Você está na página 1de 123

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE ARTES
CURSO DE BACHARELADO EM DESIGN

RENILSON AURÉLIO FERREIRA FILHO

EMBALAGEM SUSTENTÁVEL:
do ciclo de vida à valorização do produto local

NATAL – RN
2016
RENILSON AURÉLIO FERREIRA FILHO

EMBALAGEM SUSTENTÁVEL:
do ciclo de vida à valorização do produto local

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como requisito para obtenção do título de Bacharel
em Design pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte.

ORIENTADORA: Prof. Helena Rugai


COORIENTADOR: Prof. Cristiano Alves

NATAL – RN
2016
RENILSON AURÉLIO FERREIRA FILHO

EMBALAGEM SUSTENTÁVEL:
do ciclo de vida à valorização do produto local

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como requisito para obtenção do título de Bacharel
em Design pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte.

ORIENTADORA: Prof. Helena Rugai


COORIENTADOR: Prof. Cristiano Alves

Aprovado em: ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________
Prof. Helena Rugai Bastos
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_______________________________________________
Prof. Maurício Fontinele de Alencar
Membro
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_______________________________________________
Prof. Olavo Fontes Magalhães Bessa
Membro
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Helena Rugai, pela paciência e pelos conselhos que levarei
sempre comigo.
Ao meu coorientador Cristiano Alves, por ter sido a luz no fim do túnel em tantos
momentos;
À minha antiga professora Sílvia Matos, porque acredito que sem ela eu não seria
apaixonado por Design.
Ao Sr. Garcia, pela oportunidade.
Ao meus melhores amigos, Ana Cecília e Netto, por serem a vida da minha vida.
À minha veterana Júlia Pazzini, por todas as risadas, confidências e músicas.
À minha família, por sempre terem me apoiado, e nunca me deixarem desistir dos
meus sonhos.
Ao Lucas, por ter me ensinado que "carro apertado é que anda".
RESUMO

O aumento do consumo e descarte excessivo de embalagens, gera graves impactos


ambientais. O Design sustentável surge como uma forma de reduzir estes impactos,
propondo soluções ecoeficientes. O consumo de alimentos orgânicos vem
crescendo em todo o mundo, e se mostra como um reflexo da crescente busca por
hábitos alimentares mais saudáveis. Contudo, o desperdício de alimento é uma
realidade preocupante; uma de suas causas é a ausência de embalagens
adequadas. Este projeto, propõe o desenvolvimento de uma embalagem sustentável
para a alface orgânica, produzida e comercializada na Horta Orgânico Capim Macio,
em Natal. Para isso, foram estudados fundamentos teóricos a cerca das causas e
impactos do consumo e descarte de embalagens, desenvolvimento sustentável,
valorização do produto local, consumo de alimentos orgânicos, a importância da
embalagem e a rotulagem de alimentos orgânicos. A metodologia do projeto se
baseou no Guia de Orientação para o Desenvolvimento de Embalagens (GODE), no
Life Cycle Design e na Avaliação de Ciclo de Vida. Também foram incorporados
outras ferramentas, como entrevistas e questionários. A análise dos dados coletados
permitiu a criação do briefing de criação, que orientou o desenvolvimento das etapas
de criação da embalagem. Por fim, a embalagem para alface orgânica, teve como
foco a redução dos impactos ambientais gerados no seu uso e no descarte,
preservando a qualidade do produto durante a venda, indicando o melhor modo de
conservar a alface, e sugerindo formas de reutilizar a embalagem.

Palavras-chave: Impactos ambientais; sustentabilidade; design de embalagem;


ciclo de vida; alface orgânica.
ABSTRACT

Increased consumption and excessive disposal of packaging materials, generates


serious environmental impacts. Sustainable Design emerges as a way to reduce
these impacts, proposing eco-efficient solutions. The consumption of organic foods is
growing worldwide, and is seen as a reflection of the growing demand for healthier
eating habits. However, the food waste is a disturbing reality; one of its causes is the
lack of adequate packaging. This project proposes the development of a sustainable
packaging for organic lettuce, produced and marketed in the "Horta Orgânico Capim
Macio" in Natal. For this, theoretical fundamentals were studied about the causes
and impacts of consumption and disposal of packaging materials, sustainable
development, local product recovery, consumption of organic food and the
importance of packaging and labeling of organic food. The project methodology was
based on the Guideline for the Packaging Development (GODE), the Life Cycle
Design and Life Cycle Assessment. other tools, such as interviews and
questionnaires were also incorporated. The analysis of the data collected has
allowed the creation of the creation briefing, which guided the development of the
stages of creating the package. Finally, the packaging for organic lettuce, focused on
the reduction of environmental impacts in their use and disposal, preserving product
quality during the sale, indicating the best way to keep the lettuce, and suggesting
ways to reuse packaging.

Keywords: Environmental impacts; sustainability; packing design;


life cycle; organic lettuce.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Tríplice do design sustentável 24


Figura 2 - Ciclo de vida da embalagem 26
Figura 3 - A relação da qualidade entre produtor e consumidor 29
Figura 4 - Infográfico - Quanto comida é desperdiçada no mundo? 32
Figura 5 - Alexandra Cristina Soares cultivando alface na Horta Orgânica
Capim Macio 37
Figura 6 - Metodo - GODE 38
Figura 7 - Fases do ciclo de vida 40
Figura 8 - Alfaces expostas à venda na Horta Orgânica Capim Macio 43
Figura 9 - Água acumulada nos baldes onde são expostas as alfaces 43
Figura 10 - Resíduos orgânicos da horta 44
Figura 11 - Placa sinalizando que os resíduos gerados são destinados a
compostagem orgânica da própria horta 45
Figura 12 - Alface orgânico da empresa Hortaviva Produtos Orgânicos
comercializados no Supermercado Nordestão 46
Figura 13 - Rúcula orgânica da empresa Hortaviva Produtos Orgânicos
comercializados no Supermercado Nordestão 46
Figura 14 - Beringela orgânica da empresa Hortaviva Produtos Orgânicos
comercializados no Supermercado Nordestão 47
Figura 15 - Tomate-cereja orgânico da empresa Hortaviva Produtos Orgânicos
comercializados no Supermercado Nordestão 47
Figura 16 - Printscreen da Homepage do site da empresa 48
Figura 17 - Alfaces exposto à venda 49
Figura 18 - Resíduos da alface e água no interior das bacias 50
Figura 19 - Bacias oferecidas aos clientes para acondicionarem os produtos
durante a compra 50
Figura 20 - Sacola plásticas utilizada pelos clientes embalar as alfaces 51
Figura 21 - Sacola retornável vendida na horta 51
Figura 22 - Tabulação do questionário 54
Figura 23 - Tabulação do questionário 55
Figura 24 - Respostas escritas do questionário 56
Figura 25 - Tabulação do questionário 57
Figura 26 - Feiras de alimentos orgânicos próximos à Horta Orgânica 60
Figura 27 - Ciclo de vida da alface orgânica 66
Figura 28 - Ciclo de vida de sacola plástica (PEBD) 67
Figura 29 - Fases da ACV 68
Figura 30 - Fronteira do sistema analisado 70
Figura 31 - Alerta em números 72
Figura 32 - Painel de público-alvo 78
Figura 33 - Mapa mental 82
Figura 34 - Recorte do Mapa mental referente ao foco de atuação do projeto 83
Figura 35 - Etapas do processo de desenvolvimento de um painel semântico 84
Figura 36 - Painel de conceitos e valores 85
Figura 37 - Painel de produtos similares 87
Figura 38 - Painel de linguagem visual 88
Figura 39 - Painel de tipografia 89
Figura 40 - Fase 1 da Geração de ideais (brain dumping visual) 90
Figura 41 - Fase 2 da Geração de ideais (brain dumping visual) 91
Figura 42 - Fase 2 da Geração de ideais (brain dumping visual) 92
Figura 43 -Fase 2 da Geração de ideais (brain dumping visual) 93
Figura 44 - Mock ups 1 94
Figura 45 - Mock ups 2 95
Figura 46 - Mock ups 3 96
Figura 47 - Geração de ideais para o layout 1 97
Figura 48 - Geração de ideais para o layout 2 98
Figura 49 - Mock up para teste de impressão e proporção (plana) 100
Figura 50 - Mock up para teste de impressão e proporção (montada) 101
Figura 51 - Conceito final 102
Figura 52 - Identificação do produto 103
Figura 53 - Texto informativa da embalagem 104
Figura 54 - Estudo de Matt Robinson e Tom Wrigglesworth 105
Figura 55 - Faca de corte 107
Figura 56 - Desenho técnico 108
Figura 57 - Embalagem final 109
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Elementos que devem compôr a rotulagem 35


Tabela 2 - Briefing de criação da embalagem 79
Tabela 3 - Informações que devem constar na embalagem 99
Tabela 4 - Checklist técnico 105
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12
2 JUSTIFICATIVA 14
3 OBJETIVOS 15
3.1 OBJETIVO GERAL 15
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 15
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 17
4.1 EMBALAGEM: DO CONSUMO AO DESCARTE 17
4.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 20
4.2.1 Sustentabilidade 21
4.3 DESIGN PARA A SUSTENTABILIDADE 22
4.3.1 Ecoeficiência, Ecodesign e Design Sustentável 22
4.4 A VALORIZAÇÃO DO PRODUTO LOCAL 28
4.5 O CONSUMO DE ALIMENTOS ORGÂNICOS 30
5 METODOLOGIA APLICADA 37
5.1 DEFINIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO 37
5.2 MÉTODO 38
5.2.1 GODE - Guia de Orientação para o Desenvolvimento de Embalagens 38
5.2.2 Life Cycle Design (LCD) 39
5.2.3 Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) 40
5.2.4 Estratégias de Life Cycle Design 41
6 ESTUDO DE CAMPO PRELIMINAR 42
6.1 ESTUDO DE CONCORRÊNCIA 45
7 LEVANTAMENTO DE DADOS 49
7.1 ENTREVISTA 52
7.1.2 Realização das entrevistas 52
7.2 QUESTIONÁRIO ABERTO 53
7.2.1 Tabulação e análise das respostas 54
8 BRIEFING 57
9 ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS DADOS 65
9.1 LIFE CYCLE DESIGN (LCD) 65
9.2 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA - ACV 68
9.2.1 Definição dos objetivos e escopo 69
9.2.2 Análise de Inventário 71
9.2.3 Avaliação de Impacto 71
9.2.4 Interpretação 73
9.3 ESTRATÉGIAS DE LIFE CYCLE DESIGN 74
9.4 ANÁLISE DE PÚBLICO-ALVO 76
9.5 BRIEFING DE CRIAÇÃO 78
10 FASE DE CRIAÇÃO 80
10.1 MAPA MENTAL 81
10.2 PESQUISA VISUAL E PAINEL SEMÂNTICO 84
10.3 BRAIN DUMPING VISUAL 90
10.4 GERAÇÃO DE IDEIAS 91
10.5 MOCK UPS 94
10.6 ESCOLHA DA PROPOSTA FINAL 97
10.7 REFINAMENTO 100
10.7.1 Tipografia 103
10.8 DETALHAMENTO TÉCNICO 105
10.8.1 Checklist técnico 105
10.8.2 Faca de corte 107
10.8.3 Desenho técnico 108
10.8.4 Modelo final da embalagem 109
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS 110
12 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 113
ANEXOS 122
INTRODUÇÃO

Vivemos uma sociedade em que o consumo exerce forte influência sobre as


necessidades relacionadas a compra de produtos. Todos os dias, diversos anúncios
são responsáveis por influenciar o consumo em um ritmo cada vez mais
acelerado.Entretanto, esta ação acarreta graves problemas que afetam o meio
ambiente como um todo, tendo em vista que mais recursos são necessário para a
produção destes produtos, gerando ao fim do sua utilização, o aumento do descarte
desenfreado de resíduos sólidos urbanos; descarte este, que ocorre na ausência da
responsabilidade social quanto a gestão destes resíduos. A discussão sobre o
conceito do Desenvolvimento Sustentável surge como uma forma reduzir estes
impactos ambientais no âmbito político, institucional, econômico e social,
promovendo a Sustentabilidade como planejamento estratégico.
A Sustentabilidade deve ser compreendida como o objetivo a ser alcançado.
Manzini e Vezzoli (2011, p. 28) afirmam que: para ser sustentável é necessário
atender aos seguintes requisitos: basear-se em recursos renováveis; otimizar a
utilização de recursos não renováveis; não acumular lixo e garantir que as
comunidades ricas permaneçam em seus espaços, que e as comunidades pobres
possam desfrutar do espaço ambiental que potencialmente têm direito
(HOLMEBERG1, 1995 apud MANZINI; VEZZOLI, 2011).
Para garantir o desenvolvimento sustentável, é necessário que os métodos
sigam critérios de redução do impacto ambiental, para que essas propostas sejam
econômica e socialmente praticáveis e atrativas, ou seja, Ecoeficiêntes. O
Desenvolvimento Sustentável, surge como uma estratégia de inovação para
alternativas de novos artefatos, em que os impactos e as questões ambientais são
consideradas com eficiência em todas as etapas do processo (ciclo de vida).
As embalagens tornaram-se grandes vilãs em nossa sociedade, pois como
já citado um parágrafo anterior, o consumo excessivo de bens materiais, sejam eles
de curto, médio e longo prazo, combinados com a deficiência na gestão do descarte
destes resíduos, que não conseguem se degradados pelo meio ambiente devido ao
uso insensato de recursos não renováveis, agravam gradativamente os problemas
ambientais gerados pelo acúmulo de lixo.

1Holmberg, J., Socio-Ecological Principles and Indicators for Sustainability. Institute for Physical
Theory. Göteborg, 1995.
Explorar estratégias sustentáveis na concepção de embalagens como
propostas aos desafios enfrentados, torna o profissional da área de Design um
agente modificador. Está preocupação do designer com questões acerca da
sustentabilidade possibilitam soluções transformadores que auxiliem na minimização
impactos, e que contemple o mercado e a sociedade, capazes de desenvolver,
valorizar e aproveitar recursos renováveis locais.
Com base no que foi apresentando, é irrefutável a urgente necessidade em
projetar novas soluções com foco no desenvolvimento sustentável. Alternativas que
venham a reduzir de maneira eficaz os impactos ambientais gerados pela utilização
imprudente de recursos renováveis e não renováveis e o descarte sem controle
destes na natureza. E que também possa contribuir para o desenvolvimento eco-
eficiente local, em diversas áreas.
Este trabalho propõe o desenvolvimento de uma embalagem sustentável
para alfaces cultivados organicamente. Para isso, a Horta Orgânica Capim Macio,
localizada na zona sul de Natal, foi utilizada como objeto de estudo. A Horta
Orgânica foi criada pelo casal, Alexandra e Garcia Soares, que após terem se
mudado para Natal, a mais de 10 anos, sentiram falta de consumir alimentos
orgânicos. Inicialmente a horta era apenas para consumo próprio, mas há cerca de 5
anos passou a comercializar os legumes, frutas e verduras que produziam,cultivados
de forma orgânica, livres de agrotóxicos.
Inicialmente, por meio da revisão bibliográfica, foram ser listados conceitos
necessários para a compreensão do design com ênfase na sustentabilidade, sendo
estes: Cultura do Consumo; Impacto Ambiental, Desenvolvimento Sustentável;
Sustentabilidade; Ecoeficiência; Ecodesign e Design Sustentável com foco no
desenvolvimento de Embalagens. Fez-se necessário levantar conhecimentos
relacionado aos atores responsáveis pela transição para sustentabilidade, abordar o
papel do designer e do consumidor e valorização do produto local. Tornou-se
indispensável buscar referencial teórico a cerca do consumo de alimentos orgânicos,
para entender os motivos que levam a procura por este tipo de alimento e dados
relacionados aos seus consumidores. Como também, informações referentes à
importância da embalagem e a rotulagem de frutas e hortaliças orgânicas.
A metodologia que orientou o desenvolvimento deste projeto, foi construída a
partir do método Guia de Orientação para o Desenvolvimento de Embalagens
(GODE) de Merino; Carvalho; Merino, (2009), o Life Cycle Design (LCD) e a
Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), citados por Manzini e Vezzoli (2011). Foram
incorporadas técnicas de identificação de problema e geração de ideias, citadas por
Lupton (2013).
Na primeira parte deste trabalho, os conceitos foram dividos em 5 tópicos:
embalagem: do consumo ao descarte; desenvolvimento sustentável; design para a
sustentabilidade; a valorização do produto local e consumo de alimentos orgânicos.
No tópico seguinte, foi abordado a metodologia aplicada. Posteriormente, foram
apresentados os tópicos de análise de dados, fase de criação, geração de ideias,
seleção da proposta final, refinamento e detalhamento técnico.
2 JUSTIFICATIVA

O consumo insensato de recursos renováveis e não renováveis na produção


de produtos, e o descarte excessivo dos resíduos gerados, são hoje um dos maiores
problemas ambientais já enfrentados pela sociedade atual.
Os mais de 800 mil habitantes da cidade do Natal produzem cerca de 700
toneladas de lixo todos os dias (FIGUEIREDO, 2012). Isto, além de inserir a cidade
no atual cenário de impactos ambientais gerados pela grande quantidade de
resíduos descartados, evidencia as falhas decorrentes da ineficaz gestão destes.
As embalagens, resíduos hoje cada vez mais incômodos, tornaram-se
grandes responsáveis pelos impactos gerados ao meio ambiente. Esta preocupação
torna evidente a necessidade de utilizar a abordagem sustentável, na concepção de
embalagens que gerem o menor impacto ambiental possível.
A tendência da busca por uma alimentação e estilos de vida mais saudáveis,
favorece para o aumento do consumo e alimentos orgânicos em todo o mundo. Os
alimentos orgânicos mais consumidos são os vegetais. Entretanto, os vegetais
apresentam os maiores níveis de desperdício de alimento, devido a ausência de
embalagens adequadas e a má conservação.
É diante deste cenário, que fundamentam-se a justificativa deste trabalho de
graduação. Propondo por meio do desenvolvimento sustentável, atender as
demandas ambientais, econômicas e sociais, reduzir desperdício de alimentos,
inferir na relação de consumo do produto-embalagem, e valorizar a produção local
de vegetais orgânicos.
3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo deste trabalho é desenvolver uma embalagem sustentável


destinada a comercialização de alface orgânico para a empresa Horta Orgânica
Capim Macio, na cidade do Natal.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Reduzir os impactos gerados no ciclo de vida da embalagem;


• Contribuir, a partir do projeto, na relação de consumo dos indivíduos com produto-

-embalagem;
• Fornecer informações (feedbacks) sobre sobre os benefícios da embalagem
proposta, que facilitem a transição para um consumo mais sustentável;
• Valorizar a produção local de orgânicos;
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 EMBALAGEM: DO CONSUMO AO DESCARTE

Definir o termo embalagem é uma tarefa complexa, tendo em vista o seu


caráter multidisciplinar. Mas alguns autores concordam que a embalagem se
manifesta como parte integrante e fundamental de um sistema, cuja as funções são
as de acondicionar, proteger, transportar, informar e identificar. E aliada ao
marketing, torna-se uma ferramenta de divulgação, capaz de promover e vender um
produto. (NEGRÃO; CAMARGO, 2008; PELTIER; SAPORTA, 2009).

