ìfia Ì.ìacional está no Bol€tim das AcquÍ' anos de ansênciâ.
sicões maÍ-s hÍLportontes Feítas pelo tsíblíotheco lVacional. A falta persistente de um projeto solidamente estruturado
organizado, a partir de Ì886, peÌo bibliotecário João de Sal qlre garanta a produçào da bibliografia nacional ensejou o
danha da Ganre tlB35 1889). apareciÌnento de inúmeras iniciativas desenvolvidas por
Esse boletim, qlle precedeu a fase fomral de nossa biblio- órgãos governamentais e editoras comeÌciais que tentaram
grafia, era ordenado de acordo com as secÕes em que estava realizar, de modo improúsado e desconexo. a tarefa de
organizada a Biblioteca Nacional: impressos' nanuscritos, inventariar a produção editorial brasiÌeira.
estampas e nunÌismática. A seçâo de impÍessos era classi O resultado é qrre temos um panoramã biblioeráfico caó
ficada pelo sistema de Jacqr.res-Charles Bmnet, indicando, tico, marcado por probÌemas como interr-upçào, irregula-
portanto, um avanço técnico para a época. A publicação do ridade, atraso de publicaeão e coberlura inslrÍìciente. Por
boletim foi interrompida dois anos depois de iniciado. outro lado, veriÍìcaÍâm-se casos de duplicação, revelando
A promlÌlgação do Decreto n.'' 1.825. de 2A/12/)9O7, pouca preocupaçáo em reunir esforços para produzir um
sobÍe o depósito legaÌ de obras na Biblioteca Nacional, deu trabalho de controle bibliográfico planejado e consistente.
ensejo ao aparecimento da bibliograflà nacional brasileira O ìNL foi uma dessas instituiçoes. Publicou. a partir de
propdamente dita, pois previã a prtblicaÇào regular de um 1938, a BíbLíogrofaBrasiletra, que durou até 1966. De Ì956
'boletim bibliográfico'. com a finalidade de registrar as a 1964 publicou a BibLÍograJìa Bro.stleírc Corrente, conl'o
publicações recebidas en ürtude desse decreto. apêndice da Reuista do LtL,ro. Passou em seguida (1967) a
A criação do boletim só ocorreu en] Ì918. Corn o tituÌo publicar a BÍbliografa BrasíLeíro Mensal suspensa em 1972.
de Boletim BíbLíograJíco dq BtbLioteco ÌVacionol marcolr o Assim, em 34 anos, a atividade bibliográfica do rNL duplicou

52 JJ
ll
Até hoje o Brasil carece de projeto que defina com clareza
o lrabalho da Bibliotcca Nacionâl' relletindo a fâÌta de
como será concretizada a divulgaqào da men.rória biblio-
planejamento e coopcração que sempre marcolr o panorarna gráfica nacional. A Biblioteca NacionaÌ. que exerceu papeÌ
àa búüografia nâcionaì no Brasil. Casualmente, o trabalho importante c1e liderança no controle bibliográfico nacional.
do rNI- coáplenentou o trabalho da BibÌioteca Nacional em parece nâo possuir os recursos necessários para manter
alguns perioclos em que o Roleiim BibliográÊco não circulou essa função. e o rnodelo Ìlroposto pela uNltsco parece estar
No que diz respeito às bibliografias com lìnalidade comer- esgotado no que diz respeito a essáì questão.
ciaÌ. houve várias teÌìtativas de produÇão' tanto por iniciauva O nor.o modelo edgiria Ìnaior integração e colaboração
de uma associaq:ão de editores, como por editoras indiüdua1 entre a ABN e o setor editoriaÌ, bem como olrtros serviÇos
mcnte. Essa atuaçào teve inÍcio a partir de Ì963' quando o bibliográficos que surgem no cenârio inÍbrmacional com
SNEI- iniciou a prodr-lçào de Ediçóes Brcrsileiras'
que se mante
funçoes semelhantes. como o Bibliodata. Assim. a ABN não
ve até Ì966, substituÍcla cn ì.968 pela Resenha BtbLiogrâJiccu constitui a Írnica organizaeão de fornecimento de registros
pubÌicada até 7972 Esta foi seguidã pelo Resumo Búlio' bibliográficos, devendo, em alguns países competir com o
graJico. queencerÌ'ou publicaçáo definitivamente-em 1977
" irÌvestiram na produção de bibliografias'
setor privãdo. ql.re mostra maioÍ agilidade na produção des-
vati.À ses registros.
"ditu.as
A Estante Publicaçòes, crom o apoio do SNEL publicou o Bo- A busca de modelos alternativos para o controle biblio
Ietím BíbLiograJLCo BrC'síLeíro' de 1952 a Ì964 Aeditoravozes gráfico e especificamente para a bibliografia nacional inclufá
e a J. Heyd"ecÈer pLrbliciìram resPectivamente a Biblíograio o envoìvimento de outras institlriçòes interessadas na pre-
CLasslfiictclct (cle 1968 a 1969) e Liuros íde 1972 a
ser-vação da cultura do país, representadas pelos arquivos,
1981). O CatALogo BtosÍLeíro de Publícações' dâ Editora No-
^Iouos
mllseus, centros de memória, centros de referência, enfim.
bel, tevc início em Ì98O e toi Lrma bibÌiografia comercial uma gama de instituicÕes que \'êm desenvolvendo tarefas
disponibilizacla amplartente eÌn cliversos forrnatos Teve a semelhantes. embora não idênticas às rla asrv.
políuca de public:rção modificada e, atualmente' é d:irecio-
nada apenaì ao mercâdo liweiro. Observa se' pela sua dura Referências
bem-sucedidos'
ção, clue esses empreendimentos não foram ALKULA, R.; LAJTINEN. S. Ìdeas-for tl.le-fitture deuelopment oÍnc.tiotT(].l
Foi assim que o conceito de bibliografia nacional foi sendo
bíbLíographics. NoRDlNr.o (Nordíc Col-rncil for Scierìtific InlbÌ-rna-
assimilaclo nò Brasll. com resultaclos muiLo distantes do tion), 2OOO. DisponíveÌ em: <http://www.nordinfo.helsinki.fi/
que seria de se esperar dacla a Ìonga história de nossa plrblications/nordn!'ttlnnytt4 9,t/alkula.htm> Acesso em: 4/
produçao editorial ã d'r existência da Bibìioteca Nacional' r r /2oo4.
Do ponto de vista técnico. as Lentativas encetadas ao BEAUDIGUEZ. M. NationaÌ bibÌiographic services at tl.Ìe dêìwn of the
longo áe mais de um século mostram que os bibÌiotecários 2Ì'' century: evolution and revolLrtion. In: rNt'DRN^ftoNAL CoN
esti-veram sempre empenhados cm trabalhar com os instru F-ERTjN(]E ON NÁTÌONA]- RÌBÌ,IOGRAPHIc SEIìVICES. I99IJ. COPENHAc]ìN.
mentos mais modernos disponÍveis em cada momento' As [Paper-s]. CopeÌ]hagen: ÌFLA UBCÌM. 1998. DisporÌÍvel eÌn: <http:
causas dos problemas se concentram nas questoes PolÍticas' / /www.illa.oÍq,/vl / 3/icnbs/beam.htrn> Acesso em: 12/\/2OO5.
. National bibÌiography as witness of nationaÌ Íìemory. ÌFI"A
que envolvern rlestinaçào de verbas [o que traz problemas ,JournaL v. 18. n. 2. p. Ì Ì9 Ì23. Ì992.
áe interrupção, irregularidade e atrâso de publicaçáo) e as . The peÌ?eiuation oI national ÌlibÌiographies in the ne$'
q.," .t-,.uolt continuidade administrativa e liaqueza viituaÌ iníbnnatioÌÌ enviroÌÌment. tt]t,,t JottnnL v. 30. n. 1, p.
"- que dificultam o cumprimento
institucional, da mlssão da 21-30.2004.
instituição.

54 55
T
Whai lviÌl be the usetìlDcss of national bibliographies 7 Padronizaçáo da
in rhe future? lt Li\ JountaL v. 28, n. 1. p.2A-3O.2OO2.
-.
ÌIELI-. B. National bibLiography today as national mernory tomoÌ'r'ow: descriçáo bibliográfica
problems and proposaÌs. I:ternc.Liottc.l CataIogLLítLg &' BíbLío-
grepltic ConLroI, v. 2Ì, n. Ì. p. 10 Ì2, Ì992.
BÌNNS. N.E. The dcvelopment ofbook tradc bibÌiography. In: BRENNÌ.
&&&&ês#&*s
V.J. L\says on biblíograpl1ll. MetucheÌ.ì, N',: Scarecrow, Ì975.
p. 77 84.
BLAKE. A.V.A.S. Dí.:ciona'rio biblíographico brQzlleíro. Rio de Janei-
ro: Typographia Nacional. Ì883. 7 \'. A DEScfuÇÃo DAS CARACTERiSTICAS DoS DOCjTJMENTOS QUE
CAr-DEIRA. P.T.; CARV,\l-llo. M.L.B. O probletra editorial da biblio formam as coleçoes das bibliotecas e bascs de dados
gralia braslleirar correrìte. keuLst(L BrQsileíra de BibLioleconomia processo que na biblioteconomia é denominado catalogaeAo
e DocurÍÊntaçAo, São Paulo. v. 13, n. 3/4. p. 210 2Ì6. Ì980. tem sido a maneira mais tradicional para identificá-los.
FoNStìcA. E.N. Bibliogratìa brasileira correnlc: evoluÇão e estado -Conjugado com outros processos biblioteconômicos, pennite
atrral do problem:,r . CieIrcíQ da InJòfinacão, Brasília. v Ì. n 1' a recuperação precisa dos clocumentos.
p.9 14. 1972.
Os calálogos de bibliotecas existiram desde a Antiguidade.
P.ecursores da bibÌiogralia brasiÌeira. Esludos UrìÍuersitá
nos. ReciÍè, v. 9. n. 4. p. 69 73, 1969. Como úmos, o PÍnakes é consideÍado o primeiro catálogo
H,\DDAD. P. National bibliography in Australia: moving into the de biblioteca. Eram 120 volumes em ordem alfabética de
-. nomes de autores, com unìa breve biografia de cada um.
next millenium. InLen(LtionaL Cat alogLLíng & Bibliographic
Control, v. 29, 2, p. 3Ì-32. 2000. O conteúdo e forma das descrições variaram durante
^.
INTDRNAIlONAI, CONFEIìENCF] ON N,{T'IONAI, BIBLIOCIòqPHIC SERVICES. muito tempo c as Íìchas ou registros catalográficos eram
1998, coPENIÌÀcEN. Ti t€,Íìnal recomme'Ìd.ltLons oJ tl'e Intenl(ì' elaborados de acordo com o ponto de üsta do catalogador
líorral Cordèrerre on lv(ttional BíblíogropllÍc Seruices Copen- ou do bibliógrafo.
hagen: IFLA. 1998. Disporìível em: <http:/ /www.rÍla.oÍg/vt/3/ Tentativas de uniformizar a descriçáo dos lir'ros tiveram
icnbs/fina.htm> Acesso enì: 1'2/oI /2OO5. inicio quando Andrew Maunsen (? 1596). o livreiro que é
INTERNAIIONAI- CONGRESS ON NATIONÁI- tsÍBÌ,IOGRAPI IIES. PAdS. 1977.
The ncltion(j,l biblíogrcLpllu: present role andJutúre deDelopnents
considerado o primeiro bibliógrafo inglês, publicou em 1595,
l,aris: UNDSCo/rI.ì-4, Ì977. o CataLogue oJEftglíshprtntedbooks. no qual procurou reunir
LINDER, R.H. Nation!ìl bibliography. ln: BRENNI. V.J. Essírus orÌ os Ìi\.ros publicados em inglês, especialnìente os religiosos.
bíblíograph.t1. Metuchen. N.J. : Scarecrow. 197 5. p. 2 l' 6 -229 Nessa obra. MaunselÌ incluiu várias regrâs piìrâ descrição
E.V. RepoÌt, conclusions, recorÌrÌnendations and resoìu
NtrA.NSÌLL , das obras: definirÌ a entrada dos autores pessoais pelo sobre
Lions. In: SEMÌNAR ON UNIVERSAL tsIBLIOGRAI,HÌC CONTROL. 1993. nome, estabeleceu pdncipios de entrada unil'orrne para a
Rio de Janeiro. h:rte r':.(],tionc.l CcttcllogLLít1g & Bibliographic CotrtroL BÍblia. defendeu a idéia de que um liwo seja encontrado
v.22, n. 3. p. 39-41. 1993. tanto pelo sobrenome do autor como pclo tÍtuÌo, tradutor e
WANECK. K. Managing the nationaì bibliography in a non goven1-
v. Ì5. n. 7. p. 6-9' assunto, incluiu como elementos de descriçào o tradutor. o
nÌentaÌ institlrtion. LÍbrcL4J MarngeÍnent.
Ì994. impressor ou a pessoa para a qual o livro foi impresso, data
e nÍrmero do volume. Fi-xou. portanto, as primeiras regras
de catalogação.
A partir de então, ficolr evidente a necessidade de regras
qlre gamntissem a unilbnnidade do processo de catalogação.

