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AS REFORMAS E BANCA
BANCA
B A DESAFIOS DA BANCA BA
BANCA

ANGOLANA
NO ÂMBITO DO
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PROGRAMA
ECONÓMICO DO FMI

Tribunal de Contas
revela pagamento
ilegal de 17 milhões
DIRECTOR CARLOS FERREIRA
EDIÇÃO N.º
589 | 14 DE JUNHO DE 2019
USD a privados
LUANDA 700 KWANZAS

Recuperação de activos

Manuel Vicente e
Kopelipa deixam
de controlar
31% do Banco
Económico | P36

Recomendações

Executivo tem
até Setembro
para atender
às exigências
da OIT | P08
■ D.R.

ESPECIAL INFORMAÇÃO SOCIEDADE ECONOMIA DOSSIER

DENÚNCIA Sérgio Moro e PIRATARIA Sonangol SAÚDE Hospitais sem
procurador combinaram continua a braços com aterros próprios para
sentença de Lula | P02 as consequências do tratar lixo | P24
ataque cibernético | P30

POLÍTICA
MPLA Pombolo afasta
INE Luanda e Huíla expulsão de Tchizé, mas
lideram índice de jovens vai analisar acusação de
sem escolaridade | P18 «ditador» a JLo | P06
 Editorial Especial Informação

THE INTERCEPT — «AS MENSAGENS SECRETAS DA LAVA JATO»

Um dia talvez aprendam

a respeitar-nos Sergio Moro
P
assaram-se mais de quatro décadas desde que escolhemos esta
profissão. Para a vida. Não nos enganaram quando no-la descreveram
como uma opção pouco propícia a grandes alegrias ou a grandes
resultados, quer do ponto de vista material quer da projecção da nossa acção
junto daqueles para quem dirigimos o nosso trabalho.
E fomos sentindo, das mais diversas maneiras, que o resultado de milhares
de quilómetros de textos, artigos, opiniões, crónicas, críticas, elogios,
e procurador
combinaram
pensamentos, previsões, constatações terá surtido algum efeito entre o(a)s
pouco(a)s que, teimosamente, nunca nos deixaram de ler, de ouvir ou de ver.
Nunca pretendemos ser donos de todas as verdades nem cidadãos acima do
comum dos mortais, sujeitos, por isso, a erros, a visões erradas, a pontos de
vista discutíveis, como tudo na vida.

sentença de
Nunca andámos a alardear o que fizemos ou deixámos de fazer mas, ao
mesmo tempo, sempre nos recusámos a viver em cima do muro, fingindo que
não víamos o que se passava à nossa volta.
Estando à vista de todos o que fizemos, fazemos e continuaremos a fazer,
ganhámos consciência de que éramos mais vulneráveis que praticamente todos

Lula da Silva
os outros. Que os juízos de valor seriam sempre repartidos entre a
concordância e a discordância, entre o assentimento e a reacção contrária e,
em alguns momentos mais difíceis, entre o que gostavam que escrevêssemos e
o que a nossa consciência nos dizia para fazer.
Também aí aprendemos que o unanimismo é o pior inimigo do progresso e
da democracia. Que a concordância cega e absoluta não é saudável para
ninguém, como não o é o acto de discordar só por discordar, sem um
pensamento alternativo, sem propostas concretas, sem fundamentar com
O The Intercept Brasil acaba de publicar três
inteligência e consciência o que está(va) errado e corria mal. matérias exclusivas e explosivas baseadas em
A nossa escola profissional — ao contrário do que hipocritamente alguns
vão tentando vender desde há muitos anos, contrariando em si mesmo à mensagens trocadas entre integrantes da Lava
partida o que dizem defender — nunca passou por “vender” uma imagem
supostamente isenta, acima de tudo e de todos. Nunca se vestiu de uma
Jato em Curitiba, como o procurador Deltan
pretensa ausência de opinião, em nome de um afastamento político e cívico de Dallagnol, e outras pessoas importantes, como o
cada acontecimento, o que não seria, desde logo, humanamente possível.
Nunca se cingiu aos factos, como pretendem os grandes mecanismos da ex-juiz Sergio Moro. As conversas foram obtidas
comunicação social mundial, que nos enganam todos os dias, pois só nos
apresentam os factos que lhes interessam e na perspectiva do que possa
há algumas semanas pelo The Intercept através
defender os privilégios e as prerrogativas dos grandes grupos económicos a de uma fonte anónima. As reportagens dão início
que estão sempre associados.
à série «As mensagens secretas da Lava Jato».
Também aí aprendemos que o unanimismo ◗ THE INTERCEPT BRASIL
é o pior inimigo do progresso e da democracia. A Lava Jato foi a saga investigativa que le- seu trabalho em segredo, impedindo o
Que a concordância cega e absoluta vou à prisão o ex-presidente Lula no últi- público de avaliar a validade das acusa-
mo ano. Uma vez sentenciado por Sergio ções contra eles. É isso que torna este
não é saudável para ninguém Moro, sua condenação foi rapidamente acervo tão valioso do ponto de vista jor-
confirmada em segunda instância, tor- nalístico: pela primeira vez, o público
nando-o inelegível no momento em que vai tomar conhecimento do que esses
Em cada momento da nossa História, desde que passámos a ter alguma voz, todas as pesquisas mostravam que Lula juízes e procuradores estavam dizendo
tomámos posições, defendemos valores, princípios, atitudes. E pagando às — que terminou o segundo mandato, em e fazendo enquanto pensavam que nin-
vezes um preço muito alto, sempre e acima de tudo de acordo com a nossa 2010, com 87% de aprovação — liderava a guém estava ouvindo.
consciência, com a nossa perspectiva e dos seus múltiplos contornos. corrida eleitoral de 2018. Sua exclusão da As reportagens demonstram, entre ou-
Teremos errado tanto como acertámos. Teremos falhado tanto como eleição, baseada na decisão de Moro, foi tros elementos, que os procuradores da
tivemos sucesso. É mais do que evidente que continuaremos a ser o alvo mais uma peça-chave para abrir um caminho Lava Jato falavam abertamente sobre seu
fácil, mais simples, mais mediático. Porque é sempre mais fácil sermos para a vitória de Bolsonaro. A importân- desejo de impedir a vitória eleitoral do PT
criticados. Porque não podemos agradar a “gregos” e a “troianos”. E porque cia dessa reportagem aumentou ainda e tomaram atitudes para atingir esse ob-
temos sempre de contar com aqueles que, por feitio, vendo a bola redonda, são mais depois da nomeação de Moro ao jetivo; e que o juiz Sergio Moro colaborou
capazes de gritar que ela é quadrada até que nós, num assomo de desespero, Ministério da Justiça. de forma secreta e antiética com os pro-
concordamos, só para não os ter de aturar. E nesse preciso momento, respondem- Moro e os procuradores da Lava Jato são curadores da operação para ajudar a
-nos que a bola é mesmo redonda... A verdade é que, como tudo na vida, o mais figuras altamente controversas aqui e no montar a acusação contra Lula. Tudo
difícil é, sem nos pormos à venda nem servirmos de “voz do dono”, manter o mundo — tidos por muitos como heróis isso, apesar das sérias dúvidas internas
equilíbrio, a ponderação, dar voz aos que a devem ter, pô-los a discutir, a debater, anticorrupção e acusados por tantos ou- sobre as provas que fundamentaram as
ainda que tenhamos a nossa própria visão de um dado acontecimento. E, errando tros de serem ideólogos clandestinos de acusações e enquanto o juiz continuava a
ou acertando, vendo bem ou menos mal à distância, falhando ou acertando um direita, disfarçados como homens da lei fingir ser o árbitro neutro neste jogo.
prognóstico que ninguém nos possa dizer, gostando muito ou pouco do que apolíticos. Seus críticos têm insistido que O único papel do The Intercept Brasil na
fazemos, que o que nos saiu de dentro foi resultado de uma qualquer encomenda, eles exploraram e abusaram de seus po- obtenção desse material foi seu recebi-
de uma qualquer “ordem superior”, de um qualquer “favor” seja a quem for. deres na justiça com o objetivo político de mento por meio de nossa fonte, que nos
Alguns (algumas) deveriam passar por aqui, estar numa banca durante alguns evitar que Lula retornasse à Presidência e contatou há diversas semanas (bem an-
meses, ter de decidir o que pode ou não ser justo, o que pode ou não ser destruir o PT. Moro e os procuradores têm tes da notícia da invasão do celular do mi-
verdadeiro, ou que não deve ou não ser publicado. Não ficariam por aqui muito negado, com a mesma veemência, qual- nistro Moro, divulgada nesta semana, na
tempo. A menos que fossem de preço fácil. E não há nada nem ninguém que valha quer aliança ou propósito político, dizen- qual o ministro afirmou que não houve
uma consciência tranquila. Talvez um dia, só por isso, sem ser preciso gostar da do que estão apenas tentando livrar o Bra- “captação de conteúdo”) e nos informou
nossa cara ou do que escrevemos, entendam o respeito que merecemos.■ sil da corrupção. de que já havia obtido todas as informa-
Mas, até agora, os procuradores da ções e estava ansiosa para repassá-las a
Lava Jato e Moro têm realizado parte de jornalistas.

| 2 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019

LAVA JATO COMPROMETIDA?
Reportagens mostram que Sergio Moro colaborou de forma secreta e antiética com os procuradores da Lava Jato para ajudar a montar a acusação contra Lula
Informar à sociedade questões de in-
teresse público e expor transgressões fo-
ram os princípios que nos guiaram du-
rante essa investigação, e continuarão
sendo conforme continuarmos a noti-
ciar a enorme quantidade de dados a
que tivemos acesso.
O enorme volume do acervo, assim
como o fato de que vários documentos in-
cluem conversas privadas entre agentes
públicos, nos obriga a tomar decisões jor-
nalísticas sobre que informações deve-
riam ser noticiadas e publicadas e quais
deveriam permanecer em sigilo.
Ao fazer esses julgamentos, emprega-
mos o padrão usado por jornalistas em
democracias ao redor do mundo: as in-
formações que revelam transgressões ou
engodos por parte dos poderosos devem
ser noticiadas, mas as que são puramen-
te privadas e infringiriam o direito legíti-
mo à privacidade ou outros valores so-
ciais devem ser preservadas.
A bem da verdade, ao produzir reporta-
gens a partir desses arquivos, somos
guiados pela mesma argumentação que
levou boa parte da sociedade brasileira —
aí incluídos alguns jornalistas, comenta-
ristas políticos e ativistas — a aplaudir a
publicidade determinada pelo então juiz
Moro das conversas telefónicas privadas
entre a presidente Dilma Rousseff e seu
antecessor Luiz Inácio Lula da Silva (em
◗ Os procuradores
[da LJ] falavam [...]
sobre seu desejo
de impedir a
vitória [...] do PT
que discutiam a possibilidade de o ex-pre-
sidente se tornar ministro da Casa Civil),
logo reproduzidas por inúmeros veículos
de mídia. A divulgação dessas ligações
privadas foi crucial para virar a opinião
do público contra o PT, ajudando a prepa-
rar o terreno para o impeachment de Dil-
ma em 2016 e a prisão de Lula. O princípio
invocado para justificar essa divulgação
foi o mesmo a que estamos aderindo em
nossas reportagens sobre esse acervo: o
de que uma democracia é mais saudável
quando ações de relevância levadas a
cabo em segredo por figuras políticas po-
derosas são reveladas ao público.
Mas a divulgação feita por Moro e di-
versos veículos da imprensa dos diálogos
privados entre Lula e Dilma incluíam
não apenas revelações de interesse pú-
blico, mas também comunicações priva-
das de Lula sem qualquer relevância para
a sociedade — o que levou muitas pes-
soas a argumentarem que a divulgação
■ D.R.
tinha o propósito de constranger pes-
soalmente o ex-presidente. Ao contrário
deles, o The Intercept decidiu manter re-
servada qualquer comunicação ou infor-
mação relacionada com Moro, Dallagnol
e outros indivíduos que seja de natureza
puramente privada e, portanto, despro-
vida de real interesse público.
Tomamos medidas para garantir a se-
gurança deste acervo fora do Brasil para
que vários jornalistas possam acessá-lo,
assegurando que nenhuma autoridade
de qualquer país tenha a capacidade de
impedir a publicação das informações.
Ao contrário do que tem como regra, o
The Intercept não solicitou comentários
de procuradores e outros envolvidos nas
reportagens para evitar que eles atuas-
sem para impedir sua publicação e por-
que os documentos falam por si. Entra-
mos em contato com as partes mencio-
nadas imediatamente após publicarmos
as matérias, que atualizaremos com os
comentários assim que forem recebidos.
Tendo em vista o imenso poder dos
envolvidos e o grau de sigilo com que
eles operam — até agora —, a transpa-
rência é crucial para que o Brasil tenha
um entendimento claro do que eles
realmente fizeram. A liberdade de im-
prensa existe para jogar luz sobre aquilo
que as figuras mais poderosas de nossa
sociedade fazem às sombras.
SEXTA-FEIRA
Presidenciais de 2018
Procuradores
«tramaram»
para impedir
que PT
ganhasse
Em chats privados, procuradores
reagiram indignados ao saber que
ex-Presidente falaria à Folha e cele-
braram quando acção do Partido
Novo impediu a entrevista.
Em extenso lote de arquivos secretos
revela que os procuradores da Lava Ja-
to, que passaram anos insistindo que
são apolíticos, tramaram para impe-
dir que o PT ganhasse a eleição presi-
dencial de 2018, bloqueando ou enfra-
quecendo uma entrevista pré-eleitoral
com Lula com o objetivo explícito de
afetar o resultado da eleição.
Os arquivos, a que o The Intercept
teve acesso, contêm, entre outras
coisas, mensagens privadas e de
grupos da força-tarefa no aplicativo
Telegram. Neles, os procuradores da
força-tarefa em Curitiba, liderados
por Deltan Dallagnol, discutiram
formas de inviabilizar uma entre-
vista do ex-Presidente Lula da Silva à
colunista da Folha de S.Paulo Mônica
Bergamo, autorizada pelo ministro
do Supremo Tribunal Federal, Ricar-
do Lewandowski, porque, em suas
palavras, ela “pode eleger o Haddad”
ou permitir a “volta do PT” ao poder.
Os procuradores, que por anos ga-
rantiram não ter motivações políticas
ou partidárias, manifestaram repeti-
damente nos chats a preocupação de
que a entrevista, a ser realizada a me-
nos de duas semanas do primeiro tur-
no das eleições, ajudaria o candidato à
Presidência pelo PT, Fernando Haddad.
Por isso, articularam estratégias para
derrubar a decisão judicial de 28 de Se-
tembro de 2018, que a liberou — ou,
caso ela fosse realizada, para garantir
que fosse estruturada de forma a redu-
zir seu impacto político e, assim, os be-
nefícios eleitorais ao candidato do PT.
■ D.R.
Legalidade da prisão de Lula posta em causa
14 de Junho 2019 |3|
 Especial Informação
LAVA JATO COMPROMETIDA?
Procurador «Até agora
tenho receio»
As conversas fazem parte de
um lote de arquivos secretos
enviados ao The Intercept
por uma fonte anónima há
algumas semanas.
◗ THE INTERCEPT BRASIL
Faltavam apenas quatro dias para que a
denúncia que levaria o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva à prisão fosse apre-
sentada, mas o coordenador da força-ta-
refa da Lava Jato em Curitiba tinha dúvi-
das sobre a solidez da história que conta-
ria ao juiz Sergio Moro. A apreensão de
Deltan Dallagnol, que, junto com outros 13
procuradores, revirava a vida do ex-presi-
dente havia quase um ano, não se devia a
uma questão banal. Ele estava inseguro
justamente sobre o ponto central da acu-
sação que seria assinada por ele e seus co-
legas: que Lula havia recebido de presente
um apartamento triplex na praia do Gua-
rujá após favorecer a empreiteira OAS em
contratos com a Petrobras.
As conversas fazem parte de um lote de
arquivos secretos enviados ao Intercept
por uma fonte anônima há algumas se-
manas (bem antes da notícia da invasão
do celular do ministro Moro, divulgada
nesta semana, na qual o ministro afir-
mou que não houve “captação de conteú-
do”). O único papel do The Intercept foi re-
ceber o material da fonte, que nos infor-
q já
mou que j havia obtido todas as infor-
mações e estava ansiosa para repassá-las
a jornalistas. A declaração conjunta dos
editores do The Intercept e do Intercept
Brasil explica os critérios editoriais usa-
dos para publicar esses materiais, in-
cluindo nosso método para trabalhar
com a fonte anônima.
No dia 9 de Setembro de 2016, precisa-
mente às 21h36 daquela sexta-feira,
Deltan Dallagnol enviou uma mensa-
gem a um grupo baptizado de Incendiá-
| 4 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019
rios ROJ, formado pelos procuradores
que trabalhavam no caso.
Ele digitou: “Falarão que estamos acu-
sando com base em notícia de jornal e
indícios frágeis… então é um item que é
bom que esteja bem amarrado. Fora
esse item, até agora tenho receio da li-
gação entre Petrobras e o enriqueci-
mento, e depois que me falaram to com
receio da história do apto… São pontos
em que temos que ter as respostas ajus-
tadas e na ponta da língua”.
As matérias de jornais a que o procu-
rador se referiu são as dezenas citadas
na peça de acusação. Dallagnol fazia
sua última leitura da denúncia e deba-
tia o texto com o grupo, analisando pon-
to a ponto cada item que seria oferecido
à 13.ª vara de Curitiba, onde Sergio Moro
atuava como juiz.
Naquele dia, ninguém respondeu à dú-
vida de Dallagnol: se o apartamento tri-
plex poderia ser apontado como propina
para Lula nos casos de corrupção na Pe-
trobras. O documento seria anunciado ao
público, com direito a um hoje famoso
PowerPoint, dali a poucos dias.
◗ «Então
é um item que
é bom que esteja
bem amarrado»
Sem essa ligação, o caso não poderia ser
tocado em Curitiba, onde apenas ações
relacionadas à empresa eram objeto de
investigação. A ligação do apartamento
com a corrupção na petrolífera tinha ge-
rado uma guerra jurídica nos primeiros
meses daquele 2016. De um lado, o Minis-
tério Público do Estado de São Paulo. Do
outro, a força-tarefa de Curitiba.
Caso o caso ficasse em São Paulo, não
seria julgado por Sergio Moro, o atual mi-
nistro da Justiça de Jair Bolsonaro e ex-
-juiz que ajudou coordenar a operação
quando era o encarregado pela 13.ª Vara
Federal de Curitiba, como mostram diálo-
gos revelados pelo Intercept.
O MPSP já investigava o caso Bancoop
muito antes de Curitiba. Em uma dispu-
ta que envolveu até mesmo o Supremo
Tribunal Federal, a Lava Jato tentava ti-
rar o caso das mãos dos paulistas para
denunciar e julgar Lula em Curitiba.
Para isso, o imóvel de Lula precisaria
obrigatoriamente ter relação com a cor-
rupção na Petrobras.
Não era o entendimento dos promo-
tores de São Paulo. Em Março de 2016,
ao recorrerem de uma decisão judicial
que jogava o caso nas mãos de Dallag-
nol, eles disseram: “Em 2009/2010 não
se falava de escândalo na Petrobras.
Em 2005 quando o casal presidencial,
em tese, começou a pagar pela cota-
-parte do imóvel, não havia qualquer
indicação do escândalo do ‘petrolão’. Ao
contrário,, estávamos no p período tem-
poral referente ao escândalo do ‘men-
salão’. Não é possível presumir generi-
camente e sem conhecer detidamente
as investigações que tramitam pe-
rante a 13.ª Vara Criminal Federal de
Curitiba que tudo tenha partido de
corrupção na estatal envolvendo
desvio de recursos federais.”
Mas a Lava Jato venceu e, pouco
tempo depois, os procuradores
conseguiram tirar o caso de São
Paulo alegando que o caso do
triplex tinha, sim, envolvimento
com a Petrobras. Agora, com a re-
velação das conversas secretas do
grupo da Lava Jato, descobre-se que
os procuradores blefaram — eles não
tinham certeza dessa relação nem
mesmo poucas horas antes de apre-
sentarem a denúncia.
E, assim, o caso parou no colo
do aliado Sergio Moro.
■ D.R.
Revelações deixam Moro em apuros
Sérgio Moro
«Não é muito
tempo sem
operação?»
Moro e Deltan trocaram mensagens
de texto que revelam que o então juiz
federal foi muito além do papel que
lhe cabia quando julgou casos da Lava
Jato (LJ). Em diversas conversas pri-
vadas, até agora inéditas, Moro suge-
riu ao procurador que trocasse a or-
dem de fases da LJ, cobrou agilidade
em novas operações, deu conselhos
estratégicos e pistas informais de in-
vestigação, antecipou ao menos uma
decisão, criticou e sugeriu recursos ao
Ministério Público e deu broncas em
Dallagnol como se ele fosse um supe-
rior hierárquico dos procuradores e
da Polícia Federal.
“Talvez fosse o caso de inverter a or-
dem das duas planejadas”, sugeriu
Moro a Dallagnol, falando sobre fases
da investigação. “Não é muito tempo
sem operação?”, questionou o atual
ministro da Justiça de Jair Bolsonaro
após um mês sem que a força-tarefa
fosse às ruas. “Não pode cometer esse
tipo de erro agora”, repreendeu, se re-
ferindo ao que considerou uma falha
da Polícia Federal. “Aparentemente a
pessoa estaria disposta a prestar a in-
formação. Estou então repassando. A
fonte é séria”, sugeriu, indicando um
caminho para a investigação. “Deve-
ríamos rebater oficialmente?”, per-
guntou, no plural, em resposta a ata-
ques do PT contra a Lava Jato.
A Constituição brasileira estabeleceu
o sistema acusatório no processo pe-
nal, no qual as figuras do acusador e do
julgador não podem se misturar. Nesse
modelo, cabe ao juiz analisar de ma-
neira imparcial as alegações de acusa-
ção e defesa, sem interesse em qual
será o resultado do processo. Mas as
conversas entre Moro e Dallagnol de-
monstram que o atual ministro se in-
trometeu no trabalho do Ministério Pú-
blico — o que é proibido — e foi bem re-
cebido, atuando informalmente como
um auxiliar da acusação.
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 Política COMITÉ CENTRAL ■ QUINTILIANO DOS SANTOS

SUSPENSÃO

MPLA
promete
analisar
acusação
de «ditador»
proferida
por Tchizé
Secretário para Informação garante que as
portas para Tchizé dos Santos não estão
fechadas, e que não existe pretensão de
expulsão, mas não descarta analisar acusação
de «ditador».
◗ NOK NOGUEIRA/LUSA

Tchizé dos Santos desafiou o presidente do seu partindo, questionando quem era o «ditador»

O MPLA promete analisar as acusações
proferidas por Tchizé dos Santos, que
chamou o actual presidente do partido
de «ditador» num dos áudios em reac-
ções à notícia da sua suspensão pelo
Comité Central, que lhe instaurou
igualmente um processo disciplinar.
Em entrevista esta quinta-feira à
Agência Lusa, o secretário para a Infor-
mação do MPLA, Paulo Pombolo, consi-
derou as palavras de Tchizé dos Santos
“absurdas” e “graves” que gostava de
ver a deputada a provar.
“Exigir a destituição do Presidente
João Lourenço? Acusar o Presidente de
ser um ditador? De estar a fazer um
golpe de Estado às instituições em An-
gola? Tem provas? São palavras absur-
das e declarações graves, muito gra-
ves, que o partido vai analisar”, disse à
Lusa Paulo Pombolo, afastando, para
já, uma acção que viesse a resultar na
expulsão de Tchizé dos Santos. “Não
está sequer equacionada”, garantiu.
Pombolo disse também que a sus-
pensão pelo Comité Central do MPLA
de Tchizé não inviabiliza a sua presen-
ça no conclave deste sábado, 15, mas,
se o fizer, terá de o fazer como uma
“simples” militante.
“Não foi expulsa. Foi suspensa. Pode
participar na qualidade de simples mi-
◗ «São palavras
absurdas e
declarações graves,
muito graves, que o
partido vai analisar»
litante”, avançou, adiantando, porém,
não haver indicações da presença de
Tchizé dos Santos no conclave extraor-
dinário de sábado.
O secretário para a Informação do
MPLA disse ainda que a suspensão de
Tchizé dos Santos foi apenas a nível do
do Comité Central e que a decisão foi
tomada para que possa ser ouvida na
Comissão Nacional de Disciplina e Au-
ditoria do partido.
O Comité Central suspendeu Tchizé
dos Santos no âmbito de um processo
disciplinar instaurado no mesmo dia.
“Aquele órgão deliberativo máximo
do MPLA no intervalo dos congressos
aprovou a instauração de um processo
disciplinar e a aplicação da medida de
suspensão de membro do Comité Cen-
tral à camarada Welwitschea José dos
Santos, por conduta que atenta contra
as regras de disciplina do partido”,
anunciou o Comité Central do MPLA
em comunicado no âmbito no final da
sua 5.ª Sessão Extraordinária.
Tchizé dos Santos disse, a 10 de Maio do
corrente, em entrevista à Lusa, que o ac-
tual chefe de Estado de Angola está a fa-
zer um “golpe de Estado às instituições” e
pedia a destituição de João Lourenço.
Tchizé disse, na ocasião, que as auto-
ridades angolanas pretendem impedir
de sair de Angola várias figuras liga-
das ao período da governação de seu
pai (1979-2017).
Na sua opinião, ela era uma das visa-
das por ser uma voz que contesta algu-
mas das orientações de João Lourenço.
“O Presidente da República é conivente
porque nada faz”, disse Tchizé dos Santos,
questionando quem de facto era o “dita-
dor”, se o seu pai ou João Lourenço.

| 6 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019


Órgão da PGR averigua
«ilícitos criminais» na
actuação de Rui Ferreira
A Direcção Nacional de Prevenção e
Combate à Corrupção (DNPCC), órgão
da Procuradoria-Geral da República
(PGR), tem em curso um inquérito
para apurar se há ou não «indícios de
ilícitos criminais» na actuação do ac-
tual juiz conselheiro presidente do
Tribunal Supremo, Rui Ferreira, apu-
rou o NJ de fonte próxima do assunto.
Fonte daquele órgão disse ao NJ que
se trata de um procedimento formal,
que visa apurar se, em função dos da-
dos tornados públicos, existirá maté-
ria passível de um processo-crime.
Após denúncia pública apresentada
em forma de carta pública por dois
antigos sócios da empresa Arosfran,
dando conta do envolvimento de Rui
Ferreira no negócio que ditou a venda
do grupo empresarial, na sequência
da inclusão e prisão em 2017, nos Es-
tados Unidos, do sócio libanês Kas-
sim Tajideen, acusado de pertencer à
organização Hezbollah, considerada
terrorista pelos EUA.
Entre 1995 e 1998, o escritório de ad-
vogados de Rui Ferreira e Guilhermi-
na Prata foi constituído advogado do
Grupo Arosfran, relação que prevale-
Rui Ferreira justificou que não agiu como advogado no caso, mas como “facilitador”
■ QUINTILIANO DOS SANTOS
ceu até à indicação de Rui Ferreira
para o Tribunal Constitucional.
Na semana passada, um pedido de
abertura de um inquérito para apurar
responsabilidade criminal deu entra-
da na PGR, subscrito por mais de uma
dúzia de cidadãos angolanos.
Em causa coloca-se o facto de Rui Fer-
reira ter actuado como facilitador do
negócio numa altura em que já se en-
contrava nas vestes de juiz conselheiro
presidente de um tribunal superior.
Rui Ferreira, em reacção ao Maka An-
gola, do jornalista Rafael Marques, jus-
tificou a sua intervenção no negócio
Presidente do Conselho Directivo da ERCA, Adelino Marques de Almeida, no centro da polémica
com “uma missão de bons ofícios”.
“O que fiz foi uma missão de bons
ofícios, por sinal bem-sucedida e
aceite pelas duas partes. Não agi
como advogado de nenhuma delas,
Clima na ERCA continua
mas sim como ‘facilitador’ do acor-
do”, argumentou, defendendo-se.
Os subscritores da petição garanti-
de «cortar à faca» entre
ram ter documentos que comprovam
que parte do dinheiro das vendas da
Arosfran, bem como da Afribelge Gol-
membros de direcção
frate, que teria circulado pelas contas
da empresa AllComerce, controlada Os tempos sucedem-se e muitas são as De acordo com fontes deste jornal, dois
pelo filho de Rui Ferreira. ◗ N.N. mudanças que se impõem, e muitas de- dos conselheiros da ERCA escreveram re-
las requererem alteração comportamen- centemente à Assembleia Nacional a
■ D.R. tal que podem ditar um reposicionamen- manifestar o desconforto com a forma
to dos objectivos e das metas traçadas a como o seu presidente, Adelino Marques
alcançar, uma realidade que não parece de Almeida, tem conduzido o órgão.
estar a ser muito mal interpretada ao ní- Entre as reclamações feitas que chega-
vel do Conselho Directivo da Entidade Re- ram ao Parlamento consta que o presi-
guladora da Comunicação Social Angola- dente do Conselho Directivo tem decidido
na (ERCA), onde o clima entre os conse- de forma unilateral e arbitrária não ins-
lheiros continua de «cortar à faca». crever na ordem de trabalho assuntos
Desde que tomaram posse na Assem- propostos por membros que não foram
bleia Nacional que o órgão tem sido pro- indicados pelo MPLA naquele organismo.
tagonista de constantes crispações en- Nesta segunda-feira, 10, a reunião
volvendo o presidente do Conselho Di- marcada pela 10.ª comissão da Assem-
rectivo e outros conselheiros; até um bleia Nacional foi interrompida devido à
pedido de perda de mandato já foi re- ausência dos reclamantes, os conselhei-
querido ao Plenário do Parlamento, o ros Reginaldo Silva e Carlos Alberto.
qual foi considerado improcedente. O Conselho Directivo é um órgão co-
Esta semana voltou-se a ouvir o tilintar legial responsável pela definição e im-
da discórdia, na sequência de uma convo- plementação da actividade reguladora
catória que não teria chegado aos demais e de supervisão da Comunicação So-
membros para um encontro com uma cial. O diploma estabelece uma com-
das comissões daquele órgão legislativo. posição de 11 membros, sendo cinco in-
O propósito, segundo soube o Novo dicados pelo partido com maioria no
Jornal, era promover uma reunião de Parlamento (MPLA), três pela oposição
auscultação que tinha como ordem de parlamentar, um pelo Executivo e dois
trabalho a análise dos problemas in- pelas organizações representativas da
ternos daquela entidade. profissão. ◗ N.N.
SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019 |7|
 Política
DIREITO TRABALHISTA

Lei Geral do Trabalho

Executivo tem até Setembro

para atender exigências da OIT ■ D.R.