O consumo e a sociedade

Segundo Baudrillard (2008) e Bauman (1999) vivemos em em sociedade de


consumo2, caracterizada por um sistema econômico, em que as industriais
produzem em movimento cíclico de constante renovação e é influenciada pela
publicidade que motiva o consumo por novos produtos. O velho é rapidamente
substituído pelo novo em um ritmo desenfreado, explorando os recursos naturais
disponíveis na Terra, renovando a relação entre consumo instável e insaciável.
Entretanto, é importante ressaltar que este consumo não se dá de forma
passiva e alienada. Ele ocorre de forma ativa, pois apesar de toda a publicidade que
existe em torno dos produtos, a decisão final da compra ainda é do próprio indivíduo.
Baudrillard (2006) conclui que o consumo é uma atividade sistemática que consolida
nosso sistema cultura e reafirma as propostas do capitalismo.
Este consumo é motivado inicialmente pelo desejo, e não relaciona-se
diretamente com as reais necessidades dos indivíduos, tendo em vista que a
satisfação não se dá no momento em que o bem de consumo é adquirido. Bauman
(1999) explica a relação natural entre necessidade e satisfação é revertida, pois a
promessa de satisfazer o desejo é maior do que necessidade efetiva.

2Para o melhor entendimento sobre a complexidade que envolve este assunto, recomendo a leitura
do livro Sociedade do Consumo, de Jean Baudrillard (2008).
Os produtos passam a não ser mais vistos como tal, tornam-se objetos3.
Estes objetos-signos são desassociado de sua história e das informações dos seus
produtores, tornando-se simplesmente bens de consumo (BAUDRILLARD, 2006), e
sua função é limitada“a satisfazer desejos e necessidades irrisórias, que em geral
estão relacionados com o valor fictício atribuído ao produto pelo consumidor [auto-
realização]. A durabilidade física desses objetos passam também a não terem
importância. Desta forma, justificam a compra de novos objetos. Baudrillar (2008, p.
40) explica como se dá este comportamento e apresenta sua possível motivação na
seguinte passagem:

Todas as sociedades desperdiçaram, dilapidaram, gastaram e


consumiram sempre além do estrito necessário, pela simples razão
de que é no consumo do excedente e do supérfluo que tanto o
indivíduo como a sociedade, se sentem não só existir, mas viver.

O descarte de embalagem e seus impactos

Para Negrão; Camargo (2008) o que transformou de forma radical a forma


como nos relacionamos no ato da compra dos produtos e suas embalagem, ocorreu
com o advento do serviço de auto-atendimento, incialmente oferecidos pelos
supermercados, aumentando o consumo de embalagem em um nível nunca antes
visto. A consequência do aumento consumo, proporcional o aumento do descarte
de embalagens pós-consumo.
Uma das características percebidas na sociedade contemporânea é a
valorização do desapego às coisas. Essa atitude relaciona-se diretamente com o
movimento de descarte e redução da durabilidade e da vida útil dos produtos
(ANDRADE, 2008 apud SENNETT4, 2006). O velho será constantemente substituído
pelo novo, mesmo que este ainda cumpra suas funções, pois o consumo passa a
ser guiado pela novidade.

3
Os objetos neste trecho são tratados como objetos-signos, em razão da sua relação com as
pessoas, tais valores se tornam abstratos; os objetos-signos vivenciados e consumidos não mais em
sua materialidade mas sim, nos significados (valores) criados nas diferenças e adquiridos no
processo de consumo (BAUDRILLARD, 2006). Lembrando que para Baudrillard (2006) o consumo é
um processo, que se realiza não apenas no ato efetivo da compra, mas, de fato, desde o momento de
sua concepção como produto (bens de consumo).
4SENNETT, R. A cultura do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 2006.
Desta forma, é possível inferir que o aumento do consumo eleva a demanda
pela produção de embalagens e consequentemente a saturação dos recursos
naturais necessários para a sua fabricação. O descarte excessivo dessas
“embalagens-produtos”, muitas vezes incapazes de serem absorvidos pelo meio
ambiente, representam uma enorme perda de energia e matéria-prima, agravados
pela ausência do gerenciamento correto destes resíduos sólidos, ampliam os
impactos ambientais, que o meio ambiente vem sofrendo. De acordo com dados do
Ministério do Meio Ambiente5 (2005) "Cerca de 80% das embalagens são
descartadas após usadas apenas uma vez.” E completa "no Brasil,
aproximadamente um quinto do lixo é composto por embalagens. São 25 mil
toneladas de embalagens que vão parar, todos os dias, nos depósitos de lixo”.
A Lei nº 12.305/10, que regulamenta a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS) completará no corrente ano, 5 anos de sua aprovação em 2010. Esta Lei
previa a criação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que tem como conceito, a
responsabilidade compartilhada entre os cidadãos, governo e empresas no
gerenciamento estruturado no ciclo dos resíduos sólidos: geração, coleta, tratamento
e a destinação final, através de ferramentas incorporadas à legislação ambiental
brasileira (MMA, 2012)6. A PNRS também tem como uma de suas principais metas,
a eliminação e recuperação dos lixões.
A Prefeitura da cidade do Natal-RN, segundo Figueiredo (2012), iniciou em
2003 a gestão dos resíduos sólidos, precedendo a Lei de PNRS. Eliminando o
antigo lixão, localizado na zona oeste da capital, no bairro de Cidade Nova,
transformando este local em uma estação de transbordo, que recebe o resíduo
coletados para serem selecionado em uma usina de separação de catadores de
cooperativas, e o que não pode ser aproveitado e encaminhado para o aterro
sanitário localizado no município de Ceará Mirim, região metropolitana da cidade.
Onde são despejados diariamente, aproximadamente 1.200 toneladas de lixo.
(LUCENA, 2014)
Como anteriormente citado na Justificativa deste trabalho, os mais de 800
mil habitantes da cidade do Natal produzem cerca de 700 toneladas de lixo todos os

5
CONSUMERS INTERNATIONAL/ MMA/ MEC/ IDEC. Consumo Sustentável:manual de educação.
Brasília, DF: [s.n.], 2005.
6Para mais detalhes a cerca das diretrizes e estratégias referente a Lei de PNRS, indico a leitura
Plano Nacional de Resíduos Sólidos, Ministério do Meio Ambiente (2012).
dias. Isto, além de inserir a cidade no atual cenário de impactos ambientais gerados
pelo descarte excessivo de resíduos, evidencia as falhas decorrentes da ineficaz
gestão destes. Figueiredo afirma que “o programa de coleta seletiva, que separa
menos de 1,0% dos materiais recicláveis gerados na cidade, faz com que a quase
totalidade dos resíduos coletados seja enviada ao aterro sanitário." (FIGUEIREDO,
2012, p. 7). Isso mostra que nada adianta coletar estes resíduos, se sua maioria não
será reaproveitada, mesmo que ao serem levados ao aterro, reduzam os problemas
gerados ao meio ambiente. Estamos falando não só dos impactos ambientais, mas de
desperdício econômico, de matéria-prima, trabalho e renda para diversos
trabalhadores das cooperativas que dependem da coleta seletiva destes materiais,
problemáticas que foram abordados fortemente na Lei de PNRS.
Sendo assim, foram criadas políticas e estratégias, que visam o controle e
redução destes impactos, que serão abordadas nos tópicos seguintes.

4.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O termo desenvolvimento sustentável foi cunhado pela primeira vez em


1987, pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e o Desenvolvimento, presidida por
Gro Harlem Brundtland, ao publicar o relatório, Nosso futuro comum (KAZAZIAN,
2005). Segundo este relatório, o conceito de desenvolvimento sustentável, é aquele
que “atenda às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das
gerações futuras atenderem também às suas” (CMMAD, 1991, p. 9).
O discursos a cerca desta problemática, surge como uma necessidade de
repensar novas formas de produção e aproveitamento dos recursos e institui
critérios de sustentabilidade que envolvam as três áreas: ambiental, social e
econômica.
Contudo, é importante deixar claro a diferença entre desenvolvimento
sustentável e sustentabilidade. Silva (2005) explica no seguinte trecho em que
sentindo se dá está distinção:

As diferenças entre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável


afloram não como uma questão dicotômica, mas como um processo
em que o primeiro se relaciona com o fim, ou objetivo maior; e o
segundo, com o meio. Todavia esta distinção está imersa em uma
discussão ideológica que se insere em pensar algo para o futuro ou
em se preocupar com ações presentes e impactos futuros. (p. 13)
À vista disso, compreende-se que apesar de terem objetivos distintos, os
interesses são análogos.

4.2.1 Sustentabilidade

A sustentabilidade deve ser compreendida em sua totalidade como o


objetivo a ser alcançado. Manzini e Vezzoli (2011, p. 28) afirmam que para ser
sustentável é necessário atender aos seguintes requisitos: basear-se em recursos
renováveis; otimizar a utilização de recursos não renováveis; não acumular lixo e
garantir que as comunidades ricas permaneçam em seus espaços, que e as
comunidades pobres possam desfrutar do espaço ambiental que potencialmente têm
direito (HOLMEBERG, 1995 apud MANZINI; VEZZOLI, 2011). Desta forma, a
sustentabilidade pode ser considerada como estratégia focada na preservação
ambiental e cultural, garantindo a qualidade de vida das gerações futuras; atuando
na demanda de uso, produção e consumo de nossa sociedade, de maneira a
minimizar as interferência ao meio ambiente, reduzindo a utilização dos recursos
naturais (MANZINI; VEZZOLI, 2011; SHERIN, 2009)
Isto põe em discussão o atual modelo de produção e consumo, que como
dito anteriormente, vem explorando de maneira insensata recursos renováveis e não
renováveis, gerando o descarte excessivo e o crescente acumulo lixo, distanciando
a sociedade dos objetivos da sustentabilidade.
A transição rumo à sustentabilidade ocorrerá através de um grande processo
de inovação social, cultura e tecnológica, aliados a aprendizagem social gradativa,
em que os seres humanos devem aprender que é possível viver melhor consumindo
muito menos, recuperando a qualidade ambiental no contexto global e local, capaz
de desenvolver a economia, mesmo com a redução da produção de produtos
(MANZINI, 2008; MANZINI; VEZZOLI, 2011). Caracterizado pela descontinuidade
sistêmica7, o sistema produtivo e de consumo será totalmente diferente do que é
praticado atualmente.

7 O termo "descontinuidade sistêmica”, a refere-se a mudança estruturalmente diferente do complexo


sistema sociotécnico, o qual as sociedades industriais fundamenta-se, (MANZINI, 2008, p. 25),
alcançando todas as dimensões do sistema: física, econômica, institucional, ética, estética e cultural
(MANZINI; VEZZOLI, 2011, p. 31).
4.3 DESIGN PARA A SUSTENTABILIDADE

4.3.1 Ecoeficiência, Ecodesign e Design Sustentável

A ecoeficiência surge no contexto da discussão a respeito do


desenvolvimento sustentável. O Conselho Empresarial Mundial para o
Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) difunde o conceito de ecoeficiente como
sendo entrega de bens e serviços competitivos no mercado, que satisfaçam as
necessidades, em que os impactos e as questões ambientais são consideradas no
início do projeto, até o descarte do produto (ciclo de vida do produto). Sendo assim,
podemos entender que este conceito se estabelece na relação entre o valor
(necessidade) de um produto e os impactos que este gera ao meio ambiente;
avaliados na redução destes impactos em seu ciclo de vida e a melhora na
qualidade dos produtos que são ofertados.
A conscientização acerca da problemática ambiental levou empresas e
designers a adotarem o termo ecodesign, que caracteriza-se pela inserção de
requisitos ambientais no desenvolvimento de produtos, atentando aos impactos
gerados em sua produção e descarte, através da utilização consciente de materiais,
que facilitem sua reciclagem/desmontagem.
Segundo Kazazian (2005, p.36), o ecodesign ou ecoconcepção teve sua
primeira definição dada por Victor Papanek no livro Design for the Real World
(1971), como uma abordagem que visa tornar a economia mais “leve”, reduzindo os
impactos gerados pelo produto, conservando sua qualidade de uso e melhorando a
qualidade de vida dos usuários. “Segundo essa abordagem, o meio ambiente é tão
importante quanto à exequibilidade técnica, o controle dos custos e a demanda do
mercado” (2005, p. 36).
Sob esta perspectiva, o design torna-se elemento fundamental neste
processo; o deve conceber conjugando a atividade projetual e a alta qualidade
ambiental, propondo soluções que preservem os recursos naturais e sejam socio e
culturalmente aceitas. Manzini; Vezzoli (2011, p. 20) apresentam resumidamente os
4 níveis de interferência:
- O redesenho ambiental do existente;
- O projeto de novos produtos ou serviços que substituam os atuais;
- O projeto de novos produtos-serviços intrinsecamente sustentáveis;
- A proposta de novos cenários que correspondam ao estilo de vida
sustentável.

Entretanto, Manzini e Vezzoli (2011, p. 22) afirmam que o cenário atual tem
se mantido nos dois primeiros níveis de interferência, que apesar de importantes,
não são suficientes para atingirmos os objetivos da sustentabilidade. Eles
complementam:

[…] para atingir a sustentabilidade ambiental, não é suficiente


melhorar o que antes já existia, mas sim pensar em produtos,
serviços e comportamentos diversos dos conhecidos até hoje. Ou
seja, é necessário operar também em níveis mais altos, com outros
aspectos a serem considerados (o projeto de novos produtos-
serviços intrinsecamente sustentáveis e a proposta de novos
cenários que correspondam a estilos de vida sustentáveis)
(MANZINI; VEZZOLI, 2011, p. 22).

Este processo mais abrangente e complexo, é chamado de design


sustentável. Sendo assim, os produtos não devem contemplar somente questões
ambientais, mas deverão ser econômica e socialmente praticáveis e atrativas
[ecoeficiente] (MANZINI; VEZZOLI, 2011; PAZMINO, 2007). A Figura 1 representa
esta tríplice, também conhecida como Triple Bottom Line. Em outros termos, o
design sustentável exige uma nova forma de projetar, articulado em cada uma
das etapas do ciclo de vida do produto ou serviço, através de uma abordagem
global (KAZAZIAN, 2005, p. 36)
Figura 1 - Tríplice do design sustentável.
Fonte: Adaptado de Pazmino, 2007, p. 8.