56 57
A prin.Ìeira tcÌìtati\.a cle ì-Ìniformizaqão, de alcar-ìce nacionaÌ' A Library of Congress também foi Ìesponsável pela
ocorreì.I clr 179 I . quando surgilÌ o primciro código francês' introdução de foÌ'Ìnatos bibliográÍìcos para uso em bases de
Outra tendência à uniÍbrmÌzação loi o aparecjmento de dados eletrônicas. por meio do desenvolvimento do N{,{RC
catálogos implessos de grandes bibliotecas. que dudaram na década de 1960.
a consoÌidar os procedimentos de descriÇão bibliográfica' o Íbmato MARC teve grande aceitaçào. havendo possi
Importante contribuição paÌra o aì\ranqo na PadronizaÇão bilitado a rápida inÍbrmatização de catálogos com Ìnilhòes
cla caialogação loi clada por Anthony Panrzzj' [1797 1897), de registros. Foi adàptado para uso en] divcrsos paises: Iìeirìo
Charlcs Jewett (1816-1868), e Charlcs Ami Cuttcr (1837- Unido (uK N4-{tÌcì, Espanha (lber-lrrrnc), Cânadá (canacliaÌì
I903). Panizzi, bibÌiotccário do então British Muselrm' corÌì MARC) e Brasil [cALCo - Catalogação l,egivcl por Conputador).
pilou, em 1841, els chamadas '9 Ì regras', baseadas no prin- O cALCo Íbi adaptado da versão N4-ÀRC Ìr pela bibliotecáriiì
òÍpio d" q.," . deveria ser 1èita considetando se Alice Príncipe Barbosa. Disponibilizado eln 1973, foi .ìdotado
"otalogaçào
a obra (unidade literária) e não o liwo (unidade fisica)' Jewett. peìo projeto de cãtalogação cooperati\.a Bibliodata/cAÌ.uo.
bibliotccário da Smithsonian Institlrtlon, adotou e apelfei- hoje denominado rede Bibliodata, coordenada pelar FundaqiÌo
çoorr as regras de Panizzi, estabelecendo padroes paÌa entra Getúlio Vargas. O formato cAÌ-co está passando por nodifica-
da de alltor, Ctltter publicou' em Ì876, as Rrtles-/íìlr a
'liction- çoes que levarão ao foÌ-Ìnato BR-NLARC.
arg catalogue, q].re consolidaram o conhecinlento prático As discussões visando à padronizaçào internacional da
sobre catalogação e estabeleceram as llÌnçoes a serem de descrição bibliográficã tiveram início rÌa década de Ì 960. o
serrrpenhadas pelos catálogos qrÌe coincidiu com o começo da apÌicação da infoìTnática
O papcÌ de algumas instituiçoes também deve ser lembra aos processos biblioteconômicos.
do. Por exempìo, a AmericìaÌ] Library Associãtion 0\Lc) e ã A citada Conferência Internacional sobre Princípios de
Library Association (cìo Reino Unido) empreenderam esforços Câtâlogacão, organizada pela IFÌ-A e patrocinada pela uNDSco,
conjuntos para a criação de regras de descriçào bibliográica' reuniu em Paris, em 1961, especiallstas que prodlrziran.Ì o
que resultaram no nais conhecido e utiÌizado código de cata- documento conhecido como Stoternenl o/ pÌincüJles. Nele
logação: o AngLo-Attericart ccLtalogutlg rules (ancn)' Íbi estabelecido um conjÌìnto de pdncipios que propiciaram
A LibÍary of Congress com seu sen'iço de Íornecimento que Íbsse alcançado uÌr consenso qüe possibilitou a cornpa
cle l'ichas catalográfic:rs, que tcve inicio em Ì9OÌ' também tibilização dos códigos catalográficos de diversos paises.
cxerceu influência no desenvolvirnento da padronizaçào da Outro marco na evollÌçào da padronização da descrição
catalogação, tendo contribuído de forma prática para a con- bibliográfica foi a Reuniào lnternacioÌral de Especialistas
solidação clas regras. em Catalogacão llnternational MeetÍng oí Catâìoguing
Essa ênfase Prática da catalogação era criticada por Expertsl, tambén orgânizada pela tnla, que ocorrelr cm
alguns autores que percebiam a necessidade dc atribuir Copenhague. em Ì969. c que resuÌtou em propostâ para o
dimer-rsão teórica às regras catalográficas. Isso foi l'eito es- estabelecimento de normâs inteÍÌlacionais para a lbrma e
pecialmente graças aos estudos de Seymour Lubetzky (1898- conteúdo da descrição bibliográfica.
2O03), o pdnciÌral teórico da catalogacão. Seu traballÌo Cato Uma das questÕes mais discutidas foi a duplicacào de
Iogtríng rules crr.d prínctples, publicado em 1953, seÍviu de trabalho na catalogação de publicasoes corrcntes. As cìis
base para as discLrssões que ocorreram na Conferência cussÕes se basearam em dois documentos: uma edição
Internacional sobre PrincÍpios de Catalogação' qlre marcou comentada do SÍateÌnent o-f pt:itlciples, de A.H. Chaplin e
o inÍcio da padronização iÌrternacionaÌ da catâlogação' Dorothy Anderson, e estudo de Michael Gorman, da British

58 59
Library. que comparava dados de oito bibliografias nacionais, no contexto da atividade catalográÍìca. represen[.ìdiì priÌÌ
considerando conteúdo, estrutura e pontuaçâo dos cipalmente pelo desenvolümento c1e sel1 içtos informaljzardos
registros, ficando palente sua diversidade. de criação e processarnento de dados billliográficos e pclo
Como resultado das disclrssÕes de 1969, chegou-se ao aparecimento dc grandes llases de dados, nacioneìis e iÌlter-
consenso com relação aos seguintes pontos: r-ìacionais, de catalogação cooperativa. Essas tendências são
. cada paÍs deveÍia possuir uma bibiiografia nacional moüdas não apenas pelas nor.'as oporlunidacles 1écÌ.Ìjcas
ou serviço de cataÌogação que se resPonsabilizaria pela disponÍveis. mas tanbém por qrÌestoes ligiìdas zlo clrslo cìtì
cãtalogacâo de todâs as obras nele publicadas; catalogaeâo. Embora sejâ pr€ocrrpação aniigâ dos biblÌo
. todos os países deveriam col-lcordar com deterrninado tecáíos [percebidajá no séc]-rlo )üx. com os printeiros eslor-
pâdrão de descrição bibliográfica, concordância que se ços para criação de serviços dc cataÌogação na fonte e catalo
Ìirnitava à parie descritiva, sem incluir as formas de entrada; gação cooperativa). toÌnou se hojc fundamental.
. considerando que o intercâmbio de dados poderia ser O rcsultado disso tem sido a simpli.ficaqão da catakrg:rçào.
feito em forrnato legível por conputador. a adoÇão de pon- com a utilização de nÍveis Ìninirììos de descricào por nÌuitas
tuaçáo padronizada. que tornasse cìaramente deÌimitados bibliotecas. Entretanto, ainda peÌ'siste a prcocupaçaro coÌn
os campos de dados da descrição. eÌ'a necessária para esse a qLralidade e com a padroÌrizaçào da descricão bii)liográfica.
e a Iplq vem desenvolvendo estttcios para gaÌantir essiì qua
Processo.
lidade. Nesse sentido, promoveu a elaboração dos F-unc-
Foi criado uÌn grupo de trabalho, com Participantes de diver tional Reqrrirements for BibÌiographic Ììecorcls {RnenJ. cofir
sos paises, qlle redigiram uIn documento base, discutido o objetivo de propor um nÍvel bâsico de Iüncionalidade para
exaustivamentc em sucessivas reLrniões, até tornar-se um os registros criaclos pelas agências bibliográficas naci(,nais.
texto passível cle aceitaqào intemacional. A pÍirneira norma Os I.'RLR nào são fonrratos para catalogaçaÌo. nÌâs. sinl.
Ìesultal.ìtc foi a Internatiorìal SLândard Bibliogrâphic Des- um relèrencial teórico atuaÌiz:Ìdo para oricntar a eÌaboraçào
cription for Monographic Publications, a ISBI)(M]. PrÌblica de Íbrmatos cie clescrição que sejaÌn ruâis riteis para as
da em Ì971, qlre foi logo adotãda pelas bibliografias rìacio- diversas catcgorias de usuárjcls dos catáÌogos. Utiliza uma
neÌis da Ale manha e do ReirÌo Unido.
abordagem baseada no usuário para analisar os requisitos
Em 1976 Íbi criada a Gencral International Standârd da descrÍçáo bibliogr:áfica e. a partir da:rnzrlise. riefinc de
BibliograpÌìic Descdption, a ÌsBD(cl, que constituiu a base lbnna si'lemálica o\ eÌernrnlus rl e o lrsuiÌrirì c:-perir en
para a elaboração de normas aplicáveis a diversos tipos de contrar no registro bibliográÍico.
docnme ntos. A partir dai. forarrn elaltoradas normas para: Os FIìRIì pern.titem iderrtilicar t om cìareza os eÌententos
. pubÌicaçoes sefiadas - ISBD{S). substitlrÍda pela ISBD da descriçào bibÌiogrâfica que possaÌn ser de iÍtteresse ÌlariÌ
(cR) para periódicos e oulros rcctlrsos continuos; os Ìlsnários. Utilizâm técnica de anáÌise rlue isol:r os elemen
. naterial cartográ1ìco - ISBD (cNt: tos e identilica as caracteristicas ou atributos de cacl:t um
. materiais não-bibliográficos - ISBD (NIIM); deles, br:n como as relaqÕes erÌtre os qtìe sejarÌ nÌais itÌ.lpor
. mÍÌsica impressâ - rsBD (PM); lantes para os usuários na formuÌação der buscas.
. obras rarâs tsBD (À): Desde o surgimento dâ internet. os bibliotecários vêrn
. recursos eletrônicos - ISrtD (ER): percebendo a necessidaclc cle se encoÌltraÌ'em oÌltl'os meios.
. arquivos dc computador ISBD (cF). :rlém daquelcs Íbrnecidos pelos mecanismos cle busc:t cl:t
Passados quase 5O anos, percebe se mudança signilìcativa Rede, para reclrperar conl mais eficáci:ì os (locr]tnetltos :ÌÌi