Executivo de João
Lourenço recebeu
da Organização
Internacional do Trabalho
uma cartilha com
recomendações
que terá de fazer, à luz
das convenções de que
Angola é subscritora
e ratificadora.
◗ NOK NOGUEIRA

O Executivo angolano tem até ao dia 1

de Setembro do corrente para proceder
a uma série de emendas, modificações,
alterações, bem como reformas legisla-
tivas, no âmbito da Convenção sobre Li-
berdade de Associação e Protecção do
Direito de Organização, de 1948, que An-
gola ratificou em 2001, e outras.
As recomendações foram requeri-
das pela Comissão de Especialistas
para Aplicação de Convenções e Reco-
mendações da Organização Interna-
cional do Trabalho (OIT) e constam de
um documento que aquele organismo
fez chegar ao Executivo através do Bu-
reau International du Travail.
No quadro Convenção sobre Liberda-
de de Associação e Protecção do Direito
de Organização, a comissão, que adop-
tou as observações feitas em 2017 pela
Organização Internacional de Empre-
gadores (OIE), recomenda reformas
legislativas, observando que o Gover-
no não forneceu até à data nenhuma
informação nova sobre o progresso
dos projectos de revisão da Lei Sindi-
cal (n.º 21-C/92) e da Greve (n.º 23/91),
diplomas sobre os quais aquele orga-
Homens e mulheres
OIT recomenda princípio de igualdade salarial
A comissão da Organização Internacio-
nal de Empregadores lembra que há
muitos anos que pede ao governo ango-
lano que aproveite a oportunidade ofere-
cida pelo processo de reforma da Lei Ge-
ral do Trabalho para adequar a lei às
obrigações da Convenção (sobre a Igual-
dade de Remuneração, de 1951, n.º 200)
que Angola ratificou em 1976.
A comissão chama a atenção para o al-
cance da lei, a definição da remuneração e
a aplicação irrestritiva do princípio da
igualdade de remuneração entre homens
e mulheres por trabalho de igual valor.
A OIE lamenta no documento que o Go-
verno angolano não tivesse aproveitado
também a oportunidade da reforma da
Lei Geral do Trabalho de 2015 para proce-
Recomendações da Organização Internacional do Trabalho devem ser atendidas entre 1 de Junho e 1 de Setembro de 2019
◗ A comissão pede dos trabalhadores nos ramos profis-
sionais e sectores de actividade econó-
esclarecimentos mica ao nível provincial, baixando a
sobre a redacção percentagem de trabalhadores neces-
sários para criar uma organização bá-
da «secção 20 (1) sica”. Entretanto, a referida disposição
da Lei da Greve» foi revogada no novo projecto de lei.
A comissão recomenda ainda a mo-
dificação da «secção 2 (2)» da Lei da
nismo da OIT já havia tecido recomen- Greve (“[sobre] a qual qualquer redu-
dações, tais como: ção ou mudança nas horas e métodos
“Modificar o artigo 3 da Lei Sindical, de trabalho que decidido colectiva-
que estabelece que as organizações de mente e não envolve uma recusa em
base devem incluir pelo menos 30% trabalhar não é considerada uma gre-
der à adequação da sua legislação à Con- balhadores excluídos do escopo da
venção. Convenção.
“Observando que a nova Lei Geral do Em alusão ao «artigo 1» da Convenção, a
Trabalho mantém as mesmas limita- comissão observa também que, de acordo
ções que as contidas na legislação an- com a definição de remuneração na secção
terior, a comissão solicita que o gover- 155 da nova Lei Geral do Trabalho, os paga-
no indique como o princípio da Con- mentos para trabalho adicional são agora
venção é aplicado a categorias de tra- considerados como parte da remuneração,
enquanto outros elementos, tais como sub-
sídios de viagem ou subsídios de habitação,
◗ «A comissão chama bem como abonos de família e outras pres-
tações da segurança social, permanecem
a atenção para a excluídos da definição de remuneração.
A comissão lembra que a definição de re-
aplicação irrestritiva muneração contida no artigo 1 (a) da Con-
do princípio venção é ampla e abrange todos os emolu-
mentos que os trabalhadores podem rece-
da igualdade» ber em troca do seu trabalho.
ve e pode resultar em acção discipli-
nar”). A comissão orienta que o Execu-
tivo assegure que as formas de acção
colectiva acima mencionadas não es-
tejam sujeitas à acção disciplinar.
Por outro lado, ainda à luz da mesma
convenção, a comissão recomenda que
seja emendado o artigo 6 da Lei da Gre-
ve, que proíbe greves de trabalhadores
civis em instituições militares, assegu-
rando que tais trabalhadores possam
atacar sem incorrer em penalidades.
Recomenda também a modificação
da «secção 10 do acto de greve», segun-
do o qual a acção grevista só pode ser
decidida por dois terços dos trabalha-
dores presentes e [que] o empregador
tem o direito de exigir a presença de
um representante dos trabalhadores.
A comissão pede esclarecimentos ao
Executivo sobre a redacção da «secção
20 (1) da Lei da Greve», que prevê que os
trabalhadores e os sindicatos de utili-
dade pública são obrigados a garantir
durante a greve, através de piquetes,
os serviços necessários para atender
às necessidades básicas da população.
Pede ainda que seja igualmente es-
clarecido o significado preciso do ter-
mo «piquetes» e a maneira pela qual
os serviços mínimos necessários nes-
ses casos são determinados.
A comissão solicitou ao Governo que
aproveitasse a reforma legislativa
para tornar o texto do n.º 1 do artigo
20.º [da Lei Geral do Trabalho] mais
preciso e que os serviços mínimos fos-
sem determinados não só pelas auto-
ridades públicas, mas também em
consulta com as autoridades.

| 8 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019


Pacto internacional
Parlamento
prepara
condições
para ratificar
convenção
O Ministério da Administração Pú-
blica, Trabalho e Segurança Social
(MAPTSS) anunciou esta semana
que a Assembleia Nacional aprovou
a resolução que ratifica a Conven-
ção n.º 144, estando a decorrer a tra-
mitação para a sua publicação em
Diário da República.
“Com a aprovação da referida reso-
lução, o Executivo angolano cumpriu
o compromisso de ratificar a referida
convenção no quadro das comemora-
ções do centenário da Organização In-
ternacional do Trabalho”, escreve em
nota o gabinete do ministro de tutela,
Jesus Faria Maiato.
A Convenção n.º 144 foi adoptada a
21 de Junho de 1976, sob a designação
de Convenção sobre a Consulta Tri-
partite (Normas Internacionais do
Trabalho), de 1976.
No número 1 da referida Conven-
ção, a expressão “organizações re-
presentativas” significa as organiza-
ções mais representativas de empre-
gadores e trabalhadores, que gozem
do direito de liberdade sindical.
O diploma da Organização Inter-
nacional do Trabalho estabelece
que todo o membro da mesma que
ratifique a presente Convenção
compromete-se a pôr em prática
procedimentos que assegurem
consultas efectivas, entre os repre-
sentantes do Governo, dos empre-
gadores e dos trabalhadores, sobre
os assuntos relacionados com as
actividades da OIT.
A convenção define que os empre-
gadores e os trabalhadores estarão
representados em pé de igualdade em
qualquer organismo mediante o qual
sejam levadas a cabo as consultas.
■ ARQUIVO NJ
Assembleia aprovou a resolução
Democracia
e Cidadania
ISMAEL MATEUS
Subsídios para uma gestão de qualidade
H
á entre os cidadãos e mesmo entre os dirigentes do
MPLA uma enorme expectativa de que o
alargamento do comité central do MPLA venha a
mudar a governação do país, seja ao nível central como local.
No mínimo, isso quer dizer que muita gente continua a
não nos ouvir e a pensar, erradamente, que a solução dos
nossos problemas está nos militantes e não nos cidadãos.
Definitivamente, o principal problema não é de origem
político-partidária e nem se resolve apenas dentro do
MPLA. Não decorre de ter mais ou menos militantes, mais
ou menos juventude, embora isso seja naturalmente
importante. O maior problema que o MPLA e todos
enfrentamos é a fraca ou mesmo fraquíssima capacidade
de gestão do país, dos ministérios, das empresas, das
administrações municipais e comunais. Essa é a
verdadeira transição de que precisamos: deixarmos de ter
uma gestão por militância e passarmos a gerir a coisa
pública na base do princípio da eficiência, ou seja do
exercício da gestão administrativa para a obtenção de
resultados positivos, com destreza, perfeição, rendimento
funcional e atendimento das necessidades da
comunidade.
O desafio é garantir a escolha de gestores públicos da
base ao topo que actuem com regras de bom
atendimento, rapidez, urbanidade, segurança,
transparência e sem ou pelo menos com muito menos
burocracia.
É preciso acabar com o
“experimentalismo
governativo” e apostar em A reforma na gestão pública deve
gente, seja partidária ou
não, capaz de ser eficaz e incluir a revitalização do sector
eficiente a realizar acções
(métodos, procedimentos) e
empresarial público, no sentido
usar recursos (matérias e de tornar as empresas mais
intelectuais) que nos levem a
obter resultados concretos, rentáveis e capazes de produzir
soluções pragmáticas que
afectem a vida dos cidadãos.
de forma regular e contínua para a
Estas são as ferramentas- satisfação das necessidades
-chave para o tão almejado
aumento da produtividade da colectividade
na gestão pública.
Por mais voltas que
possamos dar, o remédio
para “resolver os problemas
do povo” está na escolha de bons gestores, que, por sua
vez, vão garantir uma boa qualidade da administração
pública, atender o cidadão na exacta medida da sua
necessidade, com agilidade, com um excelente
aproveitamento dos recursos públicos disponíveis,
evitando desperdícios de todo o tipo.
O estado de corrupção generalizada a que chegámos
também tem muito a ver com a crónica nomeação de
incompetentes, incapazes e com a utilização de critérios
duvidosos que promovem pessoas erradas para os lugares
errados. A incompetência e a incapacidade geram
prepotência, abusos de poder e atrofiam a administração
pública. A ineficiência facilita a corrupção. A reforma
administrativa do estado passa por reformular o modo de
supervisionar os gestores públicos, a forma de os escolher
e também o modelo de formação das lideranças.
Em primeiro lugar, a reforma na gestão pública deve
incluir a revitalização do sector empresarial público, no
sentido de tornar as empresas mais rentáveis e capazes de
produzir de forma regular e contínua para a satisfação das
necessidades da colectividade. Trata-se de uma reforma
que se deve basear em dois processos fundamentais:
1. Autonomia e Responsabilização – Transformação do
Instituto de Gestão de Participações do Estado numa
sociedade gestora de Participações Sociais – libertando as
empresas públicas dos vícios e da asfixia da dependência
directa dos ministérios.
2. Aumento da qualidade — Através da criação de uma base
de dados (cadastro) do gestor público, onde têm
necessariamente de ser cooptados todos os gestores a nomear;
Os gestores públicos sofrem diariamente com
interferências, pedidos, orientações e decisões de ministros
que afectam negativamente o desempenho das empresas. A
transformação do Instituto de Gestão das participações do
Estado IGAPE numa sociedade gestora de participações
sociais (SGPS) permite alterar o modelo actual de cariz
político ministerial para um modelo económico-empresarial,
virado para a avaliação do desempenho das empresas,
acompanhamento dos projectos, medição do impacto do seu
trabalho e da sua responsabilidade social.
A qualidade dos nossos gestores é um forte elemento
crítico de sucesso do processo de revitalização em curso e,
por esta razão, defendemos que se crie uma rede de controlo
e cadastro de gestores públicos envolvendo estruturas como o
IGAPE/SGPS, o Tribunal de Contas, a Inspecção-Geral do
Estado (IGAE) e a Escola Nacional de Políticas Públicas
(ENAPP). Essa rede deve, na verdade, constituir-se num
centro de competências de gestão, organizado em função do
perfil do profissional (idade, género, cargo ocupado,
experiência e formação); e grau de importância das
habilidades individuais (capacidade de negociação,
resiliência, comunicação, disciplina, polivalência e liderança).
A inclusão dos gestores na base de dados (cadastro) do gestor
público tem como fontes a designação pelo poder político, o
concurso público de ingresso
e a cooptação por experiência
de trabalho. A nomeação dos
gestores públicos deve ser
feita por exclusividade
mediante escolha entre os
cadastrados na base de
dados, de acordo com o
índice e o ranking de
governação e gestão e opções
políticas de quem compete
escolher. Quem tenha níveis
baixos no ranking ou tenha
sido exonerado por
incompetência, má avaliação
em processos de auditoria,
irregularidades
administrativas ou
condenações por
improbidade administrativa sai da base de dados.
No caso da reforma dos gestores da administração
pública, as regras podem ser parecidas. Um
administrador, director de unidade orçamental ou
ministro tem de merecer avaliação em função dos
resultados obtidos e de habilidades específicas em
matéria de liderança, nomeadamente capacidade de
actuação em equipa; clareza na definição de objectivos e
plano de trabalho; investimento em capacitação;
capacidade de inovação e adaptabilidade; resiliência;
eficiência, a capacidade de tomar decisões e humildade.
Sim, humildade, mesmo, de saber ser humilde o
suficiente para ouvir, aceitar que também é passível de
erros e que outras pessoas, mesmo em posições inferiores
à sua na organização, podem ter mais conhecimento em
determinados assuntos do que ele, ou mesmo um ponto
de vista diferente que o auxilie a solucionar problemas.
Um ponto central na reforma é o modelo de formação
das lideranças, sem os custos astronómicos dos
assessores estrangeiros, mas com a prata da casa,
debatendo os problemas reais da gestão pública angolana.
É fundamental uma academia de liderança sustentável e
sistemática capaz de dotar os líderes de competências que
influenciem directamente na boa governação e a todos os
níveis. Sim, há militantes que reúnem essas
características, mas o perfil geral aplica-se a cidadãos,
com ou sem filiação partidária, sejam ou não do MPLA.■
SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019 |9|
 Política
CONGRESSO EXTRAORDINÁRIO

Breves
■ QUINTILIANO DOS SANTOS

Angola participa
de Fórum Africano
contra a Corrupção
O Tribunal de Contas
participa na cidade de
Sharm El-Sheikh, no Egipto,
no Fórum Africano sobre a
Luta contra a Corrupção,
onde se faz representar por
uma delegação chefiada
chefiada pelo juiz-
-conselheiro Joaquim
Mande, avançou a Angop.
O evento visa encorajar
os países africanos a
adoptarem políticas e
programas de trabalho que
permitam a erradicação da
corrupção e favorecer uma
consciência comum entre
todas as partes do
continente sobre os perigos
que representa este flagelo.
O MPLA conta oficialmente, na sua história, com cinco presidentes

Tribunal de Contas
detecta seis
contratos ilegais
MPLA Comité Central vai
Seis contratos públicos no
valor de 4,6 mil milhões de
kwanzas (cerca de 30
milhões de dólares) não
crescer 37%, de 363
foram visados pelo Tribunal
de Contas. Os contratos
foram celebrados pelo
governo provincial de Luanda
membros para 497
e pela administração
municipal de Viana com A entrada de novos que no congresso extraordinário o par- “É um assunto que ainda não está
privados, de acordo com o tido vai apresentar o modelo que será encerrado, pelo que terá de ser discu-
relatório e parecer daquele
membros no Comité Central implementado nas autarquias. “Vão tido ainda no parlamento, onde está
tribunal sobre a Conta Geral é interpretada no seio dos existir eleições primárias internas para em discussão o pacote das autárqui-
de Estado de 2017. O «camaradas» como quem queira apresentar-se como can- cas”, lembrou.
documento está ser didato, como vamos continuar a defen- Imprensa com acesso restrito à
analisado nas comissões de
preparação para os futuros der o princípio do gradualismo”, reve- sala do conclave dos «camaradas»
especialidades da quadros do partido. lou o porta-voz. Na agenda dos trabalhos deste sába-
Assembleia Nacional para Nas autarquias de 2020, a proposta do, o Novo Jornal soube junto da orga-
posterior aprovação. ◗ EDUARDO GITO do MPLA mantém-se no gradualismo, nização que a imprensa terá algumas
o que pressupõem realizar as referi- restrições, pelo que só assistirá à aber-
A partir deste sábado, 15, o MPLA, par- das eleições em alguns municípios do tura e ao encerramento, porque esta-
tido que governa o país de 11 de No- país, na segunda fase em 2025, para a rão a ser feitos “ajustamentos pon-
Deputados vembro de 1975, o seu Comité Central extensão a outros, e finalmente como tuais” aos estatutos do partido, rela-
solidários com irá registar uma dilatação de 134 o processo de 2030, com a realização cionados com o alargamento do Comi-
situação da seca membros, o que irá alargar o número simultânea da votação em já todas as té Central e “outros”.
de 363, para 497, um aumento de 36%. autarquias. Esta posição dos «camaradas», ao lon-
Os deputados à Assembleia O Novo Jornal sabe de fontes próxi- A proposta do MPLA para as autar- go desta semana, tem sido fortemente
Nacional iniciaram esta mas ao conclave, que todos os mem- quias tem sido chumbada pelos dois criticada por alguns órgãos de comuni-
semana a recolha de bens bros dos ciclos províncias bem como maiores partidos da oposição angola- cação social, sobretudo a Rádio Ecclesia,
diversos de primeira do nacional já são conhecidos, pelo na — União Nacional para a Indepen- com os jornalistas a levarem o debate
necessidade para minimizar que o certame deste sábado no Centro dência Total de Angola (UNITA) e Con- para as redes sociais.
os efeitos provocados de Convenções de Belas será apenas vergência Ampla de Salvação de Ango- “Segundo os Estatutos do MPLA, qual-
pela seca às populações uma confirmação daquilo que foi tra- la - Coligação Eleitoral (CASA-CE) —, quer órgão ou organização do partido, a
das regiões Centro e Sul, tado a nível da base. que defendem que a votação deve de- nível nacional, ou um terço dos partici-
com realce para as províncias O conclave dos «camaradas» irá con- correr numa só fase, em todos os mu- pantes ao último congresso ordinário
do Cunene, Kwando Kubango, tar com 2.591 delegados, e será presidi- nicípios, já em 2020. [realizado entre 17 e 20 de Agosto e 2016]
Huíla , Namibe. A deputada do do pelo líder do MPLA, João Lourenço, podem propor ao Comité Central ou ao
MPLA Emília Carlota Dias que também exerce as funções de che- presidente do partido a convocação de
salientou que o sofrimento
por que passam as
fe de Estado angolano, estando tam-
bém agendado o debate da estratégia
◗ A imprensa terá um congresso extraordinário, indican-
do, na proposta, as razões, sendo que o
populações das regiões eleitoral do partido para as eleições algumas restrições, Comité Central delibera, depois de con-
afectadas pela seca levou o autárquicas previstas para 2020, mas sultar os órgãos intermédios, o que
Parlamento a juntar-se antes o partido realizará as primárias pelo que só assistirá veio a acontecer”, sublinhou Paulo
às várias iniciativas
da sociedade.
para escolher os seus candidatos.
Paulo Pombolo, porta-voz do MPLA,
à abertura e ao Pombolo, exemplificando como um
dos “ajustamentos” do conclave do
em entrevista à agência Lusa, adiantou encerramento maioritário.

| 10 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019


Ausências «Clã» dos
Santos ausente do 7.º
congresso do MPLA
Ausentes do país, José Eduardo dos
Santos em tratamento médico em
Espanha, a filha Tchizé dos Santos
no exterior desde Dezembro e José Fi-
lomeno dos Santos sob medida de
coacção pessoal aplicada pelo Minis-
tério Público Angolano, o sétimo con-
gresso extraordinário do MPLA de-
corre com as ausências quase confir-
madas de todo o clã de JES.
O antigo Presidente da República dei-
xou em Setembro último de ser o líder
do MPLA, que governa o país desde a in-
dependência, em 1975, e aquando da
sua despedida da presidência assumiu
que nos quase 40 anos que esteve no
poder cometeu erros, mas disse sair
“de cabeça erguida”.
Para alguns analistas, a mudança
de liderança no MPLA em 2018 é a últi-
ma etapa no processo de passagem de
poderes depois de João Lourenço —
que foi o candidato do seu partido à
presidência designado por Eduardo
dos Santos — ter tomado posse, em
Setembro de 2017, como o novo chefe
de Estado. As palavras de Eduardo dos
Santos quanto às suas memórias es-
tarem já escritas mas por outras pes-
soas são ambíguas, uma vez que não
esclareceu na altura se, de facto, já
estão concluídas.
O antigo líder dos «camaradas» havia
indicado em 2018 que, com o término
da sua vida política activa, ia dedicar-se
a causas sociais.
Estas foram as únicas palavras de
Eduardo dos Santos aos jornalistas que
o questionaram na altura em que
quando abandonava o Centro de Confe-
rências de Belas, em Luanda, onde ha-
via passado a liderança MPLA a João
Congresso dos «camaradas» poderá reunir mais de 2500 delegados
◗ Com o término
da política activa,
JES prometeu
dedicar-se a
causas sociais
Lourenço durante os trabalhos do VI
Congresso Extraordinário do partido.
José Eduardo dos Santos, patrono da
fundação homónima — Fundação
Eduardo dos Santos (FESA) —, não ti-
nha adiantado mais nada sobre o seu
futuro, depois de ter participado num
congresso pela última vez como presi-
dente do MPLA e quase um ano após ter
deixado a Presidência angolana, pondo
fim aos seus cerca de 40 anos de políti-
ca activa.
Quanto a José Filomeno dos Santos,
outro filho de JES que a par da Tchizé
dos Santos é membro do Comité Cen-
tral do MPLA, apesar de ter sido posto
em liberdade e sob medida de coacção
pessoal, internamente não se fala tam-
bém da presença do mesmo no con-
gresso, depois de ter ficado seis meses
em prisão preventiva.
Recorde-se que José Filomeno dos
Santos foi acusado pelo Ministério Pú-
blico angolano de um conjunto de cri-
mes, de entre eles o de associação cri-
minosa, tráfico de influência, burla e
branqueamento de capitais, pretensa-
mente cometidos durante o período em
que exerceu o cargo de presidente do
Conselho de Administração do Fundo
Soberano de Angola (FSDA).
■ D.R.
Membros do PRS encontram alguns constrangimentos na preparação para as autarquias
Autarquias Gradualismo
geográfico «embaraça»
plano estratégico do PRS
O presidente do Partido de Renovação
Social (PRS), Benedito Daniel, criticou
esta quinta-feira, 13, o modelo para as
autarquias locais baseado no gradua-
lismo geográfico, avançando que a
sua organização política está a “des-
perdiçar” tempo e “esforços” em tra-
balhar nos municípios que “eventual-
mente” não serão prioritários nas
eleições autárquicas.
O político salientou ao NJ que, se o
Governo não tivesse a ideia do gradua-
lismo geográfico e optasse pelo fun-
cional, os esforços despendidos pelo
seu partido na preparação para as au-
tarquias, até ao momento, poderiam
ser poupados.
“Temos estado a desperdiçar tanto
tempo que poderia ser bem aproveita-
do. Até esse momento ninguém sabe
quem poderá ser abrangido pelas au-
tarquias e quem não [poderá ser]. Essa
expectativa cria dificuldades tanto
para nós, partidos políticos, como
para a própria população”, explicou.
“Se decidíssemos já pelo gradualismo
funcional, nós iríamos envidar os nos-
sos esforços e deveríamos trabalhar em
todos os municípios do país sem qual-
quer tipo de receio. Assim, sem saber
◗ «Temos estado
a desperdiçar
tanto tempo
que poderia ser
bem aproveitado»
SEXTA-FEIRA
■ D.R.
por que caminho devemos ir, fica-nos
complicado intensificar os nossos tra-
balhos em algumas zonas”, explicou.
Benedito Daniel lembrou ainda que
os deputados à Assembleia Nacional
aguardam pela discussão do pacote le-
gislativo autárquico. “Esperamos an-
siosamente que o pacote legislativo
seja discutido e aprovado com base
nas expectativas da população”, disse.
Para o líder da PRS, o gradualismo
geográfico propicia a discriminação e
a desigualdade de oportunidades que
alguns municípios poderão sofrer
com a chegada tardia das autarquias.
“Se preferirmos o gradualismo fun-
cional, não teremos desproporções so-
ciais entre os municípios, devido ao
desenvolvimento simultâneo das re-
giões”, enfatizou.
Segundo o líder partidário, a possí-
vel implementação do modelo geográ-
fico viola os princípios da universali-
dade e igualdade.
Saliente-se que a proposta de Lei sobre
a Institucionalização das Autarquias Lo-
cais prevê também a implementação de
um programa de formação para os fun-
cionários administrativos dos órgãos da
administração local do Estado, de modo
a dotá-los de capacidades e conheci-
mentos mínimos necessários para o
normal funcionamento das principais
áreas e serviços municipais.
O processo de institucionalização das
autarquias locais em todos os municípios
do país deve ser concluído num período
não superior a dez anos após a realização
das primeiras eleições autárquicas.
Recorde-se que às eleições autárquicas
serão realizadas no próximo ano. ◗ A.G.
14 de Junho 2019 | 11 |
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 Política
UNIÃO AFRICANA

Crónica
■ ARQUIVO NJ
VICTOR FONTES

As pequenas pedras
N
ão se tropeça nas montanhas.
Tropeça-se nas pequenas
pedras. Diz o ditado, chinês,
parece ser. Nós, angolanos, somos
especialistas no tropeço. Somos
capazes de construir montanhas.
Temos uma enorme dificuldade em
lidar com as pequenas pedras.
Reconstruímos caminhos-de-ferro, e
depois não temos um sistema de
Iniciativa visa fazer face a catástrofes comunicações que garanta a segurança
nas linhas. Criamos centros para que os
nossos cidadãos possam fazer
Combate à pobreza tratamentos aqui no país, como é o caso
da hemodiálise, e depois temos os
Angola apoia telejornais cheios de reportagens de
gente aflita, porque não há reagentes,

criação ou há ameaças de paralisação, porque

os trabalhadores têm os salários em
atraso. Construímos estádios, e depois
de agência os mesmos degradam-se sob o nosso
olhar impassível, ao ponto das nossas

humanitária selecções nem poderem escolhê-los para

pela UA
O Ministério das Relações Exteriores
(MIREX) manifestou o interesse em
apoiar a criação de uma agência hu-
manitária por parte da União Africa-
na (UA), para fazer face à deslocação
forçada de pessoas resultante de ca-
tástrofes naturais, indica um comu-
nicado oficial.
A manifestação de vontade foi ex-
pressa pelo chefe da diplomacia ango-
lana, Manuel Domingos, numa reu-
nião de trabalho com a comissária
africana para os Assuntos Políticos,
Minata Samate Cessouma, que ini-
ciou uma visita de trabalho a Angola
de três dias.
Na agenda continental, Manuel Do-
mingos e Minata Cessouma discuti-
ram a implementação do protocolo
sobre a livre circulação de pessoas, a
arquitectura de governação africana,
mormente a implementação do res-
pectivo plano de operacionalização, a
promoção da democratização e da
edificação da paz em África, sobretudo
a realização de eleições pacíficas, cre-
díveis e transparentes.
Segundo o comunicado, Angola e a
UA abordaram também o Acordo da
Criação da Zona de Comércio Livre
Continental Africana, cujo lançamen-
to da fase operacional vai ocorrer na
cimeira da organização a realizar em
Niamey (Níger), a 7 de Julho próximo.
Ambos abordaram também ques-
tão relativas aos direitos humanos,
sobretudo o reforço do Estado de direi-
to e a promoção dos valores funda-
mentais à vida humana, tendo como
pano de fundo o 2.º Relatório Periódico
referente à implementação do Pacto
Internacional dos Direitos Civis e Polí-
ticos em Angola.
local de estágio, acabando por ter que ir
gastar o nosso dinheirinho para o
exterior. Fazemos estradas, que temos
que refazer poucos anos depois, pois
não conseguimos ter um orçamento
para a sua manutenção adequada.
Contratamos um seleccionador
nacional de futebol, que depois vai
ganhar o campeonato africano por
outro país (para que a vergonha seja
maior, vizinho), pois não fomos capazes
de pagar atempadamente os seus
salários. Investimos milhões de dólares
em centrais térmicas, sem criar as
condições para que as mesmas se
mantenham operacionais. Temos
hospitais, e faltam os medicamentos.
Belíssimos institutos médios e
universidades, espalhados pelo país,
sem os adequados equipamentos e
professores. Construímos, fazemos,
idealizamos, gabamo-nos de fazer o
grande, e falhamos, sistematicamente,
no mais pequeno. No que exige
planificação. Atenção diária. Devoção.
Responsabilidade. Por isso temos
milhares de quilómetros de iluminação
pública pelas nossas cidades e vilas que
estão, quase invariavelmente, apagadas,
quando não completamente
canibalizadas, como aconteceu com os
sistemas de iluminação solar instalados
em tantas regiões do país. Construímos
centralidades, ou bairros sociais, que,
numa percentagem elevada, ficam anos
até terem as infra-estruturas
adequadas, e terem as habitações
convenientemente comercializadas.
Estendemos milhares de quilómetros de
fibra óptica, com máquinas e homens a
rasgar os infindáveis campos, no que
parecia ser um projecto visionário, para
que depois nos deparemos com a
notícia que praticamente nada
funciona, e tal não foi mais do que um
investimento que apenas sugou
Construímos, fazemos, idealizamos, gabamo-
-nos de fazer o grande, e falhamos,
sistematicamente, no mais pequeno
recursos ao país, sem resultados
práticos. O país parece continuar refém
de medidas discricionárias, tomadas
sem a preocupação da sua
harmonização num todo virtuoso, o que
não só dá azo a um sem-número de
projectos e estudos duplicados, como
compromete qualquer esperança de
uma actuação sem sobressaltos, sem o
permanente pavor de não se ter os
recursos para a conclusão do iniciado, a
manutenção do realizado, ou a
concretização dos objectivos que
estiveram na origem desses
investimentos, em que, às vezes, tantos
colocaram incontáveis horas de esforço
e dedicação, e todo um povo depositou
esperanças no futuro propagandeado,
que teria que ser melhor.
A esse respeito o desporto dá-nos
um exemplo muito claro de como
temos funcionado. Não sou de opinião
de que o desporto seja o mais
importante na nossa conjuntura
social. É evidente que tenho
consciência de que há muitas outras
áreas onde se justifica muito mais o
investimento dos parcos recursos que
■ D.R.
temos. A saúde, a educação, a
construção de infra-estruturas
essenciais para o desenvolvimento do
país são áreas prioritárias. Mas o
desporto é muito mediatizado, e é um
painel onde nos estamos
permanentemente a rever. Não
criemos expectativas, se não podemos
concretizar os objectivos, frustrando
os que se envolvem nos projectos. A
conversa permanente sobre a nossa
incapacidade de cumprir os nossos
compromissos quer para com as
estruturas organizadoras, como no
caso das competições internacionais
nas várias modalidades em que
estamos permanentemente a ponto de
não poder participar por falta de
verbas, quer com os atletas, como tem
sido recorrente, e mais uma vez
aconteceu com a selecção nacional de
futebol, que esteve neste período crítico
antes do CAN — dois dias sem treinar
— a discutir prémios. Tal dá uma
imagem muito pobre do nosso país. E é
um reflexo do que acontece um pouco
por todos os sectores.
É preciso mudar. ■

SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019 | 13 |

 Política
REPTO AO PR
Visita às comunas do Zaire
Makuta Nkondo aguarda que JLo
decida «data oficial» de viagem
João Lourenço pode ou não aceitar o convite por imperativos da sua agenda política, afirma o deputado Makuta Nkondo
Deputado da CASA-CE
reconheceu a
disponibilidade
demonstrada pelo
Presidente da República,
mas espera que haja um
pronunciamento oficial
do chefe do Executivo.
◗ ANTÓNIO GASPAR
O deputado da Convergência Ampla de
Salvação de Angola-Coligação Eleito-
ral (CASA-CE) Makuta Nkondo disse
esta semana que aguarda pelo pro-
nunciamento oficial do Presidente da
República, João Lourenço, sobre o con-
vite para visitar as comunas da pro-
víncia do Zaire, por via terrestre.
Em declarações ao Novo Jornal,
Makuta Nkondo salientou que neste
| 14 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019
momento a «bola» está com o chefe de
Estado, “uma vez que o convite já foi fei-
to e ele de forma informal o aceitou”.
“Ainda não há nenhuma resposta ofi-
cial por parte do Presidente da República.
Já fiz a minha parte. Agora quem tem de
decidir e fazer a viagem comigo às locali-
dades que lhe tenciono indicar”, explicou.
O parlamentar referiu também que
o Presidente da República “pode ou
não concretizar o meu pedido, pois
não se trata de uma imposição, mas
sim de um convite normal”.
“Ele é do povo e na qualidade de ser
do povo deve inteirar-se dos proble-
mas que afectam as populações de de-
terminadas zonas do país. Não estou a
impor nada ao Presidente. O funda-
mental era que ele aceitasse pôr em
prática o convite para saber da reali-
dade no terreno”, aconselhou.
O deputado lembrou ainda que não é
a primeira vez que faz esse tipo de
convite, “já fui alertando para a neces-
sidade de se visitar comunas do país”.
“Havia pedido ao secretário do Presi-
dente da República para os Assuntos Po-
líticos, Constitucionais e Parlamenta-
res, Marcy Lopes, para dizer ao PR João
Lourenço que não terminasse a sua vi-
sita na cidade do Uíge para visitar uma
das comunas rurais daquela região
mas tal não aconteceu”, lamentou.
O deputado afirmou ainda que o Pre-
sidente João Lourenço “tem sido enga-
nado várias vezes” quando visita uma
província do país.
“Ao invés de continuar a ser enganado
pelos relatórios dos governos provin-
ciais, deve passar a visitar locais recôn-
ditos de Angola a fim de conhecer me-
lhor a realidade dos povos”, disse.
◗ «Não se trata
de uma imposição,
mas sim de um
convite normal»,
disse o deputado
■ ADJALI PAULO
Por último, lembrou a visita que
efectuou recentemente pelo vice-Pre-
sidente da República, Bornito de Sou-
sa, salientando que foram constata-
das cinco comunas da Kissama que
não têm acesso terrestre.
“O [Vice-Presidente] Bornito de Sou-
sa visitou algumas zonas por meio de
helicóptero. Fez isso porque a situação
das zonas rurais é preocupante. Deve
ser prestada a atenção a essas locali-
dades. Não é normal que isso aconte-
ça”, disse.
Recorde-se que o convite da viagem
foi feito no Palácio Presidencial por
Makuta Nkondo, que fez parte de uma
delegação de deputados que assistiu a
uma audiência concedida por João
Lourenço ao vice-presidente do Parla-
mento da China, Wang Chen.
Makuta Nkondo disse aos jornalis-
tas que tudo aconteceu numa curta
conversa entre os dois à entrada do
Palácio Presidencial e referiu que,
após o aperto de mãos, João Lourenço
aceitou o desafio.
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 Política
ACTIVISMO
Activistas foram detidos quando se preparavam para marchar a favor da autonomia de Cabinda
Cabinda Ministério
Público prorroga prisão
preventiva de activistas
O advogado de defesa dos activistas
detidos em Cabinda, Arão Bula Tempo,
considerou “desnecessária” a prorro-
gação do prazo de prisão preventiva
dos 11 constituintes afectos ao Movi-
mento Independentista de Cabinda
(MIC), que viram alargado o prazo de
permanência na cadeia, após decisão
do Ministério Público (MP).
Arão Tempo, que não encontra ra-
zão por parte daquele órgão de justiça
para manter detidos os activistas,
disse esta semana, em declarações ao
NJ, que, durante o tempo em que co-
meçou o processo criminal contra os
activistas, o MP não conseguiu ter em
sua posse qualquer prova pretendida.
“O Ministério Público não encontra
qualquer fundamento criminal que
pese sobre os activistas. Esse tipo de
posição, que aquela instituição jurídi-
ca demonstra junto do processo, as-
sume, desde logo, interesse do Execu-
tivo e não judicial como deveria ser,
uma vez que os crimes que se preten-
dem investigar nunca foram perpe-
trados pelos activistas”, assinalou.
No seu entender, o MP não está a
exercer as suas competências de for-
ma correcta e autónoma, tendo suge-
rido existir alguma pressão política.
“Temos a certeza de que querem
forçar provas que possam vir a incul-
par os activistas”, considerou Arão
Tempo, prometendo que os advoga-
dos de defesa vão aguardar até ao
desfecho do processo judicial, que
ainda se encontra em segredo de jus-
tiça para as devidas apreciações.
| 16 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019
■ LÍDIA ONDE
“Já enviámos vários documentos a
fim de provar a inocência dos activis-
tas e nunca fomos respondidos. Ora,
será mediante a acusação do Minis-
tério Público que tomaremos as nos-
sas posições. Vamos estar atentos a
todas as diligências e queremos de-
pois pedir justificações, em função
dos argumentos por ele apresenta-
do”, disse.
O advogado afirmou ainda que ór-
gãos judiciais pretendem condicionar
a liberdade de expressão e de mani-
festação, para marcar uma posição de
que “ninguém pode falar particular-
mente sobre o enclave de Cabinda”.
“Qualquer cidadão angolano tem o
direito de se reunir e manifestar li-
vremente em determinados lugares
públicos, independentemente de
qualquer autorização, para fins não
contrários à lei, à ordem e à tranqui-
lidade pública”, explicou.
“A repressão e a opressão, as deten-
ções arbitrárias e os maus-tratos não
são a via mais adequada para resol-
ver o problema”, concluiu.
Para Arão Tempo, os responsáveis
governamentais pretendem “que não
haja diálogo para se resolver o proble-
ma de Cabinda. Por isso, usam intimi-
dações para privar o direito de quem
quer que as coisas sejam resolvidas”.
A detenção foi feita quando um gru-
po de activistas em Cabinda se prepa-
rava para comemorar o Tratado de Si-
mulambuco e pedir a autonomia da-
quela província a sul do país.
◗ ANTÓNIO GASPAR
Independentes
Chivukuvuku
vai projectar
criação do
novo partido
político
O antigo líder da Convergência Am-
pla de Salvação de Angola-Coligação
Eleitoral (CASA-CE), Abel Chi-
vukuvuku, vai reunir nesta sexta-
-feira, 14, com alguns ex-militantes
independentes daquela organiza-
ção política para definir futuro.
Num comunicado a que o Novo
Jornal teve acesso, o gabinete de co-
municação de apoio ao ex-dirigente
da CASA-CE referiu que os membros
independentes vão traçar as linhas
programáticas para a criação do
novo partido político.
Segundo Félix Miranda, um dos
independentes afectos a Abel Chi-
vukuvuku, a conferência será rea-
lizada a nível regional (Luanda-
-Bengo) para se dar início à consti-
tuição de todos os documentos,
que deverão depois ser encami-
nhados para o Tribunal Constitu-
cional para a legalização do pro-
jecto político.
“A intenção é organizar, a partir
de agora, toda a documentação
para dar entrada ao Tribunal”, ex-
plicou, sem mais detalhes sobre o
encontro.
Durante uma reunião com os in-
dependentes, Abel Chivukuvuku
terá referido que é necessário en-
contrar uma solução para as pri-
meiras autárquicas no país, que se
realizam no próximo ano.
“Sejam quais forem as circuns-
tâncias, temos que encontrar uma
fórmula para estarmos presentes
em 2020. Para as eleições autárqui-
cas não é preciso ter um partido. Po-
demos ter um movimento de cida-
dania e avançarmos em 2020”, con-
siderou o ex-dirigente político. ◗ A.G.
■ QUINTILIANO DOS SANTOS
Chivukuvuku quer estar nas autarquias
■ QUINTILIANO DOS SANTOS
MPLT pede justificação do Tribunal
Julgamento na L. Sul
Advogados
de arguidos
sem
notificação
do Tribunal
O Movimento Protectorado Lunda
Tchokwe (MPLT) fez saber esta se-
mana que o Tribunal da Lunda-Sul
marcou para a próxima terça-fei-
ra, 18, o julgamento dos 11 activis-
tas acusados de tentativa de golpe
de Estado sem notificar os respec-
tivos advogados de defesa.
Um documento a que o Novo Jor-
nal teve acesso conta que os advoga-
dos de defesa afectos à Associação
Mãos Livres não receberam nenhu-
ma comunicação daquele tribunal
provincial para comparecerem na
primeira sessão interrogatória.
“Estranha-nos o facto de os advo-
gados de defesa não terem sido no-
tificados acerca do julgamento dos
activistas afectos ao movimento.
Entendemos ser uma forma de in-
criminar os acusados”, lê-se.
O documento lembrou ainda o
episódio ocorrido em 2017, quando
aquele tribunal decidiu adiar o jul-
gamento por aperceber-se que os
réus constituíram advogados liga-
dos à Associação Mãos Livres.
“O Tribunal da Lunda-Sul já ha-
via cancelado um julgamento
quando se apercebeu de que os réus
constituíram Advogados ligados à
Associação Mãos Livres”, refere.
De acordo com o documento, entre
os acusados pelos crimes de rebe-
lião, tentativa de golpe de Estado e
acto de preparação da manifestação
na Lunda-Sul está uma senhora.
Recorde-se que, na semana pas-
sada, o movimento protectorado
reclamou do pronunciamento do
Presidente da República sobre o
dossier das mortes nas Lundas
Norte e Sul. ◗ A.G.
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 Sociedade ESTATÍSTICA ■ ARQUIVO NJ

Dados oficiais estimam que mais de quatro milhões de angolanos, com idades entre os 15 e 35 anos, continuam sem saber ler nem escrever e mais de um milhão ainda estão fora do sistema de ensino

ENSINO Luanda e Huíla apresentam maiores tado pelo Novo Jornal, a proporção da-
proporções de jovens que não possuem queles que nunca frequentaram a esco-
nenhum nível de escolaridade, com la é mais acentuada nas províncias da
uma taxa de 19% e 11%, respectivamente, Huíla, com uma taxa de 15%, e Kwanza-

Luanda de acordo com dados do Instituto Nacio-

nal de Estatísticas (INE) relativamente à
repartição da população juvenil que fre-
quenta a escola. Seguem-se as provín-
cias de Benguela, Huambo, Kwanza-Sul
-Sul, com 9%.
As estatísticas do INE, elaboradas no
âmbito do Recenseamento Geral da Po-
pulação e da Habitação e divulgadas re-
centemente, indicam ainda que a pro-

e Huíla e Uíge, onde a maioria dos jovens com

idades entre 15 e 34 anos não possui ne-
nhum nível de escolaridade.
De acordo com o documento consul-
porção dos jovens que têm pelo menos
o ensino primário concluído é relativa-
mente mais elevada nas províncias de
Luanda (32%) e Benguela (9%).

lideram Taxa de Escolaridade

Proporção por província, segundo o nível de ensino concluído

índice de Luanda

Benguela

Huíla

jovens sem
Huambo

Kwanza-Sul

Uíge

Bié

escolaridade
Cunene
Ensino
Cabinda primário
Nunca
Malanje frequentou
Zaire Nenhum
nível
Estatísticas do INE apontam que 19% dos jovens Lunda-Norte

de Luanda e 11% da Huíla, com idades entre os 15 Moxico

Kwando Kubango
e 35 anos, nunca frequentaram a escola.
Lunda-Sul
SINPROF atira culpas às políticas públicas. Namibe
◗ HÉLDER CACULO Kwanza-Norte

Bengo

0 5 10 15 20 25 30 35
Fonte: INE, RGPH 2014

| 18 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019

J
LEGISLAÇÃO
Escolaridade até à
9.ª classe passou
a ser obrigatória
Desde 2016 que a escolaridade
no país passou a ser obrigatória
até à 9.ª classe, com a entrada em
vigor da Lei de Bases do sistema
Educativo. Segundo o documento,
o ensino está divido entre os níveis
de educação pré-escolar, para as
crianças dos três meses aos cinco
anos de idade, o ensino primário
(da 1.ª à 6.ª classes), o secundário
(da 7.ª à 12.ª classes) e o superior
(até 6 anos de curso nas
licenciaturas e 3 nos bacharelatos).
O artigo 12 da referida lei refere
que a obrigatoriedade da educação
passa a abranger a classe da
iniciação (último nível do pré-
-escolar), o ensino primário
e o primeiro ciclo do ensino
secundário, compreendendo este
último a 7.ª, 8.ª e 9.ª classes.
“A obrigatoriedade da Educação
traduz-se no dever do Estado,
da sociedade, das famílias e
das empresas, de assegurar e
promover o acesso e a
frequência ao sistema de
educação e ensino a todos os
indivíduos que se encontram
em idade escolar”, lê-se.
Os dados foram colhidos tendo em
conta a proporção da população resi-
dente com idades entre os 15 e 34 anos
de idade, por província e sexo, segundo
o nível de ensino concluído.
SINPROF diz que ainda «falta
a verdadeira vontade política»
Para o presidente do Sindicato Nacio-
nal dos professores (SINPROF), Guilher-
me Silva, o elevado número de crianças
e jovens fora do sistema de ensino
deve-se às “fracas políticas” traçadas
pelo governo para o sector da educação.
“Quando gizam tais políticas não
consultam universidades, sociedade
civil e sindicatos”, frisou Guilherme
Silva, que também aponta o reduzido
investimento no sector como uma das
causas do elevado índice de analfabe-
tismo no país.
“Enquanto a educação não for a prio-
ridade das prioridades, o quadro vai
agudizar-se cada vez mais, porque fal-
ta a verdadeira vontade política”, fri-
sou Guilherme Silva.
O sindicalista sublinhou que uma
melhor aposta na educação vai reduzir
igualmente o número de jovens des-
empregados no país e aumentar o po-
der de compra das famílias angolanas.
“A população angolana é maiorita-
riamente jovem. Portanto, sem educa-
ção, como estes jovens vão ter acesso
ao emprego que também é escasso,
dado o índice de desemprego agoni-
zante?”, questionou.
◗ «Sem educação,
como os jovens
vão ter acesso
ao emprego?»,
questiona SINPROF
Papel
de Parede
NOK NOGUEIRA
O cerco à legislação que o executivo tenta silenciar
E
stá em marcha no país — pelo menos assim
demonstram os sinais — uma tomada de assalto a um
conjunto de normativos e leis trabalhistas, já de si débeis
e incapazes de reverter uma tendência asfixiante imposta pela
actual Lei Geral do Trabalho, que, ao ser aprovada sem os
consensos que se impunham em sede da concertação social
entre o executivo e os seus parceiros, promoveu um
instrumento legal que deixou a classe trabalhadora numa
situação de maior fragilidade em relação ao patronato.
A agravar ainda mais esta problemática esteve o longo
consulado de uma liderança governativa musculada que não
respeitava os seus parceiros e arrogantemente se pôs à frente
ssos forçando uma vontade político-
de todos esses processos político
-partidária que esteveve sempre, em primeira instância, ao
serviço dos interesseses de
uma elite económicaa
dominante. Foi esta
mesma elite que se
servia do seu estatutoo
político para impor as
ades,
maiores arbitrariedades,
uma vez que a prática ca corrente
determinava que quem em assumisse um cargo
eguinte, era igualmente
de governo, no dia seguinte,
patrão porque tinha uma empresa afecta a si a
ços ao Estado.
fazer a prestar serviços
nagens políticas, que a priori
Todas essas engrenagens
pareciam apenas afectarctar a condução política do país,
rapidamente resultariamriam no estrangulamento do
funcionalismo político co e na precariedade da
prestação de serviçoss para justificarem em parte a
dos. Tudo isso resultou em
contratação de privados.
benefícios monumentaisntais ao “sector privado” que
esteve sempre encostadotado a esta elite económica
dominante. De tal sorte rte que a instrumentalização
staria ao serviço dos
de diplomas legais estaria
objectivos destes grupospos de interesse.
A chegada de João Lourenço ao poder, animado
dança de paradigma e da
pelo discurso de mudança
correcção das enormes es barbaridades
entou um
governativas, representou
posicionamento cívico co mais avisado por
parte dos parceiros doo governo, que viram A tomada de assalto
nesta manifestação de vontade um
caminho para alertar o executivo sobre
às leis e a alguns
os atropelos às leis e a um sem- normativos de leis já existentes
-número de normativos que já no
anterior consulado tinham custado que o executivo de João Lourenço
sangue, suor e lágrimas para serem,
primeiro, consagrados na lei, e,
está a promover nada mais é senão
segundo, respeitados como balizas uma fuga para frente em relação
determinadas pelos Estados
democráticos e de direito. a um conjunto de medidas
A tomada de assalto às leis e a alguns
normativos de leis já existentes que o
impopulares que se
executivo de João Lourenço está a promover avizinham
nada mais é senão uma fuga para frente em
relação a um conjunto de medidas impopulares
que se avizinham e que deverão causar alguma convulsão
social, dado o agravamento das condições socioeconómicas da
maior parte da população, que, ainda hoje, volvidos quase dois
anos de governação, não consegue vislumbrar sinais de
melhorias decorrentes da acção governativa. Percebem que
nem só de promessas continuarão a viver.
Entretanto, bafejado pela sorte de uma estratégia eleitoral
que teve efeitos neutralizadores para oposição política, na
medida em que João Lourenço retirou do leque de
argumentos de seus oponentes um dos maiores activos — a
problemática da endémica corrupção que tomou o Poder
Político —, o executivo angolano viu-se a braços com um
grande dilema: como antecipar um cenário de maiores
apertos e de sacrifícios, quando do outro lado da barricada
se adivinha uma maior exigência por parte da sua
governação, que tarda em produzir os efeitos causados por
promessas eleitoralistas?
Se há alguém que tem plena noção do risco que tem pela
frente esta pessoa é João Lourenço. Daí ter colocado em
marcha um conjunto de estratagemas, que passam por
inverter uma espécie de “ónus da causa” pelo facto de o país
não estar ainda a gerar as condições mínimas que se
traduziriam na mitigação progressiva das duras
consequências da crise que continua a devastar as condições
económicas e sociais das famílias. Em resposta a isso, o
executivo não hesita em criar um quadro legal que servirá de
resposta às esperadas reacções às medidas impopulares.
Ciente da sensibilidade da situação e que, em
consequência disso, terá de ser inflexível à onda de
greves e reivin
reivindicações trabalhistas que
gan
tendem a ganhar força nas hostes sindicais, o
executivo de João Lourenço não ousa
ressuscitar já a famosa figura do “senhor
ordens superiores”,
superi por estar muito associada
Pr
ao anterior Presidente da República — do qual
afasta —, mas tenta, através de
se quer afastar
mecanismos legais, impedir que se juntem à
trincheira das forças de pressão a classe
trabalhista, que poderia ser uma porta aberta
para uma greve g geral.
Aproveitando-se do entusiasmo generalizado, ao
redor daquilo que o eexecutivo continua a chamar de
combate à corrupção
corrupção, cujos resultados continuam a
ser verdadeiros man mantos de ilusões, assiste-se hoje a
um silenciar do deb debate sobre mudanças
significativas que se serão feitas à Lei Sindical e à Lei
da Greve. Estas discu
discussões não têm qualquer impacto
nos órgãos públicos de comunicação social porque é
uma decisão contrá
contrária àquilo que atestava o seu
qu está mal”.
slogan: “corrigir o que
Este silêncio público
pú sobre essas mudanças
propostas quer na Lei Sindical quer na Lei da Greve
at
são claramente atentatórias às conquistas
se
inalienáveis do sector trabalhista. Logo, não serem
discutidas ou n no mínimo publicitadas é um acto
de cinismo puro do executivo. Mas percebe-
on está a razão de tudo isso: uma
-se bem onde
discuss aberta com todas as forças
discussão
sindicais em espaços públicos haveria
de colocar João Lourenço no lugar do
“novo ditador”, pelo facto de o seu
executivo estar a fazer alterações a
leis que revertem conquistas
conseguidas a muito custo.
Após as eleições gerais de 2017,
João Lourenço e o seu partido
puseram em marcha um conjunto
de acções programáticas que
tendem a tornar as forças sindicais e
outras reféns de um conjunto de
normativos que farão do executivo dono e
senhor das circunstâncias sempre que se
desencadear uma greve, dada a tendência
repressiva da lei e das consequências em caso de um
braço-de-ferro entre os trabalhadores e patrões.
A única diferença neste quadro de correlação de forças
entre os grupos sindicais e o executivo é que este último está
muito mais exposto hoje do que esteve antes, porque o
quadro económico-financeiro do país não permite que se
tomem medidas arbitrárias como no consulado anterior,
ignorando as consequências directas de uma greve ou de um
aumento da tensão social com o actual quadro legal. Daí a
urgente necessidade que o executivo de João Lourenço tem
de fazer, em surdina e longe dos holofotes dos órgãos
públicos de comunicação, estas alterações, no sentido de
condicionar o exercício da actividade sindical, porque tem
clara noção de que governar é mais do que o mero proferir
de promessas eleitoralistas. ■
SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019 | 19 |
 Sociedade
CRIMINALIDADE

■ADJALI PAULO.

Moradores do bairro Malweka lamentam ainda a falta de policiamento, iluminação pública e energia da rede pública, apontada como as principais causas do índice de criminalidade

Cazenga

Marginais continuam
a «infernizar» bairro Malweka
É dos bairros com maior
índice de criminalidade.
Quase todos os dias, a
zona do Malweka, no
Cazenga, regista crimes
como assaltos,
violações, assassinatos
e luta entre gangues.
◗ DULCINEIA LUFUA
Moradores do Malweka, no município
do Cazenga, em Luanda, um dos bair-
ros mais inseguros da capital, de acor-
do com relatos da Polícia Nacional,
continuam agastados com o elevado
índice de criminalidade. Assaltos a re-
sidências e cantinas são frequentes. À
mão armada, delinquentes transfor-
mam o bairro num lugar de «terror» e
de sobrevivência. Esta semana, o NJ
deslocou uma equipa de reportagem
naquele bairro e colheu revelações as-
sustadoras dos moradores.
José Alfredo, um dos nossos primei-
ros interlocutores, contou que teste-
munhou, há alguns dias, vários assal-
tos perpetrados por marginais a diver-
sas cantinas.
“Esses dias estão a assaltar muito as
cantinas. Quase todos os dias recebe-
mos notícias do género. Assaltaram a
cantina de um vizinho e levaram quase
toda a mercadoria e ainda ameaçaram
a família com arma de fogo”, disse.
O morador, residente há mais de 20
anos no bairro, confidenciou que mui-
tos assaltos e lutas entre gangues
acontecem à luz do dia, sendo os seus
protagonistas, na sua maioria, adoles-
centes e jovens com idades compreen-
didas entre 15 e 28 anos.
“ Muitos desses jovens [delinquentes]
residem em outros bairros. Como têm
alguns amigos aqui, as coisas ficam fa-
cilitadas para eles, roubam, violam e
matam”, detalhou.
Anita Francisco, outra moradora,
afirmou já ter presenciado inúmeros
assaltos à mão armada bem junto da
sua residência. A cidadã, que se encon-
trava sentada junto à porta de casa,
com o filho ao colo, disse ainda que os
moradores se sentem «forçados» a per-
manecer dentro das residências antes
das 21 horas, devido ao medo da acção
dos meliantes.
“Neste tempo de frio, tudo piora. A
zona fica isolada. Com a falta de ilumi-
nação, quase já não se vê nenhuma
movimentação de pessoas a partir das
18 horas e os bandidos aproveitam para
fazer das suas”, contou.
◗ Moradores
lamentam a falta
de policiamento,
energia, escolas e
saneamento básico
Com o medo de possíveis retaliações,
muitos moradores preferiram falar
sob anonimato.
“Já estamos cansados com essa si-
tuação, não temos uma esquadra de
polícia na zona. Dificilmente vemos
patrulheiros no bairro, o que precisa-
mos com urgência”, disse um morador.
Além da falta de segurança, o bairro
enfrenta outros desafios, como a falta
de escolas, de água, energia eléctrica e
saneamento básico.
Um relatório da Polícia Nacional, que
aborda, de forma geral, a situação da
criminalidade no país, avança que em
2018 foram registados um total de
72.174 crimes comuns, observando um
aumento de 26.301 casos. A Polícia re-
porta ainda no relatório que diaria-
mente foram registados 198 crimes. O
documento da corporação castrense
sublinha ainda que as acções resulta-
ram na apreensão de 49.453 presumí-
veis autores dos crimes, sendo Luanda
uma das províncias com maior índice
de criminalidade.

| 20 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019

Superlotação
População penal nas cadeias do país custa
cerca de 12 milhões de dólares/mês ao Estado
Cerca de 12.000 cidadãos encontram-se
em prisão preventiva (medida cautelar
que visa evitar que uma pessoa na con-
dição de recluso fuja, destrua provas ou
continue a actividade criminosa) nas
diferentes cadeias do país. A informa-
ção foi avançada, esta semana, em
Luanda, pelo secretário de Estado para
os Serviços Penitenciários do Ministé-
rio do Interior, José Bamókina Zau.
O responsável precisou que a nível das
cadeias do país existem 25.900 reclusos,
quando a capacidade instalada é de
21.874, o que representa uma sobrelota-
ção acima dos 10%, segundo cálculos do
NJ. Dos 25.900 reclusos, 11.900 estão de-
tidos e cerca de 13.000 condenados. Nou-
tras palavras, metade dos detidos
(12.000) está em prisão preventiva.
José Bamókina Zau reconhece que a fal-
ta de celeridade no tratamento dos pro-
cessos pode estar na base do elevado nú-
mero de pessoas detidas preventivamen-
MECÂNICA ELECTRICIDADE
RECAUCHUTAGEM
BATE-CHAPA E PINTURA
LAVAGEM MANUAL
E OUTROS SERVIÇOS
TEL: 931 364 444
As cadeias do país controlam quase 26.000 reclusos, dos quais apenas 13.000 foram julgados
te, o que constitui também mais custos fi-
nanceiros para o Estado. Segundo apurou
o NJ, o país gasta cerca de 12 milhões de
dólares/mês com as cadeias superlota-
| geral@ lidermobile.com |
■ CÉSAR MAGALHÃES
◗ Mais de 12.000
cidadãos estão em
prisão preventiva
num universo de
25.900 reclusos
ventiva, o Ministério Público tem de
considerar que há fortes indícios da
prática de crime. No entanto, a lei é
clara: “a prisão preventiva não é uma
punição pelo cometimento de um cri-
me”.
A prisão preventiva tem prazos fixa-
dos na lei. Esses prazos estão previstos
no artigo 40.º da Lei das Medidas Caute-
das. lares. Em regra, uma pessoa pode ser
De acordo com os artigos 35.º e se- presa preventivamente por quatro me-
guintes da Lei das Medidas Cautela- ses sem acusação, prazo que pode ser ele-
res, para que se aplique a prisão pre- vado para seis anos. ◗ HÉLDER CACULO
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SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019 | 21 |
 Sociedade
SAÚDE