O designer, na ecoconcepção destes produtos, dará início a uma


cooperação que envolverá uma cadeia de atores, por meio de uma abordagem com
caráter transversal e multidisciplinar. Este produto não é independente e
homogêneo, ele é interdependente8. E que leva-lo ao mercado, exige, além de infra-
estrutura, uma imensidão de produtos para sua fabricação, transporte e utilização
(KAZAZIAN, 2005).
Na área do design de embalagens, a complexidade de projetar e produzir,
torna-se um desafio para as empresas, tendo em vista que as empresas devem
assegurar que as embalagens obedeçam às exigências legais e às demandas do
consumidor. Além disso, devem ser atrativas no ponto-de-venda, eficientes nas
linhas de produção e no transporte, garantir a eficácia no acondicionamento,
fiscalizando os impactos que influenciam no custo final do produto (GONÇALVES-
DIAS, 2006). A ABRE - Associação Brasileira de Embalagem, em sua cartilha, Meio
ambiente e a indústria de embalagem 9, garante que as empresas vêm atuando em
algumas frentes a fim de contribuir para as questões ambientes, como:

8
O termo interdependente foi utilizado por Kazazian (2005, p. 35) para expôr a relação entre os
impactos gerados em todo o ciclo de vida do produto e a consequência destes em diferentes partes
do planeta.
9 ABRE. Meio ambiente e a industria de embalagem. (cartilha).
• a adoção de técnicas de produção mais limpa;
• redução do consumo de recursos naturais;
• aprimoramento dos materiais de embalagens;
• redução na fonte da espessura/ volume da embalagens;
• reutilização de embalagens;
• reciclagem dos materiais.

No entanto, para uma embalagem ser considerada, de fato, sustentável, é


necessário que ela cumpra os requisitos orientados à sustentabilidade ambiental e
ecoeficiência já mencionados anteriormente. Peltier e Saporta (2009) afirmam que o
desafio da concepção sustentável está em projetar embalagens que tenha o menor
impacto ambiental possível, na produção e logística, reduzindo o seu peso, volume e
facilitando a reciclagem. Para isso, cada um dos estágios da concepção do produto
devem ser analisadas. Gonçalves-dias (2006, p. 3) cita a ordem destas etapas, que
se inicia na "escolha das matérias-primas, das tecnologias e dos processos de
fabricação, na organização da logística; em seguida, no contexto de uso e na
valorização ao final da vida da embalagem.” Por considerar todas as etapas de
concepção, trata-se da metodologia de Life Cycle Design.
O conceito de Life Cycle Design é apresentado por Manzini e Vezzoli (2011),
como um modo de projetar, que considera em todas as fases do projeto, os impactos
e as questões ambientais relacionadas à cada uma das etapas do ciclo de vida do
produto. E Viecelli (2003) acrescenta que no ciclo de vida, as empresas são
responsáveis por todo o processo: da concepção ao descarte, ou seja, do berço ao
berço.
Neste contexto, Golçalves-dias (2006) apresenta uma interessante
abordagem quanto ao ciclo de vida da embalagem e seus três estágios, divididos
em: função, disfunção e re-função, como é apresentado na Figura 2.
Figura 2 - Ciclo de vida da embalagem.
Fonte: Adaptado de Golçalves-dias, 2006.

• Concepção e produção: considera o conteúdo a ser embalado


(características físico-químicas e conservação), processo de embalagem, material
que será utilizado, produção e transporte;
• Consumo: contempla os procedimentos de venda do produto embalado,
seu transporte e estocagem. Leva-se em conta, também, o consumo do produto
embalado e a interface do usuário-embalagem (uso da embalagem, conservação e
informação). Aqui também é considerado o descarte da embalagem e sua
transformação em resíduo;
• Pós-consumo: neste estágio são considerados duas possibilidades. A
reutilização da embalagem pelo consumidor ou a reciclagem, incluindo o complexo
trabalho de coleta, triagem e revalorização da embalagem. A outra é a diz respeito
a redução da matéria-prima, projetos de produtos recicláveis e/ou, ainda, alterando
o padrão de produção e consumo.

Ainda segundo Gonçalves-dias (2006), a função da embalagem está


delimitado em sua concepção e consumo. A disfunção durante o consumo, pode
ocorrer devido aos desvios da função principal da embalagem, que são gerados por
problemas de saúde devido contaminação e descarte inadequado, que acarretam a
produção de lixo; Após o consumo, quando estas embalagens são reutilizadas de
alguma formam, retornando ao seu ciclo produtivo, é chamado de re-função.
Estas estratégias representam uma rentabilidade e competitividade
empresarial, pois agregam valor sustentável ao produto, além de reduzir o uso de
materiais e energia para as embalagens, ou seja, menos despesas na produção e
transporte. Por outro lado, a redução na geração de resíduos, também representa
economia na coleta, transporte e tratamento destes. (CASAGRANDE, 2004;
PELTIER; SAPORTA, 2009)
Contudo, é importante destacar que a transição rumo à sustentabilidade
também é de responsabilidade dos consumidores, já que tudo se inicia e termina
neles. São os consumidores que decidem como e o que adquirir e utilizar, validando
assim, a existência de determinado produto (ou serviço), que relaciona-se
diretamente com as causas dos impactos ambientais já mencionados anteriormente
neste trabalho, nos processos de produção, uso e descarte das embalagens
(MANZINI; VEZZOLI, 2011, p. 64).
Foi dito que o consumo é influenciado por fatores externos, motivado
inicialmente pelo desejo, e não relaciona-se diretamente com as reais necessidades
dos indivíduos. O objeto desejado e comprado é rapidamente descartado; torna-se
um dos principais agentes causadores da problemática ambiental. Sendo assim, é
evidente a necessidade de que a relação de consumo seja modificada, e que o
resíduo passe a ser visto como matéria-prima.
Está consciência por parte dos consumidores depende fortemente dos
feedbacks fornecidos e da forma como eles são percebidos. Como afirmam
Manzini; Vezzoli (2011) a transição para a sustentabilidade faz parte de um processo
de adaptação por meio da aprendizagem, que depende da capacidade do sistema
social e produtivo de receber os feedbacks do ambiente. Esta conscientização
estreita as etapas do ciclo, transformando a maneira como os indivíduos se
relacionam com o produto. Em outros termos, os feedbacks permitem ao consumidor
escolher, com base nos seus valores, as opções mais favoráveis ao meio ambiente
(MANZINI, VEZZOLI, 2011; KAZAZIAN, 2005). Ainda sobre a conscientização,
Kazazian (2005) complementa:


O consumidor responsável integra essa noção de ciclo e abandona
sua antiga percepção de produto, que parecia surgir
espontaneamente nas gôndolas dos supermercados para
desaparecer após ser usado (p. 55)

Diante desta conjuntura, o designer assume um papel fundamental na


transição em direção a sustentabilidade, intervindo na relação consumidor-produto,
ao propor novas alternativas que permitam a viabilidade de estilos e vida mais
sustentáveis. Com produtos que atendam as novas necessidades ambientais e
demandas socioeconômicas, considerando os impactos gerados em cada uma das
etapa do ciclo de vida (MANZINI; VEZZOLI, 2011; PELTIER; SAPORTA, 2009).
O designer, para Krucken (2009), é um importante agente na valorização do
produto local, capaz de comunicar suas qualidades e os valores, criando uma
imagem positiva do território, o qual o produto se origina. Contribuindo com a
valorização de práticas sustentáveis nos processos de produção, venda e consumo.
É neste contexto, que se faz necessário o maior entendimento relacionado a
valorização do produto local, o qual será abordado no tópico seguinte.

4.4 A VALORIZAÇÃO DO PRODUTO LOCAL

Propor novos alternativas que potencializem a utilização de recursos locais,


se mostra como uma importante estratégia ao desenvolvimento sustentável.
Promover o reconhecimento das qualidades e valores dos produtos locais,
permite que a relação entre o consumidor, produtor e produto seja estreitada,
distanciando esse produto da ideia de objeto apresentada no primeiro tópico deste
trabalho. Krucken (2009) afirma que o conhecimento da história por trás do produto
pela sociedade, contribui para que o produto seja assimilado e apreciado através do
seu contexto. Para isso, é necessário entender como a qualidades e valores são
notados, para que assim, a sua comunicação ocorra de maneira efetiva.
Ainda segundo a autora, a qualidade do produto é percebida sob forte
influência cultural, e só pode ser avaliada através do experiência do uso ou
consumo. Esta "qualidade percebida” é resultado da confiança estabelecida no
produto, a sua origem e o local onde é comercializado.
Segundo Krucken (2009, p. 47), ”a percepção do valor se constrói de forma
dinâmica e interativa”. É o interseção entre o valor potencial, ou seja, a imagem
transmitida pelo produtor, e valor real, que se dá após a utilização do produto pelo
consumidor. A Figura 3 representa esta relação.

Figura 3 - A relação da qualidade entre produtor e consumidor.


Fonte: Krucken, 2009, p. 31.

Os valores relacionados ao perfil socioambiental são percebidos pelo


consumidor no produto, através dos seguintes elementos citados por Krucken (p.
48):

• Origem da matéria-prima;
• Processos de fabricação e distribuição;
• História (produto, território e comunidade que o produz);
• Ações que promovam a preservação do território;
• Impactos gerados pelo produto e embalagem em seu ciclo de vida.

Portanto, é possível inferir que a abordagem do design orientado à


sustentabilidade, pode ser encarado como uma estratégia capaz de preservar o
meio ambiente e valorizar os produtos locais, gerando benefícios para os produtos e
consumidores de determinada localidade.
4.5 O CONSUMO DE ALIMENTOS ORGÂNICOS

O sistema orgânico da produção agropecuária e industrial é caracterizada


pela produção isenta de substâncias químicas, processos e tecnologias que possam
causar danos ao meio ambiente e a saúde humana, tendo como objetivo garantir o
desenvolvimento sustentável por meio da preservação dos recursos naturais e da
sustentabilidade socioeconômica e cultural, ofertando produtos de qualidade, livres
de qual quer substância nociva aos consumidores, produtores e ao meio ambiente,
privilegiando o uso de energias renováveis, e estreitando a relação entre os
produtores, o produto e o consumidor final, contribuindo para a regionalização e
valorização do produção local (BRASIL, 1999; BRASIL, 2003)10, questão está já
citada na primeira fase deste relatório, além de ser um dos objetivos deste projeto.
É evidente a crescente demanda por alimentos de origem orgânica em todo
o mundo, demonstrando o aumento da preocupação da população em consumir
produtos de melhor qualidade, isentos de agrotóxicos, que contribuam para uma
alimentação saudável, e garantam benefícios para a saúde e preservem o meio
ambiente. Desta forma, percebe-se que o mercado de produtos orgânicos se mostra
bastante expressivo e com perspectivas de crescimento cada vez maiores.
Em 2007, foi feito um estudo11, realizado por Cuenca et al. (2007) para
Embrapa Tabuleiros Costeiros em parceria com a Empresa de Pesquisa
Agropecuária do Rio Grande do Norte - EMPARN, a fim de identificar o perfil do
consumidor e do consumo de produtos orgânicos no Rio Grande do Norte. Os
questionários foram aplicados em supermercados, feiras livres e quitanda dos
Municípios de Natal, Parnamirim, Nísia Floresta e Mossoró.
No estudo, foi constatado que o nível de escolaridade dos consumidores é
elevado, já que 50,1% possui curso superior completo, e, também demonstram ter

10Para mais detalhes indico a leitura na íntegra da Lei Nº 710.831, de 23 de dezembro de 2003.
Dispõe sobre a agricultura orgânica e da outras providências. BRASIL, Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento. Diário Oficial da União, Brasília, DF 24/12/2003. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/2003/L10.831.htm>.
11Para mais informações sobre o estudo realizado pela Embrapa, indico a leitura na íntegra do Perfil
do consumidor e do consumo de produtos orgânicos no Rio Grande do Norte. CUENCA,
Manuel Alberto Gutiérrez. et al. Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2007. Disponível em: <http://
www.cpatc.embrapa.br/publicacoes_2007/doc-125.pdf>.
bastante conhecimento sobre o sistema de produção orgânica, e residem em sua
maioria em área metropolitana.
O consumo de alimentos orgânicos se dá de forma consciente, e o maior
motivo pelo qual os consumidores adquirem estes produtos, é por acreditarem em
sua qualidade superior e serem menos nocivos à saúde. Dentre os alimentos
consumidos, as hortaliças são as que mais se sobressaem, com destaque especial
para a alface. Este consumo é feito diariamente pelas famílias, por considerarem o
alimento orgânico um alimento saudável.
Quanto à renda familiar, os consumidores se encontram nas classes média e
media alta, e mostraram estar dispostos a pagar mais para consumir alimentos de
origem orgânica.
Outro dado relevante deste relatório foi apresentado por Araújo e Paiva
(2007), numa pesquisa realizada com os frequentadores dos supermercados na
cidade do Natal. A pesquisa teve como objetivo conhecer o mercado consumidor de
orgânicos. Foi identificado, que o consumo de alimentos orgânicos ocorre
principalmente por pessoas do gênero feminino (73%), sendo 53% dos
entrevistados, com idade superior a 50 anos.
Por se tratar de pesquisa importante e abrangente no Estado, os dados
sobre o perfil dos consumidores apresentados no relatório de Cuenca et al. (2007) e
Araújo e Paiva (2007), serão utilizados neste trabalho, para a análise de público-
alvo, em conjunto com outros estudos sobre o assunto.

A importância da embalagem na comercialização de frutas e hortaliças

O desperdício de alimentos é uma realidade preocupante. Com base em


uma estudo realizado pela FAO - Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (2013), 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são
desperdiçados em todo o mundo. Isto equivale a 30% de tudo que é produzido no
planeta. Segundo Goulart (2008), o Brasil está entre os 10 países que mais
desperdiçam alimentos. Aproximadamente 26,3 toneladas de alimentos são jogados
no lixo anualmente no Brasil, sendo que 13,6 milhões de pessoas passam fome ou
sofrem de desnutrição no país, segundo estudos realizado pela Embrapa, citados
pela revista Mundo estranho (2014). Estes e outros dados referentes ao desperdício
de alimentos foram sintetizados no infográfico "Quanta comida é desperdiçada no
mundo?” produzido pela revista Mundo Estranho (2014) (Figura 4).

Figura 4 - Infográfico - Quanto comida é desperdiçada no mundo?.


Fonte: Revista Mundo Estranho, 2014.

Por meio do infográfico (Figura 4) e de pesquisas realizadas pela Embrapa,


publicadas pelo jornal Estadão (2014), cada habitante no Brasil descarta, em média,
35 kg de frutas e 37 kg de hortaliças por ano.
O desperdício ocorre em todo o processo de produção, transporte,
distribuição e consumo. De acordo com Luengo e Calbo (2006), 20 a 30% das
hortaliças e frutas produzidas não chegam ao consumidor final. Em Natal, segundo
Lucena (2014) para o jornal Tribuna do Norte, a Central de Abastecimento do Rio
Grande do Norte (Ceasa/RN) produz diariamente 13 toneladas de lixo, sendo que
90% deste volume é composto de material orgânico.
Como supracitado, o desperdício de frutas e hortaliças no país ocorre em
todas as etapas do sistema, entretanto, os maiores índices são encontrados nas
etapas de pós-colheita. Estas perdas ocorrem em razão do manuseio e ausência de
embalagens adequadas, que evitariam os danos mecânicos causados pelo
acondicionamento inadequado, e possíveis contaminações por doenças (LUENGO;
CALBO, 2006).
Como apresentando no início do referencial teórico deste relatório, o
conceito de embalagem é bastante amplo, devido ao seu caráter multidisciplinar,
contudo, é possível delimitar suas três funções primárias, que são: conter, proteger e
identificar.

• Ao conter, a embalagem deve agir de forma a manter o produto intacto,


evitando que o conteúdo no interior da embalagem vaze, caia fora ou que a
unidade se desfaça. Isto deve ocorrer em todo o ciclo de vida do produto
(STEWART, 2010);
• A proteção para alguns produtos torna-se a principal função, evitando
assim o aparecimento de possíveis danos no manuseio e transporte, além de
proteger de gases, odores, variações de temperatura, luz e contaminações (2010);
• A identificação de muitos produtos pode ser apenas a descrição do seu
conteúdo, mas na maioria dos casos há informações essenciais que devem estar
presentes na embalagem, como modo de uso ou informações exigidas
legalmente12. Além disto, ao identifica um produto, ele está se diferenciando dos
concorrentes, aumentando as chances de que produto se destaque no momento
da venda (2010).

Baseado no que foi dito, é possível inferir que a problemática do desperdício


evidencia a importância que embalagens adequadas possuem na redução dos
níveis de perdas pós-colheita. Para Negrão; Camargo (2008) e Embrapa Informação
Tecnológica (2007), a pós-colheita é tão importante quanto a produção dos
alimentos, pois quando a classificação, embalagem, manuseio e transporte são
feitos adequadamente, e estão direcionados às especificidade de determinado
produto agrícola, torna este processo mais sustentável, evitando o desperdício
destes alimentos.

12No Brasil, esta área é regulamentada por SARC/ANVISA/INMETRO. cf. Referências Bibliográficas
deste trabalho, BRASIL. Diário Oficial da União, Brasília, 16 de janeiro de 1998.
Rotulagem de frutas e hortaliças orgânicas

A embalagem e rotulagem de frutas e hortaliças é regulamentada no Brasil.