60 6ì
disponibilizados. SurgeÌÌ]. cntão, lbnnatos que possibilitam 6. Coìaborador: entidade responsável por contribuiço(]s
a descrição cle clocuÌÌìentos digitais. baseados nos chamados ao documento: umâ pessoa, LrÌna organizaçâo oì.r um serviço.
metadados, ou seja, dados sobre dados ou infonnação sobre 7 , Daia relacionada a unì cvento no ciclo de vida do

uma ÍnfoÌ'rnaqào, qlre constituern os elementos de identifica doclÌmento: geralmente corresponde à data de criação ou
ção dos documentos. disponibilizaeão.
Várias propostas de catalogaçào de docLrÌnentos dã inter- 8. Tipo: natureza ou gênero do conteirdo do docurnento;
net estáo sendo desenvolvidas c começam a ser irlplan inclui teÌ-rnos qLÌe desctevem a categoria, o gênero ou o nivel
tadâs por sistemas de infonnação. Sua utilização Permitirâ de agregação de valor do conteúdo. Deve ser extraido de
que os registros de docuÌnentos em ÌiÌÌha sejam cornpatíveis vocabì-r1ário controlado.
com bases de dados já existcntes e nÌais üsíveis pelos me- 9. FoÌ-ÌÌÌato: maniÍèstação física ou digital do documento;
canismos de busca da rede. pode incluir o tipo de mÍdia ou dimensões do documento,
O conjunto de metâdados Ìnais conhecido é o Dublin Core,
como. por exenplo. tânanho e duraqão. Pode ser usado
para descrever o sqfduare, o haÌ'dlDare oll outro equipamento
desenvolvido por um cronsórcio de instituiçoes produtoras de
necessário para eÍbir ou operar o documento. Deve seÍ
informacão, cuja diretoria está sediada no setor de pesqui
sas do Online Computcr l-ibrary Center (ocLcì. O programa
extraÍdo de vocabulário controlado. conÌo por cxcmplo. o
InteÍnet Midiã 'I)pes.
reúne divcrsas categorias dc profissionais como bibliote-
10. IdentiÍìcador: símbolo que identilica o documento sem
cários, analistas, lingiiistas. mtlseólogos e outros O Dublin
ambigüidade; deve ser e\.trãido de um sistema forrlal, como
Core bascia-se no prir-rcipio dc que a descricão do documento
uRr. que inclui o uRL, DoÌ ou ISBN.
deve ser elaboracltr pelo sert plodlrtor oì.Ì cfiador. E' de fato'
Ì Ì. Fonte: relerência ao docuurento do qual aqueÌe docu-
ã estruturâ do Dublin Core é srÌficienteÌnente siÌnples para
que a descrição seja íeita por pessoas scn.t conhecimento de
mento deriva: deve se referenciar a Íbnte usando código
catalogação. A versiìo originãl incllri 15 elementos:
identificador forrnal.
12. Idioma: lingua em que está o conteúdo intelectuaÌ do
1. TÍtulo: nome pelo clttal o docttmento é formalmente doclrmento; deve-se ì.1sar o RFC 1766 (Tags for the iden
conhecido. tification of languages) que consiste num código de lingua
2. Criador: enLidaclc responsável pela criaçào do conteú fonrrado por duas letras, retirado da norma ISo 639. Os RFCs
do do documento, que pode ser uma Pessoa' uma organi- são uma série de docurnentos técnicos e operacionais sobre
zação ou um seÌviço. o funcionaÌnento da internet. Surgiram em 1969, com a
3. Assunto: expresso geralrtente por palavras chave, finalidade de discutir diversas qì.ÌestÕcs sobre a rede, tais
frases ou um cócligo de classificação clue descreve c) assunto como, protocolos. procedimcntos, pÌogramas e conceitos.
do documento: deve scr extr:rido de uÌn vocabulário contro 13. ReÌação: referência a documentos relacionados: devem-
lado ou de uÌfÌ sisteÌna fornral de classificiÌÇão. se usâÌ códigos retirados de sistemas de identificação forrrral.
4. Descriçào: inlbrnìação sobre o conteúdo do docu Ì4. Cobertura: extensão ou ârnbito do documento, que
mento, que pode ser representada por reslrÌno. sumário' inclui a Ìocalizâção espacial (norne de um ÌrÌgar ou coorde-
ilustraçào gráfica oLr oÌ1tra. nadas geográÍìcas). o periodo temporal fdata ou periodo
5. Produtor: entidade responsável pela disponibilizacão coberlo). a jurisdição (entidade adninistrãtiva). Os dados
do documento: pode ser uma pessoa, Lrma organização olr devem ser retirados de um vocabulário controÌado, como,
um seÌviço. por exemplo, o ?hesaunrs oJ geogrophíc names.

62 63
15. Direitos: inl-orrlaçoes sobre os direitos alrtorais do Tais formas sáo basicamentc; a) os mecanismos de busca
docrÌÍnento; consiste geralmente numa declaração sobre o da internet, que oPeran corn base nas paÌavras do texto' e
detentor dos diI eitos. b) processos tais con]o resenhas literárias, índices de citação.
O nÍrmero de elenentos da descrição é variáveÌ, a de sugestÕes de leitura. listas clos mais vendidos, comentários
pender do nível de solìsticação desejado. A Empresa Bra- de leitores. que relacionarrr o documento a diversos contextos
sileira de Pesquisa Agropecuária [Embrapa)' por exenpìo, e que, no formato digitaì. adquirem novâ perspectiva'
no seu Banco de ImageÌn-Rural Mirlia. utiliza o Dublin Core É evidente que, cada vez mais. â catalogaÇão terá de
ao qual acrescerìtã três eìenìentos: categoÍia (número de operar em arnbiente mais amplo do que o cl.ì biblioteca tradi-
classificação), identificador (sistema de identificaÇâo numé cional. Os câtalogadores deverão coÌnpreender a ir-ìfra es-
rica) e contato (nome e endereço de e-mail da pessoa ou trutura tecnológica que inÍìuencia o desenvolvimento de
instituicão à qual o recrÌrso está úncuìado). novos processos sociais e, ao mesmo ternpo, oferecer sua
Outros metadados semelhantes ao Dubìin Core' mas com contribuj.ção bascada en séculos de experiência com usuá-
finalidades espccificas encontram se em Government ÌnÍbr- rios de billliotcca.
mation Locator Sewice [pâra inÍ'orrnaçÕes governamentais) '
Fecìeral Data Geographic CoÌrÌnìittee (para cìados geoes- Padronizaçáo da catalogação no Brasil
pãciais). ConsoÍtium fol' the Interchange of Museum Infor- A questâo das regras catâlográíicãs tem estado na pauta
úÌation (para inforÌÌÌaÇoes mr.ÌseoÌógicas). dos bibliotecârios ltrasileiros desdc a década de 1920 Dois
Nos últimos anos. Ìnodificou-se racìicalrnentc o contexto códigos estrangeiros influenciaram a catalogação, bem como
da cáÌtâlogação. EÌÌì prilÌleiro lugar, houve o apal:ecimento. a Iormaçáo dos bibliol rca rios.
principalmerÌte nos paises desenvoÌúdos' de grandes em- O código da ru-À. que posterionnente se transformaria
presas comerciais prestadoras desse serviço, que, nâ busca no ÀA.cIì2, foi intÍoduzido por influênciâ da bibliotecária nor-
de meios para diÌ.Ìlinuir. adotarÌì a süÌrplificação do registro. te americana Dorothy Muriel Geddes (postedormente'
Em segundo lugar, as rnudanqas dizem respeÌto ao apareci- Gropp), qr-re adotou. em 1929. na recén.ì-irìauguradâ biblio-
menlo dc novas formas de registro do conhecimento, ìigadas tcca do Colégio (l.roje Universidadel Mackenzie. de Sâo Paulo'
ao ambiente digiLal. qLÌe precisam ser incluidas nos cÓdigos as normas de catalogaLlào praticadas nos E{JA. O código dâ
de catalogacào. Finalmente, há o consenso de que as regras ALA teve uÌna ediçáo brasiÌeira, traduzida por Astério Campos
catalográficas devem considerar principaÌmente a forma e Abner Lelìis Cor-rôa Vlcentini, em 1969 O AACR2 tene sua
como o usuário blr\( â a inÍortn,lçáo. primeira etiição no Brasil eÌn Ì983/f985 e a segunda em
Percebe-se quc tudo isso tenì sido lcvado em consideração 2005. com o titulo de Códígo de ccttctLogacao anglo'omerÍcano
nos esLudos que a comr-lnidade bibÌioteconôn.ìica vem empre- íccÁAl, sob a responsabilidade da !'cs,q.s
endendo. O desafio consiste em encontrar foÌ'Ì-ÌÌas mais cria- As lúormas poro cotaLogaçAo de ínpressos. no original
tivas de rcgistro da inforrnacão que alendam às diferentes Norrne per iL ccLtalcgo de,gLi sta npatl conlìecidas como o 'códi
necessidades de busca e, ao mesÌÌ.ìo tempo. resolvarn as go da Vaticana'. srÌrgiÍam no âmbilo de um projeto de cola-
questões econômicas. boração do Carnegie Endowment for InteÌnationâl Peace,
A catalogaqão traclicionaljá mostrou que é adequada para dos EUA. cujo olljetivo era tnodernizar a Riblioteca Vaticana.
identiÍicaÌ materiais de biblioteca. Agora, ela tem de procurar O principal responsável pelo trabalho de catalogação foi o
o seu espaço entre olttrâs formas c1e recuperâqão da infor bibliotecário norueguês John Ansteinsson (1893 1961)' que
ÌnaÇão qrìe surgem ou se modificatn no ambiente digital estudara bibÌioteconomia nos EUA. e que se inspiÍou no

64 b5
sua introdução em dlscÌplinas de cursos de graduacão em
código mais moderno então existente, que era o da ArA.
biblioteconomiã.
Ansteinsson é tido con.ìo o autor de fato das -Ày'or-ne. A pri-
Algumas ex?eriôncias de catalogaçào de doclrmeÌÌtos em
meira edicão brasileira foi pubÌicada pela editora Instituto
linha, utilizando o Dublin Core, comcçam a ser reÌatadas
Progresso Editorial (rpFr). em 1949. A segunda edição brasi-
por bibliotecários brasileiros.
leira lbi publicada em 1962 peÌo IBBD.
O código da Vaticana era usado na Biblioteca Nacional e
Referências
no antigo Departamento Administr.ìtivo do Serviço PúbÌico
(DASP). que mantinha o Serviço de Intercâmbio de Cata CuN"FLq, M.l,.M. ISBD: origem. evoluqão e aceitação. ReuÌlslc Era-si
leir.l de BíbLíot<.cottotÌri.L e Documentasao. São Paulo. v. ì2. Ì1.Ì/
logaçào (sic).
2. p.7 14. 1979.
Houve várias tentativas para a elaboração de um código FIUZA. M.M. Funções e desenvoÌvimento do caiálogo: unla vis.Ìo
brasileiro. A primeira ocorreu quando, ern Ì943, o DASP, retrospectiva. Reuista dcl -Escola de BiblÌoteconoiúe clcr uFMcì,
juntanente com a tsiblioteca Nacional e o Instituto Nacional Belo Horizontc. r'. 9. n. 2, p. 139 158, 198O.
do Li\/Io, prodlrziu o documento Norm,.s parcl organízacao IMÌ]RNA1'IONAL FEDEtì{TtoN oF LtRR^Ry AssocrArroNs AND INsl.ln]
de urn catoLogo dícíoníno de liDÌos e pertódícos (projeto de TIoNS. Functional requÍr'emertts Jór biblíographic records: .Íil7ctl
um códÍgo de catírlogaÇao). Ao longo do tempo. outras inicia report. 1998. Disponivel em: <hitp: //ww1v.ilÌa.org/vl/s 13//lìbr/
tivas foram tomadas no âmbito da comunidade bibliotecáía. frbr.htm> Acesso em: 14/ \ /2OO5.
mas sem sucesso. l,yNCII. C. The new conLcxL for biblioglapÌÌic control in the new
ÌìlilÌenium. In: BÌBLIocRApHÌc coNTRor-
FoR 1'ÌÌD NIrw I']II,LItNILJM
A utillzaçào clos códigos estrangcirosjá rnencionados foi-
coNFDRENcr,, 20O0, Washington. DC. LibraÌ"'/ oÍ Congress, 2O01.
se consolidando e sua tÍaduÇão para o português tornou DìsponiveÌ em: <lìttp: / /www.loc. gov/cai diÌ/bib.ontrol/
irrelevantes outras iniciativâs para elaborar urìì código lyncÌr-paper.html> Acesso enÌ: 15/ | /2OO5.
brasileiro. Aos polrcos. o código da Biblioteca Vaticâna foi PrNTo, M.C.M.F. Catálogos e bibliograÍìas: evoluqão l]istórica do
sendo substituido pclo ,r-a.cn2. que atualmente é utiÌizado lrabirlho de controÌe bibliográfico. Reuisla clo Escole de
pela maior parte das bibliotecas brasileiras, estando definiti- Bíblíotecor\on1ia .l.r t/FMc. Belo Ilorizonte. v. Ì6. n. 2, p. Ì43-
vamente eliminadas as possibilidades de o paÍs possuir Lrm 158. 1987.
codigo de í-a raìogacao proprio. RosETTo. M. Metadados: novos modelos para dcscrever recr:Ìrsos
O Brasll esteve presente em todos os eventos que maÌca- de inloÌ-rnaqão (ligitaÌ. In: r\rl'ECRAR. coNcRESSO INTER\ACIoN,\L
LJj AI(QI lVOt. RlB lOlt.r'\s. ' lÌ\Iríì\UE Lrn, U!41 \fÂ' \OE\'íl -tus.
ram a busca peÌa padÍonização mundial da descriçâo bibÌio
1..2002, São PauÌo. Anais. Sáo Paulo: FDBAB,2OO2. p.485
gráfica, desde a conferência de Paris, em Ì96Ì. divulgãndo 498.
paÍâ a comlrnidade locraÌ as inovações introduzidas no àmbi- Sour,A. M.l.F.: VENDRLISCT-JLo. L.G.; MELO, G.C. Metadados para
to internacionaÌ. Vários doctunentos produzidos pcla t!-t \ descrição cle recursos de iÌìformacão eletrônica: utilização clo
sobre as TSBDS foram traduzidos para o porttÌglÌês. por ini- padrão DrÌblin Core. Ciérìcia d(1 l4forn'oçao, BrasÍÌia. \'. 29. n.
ciativã da ApB e pela FEBAB. A Biblioteca Nacional começou l, p. 93 Ì02. 2OOO.
a adotar as rSBDs em sua BÍblÍo.qralia Brastleira em 1984, SouzA, T.B.; CÀrArìINo. M.E. Metadados: catalogando clados na
seguida da Ojcína de Liuros (CBt,) e BibliogÌqfia de PttbLtca- internet. TrdnsiÌ!Íòrmcção, Carììpinas, v. I, n. 2. p. 69 92, 1997.
çóes Ojciois Brasilei-as (Câmara dos Deputados).
Com relaÇão aos formatos para inÍbr'Ìnatizacão, pode-se
dizer que o MARC tem ampla aceitaçàol muitas bibÌiotecas o
utilizan e vádas publicaCões em portLrguôs tôm permilido