Breves
■ QUINTILIANO DOS SANTOS

Criança torturada
Família pede
Mais de oito mil
celeridade do BIs abandonados
nos postos
processo que Oito mil e 23 Bilhetes

pesa sobre de Identidade estão

agente da PN
Familiares da criança torturada re-
centemente em Luanda por uma
oficial da Polícia Nacional (PN), co-
nhecida por Apolónia Escolástica,
que ostenta a patente de inspecto-
ra-chefe, pedem maior celeridade
no processo criminal em curso. À
acusada foi aplicada a medida cau-
telar em virtude de se encontrar em
estado de gestação de oito meses,
conforme prevê a Lei das Medidas
Cautelares.
Em conversa com este semaná-
rio, Antónia Francisco, mãe da pe-
Ana D. Lourenço é madrinha da campanha lançada em 2018, orçada em mais de 50 mil milhões Kz
quena Elizandra Augusto, lamen-
tou a morosidade do processo e o si-
lêncio dos órgãos de justiça.
Transmissão do VIH/SIDA “Os advogados apenas nos pedem
para ficarmos calmos, que a qual-
Primeira-dama pede quer altura nos trarão novidades.
Os meses vão passando e a senhora
abandonados, há mais de dois
anos, nos postos de emissão
da província do Huambo, uma
situação que está a preocupar
o departamento de
Identificação Civil e Criminal.
Em declarações à ANGOP,
o chefe do departamento,
Hélder Paulo Gomes,
disse desconhecer
as razões que levam os
utentes a não procederem
ao levantamento dos seus
documentos de identidade,
facto que tem vindo
a aumentar ligeiramente.
Escola é encerrada
depois de docentes
serem agredidos
A direcção municipal
de educação de Icolo e Bengo,
em Luanda, encerrou a escola

maior consciencialização Escolástica [a acusada] continua

das famílias para o VIH
Um maior engajamento na educação e
consciencialização da população e das
famílias, em particular das mulheres
em idade fértil, grávidas e adolescen-
tes, sobre o VIH/Sida é o que espera a
primeira-dama da República dos seus
principais parceiros na luta contra no-
vos contágios.
Ana Dias Lourenço esteve durante
dois dias na província do Cunene, região
que escolheu como prioridade no âmbi-
to da massificação da campanha deno-
minada Nascer Livre para Brilhar, por
registar a maior taxa de incidência e
prevalência do país, fixada em 6,1% de
novas transmissões. Seguem-se as pro-
víncias do Kwando Kubango, com 5% e
Moxico com 4%.
A madrinha da luta contra o VIH no
país, lembrou que com esta campanha
pretende-se reduzir a taxa de trans-
missão do VIH de mãe para filho, de 26
para 14% até 2021.
Apelou, por um lado, por uma maior
sensibilização do uso do preservativo
pelos jovens entre os 15 e os 24 anos, ti-
dos como principais infectados, e por
outro, por uma melhoria na qualidade
dos cuidados pediátricos.
Depois de ter sido lançado o desafio,
em Dezembro de 2018, no Moxico, Cu-
nene acolheu a primeira visita de tra-
balho fora da capital do país, por regis-
tar a maior taxa de incidência e de pre-
valência. Na ocasião, a primeira-dama
foi informada que durante o primeiro
trimestre deste ano, 92 bebés de mães
seropositivas, num total de 1.107 partos
realizados, nasceram livres da doença
solta”, observou a mãe da menor.
Contactado pelo NJ, o director do
primária da localidade de
Gonçalo, comuna de Kaculo
Kahango, deixando 150 alunos
Gabinete de Comunicação Institu-
cional e Imprensa da Delegação
sem aulas, depois de um grupo
de jovens ter agredido
Provincial do Ministério do Inte- os professores logo após
na maternidade do Hospital Geral de rior, intendente Mateus Rodrigues, uma partida de futebol.
Ondjiva, no quadro do programa de fez saber que o caso já não é da res- Fonte da administração local
corte vertical. ponsabilidade da PN. Informou referiu que a escola foi
que, apesar de continuar no exercí- encerrada no dia 30 de Maio
Mais de 50 mil milhões Kz para cio das suas funções, pesa sobre a depois de jovens da
reforçar combate ao VIH ofensora uma medida cautelar em comunidade de Boaventura
O Plano Operacional da Prevenção de fase de instrução. terem agredido os professores
Transmissão do VIH de mãe para filho “Já foi encaminhado ao Ministé- por não concordarem com o
2019-2021, lançado no âmbito da cam- rio Público e segue os seus trâmites resultado da partida.
panha Nascer Livre para Brilhar, está normais”, disse.
orçado em mais de 50 mil milhões de Por sua vez, o director do Hospital
kwanzas, ou seja, em cerca de 17 mil Geral de Luanda, Carlos Zeca, ga-
milhões de kwanzas por ano. rantiu que Elizandra Augusto con- Antigo director
tinua internada e recupera a bom da Angop é
ritmo. ◗ DULCINEIA LUFUA encontrado morto
◗ Até 2021, espera- O antigo director
-se que a taxa de ■ ADJALI PAULO de Informação da Angop
José Eduardo de Oliveira
transmissão do VIH Xavier foi encontrado morto,
de mãe para filho na sua residência, por razões
desconhecidas, no bairro
caia de 26 para 14% Dunga, arredores da cidade
do Uíge, sede da capital
da província. Uma vizinha
O montante vai permitir tratar pre- contactada pela Angop
cocemente crianças seropositivas, deu a conhecer que notou
através do diagnóstico precoce infantil a ausência de Eduardo Xavier
e da aplicação de aconselhamento e desde sexta-feira,
testagem. 07, supondo que o mesmo
O plano é composto por quatro eixos: tivesse ausente da província
prevenção primária do VIH, da trans- ou em casa de algum
missão do VIH de mãe para filho, trata- familiar. O Serviço
mento pediátrico e áreas transversais de Investigação
(combate de estigma e discriminação). Criminal (SIC) está
Numa primeira fase foram seleccio- a trabalhar no sentido
nadas as províncias de Benguela, de apurar as causas
Kwanza-Sul, Cunene, Huambo, Huíla, da morte.
A acusada é inspectora-chefe da PN
Luanda, Lunda-Sul e Moxico.

| 22 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019


■ D.R.
Menores tiveram formação sobre saúde
Saúde
Crianças
aprendem
que «ir
ao médico
não dói»
O Shopping Xyami juntou-se à luta
contra o medo que as crianças sen-
tem da bata branca e das ciringas
dos médicos e enfermeiros e criou o
Hospital do Nené, um projecto vol-
tado aos mais novos, que propõe ac-
tividades divertidas com recurso à
simulação em consultas de saúde.
Segundo uma nota de imprensa
enviada à redacção do NJ, o Hospi-
tal do Nené está montado no Xyami
Shoping do Kilamba e Nova vida. O
projecto conta com médicos, enfer-
meiros e estudantes de áreas de
saúde de várias instituições de en-
sino que durante todo o mês de Ju-
nho prometem desfazer os receios
de médicos, instrumentos e am-
bientes hospitalares nas crianças,
a fim de contribuir para a sua auto-
confiança.
“As crianças são convidadas a
trazer o seu brinquedo «doente» e
aprender como ir ao médico não
doí nada”, lê-se na nota.
A unidade sanitária, projectada à
escala dos mais pequenos, foi
adaptada com consultórios, nas
especialidades de pediatria, odon-
tologia, nutrição, medicina de
emergência, medicina do adoles-
cente, oftalmologia e clínica geral.
Com esta actividade, que decorre
sob o lema “Vem aprender a cuidar
de ti e do teu nené”, o Xyami visa in-
centivar as interacções entre pais e
filhos, e contribuir para o desenvol-
vimento e educação das crianças.
O Hospital do Nené funciona das
10h às 17h, e é dirigido a famílias,
igrejas, escolas públicas e privadas.
Desde a sua inauguração, o projecto
já atendeu mais de 1000 crianças.
Menor de 9 anos
que deixou de crescer já
começou a receber apoios
Na edição passada, o NJ contou o drama
por que passa Marcolino Dias Calumbo,
criança natural de Benguela, «congelada
no tempo», um mistério que desafia a
medicina do país. O menor tem 9 anos de
idade mas não fala, não anda e mantém
a estatura e características de um bebé.
Segundo a mãe, nesta semana o Marcoli-
no recebeu alguns apoios e está a ser as-
sistido no Hospital de Benguela. Poste-
riormente será transferido para o centro
neurocirúrgico de tratamento de hidro-
cefalia, em Luanda.
“Desde que o Novo Jornal publicou a his-
tória do meu filho, começamos a receber
algumas ajudas. Estamos muito gratos
pelos apoios. Neste momento, ele encon-
tra-se internado no Hospital de Benguela,
mas o seu estado de saúde ainda é crítico.
Assim que recuperar, vamos seguir para
Luanda, para posterior consulta de hidro-
cefalia”, explicou Maria da Conceição.
Residente no bairro 11 de Novembro
(Camunda), no município da Baía Farta,
província de Benguela, a mãe de Marco-
lino, que se encontra desempregada,
ainda precisa de ajuda para se poder
deslocar para Luanda a fim de seguir
com o tratamento do seu terceiro filho.
Fraudas descartáveis, leite, produtos
de higiene e dinheiro para aquisição de
medicamentos são algumas das neces-
sidades do pequeno.
Após ser informado, por este semaná-
rio, sobre a situação da criança, o admi-
nistrador do Centro Neurocirúrgico de
Tratamento a Hidrocefalia do Kifica, Jo-
sé de Sousa, mostrou-se disponível para
apoiar a criança.
O pequeno Marcolino Calumbo já se encontra em tratamento médico no Hospital de Benguela
Espaço
Solidário
■ D.R.
O médico explicou que a doença de
Marcolino pode ter sido motivada por
um tratamento incorrecto após a ci-
rurgia. Sublinhou igualmente que ca-
sos de género são frequentes no país,
sobretudo devido ao estado avançado
com que muitas crianças chegam aos
hospitais.
Estima-se que mais de 1000 crianças
sofrem de hidrocefalia no país, mas
apenas 400 foram assistidas e aguar-
dam por cirurgias.
Jovem com
◗ «Assim que deficiência precisa
de um triciclo
recuperar, vamos
Justino Cris é um jovem
para Luanda, para
posterior consulta
com deficiência física nos
inferiores e precisa de uma
cadeira de roda ou triciclo
de hidrocefalia» para trabalhar e a ajudar
a família.
O Orçamento Geral do Estado do pre-
sente ano ano económico contempla,
O jovem, que sonha em
concluir os estudos e
trabalhar, foi abandonado
pela primeira vez, uma rubrica para o
diagnóstico e tratamento da hidrocefa-
pelo pai. Vive com a mãe
e três irmãos no município do
lia com despesas avaliadas em 490 mi- Lobito, no bairro São João, na
lhões de kwanzas, cerca de 0,49% da província de Benguela. Contou
despesa total atribuída ao Ministério ao Novo Jornal que, muitas
da Saúde (MINSA). vezes, tem sido vítima de
Recorda-se que o maior centro de tra- preconceito e de exclusão,
tamento da doença, no Kifica, mantém sobretudo quando se propõe a
suspensas as intervenções cirúrgicas, procurar emprego. Para
desde Abril, deixando centenas de sobreviver, Justino rasteja-se,
crianças «ao deus-dará». todos os dias, de casa até à
Ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, portaria do supermercado
mantém «silêncio» a respeito. ◗ H.C. Shoprite do Lobito, uma
distância de quase dois
■ D.R. quilómetros, para pedir
esmolas.
“Ultimamente não consigo
nada nas esmolas e tenho
passado muita fome, por isso
peço às pessoas de boa-fé que
lerem a minha história que me
ajudem com uma cadeira de
rodas”, pediu, esperançoso, o
jovem.
Além da falta de uma cadeira
de rodas, Justino passa ainda
outras dificuldades.
Por isso, uma vez mais, o NJ
apela à solidariedade dos seus
leitores, que desde a criação
deste Espaço Solidário têm
ajudado muitas famílias
angolanas.
Caro leitor, para ajudar o
jovem Justino, liga para os
seguintes terminais:
928798013 / 992259382
Espaço Solidário é um serviço
de utilidade pública criado pelo
NJ com o propósito de ajudar
pessoas carenciadas. Envie-nos
histórias semelhantes para
geral@novojornal.co.ao.
SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019 | 23 |
 Dossier CONTÁGIO

O perigo espreita e coloca em causa a saúde de pessoas menos informadas, que mantêm contacto com os resíduos hospitalares

RISCO

Hospitais juntam lixo

hospitalar ao lixo comum
e deixam perigo à solta
Agulhas, pinças, lâminas, sistemas de colecta de fluidos, vestuários e roupas de camas hospitalares são,
em resumo, os produtos que avolumam a quantidade de material que vai para o lixo. Os contentores para
os quais são destinados nem sempre recebem estes resíduos que acabam misturados ao lixo comum.
◗ ERNESTO GOUVEIA

O risco de contaminação é só um dos
problemas que o lixo hospitalar pode
causar. Em alguns hospitais, regista-se
a deposição destes resíduos nos conten-
tores para os quais não são destinados,
que ainda são transformados em uri-
nóis. A fraca sensibilização e a negligên-
cia coabitam com o perigo e a morte.
Os resíduos sólidos que provêm dos
hospitais, por serem restos produzidos
diariamente durante as actividades nas
unidades sanitárias, carecem de um tra-
tamento especial, tendo em conta as
suas características.
O lixo hospitalar que constitui maior
perigo provém dos centros de hemodiá-
lise, maternidades ou requisitados nas
áreas onde há permanência de doenças
como a Hepatite e o HIV/SIDA.
Dados do Plano Estratégico de Gestão
de Resíduos Sólidos “Angola Hamset Pro-
ject” revelam que a nível mundial a con-
taminação do HIV/SIDA por via de mani-
pulação dos resíduos hospitalares con-
taminados representa perto de 0,2%.
Alguns hospitais, independentemente
de procurarem cumprir os elementos nor-
mativos em relação à gestão do lixo, regis-
tam ainda episódios em que o depósito não
separa o lixo hospitalar do lixo comum, co-
locados inclusive no mesmo contentor,
quando este tipo de resíduos deve ser depo-
sitado em recipientes apropriados.
De modo normal e alegadamente ne-
gligente, a população acaba por entrar
◗ Em média,
recolhe-se cerca
de uma tonelada
de lixo hospitalar
por mês
em contacto directo com estes produtos,
colocando em risco a saúde.
Na maior parte das unidades de saúde,
os resíduos são colocados em contentores
públicos, ao ar livre ou mesmo em lixei-
ras, nas traseiras das unidades de saúde,
não ensacados, de fácil acesso a pessoas e
animais. Os resíduos nem sempre são re-
colhidos atempadamente, o que dá ori-
gem a um cenário preocupante. Assim é
no Hospital Josina Machel, no município
de Luanda, e nos Cajueiros, no Cazenga.
Nos últimos anos, fruto da necessida-
de de inversão do quadro, foi possível no-
tar mudanças em vários aspectos, tam-

| 24 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019

 ■ QUINTILIANO DOS SANTOS.
bém impulsionadas pelo surgimento de
novos hospitais de referência, facto que
acabou por exigir o redobrar de esforços
das autoridades na facilitação para a
criação de novas operadoras de limpeza.
Nalguns hospitais da capital, tais
como o Hospital Geral Especializado, no
Golfe 1, e o Hospital Geral de Luanda (na
Camama), a operadora Sambiente é res-
ponsável pela recolha dos resíduos pro-
duzidos nestas unidades, ao passo que
as concorrentes têm apenas a missão
da recolha do lixo comum.
Em média, cerca de uma tonelada por
mês é a quantidade recolhida. A incine-
ração e a deposição no aterro sanitário é
o destino final destes produtos, proibi-
dos de serem reutilizados, tendo em
conta o risco de infecção ou contágio
que podem causar ao ser humano.
O director do Hospital Geral de Luan-
da, questionado sobre o risco de conta-
minação, explicou que nunca foram re-
gistados casos de contaminação de po-
pulares devidos ao contacto com os resí-
duos depositados nos contentores.
Carlos Zeca fala, sim, de melhorias na
gestão do lixo hospitalar, mas alerta
para o risco que representa o lixo hospi-
talar a que os populares são expostos.
O Decreto Presidencial n.º 160/14, de 18
de Junho, é o instrumento que regula e
orienta a gestão dos resíduos hospitala-
res e serviços de saúde, desde o trata-
mento, armazenamento, acondiciona-
mento e deposição final, sendo “um im-
perativo a que todos os organismos do
sector devem obedecer”.
Incineradoras queimam
num turno até 500
quilogramas de lixo
Até 2009, segundo o projecto Hamset, a
estimativa da produção total de resí-
duos hospitalares em Angola era de
cerca de 5.495.951 kg/ano, dos quais
20% a 30% representam resíduos hos-
pitalares contaminados, ou seja, cerca
de 1.373.988 kg/ano.
Nos dias que correm, os técnicos de
recolha de lixo ousam afirmar que na
realidade esses números crescem em
função da densidade populacional de
Luanda, que se vai tornando cada vez
maior.
Luanda tem três incineradoras que
se destacam, sendo que a mais antiga
pertence à operadora Recolix. Para
além desta, existe ainda a incinerado-
ra do Governo Provincial de Luanda,
que está localizada no Mulenvos, mu-
nicípio de Viana. Esta máquina foi en-
tregue pelo GPL à Elisal, empresa que
terceirizou os serviços de gestão do
aterro sanitário a uma empresa deno-
minada Crescer.
Cada uma dessas incineradoras
pode queimar pouco mais de 500 kg de
lixo hospitalar em apenas um turno
que, segundo informações, vai das
7h00 às 15h.
Entre as empresas da capital que
operam na recolha de lixo produzido
nos hospitais, estão a Elisal, Recolix e
a Sambiente. Esta última faz a gestão
de um aterro localizado no município
de Catete, arredores de Luanda.
“O custo de vida, com a recessão eco-
nómica, obriga a contenções na pro-
cura de serviços saúde nas unidades
hospitalares públicas em detrimento
das privadas, onde os preços não são
Mauro Manaças, técnico de incineradoras, afirma que Luanda já teve bons modelos de recolha
para qualquer bolso”, afirma Mauro
Manaças, técnico com vasta experiên-
cia em montagem de incineradoras.
No caso particular de Luanda, ac-
tualmente uma unidade com a di-
mensão do Hospital Geral de Luanda é
capaz de produzir mensalmente pou-
co mais de uma tonelada por mês, de
um modo geral.
Segundo o director daquela unidade
de serviço público, a realidade daquela
instituição, comparada com os anos
anteriores, é completamente diferen-
te. “Melhorou bastante depois de 2017”,
afirmou, convicto, o médico.
◗ Luanda tem três
incineradoras,
sendo que a mais
antiga pertence à
operadora Recolix
Mauro Manaças, por sua vez, já não
concorda com esta realidade e olha
numa perspectiva mais alargada em
que inclui as unidades hospitalares de
referência onde, segundo as autorida-
des, o risco de contaminação é menor,
em função dos cuidados que existem
no tratamento do lixo hospitalar, que
é completamente diferente do co-
mum. O profissional conclui que a ac-
tual realidade faz pensar que “já tive-
mos dias muito melhores nas opera-
ções de recolha de lixo hospitalar”.
■ ARQUIVO NJ
SEXTA-FEIRA
■ ARQUIVO NJ
A falta de incineradoras é o problema
Em todo o país
Hospitais
provinciais
contam
apenas com
aterros
O oposto de Luanda acontece nas
outras províncias. Após a realização
do 1.º Seminário sobre o Ambiente e
Saúde na sua Gestão e Tratamento
dos Resíduos Hospitalares Perigosos
e não Perigosos, organizado pela
Agência Nacional de Resíduos
(ANR), o que se espera é uma mu-
dança no cenário que, pelo menos,
as principais cidades do país en-
frentam, onde não há uma incine-
radora para tratamento dos resí-
duos hospitalares.
No mês de Abril, em Benguela, o am-
bientalista Isaac Sassom denunciou
alguma “atitude negligente da parte
das autoridades” no tratamento de
resíduos perigosos, com particular
enfoque para o lixo hospitalar, além
de uma postura negligente das co-
munidades.
Na província da Huíla, há pouco
mais de um ano, o município do Lu-
bango debatia-se com um problema
que parece persistir onde não há in-
cineração de resíduos hospitalares.
Devido a essa escassez, lixo prove-
niente das unidades sanitárias é de-
positado de forma inapropriada no
aterro de Mututu, localidade de
Luyovo, constituindo deste modo um
atentado à saúde pública.
Já no Huambo, poucos meses an-
tes da sua exoneração, o então gover-
nador daquela província do Planalto
Central, João Baptista Kussumua, ti-
nha orientado a construção de pe-
quenas incineradoras de lixo hospi-
talar nas unidades sanitárias, justa-
mente para evitar a sua deposição
em locais impróprios, entretanto o
cenário mantém-se no novo executi-
vo provincial.
14 de Junho 2019 | 25 |
 Dossier
CONTÁGIO
Os postos médicos da periferia, segundo a Agência Nacional de Resíduos, não olham para gestão do lixo com a atenção exigida
Alerta Centros da periferia
não são eficientes na
gestão do lixo hospitalar
Os responsáveis do
Ministério do Ambiente
não admitem existir uma
situação alarmante, mas
defendem a adopção
de métodos de gestão
mais eficazes.
◗ ERNESTO GOUVEIA
O Presidente do Conselho de Adminis-
tração da Agência Nacional de Resíduos
afirma que a situação está controlada
mas a intenção é fazer mais para me-
lhorar a situação. Monteiro Lumbo ga-
rante que, na gestão dos resíduos hospi-
talares, os centros médicos da periferia
apresentam uma gestão pouco eficiente.
Visitas de fiscalização, regulares,
têm sido desenvolvidas pela institui-
ção que dirige e, em função disso, tem
verificado que os postos médicos nor-
teiam são os mais preocupantes no ca-
pítulo da gestão do lixo hospitalar.
“A perigosidade que este tipo de resí-
duos representa não nos deixa descan-
sar”, revelou.
Para o responsável, que falava depois
da realização de um encontro multissec-
torial sobre o lixo hospitalar, decorrido
recentemente na capital, a gestão desses
resíduos não é má, tendo ainda destaca-
do a existência de uma área reservada à
biossegurança em cada hospital.
| 26 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019
Quanto às empresas que fazem a re-
colha, o PCA da ANR esclareceu que,
para que uma empresa possa efectuar
este tipo de operações, a mesma tem
de reunir algumas condições, e uma
delas passa pela certificação da insti-
tuição pela qual responde.
Sobre a inexistência de aterros nas de-
mais províncias, Monteiro Lumbo
avançou que estão a ser construídos
aterros na província de Benguela.
A criação de aterros tem respaldo numa
orientação do Plano Estratégico de Gestão
de Resíduos Urbanos (PRESGRU), aprovado
por Decreto presidencial n.º 196/12, de 30 de
Agosto, que estabelece que cada uma das
capitais das províncias do país deve ter es-
tas infra-estruturas até 2025.
O secretário de Estado do Ambiente,
Joaquim Manuel, diz que o quadro não é
preocupante, mas carece de maior ac-
tuação, sendo que o problema reside na
falta de informação por parte de gesto-
res internos das unidades hospitalares,
dificuldades internas de orçamentos e
contratação de empresas capacitadas.
◗ «O lixo hospitalar
requer uma
abordagem
oportuna e
desafiadora»
■ QUINTILIANO DOS SANTOS
“O lixo hospitalar requer uma abor-
dagem oportuna e desafiadora devido a
algumas denúncias feitas ao Ministé-
rio do Ambiente, que pretende reduzir a
produção de resíduos e proporcionar
um destino seguro de forma eficiente,
com base nas operações de deposição,
recolha, transporte, armazenamento,
tratamento, valorização e a sua elimi-
nação”, concluiu.
Já o secretário de Estado da Saúde
para a Área Hospitalar, Leonardo Ino-
cêncio, destacou o facto de permitir
identificar o diagnóstico, sobretudo a
nível dos hospitais municipais e centros
que se debatem ainda com o problema.
O governante esclareceu que a ques-
tão do lixo hospitalar, sobretudo das
peças que constituem perigo, não é
alarmante no país, mas referiu que
está a ser estudada a melhor táctica
com empresas especializadas, princi-
palmente para os centros hospitalares.
Apesar dos esforços que os membros
do Executivo e responsáveis das insti-
tuições e hospitais dizem estar a ser
feitos, é ainda notável o modo preocu-
pante como o lixo é recolhido em algu-
mas unidades de referência.
Os mesmos não são depositados nos
recipientes para os quais são destina-
dos e, misturados com o lixo comum
em contentores normais, são recolhi-
dos sem qualquer atenção ou tratamen-
to específico e transportados por viatu-
ras não apropriadas para o efeito.
Sensibilização
Fraca
informação
leva a gestos
negligentes
da população
O director do Hospital Geral de Luan-
da, Carlos Zeca, além de admitir que
há ainda melhorias a serem feitas
nesse processo de gestão dos resí-
duos hospitalares, entende também
que o trabalho dos ambientalistas é
fundamental para que sejam encon-
tradas soluções mais eficazes para
uma gestão mais racional destes
produtos.
O médico responsável tem ainda
em conta a fraca informação dos po-
pulares que acorrem aos hospitais,
que, muitas vezes, longe da seguran-
ça, fazem dos espaços dos contento-
res um balneário público.
O ambientalista João Serôdio diz
ser uma consequência associada ao
crescimento demográfico das prin-
cipais capitais do país a elevação das
quantidades de resíduos a incinerar.
O especialista afirma que essa situa-
ção provoca problemas ambientais
graves.
“A heterogeneidade da massa dos
resíduos hospitalares e a falta de
preparação das unidades de incine-
ração para o tratamento de quanti-
dades crescentes de resíduos têm le-
vado à impossibilidade do cumpri-
mento dos limites de emissão de ga-
ses cada vez mais estritos”, explicou.
Estima-se que cada doente inter-
nado produza actualmente mais de
1kg de resíduos hospitalares conta-
minados. Estes dados, resultantes
de um estudo desenvolvido pelo Cen-
tro Nacional de Educação a Distân-
cia, apontam ainda que os custos do
tratamento de um interno até à inci-
neração, que é o processo mais co-
mum, rondam os 3.700 kwanzas por
tonelada.
■ ADJALI PAULO
Carlos Zeca, Hospital Geral de Luanda
◆ PUBLICIDADE
 Economia FRAUDE
APOIO FINANCEIRO SÓ DESTINADO A EMPRESAS PÚBLICAS
Estado
distribuiu
ilegalmente
17 milhões
USD a
privados
IGAP disse ao Tribunal de Contas que quem
distribuiu ilegalmente subsídios operacionais
de empresas públicas a operadores privados foi
a Direcção Nacional do Tesouro. Tribunal ordena
devolução do dinheiro aos cofres do Estado
com urgência.
◗ MAURÍCIO VIEIRA DIAS
O Ministério das Finanças (MinFin),
por via da Direcção Nacional do Tesou-
ro (DNT), distribuiu ilegalmente subsí-
dios operacionais avaliados em 2,8 mil
milhões de kwanzas, cerca de 17 mi-
lhões de dólares, a cinco entidades co-
lectivas e a uma individual, tipo de fi-
nanciamento destinado por lei apenas
para empresas do Sector Empresarial
Público (SEP), detectou o Tribunal de
Contas no parecer sobre a Conta Geral
do Estado de 2017.
O documento, a que o NJ teve acesso,
atesta que os referidos subsídios opera-
cionais ilegais foram transferidos pelo
extinto Instituto do Sector Empresarial
Público (ISEP) a favor de quatro institui-
ções internacionais que operam no
mercado europeu, nomeadamente a
Monara Logistics, a Eutelsat (Satélite), a
Telemédia (PTY) e a Sportfive S.A.S., sen-
do que os outros dois beneficiários fo-
ram a empresa angolana privada Ceca-
diam-Comércio Geral e, finalmente, a
título individual, o empresário e presi-
dente do Clube Recreativo do Libolo,
Leonel Casimiro (ver tabela).
Em função da ilegalidade, o Tribunal
de Contas solicitou explicações sobre o
| 28 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019
assunto ao Ministério das Finanças.
Em resposta, o MinFin, em nota de es-
clarecimento datada de 3 de Abril, rela-
tou ao tribunal que “os subsídios às pes-
soas singulares é relacionado com pa-
gamento de serviços ao Estado angola-
no que exercem actividades em nome
singular, tais como despachantes, ad-
vogados, consultores…”, lê-se.
O tribunal questionou, igualmente, o
extinto ISEP, ou seja, o agora Instituto
de Gestão e Administração Pública
(IGAP), sobre o acto ilegal, tendo a ins-
tituição responsável pelo sector em-
presarial público respondido que “os
subsídios operacionais transferidos a
pessoas singulares e colectivas que
não pertencem ao SEP foram executa-
das pela Direcção Nacional do Tesou-
ro”, razão pela qual “o instituto não
reúne elementos para um esclareci-
mento preciso”.
A ser assim, não será a primeira vez
que o Estado angolano age ilegalmente
nestes moldes. Recorde-se, pois, que a
Conta Geral do Estado de 2015 indica
que o Governo disponibilizou 2,4 mil
milhões de kwanzas, cerca de 18 mi-
lhões de dólares, à Niara Holdings,
Tribunal recomenda restituição dos 2,8 mil milhões Kz, correspondentes a 17 milhões USD, aos cofres do Estado
empresa da empresária Isabel dos nheiro foi para pagar participação da
Santos, a título de subsídios operacio- ENDE na Efacec. No entanto, a filha do
nais, um apoio financeiro destinado ex-PR garantiu que nunca recebeu
apenas a empresas do Sector Empresa- nada da Conta Geral do Estado ou do
rial Público (SEP). O MinFin, no perío- Orçamento Geral do Estado.
do, disse ao jornal Expansão que o di-
Tribunal ordena devolução do
dinheiro aos cofres do Estado
◗ Empresa de Devido à gravidade do assunto, o Tribu-
nal de Contas recomenda a restituição
Isabel dos Santos dos referidos 2,8 mil milhões de kwan-
zas aos cofres do Estado.
também encaixou “Restituir ao Estado, com carácter
subsídio ilegal de urgência e verificar se tal será
cumprido, as transferências irregula-
no ano de 2015 res efectuadas às entidades que não
Transferência de Subsídios Operacionais
N.º Beneficiário Valor Mil Kz Valor Mil USD
1 Leonel Manuel Magalhães Casimiro 1.367,4 8,241
2 Monara Logistics Bvba 644,3 3,883
3 Cecadiam - Comércio Geral 482,5 2,908
4 Eutelsat (Satélite) 162,7 0,981
5 Telemédia (PTY) 114,1 0,688
6 Sportfive S.A.S. 59,6 0,359
Total geral 2.830,6 17,060

fazem parte do Sector Empresarial
Público”, recomenda o tribunal ape-
lando a averiguação da lei do SEP,
pois o artigo n.º 2 da Lei 11/13, de 3 de
Setembro, define que integram o SEP
as Empresas Públicas (EP), as Empre-
sas com Domínio Público (EDP) e as
Participações Públicas Minoritárias
(PPM), sendo, por isso, os três únicos
grupos que podem beneficiar deste
tipo de subvenções.
Presidente do Libolo foi o
campeão dos subsídios ilegais
O actual presidente do Clube Recreativo
Desportivo do Libolo, Leonel Casimiro,
foi o empresário que mais recebeu subsí-
dios ilegais, detectou o Tribunal de Con-
tas na Conta Geral do Estado de 2017, afe-
rindo que o homem, a título individual,
encaixou perto de 1,4 mil milhões Kz, cer-
ca de 8,2 milhões de dólares à taxa de
câmbio média daquele ano, correspon-
dente a 48,3% dos 17 milhões de dólares.
Na segunda posição, de acordo com o
documento, ficou a empresa interna-
cional belga Manora Logistics, com
sede em Antuérpia, na Bélgica, por rece-
ber subsídio operacional ilegal avaliado
■ LÍDIA ONDE
◗ Sportfive
recebeu 359 mil
USD da Direcção
Nacional do
Tesouro em 2017
em 2,8 milhões de dólares, equivalente
a 22,8% do montante total.
Na cauda, como é visível na tabela ao
lado, esteve a empresa Sportfive , uma
das maiores agências desportivas do
mundo, para a qual a Direcção Nacional
do Tesouro disponibilizou 359 mil dóla-
res em 2017, aponta o Tribunal de Contas.
Um outro dado curioso destacado
pelo tribunal está associado à lei que
aprovou os encargos operacionais glo-
bais para aquele período, pois o docu-
mento diz que estavam previstos subsí-
dios no valor de 24,6 mil milhões de
kwanzas; contudo, foram transferidos
pelo SEP às empresas públicas o mon-
tante de 31 mil milhões de kwanzas,
perfazendo uma diferença de 6,4 mil
milhões de kwanzas.
Breves
Contribuição
Angola
IVA: Haverá multas
doa mais às firmas que não
emitam facturas
que a China Os grandes contribuintes
ao fundo que não emitirem facturas
cinco dias após a transmissão
de bens ou prestação
africano de serviços incorrem
à penalidade de 7 a 15%
do valor transaccionado
O Governo angolano vai doar 10 mi- do Imposto Sobre Valor
lhões de dólares para o Fundo Fiduciá- Acrescentado (IVA), que
rio de Solidariedade Africana, que se entra em vigor a 01 de Julho
juntam aos dois milhões de dólares da próximo. O membro do grupo
Guiné Equatorial para reforçar a segu- técnico de implementação
rança alimentar e combater a pobreza. do IVA Leandro Cruz, falando
Estas doações somam-se aos 2,6 à Angop nesta quinta-feira, 13,
milhões de dólares (2,3 milhões de eu- recordou que estão
ros) disponibilizados pela China e aos cadastrados 421 grandes
dois milhões de euros da França, tota- contribuintes.
lizando 17 milhões de dólares (cerca
de 15 milhões de euros), que serão
usados para recapitalizar a capacida-
de financeira deste Fundo, gerido pela FILDA confirma
Organização das Nações Unidas para participação de 21
a Alimentação e a Agricultura (FAO). países
“Estas doações mostram o sucesso
do Fundo [ASTF, na sigla em inglês]. A 35.ª edição da Feira
Os excelentes resultados nos últimos Internacional de Luanda
cinco anos são a prova viva disso e a (FILDA), a decorrer de 9 a 13
generosidade dos doadores é um de Julho, tem já confirmada
exemplo único da forte solidarieda- a participação de 21 países,
de que existe entre os países africa- mais três do que em 2018,
nos”, disse Maria Heleno Semedo, anunciou em Luanda o líder
vice-directora-geral da FAO, no final da empresa organizadora
de uma reunião que decorreu no âm- do certame. Bruno Albernaz,
bito dos Encontros Anuais do Banco presidente da Eventos Arena,
Africano de Desenvolvimento, que disse que, entre os países já
decorrem até esta sexta-feira em confirmados estão Portugal,
Malabo, capital da Guiné Equatorial. Alemanha, Indonésia, Turquia,
Este fundo fiduciário, que já fi- França, Índia, China, Reino
nanciou 41 projectos em 18 países, é Unido, Noruega, Suécia,
liderado por países africanos e des- Suíça, Israel, Brasil, Japão,
tina-se a “apoiar iniciativas locais Bielorrússia, Uruguai, Itália
de desenvolvimento e tem como e ainda o território de Macau.
principal objectivo o fortalecimento
da segurança alimentar em todo o
continente, ajudando os países e as
suas organizações regionais a erradi- Air Namibia
car a fome e a desnutrição, eliminar a retoma voos
pobreza rural” e administrar “os recur- Windhoek/Luanda
sos naturais de maneira sustentável”,
segundo a FAO. A transportadora aérea
namibiana, a Air Namibia,
■ D.R. que tinha suspendido os
voos para Luanda a partir
de Windhoek, vai reatar
esta ligação regional nas
próximas horas, anunciou
a companhia em conferência
de imprensa no país vizinho.
Os voos entre a capital
namibiana e Luanda foram
suspensos segunda-feira
depois de o departamento
da South African Airlines
(SAA), a companhia aérea
sul-africana, responsável
pela manutenção da frota
de Airbus A319 da Air
Namibia, ter retido
os aparelhos por atrasos
no pagamento e das
elevadas dívidas
acumuladas.
Governo vai doar 10 milhões USD
SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019 | 29 |
 Economia
HACKERS

Breves

Crise Sonangol continua

Banco Millenium
Atlântico promove
fórum em Lisboa
«parada» e sem saber
O Banco Millenium Atlântico,
em parceria com a Aenergy
e outros operadores
internacionais, está a
origem do ataque pirata
promover, em Lisboa, capital ■ ARQUIVO NJ

portuguesa, novas formas de

financiamento aos projectos
relevantes no sector
energético angolano.
O evento, alinhado com a
agenda do África Energy
Fórum, reúne empresas,
investidores e especialistas
em energia e tem por
objectivo criar condições
para o financiamento de
projectos estruturantes,
essenciais para o
desenvolvimento económico
do continente africano
e, em especial, de Angola.