A instrução normativa conjunta SARC/ANVISA/INMETRO nº 009, de 12 de
novembro de 200213 , trata sobre o uso de embalagem e rotulagem de produtos
hortícolas in natura destinados ao mercado interno (ALMEIDA, 2004).
De acordo com a Portaria SVS/MS (Secretaria de Vigilância em Saúde do
Ministério da Saúde) nº 42, de 14 de janeiro de 1998 14, "rótulo é toda inscrição,
legenda, imagem ou toda matéria descritiva ou gráfica que esteja escrita, impressa,
estampada, gravada, gravada em relevo ou litografada ou colada sobre a
embalagem do alimento.” Almeida (2004) acrescenta, que a rotulagem é parte
indispensável de um produto; quando não embalado e rotulado, o produto torna-se
vulnerável, perdendo sua credibilidade e visibilidade no mercado,
A embalagem de alimentos orgânicos deve seguir a mesma legislação para
alimentos convencionais, direcionada a especificidade de cada produto, e as
disposições da Instrução Normativa MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento) nº 16, de 11 de junho de 200415 (BARBOSA, 2014) e da Lei Nº
10.831, de 23 de dezembro de 2003 (BRASIL, 2003)16.
Assim, dentre alguns critérios para a comercialização de produto orgânicos,
produtos com 95% ou mais de ingredientes orgânicos certificados, poderá utilizar no
rótulo da embalagem o termo “orgânico" ou “produto orgânico”. E alimentos com

13Para mais informações, indico a leitura na íntegra da Instrução Normativa Conjunta nº 009, de 12
de novembro de 2002. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, Brasília, DF, 14 nov. 2002. Seção 1, p.30. Disponível em: <http://
portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/d8c7fa804d8b654fa9cae9c116238c3b/ALIMENTOS
+INSTRUÇÃO+NORMATIVA+CONJUNTA+Nº+9,+DE+12+DE+NOVEMBRO+DE+2002.pdf?
MOD=AJPERES>.

14Para mais informações, recomendo a leitura na íntegra da Portaria SVS/MS nº 42, de 14 de janeiro
de 1998. Dispõe sobre o regulamento técnico para rotulagem de alimentos embalados. BRASIL.
Diário Oficial da União, Brasília, 16 de janeiro de 1998. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/
wps/wcm/connect/115381804745970b9f55df3fbc4c6735/PORTARIA_42.pdf?MOD=AJPERES>.
15 Para mais informações, recomendo a leitura na íntegra da Instrução Normativa nº 16, de 11 de
junho de 2004. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Sobre a
regulamentação e outras providências. Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-
consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=7796>.
16cf. Referencial Bibliográfico: BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - Lei Nº
10.831, de 23 de dezembro de 2003. Dispõe sobre a agricultura orgânica e da outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, 24/12/2003, Seção 1, pág 8. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.831.htm>.
75% a 95% de ingredientes orgânicos certificados, poderá informar na rotulagem o
termo “produto com ingredientes orgânicos” (BRASIL, 2004).
As informações de rotulagem devem estar escritas no idioma do país de
consumo. Também não são permitidas informações ou representações gráficas
falsas, que possam vir a confundir ou enganar o consumidor quanto a natureza,
composição, procedência, tipo, qualidade, quantidade, validade, rendimento e forma
de uso do alimento (CARRANO, 2008).
Alimentos como frutas e hortaliças in natura, que devem ser consumidos em
até 24 horas, não necessitam apresentar a data de validade mínima, bem como a
lista de ingredientes e informações nutricionais obrigatórias à rotulagem (CARRANO,
2008). Além destas informações mais relevantes sobre a rotulagem de frutas e
hortaliças orgânicas, segue na Tabela 1, as informações que devem constar no
rótulo destes alimentos:

Tabela 1 - Elementos que devem compôr a rotulagem

Elementos que devem compôr a rotulagem


é o nome que indica a origem e as características do produto,
Denominação de
que pode ser, por exemplo: óleo de soja ou leite UHT
venda:
desnatado.
é a descrição de todos os ingredientes por ordem
Lista de
decrescente da proporção, bem como os aditivos
ingredientes:
alimentares que devem ser informados por último.
peso líquido ou conteúdo líquido, sendo representado pela
quantidade expressa em unidades de medida como: mililitro
Quantidade:
(ml), litro (l), grama (g), quilo (kg) ou outras unidades
aplicáveis.
nome e endereço do fabricante. Em alguns casos existe
apenas o CNPJ ou outra forma de identificação do
Identificação da fornecedor. É comum encontrar na rotulagem informação
origem: sobre o Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), que visa
facilitar o contato entre o fornecedor e o consumidor quando
necessário.
é o código que permite identificar o lote de fabricação do
Identificação do
produto para o caso de se necessitar rastrear o processo de
lote:
produção.
é a indicação da data até a qual o produto é garantido para o
Prazo de validade: consumo, sendo certo que ela deve estar presente de forma
visível e legível ao consumidor.
Elementos que devem compôr a rotulagem
Instruções sobre o é a informação de rótulo que deve conter instruções sobre o
preparo e uso do uso adequado do produto.
alimento:
alimentos industrializados que contêm glúten por meio dos
ingredientes trigo, aveia, cevada e centeio ou derivados,
Advertência: devem ter esta informação na rotulagem como advertência
aos consumidores portadores de intolerância ao glúten e
problemas de saúde correlatos.
são alimentos formulados para necessidades físicas,
metabólicas, fisiológicas e/ou doenças específicas, como por
exemplo, controle de peso e de ingestão de açúcar. Estes
Alimentos para fins alimentos são fabricados com a restrição ou adição de
especiais: determinado nutriente (ex. sem açúcar, rico em fibra, isento
de lactose). Expressões como Light ou Diet podem ser
estampadas no rótulo e devem ser seguidas de informações
quanto ao que se destina.
carimbos, certificados sobre garantia de qualidade e
informações do gênero devem constar na rotulagem quando
Selos de Inspeção:
exigidos pela lei.

devem informar esta característica na rotulagem, como por


Alimentos em exemplo, armazenamento em freezer, congelador ou
condições geladeira, e incluir dados sobre a temperatura ideal para sua
especiais para manutenção. O mesmo se aplica aos alimentos que podem
conservação: se alterar depois de abertas suas embalagens: “Depois de
aberto, manter na geladeira” ou “Consumir em 3 dias”.
A informação nutricional é uma declaração obrigatória do
fornecedor a ser exposta na rotulagem do alimento, quanto
Informações
aos nutrientes nele existentes. A ANVISA (Agência Nacional
nutricionais:
de Vigilância Sanitária) orienta que produtores informem
também sobre o conteúdo de colesterol, cálcio e ferro.
Fonte: Adaptado de Carrano (2008).
5 METODOLOGIA APLICADA

5.1 DEFINIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

Para a realização deste projeto é necessária a delimitação do meu objeto de


estudo, afim de tornar este projeto mais objetivo. Esta delimitação se deu,
inicialmente, com a escolha da Horta Orgânica Capim Macio, localizada na zona sul
de Natal, como local de pesquisa. Segundo a entrevista realizada pelo Jornal
Tribuna do Norte (2014), a enfermeira Alexandra Cristina Soares, juntamente com
Garcia, seu marido, após mudar-se para Natal a mais de 10 anos, passaram a sentir
falta de consumir alimentos de origem orgânica. Desde então, eles passaram a
idealizar a criação desta horta. Começaram a plantar no quintal de casa e
posteriormente compraram um terreno ocioso ao lado de sua casa, dando início a
plantação e enriquecimento do solo.
Inicialmente, a horta era apenas para consumo próprio, mas, há
aproximadamente 5 anos ela virou negócio, no qual são comercializados diversos
tipos de legumes, frutas e verduras, como alface americana, rúcula, brócolis,
espinafre, hortelã, tomate cereja e beringela. A Horta conta, hoje, com 2
funcionários, além e contar com mais de 30 famílias, que plantam para o casal em
municípios vizinhos de Natal. Toda a produção dos produtos vendidos na horta se dá
de forma orgânica, sem a adição de nenhum tipo de agrotóxico.

Figura 5 - Alexandra Cristina Soares cultivando alface na Horta Orgânica Capim Macio.
Fonte: Alex Regis, Jornal Tribuna do Norte (2014).
5.2 MÉTODO

Para o alcance dos objetivos propostos neste projeto foram utilizados


métodos com base em fundamentação teórico-empírico, por meio de abordagem
qualitativa dos dados, que serão apresentados nos ítens que seguem.

5.2.1 GODE - Guia de Orientação para o Desenvolvimento de Embalagens

O Guia de Orientação para o Desenvolvimento de Embalagens (GODE) tem


como objetivo considerar no processo de design de embalagem, as diversas
variáveis existentes, permitindo que os resultados se tornem mais racionais e
concisos, seguindo uma sequência flexível e focada nos objetivos e nas
singularidades de cada projeto (MERINO; CARVALHO; MERINO, 2009). O GODE é
dividido em cinco etapas (etapa 0, etapa 1, etapa 2, etapa 3 e etapa 4) que
apresentam atividades a serem realizadas em cada momento, como é mostrado a
seguir na Figura 6.

Figura 6 - Metodo - GODE.


Fonte: MERINO; CARVALHO; MERINO (2009).
É importante ressaltar as possíveis interferências que se fazem necessárias
em determinadas etapas do GODE. Estas interferências se dão por meio de
métodos e ferramentas relacionadas à análise do ciclo de vida do produto,
permitindo a definição dos requisitos ambientais que irão guiar este projeto.
Para tornar este método mais focado no objetivo desta pesquisa, foi
necessário incorporar outra metodologia, o Life Cycle Design (LCD).

5.2.2 Life Cycle Design (LCD)

O Life Cycle Design (LCD), como já mencionado anteriormente no


Referêncial Teórico deste trabalho, citada por Manzini e Vezzoli (2011), como uma
abordagem de projeto, que visa considerar os impactos ambientais gerados em cada
etapa do ciclo de vida de um produto, reduzindo ao máximo as entradas (inputs) de
energias e materiais, como também e as saídas, que se referem às emissões e
descartes finais (outputs), do sistema-produto.
Figura 7 - Fases do ciclo de vida.
Fonte: Manzini; Vezzoli (2011, p. 106).

É através do LCD que serão introduzidos os requisitos ambientes


necessários ao GODE, tornando-o um método de desenvolvimento de embalagens
orientado à sustentabilidade, a fim de que os objetivos propostos neste projeto
sejam alcançados, e para que os resultados obtidos estejam o mais próximos
possíveis dos ideias de eco-eficiência, mencionados na primeira parte deste
relatório.

5.2.3 Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)

Como método de análise dos impactos (inputs e outputs) gerados no


sistema-produto, utilizarei a ACV. Este método propõe a análise dos impactos
ambientais considerando todo o ciclo de vida, pois os impactos não se dão apenas
por um produto ou material, mas sim pelo conjunto de interações de um produto com
o ambiente durante o seu ciclo de vida. (MANZINI; VEZZOLI, 2011).
De acordo com a NBR ISO 14040 (2001)17 a ACV deve ocorrer em 4 fases:

- Definição dos objetivos e escopo;


- Análise de inventário;
- Avaliação de impacto;
- Interpretação.

É importante ressaltar que a ACV possui limitações. Segundo Manzini;


Vezzoli (2011), a dificuldade em encontrar dados reais e informações precisas,
limitam este processo. Além disso, dependendo da escolhas realizadas, a análise
pode tornar-se subjetiva. E quando os dados apresentados se referem a uma
realidade em nível global, a aplicação da análise em uma realidade local pode se
mostrar pouco efetiva.
Por essas questões, optou-se por realizar a ACV de forma simplificada,
evitando que o estudo seja comprometido por estas limitações, principalmente pelo
caráter intrinsecamente local do projeto.

5.2.4 Estratégias de Life Cycle Design

Após a ACV foram determinadas quais das Estratégias de Life Cycle Design
(Quadro 1) melhor correspondem aos objetivos deste trabalho, integrando os
requisitos ambientais no desenvolvimento do produto.
Ao adotar não só uma, mas um conjunto de estratégias, ampliam-se os
níveis de intervenção possíveis no ciclo de vida do produto, atendendo aos
requisitos ambientais. (MANZINI; VEZZOLI 2011). Estão estratégias são:

17Para mais detalhes a cerca da NBR ISO 14040, indico a leitura na íntegra da Gestão
ambiental - Avaliação do ciclo e vida - Princípios e estruturas, ABNT (2001), disponível
em: <http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/uploads/2015/01/NBR-14.040-Gestão-
Ambiental-avaliacão-do-ciclo-de-vida-principios-e-estrutura.pdf>.
- Minimização dos recursos;
- Escolha de recursos e processos de baixo impacto ambiental;
- Otimização da vida dos produtos;
- Extensão da vida dos materiais;
- Facilidade de desmontagem.

6 ESTUDO DE CAMPO PRELIMINAR

O estudo de campo é uma ferramenta de coleta de dados, que permite ao


pesquisador coletar informações reais sobre um determinado problema. O
pesquisador entra em contato direto com a realidade dos indivíduos, permitindo a
obtenção de informações, que muitas vezes não são reveladas por esses atores,
mas que orientam seu comportamento (LAKATOS, 1996, p. 79 apud BONI;
QUARESMA, 2005). O estudo de campo foi realizado na Horta Orgânica Capim
Macio, com a finalidade de conhecer o universo e a realidade daquele espaço,
funcionários e clientes (de acordo com o método GODE, p. 31)
A visita preliminar a campo foi realizada no dia 20 de agosto de 2015 às
10h20. Nesta visita pude conhecer o local do objeto de estudo: estrutura, logística de
produção e venda dos produtos. Apresentei também a proposta deste projeto ao Sr.
Garcia, que inicialmente se mostrou resistente a ideia de incorporar algum tipo de
embalagem aos seus produtos, devido a sua preocupação relacionada aos impactos
ambientais gerados pelo descarte de embalagens no meio ambiente. Contudo, após
explicitar que os objetivos deste projeto eram focados em ideais sustentáveis, que
visam a redução destes impactos, o Sr. Garcia passou a demostrar interesse pelo
projeto.
No local foram identificados inicialmente três grandes problemas: a
armazenagem, a disposição para a venda e o desperdício. A Figura 8 e 9 mostram
como as alfaces são acondicionadas para a venda.
Figura 8 - Alfaces expostas à venda na Horta Orgânica Capim Macio.
Fonte: Autor, 2015.

Figura 9- Água acumulada nos baldes onde são expostas as alfaces.


Fonte: Autor, 2015.

Como é possível identificar nas imagens, os pés de alface são armazenados


amontoados em baldes, sem nenhum tipo de ordem ou proteção. Desta forma, os
pés de alface fiquem em contato direto uns com outros, podendo ocasionar
machucados nas folhagens. Tendo em vista que a aparência do produto é um dos
principais fatores que determinam a escolha das unidades pelo cliente, as alfaces
que aparentam estar murchas ou danificados tendem a não serem comercializadas.
Foi identificado, também, o acúmulo de água no interior dos baldes. Esta umidade
excedente pode acelerar o processo de deterioração das alfaces, levando-as a
serem descartadas com maior rapidez. Estes dois problemas supracitados, levaram
a identificação do terceiro problema, que é o volume de resíduos orgânicos gerados
na horta, como mostra a Figura 10.
Estes resíduos são destinados à compostagem orgânica, que é utilizada na
própria horta, como foi informado pelo Sr. Garcia e por placas que sinalizam o local
(Figura 11).

Figura 10 - Resíduos orgânicos da horta.


Fonte: Autor, 2015.
Figura 11 - Placa sinalizando que os resíduos gerados são destinados a compostagem
orgânica da própria horta.
Fonte: Autor, 2015.

Com esta visita pode-se observar a problemática do desperdício que é


gerado diariamente na horta, pois apesar de todo o resíduo tornar-se adubo para as
próprias plantas, ainda estamos falando de alimento.
Parte dos danos causados as alfaces descartadas, ocorrem em razão da
ausência de uma embalagem adequada, que levam os consumidores a optarem ou
descartarem um pé de alface inteiro ou algumas folhas, devido a aparência, mesmo
que a alface esteja em boas condições de consumo. Isto reforça a importância da
embalagem na conservação destes alimentos, visto que é a embalagem é capaz de
proteger e melhor acondicionar o alimento, é capaz de evitar que ele seja
descartado rapidamente, reduzindo os índices de desperdício de comida, também
citados anteriormente neste relatório.

6.1 ESTUDO DE CONCORRÊNCIA

O estudo de concorrentes foi realizado em setembro de 2015, em três redes


de supermercados na cidade do Natal: Extra, Carrefour e Nordestão, nas filiais
situados na zona sul da cidade. No Supermercado Extra e Carrefour, não foram
encontrados hortaliças de origem orgânica. No Supermercado Nordestão foram
encontrados alguns tipos de hortaliças de origem orgânica, como: alface, rúcula,
beringela e tomate-cereja (Figuras 12, 13, 14 e 15). E como é possível perceber, a
alface e a rúcula são embaladas em sacos plásticos de Polietileno (PEBD), nos
formato quadrado e cônico.

Figura 12 - Alface orgânica da empresa Hortaviva Produtos Orgânicos comercializados no


Supermercado Nordestão.
Fonte: Autor, 2015.