66
V
I Catalogação cooperativa, tralizado para se tolxar cooperativo, Estava assim concre-
tizada a idéia que Jewctt ìancara cinqüenta anos ântes.
catalogação na fonte e O serviço da Library of Congress teve grande sllcesso.
SeLr pioneirismo foi reaÍìrmado. na década de 196O, quando
ca1 alogaçào na publicaçào passou a usar o complrtador na produção de registros
bibliográficos. Foi criado. enlao. o íormalo r4AR-..ollro pa-
&6&*&e@@&& drão para registÌo e intercâmbio de dados catalográficos. O
fornlato MARC deu novo impulso ao processo de catalogaçáo,
tendo sido adaptado para uso em vários paises.
A ãutomação possibilitou o apareciÌnento de cor-rsórcios,
O PIìoCESSo DD CAfT\LoCìACÂO E A I,]I,AIsORACÃO DE CÂTAJ-OGOS
redes de bibliotecas Lrnidas por interesses colì.ìllns, como
de bibliotecas constitLri, há muito tempo. tareÍa central da
as bibliotecas Lrniversitárias. Exemplos disso são: Research
atividade bibliotecária e mujtos esÍbrços têrn sido feitos para
Libraries lnforrnation Network (ÌìÌ.iN). University of 'loronto
aperfeiçoá lo. A prr:ocupação conÌ a eficácia e com a quali-
Library Automation System (urLAS). o Western Library
dade do processo este\re scmpre presente. A pârtir dai sur
Network e o entáo Ohio College Library Centcr (ocLC).
gem os conceitos de catalogação cooperativa, catalogacão
na fonte e catalogação na publicaçào, baseados no princÍpio Essas redes tinham âmbito de aqão Ìestrito. Qe ralmer-ìte
de que um livro Ìloderia scr catalogado uma única vez e as universidacles ou a região geográfica em qlre se inseriam.
essa catalogacão ser ia utilizada por todas as bibÌiotecas inte PosteriormeÌ-Ìte , aÌglrmas se expandiram. como foi o caso
ressadas. com economia de recursos humanos e financeiros. do ocr-c, qlre se tornou, em 1981. o Onìine Computer Libraty
Center. Atualmente lbrnece seÌviÇos para mãis de 50 miÌ
Catalogação coopeÌativa bibliotecas em 84 paises.
O pioneiro da catalogaqáo cooperativa foi o bibliotccário Esses serviÇos têm tido enorme inlluência nâ catâlogação,
Charles Jewett (18Ì6-1868). que, em ì 850, em um encontro pois seus obletivos visam à soluçào de probÌemas que há
da AÌÌìerican Association for the Advancement of Science n.ìuito teÌnpo preocupanÌ a comunidade b:ibliotecária, a
propos que a biblioteca da Smithsonian Institution [EUA), saber, rapidez de processamento e diminuição de custos.
onde ele trabaÌhzrva. ftrncionasse como biblioteca nacional.
Ela receberia dados cataÌográficos de bibliotecas do país e catalogâção cooperativa no BÍasil
coordenaria um seÌ-\'ico de catalogação cooperativa qlÌe Ì'e A atividade de catalogação coopeÍativa teve inicio Ììo Brasil
sultaria em un] catalogo colelivo das bibliotccas cooperântes. quando, em Ì942, a bibliotecâria Lydia de Queiroz Sam
AÌém de funcionar como centraÌ de catalogação, o ser-viço baquy, implantou, n:L biblioteca do DASP, o Serviço de Inter-
forneceria um instrlÌÍÌento de acesso às coleçoes. câmbio de Catalogacão (slc). O slc, qlre atuava em colabo
Por falta de apoio da própria instiluiÇão, o projeto de ração com o Departamento de lmprensa Nacional, foi uma
Jewett nào se realizou, mas, anos depois, em l9O 1. a Library iniciativa pioneira, pois üsava a fazer avançar a qualidade
ofCongÍess, tendo assumido a posição de bibìioteca nâcional dos serr.icos bibliográficos numa época em qLÌe erâ reduzido
dos EU^, iniciou o sclviço de distribuição de fichas catalográ- o número de proíissionais bibliotecários no país.
ficas de selr acervo. No ano seguintc. o seÌf ico passou a re Qualquer biblioteca poderiã participar do sÌc, a e1e en
ceber registros dc outras bibliotecas e deixou de ser cen- üando suas fichas catalográficas. Ali elas eram revistas,

6tì 69
V
impressas e distribuÍdas às bibliotecas coopcrantes O inglêsJ quando alguÌìs bjbìiotecários ÌÌorte-americallos,
po;co conhecimento de cãtalogação por paÌte das bibliotecas entre eles Charles Jewett {t8Ì6 1868). bibliotecario da
ào opelantes irnplicou maioÍ cuidado na rcvisão das fichas Smith-sonian Institution e um dos maiores defensores da
antes da impressão. numa tarefa lenta e trabalhosã Isso catalo gação coopcrativa. perccbcram as vantagens de se
constituiu grancle entrave para o sucesso do SIC' catalogar um liwo Lrmâ Ílnica vez e âÌìtes de suâ publicaqào.
O prográma continuou nesscs ÌÍìoldes até que' em Ì 947' evitando que centenas de bibliotecárìos executassem a
a Fr-rnclação GetliÌio Vargâs (pcr') dele passou a participar, nesma tareÍã, corn despcrdicio dc ten.rpo e de recursos.
com cursos de treinan.Ìento para catalogadores do stc e Proposta concreta sobre o assunto surgiu mais tarde,
responsabiÌizando-se pela venda e rlistribrÌiÇão das fichas' en Ì876, quando Justin Winsor (183Ì ì897), bibliotecáÌ'io
Em Ì954, o slc lbi iÌìtegrado ao recém-criado Instituto da Boston Public Library e da Harvard University e um dos
Brasiìeiro de BibÌiografiâ e Documentaçào (teno) As di{ìcul fundadores da eLt. apresentolr um projeto para que fosse
dades na operzÌciotìaìlizacão desse seÌviço :rcabaram resul- impressa no próprio lilro a lìcha catalográfica. Interessante
tando na slra intertrpcão em 1972. Nessa época, o trata observar qLre a idéiã fora proposta na mesma época, no Rei-
mento catalográfico matru:rl já se mostrava inviá\'el c o IBBD, no Unido, por Ma-x Muller (Ì823 f 9O0), curador da Boclleian
agora sob suã no.to dcÌìominação [lnstituto Brasileiro de Library, da Oxlord University.
Inforrnacão eÌn Ciêrìcia e Tecnologia) perccbeu a necessi Eln 1877. durante a conferência anual da,qlq.. formou-se
dade de buscar me ios para a infoÍmeÌtização do seÍviço' uma comissão, composta por Richard Rogers Bowker (editor
O desenvolvimento do M,qRC ofereceu a oportlrnidade para e fundador da n.n. Bowker), Justin Winsor e Melül Dewey
o encontro de uma sohlçãÌo. Esse formato foi adaptado para (Ì85I Ì93Ì), para estudar a üabilidade do programa de
o Brasil. graças iìo Pr(ìeto cAl-clo, elaborado pela bibliotecária câtalogacão na fonte nos EUA. No ano seglrinte, a comissão
Alice Príncipe Lìtrrbos:r e divulgado cm 1973' apresentolr o projeto. segundo o qual as editoras interes-
O cALCo con.Ìcçou a ser usado pel.Ì Bibliotcca NacionaÌ e' sadas en\.iariam a prova de seus Ìivros para que fossem
posterioÍmente, por LÌÌll grlrpo pequeno de bibliotecas AFcv' catâlogâdos, ao preco de um dólar cada, por bibliotecários
junto com a Biblioteca Nacional' asslln-Ìiu a tarefa de coor- cla Harvard University e do Boston Athenaeum. A cataÌoga-
âenar o grupo de bibliotecas usuárias. criando oportunidade ção seria apresentada em três subprocÌutos:
para o surgimento da rede Biblioclata/cAl-co, que se tornou . impÌessão dos registros catalográficos no 1ivÍo:
òperacional em Ì98O. O projeto náo tcve grande aceitaçáo . impressão de uma ficha catalográfica a ser enviada a
e só em meados da década de 1980. com a implementãção assinântes do sen'iço:
do Plano Nacional d(] I3ibliotecas Universitárias IPNBU) que . pLrbÌicacrão dã lìcha nâs revistas LÍbrary Journol e
recomendou à participação das billliotecas Lrniversitáfl as Pttblishers Weekly,1.
na rede Biblio.ìata, é que houve maior expansão O PNBU foi O Ìrrograma foi irnplenrentado, ìlÌas tcve curta drìração, pois
substituido, em Ì986, pelo Programa Nacionaì de Bibliotecas não foì financeiramente viável. devido. principalmente, ao
de lnstituiçÕes de Ensino Superior (PRoBlB). que deixou de
l)equeno número de assinantcs. Muitos anos dcpois, cm Ì958,
existiÍ em 1995. ÌÌova tentativa foi feita. agora peJa Library of Congress, que
rcaliz-ou estudo filranciado pelo Colrncil on Library Resources.
Catalogação na fonte e catalogaçáo na publicaçáo
piìra analisar a viabilidadc íinanccira c tócnica da pré
A icléia de catalogação na pubÌicação surgiu em 1853. com catalogação, bem como sua utilicÌarde para as bibliotecas.
o nome de cataÌogacão na fonte (cataLoguing in source' em