Cervejeira Nocebo
no Huambo regista
queda de produção
O volume de vendas
na Cervejeira Nocebo,
do grupo Castel, na província
do Huambo, caiu de
40 mil para 10 mil grades
nos últimos três anos, devido
à perda do poder de compra
dos consumidores, resultante
da crise económica e
financeira. Segundo
informação avançada terça-
-feira, 11, pelo supervisor para
a área de Segurança, Higiene
e Saúde no Trabalho, esta
unidade fabril conta com uma
produção de 35 mil unidades
diárias, desde 2017.
Inflação regista
variação de 1,13 por
cento em Maio
A inflação, medida pelo Índice
de Preços no Consumidor
(IPC), tendo como referência
Luanda, registou uma
variação de 1,13% durante o
período de Abril a Maio de
2019, cerca de 0,07 pontos
percentuais superior a
registada no período anterior.
A variação homóloga atingiu
17,35%, registando um
decréscimo de 3,30 pontos
percentuais em relação à
observada em igual período
do ano anterior. A classe
“Alimentação e Bebidas não
Alcoólicas” foi a que mais
contribuiu para a taxa de
inflação do mês, com 0,53
pontos percentuais.
Ainda não se apurou a dimensão do «estrago» financeiro causado pelo ataque
Suspeita-se que o «assalto»
seja proveniente de um
software «maligno» moderno
denominado Ransomware,
que terá encriptado
e tornado inacessível
os arquivos da petrolífera.
◗ MAURÍCIO VIEIRA DIAS
Uma semana depois de o Novo Jornal ter
revelado que a maior empresa nacional,
a Sonangol, foi alvo de um ataque ciber-
nético que atingiu as estruturas do Gru-
po, tendo deixado a petrolífera “parali-
sada”, este jornal apurou que, até ao fe-
cho da presente edição, o problema não
foi solucionado.
De acordo com as fontes deste sema-
nário ligadas ao grupo, a petrolífera, que
sofreu o ataque de hackers na manhã
de quarta-feira, 5 de Junho, não identi-
ficou a origem do crime cibernético,
mas suspeita-se de que o “assalto” seja
proveniente de um software “maligno”
moderno denominado “Ransomware”,
que terá encriptado e tornado inacessí-
vel os arquivos da empresa, explicou
um dos interlocutores.
As fontes reconfirmaram que os
hackers tiveram acesso a informações
privilegiadas de mais de 7 mil compu-
tadores da Sonangol. O Novo Jornal pro-
curou apurar a dimensão do “estrago”
financeiro que o ataque causou à petro-
lífera, mas não obteve sucesso, pois a
empresa quer evitar falar sobre o as-
sunto à imprensa, confidenciou ao NJ
um responsável de topo da Sonangol.
No conjunto, os interlocutores man-
tém a posição de que uma das maiores
preocupações da empresa é de que o “ci-
berataque” permitiu aos hackers terem
em posse informações privilegiadas so-
bre a companhia e os seus clientes, o que
poderá causar danos à reputação da em-
presa, bem como danos matérias, con-
cretamente prejuízos financeiros.
Petrolífera já não comunica
Depois de na quinta-feira, 6, a Direcção
de Tecnologias de Informação (DTI) da
Sonangol, num comunicado a que o NJ
teve acesso, garantir que houve ape-
nas tentativa de ataque cibernético às
infra-estruturas de TI da empresa,
ocorrido nas primeiras horas do dia 5
de Junho, a petrolífera nada mais diz
sobre o assunto. O NJ remeteu ques-
tões por e-mail à direcção de comuni-
◗ Mensagem pouco
perceptível é o que
se obtém como
resposta quando se
tenta corresponder
com a Sonangol
cação da referida empresa e recebeu
como resposta uma mensagem pouco
perceptível: “o servidor tentou entre-
gar esta mensagem, sem sucesso, e
parou de tentar. Por favor, tente enviar
esta mensagem novamente. Se o pro-
blema persistir, contate o helpdesk
[grifo do NJ]”.
Recorde-se que, na nota pública, a pe-
trolífera diz que “de forma a conter o
referido ataque, a DTI tomou de ime-
diato várias medidas cautelares para
protecção dos activos críticos, entre
elas o shutdown dos seus sistemas in-
formáticos e rede de comunicações”.
Desde quarta-feira, dia 5 de Junho,
que o Grupo Sonangol ficou todo em
baixa por causa de um ataque ciberné-
tico, peritos internos e de empresas is-
raelitas de tecnologia de formação tra-
balham para tentar perceber a origem
do ataque, mas sem sucesso.
Angola conta com uma lei contra ci-
berataques, aprovada pela Assembleia
Nacional em 2017, a Lei 7/17, de 16 de Fe-
vereiro, para a protecção das redes e sis-
temas informáticos, que pretende prote-
ger os cidadãos e as organizações de ata-
ques de hackers, tendo em vista os novos
desafios que o universo digital criou.
Na história recente do universo digi-
tal, um dos temas mais conhecidos é o
hacker, que é o pirata informático com
competências técnicas elevadas e que,
por exemplo, em 2013, conseguiram di-
minuir drasticamente a velocidade da
Internet em todo mundo.

| 30 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019


■ ARQUIVO NJ
Angola capta investimentos em Lisboa
Energia
Angola
procura
investidores
na capital
portuguesa
As oportunidades de negócios no
sector energético em Angola para
atrair investimento privado para os
projectos no sector foram apresenta-
das, quarta-feira, 12, em Lisboa, pelo
secretário de Estado para a Energia,
noticiou a imprensa angolana.
António Belsa da Costa aproveitou
a participação na 21.ª edição do Fó-
rum de Energia de África, que decor-
re de 11 a 14 de Junho corrente e que
reúne mais três mil personalidades
de todo o mundo, entre 18 ministros
e altos funcionários de governos
africanos, investidores e académi-
cos, para atrair investimento priva-
do para o seu país.
A agência Angop escreveu que o
sector energético de Angola precisa
de mobilizar quase três mil milhões
de dólares para a construção de in-
fra-estruturas até 2022, para elevar a
actual capacidade de produção de
energia eléctrica dos actuais 3334
megawatts para 7500 megawatts,
dos quais 500 megawatts terão ori-
gem em energias renováveis.
O Governo de Angola tem apostado
na recuperação e construção de no-
vas fontes de produção de energia
eléctrica, com destaque para a Cen-
tral de Ciclo Combinado no Soyo e as
barragens de Cambambe, Laúca, Ca-
panda e Caculo Cabaça, para alcan-
çar a meta estabelecida.
Além dos três aproveitamentos hi-
droeléctricos já concluídos com Ca-
culo Cabaça ainda em obras, estão
previstos mais empreendimentos
no Médio Cuanza, como o Túmulo do
Caçador, Luime, Zenzo I e Zenzo II. O
fórum conta com a presença de vá-
rios ministros africanos da energia.
AGT alerta consumidores
a denunciar cobranças
indevidas do IVA
Há 17 dias da entrada em vigor do Im-
posto sobre o Valor Acrescentado (IVA)
em Angola, a Administração Geral Tri-
butária (AGT) alerta para a cobrança in-
devida do imposto, reservado unica-
mente aos grandes contribuintes, cerca
de 421 empresas cadastradas na respec-
tiva repartição fiscal.
Adilson Sequeira, coordenador do grupo
técnico para a implementação do IVA,
fez esta alerta quarta-feira, 12, em de-
clarações prestadas à imprensa, à mar-
gem de um encontro de esclarecimento
sobre o tema na Associação das Empre-
sas contratadas da Indústria Petrolífera
Angolana (AECIPA).
O também fiscalista considera preocu-
pante a cobrança indevida, porquanto o
diploma será aplicado pelos 421 grandes
contribuintes utentes de obrigações de-
clarativas, que os autorize a cobrar o IVA
e incluído na factura.
“Os restantes (contribuintes) não estão
autorizados a cobrar o IVA, salvo se soli-
citarem à administração fiscal a sua
adesão ao regime geral para o efeito”,
sublinhou Adilson Sequeira, para quem
os demais contribuintes deverão dis-
pensar também a cobrança do Imposto
de Consumo, devendo por isso os preços
dos bens serem mais baixos.
“A partir de 1 de Julho não podem nem
cobrar o IVA, nem o Imposto de Consu-
mo. Só vão cobrar o IVA se aderirem ao
regime geral. A tendência, por exemplo,
dos demais serviços, incluindo o consu-
mo de alimentos nos restaurantes em
qualquer parte do país, é a redução dos
actuais preços”, sublinhou.
Escassos dias restam para a entrada em vigor do Imposto sobre o Valor Acrescentado
Foco
Nesse sentido, o coordenador do grupo
técnico para a implementação do IVA
apela os consumidores finais para a de-
núncia de eventuais irregularidades de- BRÁULIO DE BRITO
correntes da cobrança indevida do IVA e Presidente da Associação das
do Imposto de Consumo, no período de Empresas Contratadas da Indústria
Petrolífera (AECIPA)
transição que terá a duração de um ano
e meio ou até 2021. Que expectativa antevê
“Vamos criar mecanismos e alguns nú- quanto ao IVA nas
meros (telefónicos) para envio de men- empresas petrolíferas? O
sagens (SMS), para internamente verifi- IVA vai chegar porque está
carmos quem são os grandes contri- estipulado. Trata-se de uma
buintes ou do regime geral autorizado a orientação governamental e
cobrar o IVA, punindo os eventuais pre- nós, enquanto empresas
varicadores”, observou. prestadoras de serviços,
vamos fazer a nossa parte
◗ «A partir de 1 de
para assegurar que esta
implementação seja feita
Julho não podem
de uma forma ligeira, suave
e sem grandes distúrbios para
o nosso sector em particular
nem cobrar o IVA,
nem o imposto
e obviamente para a economia
do país. Estamos agora na fase
de consumo»
final e o objectivo deste
processo é realmente
abordarmos directamente
Relativamente à expectativa do IVA so-
com a AGT e a equipa de
implementação do IVA de
bre o sector petrolífero, Adilson Sequeira todos os possíveis elementos
espera que seja positiva por este dispor e de questões que não estão
de um regime especial que isenta do pa- ainda bem esclarecidas.
gamento do imposto em alguns bens,
nomeadamente o fornecimento de Mas o sector petrolífero
energia eléctrica, água, serviços de tele- beneficia de uma série de
comunicações e as comunicações elec- itens isentos de impostos?
trónicas. Por fim, considerou o IVA “o Tomamos boa nota e com
melhor imposto do mundo, provado nos algum regozijo que realmente
manuais e doutrinalmente”. houve algum cuidado por
◗ HORTÊNCIO SEBASTIÃO parte da AGT sobre a
implementação do IVA
■ LÍDIA ONDE de criar alguns aspectos
especiais para abordar a
especificidade da indústria
petrolífera. Há algumas
isenções de que nós,
enquanto prestadores de
serviços à indústria
petrolífera, vamos beneficiar,
particularmente não será só
bom para o sector
petrolífero, mas para a
própria economia.
Há mais confusão entre as
empresas em acatar o IVA
e não dos consumidores?
Não diria confusão, as
empresas estão
a levantar mais questões
porque ao fim ao cabo somos
nós os principais veículos
da moeda. Somos os
principais prestadores
de serviços, nós é que temos
o capital para que estes
serviços possam então ser
levados ao consumidor final.
Daí que é legítimo termos nós
essa preocupação de buscar
melhores esclarecimentos
sobre o tema em questão.
SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019 | 31 |
 Economia
NEGÓCIOS

Opinião
SÉRGIO CALUNDUNGO
Coordenador do OPSA

Angola Cables vai forçar

Zap, DStv, Movicel e
A insustentável leveza Unitel a baixarem preços
das políticas públicas A multinacional angolana de teleco- de honrar compromissos com os seus
municações Angola Cables vai «for- fornecedores. Segundo o gestor da An-

O
boom do petróleo e o elevado nível de crescimento económico logo depois do çar» as distribuidoras de serviços de
fim da guerra coincidiram com as piores práticas de planeamento, comunicações a baixar os preços, me-
modernização e reabilitação de que se tem memória. Basta olhar para o diante maior disponibilização da ca-
baixo nível de utilidade do ponto de vista económico e social de algumas infra- pacidade e qualidade de transmissão,
-estruturas aeroportuárias, rodoviárias, ferroviárias, marítimas e outras de que contribuindo assim para a digitaliza-
temos conhecimento no país. Desde iniciativas como a reabilitação do Aeroporto ção do país, garantiu em Luanda o seu
Municipal do Cazengo, na província do Kwanza-Norte, passando pelo Aeroporto administrador executivo.
Internacional do Luau, no município com o mesmo nome, na província do Moxico, e Ângelo Gama, que falava aos jorna-
pelo Aeroporto construído no município do Cuito Cuanavale, na província do listas à margem do habitual First Fri-
Kwando Kubango, planificadores convencidos e insensíveis à opinião de outrem day Club promovido há dias pela Câ-
encheram o país com projectos de infra-estruturas megalómanos e insustentáveis. mara do Comércio Estados Unidos-An-
Algumas destas infra-estruturas mantêm-se a duras penas e, ainda hoje, os níveis
de conservação e utilização dos Estádios da Tundavala na Huíla, e do Chiazi, em
gola (USACC), salientou que a Angola
Cables tem vindo a baixar gradual-
Cabinda, de entre outros construídos ou reabilitados para albergarem o campeonato mente os preços das transmissões da
Africano de Futebol em 2010, são testemunhos que nos mostram as consequências internet, embora a acção da empresa
das erradas decisões tomadas por altos funcionários do Estado Angolano, incapazes não tenha alguma influência sobre a
de identificar correctamente as necessidades e prioridades dos cidadãos. voz, uma vez que apenas comercializa
Ao nível dos projectos que previam a construção de infra-estruturas habitacionais, capacidade de transmissão.
escolares, hospitalares etc., nos viários municípios deste país, a situação não é “Investimos e contribuímos para a
diferente: existem aquelas que por “motu próprio” ruíram, outras estão terminadas digitalização do país, não somente na
mas não estão a ser utilizadas, havendo ainda aquelas cujos trabalhos de construção disponibilização da capacidade e da
foram simplesmente interrompidos embora parte das suas infra-estruturas continue qualidade dos serviços, mas também
em pé. E o mais grave são aquelas infra-estruturas que uma vez terminadas e para baixarmos os preços e, ao fazê-lo,
equipadas não estão a ser devidamente utilizadas por erros de concepção do projecto, forçarmos os nossos operadores fi-
ou falta de quadros para o fazerem funcionar. Temos também situações caricatas nas nais, a Unitel, Movicel, ZAP e a TVCabo
quais determinada infra-estrutura ou equipamento não está a ser utilizado por falta também a baixarem o preço, para que
de utentes ao não responderem aos interesses dos beneficiários! no final do dia o utilizador, a popula-
ção, sinta realmente quais são os be-
nefícios que a Angola Cables traz”, sa-
A indiferença das autoridades locais e nacionais lientou Ângelo Gama.
perante os danos causados pelas decisões erradas Nos últimos tempos, as distribuido-
ras de canais de televisão por satélite,
que foram sendo tomadas deve ser revista nomeadamente a DStv e a ZAP, au-
mentaram as tarifas dos serviços
prestados ao público, alegando eleva-
A indiferença das autoridades locais e nacionais perante os danos causados pelas dos encargos financeiros, aliados à
decisões erradas que foram sendo tomadas durante a fase de identificação, escassez de divisas, o que as impede
planificação e implementação de alguns projectos financiados com dinheiro
público deve ser revista, por ser um aspecto perturbador da materialização da ideia
gola Cables, os preços da Internet bai-
xaram significativamente com a en-
trada em funcionamento do Sistema
de Cabos Submarinos da Costa Oci-
dental Africana (WACS) que liga Ango-
la ao Brasil.
◗ «Investimos
e contribuímos
para a digitalização
do país»
Exemplificou que, em termos de
custos, há 10 anos um STM1 (capacida-
de de transmissão de circuitos) custa-
va a volta de 300 a 400 mil dólares e
neste momento situa-se em menos de
50 mil dólares.
“Nós baixámos consideravelmente o
preço das comunicações e Internet,
para além de conseguirmos também
melhorar a qualidade da internet usa-
da em Angola”, acentuou.
O Sistema de Cabos Submarinos do
Atlântico (SACS), inaugurado no ano
passado, com um investimento de 100
milhões USD, permitiu reduzir os cus-
tos no tráfego de dados entre Angola e
o Brasil, com a redução da latência de
350 para 63 milésimos de segundos.
Além desse sistema, a empresa gere
igualmente dois data centers no Brasil e
em Angola. ◗ H.S.
■ D.R.

comum entre nós, segundo a qual temos de facto de “corrigir o que está mal”.
A ideia de que os detentores de autoridade (para mim deveriam ser mais vistos
como detentores de responsabilidade!) são os únicos que sabem e por isso, com o
auxílio dos seus consultores externos, “destilam” todo o seu saber para ajudar as
pessoas que não percebem o que é realmente bom para elas e para o país não
morreu com o início da presente crise económica e financeira que o país
atravessa, apesar de que hoje em relação à abertura para o diálogo entre
governados e governantes se registam alguns progressos comparando com o
período que antecede a tomada de posse do novo Presidente da República.
Antes disso, vivíamos a época do boom do petróleo e do impressionante
crescimento económico: o que as pessoas sentiam em relação às novas zonas onde
tinham sido realocadas, nos casos dos projectos que previam a retirada da população
das zonas onde habitava, ou pelos novos bens e serviços colocados eventualmente à
sua disposição através de projectos que visavam a melhoria das suas condições de
vida, era muitas vezes encarado com indiferença por parte de quem tomava a decisão
sobre os mesmos. Embora naquela altura vigorasse a ideia de que “o chefe é quem
sabe, só ele é que manda, faz e desfaz”, algumas críticas, sugestões ou até
manifestações de descontentamento iam sendo feitas só que eram “abafadas”,
reprimidas, desqualificadas ou mesmo ignoradas por quem de direito e pelos seus
fanáticos apoiantes. Organizações da sociedade civil, movimentos juvenis e pessoas
independentes comprometidas com o país levantaram a voz de protesto contra o uso
abusivo do poder de decisão para pôr em prática projectos públicos e privados tais
como o projecto da Quiminha, as fazendas agrícolas financiadas pelo Fundo
Soberano, o lançamento de um satélite, a construção de um centro comercial em
plena Baía de Luanda junto à antiga Fortaleza de São Miguel, a destruição do
mercado do Kinaxixi. Espero eu que, em face do novo contexto, em vez de projectos
modernos, social e economicamente pertinentes a favor do desenvolvimento do país,
essas iniciativas passem hoje a ser vistas como sintomas do exercício de poder de
forma não transparente, sem nenhum controlo, com ausência de mecanismos sérios
de consulta e participação cívica. ■
Angola Cables apostas na redução dos preços das telecomunicações

| 32 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019

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ANGOLA DADOS CEDIDOS POR:

Informação económica e de mercados
10 de Junho de 2019

PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS
Na semana de 03 a 07 de Junho, o Banco Nacional de Angola (BNA) realizou Na semana em análise a Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) colocou As cotações do “ouro negro” encerram a semana em análise em alta nos principais
quatro (4) sessões de venda de divisas em leilão de preços no montante total de USD títulos da dívida pública no mercado primário no montante de AOA 2.504 milhões, mercados internacionais, animados pela expectativa de alargamento dos cortes na
243,47 milhões, mais USD 113,62 milhões em relação à semana anterior. O montante menos AOA 60.332 milhões em relação à semana anterior. O montante colocado foi produção por parte dos países membros da Organização dos Países Exportadores
disponibilizado foi para cobertura de diversas finalidades, viagens e transferências totalmente realizado em Bilhetes do Tesouro (BT’s), apenas na maturidade de 364 de Petróleo (OPEP) e pelos seus aliados (como a Rússia). Isto apesar da informação
correntes e liquidação de cartas de crédito. As taxas de câmbio médias ponderadas dias, à taxa de 15,64% (-3bps) a.a. Em relação ao mercado secundário, a BODIVA divulgada pelo departamento de Energia dos Estados Unidos que anunciou
EUR/AOA e USD/AO situaram-se no último dia da semana útil em 383,784 (3,67%) transacionou Títulos da Dívida Pública no montante total de AOA 42,5 mil milhões. na semana passada o aumento inesperado dos stocks de petróleo em mais de 6,8
e 340,687 (2,58%) respectivamente, sendo que desde o início do ano, em termos De acordo com os boletins de mercado, publicado pela entidade gestora, foram milhões de barris, naquela que foi a maior subida desde 1990 e que contrariou as
acumulados, a depreciação USD/AOA já atingiu os 9,8%. realizados um total de 94 negócios, com destaque para o Banco Angolano estimativas dos analistas que apontavam para uma queda. Não obstante o
de Investimento (BAI) e Banco Económico (BE) que transacionaram 24% e 17,51% desemprenho positivo no último dia da semana, em termos semanais, o Brent
dos negócios realizados respectivamente. No Mercado Interbancário as taxas de desvalorizou 4,37% para os USD 61,67/barril. O West Texas Intermediate (WTI)
referência (LUIBOR) registaram comportamento misto. Destaque para maturidade transacionado em Nova Iorque seguiu a mesma tendência tendo desvalorizado
a 12 meses que teve um aumento de 4bp fixando-se em 17,01%. As restantes 1,70% para USD 52,59/barril.
maturidades encerraram a semana da seguinte forma: Overnight a 15,74% (+1bp);
1 mês a 15,42% (-2bp); 3 meses a 16,01% (-1bp); 6 meses a 16,22% (+2bp) e 9 meses a
16,53% (+3bp).

NACIONAL
AGENDA INFLAÇÃO
DATA INDICADOR ESTIMATIVA ANTERIOR
VARIAÇÃO DO IPC POR CLASSE DE DESPESA TAXA DE INFLAÇÃO HOMÓLOGA
10-jun AO: Leilões de BT's (364 dias) NOTA:
10-11-12/jun AO: Leilões de divisas AO Angola;
Classes de Despesa Variação Abr-19
26-jul-19 AO: Comité de Política Monetária (CPM) do BNA ZE Zona Euro;
GE Alemanha; 40%
10-jun JP: PIB Anualizado T/T 1Q 2,2% 2,1% Índice Geral 1,06
UK Reino Unido;
10-jun UK: Produção Industrial M/M Abr -0,7% 0,7% US EUA; Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas 1,21 35%
10-jun CH: Oferta Monetária M2 A/A Mai 8,6% 8,5% JP Japão; Bebidas Alcoólicas e Tabaco 0,89 30%
10-jun CH: Balança Comercial Mai $23,20b $13,84b CH China;
BZ Brasil; Vestuário e Calçado 0,96 25%
11-jun UK: Variação Pedidos Seguro Desemprego Mai --- 24,7k
SA África do Sul; Habitação, Água, Electricidade e Combustíveis 1,73
11-jun UK: Taxa de Desemprego Abr 3,8% 3,8% RU Rússia 20%
12-jun CH: IPC A/A Mai 2,7% 2,5% Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção 1,25
12-jun US: IPC A/A Mai 1,9% 2,0% 15%
Saúde 1,14
13-jun GE: IPC A/A Mai 1,4% 1,4% 10%
Transportes 0,11
13-jun US: Novos Pedidos Seguro Desemprego 08-jun --- 218k
Comunicações 0,05 5%
14-jun RU: Taxa do Banco Central 14-jun 7,50,% 7,75%
Lazer, Recreação e Cultura 1,38 0%
14-jun US: Produção Industrial M/M Mai 0,2% -0,50%
Educação 0,00 abr-17 ago-17 dez-17 abr-18 ago-18 dez-18 abr-19
Hoteis, Cafés e Restaurantes 0,48
Bens e Serviços 0,70 Inflação Homóloga

PETRÓLEO E OUTRAS MATÉRIAS PRIMAS

EVOLUÇÃO DO PREÇO DO PETRÓLEO (USD/BARRIL) RESERVAS INTERNACIONAIS LÍQUIDAS (MM USD) PRODUÇÃO DE PETRÓLEO (MIL BARRIS/DIA)
COTAÇÃO VARIAÇÃO 52 SEMANAS
PRODUTO
07-Jun 1W MtD YtD Máx. Mín. 90
1.490 1.440
80 1.530 1.530 1.440
Crude Oil Angola* 62,59 0,30% 0,3% 17,6% 85,8 49,9 1.530
1.430 1.440
1.470 1.450
1.400 1.410 1.380
70 14 14
Brent 61,67 -4,37% -4,4% 14,6% 86,7 49,9 13 13 13 12 12 12 11
60 11 10 10 11
WTI 52,59 -1,70% -1,7% 15,8% 76,9 42,4
Gás Nat. 2,3 -5,30% -5,3% -21,0% 4,9 2,3 50

Ouro 1.335,3 2,28% 2,3% 4,1% 1.348,3 1.160,4 40

30

20

fev- 19

abr- 19
jul-18

mar-19
jan-19
jun-18

ago-18

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nov-18
mai-18

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fev- 19
abr- 18

abr- 19
jul-18

mar-19
jan-19
jun-18

ago-18

set-18

nov-18
mai-18

out-18

dez- 18

jun-18 ago-18 out-18 dez- 18 fev- 19 abr- 19 jun-19

* «Bloomberg Dated Brent Oil 15-45 Days Fwd Strip Price Angola»
Brent OG E
Bloomberg OPEC Crude Oil Prod Angola Output OG E

TAXAS DO BANCO CENTRAL TAXAS DE JURO DA DÍVIDA PÚBLICA

TAXAS DE JURO DO BNA EVOLUÇÃO DAS TAXAS DE JURO DO BNA EMISSÕES MERCADO PRIMÁRIO Var(bp) EVOLUÇÃO DAS TAXAS DOS BILHETES DO TESOURO
30% Montante 30%
24-Mai 29-Mai Var. (PB) Títulos Maturidade 05-Jun 1W YtD
(M Akz)
25% 25%
Taxa BNA 15,50% 15,75% -25 91 Dias 12,83% 0 -77
Taxa de Absorção de Liquidez 0,00% 0,00% 0 20% Bilhetes do 182 Dias 15,89% 0 -117 20%
Tesouro
Taxa de Redesconto 20,00% 20,00% 0 15%
364 Dias 2.504 15,64% -3 -341 15%
Taxa de Absorção de Liquidez (7 dias) 0,00% 0,00% 0 10% OT - Index. 5 Anos 5,00% 0 0 10%
COEFICIENTE DAS RESERVAS OBRIGATÓRIAS Câmbio 6 Anos 5,25% 0 0
5%
Reservas Obrigatórias - M. Nacional 17,00% 17,00% 0 1,5 Anos 21,00% 0 0 5%
0%
Reservas Obrigatórias - M. Estrangeira 15,00% 15,00% 0 OTMN Não 2 Anos 22,00% 0 100 0%
-5% Reajustáveis
3 Anos 23,00% 0 0
-5%
jul-17

mar-18

jul-18

mar-19
jan-18

jan-19
set-17

nov-17

set-18

nov-18
mai-17

mai-18

mai-19

4 Anos 22,00% 0 0
fev-19

abr-19
jul-18

mar-19
jan-19
jun-18

ago-18

set-18

nov-18
mai-18

out-18

mai-19
dez-18

2 Anos 3,70% 0 0
OTME (USD) 3 Anos 4,50% 0 0
Tx básica Tx Absorção Tx Reedesconto
4 Anos 5,20% 0 0
91 Dias 182 Dias 364 Dias