Figura 13 - Rúcula orgânica da empresa Hortaviva Produtos Orgânicos comercializados no


Supermercado Nordestão.
Fonte: Autor, 2015.
Figura 14 - Beringela orgânica da empresa Hortaviva Produtos Orgânicos comercializados
no Supermercado Nordestão.
Fonte: Autor, 2015.

Figura 15 - Tomate-cereja orgânico da empresa Hortaviva Produtos Orgânicos


comercializados no Supermercado Nordestão.
Fonte: Autor, 2015.
A empresa responsável pela produção destas hortaliças, é a Hortaviva
Produtos Orgânicos. De acordo com informações retiradas do próprio site da
empresa18, a Hortaviva iniciou suas atividades em 1995, motivados por uma reunião
no SEBRAE-RN, com produtores rurais da Grande Natal.
Localiza-se, atualmente, no Bairro de Ponta Negra, na zona sul da capital, e
produz e comercializa mais de 30 itens de hortaliças orgânicas, certificadas, entre
legumes, folhas, frutos, grãos, tubérculos e raízes.
A Hortaviva Produtos Orgânicos permite visitas ao local de produção e conta
também com o serviço de delivery (Figura 16), que funciona as terças, quintas e
sábado, pela manhã. Para realizar o pedido é necessário cadastrar-se no site, para
em seguida selecionar os produtos que serão entregues pela empresa.

Figura 16 - Printscreen da Homepage do site da empresa.


Fonte: Hortaviva (2016).

18Mais informações sobre a empresa Hortaviva disponíveis em: <http://hortavivarn.com.br/>.


Acesso em setembro de 2015.
7 LEVANTAMENTO DE DADOS

Para este levantamento, foi realizado o estudo de campo, seguindo o


método GODE, por meio de uma entrevista com Garcia Soares, um dos donos da
Horta Orgânica Capim Macio, no próprio local da horta. Em seguida foi aplicado
aplicado um Briefing com o próprio Garcia, para que fosse possível obter dados
relevantes para o desenvolvimento deste projeto.
Na segunda etapa foi aplicado um questionário aberto com alguns clientes,
proporcionando o conhecimento de algumas questões pertinentes que envolvem o
consumo de hortaliças orgânicas.
Foram feitos novos registros fotográficos das alfaces expostas à venda e da
embalagem utilizada para comercializá-las.

Figura 17 - Alfaces expostas à venda.


Fonte: Autor, 2015.
Figura 18 - Resíduos das alfaces e água no interior das bacias.
Fonte: Autor, 2015.

Figura 19 - Bacias oferecidas aos clientes para acondicionarem os produtos durante a


compra.
Fonte: Autor, 2015.
Figura 20 - Sacola plásticas utilizada pelos clientes embalar as alfaces.
Fonte: Autor, 2015.

Figura 21 - Sacola retornável vendida na horta.


Fonte: Autor, 2015.
7.1 ENTREVISTA

Dentre as técnicas de coleta de dados, a entrevista é aquela que permite ao


pesquisador obter informações, que vão além das respostas verbalizadas pelos
entrevistados. O pesquisador é capaz, por meio da observação, captar desejos,
paixões, a linguagem corporal e a forma como o usuário se comporta com o
ambiente. (LUPTON, 2013).
A entrevista foi realizada no dia 30 de outubro de 2015, às 15h30, com um
dos donos da Horta Orgânica Capim Macio, Garcia Soares. A abordagem da
entrevista foi qualitativa e descritiva, a fim de levantar dados mais aprofundados
sobre a horta, que contribuíram o conhecimento da realidade da Horta Orgânica.

7.1.2 Realização das entrevistas

O roteiro da entrevista foi elaborado de maneira que fosse possível extrair de


forma direta, informações referentes ao cultivo e ciclo-de-vida da alface. É
importante ressaltar que a entrevista não pode ser registrada por nenhum
equipamento digital. E algumas perguntas foram desconsideradas, por não terem
sido respondidas por Garcia (confira no Anexo A o roteiro completo). Aqui estão as
respostas dadas por Garcia na entrevista: [grifamos nas respostas do Sr. Garcia,
trechos relevantes para esta pesquisa].

Autor - Como é feito o plantio da alface?


Garcia - O plantio é feito com mudas em bandejas, cultivadas em estufas, ou
plantando as sementes nos canteiros. Com as sementes, são plantadas quatro,
mas nem todas germinam. Quando chove muito complica!
Autor - Quanto tempo leva para colher a alface?
Garcia - Depois de seis a 8 dias as mudam crescem e são replantadas. Em 32 a
35 já pode colher. E a colheita tem que ser feita às 5h da manhã, pra às 7h estar
à venda;
Autor - De onde vem as sementes?
Garcia - Vem de Pernambuco, Santa Catarina e São Paulo;
Autor - Qual a origem do adubo/humos utilizado na horta?
Garcia - O humos de minhoca é produzido na própria horta, e o adubo vem da
compostagem, que também é feita aqui;
Autor - Com que frequência as alfaces são regadas?
Garcia - A gente rega os alfaces o suficiente para terra ficar sempre úmida;
Autor - Quantas alfaces tornam-se resíduos?
Garcia - Tudo que é descartado aqui vai para a compostagem, que demora uma
ano para ser usado como adubo.

Ao fim da entrevista, Garcia fez comentários e deu dicas, que mesmo não
fazendo parte do roteiro, se mostraram relevantes para a pesquisa. Ele orienta que
a alface deve ser higienizado logo quando o cliente chega em casa, e para
melhor conservá-la, a alface deve estar seca quando guardada, em uma vasilha
com tampa, não podendo ser congelada.
Garcia afirma que as hortaliças orgânicas duram mais tempo do que as
produzidas com o uso de agrotóxicos, além dos benefícios à saúde que este tipo
de alimentação orgânica traz para o consumidor. Ele lamenta que muito do
desperdício dos alimentos ocorre, porque as pessoas não sabem como
higienizar e conservar as hortaliças.
A falta de conhecimento da população sobre a importância e as
vantagens de se consumir produtos orgânicos, com baixo impacto ambiental e
a saúde humana, é uma preocupação para Garcia. Que demonstra interesse em
transformar a forma como os seus consumidores se relacionam com os alimentos e
com meio ambiente.

7.2 QUESTIONÁRIO ABERTO

Para coletar dados sobre os clientes na Horta Orgânica, foi realizado um


questionário aberto, que se assemelha a uma entrevista. A vantagem de aplicar este
tipo de questionário, é permitir que os entrevistados respondam as questões com
suas próprias palavras, de maneiro mais natural, sem alternativas ou limites
(MATTAR, 1994 apud SILVA, 2015).
O questionário (ver anexo B) foi aplicado no dia 30 de outubro de 2015, às
16h30, com 10 clientes que estavam presentes na Horta Orgânica Capim Macio. A
abordagem da entrevista foi qualitativa, buscando o levantamento de dados
referentes aos hábitos de consumo e pós-consumo, dos produtos comercializados
na Horta.

7.2.1 Tabulação e análise das respostas

As respostas do questionário foram transcritas para uma ferramenta on-line,


permitindo a criação de gráficos, que auxiliaram a análise dos dados; as respostas
textuais foram destacadas de acordo com a relevância para o projeto.
De acordo com os clientes entrevistados, eles consomem a alface
orgânica, por considerá-la mais saudável e livre de agrotóxicos. Alguns afirmam
que a alface orgânica é mais saborosa. Vale ressaltar, que um consumidor relatou,
que acredita que a alface cultivada de maneira orgânica, perece mais
lentamente do que aquelas cultivadas da maneira convencional.
Com relação aos critérios que definem a escolha do produto no momento da
compra (Figura 22), foi identificado que 100% dos entrevistados levam a aparência
do produto em consideração. Sendo assim, é possível inferir que a aparência do
produto é o fator determinante na escolha de um produto em detrimento a outro.

Figura 22 - Tabulação do questionário.


Fonte: Autor, 2015.

Foi questionado aos clientes, como eles embalavam a alface e como a


transportavam até suas casas. Boa parte de entrevistados responderam que
transportavam os alfaces embalados em sacolas plásticas e se locomoviam de carro
até em casa; apenas um dos entrevistas respondeu que utilizava sua ecobag
para embalar, e se locomovia de bicicleta até em casa. E dois dos clientes
responderam que faziam o percurso da horta até suas casas à pé, por residirem
próximos da Horta Orgânica.
Quanto a existência de alguma dificuldade no transporte das compras
(Figura 23), 100% dos entrevistados alegaram, que não encontravam dificuldades
para transportar os alimentos até suas casas.

Figura 23 - Tabulação do questionário.


Fonte: Autor, 2015.

A cerca da limpeza dos alimentos, os clientes foram questionados quanto a


forma como higienizavam a alface após a compra (Figura 24). Nesta questão, as
respostas foram bastante variadas. O que foi possível identificar, é que de acordo
com as dicas dadas por Garcia, dono da Horta Orgânica, e também por Ribeiro
(2015), em matéria para o site da revista Viva Saúde19, os clientes não
conservavam a alface corretamente.

19 cf. RIBEIRO, Clara. Saiba como guardar folhas da alface. Viva Saúde. São Paulo: Ed Escala. 09
de Maio de 2015. Disponível em: <http://revistavivasaude.uol.com.br/colunas/saiba-como-guardar-
folhas-de-alface/3671/#> Acesso em dezembro de 2015.
Figura 24 - Respostas escritas do questionário.
Fonte: Autor, 2015.

Para melhor conservar as folhas da alface, seria indicado as seguintes


etapas Ribeiro (2015):

• As folhas da alface devem ficar de molho em solução de água sanitária por


trinta minutos ou produto próprio para isso;
• Lavar as folhas em água corrente;
• Secar bem as folhas com um papel-toalha;
• Acondicioná-las em uma vasilha plástica com tampa, no fundo da
geladeira, e não no congelador.

Por fim, os entrevistadores responderam se estariam dispostos a pagar mais


caro por uma embalagem, que garantisse a qualidade do produto (Figura 25). E
dentre os dez clientes que responderam ao questionário, apenas um se opôs a
pagar mais caro por essa embalagem, mas afirmou que poderia considerar, caso a
embalagem fosse retornável.
Figura 25 - Tabulação do questionário.
Fonte: Autor, 2015.

8 BRIEFING

A união de dados referentes ao cliente e ao mercado, são fundamentais para


nortear, delimitar e estabelecer objetivos para o desenvolvimento de um projeto,
buscando atender as necessidades do cliente (NEGRÃO; CAMARGO, 2008). Com
base nas pesquisas e entrevistas descritas anteriormente, foi elaborado o Briefing
com Garcia, na Horta Orgânica, no dia 05 de novembro de 2015, às 16h:

PRODUTO/ SERVIÇO, DESCRIÇÃO: ATRIBUTOS DO PRODUTO


Nome:
- Empresa: Horta Orgânica Capim Macio.
- Produto: alface orgânica.
Categoria: alimentos orgânicos.
Histórico da horta: a Horta Orgânica Capim Macio foi criada pelo casal Alexandra e
Garcia, que após mais de 10 anos morando em Natal, começaram a sentir falta de
consumir alimentos de origem orgânica. Inicialmente, a horta era apenas para
consumo próprio, cultivando no quintal de sua casa. Posteriormente eles compraram
um terreno ao lado de sua casa, e há aproximadamente 5 anos a horta virou
negócio. São comercializados diariamente diversos tipos de legumes, frutas e
verduras, cultivados organicamente.
Utilidade e usos do produto: refeição - por se tratar de um produto orgânico,
oferece benefícios para a saúde e o meio ambiente.
Local de uso: casas e restaurantes.
Embalagens: para compra, venda e transporte das compras, é um hábito utilizar
sacolas plásticas PEBD (Polietileno de baixa densidade).
Preços aos canais de distribuição e ao consumidor: R$ 2,00 (dois reais)
Imagem do produto/serviço no mercado: por ser um produto orgânico e produzido
em uma horta doméstica, apresenta-se como um produto saudável, de qualidade e
caseiro, livre de qualquer tipo de agrotóxico. Mas quando se trata do processo de
comunicação, este processo ocorre principalmente na comunicação "boca-a-boca"
entre os clientes, e por meio das placas no local da venda, que informam sobre a
política da empresa. A empresa possui uma página no Facebook, mas a
comunicação do produto através da rede social se mostra pouco eficaz, pois as
publicações são esporádicas e, na maioria, estão relacionadas ao horário de
funcionamento do local;
Diferenciais em relação à concorrência: o maior diferencial do produto é que por
ser cultivado e vendido em uma horta doméstica, os clientes afirmam que nenhum
tipo de agrotóxico é utilizado no cultivo do produto, pois eles têm acesso à plantação
da Horta. O produto é muitas vezes retirado diretamente do canteiro da horta para o
cliente, valorizando-o ainda mais em relação à concorrência, já que não há nenhum
tipo de processo industrial envolvido. Isso reforça a confiança dos clientes,
transmitindo imagem de um produto realmente orgânico e fresco. O valor da unidade
do pé de alface custa dois reais, que equivale ao preço cobrado nas feiras,
supermercados/hipermercados e mercadinhos da cidade.
Pontos positivos e pontos negativos:
- Positivos
Alimento orgânica e fresco;
Preço acessível;
Localiza-se no ambiente urbano;
Abre em horário comercial;
Aproveitamento dos resíduos orgânicos para compostagem;
Incentivo à utilização de sacolas retornáveis;
Relação próxima entre os clientes e o dono da empresa;
Transporte - a alface é cultivada e comercializada no mesmo local, por este
motivo, o transporte apresenta baixo impacto, já que não depende de transporte
para o local de distruibuição ou intermediário.
- Negativos
Não segue legislação de embalagem e normas de rotulagem;
Utiliza sacolas plásticas como embalagem;
Acondicionamento inadequado do produto;
Desperdício do produto durante a venda em razão da má conservação pós-venda.
Influências ambientais, culturais, geográficas etc.: depende do tempo do cultivo
da alface; da ação de intempéries; da qualidade do solo; de quantas alfaces
germinarão e terão a qualidade necessária para serem vendidas. O nível de
conhecimento público sobre os benefícios do consumo de alimentos orgânicos, e o
quão próximo este público reside à Horta, também influenciam. Além da tendência
crescente pela procura por alimentos orgânicos e o crescimento do público vegano,
são fatores que vêm influenciando este mercado.
Restrições legais, éticas ou políticas: as restrições existentes se referem a
certificação legal de produto orgânico20 e às normas nacionais para rotulagem de
alimentos21.

MERCADO
Tamanho do mercado: a Horta Orgânica Capim Macio é uma microempresa local,
que possui um mercado pequeno, pois não atende ao grande público e não fornece
seus produtos para redes de supermercados. Isto faz parte dos objetivos de
mercado do proprietário, que produz o quantidade de alfaces necessária para
atender diariamente os seus clientes.
Em Natal existem diversas feiras livres destinadas a comercialização de
produtos orgânicos, que ocorrem em diversos dias da semana. Também há locais
fixos para a venda destes produtos, localizados no próprio espaço das hortas

20
cf. Referencial bibliográfico: BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - Lei Nº
10.831, de 23 de dezembro de 2003. Dispõe sobre a agricultura orgânica e da outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, 24/12/2003, Seção 1, pág 8.
21cf. Referêncial bibliográfico: BRASIL. Instrução Normativa Conjunta nº009, de 12 de novembro
de 2002. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Brasília, DF, 14 nov. 2002. Seção 1, p.30.
orgânicas, como também em redes de super/hipermercados. A Horta Orgânica de
Capim Macio não participa de nenhuma feira livre ou comercializa o produto para
super/hipermercados. A compra dos produto se dá no mesmo local da horta, como já
mencionamos. E esta é a forma como a empresa se posiciona no mercado.
O mercado de alimentos orgânicos tem crescido bastante na cidade. Como
foi dito anteriormente, a cidade possui diversas feiras livres (Figura 26) e locais fixos
que comercializam estes produtos, evidenciando a tendência pelo consumo de
orgânicos, gerando o aumento da procura e a demanda de produção destes
alimentos. Com o aumento do nível de informação sobre alimentos orgânicos, a
tendência de consumo de produtos naturais, e o crescimento do público vegano,
este mercado possui expectativas de crescimento cada vez maiores.

Figura 26 - Feiras de alimentos orgânicos próximos à Horta Orgânica.