70 7I
T
Ernbora os bibliotecários considerassem que o serviço do tsrasil, isso nào ocorre. e os dados catalográficos são
seria úrtil, os editores consuìtados. em número de aproxima geralmente completos, incluindo até informaçoes sobÍe a
dâmente 3O0, mostraram se bastante céticos. O resultado descrição física do livro.
foi que pouco mais dã metade deles aderiu ao programa,
que tinha como Lrma de suas cilracterísticas a agilidade; a Recomendações da uNDsco relativâs aos progÌamas de
idéiâ erã que a ficha catalográfica fosse elaborada em 24 catalogação na publicação
horas. Apesar de todo o esíorço ernpreendido, concluiu se O programa norte-ânericano, acima descrito, serve dc mode
que o progrãma era financeilamente inviável. Jo para a cataìogação antecìpada. que constitui um dos
Em Ì 97 Ì , a Library of Congress retomou o projeto, desta mecanismos de controle bibliográfico.
vez com o noÌ]Ìe de catalogação na pr-rblicação, em inglês
A UNESCo recomenda que os progrzlmas de catalogacão
catalogíng-ín-publicatlon, crüa sigla CÌp identificâ âtualmente
na publicação sejaÍì vinclrlados à bibliograÍìa nacional para
os programas de catalogação prévia na maioria dos paÍses
maior racionalização de esforços. Nesse câso a ABN, respon-
que a adotam. AtualnLente, o programa norte-americano
sável pela bibliogÍafia nacional, se encaregària da catakt
funciona de formâ seletiva, catalogzÌrìdo âpenas Ìivros com gação na publicãção, em estreita colaboracão corn as edi
maior possibilidade de aquisição pelas bibliotecas do pais.
toras que. por sua vez, devcm enviar as informações biblio-
As editoras enviam um exemplar da prova do li\,To e, caso
gráficas em tempo hábil para que o processâmento catalo
esta não esteja disponível, algumas partes como, frente e
gráfico seja efetivado. A UNESco considera que os clados da
verso da folha de rosto, sumário e Lrm capitulo. A catalogaçáo
catalogação na publicação nào devem substituir o registro
é feita em oito dias e enúada para o editor paÌa ser impressa
completo e oficial dos dor:un]entos e faz as seguintes reco
no livro. Ao mesrno tempo, a versão eletrônica do registro é
nìendaCões:
distribuida para outras bibliotecas, serviços bibliográficos
e liweiros em todo o mundo.
. que sejarn identificâdos claramente os registros de
As editorâs participantes do programa são responsáveis catalogação prévia incluÍdos na bibliogrãfia nacional, utili-
por fortrecer um exemplar da edição final do lir,ro catalogado zando-se para isso números de controlc, códigos ou símbo
para elaboração da catalogação definitiva, que é então Ìos, de modo a diferenciãr a catalogação provisória da
novamente incluÍda nos registros MARC. definitiva:
Ocorren problerÌras. principalmente por causa das datas . que se inclua esclarecimeÌ-Ìto sobre a substitlriqão dos
de publicacão e outros elementos que são aÌterados na edição registros da catâlogação prévia pela definitiva;
definitiva. Há tarnbém reclamaÇões relaiivas à demora na . qlìe se utilizent as tSBDs pâra a descrição bibliográfica;
divrÌlgãção da ficha completa. ApesaÍ disso, o serviço tem . que sejam incluidos o Isnu, no caso de livros, e o tssN.
crescido e os responsáveis buscam formas mais eficàzes de r-ìo caso de publicaçoes seriaclas;
gerenciãmento, principalmente no que diz respeito ao seu . que sejaÌn utjlizados sistemas interrìacionais de cÌassi-
custo-benefício. ficação como a cDU ou a CDD para identificação do assunlo
Atualmente, nota-se. nos livros publicados nos EUA e do documento.
Reino Unido, tendência em restringir, ou mesmo em não Alguns países desenvolvem prograÌnas de catalogacào na
incluir os dados da câtalogação na publicação, substituindo- publicação vinculados à bibliografia nacionâI, como, por
os por umã nota que infoÌ'Ìna a existência de um registro exemplo, Alemanha, Canadá, Austrália, Nova Zelândia. As
informatizado do livro em bases de dados do pais. No caso bibliotecas nacionais desses países mantêm serviços de

72 73
catalogacão na pubìicaçào e elaboram os registros grâtuita- ou seja. que o produtor ou criador do recurso é o Ìnais
rnente. Os registros sâo incluÍdos nas bases de dados das indicado para elaborar sua descricáo.
bibliotecas e funciÕnàm taÌnbém como forma de divuÌgar os
ìivros antes de sua publicação. Catalogaçeo na publicação no Brasil
No Reino Unido, o seÌ-viço de catalogaçào na publicação A catalogação na fonte chegou ao BrasiÌ no inicio da década
dâ llritlsh Library é terceirizado (atualmente feito pela em- de 1970, por ìniciativa de editores e com o apoio de bibLiote
presa Bibliographic Data Services Limited) e sua principal cários.
função é a divulgaÇão prévia dos Ìivros a serem pubÌicados. A Câmara Brasileira do Li\.ro (cBI-) e o SNEL iniciaram
Por isso, os editores devem enviaÌ os dâdos com quatro meses um programa conjunto de catalogâÇão em suas sedes, res-
de antecedência. O foÌ'Ìlecimento do registro catalográfico pectivamente em Sáo Paulo e no Rio de Janeiro, que consistia
pâra publicaçáo no próprio liwo é 1èito apenas para liwos na elaboraçáo do registro catalográfico para inclusão na
que serão distribuÍdos em paises menos desenvolüdos. Nos publicação. Paralelamente, era editado um volume, que con-
outros casos, a British Library sugere aos edltores que tinha o conjlrnto dessas fichas, intitulado Ojcína de Líúros:
incluam no veÍso da ÍbÌÌ'ra de rosto apenâs a informação de Nouírlades Catalogadas na Fonte, que visava a contribuir
que o Íegistro daquele livro está disponÍ\'el nas bases de para a divulgaçào mais rápida das novas publicaçoes. O
dados da biblioteca nacional. programa brasileiro foi concebido, portanto, com dupla
Há, portaÌìto. diferenças marcantes nos programas de íinaÌidade: como modelo de registro catalográfico e como
catalogacão na pubÌicaÇão dos diversos paises. Alguns são instrumento de seleção e aqulsição, tendo sido baseado no
mais voltados para a divulgação antecipada dos livros, modelo norte-americano.
funcionando como instÍumcntos de seleÇão, quando dir,'ul- ApesaÌ de pioneiro (na época de seu apaÌecimento apenas
gados ern bibÌiogralìas. Outros ftrncionam como modeìo de quatro países mantinham programas de cataÌogação na
catalogação. quando os registros são impressos no li\.ro. A fonte), o programa brasileiro nào conseguilr Ìnanter se. A
disponibiìidade de servicos de fornecimento de registros publicação da O/rcinc cle Liuros nunca chegou a ser regular.
cataìográ1ìcos, que sejam acessiveis às bibliotecas, provavel- Projetada para ser bimestral, passou a anual no periodo de
mente levará à elininaçáo da iÌÌìpressão do registro no 1ivro, 1979 â 1984, sendo suspensa temporariãmente em 1987.
que é o que ocorÌe coÌr livros norte-aÌnericanos e britânicos. Buscando superar o problema. a cBL começou a incluir. ã
Em paises onde o acesso a seÌviços desse tipo é mais difÍcil, partir de 1988, os dados de catalogaeão no ser-Ì boletim cBL
como é o caso do Brâsil. a catalogação na publicação ainda Informa, Continuaram, entretanto, os problemas de atraso
persistirá na sna Íbrma tradicional. impÍessa no li\.ro. e do nÍrmero pouco signilìcativo de lir'.ros catalogados.
Processos desenvolüdos há longo tempo pela comunidade Atuâ1mente, as duas instituiçoes continr-Ìam oferecendo
bibliotecária vào evoluindo e se adaptando ao novo ambiente o seÍviço, que se restringe à elaboração do registro catalo-
informacional e tecrìológico. A catalogação cooperativa é hoje gráfico para impressão no liwo. Ao mesmo tempo, muitas
prática con-eÌÌte, qrÌe possibilita a reduçào de custos. preocu- editoras proúdenciam, elas próprias, a catalogaçào de seus
paçào constante clos seÌwiços que desejam olerecer registros li\.ros, contribuindo parã a falta de padronização e tornando
de boa qualidade lnas a cuslo razoável. os registros por-rco conlìáveis.
A catalogaçào na fonte também é um conceito que retorna Em I998, a Biblioteca Nacional, por intermédio da Agên-
no âmbito da informaçào virtual, exemplificado pelâ idéia cia Brasileira do rstsN, iniciolr o serviço de catalogação na
que embasa o processo de descrição de recursos da inteÌ-net, publicaçáo, alegando "diferenÇas detectadas nos procedi-

75
Y
mentos de catalogação na fonte utilizados pelos editores logaçáo na publicação (mesmo que não estejam vinclrlados
brasileiros". A idéia era reunir em uÌIr único serviço as à bibliografia nacior-ral) devem ser mantidos e a ABN deve
operaÇões de fornecimento de IStsN e de catalogação na buscar meios de apoiá-los, sem duplicar o trabalho.
publicação. O seruiço, pago, como os da cBL e do slel. pre-
tendia atender âos pedidos de clp num prazo de cinco dias Referências
úteis. Em 2003, esse seÌviço foi cancelado. sem maiores BAXER. B.B. Cooperatú)e cataloguingj pasÍ, preseni ancl.I.ture. New
explicaçÕes para os usuários. York: Haworth. 1993.
Em 1993, a catalogação na publicaÇão foi incoÌporadâ BARUoSA, A.P. lúoDos runtos da catalogaÇaD. Rio de Janeiro: IrNc
ao conjunto de norrnas brasileiras, por decisáo daAssociação Brasilart. 1978.
Brasileira de Normas'lécnicas (ABNT), que aprovorÌ a NBR CARNEÌRÕ, R. Catalogacáo na fonte e catalogaçào na publicaqão.
12899, Catalogação-na-Publicação de Monogrâfiãs. ReDista BrasÍleira de Bíbltotecono'r.íc e DocuÌ7entaçAo, São Pau -
Tentativa de tornar obrigatória a iÌÌclusão do Íegisbo lo, v. 9, n. 4/6, p. ),4a 155, 1987.
Catalogaçâo na publicação. Biblioliu, p. 7, jan./mar. l9BB.
catalográfico nos liwos publicados no Brasil foi feita em
CLINCA. G. The functioning of crp. IFt"^ JounlaL y. 20, n. 4. p. 478
1975, em projeto de lei apresentado na Câmara dos Depu
tados. Essa tentativa não foi bem sucedidâ e o projeto foi -. 487 . t994.
FERREIRA.J.R. et al. Redes nacionais de informação. catalogaeão
rejeitado em Ì979, após quato anos de trâmitação. na fonte e outras experiências. Reuísia Brasileirc de Bíbtioteco
Em 2OO3, com a aprovação da l,ei n." Ì0. 753, de 30/ lO/ nomía DocúnÊnt@çáo. São PauÌo, v. 12, n. I-2,p.67 88. Ì979.
e
2003, que instituiu a Politlca Nâcional do Li\.ro, tornou-se HUBNEIÌ. E. Catálogo coletivo Bìbìiodata: um produto brasileiro
obrigatória a iÌìclusáo da ficha catalográfica: "Nâ edltoração para bibliotecas brasileiras. In: INTEGRAR: coNGRESSo ÌN'IìERNA
do Ìi\,:ro. é obrigatória a adoção do Número Internacional .IONAL DE AJìQUIVOS, BIBLIOTI( A\, ( TVTRO5 DC DOI LJ\4ENIACqU f
Padronizado, bem como a ficha de catãlogaçáo paÌâ publica- MUSEUS, Ì.. 2002, Sáo Paulo. Ánais. Sào Paulo, FEBAB, 2002.
p. 215 223.
cào' (an igo 6."ì. NEVüLDN, R.R. Read the fine print: the power ofClP. Library JoÚrnctl,
Na verdade, instrumentos de controle bibliográfico, con- v. 116, n.2, p.38 42, 1991.
forme a concepção da uNESCo, devem ser implantados a
pâftÌr da conscientização da comunidade envolúda, que
reconhece sua importância e utilidade. A única situação
para a qual se recomenda uma base legal ó a captaÇão do
material. que seria feita por meio de depósito legal.
A recomendação da UNESCO em relação aos programas
de catalogaçào na publicaçáo está mais voltada para a busca
de cooperação entre editoras e a agência bibliográfica
nacional e não para sobrecarregar os editores com leglslação
impositiva. Nesse sentido, sugere a ünculaçào de progranâs
com finalidades semelhântes (como a catalogação na publi-
cação e a bibliogralìa nacional) na busca de um instÌïmento
eficiente para identificação e seleeão de pr-Ìblicaçoes e que
atenda, ao mesmo tempo. aos requisitos de registro da me-
mória intelectual do país. Programas consolidados de cata-