TAXAS DE JURO INTERBANCÁRIAS MERCADO CAMBIAL

COTAÇÃO VARIAÇÃO EM BP 52 SEMANAS EVOLUÇÃO LUIBOR COTAÇÃO VARIAÇÃO 52 SEMANAS LEILÃO DE DIVISAS DO BNA (M USD)
TAXA PAR
07-Jun 1W MtD YtD Máx. Mín. 30,0% 07-Jun 1W MtD YtD Máx. Mín.
2.500
Luibor O/N 15,74% 1 1 -101 22,22% 15,73% 26,0% USD | AOA 340,687 2,58% 2,6% 9,8% 332,114 237,589

Luibor 1M 15,42% -2 -2 -140 19,41% 15,42% EUR | AOA 383,784 3,67% 3,7% 8,6% 371,470 278,145 2.000
22,0%

Luibor 3M 16,01% -1 -1 -108 20,02% 16,01% GBP | AOA 433,996 3,9% 3,9% 10,7% 428,269 317,133 1.500
18,0%
Luibor 6M 16,22% 2 2 -113 21,18% 16,16% ZAR | AOA 22,630 0,8% 0,8% 6,1% 23,515 17,933
14,0% 1.000
Luibor 9M 16,53% 3 3 -129 22,17% 16,48% BRL | AOA 88,017 5,5% 5,5% 9,9% 86,082 61,234
Luibor 12M 17,01% 4 4 -98 23,09% 16,86% 10,0% CNY | AOA 49,373 2,7% 2,7% 9,3% 48,529 37,115 500
fev- 19

abr- 19
jul-18

mar-19
jan-19
jun-18

jun-19
ago-18

set-18

nov-18
out-18

mai-19
dez- 18

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Overnight 3 Meses 2017 2018 2019
6 Meses 12 Meses

INTERNACIONAL
MERCADOS ACCIONISTAS MERCADO CAMBIAL TAXAS DE JURO USD E EUR
COTAÇÃO VARIAÇÃO (%) COTAÇÃO VARIAÇÃO(%) 52 SEMANAS COTAÇÃO VARIAÇÃO EM BP 52 SEMANAS COTAÇÃO VARIAÇÃO EM BP 52 SEMANAS
ÍNDICE
07-Jun 1W MtD YtD PAR
07-Jun 1W MtD YtD Máx. Mín. 07-Jun 1W MtD YtD Máx. Mín. 07-Jun 1W MtD YtD Máx. Mín.
DOW JONES 25.720,66 3,6% 3,6% 10,3%
EUR | USD 1,1241 0,7% 0,6% -2,0% 1,185 1,111 EUA (OTs) EUA
S&P 500 2.843,49 3,3% 3,3% 13,4%
GBP | USD 1,266 0,1% 0,3% -0,7% 1,347 1,244 2 Anos 2,061% -10,3 -20,5 -42,7 2,973% 1,944% Libor O/N 2,355% -0,5 -2,5 -2,4 2,403% 1,707%
NASDAQ 7.615,55 2,2% 2,2% 14,8%
EUR | GBP 0,888 0,6% 0,4% -1,3% 0,911 0,847 5 Anos 2,020% -10,1 -25,9 -49,1 3,097% 1,934% Libor 3M 2,525% 0,5 -5,1 -28,3 2,824% 2,300%
FTSE 100 7.259,85 1,4% 1,4% 7,9% 10 Anos 2,213% -10,7 -28,9 -47,1 3,259% 2,145% Libor 6M 2,571% 1,9 -5,1 -30,5 2,908% 2,467%
USD | ZAR 14,452 -1,9% -0,9% 0,7% 15,696 12,529
BOVESPA 97.204,85 0,2% 0,2% 10,6% USD | NAD 14,452 -1,9% -0,9% 0,7% 15,696 12,529 Zona Euro (OTs Alemanha) Zona Euro
PSI 20 5.091,55 0,9% 0,9% 7,6% USD | BRL 3,886 -3,5% -0,9% 0,1% 4,213 3,586 2 Anos -0,640% -0,9 -5,6 -3,0 -0,488% -0,684% Euribor O/N -0,370% -0,2 -1,1 -1,4 -0,335% -0,374%
Nikkei 255 20.774,04 0,8% 0,8% 3,8% USD | CNY 6,904 -0,1% 0,0% 0,4% 6,980 6,384 5 Anos -0,560% -4,2 -14,6 -24,8 -0,015% -0,592% Euribor 3M -0,317% -0,7 -0,7 -0,8 -0,306% -0,324%
10 Anos -0,175% -5,8 -18,8 -41,7 0,580% -0,213% Euribor 6M -0,245% -0,3 -1,4 -0,8 -0,227% -0,271%

Fonte: Bloomberg/BNA/PND/OGE/ SIGMA / INE

Nota: O presente documento tem como único objectivo disponibilizar informação obtida a partir de diversas fontes, incluindo meios de informação especializados, fontes oficiais e outras consideradas credíveis e fidedignas. As opiniões e previsões emitidas não vinculam o BANCO ECONÓMICO
(“BANCO”), não podendo o BANCO, por isso, ser responsabilizado, em qualquer circunstância, por erros, omissões ou inexactidões da informação constante neste documento ou que resultem do uso dado a essa informação, designadamente, de decisões de investimento ou contratação que
tenham sido tomadas tendo por base todos ou alguns dos elementos contidos neste documento e que resultem em eventuais perdas, danos ou prejuízos para o investidor. Cabe ao investidor tomar as suas decisões, à luz do seu perfil e objectivos de investimento, e tendo em conta a legislação e
regulamentação aplicável. Por outro lado, as opiniões e previsões expressas no presente documento reflectem o ponto de vista dos autores, na data da elaboração do documento, sujeitas a correcções caso se verifiquem alterações das circunstâncias, sem necessidade de qualquer aviso.

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 Economia
ACORDO
Ex-vice-Presidente da República Manuel Vicente e o então ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”
Devolveram ao Estado voluntariamente
Manuel Vicente e Kopelipa
deixam de controlar 31% do
capital do Banco Económico
Estado, por via da Sonangol,
emprestou à Lektron Capital,
de Manuel Vicente e
Kopelipa, o montante de 125
milhões de dólares para
aquisição de acções no
Banco Económico, mas a
empresa não tem cumprido
o período de reembolso do
crédito.
◗ MAURÍCIO VIEIRA DIAS
O ex-vice-Presidente da República Ma-
nuel Vicente e o então ministro de Estado
e chefe da Casa de Segurança do Presi-
dente da República, general Manuel Hél-
der Vieira Dias Júnior «Kopelipa», proce-
deram à entrega voluntária ao Estado
dos 31% da participação social que pos-
suíam no Banco Económico através da
empresa Lektron. A informação consta
num comunicado do Serviço Nacional de
| 34 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019
Recuperação de Activos da Procuradoria-
-Geral da República (PGR) enviado quin-
ta-feira, 13, ao Novo Jornal.
O Estado, por via da Sonangol, empres-
tou à Lektron Capital, de Manuel Vicente
e Kopelipa, o montante de 125 milhões de
dólares para aquisição de acções no Ban-
co Económico, mas a empresa essa não
tem cumprido o período de reembolso do
crédito.
Razão pela qual, durante o processo
que o Serviço Nacional de Recuperação de
Activos da PGR tem realizado para aferi-
ção dos financiamentos de fundos públi-
cos efectuados a empresas privadas, em
colaboração com as instituições compe-
tentes do Estado, os dois accionistas da
Lektron decidiram proceder à “entrega
voluntária das participações sociais ao
Estado”, destaca o documento.
Quanto à Geni, outra empresa que be-
neficiou de empréstimo da Sonangol na
ordem dos 53,2 milhões de dólares que
tornaram o general Leopoldino Nasci-
mento «Dino» dono de 19,9% do Banco
Económico, a entidade do Estado garante
que a empresa já pagou 23,6 milhões de
dólares e assumiu o “compromisso de
proceder ao pagamento da dívida; caso
não o faça, o Serviço Nacional de Recupe-
ração de Activos instaurará imediata-
mente o procedimento cautelar de arres-
to das referidas participações sociais”.
A nota revela ainda que foi instaurada
uma providência cautelar não especifi-
cada contra o Grupo Suninvest, S.A. – In-
vestimentos, para entrega imediata ao
Estado das fábricas de medicamentos de
Luanda e Benguela, tendo o tribunal pro-
cedido à entrega das mesmas ao Estado.
É beneficiário último do Grupo Sunin-
vest, entre outros, o antigo presidente da
◗ General Dino
assinou acordo
com o Governo
para liquidar dívida
que a Geni contraiu
à Sonangol
■ D.R.
Fundação Eduardo dos Santos (FESA) Is-
mael Diogo da Silva.
Já a Biocom – Companhia de Bioener-
gia de Angola, criada com o objectivo de
promover o desenvolvimento dos secto-
res da agricultura e indústria, recorreu a
um empréstimo com garantia soberana
ao Sindicato Bancário, constituído por
dois bancos nacionais, no valor de 210
milhões de dólares. No entanto, “existin-
do um passivo por regularizar por parte
da Biocom e tendo em conta a garantia
soberana emitida, o Estado irá [usar] to-
dos os mecanismos para evitar o accio-
namento da referida garantia, que pode-
rá passar pela recuperação da proprieda-
de” da referida empresa.
No âmbito do processo de recuperação
de activos, “foram apuradas várias em-
presas privadas que beneficiaram de fi-
nanciamento de fundos públicos, algu-
mas em processo de privatização irregu-
lar e outras financiadas e suportadas
com garantia soberana do Estado, sem
ter havido o reembolso voluntário desses
fundos públicos até à presente data”, des-
creve o comunicado.

Standard Bank diz que
diversificação depende
de melhorias no petróleo
O responsável por Angola e Moçambi-
que dos Assuntos Económicos do
Standard Bank, Fáusio Mussá, não
acredita que seja possível diversificar
mais a economia angolana sem me-
lhorar o sector petrolífero.
O posicionamento do economista foi
feito nesta quinta-feira, 13, durante
um briefing económico, promovido
pelo Standard Bank, onde reforçou
que “sem fortalecer o sector do petró-
leo será muito difícil mudar o resto da
economia angolana”.
◗ «O problema
de Angola não
são as reservas
petrolíferas [...]»
“É possível melhorar os dois secto-
res (petróleos e o resto da economia)
em simultâneo. Nada impede que se
façam reformas para melhorar os
dois ao mesmo tempo”, considerou
Fáusio Mussá.
O moçambicano ao serviço do Stan-
dard Bank, socorrendo-se do Orça-
mento Geral do Estado de 2018, referiu
que, se não houvesse investimentos
suficientes, a produção de petróleo
cairia para cerca de um milhão de bar-
ris/dia, o que se revelaria preocupante.
Tal situação segundo este responsá-
vel do Standard Bank foi esbatida
aquando da participação na recente
conferência sobre petróleo e gás reali-
zada em Luanda, na qual ficou infor-
mado sobre um conjunto de reformas
em curso que permitirão que campos
Standard Bank promoveu quinta-feira uma conferência sobre a conjuntura económica de Angola
marginais de produção de petróleo
possam rapidamente retomar a sua
actividade em condições vantajosas.
Nesse sentido, lembrou ter sido
anunciado no evento, a cifra de 1,4 mi-
lhão de barris/dia produzidos por An-
gola e dos contactos que manteve com
vários operadores e investidores foi
revelado o elevado potencial de Angola
no domínio dos petróleos.
“Existem vários projectos no fim de
vida útil de contrato e que estão neste
momento a ser renegociados e que po-
dem gerar se calhar mais petróleo do
que Angola já produziu até agora”, re-
feriu acrescentando que “o problema
de Angola não são as reservas petrolí-
feras, mas sim o de pôr em prática o
quadro regulador favorável ao investi-
mento”.
Elogiada concessão de vistos
Fáusio Mussá elogiou no entanto, as
autoridades angolanas pelo facto de te-
rem agilizado a concessão de vistos a
turistas e homens de negócios, que
num passado recente levava um mês,
tendo com o recurso à Internet reduzi-
do para dez minutos o período da apro-
vação de vistos.
“Isto trás para Angola um outro pata-
mar de concorrência com os países vi-
zinhos e com o resto do mundo, que
têm capital disponível para investir
onde é fácil fazer negócios”, observou o
funcionário do Standard Bank, numa
alusão à melhoria do ambiente de ne-
gócios no país.
Segundo afirmou, “Angola quer mu-
dar não só no papel, mas na prática, e já
tem experiências positivas. Este exem-
plo do visto pode não parecer relevante,
mas é importante para Angola”. ◗ H.S.
■ CÉSAR MAGALHÃES.
Novo pacote financeiro do FMI para Angola aprovado
FMI aprova novo
financiamento
de 248,2 milhões USD
O Fundo Monetário Internacional
(FMI) completou nesta quarta-fei-
ra, 12, a primeira revisão da aplica-
ção do programa de reformas acor-
dado com o Governo de Angola e
aprovou um novo financiamento
de 248,2 milhões de dólares.
Com este financiamento, anuncia-
do pelo Fundo no seu sítio na Inter-
net, sobe para 1,24 mil milhões de dó-
lares o total concedido pelo FMI ao
abrigo deste acordo.
O programa angolano de reformas,
apoiado pelo FMI, pretende restaurar
a sustentabilidade orçamental e ex-
terna da economia angolana e esta-
belecer os fundamentos para um
crescimento económico sustentável,
diversificado e liderado pelo sector
privado, segundo o texto divulgado.
O FMI aprovou um acordo de três
anos com Luanda em 07 de Dezembro
de 2018, no montante de 3,7 mil mi-
lhões de dólares.
Em declaração que acompanha a
informação, foi adiantada a conside-
ração de que “as autoridades angola-
nas têm demonstrado um compro-
misso forte com o programa apoiado
pelo fundo”.
Contudo, relativizou-se, “um en-
quadramento externo enfraquecido,
designadamente a crescente volatili-
dade do preço internacional do pe-
tróleo, está a desafiar os esforços re-
formistas”.
Mas para o FMI o executivo angola-
no respondeu da forma adequada, ao
aprovar um orçamento conservador
para 2019.
Trata-se do segundo plano de as-
sistência do Fundo, depois do apoio
concedido em 2009, devido à crise.
SEXTA-FEIRA
■ DR.
Entretanto, o Fundo Monetário In-
ternacional concluiu a primeira revi-
são da aplicação do programa de re-
formas acordado com o Governo, mas
reforça o aviso da necessidade do fim
dos subsídios estatais aos combustí-
veis, energia e água. O mesmo é dizer
que a gasolina nas bombas vai subir,
assim como a conta da luz e da água.
◗ FMI reforça
a necessidade
do fim dos
subsídios estatais
aos combustíveis
A exigência do fim dos subsídios es-
tatais já não é nova, pois em Junho de
2018, no final de uma missão em An-
gola, realizada no âmbito das consul-
tas regulares ao abrigo do Artigo IV
dos estatutos do fundo, de que Angola
é associada, afirmou de forma clara
que o país teria de duplicar, pelo me-
nos, o preço dos combustíveis para
eliminar os subsídios atribuídos por
via da Sonangol.
Apesar de elogiar as respostas do
Governo angolano a “um enquadra-
mento externo enfraquecido, no-
meadamente a crescente volatilida-
de do petróleo, o presidente interino
do Conselho Executivo da organiza-
ção financeira, David Lipton, realça,
sobretudo, que “as autoridades estão
comprometidas em gradualmente
eliminarem os subsídios e os atrasos
em pagamentos”.
14 de Junho 2019 | 35 |
 Internacional INTERNACIONAL
Breves
ÁFRICA
■ D.R.

Flora endémica
de Cabo Verde em
risco de extinção
Setenta e oito por cento da
flora endémica de Cabo verde
encontra-se em vias de
extinção, enquanto cerca
de 20% das espécies estão
ameaçadas, alertou nesta
terça-feira, 11, o director
nacional do Ambiente,
Alexandre Nevsky.
Em declarações à agência
cabo-verdiana Inforpress, no
âmbito do Dia Internacional
da Biodiversidade, Nevsky
revelou que os números
apurados no último estudo
sobre a flora terrestre são
preocupantes e exigem
medidas que garantam a sua
protecção.

Buhari quer retirar

da pobreza 100
Joseph Kabila é acusado de ter mandado espiar os seus adversários políticos
milhões de pessoas
O Presidente da Nigéria,
Muhammadu Buhari,
CONGO DEMOCRÁTICO prometeu nesta quarta-feira,
12, que quer retirar
da pobreza 100 milhões
de pessoas e melhorar a

Kabila contou com segurança do país, que sofre

devido ao terrorismo
jihadista do Boko Haram.
“Com liderança e motivação,
podemos livrar da pobreza

a Mossad para espiar

100 milhões de nigerianos
em dez anos”, disse Buhari,
durante um discurso
em Abuja para comemorar
a restauração da democracia

opositores políticos
em 1999 no país mais
populoso da África,
com quase 200 milhões
de habitantes.

◗ LMA
A informação foi avançada por um pro-
grama da televisão israelita, segundo o
qual Joseph Kabila contratou os serviços
da Black Cube, que integra ex-agentes
dos serviços secretos israelitas, em 2015,
para acompanhar as movimentações
dos seus adversários políticos.
Em 2016, 17 opositores do regime con-
golês foram mortos a tiro durante vá-
rias acções de protesto.
Uma investigação de uma jornalista
do programa televisivo israelita Uvda,
conforme avançou o semanário portu-
guês Expresso, acusa o antigo Presiden-
te da República Democrática do Congo
(RDC) de ter espiado os seus adversá-
rios desde 2015, através da filial de Te-
lavive da Black Cube, uma empresa que
disponibiliza serviços de informação
secreta.
De acordo com o trabalho jornalísti-
co, Joseph Kabila contratou os serviços
daquela empresa privada, que integra
antigos agentes dos serviços secretos
israelitas, a Mossad, para acompanhar
as movimentações dos seus opositores
políticos.
“Kabila queria saber tudo o que se es-
tava a passar nas reuniões da oposição,
quem participava nelas e quem ataca-
va o Presidente. Ele queria saber se ha-
via pessoas próximas que o traíam. E
havia traidores”, revelou à reportagem
um ex-funcionário da Black Cube.
Uma dezena de agentes da empresa
instalaram um serviço de informação
◗ «Estes métodos
resultaram numa
repressão
sangrenta nos
últimos três anos»
não oficial num grande hotel da capital
da RDC, Kinshasa, ainda segundo o tra-
balho do Uvda. O programa de televisão
lembra que, em 2016, 17 opositores do
regime congolês foram mortos a tiro
durante protestos.
Em declarações à rádio francesa RFI,
Olivier Kamitatu, antigo ministro de
Kabila que passou para a oposição, dis-
se que “estes métodos resultaram
numa repressão sangrenta nos últi-
mos três anos” e faziam parte dos pla-
nos para o Presidente “se manter no po-
der”. “Sabemos muito bem que a Repú-
blica Democrática do Congo, no tempo
de Kabila, de democrática só tinha o
nome”, acrescentou.
A Black Cube nega as alegações e apre-
sentou uma queixa por difamação num
tribunal britânico contra a jornalista,
exigindo 14 milhões de libras (15,7 mi-
lhões de euros) por danos, escreve o jor-
nal The Times of Israel.
OMS deplora falta
de segurança
no leste da RDC
A Organização Mundial
da Saúde (OMS) expressou
a sua frustração em relação
à insegurança prevalecente
no leste da República
Democrática do Congo (RDC),
para lutar contra o vírus de
Ébola do qual já só restam
dois mil casos. Desde a
eclosão do surto do vírus
em Agosto passado, mais
de 1.340 pessoas perderam
a vida. “O mais frustrante e
desencorajador na luta contra
o vírus é a insegurança que
está a prejudicar as nossas
operações de socorro”,
queixou-se o porta-voz
da OMS, Tarik Jasarevic.

| 36 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019


O mundo cala-se perante a consumação do crime da administração de Trump e do Governo israelita
Colonialismo
Donald Trump
«autoriza» anexação
da Cisjordânia ocupada
O embaixador dos Estados
Unidos em Israel declarou em
entrevista ao The New York
Times que o Estado israelita
tem “o direito” de anexar os
territórios da Cisjordânia,
embora “nem todos”, mas
sem especificar que tipo de
critério usaria para os definir.
◗ OLO/JOSÉ GOULÃO
Esta entrevista é interpretada como
mais um passo da administração
Trump no sentido de apoiar o primeiro-
-ministro em exercício, Benjamin Ne-
tanyahu, quando este passar à fase de
anexação formal do território palesti-
niano, intenção que tem vindo a mani-
festar publicamente.
As declarações de Friedman são feitas
também numa clara manifestação de
apoio eleitoral a Netanyahu, que desen-
volve campanha para novas eleições de-
pois de não ter conseguido formar go-
verno no quadro do Parlamento saído
da consulta de Abril. As palavras do em-
baixador norte-americano testemu-
nham a disponibilidade dos Estados
Unidos para violarem frontalmente o
direito internacional, uma vez que a
Cisjordânia é território ocupado e é tam-
bém a base do Estado Palestiniano pre-
visto na “solução de dois Estados” reco-
nhecida pela comunidade internacio-
nal. Desconhece-se qualquer posição do
secretário-geral da ONU, António Guter-
res, perante a gravidade do conteúdo da
entrevista. Dirigentes palestinianos
■ D.R.
Arábia Saudita
Adolescente
pode ser
condenado à
morte por se
manifestar
Murtaja Qureiris, um adolescente
saudita, é acusado de sedição e ter-
rorismo. Foi preso aos 13 anos por
protestar durante a «Primavera
Árabe». Enfrenta neste momento a
pena capital. Segundo a Amnistia
Internacional, foi torturado até
produzir uma falsa confissão. O
mesmo que tem acontecido com
dezenas de activistas.
Aos dez anos, Murtaja Qureiris
montou na sua bicicleta e gritou slo-
gans de protesto como “o povo exige
direitos humanos”. Aos 11 participou
numa manifestação contra o gover-
no na sequência do funeral do seu ir-
mão mais velho. Este foi morto nos
protestos de 2011 quando a «Primave-
ra Árabe» chegou à Arábia Saudita e
manifestantes, sobretudo xiitas, de-
safiaram a casa real Saud exigindo
igualdade e mais justiça social.
Murtaja é acusado de ter acompa-
nhado o irmão de mota até à esqua-
condenaram já as posições do embaixa- dra policial de Awamiya, onde este
dor, sublinhando que formalizam a in- teria lançado uma bomba artesanal.
tenção norte-americana de “acabar Noutra ocasião, já depois de o irmão
com a solução de dois Estados” e tradu- ter morrido, é acusado de ter dispara-
zem a maneira como Washington assu- do contra as forças de segurança e de
miu a estratégia dos colonos sionistas pertencer a “um grupo de terror ex-
mais extremistas. Netanyahu tem afir- tremista”, e tudo antes de ter 13 anos,
mado que se for reeleito irá partir para idade com que foi preso. Por isso, en-
uma anexação gradual da Cisjordânia. frenta a possibilidade de crucificação
Até ao momento, os Estados Unidos evi- e de desmembramento do seu corpo.
taram pronunciar-se abertamente so- Os protestos da «Primavera Ára-
bre tais intenções; a entrevista de be» na Arábia Saudita foram pacífi-
Friedman quebrou esse silêncio e coloca cos, defendem aqueles que neles
a posição norte-americana ao nível da participaram. Dizem também que
que reconheceu a anexação dos Montes não há quaisquer provas de actos de
Golã à Síria, colocando-se assim do lado violência por parte dos manifestan-
dos violadores do direito internacional. tes. Pelo contrário, há muitas quei-
Israel tem utilizado vários métodos xas de violência policial e de perse-
para ir anexando gradualmente a Cis- guições judiciais.
jordânia sem assumir que o está a fazer:
encorajando a criação e a ampliação de
colonatos no território; dividindo as co-
munidades palestinianas em “ilhas”
praticamente sem interligação, através
da implantação dos próprios colonatos
e respectivas infra-estruturas de apoio,
do muro de separação e da multiplica-
ção de check-points e outras formas de
controlo; estendendo a área de Jerusa-
lém em direcção à Cisjordânia como
“capital una, indivisível e eterna de Is-
rael”; procedendo a uma limpeza étnica
impondo dramáticas e insuportáveis
condições de vida aos palestiniano, de
modo a que estes abandonem o territó-
rio e sigam o caminho do exílio.
Se a chamada “comunidade interna-
cional” continuar impávida e serena pe-
rante as movimentações ilegais em cur-
so, permitindo o isolamento cada vez
maior dos palestinianos, tal estratégia
Murtaja foi detido em 2014, com 13 anos
só muito dificilmente será travada.
Breves
MUNDO
218 milhões
de crianças no
trabalho infantil
Cerca de 218 milhões de
crianças entre cinco e 17 anos
realizam trabalho infantil,
apontou um relatório
divulgado nesta quarta-feira,
12, pela Organização
Internacional do Trabalho
(OIT). O estudo, que leva
em conta diferentes regiões
do mundo, revela que,
em termos absolutos, quase
metade do trabalho infantil,
72,1 milhões, se regista no
continente africano, seguido
pela Ásia e pelas Américas.
Protestos fecham
instituições
de Hong Kong
A calma, pelo menos relativa,
voltou a Hong Kong depois
dos protestos em massa
desta quarta-feira, 12, contra
o projecto de lei que
pretende permitir a
extradição para a China
continental, incluindo por
dissidências políticas,
o que muitos vêem como
mais um ataque à autonomia
do território. Os principais
edifícios governamentais
vão manter-se fechados
pelo menos até ao final da
semana, enquanto a antiga
colónia britânica vive uma
nova “revolta dos guarda-
-chuvas” — a discussão em
segunda leitura da polémica
lei foi adiada pelo segundo
dia consecutivo.
Equador
reconhece
■ D.R.
casamento gay
A Corte Constitucional
do Equador concedeu nesta
quarta-feira, 12, o direito ao
casamento civil aos casais
homossexuais. Uma nota
publicada pela Corte
informou que a sentença
declara inconstitucionais
as leis que definem
casamento como exclusivo
a casais heterossexuais.
Cinco juízes votaram
a favor e quatro, contra.
Os juízes que se opuseram
à medida consideraram
que, para reconhecer
o casamento entre
homossexuais, seria
necessário legalizá-lo através
de reformas constitucionais.
SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019 | 37 |
 Mutamba SHOW DE DANÇA
Espectáculo terá direcção artística de uma das mais conceituadas coreógrafas do país, Rita Oliveira, e cerca de 100 crianças vão marcar momentos de sensibilização sobre os cuidados a ter com o planeta Terra
DANÇA
Espectáculo infantil «Gota
d’Água» em cartaz no CCB
Problemática dos oceanos e do meio ambiente levada em cena no palco do Centro de Conferências de
Belas, numa realização da Escola Ballet Atitude, produção da ZAP-Estúdos e direcção de Rita Oliveira.
◗ NOVO JORNAL
O Centro de Conferências de Belas (CCB),
em Luanda, acolhe, no próximo dia 23 de
Junho, o maior espectáculo de dança in-
fantil intitulada «Gota d’Água», uma co-
-realização da ZAP Estúdios e a Escola de
Ballet Atitude, liderada pela professora de
dança e coreógrafa Rita Oliveira, respon-
sável pela direcção artística do evento.
O espectáculo vai reunir no palco do CCB
cerca de 100 alunos da Escola de Ballet Ati-
tude, entre as quais crianças com idades
compreendidas entre os 5 e 14 anos, jo-
vens e adultos, e contará igualmente com
a performance de alguns bailarinos pro-
fissionais que actuarão na qualidade de
convidados.
A organização do espectáculo, que
será gravado para posterior emissão te-
| 38 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019
levisiva na ZAP Viva, além de aproveitar
o facto de se estar no mês da criança,
afirma ter elegido o meio ambiente e os
oceanos como temas principais, numa
clara alusão à necessidade de preserva-
ção destes dois elementos da natureza,
uma vez que a poluição coloca em risco
o equilíbrio do planeta.
A directora artística do evento e coreó-
grafa, Rita Oliveira, explica o mote do es-
pectáculo e o facto de terem sido escolhi-
das as crianças como agentes de mudan-
ças presentes e futuras.
“Acreditamos que a dança, enquanto
forma de arte, é um excelente veículo de
transmissão de valores, tendo um impor-
tante papel na orientação da actual e das
futuras gerações, consciencializando-as
sobre a necessidade de preservarmos os
oceanos e assim proteger este património
que é de todos: o planeta Terra. Por isso, es-
colhemos as crianças para passarmos
esta importante mensagem durante os
vários momentos da apresentação”, disse.
Rita Oliveira iniciou os seus estudos em
dança em Luanda, aos dez anos de idade,
◗ «Escolhemos
as crianças
para passarmos
esta importante
mensagem»
■ D.R.
tendo tido diversos professores angolanos
e estrangeiros (russos e cubanos) e dife-
rentes experiências em escolas de dança
no estrangeiro (Paris, Londres e Lisboa).
Vem desde então desenvolvendo de forma
ininterrupta a sua prática como bailarina.
Em 1995, concluiu o curso superior de
dança na área de educação, em Lisboa,
tendo regressado a Angola onde retomou
a sua actividade como bailarina e profes-
sora na Companhia de Dança Contempo-
rânea, onde trabalhou até 1998.
Ainda no ano de 1998, em conjunto com
Mónica Anapaz, fundou a Companhia
Dançarte, e na altura iniciou também a
sua experiência como coreógrafa. Desde
então tem vindo a dirigir a Companhia
em conjunto com a sua colega.