Fonte: Autor, 2016.
CONSUMIDOR − PÚBLICO ALVO
A quem se destina o produto/serviço: o produto destina-se a adultos que
consomem alface orgânica.
Classe social: Classes média e média alta.
Perfil do consumidor: este público, em sua maioria, é do gênero feminino, com
mais de 40 anos, casadas e com filhos. Trabalham e possuem nível superior de
educação. Residem na grande Natal, mais especificamente no área urbana, nos
bairros da zona sul da cidade.
Hábitos, costumes e atitudes dos consumidores: cultural, social: este público
recebe informações sobre alimentos orgânicos e as vantagens de se consumir estes
produtos. Consequentemente são pessoas que se preocupam com sua alimentação,
de seus familiares e clientes, optando por alimentos naturais, livres de agrotóxicos.
Essa atitude se reflete também na busca por um estilo de vida mais saudável, que
proporcione melhor qualidade de vida. Outra característica destes consumidores é
que há a preocupação em conhecer a origem do alimento que é consumido,
priorizando uma relação pessoal com o produtor e com a história do própria produto.
Hábitos e atitudes dos consumidores em relação ao produto: costumam
comprar cerca de duas unidades do produto semanalmente.
Influências ambientais e culturais as quais o consumidor está exposto: acesso
a informação referente a alimentos orgânicos e o local de vende destes produtos.
Também estão expostos à promoções oferecidas pelos supermercados e
hipermercados que comercializam hortaliças orgânicas. Apesar disto, a fidelidade a
um único local de venda é uma forte característica deste público, o que beneficia
diretamente a Horta Orgânica.
Decisão de compra do produto x consumidor efetivo: a decisão de compra se dá
através do conhecimento de que o produto é orgânico e não possui agrotóxicos; a
opção por produtos saudáveis e veganos. Posteriormente, é percebida a qualidade
do produto através de sua aparência: se está fresco, sem machucados, limpo, e o
preço a ser pago.
Como e onde é realizada a compra: a compra é realizada no mesmo local da
horta, que se dá da seguinte forma:
- Os clientes pegam uma bacia fornecida pelo local para acondicionar a mercadoria
até o momento da compra;
- Dirigem-se até bacias onde ficam acondicionados os pés de alface e demais
frutas e hortaliças;
- Selecionam o produto;
- Dirigem-se ao caixa;
- Efetuam o pagamento a um dos funcionários;
- Embalam a compra em sacolas plásticas, podendo também acondicionar
diretamente nas próprias sacolas retornáveis que trouxeram consigo.

PREÇOS
Em relação à concorrência: a alface da Horta Orgânica custa dois reais, que é
equivalente ao mesmo preço cobrado pelas feiras, super/hipermercados e
mercadinhos.
Reação do consumidor: os consumidores consideram o preço bastante acessível.

RAZÕES DE COMPRA DO PRODUTO


Benefícios racionais, emocionais e de auto-expressão: qualidade na
alimentação; produto orgânico, sem agrotóxicos; relação custo/benefício. Qualidade
superior percebida em comparação aos produtos não orgânicos; qualidade de vida;
relação direta com o produtor. Produto tirado na hora; "da horta direto para mesa”,
caseiro, natural, verde, vegano.
Motivos de compra: busca por uma alimentação saudável e a necessidade por
produtos de maior qualidade.

CONCORRÊNCIA – DADOS E PERFIL


Principais concorrentes diretos e indiretos: feiras livres de alimentos orgânicos,
super/hipermercados e pequenos mercados.
Pontos positivos e negativos levantados:
- Positivo
Os produtos vendidos em super/hipermercados possuem, em geral,
certificação e seguem legislação e rotulagem;
As feiras livres ocorrem em diferentes pontos da cidade e em diversos dias da
semana (mais acessível);
Produtos frescos (feiras livres);
Já vem embalados quando comprados em super/hipermercados;
Serviço de Delivery.
- Negativo
Nas feiras livres não há legislação a cerca da embalagem e normas de
rotulagem;
Utilizam sacolas plásticas e bandejas de isopor para embalar os produtos;
As feiras livres ocorrem em horários limitados;
Nos super/hipermercados o alimento não é fresco;
Nos super/hipermercados não há o contato direto com o produtor
(impessoalidade);
Os preços mais elevado se comparado ao não orgânico em alguns casos.
O transporte gera alto impacto, pois envolve no mais etapas:
- intermediário;
- central de distribuição;
- local de distribuição.
Posicionamento do produto/serviço com a concorrência: se mostra competitivo
apenas em suas adjacências, tendo em vista que não possui nenhum plano do
divulgação, como supracitado. Entretanto, as tendências de mercado, que mostram
o aumento pela procura por alimentos orgânicos e o crescimento de consumidores
veganos, deve colaborar com a melhora no posicionamento.
Preço e política de vendas da concorrência: varia de acordo com o produtor e os
sistema de vendas. Quando destinado a compra em super/hipermercados, o valor
costuma ser mais alto do que o oferecido em feiras livres.
Influências sobre o mercado e sobre o produto: o mercado sofre influências de
acordo com fatores como intempéries; características do solo; número de pés de
alface colhidos; acesso a informação da população sobre alimentos orgânicos;
localização dos locais de venda e preço dos alimentos não orgânicos. Também tem
relação com o custo fixo do estabelecimento e o sistema de transporte (gasolina).
OBJETIVOS DE MERCADO
- O objetivo principal do dono da Horta Orgânica Capim Macio é que seus clientes
se conscientizem, em relação aos princípios sustentáveis. Que desenvolvam em
suas próprias casas, mini-hortas domésticas. Com relação ao crescimento da
empresa, o desejo é de que esse crescimento se dê por meio da melhoria na
qualidade do produto e na excelência do atendimento, com preços mais
competitivos no mercado (maior valorização).

OBJETIVOS DE COMUNICAÇÃO
- Conscientizar os clientes das questões de preservação ambiental, propondo
atitudes sustentáveis, que reduzam o uso de embalagens e o desperdício de
alimentos.

Conteúdo das peças: logotipo da empresa; informações sobre como ter uma mini-
horta em casa; informar sobre como conversar o produto; questões relativas a
sustentabilidade.

Pontos positivos a serem ressaltados:


- Proteção do produto;
- Conservação;
- Conscientização do público sobre alimentação saudável e sustentabilidade
- Materiais biodegradáveis ou retornáveis;
- Praticidade;
- Higiene;
- Instruções de como conservar o produto;
- Fácil transporte de produtos que seguem princípios sustentáveis;
- Sistema de embalagem (primária)
- Liberdade para o cliente!
- Durabilidade;
- Influenciar o público a ter atitudes sustentáveis;
Pontos negativos a serem evitados:
Plástico;
Menos embalagem (menos material);
PLANOS DE COMUNICAÇÃO
Estratégia visual a ser trabalhada: embalagem sustentável para alface orgânica.
Produtos gráficos necessários: embalagem primária para a alface.

9 ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS DADOS

9.1 LIFE CYCLE DESIGN (LCD)

Para o desenvolvimento do LCD, foi definido que seria feito o levantamento


dos ciclos de vida: da alface e das sacolas plásticas utilizadas como embalagem
pela Horta Orgânica. Para o ciclo de vida do alface, foram utilizados dados
encontrados on-line, apresentados por NASCIMENTO (2005)22, dados empíricos e
retiradas da entrevista realizado com Garcia. Já para o ciclo de vida das sacolas
plásticas, foram utilizados dados obtidos através do site da AMDA - Associação
Mineira de Defesa do Meio Ambiente23.

22cf. NASCIMENTO, Warley M. Produção de sementes de hortaliças para a agricultura familiar.


Brasilia: Embrapa Hortaliças, 2005. 16p. (Embrapa Hortaliças. Circular Técnica, 35). Disponível em:
<https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/ct_35_000fd38ftf602wx5eo0a2ndxyf79zxkx.pdf>
Acesso em março de 2016.
23cf. Projeto - Ciclo de vida do saco plástico. AMDA - Associação Mineira de Defesa do Meio
Ambiente. [Belo Horizonte]: [c.a. 2011]. Disponível em: <http://www.amda.org.br/?string=interna-
projetos&cod=27>. Acesso em dezembro de 2015.
Figura 27 - Ciclo de vida da alface orgânica.
Fonte: Autor, 2016.
Figura 28 - Ciclo de vida de sacola plástica (PEBD).
Fonte: Autor, 2016.
9.2 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA - ACV

Com base na elaboração do LCD da sacola plástica de PEBD, foi possível


identificar os inputs e outputs gerados pelo sistema do produto. Estes dados foram
analisados de acordo com a ACV, permitindo quantificar os impactos gerados ao
meio ambiente pela sacola plástica. E como já mencionado, a ACV é regulada pela
NBR ISO 14040, que define a ACV deve ocorrer em 4 fases(Figura 29): definição
dos objetivos e escopo; análise de inventário, avaliação de impacto e interpretação:

Figura 29 - Fases da ACV.


Fonte: ABNT, 2001.

Sobre esta avaliação, é fundamental reafirmar o que já foi citado


anteriormente; A Avaliação do Ciclo de Vida pode tornar-se subjetiva, em
consequência da dificuldade em encontrar dados e informações concretas. Além
disso, dados globais, se tornam pouco eficazes quando aplicados em uma realidade
local. (MANZINI; VEZZOLI,2011; STEWART, 2010). Então, em razão do caráter local
e específico deste projeto, a abordagem desta análise foi quali-quantitativa, limitando
o levantamento e a análise dos dados, a fim de que fossem o mais próximos à
realidade da Horta Orgânica e dos seus consumidores.
9.2.1 Definição dos objetivos e escopo

Objetivo

A Avaliação de Ciclo de Vida teve como objetivo identificar os impactos


ambientais causadas pelas sacolas plásticas de PEBD, que são fornecidas pela
Horta Orgânica aos seus clientes. Os impactos encontrados fundamentaram a
escolha da estratégia de life cycle design, que melhor corresponde aos objetivos e
requisitos ambientais propostos neste projeto.
A coleta de dados referentes à sacola plástica foi realizada pela Associação
Mineira de Defesa do Ambiente - AMDA (2011), Faria (2012), Oliveira et al. (2012),
Lima (2016), Joaquim (2013) e Ministério do Meio Ambiente - MMB (2010). Estas
informações compreenderam os principais processos de fabricação das sacolas
plásticas, desde a extração da matéria-prima até transporte final do produto, como
também os impactos ambientais causados por estes processos.

Escopo

A fronteira do sistema (Figura 30) analisada neste relatório, envolveu a etapa


de uso e descarte da sacola plástica, que tem a função de acondicionar e
transportar os alfaces comprados na Horta Orgânica. Neste caso, a unidade
funcional desta análise não pode ser definida por meio de uma abordagem
quantitativa, em razão da ausência de dados que viabilizassem estudos
comparativos, que indicariam as variáveis quantitativas a serem utilizadas, e
medissem os impactos gerados ao meio ambiente. Por este motivo, serão
analisados dados quali-quantitativos.
O público-alvo desta análise são os clientes que consumem o alface que é
produzido na Horta Orgânica Capim Macio.
Figura 30 - Fronteira do sistema analisado.
Fonte: Autor, 2015.
9.2.2 Análise de Inventário

Para esta análise, foram levantados dados qualitativos da AMDA (2011),


Faria (2012), Oliveira et al. (2012), Lima (2016), Joaquim (2013) e MMA (2010),
referentes ao uso e descarte das sacolas plásticas de PEBD. Estes dados foram:

• 1 bilhão de sacolas plásticas são distribuídas por supermercados no Brasil


mensalmente;
• 10% de todo o lixo coletado nas cidades é composto por sacolas plásticas;
• Destino final em aterros;
• Impermeabilização do solo;
• Contaminação do solo e água;
• Alteração no processo de decomposição orgânica;
• Gases poluentes: metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2);
• 100 a 500 anos para se decompor;
• Dificuldade na reciclagem.

9.2.3 Avaliação de Impacto

Os dados levantados no inventário, foram analisados a partir de indicadores


de diferentes categorias de impactos. Esta análise teve como objetivo a identificação
dos impactos ambientais gerados pelo uso e descarte das sacolas plásticas de
PEBDE, já mencionado na primeira fase a AVC. Para alcançar os objetivos desta
análise, foram utilizados os seguintes indicadores: consumo das sacolas; impactos
ocasionados pelo uso do solo, toxicidade ambiental, efeito estufa, e impactos
gerados pela reciclagem inexistente.
Figura 31 - Alerta em números.
Fonte: Adaptado de LIMA (2016).

A Figura 31 exibe em número, dados referentes à produção, ao consumo, do


descarte e a decomposição das sacolas plásticas. Como é possível identificar, por
mês, 1 bilhão de sacolas plásticas são distribuídas por supermercados no Brasil.
Segundo a AMDA (2011) para cada sacola plástica consumida, considerando
produção e transporte, são emitidos 0,0625 Kg de CO2 para a atmosfera. Se uma
pessoa consome no mês 20 sacolas, em um ano terá contribuído com a emissão de
15 Kg de CO2.
Destaca-se também, que 10% de todo o lixo coletado nas cidades é
compostos por sacolas plásticas (OLIVEIRA et al., 2012; LIMA, 2016) de uso único,
ou seja, que não foram reutilizadas antes de serem descartadas. Fazendo uma
simples comparação com a realidade vivida em Natal, em que aproximadamente
1200t de lixo são despejadas no aterro da cidade diariamente (LUCENA, 2014), 10%
deste valor equivale 120kg. De acordo com Joaquim (2013), 1000 sacolas plásticas
equivalem a 3kg, isso significa que todos os dias, aproximadamente 40.000 sacolas
de uso único têm como destino final o aterro da cidade, sem contar o número de
sacolas que são reutilizadas como saco de lixo.
Este número elevado de sacolas plástica despejadas diariamente em
aterros, acarretam em diversos impactos ambientais, pois devido a características de
impermeabilidade, as sacolas retém água e impermeabilizam o solo, dificultando a
biodegradação dos resíduos orgânico (MMA, 2010)24. Quando a matéria orgânica
não se decompõe corretamente, o solo e a água dos lençóis freáticos podem ser
contaminados com líquidos tóxicos (FARIA, 2012).
Outro impacto identificado é a alteração no processo de decomposição
orgânica, causada pela grande quantidade de sacolas plásticas que vão sendo
amontoadas em camadas, e em razão da sua impermeabilidade, reduzem o
oxigênio necessário para a biodegradação dos resíduos orgânicos, tornando a
decomposição desses resíduos anaeróbica, responsável pela produção de um dos
maiores gases causadores do efeito estufa, o metano (CH4) (AMDA, 2011; FARIA,
2012). Este gás pode acumular-se em bolsões, que ao serem revolvidos, liberam o
metano para a atmosfera. O mesmo também ocorre no interior das sacolas plásticas,
quando contém resíduo orgânico doméstico, que por estarem acondicionados nas
sacolas, apodrecem ao invés de biodegradar (MMA, 2010). Além do metano,
também é liberado para a atmosfera, o dióxido de carbono (CO2) pelos caminhões
de lixo, pela queima de combustível fóssil, nesse caso, o diesel, e também no
processo de decomposição da matéria orgânica.
Ainda sobre a Figura 31, verifica-se que as sacolas plásticas demoram 500
anos para se decomporem no meio ambiente. E aliado aos baixos índices de
reciclagem destas sacolas, que inclusive, não constaram nesta análise, em razão da
dificuldades de encontrar dados referentes aos índices de reciclagem de sacolas
plásticas no Brasil. Este cenário é identificado como um agravante a todos os
impactos analisados anteriormente, pois quando mais tempo estas sacolas passam
no meio ambiente, mais danos ao meio ambiente e a sociedade são gerados.

9.2.4 Interpretação

Com a conclusão da ACV foram identificados os possíveis impactos


ambientais gerados pelo uso e descarte das sacolas plásticas, avaliando: o consumo
da sacolas; os impactos ocasionados pelo uso do solo, toxicidade ambiental, efeito
estufa, e impactos gerados pela reciclagem inexistente. Verificou-se que o consumo
excessivo de sacolas plásticas é capaz de provocar graves danos ao meio ambiente,

24cf. Referencial Bibliográfico: Ministério do Meio ambiente. Campanha Saco é um Saco: Pra
Cidade, Pro Planeta, Pro Futuro e Pra Você, Brasília, 2010. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/
responsabilidade-socioambiental/producao-e-consumo-sustentavel/saco-e-um-saco/saiba-mais>.
Acesso em maio de 2016.
como a contaminação do solo e da água, e a liberação de gases causadores do
efeito estufa. Portanto, fica evidente que ações precisam ser feitos, a fim de
minimizar estes impactos.
Fundamentada na ACV realizada, permitiu-se que fossem escolhidas as
estratégias de life cycle design irão nortear este projeto, para o alcance dos
objetivos propostos a este trabalho.

9.3 ESTRATÉGIAS DE LIFE CYCLE DESIGN

Como base nos resultados obtidos pela ACV, foram selecionadas duas das
cinco Estratégias de Life Cycle Design, supracitadas. A combinação de duas ou mais
estratégias, mostra-se bastante útil, pois permite que projeto se torne mais
abrangente, ao considerar mais opções, que juntas, sejam capazes de gerem
soluções que atendam aos requisitos ambientais propostos (MANZINI; VEZZOLI,
2011). As estratégias selecionadas foram as seguintes:

Otimização da vida dos produtos

No que se refere a otimização da vida dos produtos, Manzini e Vezzoli


(2011) citam duas estratégias:

• O aumento da durabilidade do produto;


• Intensificação de uso dos produtos.