76 77
V
9 Sistemas de identificação Em Ì967, aempresaw.H. SüÌitÌ1. a nÌaior cadeia de livra-
rias do Reino Unido, que estava inl'onnatizando seus pro-
numérica de documentos cressos gerenciâis, comecolr a utilizar o Standard Book
Numbering, desenvolüdo sob a superuisão da Bdtish Publi
&**s&&&&&s shers' Association para peÌ'mitiÌ' a identificaeão precisâ de
cadã ediçào de um li\.ro.
Percebendo o potencial dcssc sistcma. a iso, por meio de
seu comitê de documentaqão (ISo/rc/46), estabeleceu um
A IDENTIFICAÇÁo DE DoCUMEN'IoS A PARTIR DE SUA DESCRIÇÃo gr-upo de trabaÌho para estudar a possibilidade de adaptar
bibliografica é prática milenar na biblioteconomia, ocorrendo o sistema para uso internacionàI. Como resultado dos
desde a Antiglridade. quando os bibliotecários inscreúam estudos, foi proposto o sistema denominado International
nas paredes das bibliotecas dados sobre os li\':ros do acelvo. Standard Book Number (tsnN). aprovado, ern Ì97O. como
Atualmente, as bases de dados bibliográlicos, com registros normâ ISo 2108/ 1972. Essa norma [enì siclo reüsta periodi-
de descrição altamente padronizados, bem como os sistemas camente, para permitir a apljcação a materiais não biblio-
de metadados para identificar e permitir a recuperação de gráficos, mas sua estnrtura original não se rnodificou.
documentos digitais, continuam sendo importantes instru- O sistema funciona com LÌÌrÌa agência internacional e
mentos de identificação e acesso às publicacoes. agências nacionais cm cada paÍs mcmbro. A agência inter-
Outra tendência na identificação de documentos pode nacional está sediada em Berlim, na Staâtsbibliothek, e é
ser obsewada a partir da década de 1960, ou seja, os siste assessorada por um comitê lbrmado por representantes da
mas numéricos que surgem a paÌtir das possibilidades ofere- lso. Ip{. - L"c c agÍ-ncias rcqionais.
cidas pela iníormática. Criados inicialmente para identilìcar As pflncipais funÇões da agênciiì internacional são:
documentos tradlcionais, como li\,Tos e periódicos, esses promover e supervisionar o uso do sislema em àmbito mun
sistemas vêm se expandindo para incluir os vários tipos de dial; aprovaÌ: a estrutura das agências nacionais e alocar
documentos gerados pela tecnologia atual. grupos de identificadores para essas agências.
As agências nacionais ou de gmpos de paises têm como
Embora planejados geralmente com perspecüva comer
principal frÌnÇão atribuir os digilos identificadores às edi-
cial, esses sistemas têm sido considerados pela uNESco e
toras de seu pais. Essas agências mantêm contato com a
pela tm-a como mecânismos de controle bibliográ{ico e, no
agência inter-rìacional e contÍolaÌn o clrmprimento das nor-
modelo proposto por essas instituições, a agência biblio-
mas estabelecidas pelo sistena, alén de divuÌgá-las. A últi-
gráfica nacional assumida a função de órgão responsável
ma ediçáo (30.") do Publisher-s' írúematíonal ISBN directory
pelo gerenciamento dos sistemâs que viessem a ser im
lista 628 795 editoras. de 218 pâÍses e teì-ritórios.
plântados no paÍs.
No modeìo de controle bibliográfico proposto pela UNESCo
e a rFL\, é recomendado que a agência bibliográfica nâcional
International Standard Book Number (rsBN)
assuma a funcão de agência nacional do ISBN.
O ISBN foi o sistema pioneiro de identifìcação numérica de O rsB,v users manual considera livro como publicação,
documentos. Sua origem está ligada à necessldade sentida ou seja â manifestação de um conteúdo, independentemente
pelas grandes li\.rarias de esquema eficaz para gerenciar do formato em que seja publicado. Por isso, o ISBN pode ser
seus estoques de livros. atribuído aos seguintes tipos de publicaçÕes: liwos e folhetos

78 79
v
impressos, matedal em bÍaille, mapas, vÍdeos e transpa que pennite a verificacão automática da exatidão dos dígitos
rências educativos. livros em câssete ou CD-RoM. microfor- que compõem o número integral.
Ìnas. publicaÇoes eletrônÌcas (fitas legiveis por máquina, Para aumentar a capacidade de mrmeração do sistema,
disquetes. cD-RoMs , publicações da internet), publicações quejá começa a mostrar sinais de esgotalnento, está sendo
mllltimídia. Não se deve atribuir rsBN a publicaeoes efêmeras, Íèita uma revisào que resultará no aumento da quantidade
mâterial publicitário, impressos e prospectos que não con- de dÍgitos que de 10 passará pala Ì 3, erÌr 2OO7 .
tenham folha de rosto, gravaçoes sonoras, periódicos e O ÌsBN apresenta-se da seguinte forrla:
partitlÌras musicais impr:essas, considerando que esses três rstsN 0-00-65 Ì254-2
Ílltimos tipos de materiais possuem sistemas próprios de Criado para identificar cada edição de determinado lir'ro o
identilìcação. ISBN é, portanto, diferente em cada urna delas. O livro ManLIoI
O número identificador de cada livro é formado por nove pero nonncLlizcLção de publícaçoes têcnícô-cíentílLcas. por
digitos, acrescidos de um dígito de controÌe, separados por exemplo, publicado pela Editora u!-MG aprcsenta os se-
hifens em qllatro segmentos. guintes ISBNS em suas dlferentes ecliçoes:
O dígito (ou dígitos) do primeiro segmento é deter-Ìninado
pela agência internacional e identifica o paÍs ou grupo de 3." ed. 1996 rsBN 85 704ì 077-8
pàÍses, rerÌnidos por língua ou por região. Por exemplo, o 4." ed. 1998 rsBN85 7041 153 7
grupo de Ìingua aìemã é identificado no primeiro segmento 5.'ed. 2ool rsnN85-7041-260-6
pelo dígito 3 e a região do Pacífico Sul é identificada pelo 6.. ed. 2003 rsBN 85 704Ì 357-2
número 982. A quantidade de dígitos que compoem o pri- 7 ." ed. 2oO4 rsBN 85-7041-43I 5
nleiro segmento varia, portanto, de acordo com a produção O segmento 85 r'epresenta o Brasil; o segundo segmento
editorial do pais ou do grupo, ou seja, quanto maior a (7041) identificâ a Editora UFMG e o terceiro segmento
produção menor o número de dÍgitos. corresponde a cada uma das edieões do livro.
O grupo lingiiÍstìco ou de ár'ea pode incluir mais de umâ São atriblridos ISeNs diferentes aos diversos foÌ'ÌÍìatos em
agência nacionâI. Cada país que forma. por exemplo, o grupo que o lir'ro é produzido (impresso, ern linha, em cD-RoM,
de língua inglesâ (Alrstrália, Canadá, Gibraltar. Nova Zelân- etc.) e às encader-naçoes [brochura, encaderrrado, etc.). Toda
dia, África do Sr-rl, Suaziìândia. Reino Unido, Estados Unidos edição ou reedição que âpresente mudança de folrlato, de
e Zimbábue) tem sua própria agência nacional. conteúdo e/ou ilustração deve receber um novo ISBN. Em
O segundo segmento é composto pelos digitos identifi se tratando de obÍa em mais de um volume. o tsBN deve ser
cadores da editora. A quantidade de dígitos desse segmento âtribuido à obra no todo e a cada um dos voìumes indiü-
também varia conforme o volume da producão edìtoriãl: dualmente. Um Ìir'ro em co-edição receberá dois números
quanto maior o voÌume de lirros produzidos por uma editora, de ISBN, cada um corespondendo a uma das editoras.
ÍÌenor o número de digitos identificadores dessâ editora. Segundo o lsBtú users' manual o nÍrmero deve aparecer:
O terceiro segmento é formado pelos digitos identifica no verso da página de rosto, na parte inleÌjor da quafta câpa,
dores do titulo, que permite a individualização precisâ de na parte in1èrior da lombada fno caso de livros de bolso),
cada edição de um liwo. O número de dígitos vãÌiâ de acordo nas etiquetas do produto fquando o livro é editado como
com o segmento anterior: quanto menor for o número de fita-cassete, disquete ou cD-RoM), jrÌnto com o titulo (no
digitos identificadores de uma editora, maior o de identi- caso de publicaÇões da interxet), nos créditos (em filmes orÌ
ficadores de tÍtulos. O último segmento é o digito de controle, videos). A aeNr. pela norma NBR 1052f/f988 recomenda

80 81
-T
que o ISI]N acompanhe os registros bibliográficos do li\.ro automático dessas operações, princiPalÌÌÌ(ÌÌì t (' ( orrì iì
(bibliografias, catátogos de editoras, registros de catalogação utilização de vinculados ao código de barras. No ittttlril()
ISBNS
Ììa publicação e resenhas). das bibliotecas, o ISISN pode facilitar a âutorlìiì.('a(, (l()s
A partir de acÕrdos entre a agência intet.Ìlacional do ÌSBN, processos de ãqÌìisicão, pode ser utilizado ctlt t'ltllilogos
a EAN International. que havia substitLrido, em 1992, o coletivos e em atividades de empréstimo entrt: lrilrliolt t its,
European Article Numbering, e o Unilorm Code Council (ucc) potencializando, assiÌÌì, sì-râ atuaÇâo como inslI-tttttt t tI() tlI
o tsBN pode ser associado ao código de bârras, o sistema de controle bibliográfico.
identificação de produtos mais ampÌamente Lrsãdo no
mundo. Nesse caso, o número sofre uma ampìiação, com o International Standard SeÍial Number (rssN)
acréscimo do prefixo 978, apresentando-se da seguinte ma- A idéia de um sistema de numeraçào padrottiz;ttlrt Prtt rt
neira: identificação de periódicos slrrglu ern 1967. clttlitrtlr' ;r líi
85-85637-27-7 Conferência Geral da uNESco e da Assemblciir (ìr'trtl rlrr
Conselho Internacional de UniÕes Cientificas (l('lili).
Nessâ ocasiáo, foi discutido o Projeto dc llr)l sislclrlir
mundial de informaçáo cientÍfica, que veio iÌ s(' lt)r rrirr ('
lil[il[lil[ililil Unisist. A proposta desse projeto nasceu por Irtt'io t l trr11r
rsBNno Brasil ciaçáo entre o Icsu e a uNESco. A finalidade rltt pt ojclo t t rt
A implãntação do sistema no Brasil ocorreu por iniciativa estimular ações voluntárias e cooperativas qtl(: lì tt illir trfrct r r

das editoras, que dele tomarEÌÌn conhecimento em 1971, o acesso irrestrito e a troca de informaCão < icttttll|rr r'
durante o 4.' Encontro de Editores de Lir.ros, realizado em tecnológica entre pesquisadores de todos os pitÍst s.
São Lourenço, Mc. Reconhecendo as vantagens do sistema Sendo o periódico a forma de publicação Irtitls ttllllz;rrlrr
os editores decidiram solicitar à agência inten-racional á na comunicaÇão cientifica, a preocupaçáo dos I)ir I llt ll,i I I rlr':,
instalaÇão de un] centro nacÌonâl no Brasil. A proposta foi do encontro [oi encolÌtrar mFios para Lllrl r'\ílll.lÌl.r rlll'
elaborada por representantes do SNEL, da Biblioteca possibilitasse o cadastramento uniforme dos lx t lorllr ,,r',
Nacional, do reno (atual tBtcT), do Instituto Brasileiro de possibilitando sua identificação em âmbito mrttxllrtl. l'r(.rl.r
Geogrâlìa e Estatísticâ (ÌBGE) e da ÂBN-r. se a diÍìcuÌdade de se manter base de dados exitl i t c cot r t; r| 1, r.
por se tratar de materiais complexos e heterogt't t(.or I, rrrtlr
Aceita a proposta, a Bibliotecâ Nacional foi escolhida pâÌa
metidos a mudanÇâs de tÍtulo, formato e pcrio(li< lt lirt l( . ;tllttt
ser a agência brasileira. dando inicio, em 1978. à opera de orÌtros pÍoblemas. Mas, apesar das dificÌrlcl: tt lt s lrt , r'lr.l r',
cionalização do sistema. AABN-Ì'apoiou a iniciativa e aprovou
o projeto íoi elaborado e, em Ì972, mediiìÌÌl(' rttotrll, rl.r
a NBR 10521/ 1988, que flxa condiçÕes para a atdbuiÇão de
UNESCO com o governo francês, foi criado o IttI|ttt.tI|l'rr.rI
ISITNS aos li\,Tos no Brasil e a Lei n." 10 753, de 30/ lO/
Serials Data System (ISDS), organização intcrÍ.|(,v( r r ll rlr lfr rl r I