Província de Luanda
Municípios
disputam
título
de kizomba
e semba
A Cooperativa Cultural Mãe África
realiza, até ao dia 11 de Julho, em regi-
me presencial, inscrições para o
«Concurso de Dança Kizomba / Sem-
ba Municipal de Luanda 2019», cujo
casting acontece no dia 13 de Julho
2019, pelas 15h00, na Baía de Luanda,
no local do Projecto Kizomba, e a final
no dia 20 de Julho no Centro Cultural
Brasil-Angola (CCBA).
Os interessados terão de se inscre-
ver aos pares, no bairro do Alvalade,
junto à rua da Big One, ou através do
professor de dança Mário da Cruz
«Tchobela», efectuando o pagamento
de uma taxa de inscrição de dois mil
kwanzas, para se habilitarem ao cas-
ting que irá apurar 18 pares em repre-
sentação dos nove municípios da
província de Luanda, nomeadamen-
te Luanda, Cacuaco, Viana, Talatona,
Icolo e Bengo, Belas, Cazenga, Kissa-
ma e Kilamba Kiaxi.
Na final de 20 de Julho, que decor-
rerá às 15 horas no Centro Cultural
Brasil Angola, serão atribuídos três
prémios, para os primeiro, segundo e
terceiro qualificados, respectiva-
mente. A organização prometeu
anunciar, até ao dia 22 deste mês, a
natureza dos prémios, pelo que serão
entregues no primeiro dia útil a se-
guir à final do concurso.
O par vencedor será considerado
campeão do «Concurso de Dança Ki-
zomba/Semba Municipal de Luan-
da» e ostentará o título até à realiza-
ção da edição de 2020 do concurso
que terá periodicidade anual.
A Cooperativa Cultural Mãe África é
uma organização com vocação para
a promoção da cultura nas suas mais
variadas manifestações.
■ D.R.
Dezoito pares disputam título em Luanda
■ D.R.
Expo marca estreia das artistas no Camões
Artes plásticas
Exposição
«Flowers in
my Garden»
inaugurada
no Camões
As artistas plásticas angolanas Bea-
triz Geraldo e Lauretta Geraldo inau-
guram, no próximo dia 21 do corren-
te mês, no Camões/Centro Cultural
Português, pelas 18h30, a exposição
colectiva Flowers in my Garden [Flo-
res no meu Jardim].
As duas artistas, que partilham
laços de irmandade por via da con-
sanguinidade, reúnem nesta expo-
sição 11 obras de vídeo, instalação e
técnica mista, com recurso a mate-
riais diversificados, designada-
mente tecidos, cartão, tintas, cerâ-
mica arame e urinóis.
Flowers in my Garden, que marca a
estreia das duas artistas no salão de
exposições do Centro Cultural Portu-
guês, incorpora o tema da sobrevi-
vência e adaptação, associando-os
ao conhecimento e vivência das ar-
tistas em diferentes países.
Todas essas envolventes consti-
tuem “mote para uma reflexão em
torno da necessidade de aceitação da
diferença e integração da diversida-
de” na obra das duas artistas.
“Registando meus pensamentos,
emoções e, em alguns casos, minha
voz. Comecei minha jornada para
fora do conforto no desconhecido.
Na procura da minha verdadeira vo-
cação”, explica-se Beatriz Geraldo so-
bre a sua relação com a arte.
Já Laurette Geraldo procura “des-
sensibilizar o público para os proble-
mas globais. Não de uma forma que
os torne negligentes em relação ao
que acontece ao seu redor, mas na
verdade, tornando-os confortáveis,
não apenas em relação às suas pró-
prias realidades, mas também da-
queles que os rodeiam”.
Sorriso
Crónico
AMADEU BATATINHA
O aforismo e as lágrimas
A
nossa vida está cheia de aforismos, sendo que uns nos são mais
próximos que outros. Na maior parte dos casos os aforismos são
breves e precisos, transmitindo ideias próximas de ditados e
provérbios populares. O seu uso não é tão frequente como os ditados mas
ajudam-nos a perceber situações que nos rodeiam.
Tecer aforismos é um acto de elevada intelectualidade e aptidão
linguística própria de filósofos que estudam a sociedade e escrevem
máximas relevantes para a compreensão da evolução da sociedade e
também para verbalizar a realidade que, por vezes, se esconde na curva do
cinismo e da hipocrisia.
Um interessante aforismo é “a mentira é o único privilégio do Homem
sobre todos os outros animais”, que transmite uma realidade nua e crua da
capacidade do ser humano, enquanto animal racional, de usar artimanhas
para enganar terceiros, facto que acontece amiúde na nossa sociedade.
Exemplos vão desde o choro dos mais pequeninos para justificar um
determinado acto até aos mais crescidinhos nos nossos tribunais por razões
variadas.
Há um outro aforismo que, de tão taxativo que é, exibe uma leveza de
tamanha importância e que permite compreender a complexa teia de
determinados recursos humanos existentes na nossa praça. Pessoas que,
apesar do seu longo e floreado discurso, constante aparição pública e
ocupação de cargos relevantes, são como um limão que, por mais que se
esprema, sumo que é bom não dá.
Exemplos vão desde o choro dos mais
pequeninos para justificar um
determinado acto até aos mais crescidinhos
nos nossos tribunais por razões variadas
“Nunca atribua à malícia aquilo que é adequadamente explicado pela
estupidez”. Este breve texto articula de forma tão natural uma verdade
verdadeira e responde a muitas interrogações de quem tem de lidar com
pessoas cuja natureza demonstra um grau de maldade quando na realidade é
apenas uma capa para camuflar a sua gritante estupidez. E como estupidez
não é crime, lá vamos caminhando juntos numa agonia desmedida.
Não é que não haja pessoas más, certamente existem, mas o cerne deste
aforismo é uma explicação racional para os motoristas do destino que não
deixam o barco navegar ao sabor do vento, não por maldade, mas porque
não sabem que têm de içar e desfraldar a vela. É uma verdade que dói, mas
que seguramente não dói o suficientemente para que sejam vertidas
lágrimas. Contudo, apesar de os sinais serem claros de que as coisas vão
mal, há esperança que as lágrimas
futuras sejam de alegria e
emoção.■
SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019 | 39 |
 Mutamba
OPINIÃO
Intervenção
JOSÉ TEIXEIRA *
Prémio de Literatura dstangola/Camões
Q
uero agradecer à União dos Escritores
Angolanos a disponibilidade de nos receber
para esta cerimónia de entrega do Prémio de
Literatura dstangola/Camões. Quero também
agradecer ao júri do prémio. Um agradecimento é
pouco quando o que o que nos dão é tanto. Um
prémio, nomeadamente de literatura, das artes ou da
ciência, depende da sua reputação que, por sua vez,
está dependente do júri, das pessoas que o
constituem. Neste sentido, foi nossa preocupação
nuclear encontrar representantes em que os
candidatos reconhecessem autoridade e dimensão
intelectual. Tivemos, no caso, uma enorme vitória.
Temos um júri que honra o prémio. Agradeço do
fundo do coração à Sr.ª Professora Irene Guerra
Marques, enquanto presidente, ao escritor José
Eduardo Agualusa e ao jornalista e escritor Carlos
Sérgio Monteiro Ferreira, por terem aceite o convite
para fazerem parte deste júri.
O grupo dst é um grupo de engenharia que trabalha
em seis áreas de negócios. Indústria da construção e
obras públicas, indústria das energias renováveis, do
ambiente, das telecomunicações, do imobiliário e na
área das ventures onde aparcamos a nossa capital de
risco, o apoio à inovação e às start-ups. Trabalhamos
em áreas de grande sofisticação e exigência de
conhecimento e há muitos casos, no nosso processo
heurístico, em que não encontramos respostas para
perguntas fora das áreas técnicas. Não encontramos
respostas na física, na matemática, na química, nem
nas disciplinas da gestão ou da economia.
Há muitos anos atrás tentamos encontrar o que não
conseguíamos nas áreas das humanidades, da
filosofia, da antropologia, da sociologia, mais
recentemente, nos autores da economia
comportamental e na neurociência, que estuda os
sentimentos e as emoções, nas áreas das artes e da
literatura. Descobrimos, nestas literacias da beleza,
muito do que procurávamos e de tanto procurarmos,
por vezes, descobrimos o que não procurávamos.
Descobrimos sobretudo a nossa imensa ignorância e
por termos consciência do tanto que não sabemos,
ganhamos uma espécie de nova liberdade que nos faz
correr atrás de novas experiências.
Descobrimos o poder da cultura na economia.
Descobrimos que a cultura é a variável que mais
influencia a competitividade individual, das famílias,
das cidades e dos países e que, paradoxalmente, todos
investimos muito pouco, e outros quase nada, no que
mais pode modificar a nossa competitividade coletiva.
Quanto mais culto um indivíduo for, mais livre, mais
criativo e maior plasticidade cerebral terá para que a
imaginação conquiste poder.
Descobrimos o valor das emoções e dos
sentimentos, o papel da diversidade e o que não
imaginávamos: que há coisas que só os poetas
entendem e, por isso, os teríamos de englobar nas
nossas equações de incerteza. Tínhamos de ler os
poetas para ganharmos novas hipóteses de soluções,
para sermos agentes da economia.
Já tínhamos descoberto também, há mais de
quarenta anos, o papel do teatro na economia, na
construção de personagens competitivos, na criação
de um bom texto, de uma boa encenação. Já tínhamos
descoberto a importância de uma boa coreografia e
dos figurinos na plenitude do palco, no palco como
elemento inteiro e completo. Daí a apoiarmos
companhias de teatro e as trazermos para o interior
| 40 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019
do grupo para nos darem formação foi um pequeno
passo. Entendemos, com o teatro, a importância de
controlar a narrativa, para termos uma boa história e
para conseguirmos que, no final, os nossos
personagens terminem como boas pessoas. Ser boa
pessoa é quase tudo. O poder do bem é um poder de
equilíbrio homeostático.
Há vinte e quatro anos criámos o Grande Prémio de
Literatura dst em Portugal para fazer passar duas
imagens: uma interna e outra externa. Na interna
pretendíamos sinalizar a importância da literatura e
da leitura para a construção do tal personagem
competitivo, mas focado no bem, no prazer e na
felicidade. Numa empresa pouco adianta que o líder
ou os líderes leiam muito. Uma empresa, como uma
comunidade na cidade ou num país, depende da
capacidade dos corações dos líderes fazerem match
com o coração das massas. O que interessa numa
empresa, numa cidade ou num país é a sabedoria das
suas multidões para utilizar o título de um livro de
James Surowiecki. Na dimensão externa
pretendíamos dar luz à importância da cultura na
economia e na construção de uma imagem
organizacional cool, cosmopolita e culta.
O que interessa numa
empresa, numa cidade
ou num país é a sabedoria
das multidões, para utilizar
o título de um livro
de James Surowiecki
Atualmente no grupo temos o objetivo de todos
lerem pelo menos quinze horas por mês. Temos uma
biblioteca e fundos para comprarmos os livros que os
trabalhadores recomendam ler. Temos na nossa
intranet um repositório de pitches de leituras.
Apoiamos muitas edições de livros, oferecemos livros
para as escolas e em todos os aniversários dos nossos
trabalhadores. Hoje existe no grupo uma espécie de
censura social coletiva para quem rejeita o livro, a
leitura e a importância dos poetas para o nosso
desenvolvimento coletivo sustentável. Quando
procuramos a verdade, temos de ler e ler a
diversidade possível para que a verdade seja a
verdade pura. O livro saiu à rua na dst. A leitura está
na prioridade dos nossos trabalhadores e assumimo-
-la como a chave das portas do que temos de vir a
conhecer, do que temos de vir a descobrir, mas
também para manter as nossas horas de avanço de
criatividade e de imaginação face à concorrência.
Num processo de permanente inquietação, de só
estarmos bem onde não estamos, como cantava num
excelente verso o António Variações, também demos
luz coletiva à importância das artes, da estética, do
belo e da beleza na construção do modelo de
desenvolvimento da tal empresa culta. Temos um
projeto de artes que virou um projeto empresarial e a
arte e a estética estão no nosso quotidiano a
condicionar as nossas decisões e a utilização dos
nossos espaços. A arte e a beleza ativam, através de
sinapses super velozes, a serotonina e a dopamina,
neurotransmissores responsáveis pelo bem-estar e
pela felicidade. Aquela felicidade que na metáfora do
Afonso Cruz é um escorrega. Tem de se fazer esforço
para subir as escadas do escorrega, para surfar a
descida, tal como aprendemos em crianças. Tem de se
fazer um esforço, ler e aprender, num processo que
não tem fim (nem tem que o ter), que quanto mais
sabemos, mais sentimos que não sabemos. O
Umberto Eco já escrevia que tinha na sua casa uma
biblioteca e uma anti-biblioteca: na biblioteca
estavam os livros que leu e na anti-biblioteca os que
ainda não tinha lido. Dizia ele que a zona escolhida
da sua casa era a da anti-biblioteca porque o que lhe
interessava eram os livros que ainda não tinha lido ou
dizendo de outra forma, o que lhe interessava era o
que ainda não sabia. E assim ficam sintetizados os
nossos valores estruturais: o bem, a verdade e o belo,
escritos e escolhidos há muitos séculos e inscritos nas
escrituras. O que somos temos de sê-lo em toda a
parte. O princípio da coerência, o princípio da
permanente construção do nosso ethos deve acontecer
onde quer que estejamos. Estamos em Angola, um
país incrível com um potencial extraordinário. Um
país de artistas e de poetas, onde a poesia teve um
papel central para construir o desejo de
independência e a independência que viria a
acontecer. Um país que como o nosso, depende de
utopias, de sonhos grandes para se realizar. Um país
onde, à nossa semelhança, a literatura e a leitura são
fatores críticos de sucesso para que a criatividade
seja completa e para que sejam encontradas soluções
nunca vistas para os anseios de todos.
Em Angola estava na hora de darmos o nosso sinal
social. De intervirmos no sentido em que acreditamos
que deve seguir a economia, no sentido também de
que a riqueza que é criada nos sítios, aos sítios deve
ser em parte devolvida. A nossa opção, esta nossa
primeira opção, foi pelos livros. Fizemos um contrato
com o Instituto Camões para equipar a biblioteca com
milhares de livros nos próximos três anos para que a
oferta, para os angolanos que a frequentam, que são
muitos, seja mais poderosa, mais rica e diversa.
Simultaneamente criamos o Prémio de Literatura
dstangola no qual, com imenso prazer, agregamos o
Instituto Camões para passar a designar-se
dstangola/Camões e, por isso, através do Senhor
Embaixador, um agradecimento ao Luís Ramos,
presidente do Instituto Camões e ao Senhor Ministro
dos Negócios Estrangeiros, Professor Augusto Santos
Silva.
Celebramos hoje o 10 de junho e há uma parte da
celebração que é tão propriedade de angolanos como
de portugueses, como da comunidade que fala
português: a celebração da nossa língua comum, do
português como a maior ferramenta, o maior ligante
entre os nossos povos. Uma espécie anti mítica Babel,
uma língua comum à comunidade de língua
portuguesa sem ter que subtrair a riqueza das línguas
nativas. É uma honra muito grande poder assinalar,
no Dia de Camões, a entrega da primeira edição do
Prémio de Literatura dstangola/Camões aqui, em
Luanda, a um poeta maior angolano, com uma vasta
obra publicada.
Caro Zetho Cunha Gonçalves, parabéns, todos os
parabéns e agradeço-lhe esta oportunidade de estar
aqui a afirmar a importância da poesia e dos poetas
na nossa construção coletiva! Muito obrigado!
*Presidente do Grupo DST

Conjunto Os Kiezos será uma das bandas que vai animar a tarde das recordações no Kilamba
Espectáculo «Tarde das
Recordações» reúne três
bandas no Centro Kilamba
O Centro Recreativo e Cultural Kilamba,
no município do Rangel, recebe no pró-
ximo dia 23 do corrente, pelas 12h00, um
espectáculo ao vivo em dose tripla: so-
bem ao palco da mais tradicional casa
do semba do país o emblemático con-
junto Os Kiezos, a Orquestra Mizangala
DT e a banda Welwitschia.
Denominado «Tarde das Recorda-
ções», o espectáculo, além de represen-
tar uma ponte entre passado e presente
através de uma geração de artistas que
viveu intensamente as décadas de 1960
e 1970 — fase de maior afirmação da
música popular urbana angolana —,
será também um tributo a todo um con-
junto de sucessos musicais que passa-
rão pela rumba congolesa, Brasil e ou-
tros países cuja música representou um
marco na vida destes artistas.
“Essencialmente, vamos ter dois mo-
mentos fundamentais: um primeiro mo-
mento em que os artistas leverão para o
palco temas do seu repertório, e um outro
em que as bandas vão trazer à memória
sucessos dos anos 60/70 [do século passa-
do]. São, na verdade, incursões musicais
que passarão pela rumba congolesa”, ex-
plicou ao Novo Jornal o porta-voz do es-
pectáculo, Soky Dya Nzenze.
“Será um show com foco não só em
Angola, mas em outras latitudes. As
bandas vão levar ao palco velhos suces-
sos para as pessoas reviverem esses
momentos”, disse.
À cabeça da organização do evento
está a Dulce Trindade Produções, dirigi-
da pelo baixista Dulce Trindade, que é
também o líder da Orquestra Mizangala
■ D.R.
DT, que se vai exibir no Kilamba como a
principal banda de cartaz.
A Orquestra Mizangala DT vai apresen-
tar no palco do Kilamba com os músicos
Zé Mueleputo (guitarra solo), Dany gui-
tarra (guitarra solo), Dulce Trindade (gui-
tarra ritmo e voz), Mogue (viola baixo),
Juca (bateria), Raul Tolingas (dikanza e
voz), Julinho (congas), Neto Maradona
(teclado), Zé Manico (voz principal) e
Mady Star (voz).
Os Kiezos, liderados por Manuelito
(voz e dikanza), vão exibir-se com Bran-
do (guitarra solo), Gegé (viola ritmo),
Hambana Maior (congas) e contará ain-
da com a participação de Dulce Trinda-
de e Neto Maradona.
A banda Welwitschia, a terceira banda
do cartaz da «Tarde das Recordações», é
também ela um poço de sumidades, en-
tre as quais se destacam Boto Trindade
(guitarra solo), Zeca Tirilene (guitarra
ritmo), Joãozinho Morgado (congas), João
Diloba (bateria), Carlos Timóteo (viola
baixo), Josué (teclado) e Legalize (voz).
Entre as bandas que subirão ao palco,
o conjunto Os Kiezos é o mais antigo e
com o maior pergaminho. A sua histó-
ria começa no bairro Marçal, quando Ki-
tuxi (membro fundador) reuniu Marito,
Adolfo Coelho e Avozinho, resultando na
criação de um grupo anónimo que ani-
mava as noites no Marçal.
A integração de Tony do Fumo faz com
que o conjunto ganhe notoriedade com
as canções Nguami Ku Soba, Kiezu jabu,
Monami Messene e outras, e na década de
1990, com Zecax, volta a marcar a sua po-
sição no music hall nacional.
Breves
Festival de cultura
Festikongo
«Nem só de beijos
terá como sobrevive o lar»
lançado no Camões
palco No dia 19 de Junho de 2019,
Mbanza pelas 18h30, no Camões/Centro
Cultural Português será lançado
o livro Nem só de beijos e
Kongo e Soyo abraços sobrevive o lar, da
autoria de Salvador & Marisa
Francisco. Trata-se de uma
As actividades que vão marcar a pri- cartilha, baseada na experiência
meira edição do Festival Internacio- pessoal dos autores, que reúne
nal da Cultura, Artes e Turismo (Fes- alguns ensinamentos dirigidos
tikongo), a ter lugar entre os dias 5 e 8 aos jovens casais, procurando
de Julho do corrente ano, inicialmen- incutir valores de amizade
te na capital da província do Zaire, vão e honestidade e cumplicidade
estender ao município do Soyo, por es- na relação a dois. O lançamento
cassez de unidades hoteleiras na cida- ocorre no quadro da
de de Mbanza Kongo para acolher o «Divulgação de Jovens
número de excursionistas e partici- Escritores – Publicação
pantes do evento que vai juntar tam- de Primeira Obra», criada
bém artistas vindos do estrangeiro. pelo Camões.
A informação foi avançada esta
quarta-feira, 12, pela Angop, que ci-
tava o governador do Zaire, Pedro
Makita Júlia, que justificou a deci- Camões acolhe o
são com o facto de o município do primeiro concerto
Soyo — que dista a 300 quilómetros infanto-juvenil
da capital da província — deter
“uma vasta rede hoteleira capaz de A produtora de eventos
acomodar muitas delegações”. da Jazz em Casa leva neste
Pedro Júlia, que falava durante a
realização de um encontro do conse-
sábado, 15, às 10h, no
Camões/Centro Cultural
lho de auscultação da comunidade, Português, o primeiro concerto
destacou, entre os participantes,
uma delegação composta por peritos
Infanto-Juvenil de Música do
Mundo. O evento, que será
do Património Mundial da UNESCO. realizado anualmente, tem
À cidade de Mabnza Kongo — cujo como foco a descoberta de
centro histórico foi declarado Patri- talentos, que trará certamente
mónio Mundial da Humanidade a 8 ao mercado musical não apenas
de Julho de 2017, durante a 41.ª sessão novas estrelas, mas ajudará os
daquela comissão, reunida em Cracó- pequenos artistas
via, no sul da Polónia — estarão tam- a traçarem um rumo brilhante
bém caravanas artísticas dos países para as suas carreiras.
que integravam o antigo território do De carácter internacional,
Reino do Kongo (RDC, Congo Brazza- o concerto terá nove
ville e Gabão), para além de represen- participantes com idades
tantes do Benin e dos Camarões tam- compreendidas
bém participarão neste evento. entre os 8 e 16 anos.
O Festikongo é uma das nove exi-
gências colocadas pela UNESCO
aquando da candidatura de Mban-
za Kongo. Jornalista Miguel
Manuel lança
■ D.R.
documentário
O documentário, intitulado
Cada, Filhos Prodígios, conta
as memórias dos filhos dos
últimos contratados que
regressaram às suas origens
e se reencontraram com os
membros daquela que já foi
a quarta maior produtora
de café e a mais bela vila
do mundo. Será apresentado
na quinta-feira, 20, às 17h, no
Centro de Imprensa Aníbal de
Melo. Trata-se de um trabalho
de investigação jornalística de
Miguel Manuel, que obedece
os princípios que este género
exige, caracterizado no
compromisso da exploração
da realidade.
Vista parcial da catedral de Kurumbimbi
SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019 | 41 |
 Agenda
Cultural
EVENTOS
Santos Populares no On Board
Em Luanda, os Santos Populares
é no On Board (Clube Naval), de 14 a 16
de Junho, a partir das 16h00. Entradas
a 2.500 Kz.
Tarde Solidária
O Campo Multiusos Mawete (Hoji Ya Henda)
recebe no dia 16 de Junho, a partir das
12h00, uma Tarde Solidária alusiva
ao Dia da Criança Africana. Entrada gratuita.
TEATRO
«A Dívida»
O Auditório Njinga Mbande apresenta
nos dias 15 e 16 de Junho a peça teatral
A Dívida, a partir das 19h45. Entradas
a 2.000 Kz.
«O Xuxuado»
De 27 de Junho a 29 de Junho, o auditório
Njinga Mbande acolhe a peça teatral O
Xuxuado, a partir das 20h30. Entradas
a 2.500 Kz (normal) e 3.500 (VIP).
LITERATURA
«As Aventuras Infantis
da Princesa Mukuimbondo»
No dia 23 de Junho, às 08h00, o Auditório
Casa da Juventude (Viana) acolhe
o lançamento da obra infantil As Aventuras
Infantis da Princesa Mukuimbondo,
da escritora Fátima Borró.
Lançamento do livro
de Augusta Conchiglia
O Memorial Dr. Agostinho Neto acolhe no
dia 21 de Junho, às 16h00, a apresentação
LITERATURA
Obra literária da escritora portuguesa
Lídia Jorge revisitada no Camões
A escritora portuguesa Lídia Guerreiro Jorge, de 72 anos, vencedora do
Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura, terá a sua obra literária revisitada na
Biblioteca do Camões, no Centro Cultural Português, no dia 24 deste mês, pelo
Núcleo de Leitura que, no âmbito do projecto «Escritor do Mês», leva àquele
espaço a obra de um autor lusófono. Lídia Jorge é licenciada em Filologia
Românica, viveu alguns anos em Moçambique e em Angola, foi professora do
ensino secundário, membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social e
integra o Conselho Geral da Universidade do Algarve.
| 42 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019
ESPECTÁCULOS
Artista Afrikkanitha apresenta
concerto intimista em Luanda
■ ADJALI PAULO
A cantora Afrikkanitha sobe ao palco do Loanda Pub, no Maculusso, para a
apresentação de um show intimista que promete reunir vários fãs, a ter
lugar no dia 15 de Junho pelas 20h00. O espectáculo será marcado com as
principais canções da cantora. Apesar de ter descoberto o seu dom para o
canto aos 4 anos, foi no grupo N’Sex Love que Afrikkanitha se torna
conhecida. O desejo de fazer algo novo fê-la desvincular-se deste conjunto e,
mais tarde, seguir a carreira a solo, voltando-se para o jazz, afrobeat, funk,
bossa-nova e outros estilos de matriz africana.
do livro da jornalista italiana Augusta inaugurada no Camões/Centro Cultural
Conchiglia Agostinho Neto — Da guerrilha Português a exposição colectiva
aos primeiros anos da independência. Flowers In My Garden, das artistas
angolanas Beatriz Geraldo e Lauretta
Feira do Livro Infantil Geraldo. A exposição fica patente até
Acontece no dia 14 de Junho, às 11h00, ao dia 16 de Julho.
no Memorial Agostinho Neto, a Feira
do Livro Infantil. «Plovãod’escadas»
Está patente até ao dia 16 de Junho
EXPOSIÇÃO a exposição Plovãod’escadas, do artista
Paulo Amaral, na Thomson Art House (Ilha
«Flowers In My Garden» de Luanda).
Dia 21 de Junho, pelas 18h30, será
«Oikonomos»
No dia 18 de Junho, às 18h30, será
inaugurada no Camões/Centro Cultural
Português a exposição Oikonomos,
do artista angolano Edson Chagas.
A exposição fica patente até
ao dia 16 de Julho.
«A Língua Portuguesa em Nós»
Está patente até ao dia 14 de Junho,
no Centro Cultural Brasil-Angola, a
exposição A Língua Portuguesa em Nós.
ESPECTÁCULO
Show intimista de Afrikkanitha
O Loanda Pub, no Maculusso, recebe
no dia 15 de Junho, a partir das 20h00,
o show intimista de Afrikkanitha.
Ingressos a 5.000 Kz.
Yola Semedo no Palmeiras Clube
O Palmeiras Clube recebe no dia 14
de Junho um jantar romântico
com Yola Semedo e os convidados
■ D.R.
Ivan Alekxei, Bruna Tatiana e Chelsy
Shantel, às 19h30.
Bilhetes a 20.000 Kz.
Puto Português no Chá de Caxinde
Puto Português apresenta o seu novo álbum
Alma no Chá de Caxinde, no próximo dia 21
de Junho, às 20h00. Bilhetes a 25.000 Kz.
AVENNIDA CINEMAS
MIB: Homens de Negro — Força
Internacional
13:00 | 16:00 | 18:40 | 21:30 | 00:10
Aladdin 2D (VP)
12:45 | 15:30 | 18:20
Hotel Mumbai
21:10 | 00:00
A Vida Secreta
dos Nossos Bichos 2
11:00 | 13:40 | 16:20
Godzilla 2: Rei dos Monstros
20:40 | 23:30 | 18:40 | 21:30 | 00:20
John Wick 3: Implacável (2D)
15:00 | 18:00 | 20:50 | 23:50
X-Men: Fénix Negra
12:50 | 15:20 | 18:10 | 21:20 | 23:50
Brightburn: O Filho do Mal
23:50
Troll e o Reino de Ervod (VP)
11:10 | 13:20 | 15:40 | 17:50
MIB: Homens de Negro — Força
Internacional
Em Homens de Negro — Força
Internacional, Molly é uma menina
que numa noite encontra um
pequeno extraterrestre, decidindo-o
salvar, enquanto os seus pais vêem
as suas memórias apagadas pelos
Homens de Negro. Anos mais tarde,
Em é já uma adulta extremamente
inteligente que procura uma posição
na divisão secreta dos Homens de
Negro. Nesta nova aventura, eles
vão enfrentar a maior ameaça até
hoje: um infiltrado e traidor na
organização Homens de Negro,
justamente quando a agência se
torna internacional. Quem irá
auxiliar Em nesta jornada é o
atrapalhado agente H (Chris
Hemsworth).
Actores: Tessa Thompson, Chris
Hemsworth, Rebecca Ferguson
Realização: F. Gary Gray
Géneros: Acção, Comédia
Argumeto: Matt Holloway, Art
Marcum
 ◆ PUBLICIDADE

Mutamba
OPINIÃO

Mambos
da Nguimbi
CARLOS RENATO ■(DE KAMBAMBE)
Bom Petisco
em escabeche
ASSINATURA FOTOGRAFIA