Um produto mais durável do que outros, apresenta a mesma finalidade, e na


maioria dos casos, gera menos impactos ambientais, tendo em vista, que um
produto menos durável, torna-se lixo rapidamente, além de demandar mais recursos
para sua reposição. Quando se fala de produtos que exercem sua função uma única
vez (monouso), como exemplo, as embalagens, intensificar o seu uso, ou incentivar
sua troca por opções retornáveis, pode ser uma estratégia importante (MANZINI;
VEZZOLI, 2011). As linhas que guiam (linhas de referência) a durabilidade e
otimização da vida dos produtos são:
- Projetar a duração adequada;
- Projetar a segurança;
- Facilitar a atualização e adaptabilidade;
- Facilitar a manutenção;
- Facilitar a reparação e reutilização;
- Facilitar a remodelação;
- Intensificar a utilização.

Para este projeto, devido a sua especificidade, deu-se maior destaque para
facilitar a reparação e reutilização, projetando um segundo uso do produto, pois
assim, acreditou-se que seriam maiores as chances de que outras linhas de
referências fossem contempladas.

Extensão da vida dos materiais

Ao estender a vida dos materiais, são evitados impactos ambientais gerados


pelo descarte destes materiais no ambiente. Além disso, recursos não-virgens
podem ser reutilizados para produção de matérias primas secundárias. A extensão
pode ocorrer em dois casos: com a reciclagem e a compostagem. No primeiro caso,
quando materiais são aproveitados para fabricar novos produtos industriais. E na
compostagem; "quando a matéria prima secundária referida é um composto, […] ou
seja, estrume orgânico e mineral que é utilizado como fertilizante” (MANZINI;
VEZZOLI, 2011, p. 211). As linhas que guiam a extensão da vida dos materiais, são
as seguintes:

- Adotar a reciclagem em efeito cascata;


- Escolher materiais com tecnologias de reciclagem eficientes;
- Facilitar a recolha e o transporte após o uso;
- Identificar os materiais;
- Minimizar o número de materiais incompatíveis entre si;
- Facilitar a separação dos materiais incompatíveis entre si;
- Facilitar a limpeza;
- Facilitar a combustão;
- Facilitar a compostagem.

Neste projeto, foi dado ênfase em facilitar a compostagem, permitindo que


os requisitos ambientais propostos fossem melhor atendidos.
Vale ressaltar, segundo Manzini e Vezzoli (2011), para serem compostáveis,
é necessário que os materiais utilizados sejam compatíveis entre si, evitando assim
materiais inorgânicos e não biodegradáveis.

9.4 ANÁLISE DE PÚBLICO-ALVO

Os estudos apresentados anteriormente, realizados por Cuenca et al. (2007)


e por Araújo e Paiva (2007), além do estudo de Tacconi (2004), Cerveira e Castro
(1999) e Rucinski e Brandenburg (2002), serviram de base para a análise de
público-alvo, ao qual este projeto se destina. Os dados coletadas sobre os
consumidores de hortaliças orgânicos, referem-se à dados demográficos,
comportamento e estilo de vida.
Analisar o perfil de público-alvo, facilita a compreensão do mercado,
possibilitando a produção de soluções que atendam as necessidades e desejos, e
que adicionem valor à vida das pessoas (STEWART, 2010).
Segundo os estudos citados, a maioria dos consumidores de alimentos
orgânicos reside na região metropolitana, na zona urbana da cidade do Natal.
Grande parte dos entrevistados é do gênero feminino, com um porcentagem de 73%
na de pesquisa de Araújo e Paiva, (2007) e 60,3% no levantado por Tacconi (2004).
Acredita-se que, de acordo com estes autores, isto ocorre por serem as mulheres
que se preocupam mais com a alimentação, e com a saúde, sendo responsável
muitas vezes pela alimentação de suas famílias.
De acordo com o estudo de Tacconi (2004), realizado na cidade do Natal,
este público possui mais de 40 anos. E para Araújo e Paiva (2007), a faixa etária
predominante foi acima dos 50 anos.
Os entrevistados possuíam alta nível de escolaridade, com terceiro grau
completo. E em termos de renda familiar, encontravam-se nas classes média e
média alta.
Conforme os estudos apresentado por Cuenca et al. (2007), Araújo e Paiva
(2007) e Cerveira e Castro (1999)25 o principal motivo que leva este público a
comprar hortaliças orgânicas são os benefícios que eles oferecem à saúde. Pelo fato
de serem livre de agrotóxicos, os consumidores declaram que as hortaliças
orgânicas não oferecem riscos à saúde, contribuindo assim, para uma alimentação
mais saudável. Tacconi (2007) também apresenta um dado relevante sobre outro
motivo que leva os consumidores a optarem por hortaliças orgânicas, que é a
preocupação com o preservação do meio ambiente.
Com base no estudo realizado por Rucinski e Brandenburg (2002), em
Curitiba, os maiores índices percentuais quanto aos dados relacionados ao estilo de
vida dos entrevistados foram: 96,1% dos consumidores têm cuidado com o lixo
ecológico, 62,8% dos consumidores freqüentam parques e bosques; 54,9% dos
consumidores praticam esportes.
Estes dados revelam que o público consumidor de orgânicos se difere do
grande público em geral. Os seus hábitos de consumo, de lazer, alimentação, vêm
se distanciando dos hábitos consumistas, que regem nossa sociedade. Estas
pessoas buscam por um estilo de vida mais alternativo, e atrelando a preocupação
com a saúde, as questões ambientais.(RUCINSKI; BRANDENBURG, 2002).
A seguir, a Figura 32 mostra um painel com a síntese do perfil deste público-
alvo, reunindo dados demográficos, comportamentais e de estilo de vida.

25O estudo citado foi realizado na cidade de São Paulo. Para mais informações, indico a leitura de
Consumidores de produtos orgânicos na cidade de São Paulo: características de um padrão de
consumo. CERVEIRA; CASTRO,1999. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/ie/1999/tec1-
dez99.pdf>.
Figura 32 - Painel de público-alvo.
Fonte: Autor, 2016.

9.5 BRIEFING DE CRIAÇÃO

Esta etapa contribui para a geração de soluções eficazes e focadas nas


necessidades do projeto (LUPTON, 2013). Combinando informações obtidas com o
briefing inicial, feito com o cliente, e os resultados nas pesquisa e análises, foi
possível elaborar o briefing de criação para a embalagem sustentável.
Tabela 2 - Briefing de criação da embalagem.

BRIEFING DE CRIAÇÃO
- Desenvolver uma embalagem
ecoeficiente para alface orgânica, que
Objetivo reduza o desperdício de alimento e
gere menos impacto ao meio ambiente
no fim do seu ciclo de vida.
- Horta Orgânica Capim Macio;
- Frutas e hortaliças orgânicas;
Empresa - Sustentabilidade;
- Horta caseira.
- Alface orgânica;
- Embalagem primária individual;
- Acondicionamento;
- Transporte;
- Identificação;
- Redução os impactos ambientais no
uso e descarte;
Produto e embalagem - Informações sobre como conservar a
alface;
- Dicas de como adotar hábitos
sustentáveis;
- Legislação de embalagem de
alimentos orgânicos (cf. Referencial
bibliográfico);
- Uso consciente dos materiais.
- Pequeno produtor;
Mercado - Crescente demanda;
- Reposicionamento.
- Mulheres com idade acima de 40
anos;
- Classe média;
- Estilo de vida alternativo;
Consumidor - Alimentação saudável;
- Prática de atividade física;
- Preocupação ambiental;
- Consciência sustentável.
Tabela 2 - Briefing de criação da embalagem.

BRIEFING DE CRIAÇÃO
- Sustentabilidade;
- Ecoeficiência;
- Consumo consciente;
- Valorização do produto local;
- Orgânico;
- Saudável;
- Natural;
Palavras-chave - Origem;
- Higiene;
- Reciclagem;
- Biodegradável;
- Compostagem;
- Educação ambiental;
- Práticas sustentáveis.
- Redução dos impactos ambientais;
- Ser viável para o meio ambiente,
economia e sociedade;
- Relação consciente do consumidor
com o produto;
- Preservação ambiental;
- Valorização da produção e do
Interpretação das Palavras-chave
produtor local;
- Alimento in natura; verde; crocante e
suculento;
- Oferecer benefícios e não apresentar
riscos para a saúde;
- Local; pessoal; doméstico e "de casa”;
- Limpo; livre de contaminantes.
Fonte: Autor, 2016.

Os ítens constantes neste briefing já foram discutidos e fundamentados na


monografia.

10 FASE DE CRIAÇÃO

Para a fase de criação, segundo o método GODE, foram incorporadas


técnicas apresentadas por Lupton (2013), que auxiliaram na identificação
possibilidades de atuação deste projeto e na criação e desenvolvimento de
propostas, orientadas aos objetivos propostos.
10.1 MAPA MENTAL

Esta é uma forma de pesquisa, que a partir de uma ideia central, são
desenvolvidas ramificações através de associações, que auxiliam o designer a
explorar o escopo de um problema.
O mapa mental, teve como finalidade, identificar diferentes propostas a partir
da ideia central, “embalagem para alface”. Partindo deste problema, foram geradas
diferentes subcategorias, derivando diferentes propostas, de acordo com requisitos
discutidos nesta monografia, tais como: sustentabilidade, ecoeficiência, valorização
do produto local, reciclagem, biodegradável, educação ambiental e práticas
sustentáveis, como pode ser visto na Figura 33:

Figura 33 - Mapa mental.
Fonte: Autor, 2016.
As diversas possibilidades de atuação exploradas com o mapa mental,
podem servir como base para futuras propostas à outras problemáticas identificadas
na Horta Orgânica Capim Macio. Portanto, de acordo com o objetivo deste trabalho,
o foco será a embalagem individual para o alface orgânico, fundamentada em
princípios sustentáveis.
Com o mapa mental, fundamentado nos objetivos e requisitos discutidos
nesta monografia, foram definidas três categorias dentro do recorte de atuação:
atributos (requisitos), forma (estrutura) e conteúdo (informações) (Figura 34). Estas
categorias definiram o conceito do design da embalagem, sintetizado nos painéis
semânticos, e na geração de ideias deste projeto.

Figura 34 - Recorte do Mapa mental, referente ao foco de atuação do projeto.


Fonte: Autor, 2016.
10.2 PESQUISA VISUAL E PAINEL SEMÂNTICO

Utilizada para analisar conteúdos, gerar ideias e ilustrar conceitos, a


pesquisa visual é uma ferramenta capaz de identificar características convergentes e
divergentes no espaço de marcas, produtos ou serviços (LUPTON, 2013).
Como instrumento de síntese da pesquisa visual, foram realizados painéis
semânticos. Estes painéis, segundo Bürdek (2006) permitem ao designer analisar
detalhadamente os universos de um produto, afim de desenvolver horizontes
visuais, que auxiliam na síntese de conceitos e de geração de ideais. Na Figura 35,
observa-se o processo de desenvolvimento de painéis semânticos segundo
Edwards, Fadzli e Setchi (2009) apud Sapper (2015).

Figura 35 - Etapas do processo de desenvolvimento de um painel semântico.


Fonte: Adaptado de Edwards, Fadzli e Setchi (2009, s.p.) apud Sapper (2015, p. 58)

Para este projeto, foram criados quatro painéis com imagens coletadas da
internet, a partir dos dados obtidos com o briefing de criação da embalagem e da
análise de público-alvo. Cada um dos quatro painéis tratam de diferentes categorias,
sendo elas: conceitos e valores que devem ser transmitidos pela embalagem;
produtos e serviços similares; linguagem visual e tipografia.
Figura 36 - Painel de conceitos e valores.
Fonte: Autor, 2016.
O conceito para a criação deste painel, foram palavras retiradas do briefing
de criação, tais como:

- Sustentabilidade;
- Ecoeficiência;
- Consumo consciente;
- Valorização do produto local;
- Orgânico;
- Saudável;
- Natural;
- Origem;
- Higiene;
- Reciclagem;
- Biodegradável;
- Compostagem;
- Educação ambiental;
- Práticas sustentáveis.

O segundo painel foi o de produto e serviços similares, que orientou a


linguagem visual e estrutural da embalagem. Nele, é possível identificar a
convergência do papel kraft como material, tipografias que se assemelham a
impressão por tipos móveis, com aparência desgastada e feita à mão.
As ilustração são simples, por este motivo, a tipografia também exerce
função ilustrativa. Sobre o uso da cor, podemos identificar o preto como cor
predominante, combinado com outra única cor, como: vermelho, azul, amarelo, etc.
Desta maneira,é possível inferir que a língua visual dessas embalagens
resgatam um conceitos como: vintage, vernacular, impressão tipográfica,
simplicidade, feita-à-mão, origem, natural e cru.
Os demais painéis abordam a linguagem visual e tipografia, de acordo com
os requisitos e princípios sustentáveis debatidos anteriormente.
Figura 48 - Geração de ideais para o layout 2.
Fonte: Autor, 2016.
Figura 38 - Painel de linguagem visual.
Fonte: Autor, 2016.
Figura 39 - Painel de tipografia.
Fonte: Autor, 2016.
10.3 BRAIN DUMPING VISUAL

O brainstorming é um uma técnica verbal, aplicada geralmente em grupos,


para facilitar a geração de ideias, abrindo a mente para propostas inusitadas. O
brain dumping visual é um instrumento que transforma o brainstorming em uma
técnica imagética, que melhor se adequa ao trabalho individual (LUPTON, 2013).
Para este ferramenta, foi delimitado o tempo de vinte minutos para a
geração de ideias, resultando nos sketches, como mostra a Figura 40:

Figura 40 - Fase 1 da Geração de ideais (brain dumping visual).


Fonte: Autor, 2016.
10.4 GERAÇÃO DE IDEIAS

Para esta etapa, foram selecionados seis alternativas geradas no brain


dumping visual, a fim de aprimora-las. Estas alternativas (Figura 41, 42 e 43) se
basearam em três conceitos gerais: cinta, sacola (alça) e cone.

Figura 41 - Fase 2 da Geração de ideais (brain dumping visual).


Fonte: Autor, 2016.
Figura 42 - Fase 2 da Geração de ideais (brain dumping visual).
Fonte: Autor, 2016.
Figura 43 -Fase 2 da Geração de ideais (brain dumping visual).
Fonte: Autor, 2016.
10.5 MOCK UPS

Utilizados como ferramenta para simular a aparência de um produto, os


mock ups permitem ao designer explorar ideias, materiais, proporções e detalhes de
construção, de forma tridimensional (LUPTON, 2013).
A partir das seis alternativas geradas na etapa anterior, foram desenvolvidos
mock ups em papel, a fim de explorar o material, as proporções e dispositivos de
trava, como mostram as Figuras 44, 45 e 46.

Figura 44 - Mock ups 1.


Fonte: Autor, 2016.
Figura 45 -Mock ups 2.
Fonte: Autor, 2016.
Figura 46 - Mock ups 3 em papel ofício e papel kraft.
Fonte: Autor, 2016.
10.6 ESCOLHA DA PROPOSTA FINAL

Com base nos resultados obtidos com as etapas de geração de ideias e


mock ups, a escolha da proposta final, fundamentou-se nos seguintes principais
critérios: acondicionamento, área disponível para inserir as informações da
embalagem e o melhor aproveitamento do material, evitando desperdícios no
processo de corte da faca da embalagem.
Em seguida, foram realizados estudos por meio de sketches, a fim de
explorar ideias de layouts para a diagramação das informações que devem constar
na embalagem (Figura 47 e 48); Estas informações são apresentadas Tabela 3:

Figura 47 - Geração de ideais para o layout 1.


Fonte: Autor, 2016.
.

Figura 48 - Geração de ideais para o layout 2


Fonte: Autor, 2016.
Tabela 3 - Informações que devem constar na embalagem.

Parte frontal Parte posterior Parte interna


Cole na porta da sua
Logotipo da empresa Cultive sua própria alface
geladeira
Aprenda a como lavar e Reutilize esta embalagem
Da horta para a sua mesa
conservar a sua alface como sementeira
1. Preencha com adubo e
terra;
2. Borrife água para
1. Destaque das folhas; umedecer;
2. Lave em água corrente; 3. Plante 2 ou 3 sementes
3. Mergulhe as folhas em e cubra com terra;
solução clorada (1 cl. 4. Umedeça novamente a
de sopa de água terra;
sanitária para cada 1L 5. Coloque em local
de água); arejado, com luz e
Sem agrotóxicos 4. Deixe de molho por calor;
15min; 6. Mantenha a terra
5. Escorra e seque bem sempre úmida;
as folhas; 7. Quando as primeiras
6. Guarde em um ponte folhas nascerem,
plástico com tampa na plante a sementeira em
parte de baixo da outro vaso já
geladeira. preparado;
8. Em 30 dias sua alface
estará pronta para ser
colhida.
Se você tiver uma
composteira, utilize esta
Alface orgânica *Não congelar
embalagem para
compostagem
Contém 1 unidade Reutilize esta embalagem! -

Pratique hábitos
Lavar antes de consumir -
sustentáveis
Para mais dicas e práticas
Conservar em local
sustentáveis, acesse:
seco e arejado, ou -
fb.com/
sob refrigeração
hortaorganicacapimmacio
Dia da colheita: Simbologia de
-
STQQSS identificação de material
Simbologia de
Não contém glúten -
descarte seletivo
Fonte: Autor, 2016.
10.7 REFINAMENTO

Para o refinamento da proposta final da embalagem, foi feito inicialmente um


mock up com o propósito de verificar detalhes relacionados a impressão e a
proporção do layout, como mostra a Figura 49 e 50:

Figura 49 - Mock up para teste de impressão e proporção (plana).