2003, que institui a PoìÍtica Nacional do Lir..ro, obriga â in- com sede em Paris.
clusão do tsBN nos livros publicados no Brasil. A função principal do sistema era o cad:ìsiri r ll lct r lo r l,',
O potencial do sistema depende da quantidade de editoras periódicos e a atriblriçâo de número paclroltlz:ttlrt .t r.rrl,r
paflicipantes. Para essas editoras, pode funcionar como título, que passaria a ter código de identifi caqi to t t t l|o.,r't rr l,'
r

mecanismo de gerenciâmento de estoques, de atendimento distingllido de modo ineqllÍvoco de outras llttlrllr';tt ,u ,

de pedidos e análise de vendas, facilitando o processamento Na década de 1990, o ISDS oÌganizotl s<t t'ttt tcr lr'. r .trr , ,

82 83
non.Ìc de ÌssN Network. quc relrne atualn.ìeÌìte 76 centros ISSN châve P;ris, rl,rl r ,l, trrt' i r""
:litttlo
nacionais. Esscs ceÌìtros têm a responsabilirlade de atribuir ISSN ll40 3853 tsabel {AÌ1es) {FlrÌ'rt;r l'rrtrr I

o ISSN aos periódicos publicados no paÍs e rnanter os registros rssN I Ì05-0748 Babel (Atenas) (Gr( ( lir I ' Ìlr I I

correspondentes. rssN 0521-97?t4 Babel (Bonn) (ll()IlÌll'1.' l'r,r, I

ÌSSN0327,641rt Babcl (Buerìos Ailes) (Arr! r'llr',' I'r"' l

O centlo internacionaÌ rcsponsabiliza-se peÌo cadas ISSN OOOS 3503 BabeÌ (Melbournc) (Arr:tlr'rll,r lrrri', I

tramcnto e atribuição de rSSN :r periódicos prrblicados por ISSN lÌ47-8306 Babel (Paris) [l''r:rrrr,r l'r'rl' I

ol(Jniza( òcs itìlcrtìilfiurriìiq r' Iror lr;risr-s'lìle n.lo Ì)rjisltt-m O lssN é fornÌado por sete dÍgitos [dilì:r'r'trlcrrr, rrl, ,l,,r 'i"
centro naclorÌal. Delìne padrocs e dissenina as illÍbÍrnaçÕes esses dígitos não tenÌ signillcado) acrcs( i(ll'i ,l' trrrr ,lt, rt
sobre .ìs ati\.idades da rede. E também atribuiqào do centro
de controle, sendo esses oito dígitos stllrittrrrlr, , p"t llr' "
internacional a conferência dos nriÌÌ]eros atribuÍdos. bcm em dois segmentos de quatro dÍgitos. coÌÌÌ() ( rìr I I I I lt 'r I

como das infornac'òes cadastrais enviiÌdas pelos centros 0829 qrre identifica a ReDisttl.lo -EscoIQ (k ltll'lt"t,,'\1""" '
nacionâis, que forrnarn aÌ brìse de cÌacìos do sistema, o ÌSs,\r daLlFMG. Quando esse periódico mudou (l( ll(ìllrr ' rrr Irr:rr
I<e!,lister. que iÌÌclì.li ÌliÌra cadël periódico os segllintcs dados:
para PerspecÍÍDals em Cíêt'Lcía da lnJorÍnalÇ(lí, o I i rÌ lr'1: ri
titlrlo chave, tituÌo chave àbreviuÌdo. ISSN, peÍiodicidade. a ser rssN 1413-9936.
lingua, local de publicaçào. editor. outras veÌ'sÕes do tÍtuÌo, O iSSN é útil em processos inforrnatiz:rtk rr; rltr r trr "1 "r"
títulos anteriores, formatos cle publicação, etc. atualização e conexões de bases de clados { lr'r rrl,' r'rr =- ì !

Até hoje, foram atribuiclos nais de um milhito de rssr,ts, transmìssão de informaçoes. Em bibÌiottllls. ltr"lr 'rrr 'lli ri
e a expansão da ÌssN Network [4O a 60 mit tituÌos por ano) nos processos de aquisici'ro de peritidicos. t orrlr,r| rl' 'r ' 'lrr I
indica que mlritos países estào conscientes da necessidade turas. empréstimos entre bibliotecas e lrsr) (lr r,rl'il"l" '
do controle bibÌiográlìco de periódicos. Essa rede constitui coletivos.
nÌecanismo para o cBli. A LJNESCo tem recomendado que os A agência internacional do ISSN slÌgerc (lll( rrt l,r.rlrrr 'r'l'
paÍses estabeleçarn selrs centros nacionais de tsSN, de na parte superior direita da capa e no verso tlrr lí'llr'r,lr r"'
preferência no âmbi1o d.Ì agêÌrcia bibliográfica nacior-raÌ. to de cada fascÍclllo, juntanente com as illlì)t rrrirl iri ri ltr r:ìl '
A ISo decidir-l considerar o ISSN LlÌlla norma. ao aprovar, sobre o Periódico. Em versÕcs em Ìinha dcvt llr"tt lrrrrlI rlì'
pelo seu comitê de docuÌÌtentaçào, a ÌSo 3297 1975. que titulo ou na páginâiniciaÌ e, no caso devers;t,, ( rrr' r' r';r'i: t
flxa diretrizes para o LÌso padroÌÌizado do Issll. .Essa norna na etiqueta de identificação.
deÍìne periódico corno publicação editada em partes suces- SegÌÌndo a NBR 105257/1988. o ISSN dev('iìlt,rr r L I r:rtrr
sivas, numeradas elÌ.Ì seqúência cronológica e prevista para bém junto ao registro de catalogaçào na Ptrl)li(;r' 'rrr' 'l rrl'ì
continuar indefinidânìeÌÌte. Essa deÍinição excìÌLÌi. portanto, da legenda bibliográfica na folha de rosto
obras em série coÌn nrimero previsto cle partes. A atribuição do IssN é 1êita corÌì base nos s('Ar IiI Il', |,,,ì tI','
Cada periódico recebe o titulo padronizado. o 'tÍtulo-cha, . a cada publicacãÌo seriada se atribui llrrr rrrrlí " !

ve'. formado pelo tÍtub. local dc publicaçào e datas de inicio que está ligado à fonna padronizada do titrrIr r lr'rt '
e firn da publicaçào (rìo caso de periódicos interrornpidos). . urll 1SSN só pode ser aloceldo urna ultit :r I r .' ' , ""
O titulo-chave individuiìliza o periódico e o distinglre de ou, periódico encenar slra publicaçào. seu ISSN s( trr:rrtli'r ' lrI
tros corìì o ÌÌìesÌÌro tÍtuÌo, cotÌto moslÍa o exernplo a scguir: culado a ele, sem ser reutilizado:
. no casode mudanca de titlÌlo. um 1Ìo\() ll;l"l ',r t,t tlri
buÍdo ao periódico:

84 85
=vr

. o ISSN pode seralribuído zÌ li\,'Íos publicados em colc- a organização e estruturação dã internet' cttt lr:tst s:r('llrl't"
que"gaÌantâm qualidâde às informações da lltrlt"
çòes; nesse caso os livros receberão o ISSN que identifica a
coleçào como um todo. alérn do lsBN que identificaria cada
volume individuaÌmeÌìtr': outÍos slstemas de identiÍicaçáo numérica
. suplementos. seçaxìs. subséries. ediçoes em outros O volume e a complexidade crescentes de publi< irr;t x's' I L
I t tt

idiornas podem r-t ceber rs:\ pt'óprios: da utillzação corrónte de processos informáticos llo I ll llvll ll
. mrÌdanças dc editora, lugâr de prrblicação, periodi- tittiogtaii"o, têm conduiido à criaQão de sistemrts tl<'Il'tt
cidade e política editorial não reqllererÌÌ a atribuiqào de novo tificação numérica paÌa outros tipos de materiais . (k'
ISSN, mas devem ser conlrnicaclâs ao centÍo nacional para À èxperiencia obtida com identificadores nun.ì(Ìì'i(l)s
atualizaçáo do cadastro rlo periódico. liwos e'periódicos tem sido aproveitada'- com fre<litcttt l'
em inici;tivas Íelativas a materiais náo bibliogrffìcos c rììiìls
Desde 1984. o ISSN está iÌrtegrado ao ÌtAN-Ì3, o sistema de
código de barras mais amplamerìte usado no mundo. Para recentemente, a publicações em linha'
a conslrução da sinrboliztrçào em barras utiliza-se o prefixo
977, que indica a categoria da publicâção, anteposto ao International Standard Music Number (ISMN)

ISSN. São acrescentados o rìÍrmero correspondente ao código Foi o qÌÌe ocorreu. por exemplo' com as publicaçõ€s musi'
de preço e dois dÍgil'rs variávejs. cais, que podem possuir agora o lnternational Standarcl
ú,-,.i"'ll"*U". (làrrrn), criaão em 1993' para identificar
seme-
ISSN no Brasil editores e obras musicais. O ISMN funciona de forma
lhante ao ISBN, tanto no que diz respeito ao gerenciamento
O controle bibliográfico de periódicos no Brasil tem sido,
desde muito tempo. uma das funções do Instituto Brasileiro ão sistema, quanto à estrutura do código utilizado' ,cujas
de Informâção em Ciênciâ e Tecnologia (latcT) que, a partir regras estão iistematizadas na norrna lso fO957/ 1993'
da década de 1950, produziu listas de periódicos, a última O sistema é administrado por uma agência intemacional
das quais foi o Guia de publícclçoes seriadas brasúleiras, em que promove, coordena e supervisiona os procedimentos
1987. Outra âlribuiçào do lBrcf è a organizaçào e manu- para utilizaçao do código e suâs aplicaçÕes Ela aprova a
àscoìha e a estruturâ de agências nacionais e regionais
e
tenção do Catálogo Coletivo Nacionâl de Publicacões Seria-
das. Essa institlrição apresentavâ-se, portanto, como o lhes fornece séúes de prefixos dos editores' As agências
espâço natural para abrigar o centro brasileiro do ISSN. nacionais ou regionais' por sua vez' são encarregadas de
criado eÌn 1975. airibuir o" pr.úo" aoJ editores sob sua jurisdiçáo' quotas
Os
de
editores ficain responsáveis por administrar as
AABr{r tem participaclo da consolidaçào desse mecanismo
de controle bibliográíico de periódicos. Aprovou â NeRlO525 / códigos que recebem.
1988, que flxa diretrizes para deÍinir e promover o uso do A agência internacional do lsMN, que funciona na
ISSN. Staatsbïliothek, de Berlim, publica o MusÍcpublishers' ínLer'
Em face do aparecinerìto de sistemas que úsam a iden- iattonat IIMN directory e aáministra a base de dados de
tificar partes especÍficas de publicaÇões, como o Digital de partituras musicais, que inclui cerca- de- 909r'i
Object ldentifier (ooD e o Serial Item and Conbibution lden- "àito.."
dos produtores de música impressa em todo o mundo',Atuarl-
tifier (SICD, o ISSN. qlre ider-Ìtificâ o periódico no todo, busca me;te, o trabaÌho da agência intemacional está voltado para
encontrar novas verterìtes paÍa continuar contdbuindo para a di\'ìrlgacão do sistema, a fim de sensibilizaÌ os editorcs