Escolhe bem
C
umpas, li e reli a tua mensagem sobre a possibilidade de migrar. Sei que não
deve estar fácil viver aí na banda com todas as dificuldades que têm enfrentado
para sobreviver durante os últimos dez anos e que segundo me consta têm
de maracujá
piorado. A ideia de migrares com a família não é má, até porque o homem desde os
primórdios que se locomove em busca de melhores condições de vida para si e para os
seus; cá por acaso há melhores condições sociais do que aí, no entanto, convém que
antes de o fazer tenham bastante atenção a certos aspectos que podem definir o
sucesso ou não da escolha. Têm de recolher o máximo de informações possíveis sobre
o país e a localidade para onde pretendem migrar — cultura, língua, história,
legislação, economia, política de acolhimento aos migrantes, benefícios sociais e
outros aspectos importantes. Façam os possíveis para que a família se mantenha
unida, porque na estranja só vão poder contar convosco mesmo, por estarem longe dos
parentes e kambas habituais, e com as makas das transferências de divisas fica mais Ingredientes para 4 pessoas
rijo. Tracem objectivos claros sobre o que farão em conjunto e a nível individual —
formação, trabalho, passeio, procurem saber que políticas de integração há nas Atum Bom Petisco 1 lata 120 g
localidades para onde querem ir, que línguas falam. Outra cena importante é terem Cebola laminada 2 unid
um bom pé-de-meia para se sustentarem pelo menos nos primeiros dez meses, Alho laminado 1 c. sopa
enquanto buscam trabalho ou uma fonte de renda, como bolsa de estudo ou de Louro 1 folha
pesquisa. É imperioso que se legalizem o quanto antes, ou que pelo menos comecem Pimenta da Jamaica 3 bagos
Azeite virgem extra 1 dl
com o processo de legalização para que possam ser mais facilmente abrangidos pelos
Vinagre de vinho branco 1 c. sopa
benefícios sociais — segurança social com o subsídio de desemprego e para as Maracujá (polpa) 1 dl
crianças, escola e saúde públicas, formações profissionais; até mesmo a questão laboral Mel 2 c. sopa
fica mais facilitada quando o candidato tem a situação migratória legal regularizada, Salsa em folhas 2 c. sopa
visto de trabalho e autorização de residência. Sal q.b.
Têm de estar dispostos a dar no Miolo de pão 100 g
duro, cá nem tudo são flores,
também há bué de espinhos. Em Confeção
termos de salo, não pagam mal, no
Num tacho, coloque o azeite, cebolas,
entanto, tens de fazer valer o
alho, louro e pimenta da Jamaica.
tempo que ficas a bumbar, nada de
Cozinhe as cebolas até que estejam
mangonha como aí na banda transparentes e tenras. De seguida,
alguns fazem, aqui mandam pra molhe com o vinho branco.
rua. Faça chuva, sol ou neve tens de
Quando estiver a ferver, adicione
ir bumbar e chegar a horas, seja lá
a polpa de maracujá, tempere com sal
qual for o teu salo, só em caso de e deixe cozinhar em lume brando.
calamidade é que toleram atrasos
À parte, desfaça o miolo de pão
ou faltas. Na escola é a mesma
em migalhas, tempere com azeite e sal,
cena, há pontualidade e
e leve ao forno a tostar.
assiduidade quer dos profs. quer
dos alunos. O salário mínimo não é Para empratar, espalhe o escabeche
sobre o prato e sobreponha o atum.
mau, dá para cobrir as despesas
Perfume com folhas de salsa e polvilhe
mensais — água, luz, gás, renda,
com o pão tostado.
transporte (passe), comunicação,
alimentação, etc. Mas se não
■ D.R. Conheça todas as receitas Bom Petisco em
tiveres juízo vai ser chapa ganha
chapa gasta. Nem já um cem Tens de fazer valer www.bompetisco.pt
consegues enviar pra banda para
kinguilarem. Se saírem daí já com o tempo que ficas
um salo garantido, que nem
muitos estrangeiros que vão para
a bumbar, nada
aí, seria fixe. de mangonha como aí
Há vários países e localidades a
receberem bem os migrantes, na banda alguns fazem
com boas políticas de acolhimento
por muitos motivos, como a baixa
natalidade e o despovoamento de algumas zonas ou ainda por falta de mão-de-obra
específica para uma actividade, como a agrícola ou as de ciências exactas e biológicas.
Vejam bem para onde querem ir, quais as razões que vos motivam e quais as que
fazem continuar aí na banda, analisem com calma, cabeças frias e escolham bem para
que não se arrependam. É importante saberes que aquele teu hábito de dar boda de
sexta a domingo com música alta aqui não funciona, os vizinhos chamam polícia,
pagas multa e se fores reincidente podes ir kuzu. Atirar lixo pra rua também não dá
certo, vais mamar. Dar gasosa para tratar documento no imbondeiro é gato, aliás, cá
nem há imbondeiro, logo, podes até ser deportado. Não há pedir sal nem gindungo na
vizinha. Fazer puxada é crime, bater na dama e nos putos nem já, vão te entrar, vais
dentro e perdes a guarda dos kandengues. O que podes fazer, por exemplo, é
continuar a ser micheiro, cá é uma profissão legal, chamam de lobbying, e micheiro é
lobista, ou dar aulas de dança — kizomba, semba, tarrachinha e kuduro.
Mano, fico feliz por saber que estão a pensar no melhor para a vossa família, mas
pensem bem, vejam se não têm como ser bem-sucedidos aí e ajudarem a banda a
mudar essa triste situação. Qualquer decisão que tomarem, estamos cá para ajudar.
Vou voltar pro salo, aproveitei a hora do almoço para responder. Cumé, é verdade que
o ManQuem está na lista de candidatos pro CC? Katé+■

SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019 | 43 |

 Desporto CAN 2019

EM CASO DE TÍTULO

FAF pode
gastar mais
de 1,2 milhão
USD em
prémios
Segundo apurou o NJ, 104 mil dólares é o valor
que já foi disponibilizado aos 23 jogadores
convocados pelo seleccionador nacional,
enquanto os outros 138 mil são os valores
das três semanas, caso permaneçam até ao final
da competição. Se porventura o título for
erguido pelos Palancas Negras, cada jogador
terá como prémio de 40 mil dólares, sem contar
outros prémios.
◗ EDUARDO GITO

O cálculo feito pelo Novo Jornal não abrange alguns patrocínios que eventualmente poderão surgir por parte de

Em caso de título dos Palancas Negras
no Campeonato Africano das Nações
(CAN), a Federação Angolana de Futebol
poderá gastar, só em prémios dos 23 jo-
gadores que vão disputar a prova, cerca
de 1.162.000 USD.
De acordo com os cálculos do Novo
Jornal, em função da tabela de prémios
disponibilizada pela FAF, o valor acima
referenciado é a soma dos 920 mil dóla-
res de prémio caso vençam o troféu, dos
138 mil se ficarem três semanas na
competição e mais os 104 mil dólares
que estão a ser gastos nestas três sema-
nas de preparação em Portugal.
Feitos estes cálculos de premiação,
cada jogador dos Palancas Negras pode,
em caso de título, levar para casa um
«bolo» de mais de 50 mil dólares.
O valor aqui descrito pelo NJ não en-
globa os 2.000 dólares de cada vitória,
nem os 1.000 dos empates. A FAF avança
ainda no documento que, em caso de a
Selecção Nacional conseguir a passa-
| 44 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019
gem às meias-finais, os jogadores po-
dem levar para casa 20 mil dólares, 15
mil se passarem os quartos-de-final e 10
mil para os oitavos-de-final.
Ministério só disponibilizou
metade dos valores solicitados
Há seis dias do «tiro» de partida da
maior festa futebolística continental,
os Palancas Negras continuam a viver
dias «ensombrados» pela crise finan-
ceira, porque até ao momento, de acor-
do com um documento da FAF a que o
NJ teve acesso, o MINJUD só conseguiu
transferir as contas do órgão reitor
pelo futebol nacional metade do valor
solicitado.
Segundo a Federação Angolana de
Futebol, pediu-se 640,7 milhões de
kwanzas ao Ministério da Juventude e
Desportos, valor este devia servir para
toda a empreitada do CAN e 224 mi-
lhões para o Mundial de futebol em
sub-17, que os Palanquinhas irão dispu-
tar em Agosto próximo no Brasil.
Até quarta-feira, 12, de acordo com o
documento, na conta de FAF terá entra-
do apenas 320 milhões de kwanzas,
metade do valor solicitado para asse-
gurar o CAN do Egipto.
“Não é verdade o que foi dito pelo Mi-
nistério de que os valores já estavam
nas contas da FAF no final do mês de
Maio. Os 320 milhões já em nossa posse
só chegaram às contas da instituição
no dia 5 de Junho. Até à presente data,
não recebemos mais nada do MINJUD,
quer para o CAN, quer para o Mundial”,
lê-se no documento consultado pelo NJ.
◗ «Até à presente
data, não
recebemos mais
nada do MINJUD»
MINJUD garante pagar última
parte dos dinheiros
Contactado pelo NJ, Joaquim Clemen-
te, director do Gabinete de Comunica-
ção Institucional do Ministério da Ju-
ventude e Desportos, garantiu que tudo
está a ser feito para que os valores este-
jam já nas contas da FAF ainda no co-
meço da próxima semana.
“A federação só fez sair este comuni-
cado porque se aperceberam que os va-
lores solicitados ao MINJUD já estavam
em sua posse. Nos próximos dias irá
chegar a outra parte, para que a nossa
selecção tenha uma participação con-
digna na prova”, garantiu.
Clemente garantiu que as trocas de
mimos entre Federação Angolana de
Futebol e o Ministério já terão sido ul-
trapassadas, sendo que os mesmos fo-
ram causados pelo atraso na aprovação
do Orçamento Geral do Estado do pre-
sente ano económico.
 ■ ADJALI PAULO

Mundial de Hóquei

Fallé quer superar

ou, no mínimo, igualar
a prestação na China
O bom clima na Federação Angolana
de Hóquei em Patins está restaurado,
porque a equipa técnica e a direcção
voltaram a fazer as pazes, com a defi-
nição do palco de estágio da Selecção
Nacional que irá competir no Mun-
dial deste ano em Espanha.
Antes de deixarem o país na passada
segunda-feira, 10, o treinador dos ho-
quistas angolanos garantiu que o con-
junto está comprometido em melho-
rar ou igualar a quinta posição con-
quistada no mundial da China, isto a
julgar pela coesão e capacidade com-
petitiva do grupo de trabalho.
“Apesar de o grupo se concentrar
tarde, existe dedicação por parte dos
jogadores no sentido de fazermos
uma boa prova, da qual passa por me-
lhorar ou, no mínimo, igualar a pres-
tação de 2017, na China, onde o con-
junto obteve o quinto posto, que até ao
momento é a melhor classificação de
sempre”, prometeu o técnico portu-
guês ao serviço de Angola.
O treinador lamentou o interregno
que a preparação sofreu, mas lembrou
que as mesmas foram causadas pela
falta de condições, que agora já estão
garantidas. “O importante neste mo-
mento é o grupo estar unido, quanto
aos objectivos, vamos assumir o que
prometemos”, salientou.
Confiante em bons êxitos, Fernando
Fallé está satisfeito, pelo facto de ter
no seu plantel todos os jogadores com
os quais, em Março último, disputou o
Campeonato Africano das Nações e o
Montreux, na Suíça, nesta prova An-
gola conquistou a quarta posição.
“Conheço bem as capacidades de
cada atleta, penso que a integração
destes em toda a preparação será rápi-
da”, valorizou.
Recorde-se que Angola participa na
no Mundial na qualidade de campeã e
representante africano, onde irá de-
frontar no grupo A as selecções da Itá-
lia, França e Espanha, com os italia-
nos como adversários de estreia.
◗ «Tudo sobre a
questão financeira
está feita por
parte da
federação»
Selecção com orçamento
de 50 milhões de kwanzas
O NJ, através de uma fonte federativa,
soube que, para o estágio e participa-
ção da Selecção Nacional no Mundial
de Espanha, a Federação Angolana de
Hóquei em Patins disponibilizou 45
milhões Kz e mais outros cinco mi-
lhões, que foram conseguidos por via
de um patrocinador.
“Tudo sobre a questão financeira
está a ser feita por parte da federação,
só nos resta desejar boa prova no
Mundial”, desejou.

■ D.R.

e entidades privadas

◗ Foi inicialmente presente data, os valores não estão

transferido 250 mil,
mas que ainda não
estão nas contas
da FAF
Sistema bancário angolano
«trava» chegada
dos dólares da CAF
A FAF reconhece em nota que a Confede-
ração Africana de Futebol prometeu 500
mil dólares para cada uma das 24 selec-
ções participantes, do qual foi inicial-
mente transferido 250 mil, mas que ain-
da não estão nas contas da FAF por “difi-
culdades do sistema bancário angolano”.
“No dia 11 de Junho, fomos notifica-
dos pela CAF a transferência da meta-
de do valor de participação ao CAN,
mas podemos já avançar que até a
nas contas da instituição, embora o
nosso patrão ao nível continental já
terá feito o seu papel”, afirmou.
CAF «doa» 12 milhões
de dólares aos participantes
No cômputo geral, quanto às despesas
de patrocínio das 24 selecções africa-
nas que, a partir do dia 21 deste mês,
vão subir ao palco da competição, a
Confederação Africana de Futebol irá
gastar 12 milhões de dólares, sendo
500 mil para cada selecção.
Com o objectivo de pelo menos chegar
aos oitavos-de-final, os Palancas Ne-
gras entram em campo a partir do dia
24 para defrontar a sua congénere da
Tunísia; no dia 29, com a Mauritânia; e
termina a fase de grupos com o Mali,
este último conhecido pelos angolanos
pelo «pesadelo» do empate (4-4) no CAN
de 2010, prova disputada no país, em
Fernando Fallé, treinador da Selecção Nacional de hóquei em patins
quatro diferentes províncias.

SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019 | 45 |

 Desporto
LANÇAMENTO
João Julião, proprietário da marca JUVAN, de produção de equipamentos desportivos
JUVAN A «indumentária»
que quer «equipar»
o desporto angolano
João Julião é o primeiro
angolano a entrar no mundo
do empreendedorismo
e na produção
de equipamento desportivo.
◗ EDUARDO GITO
O ex-futebolista angolano João Julião
lançou recentemente a sua marca de
equipamentos, a JUVAN, com o objectivo
de ajudar todos os clubes existentes no
país, nas suas diversas modalidades.
Na sua entrevista ao Novo Jornal, JJ,
como é também conhecido nas lides
desportivas, acusa a Federação Angola-
na de Futebol de ter “agido de má-fé”,
quando esta última optou por ficar com
a Lacatoni, uma empresa multinacio-
nal de vestuário e materiais desportivos
portuguesa, fundada em Braga, em 1988,
e por terem “roubado” a sua ideia de co-
locar os timbres da samakaka no actual
equipamento dos Palancas Negras.
“No final do ano passado, sentei-me
com o presidente [da FAF] Artur de Al-
meida e Silva e propus-lhe produzir
equipamentos para todas as selecções
nacionais, em que podia estampar as
cores que representam Angola, e no in-
terior devia colocar a Palanca Negra Gi-
gante e as cores da nossa samakaka”,
lembrou.
O agora empresário diz ter ficado as-
| 46 | SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019
sustado quando viu o seu projecto apre-
sentado ser “copiado” pelo designer da-
quela instituição. “Eles roubaram a mi-
nha ideia ao colocarem a samakaka nos
equipamentos, mas uma coisa garanto
aos angolanos, eles são maus copiado-
res, porque só colocaram nas mãos das
camisolas, quando no meu tem a ima-
gem da palanca no interior, um símbolo
característico da Selecção”, acusou.
Por outro lado, João Julião adianta
que, ao levar a proposta à Federação An-
golana de Futebol para a produção das
indumentárias dos Palancas Negras, foi
também com a finalidade de ajudar a
FAF a deixar de comprar divisas para o
pagamento da actual marca que veste a
Selecção.
“Estou desiludido com os dirigentes
da FAF, mas não com a inveja da Lacato-
ni. Fiz a proposta porque sou em primei-
ro lugar angolano, conheço bem a vai-
dade e os gostos dos meus irmãos, daí a
razão de querer trazer um produto só
nosso. A FAF devia deixar de economizar
◗ «Estou desiludido
com os dirigentes
da FAF, mas não
com a inveja da
Lacatoni»
■ LIDIA ONDE
as poucas divisas que tem, caso optas-
sem pela JUVAN tudo seria pago com o
nosso kwanza”, revelou.
O criador da primeira marca de equi-
pamentos em Angola avança igualmen-
te ao NJ que o seu material é igual ao ac-
tual equipamento do Petro de Luanda e
Interclube.
“Já tivemos encontros com as direc-
ções de quase todos os clubes que parti-
cipam no Girabola, só estamos à espera
que nos digam alguma coisa e poste-
riormente avançaremos com as assina-
turas dos respectivos contratos”, reve-
lou o empresário.
Sambilas de Paixão Júnior já
vestem a JUVAN
Apesar de o lançamento ter sido feito
apenas no início do mês de Junho, o ex-
-futebolista avançou que na última edi-
ção do Girabola já tinha conseguido fe-
char um contrato com a formação do
Progresso do Sambizanga, daí tê-la ves-
tido em algumas jornadas.
“Não somos tão novos no mercado na-
cional. Durante a segunda volta do
Campeonato Nacional de futebol da pri-
meira divisão, consegui vestir toda a
equipa do Progresso do Sambizanga,
apesar de aquele clube ter vivido mo-
mentos tão infelizes por causa da sua
condição financeira. Já temos alguns
projectos com o Bravos do Maquis e com
o Paulo FC”, afirmou.
Breves
■ ASSINATURA FOTOGRAFIA
Girabola ZAP
2019-2020 arranca
a 16 de Agosto
O Girabola ZAP edição 2019-
-2020 começa no dia 16 de
Agosto e termina a 17 de Maio
de 2020, sendo que o sorteio
está agendado para a próxima
quarta-feira, 19, no auditório
da FAF. O órgão reitor
do desporto-rei em Angola
anunciou ainda que a
Supertaça será disputada
entre as formações do 1.º de
Agosto e a do Desportivo
da Huíla, sem antes avançar a
data do jogo que abre a época
futebolística nacional. Por
outra, a FAF anunciou que a
Taça de Angola arranca
apenas em Janeiro de 2020.
Pogba e Real
«afastados» por 17
milhões de Euros
Paul Pogba é agora o alvo
prioritário do Real Madrid,
mas a operação não parece
fácil. Segundo o The Mirror de
quinta-feira, 13, o Manchester
United, baseando-se no
valor pago há três anos
pela contratação do médio
à Juventus, pretende 168,5
milhões de euros, enquanto
os merengues só estão
dispostos a largar 151,6
milhões para garantir aquele
que é o principal desejado
por Zidane Zidade para
reforçar o meio-campo do
clube, uma diferença de 17
milhões de euros.
Toronto Raptors
vencem inédito
título da NBA
Os Toronto Raptors
conseguiram na madrugada
desta sexta-feira, 14, fazer
história, ao tornarem os
primeiros canadianos a
conquistarem a Liga Norte-
-Americana de Basquetebol
profissional (NBA), a maior do
Mundo, estando desde já a
modalidade no ADN
desportivo daquele país do
norte. Os Raptores venceram
na sexta e última partida da
melhor de sete jogos da final
os Golden State Warriors por
114-110, com a notável
ausência, por lesão, de Kevin
Durant. No cômputo geral, a
equipa do Canada ergueu o
título mais valioso a nível de
clubes da NBA, por 4-2.

Futebol com muletas
Clube
1 de Junho
é o novo
campeão
nacional
A formação do 1 de Junho de Luanda
sagrou-se nesta quinta-feira, 13,
campeã nacional de futebol com
muletas em seniores masculinos.
Na final disputada na província
de Benguela, no estádio São Filipe, a
equipa da capital derrotou por 2-0 a
formação do Misto do Huambo, no
encontro referente à última jorna-
da do Campeonato Nacional de fu-
tebol adaptado.
Tino e Paizinho foram os protago-
nistas dos golos que garantiram a
vitória e o título ao emblema do 1 de
Junho de Luanda.
Pedro Luís, treinador da equipa
campeã, disse, em entrevista à An-
gop, que a conquista do presente tí-
tulo é o resultado de muito trabalho
intenso.
“O jogo foi bastante renhido, isto
porque o trabalho feito pelos nossos
jogadores dentro da quadra de jogo
foi importante e benéfico para nós.
Fomos justos vencedores por ter-
mos marcado os únicos dois golos
do encontro”, admitiu o técnico.
Para Hélder Gomes, treinador da
formação derrotada, reconheceu
que a equipa só pode queixar-se de
si mesma, pelo facto de terem co-
metido muitos erros.
“Perdemos tantas oportunidades,
foi feliz o adversário por aproveitar
as oportunidades que teve. O des-
porto tem essa vertente, ganha
quem mais golos marcar e nós fo-
mos infelizes neste capítulo”, reco-
nheceu o técnico.
O Campeonato Nacional de futebol
para amputados é uma organização
do Comité Paralímpico Angolano.
■ D.R.
A prova foi disputada em Benguela
■ D.R.
Messi herda o «trono» de Mayweather
Revista Forbes
Messi é o
desportista
mais
bem pago
do mundo
Segundo lista divulgada na passa-
da terça-feira, 11, pela revista nor-
te-americana Forbes, Lionel Messi,
avançado do Barcelona e da selec-
ção argentina, tornou-se no último
ano o desportista mais bem pago
do planeta, arrecadando 112,2 mi-
lhões de euros.
O argentino recebeu, entre Junho
de 2018 e Junho de 2019, 81,2 milhões
de euros em salários e 31 milhões em
contratos publicitários, especifica a
publicação norte-americana.
Messi, que sucede nesta lista ao pu-
gilista norte-americano Floyd
Mayweather, deixou relegado para o
segundo lugar Cristiano Ronaldo, que
terá recebido 96,3 milhões de euros
no último ano (57,5+38,9). No terceiro
lugar aparece Neymar, com total de
92,7 milhões de euros.
No «top 10» da classificação en-
tram ainda os jogadores de futebol
americano Russell Wilson (79 ME) e
Aaron Rodgers (78,8 ME), e os basque-
tebolistas da NBA LeBron James (78,6
ME), Stephen Curry (70,4 ME) e Kevin
Durant (57,7 ME).
Entre as desportistas femininas, a
única que surge na classificação é a
tenista norte-americana Serena
Williams, com 25,7 milhões de euros
anuais e num distante 63.º lugar en-
tre os 100 publicados.
No total, atletas de 10 diferentes
modalidades e de 25 nacionalidades
integram a lista dos 100 desportistas
mais bem pagos do mundo.
Uma centena de atletas, juntos, ti-
veram ganhos na ordem dos 3,5 mil
milhões de euros nos últimos 12 me-
ses, diz a Forbes, um aumento de 5%
em relação ao ano anterior.
Bancada
Central
SILVA CANDEMBO
O dirigismo que temos…
E
m várias ocasiões, nesta e noutras tribunas, defendi que o elo fraco do
desporto angolano é o dirigismo. E dei vários exemplos, um dos quais os
elencos de oficiais nos bancos de suplentes das nossas equipas de futebol.
Todos, mas todos mesmo (treinadores, médicos, fisioterapeutas, estatísticos...), têm
formação que lhe permite exercer as funções que os leva ali. Os dirigentes, estes,
geralmente não possuem qualificação suficiente para os cargos que desempenham.
Um ou outro fez daqueles seminários de uma semana da FIFA ou da Solidariedade
Olímpica e pouco mais do que isso.
Vem isto a propósito da descida de divisão do Kabuscorp FC do Palanca,
determinada pela entidade máxima do futebol mundial, a FIFA. Como é consabido,
o clube do general reformado Bento Kangamba foi punido com a despromoção por
não ter honrado uma dívida junto do seu antigo futebolista Rivaldo, que
representou o clube em 2012, numa altura de “vacas gordas”.
Embora muita gente, sobretudo na comunicação social, finja ter esquecido, esta
é a segunda vez que o Kabuscorp FC desce de Divisão. E, curiosamente, em
qualquer das ocasiões não foi em “jogo jogado”. Na primeira vez, em 1998,
também foi por razões administrativas e por... falta de pagamento, como agora.
Então, a poucas jornadas do fim do “Girabola”, Bento Kangamba tinha uma
montanha de dívidas com os jogadores. O débito crescia a olhos vistos. Como, de
acordo com o regulamento, falta de comparência numa das três últimas jornadas
do campeonato dá lugar a despromoção, os atletas marcaram greve para esse
período, com o propósito de demoverem o presidente-empresário-general. Mas,
sem dinheiro, tal como agora, o homem viu a greve materializar-se e, com isso, a
sua equipa desceu de Divisão.
Quando em 2012 o Kabuscorp FC contratou Rivaldo, este já contava 40 anos de
idade e estava claramente na fase terminal da sua carreira. De modo que,
quando regressou ao Brasil, um ano depois, sequer conseguiu terminar o
campeonato Estadual de São Paulo no “seu” Mogi Mirim. Contudo, a festa à sua
chegada a Luanda foi enorme, até mesmo na comunicação social, normalmente
submissa ao dono do clube, que se permitia ao luxo de “escolher” quem podia ou
não fazer os relatos radiofónicos dos jogos da sua equipa de futebol. Então, os
hossanas foram do tamanho do Mundo e quase todos vergaram a coluna em cega
aprovação ao suposto “golpe de génio” protagonizado pelo “iluminado”
presidente-empresário-general.
Na comunicação social, principalmente numa certa rádio, houve mesmo quem
defendesse que a partir daquele momento o “Girabola” ganharia em prestígio, que
Angola seria mais conhecida no mundo e blá-blá-blá. Como se os jornalistas em
causa tivessem um aparelho para medir prestígio (seria um prestigiómetro?) ou
como se as destacadas prestações de Angola em palcos mundiais do basquetebol e
do andebol não fossem bastante para o país ser conhecido além-fronteiras. Como se
o “Angolazo”, registado com saliência na história dos Jogos Olímpicos, não fosse
suficiente para Angola ser desportivamente conhecida, por exemplo, em Espanha
ou noutra paragem europeia qualquer.
Por não haver uma entidade que controle as transacções de valores mobiliários
no país, ninguém sabe quanto Rivaldo terá custado aos cofres do clube (?). Mas
sabe-se que foi um balúrdio, porque o “Melhor do Mundo” de 2001 não iria correr
risco de apanhar uma malária ou outra doença mais grave, daquelas que fazem
verdadeiros estragos em Angola, por dá cá aquela palha. O que é verdade é que
ganhou (ou vai ganhar) uma pipa de massa, suficiente para construir um estádio de
futebol do género do InterClube ou do Recreativo da Caála.
Rivaldo fez uma época com a camisola do Kabuscorp FC e, embora em algumas
ocasiões ainda se visse nas suas actuações em campo alguns rasgos de genialidade,
o saldo final dessa contratação foi igual a zero. Ou seja, o clube não teve qualquer
retorno financeiro do “investimento” feito (ou não feito, como agora deu para
perceber!). Nada ganhou com o jogador no quesito merchandising, os estádios só
enchiam de adeptos palanquinos porque, como sempre aconteceu, estes eram pagos
para lotarem as bancadas, e a equipa de futebol ganhou nada. Nem “Girabola”, nem
Taça de Angola. Mais: em 2012 sequer participou nas “Afrotaças”, montra que
poderia, eventualmente, justificar tamanha “operação de marketing”, de modo a
que os olhos do continente se virassem para o “Nacional” angolano!
Ao que tudo indica, objectivamente, a contratação de Rivaldo não obedeceu a
razões de mercado, cuja presidência é o lucro. Nem a razões de natureza desportiva
porque um homem só não ganha campeonato e muito menos aos 40 anos, numa
modalidade tão exigente como o futebol. Dá mais a impressão que a ida do antigo
futebolista do AC Milan e FC Barcelona a esse clube da periferia luandense teve a ver
com um impulso exibicionista, com uma demonstração de suposto poder. Como
pagar atletas para vestirem a camisola do clube por um dia na corrida de São
Silvestre, só para constar no palmarés que o campeão do ano X ou Y foi do Kabuscop
FC. Isso agrega nada ao clube. Pelo contrário, só dá despesas e... de que tamanho!
O que não se compreende mesmo é o facto de um clube que sequer dispõe de
infra-estruturas desportivas próprias meter-se numa aventura destas! E no capítulo
de instalações, não falo já de um estádio mas de um recinto de treino digno de uma
equipa de alta competição. Isto é o dirigismo que temos.■
SEXTA-FEIRA 14 de Junho 2019 | 47 |
n.º 589 14.06.19
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Proposta Polícia anuncia «subsídio de ▲

«ZUNGA»
Carrinho
antiguidade» no lugar da não promoção A comodidade
com que Esperança Valentim
■ ADJALI PAULO desenvolve sua actividade
◗ NOVO JORNAL/LUSA de zungueira desperta a
atenção de transeuntes, na
A Polícia Nacional estuda a hipótese de Baixa de Luanda. Registada
conceder um “Subsídio de Antiguidade” com o Cartão de Ambulante,
aos agentes da corporação que aguar- a cidadã ganhou da Comissão
dam por promoção, anunciou o director Administrativa da Cidade
de Intercâmbio e Cooperação da PN. de Luanda um carrinho
“Ninguém deve ser promovido se não personalizado, que comporta
houver uma vaga, mas, entretanto, a um espaço para colocar
antiguidade permitirá que, de tempo o carvão, duas cubas
em tempo, aqueles oficiais que já te- para os quitutes, um extintor
nham tempo para promoção, mas que e uma sombrinha.
não tenham vaga ainda, recebam um

subsídio de antiguidade”, referiu Rui
Cardoso.
Em declarações na quinta-feira, 13,
em Luanda, à margem da reunião ex-
traordinária do Conselho Superior da
Polícia Nacional, o responsável salien-
tou que a implementação do referido
programa surge à luz do Projecto de De-
creto Presidencial que aprova a Tabela
Salarial Indiciária Por Escalões de Anti-
guidade da corporação.
O director de Intercâmbio e Cooperação
da PN observou que o “Subsídio de Anti-
guidade”, um incentivo que já vigorava
no passado e que agora a instituição pre-
tende resgatar, deverá ser implementa-
do para “salvaguarda” do tempo de acti-
vidade dos oficiais da instituição que vela
▼
GREVE
Palancas
Esta semana, as
dificuldades financeiras que a
Agentes da PN vão ter direito a um subsídio enquanto aguardam pela efectivação das promoções
Federação de Futebol enfrenta
produziram um episódio
Criação, Reestruturação, Organização e des centrais, aos comandos municipais, que nada dignifica a imagem
Extinção dos Órgãos Internos dos Órgãos às esquadras e aos postos policiais, para do nosso país. Os Palancas
Centrais e Comandos Provinciais da PN, além dos departamentos e secções que Negras, que se preparam
em análise no encontro, Rui Cardoso dis- possam ser criadas, e é necessário que em Portugal para o CAN 2019,
se que o diploma legal, que vem regula- se regulamente isso”, frisou. paralisaram os treinos na
mentar como se processa a criação, orga- Foi ainda abordada a forma de imple- segunda-feira, 10, por falta
nização e extinção dos órgãos internos mentação do Decreto Presidencial que de pagamento das diárias a
da PN, terá como foco os comandos mu- aprova o Estatuto Orgânico da Polícia Na- que os jogadores têm direito.
nicipais, esquadras e postos policiais. cional, nomeadamente sobre a fusão de

▼
pela ordem e tranquilidade do país. “Estamos a referir-nos, não tanto aos órgãos, criação/estruturação de novos
Relativamente ao Projecto de Decreto comandos provinciais, que já vêm no órgãos, mobilidade de pessoal, forma-
Presidencial, que aprova as Regras de estatuto orgânico, mas àquelas unida- ção, aquisição e cedência de meios.
JEFRAN
Suspensão
CARTOON | Sérgio Piçarra A Jefran, empresa
angolana do ramo imobiliário,
viu a sua actividade suspensa
pelas autoridades, por conta
de um antigo diferendo com
centenas de clientes que,
há anos, depositaram somas
de dinheiro nas contas
da empresa, sem que
esta cumprisse a sua
parte, que é a entrega das
habitações. Espera-se que
as vítimas sejam, finalmente,
ressarcidas.

▼
EPAL
Corte
Há cerca de duas
semanas que parte da
cidade de Luanda está privada
do fornecimento de água
potável. Os clientes reclamam
não terem sido informados
pela EPAL do corte no
fornecimento da água e dizem
não dispor de nenhum tipo de
informação sobre quando a
situação irá ser restabelecida.

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