86 a7
-q

pâra sua importância e utilidade. Até agora, 4l pâises ou


regÍõesjá aderiram, no total de 17O0 ediiores cadãstrados. No Brasil, o centro nacional do IsMN cslir rrrll,rrlrr rr,r
Podem receber o rSMN os seguintes tipos de documentos: Biblioteca NacionâÌ, que pubìicou enì l1)1,{i rrrrrrll lrrr'l
. partiturasl orientar os editores na solicitação do nrilÌr(:rrr rrrrr rrrrrlll,lIr
. pârtituras paÌâ estudo ou de bolso: Internationãl Standard Audiovisual NumbeÍ (tg^Nl
. partituras vocais;
. conjuntos de partes; Produtores de trabaÌhos audioüsuais tambénr IXX k'll r r rl lll/r rl
. partes individuais, se disponiveis separadamente; um sistema de código numérico cujo objetivo a'kl('llllllr,
. folhas de música popular; rÌma obra audiovisual com um nttmero único e ìl(Ìr'uril| r't tlr',
. antologias; de modo a permitir que seja reconhecida sem anÌl)lAiìklrrL
. produtos multimidia quando constituirem parte e internacionalmente,
integrante de uma publicação musical (por exemplo, uma O International Standard Audiovisual Number {tsAN) l('l
fita gravacla que constitua parte de uma^composiçãoj; desenvolvido pelo comitê de documentação da IS() c l)iìl11)
o comentários ou letras de cançoes, quando publicados cinado pela lnternational Association for the Collcctivr'
juntamente corÌì a música impressa (se estiverem ãisponíveis Management ofAudioúsualWorks, IntemationaÌ Federaliotr
separadamente); of Film Producers' Associâtion e InternationaÌ Confederal ior t
. cancioneiros (song books) (opcional); of Authors' and Composers' Societies.
. pubÌicaçoes musicais em microformas: O sistema é administrado peÌa ISAN International Agen(y
. publicações musicais em braille: que coordena e mantém o registro centraL dos números [or-
. publicaçoesmusicaiseletrônicas. necidos. além de ser a responsável por supervisionar o tra-
balho das regístraüon agencies (agências de registo) do ISAN,
Não recebem o rSMN: liwos sobre música, gravações isolâdas que serão encarregadas de receber e processar os pedidos
de áudio ou údeo e periódicos e séries nã todo. Em alguns
de registro, fornecendo os respectivos códigos para os
casos taìvez seja diíicil decidir se um material constitui p;bh_
soìicitantes. O rsAN está no inicio de sua fase operacional e
caqão musicaJ, passivel de receber o ISMN. ou é üwá, que
do cadastramcnlo das agências nacionais.
terá o tsBN, Nesses casos, o material pode receber ambos, Na perspectivâ do sistema, audiovisual é um trabalho
O código é formado por dez dígitos, separados em quatro que consiste numa seqúência de imagens relacionadas, com
segmentos. O primeiro é â letra M que o distingue de óutros ou sem acompanhamento sonoro, preústa para ser úsua-
sistemas de identificaqão numérica; o segunão é o prefixo lizadâ como imagem móvel. por meio de mecanismos, inde
do editor: o terceiro corresponde ao tÍtulo que idàufica pendentemente do meio da gravaqão originaÌ ou subseqüente.
determìnada pubÌicação e, por último, o dÍgito áe verÍficação, O número lsAN pode, portanto, ser atribuido a todos os
que valida o número. como por exemplo: n,l Z3OO_Zt f g_2.
tipos de trabalhos audioüsuais, sejam filmes, curtas-me-
OISMN pode ser integrado ao sistema de código de barras
tragens. trcÍl,ers, produções para televisáo, inclusive episó-
EAN- 13, com o prefixo 979, como no seguinte eiemplo:
dios isolados de séries teleüsivâs. Íìhnes educâtivos e comer
lStr{N:M2306I1B7 ciais, eventos esportivos, noticiários, além de trabalhos
multimÍdia que contenham qualquer componente audioú-
sual significativo.
llllrilillt riltil IilililtIlil O código utilizado assemelha-se ao do tssr'l: não é um
I rrl90230ró7'i 1g7rl
descrilor de conleúdo. mas um núlnero'cego'. orÌ seja. náo

88
89
I
contém códigos ou elementos significauvos, ao contrário AcÌnìinistrado pela lnternational Dol Foulì(l:rlll)tr' (r
do ISBN, cujos segmentos representam o país ou região onde sistema foi lançado ern Ì 997' na Feira Internacion:rl t l I l'lvt o,
o li\To foi pubìicado, sua editora e o título da obra, como, por em Frankfurt. e. até o momento' milhões de números lirliÌrrr
exemplo: ISAN 006 Â- 15FA,OO2B-C95!- À. fornecidos pelas Dol Reglstration Agencies nos lisl:ttlori
E importante salientar outra caracteristica peculiar do Unidos, Europa, Ásia e Austrália. Tendo suÍgido no Iltttttl.
ISAN: ele não identifica a publicaÇão ou material audioüsual. editorial. o sistema atuâlmente é mais utilizado por edilorrrs
mas a obra. Isso significa que, ao contrário do rSBN, que tradicionais qlre trabalhavam com mateÍiais impressos ('
aloca um número diferente para cada forrrrato de um Ìivro, hoje oferecem paralelamente seus Produtos na interne(
o ISAM fornece um único número para a obra independente- O ool pocìe ser atribuido a artigos de periódicos, verbctcs
mente dos vários formatos em que seja produzÌda. de enciclopédias, imagens, lil,'ros eletrÔnicos, enfirn, qual-
Um sistema suplementar está sendo desenvolúdo em quer conteúdo intelectual que prccise ter seus direitos dc
colaboraÇão com a Society of Motion Picture and Teleúsion propriedade protegidos. trssa é' Portanto' a flrnção original
Engineers, dos EUA, e outras organizações, para permitir a do DoI que, ao lado da função identificadora, permite aos
identificacão das várias versões da obra audioúsual, utili- produtores de documentos digitais gerenciar suas transa-
zando o ts,qt como base. çÕes com maior eficácia.
As funções do rSAN, além da de identificação, são perrnitir O DoI é formado por dois componentes: um prefúo e um
a autores, produtores e distribuidores de obras audioüsuais suf*o. Os prefixos são forrÌecidos pelas agências de registro
acomparúar a utilização de seus produtos; verificar registros e identiÍìcarão as organizações produtoras. O suflxo, sepa
de tituios e possibilitar ações contra a piratâÌia, além de rado do prefixo por um travessão' é definido pela própria
auxiliar as associações controÌadoras de direitos âutorais produtora e irá identficar determinado obieto dlgital' A orga-
no gerenciamento de seus processos, nização produtora deve certificar se de que esteja atribuindo
Essas agências, por sua vez, também mantêm sistemas um número único e permanente para cada objeto digital,
de numeração p a identificação de mateíais, como é o ou parte dele, cle forma a permitir sua identificação precisa'
caso da International Federation ofthe phonographic Indus- Esse número pode ser, por exemplo, um código ISBN que o
try (IFPI) que criou e mantém o International Standard documento já possua. Esse procedimento üsa a evitar a
Recording Code (rSRcì. Destinado â identificar gravacoes de centralização no fornecimento dos nÍtmeros, tornando o
som e üdeogravaçòes de música, o rSRC foi criado para sistema Dol mais ágil.
garantir o controle de pagamentos de direitos autorais pelo A indústria editodal vem percebendo a importânciâ de
uso desses materiais. A Mpt representa atual[rente I45O manter a inlernet como plataforrna de informacão orga-
membros da indústria fonográíica de 75 paises e associâQões nizada e de qualidade, a1ém da necessidade de gaÍantir
afiliadâs à indúslria em 45 paises. transaeões mais eficazes CÓdigos de identilìcaçáo numérica
podem ser instrumentos úteis para tal fim.
Digital Object ldentiÍier (Dor) Desenvolvidos inicialmente no mundo da publicação
Atualmente, comeqam a surgir sistemas destinados a iden- impressa, os identificadores numéricos, quando aplicados
tificar pllblicaçoes da internet. O Digital Obiect Identifier ao mundo digitaÌ, cumprem a funcão originaÌ de identiÍìcação
(Dor) é um sistema numérico que permite a identificação e ampliam suas possibilidades. ao permitir também o
Ílnica e precisa de informação veiculada na interrìet, faci- controle de direitos autorais.
litando as transaçÕes entre usuários e produtores.

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T

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internatior.Ìal.orglindex.html Acesso em:. 24/ 6 /2OO5. evoìuçào 26-28 The UniversaÌ Librâry 16- 17
funções 26-28 Dublin Core 62 64
ÌÌo Brâsil 28 30 Federâção Internâcional de Iníor-
oÌigem 20 2I maqão e Documentâção lÌ, Ì6
Functional Requirements lor
câtaÌogação cooperativâ 68-70 Bibliogrâphic Records 61
no BrâsiÌ 69 70
catâlogação nâ foÌÌte 70 77 IFLA-CDNL Alliance for Bibliogra-
catalogação na publicacáo 70 77 phic Stândards 14 15
no Prãsil75 77 Instit!Ìto InteÌrÌacional de BibÌio
código da Vâlìcana 65 66 grâfiâ Ì0-l I
Conferênciâ InteÌnacionaì sobre Internationâl Standard Audioú-
Princípìos de CâtâIogação 59 sual Number 89 90
Controle BibÌiográíico UniversaÌ estrutrÌra do número 90
I, t7 lunções 90
conceito 2-3 origeÌn 89
evolução 14 lnteÌnâtionâI Standard BibliogÍa
origem 2, 12-Ì3 phic Description 60

92 93
ÌÌrteÌrational Siârr(laÌ (l li()ok peÌiócìico cientifico I I
Nunrlrer 78 83 origcÍì Ì Ì
âgência brasileira 82 Pürakes l-2
agôncia últcrnacional 79 ÌrreseÌaraqiìo do patrirnònio d(x u
estrutlrra do núDero E0 81 menlal 4 8
localizaçã() d() nirÌneÌo 8 Ì fì2 progrâÌnâs 15 16
no Brâsil 82-83 razões par:ì ÌrreseÌvar 4 6
origenÌ 78'79 Progrârìr:ì Gerâl de Informâção 12
InLfl'nationaÌ 51aìrd:ìrrl Music
Nunber 87 89 rccle Bibliodâta 70
âgência brasileira 89 Rerü ào lnternacionaÌ de Especia
agôÌìcia internacrional 87 BB Ìistas enì Catalogâção 59
estluiÌrrâ do nÍüÌ-Ìeì o slJ SeÌf iço clc lntcrcãÌnbìo clc Catalo-
IÌìiefilationâl Stândard ScÌ Ìal gaqào 59
Numbcr 83-87 sisterÌas de icleÌrtilicâção nrÌméri
agêÌlcia brasiÌeira 86 câ de doauÌìentos 78 92
agêÌrcia jnteÌllacionâl 84 Dor 90 9l
eslÌ'LÌtura do nÌinero 85 rs^N 89-90
ÌocaÌizaçào do nrimero 85 rsrJN 78 83
Ììo ljÌ'asil 86 87 rsMN 87 89
origerìì 83 rssN 83-87
MARC] 59
NN|IS Ì2 Unisisi l2
Universal Bibliographìc Control
pâclronizâção da clescrÍlào bibÌio- and ìnlernationaÌ MARC 1,1
gráíica 57-67

94

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