Fonte: Autor, 2016.
Figura 50 - Mock up para teste de impressão e proporção (montada).
Fonte: Autor, 2016.
Em seguida, as informações foram incorporadas à embalagem, gerando a
proposta final da embalagem (Figura 51). O conceito final teve como enfoque a
minimização do desperdício do produto e a geração de resíduos. Teve como foco
também, a educação ambiental, o incentivo à práticas sustentáveis, ao consumo
sustentável e ao descarte seletivo.

Figura 51 - Conceito final.


Fonte: Autor, 2016.
10.7.1 Tipografia

As tipografias utilizadas neste projeto, além de exercer sua função enquanto


linguagem visual à serviço do conteúdo, apresentam benefícios ambientais, pois
reduzem o consumo de tinta no processo de impressão.
A Ryman Eco, tipografia utilizada na parte frontal da embalagem para
identificar do produto (Figura 52), foi desenvolvida pelo designer Dan Rhatigan, da
Monotype, em colaboração com a agência Grey London. Segundo o site
Pensamento verde (2016) 26, esta tipografia é capaz de reduzir o consumo de tinta
em 33%, por causa do seu interior "vazado", que absorve os excessos de tinta,
dando a sensação de preenchimento para a tipografia (2016).

Figura 52 - Identificação do produto.


Fonte: Autor, 2016.

Para os textos informativos (Figura 53), foi utilizada a tipografia Courier,


projetada por Howard "Bud" Kettler em 1955. A Courier é uma fonte monoespaçada,
slab serif, que se assemelha as letras batidas de máquina de escrever (Traduzido do
site Typedia, 2010)27.

26
Para ter acesso a matéria na íntegra, indico a leitura de Tipografia sustentável: Ryman Eco reduz
até 33% o uso de tinta na impressão. Pensamento verde. [S.l.]: 9 de janeiro de 2016. Disponível em:
<http://www.pensamentoverde.com.br/produtos/tipografia-sustentavel-ryman-eco-reduz-ate-33-o-uso-
de-tinta-na-impressao/>. Acesso em maio de 2016.
27c.f. Referencial bibliográfico: TYPEDIA. Courier. [S.l.]: 15 de janeiro de 2010. Disponível em:
<http://typedia.com/explore/typeface/courier/>.
Figura 53 - Texto informativa da embalagem.
Fonte: Autor, 2016.

O designer britânico Matt Robinson e Tom Wrigglesworth, realizaram uma


comparação das tipografias mais utilizadas em computadores, analisando quais das
fontes consomem mais tinta no processo de impressão. Para isso, os designers
desenharam com canetas esferográficas, as fontes com a mesma escala numa
parede parede. Como pode ser visto na Figura 54, a Courier é a segunda na lista
das fontes analisas, que consome menos tinta (Traduzido de Swiss Miss, 2009)28.

28 c.f. Referencial bibliográfico: SWISS MISS. Measuring Type. Nova Iorque, 17 de dezembro de
2 0 0 9 . D i s p o n í v e l e m : < h t t p : / / w w w. s w i s s - m i s s . c o m / 2 0 0 9 / 1 2 / m e a s u r i n g - t y p e . h t m l ?
utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+Swissmiss+
(swissmiss)&utm_content=Google+Reader>. Acesso em maio de 2016.
Figura 54 - Estudo de Matt Robinson e Tom Wrigglesworth.
Fonte: Adaptado de Swiss Miss, 2009.

A escolha por estas tipografias, também foi pensando, por resgatar a


estética das embalagens antigas, quando eram feitas à mão e impressas por meio
do método de impressão tipográfica.

10.8 DETALHAMENTO TÉCNICO

Nos tópicos seguintes, foram apresentados as especificações técnicas


referentes a embalagem, que incluem o checklist técnico, a faca de corte, e o seu
desenho técnico nas escalas de 1:2 para a faca como um todo, e 1:1 para a lingueta
de fechamento.

10.8.1 Checklist técnico

Tabela 4 - Checklist técnico.

Checklist técnico
Identificação do produto Alface orgânica
Função da embalagem Primária
Forma física do produto Sólido irregular
Proteções requeridas contra Umidade
Checklist técnico
Condições de manuseio Manuseado após a colheita
Condição de armazenamento Acondicionado em bacias
Reutilizável Sim
Reciclável Sim
Retornável Não
O produto será visto na embalagem? Sim
Forma como o produto é exposto a
Bacias
venda
Prazo de conservação requerido Não é necessário, mas o dia de colheita
deve ser indicado
Risco e suscetibilidade do produto Umidade, insetos, fungos e bactérias
Montagem Manual
Sistema de fechamento Encaixe de lingueta dentro do corte
Material Papel Kraft não branqueado
Formato A4
Gramatura 80g
Processo de impressão Offset
Sistema de cores C: 0% M: 0% Y: 0% K: 100%
Quantidade de cores para impressão 1 cor
Legislação de rotulagem - Denominação de venda;
- Quantidade;
- Identificação da origem;
- Deve apresentar a data de colheita
indicando o dia;
- Advertência;
- Alimentos em condições especiais
para conservação;
- Simbologia de identificação
- de material;
- Simbologia de
- descarte seletivo.

Fonte: Autor, 2016.


10.8.2 Faca de corte

Figura 55 - Faca de corte.


Fonte: Autor, 2016.
10.8.3 Desenho técnico

Figura 56 - Desenho técnico.


Fonte: Autor, 2016.
10.8.4 Modelo final da embalagem

Figura 57 - Embalagem final.


Fonte: Autor, 2016.
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O consumo na sociedade atual se estabelece na relação entre o desejo e


necessidade de compra. E a percepção da qualidade de um produto influencia
diretamente na relação dos consumidores com o produto. É possível afirmar, que a
falta de conhecimento das pessoas sobre a origem, o ciclo de vida e as qualidades
de um produto, implicam na rapidez a qual eles são descartados. Esse cenário pode
ser identificado no consumo e descarte de alimentos, já que é de conhecimento
comum, que nossa sociedade desperdiça toneladas de alimentos diariamente. Logo,
é nesse contexto, que o descarte de embalagens tornou-se um dos principais
agentes causadores de impactos ambientais. Deste modo, fica evidente a
necessidade de que a relação produto-consumidor seja modificada.
A Horta Orgânica Capim Macio, utilizada como objeto de estudo, apresentou
vantagens para o desenvolvimento orientado à sustentabilidade deste projeto, por
estreitar a relação entre os clientes e os alimentos cultivados e vendidos na horta.
Isto pode ser percebido por meio do estudo de campo e questionários aplicados com
os clientes na horta.
Para o desenvolvimento da embalagem proposta, o levantamento e a
avaliação do ciclo de vida da alface orgânica e da sacola plástica, utilizada como
embalagem pela Horta Orgânica, confirmou-se como sendo de fundamental
importância para a execução deste projeto. Tendo em vista, que a partir desta
avaliação, foram identificados os impactos ambientais gerados nos ciclos de vida de
ambos os produtos.
Com base no levantamento do ciclo de vida da alface orgânica, verificou-se
que eram durante as etapas de distribuição, uso e descarte, que ocorriam os
impactos referentes à perda e ao desperdício do alimento. E como dito no referencial
teórico desta monografia, a ausência de uma embalagem adequada influencia
diretamente nestes impactos. Assim, é possível afirmar a importância da embalagem
como um instrumento capaz de minimizar os altos índices de desperdício de
alimento.
Por meio do levantamento do ciclo de vida da sacola plástica, foram
identificados os impactos ambientais gerados em todos as etapas da sua produção.
Contudo, para esta monografia, o foco foi direcionado para os impactos que
ocorriam nas etapas de uso e descarte.
Na avaliação do ciclo de vida (ACV) da sacola plástica, foram apresentados
dados referentes aos impactos que ocorrem nas etapas de uso e descarte. Foi
evidenciado que ineficiência na coleta e no tratamento final dos resíduos
descartados pela população, agrava os impactos ambientais gerados pelo descarte
das sacolas. Desta forma, os resultados obtidos com a ACV possibilitaram a
delimitação da área de atuação deste projeto, às fases de uso e descarte, focando
na minimização dos impactos ambientais gerados nestas etapas, e permitindo
escolha das estratégias de life cycle design que orientaram o desenvolvimento
sustentável e ecoeficiente da embalagem.
Das estratégias de life cycle design existentes, foram selecionadas duas que
melhor atendiam as demandas deste projeto: a otimização da vida dos produtos e a
extensão da vida dos materiais. Na otimização, são abordados conceitos como o
aumentando sua durabilidade e intensificando o uso. A linha que guiou está
estratégia, foi a de facilitar a reparação e a reutilização, projetando um segundo para
o produto; já para a extensão da vida dos materiais, a linha guia selecionada foi a de
facilitar a compostagem, agregando maior valor sustentável à embalagem, e
reduzindo os impactos gerados por seu descarte ao meio ambiente.
Os conceitos propostos à embalagem comunicam de forma clara e afetiva,
os valores e qualidades percebidas pelos consumidores sobre o produto. A
embalagem propõe a melhor conservação do produto, a fim de reduzir as perdas
durante a venda do alface orgânico, e também informa aos consumidores a melhor
forma de conservar o produto, evitando as perdas e desperdícios devido a má
conversação. A transformação da relação produto-embalagem e os consumidores, e
o estímulo a práticas sustentáveis, foi favorecida ao propor na própria embalagem,
formas de reutilizá-la, evitando o seu descarte imediato. E ao indicar aos
consumidores como eles podem cultivar a alface em casa, reutilizando a própria
embalagem, colabora para aproximá-los do ciclo de vida do alface, modificando a
forma como eles se relacionam com o produto e embalagem.
É importante ressaltar também, que as tipografias utilizadas para compôr o
layout da embalagem, agregam intrinsecamente valores sustentáveis ao produto.
Como dito na fase de refinamento desta monografia, as tipografias são capazes de
reduzir o consumo de tinta no momento da impressão, tornando a embalagem ainda
mais ecoeficiente. Deste modo, é possível afirmar que a escolha e o uso consciente
das tipografias utilizadas em um projeto, possibilitam ao designer proporcionar
melhorias que minimizem os impactos ambientais que ocorrem no processo de
impressão de uma embalagem.
Por fim, compreende-se que o designer é um agente fundamental no
processo de desenvolvimento sustentável e da valorização do produto local, pois ele
é capaz inferir na relação consumidor-produto, comunicando de maneira eficiente,
valores e qualidades, e propondo soluções ecoeficientes, que reduzam os impactos
ambientais gerados nas etapas do ciclo de vida. Contudo, a transição rumo à
sustentabilidade deve ser responsabilidade de toda a sociedade.
12 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

ABNT 14044. NBR ISO 14044. Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida –
Requisitos e orientações. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de
Janeiro, Brasil, 2001. disponível em: <http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/
uploads/2015/01/NBR-14.040-Gestão-Ambiental-avaliacão-do-ciclo-de-vida-
principios-e-estrutura.pdf>. Acesso em abril de 2016.

ABRE-ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMBALAGEM. Meio ambiente e a indústria


da embalagem. Cartilha. São Paulo, 2009.

ALMEIDA, Clóvis Oliveira de . Uso de embalagem e rotulagem em frutas e


hortaliças: agora é lei!. Bahia Agrícola, Salvador - Bahia, , v. 6, p. 17 - 18, 2004.

ANDRADE, Priscilla da Silva Marx. A veloz obsolescência dos aparelhos


celulares: o que pensam e sentem jovens usuários desta tecnologia.
(Dissertação). Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: <www.maxwell.vrac.puc-rio.br>
Acesso em abril de 2015

ARAÚJO, D. F. S.; PAIVA, M. do S. D.; FILGUEIRA, J. M. Orgânicos: Expansão de


Mercado e Certificação, Holos, Ano 23, Vol. 3, 2007.

BAUDRILLARD, Jean. A sociedade de consumo. Edições 70. 2008. 2ª Edição.

____________. O Sistema dos Objetos. Trad. Zulmira Ribeiro Tavares. 4. Ed.


São Paulo: Perspectiva, 2006.

BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as conseqüências humanas. Rio de Janeiro:


Jorge Zahar. Editor, 1999

BONI, V; QUARESMA, S. J.: Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas


em Ciências Sociais.Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia
Política da UFSC Vol. 2 nº. 1 (3), janeiro-julho/2005, p. 68-80. Disponível em:
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/emtese/article/viewFile/18027/16976>. Acesso
em abril de 2016.
BRASIL. Lei no 10.831, de 23 de dezembro 2003. Dispõe sobre a agricultura
orgânica e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2003.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.831.htm>. Acesso
em março de 2016.

BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - Instrução Normativa


Nº 7 de 29 de maio de 1999. Estabelece as normas de produção para os produtos
orgânicos de origem vegetal e animal. Diário Oficial da União, Brasília, 19/05/1999,
Seção 1, pág 11.

BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - Lei Nº 10.831, de 23


de dezembro de 2003. Dispõe sobre a agricultura orgânica e da outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, 24/12/2003, Seção 1, pág 8.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Mapa. Instrução


Normativa Conjunta nº 009, de 12 de novembro de 2002. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Brasília, DF, 14 nov. 2002. Seção 1, p.30. Disponível em: <http://
portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/d8c7fa804d8b654fa9cae9c116238c3b/
ALIMENTOS+INSTRUÇÃO+NORMATIVA+CONJUNTA+Nº+9,+DE+12+DE
+NOVEMBRO+DE+2002.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em março de 2016.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Mapa. Instrução


Normativa Mapa no 16, de 11 de junho de 2004. Sobre a regulamentação e outras
providências. Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/
consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=7796>. Acesso em março de 2016.

BRASIL. Portaria SVS/MS no 42, de 14 de janeiro de 1998. Regulamento Técnico


para Rotulagem de Alimentos Embalados. Diário Oficial da União, Brasília, 16 de
janeiro de 1998. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/
115381804745970b9f55df3fbc4c6735/PORTARIA_42.pdf?MOD=AJPERES>.
Acesso em março de 2016.
BRASIL, Ministério do Meio ambiente. Campanha Saco é um Saco: Pra Cidade,
Pro Planeta, Pro Futuro e Pra Você, 2010. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/
responsabilidade-socioambiental/producao-e-consumo-sustentavel/saco-e-um-saco/
saiba-mais>. Acesso em maio de 2016.

BÜRDEK, Bernhard. História, teoria e prática do design de produtos. São Paulo:


Edgar Blücher, 2006.

CARRANO, S.H.S. Estudo sobre rotulagem do alimento orgânico. Rio de


Janeiro: Sociedade Nacional de Agricultura, 2008.

CASAGRANDE Jr., Eloy Fassi. Inovação tecnológica e sustentabilidade:


possíveis ferramentas para uma necessária interface, 2004. Disponível em:
<www.ppgte.cefetpr.br/selecao/2005/leituras/casagrandeJr2004.pdf.> Acesso em:
abril de 2015.

CASTRO, Miriam. Na cozinha, nada se perde, tudo se transforma. Estadão. São


Paulo, 10 setembro 2014. Disponível em: <http://paladar.estadao.com.br/noticias/
comida,na-cozinha--nada-se-perde--tudo-se-transforma,10000008562>. Acesso em
março de 2016.

CERVEIRA, Ricardo & CASTRO, Manoel Cabral. Consumidores de Produtos


Orgânicos da Cidade de São Paulo: Características de um Padrão de Consumo.
Informações Econômicas, v. 29, n. 12, p. 7-19. 1999. Disponível em: <http://
www.iea.sp.gov.br/ftpiea/ie/1999/tec1-dez99.pdf>. Acesso em maio de 2016.

CONSELHO EMPRESARIAL MUNDIAL PARA O DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL (WBCSD). Eco-efficiency learning module. Disponível em: <http://
www.wbcsd.org> Acesso em maio de 2015.
CUENCA, Manuel Alberto Gutiérrez et al. Perfil do consumidor e do consumo de
produtos orgânicos no Rio Grande do Norte. Aracaju: Embrapa Tabuleiros
Costeiros, 2007. Disponível em: <http://www.cpatc.embrapa.br/publicacoes_2007/
doc-125.pdf>. Acesso em agosto de 2015.

DESIGN ISDS 2, Design, Inovação Social e Desenvolvimento Sustentável. MANZINI,


Ezio. Design para a Inovação Social. Seminário. Rio de Janeiro, 2008.

EDWARDS, A.; FADZLI, S.; SETCHI, R. A comparative study of developing


physical and digital mood boards. Cardiff: 5th International Conference on
Innovative Production Machines and Systems, 2009.

EMBRAPA INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA. Pós-colheita de hortaliças. Brasília –


DF, 2007. 100 p. Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/
item/11930/2/00081040.pdf>. Acesso em março de 2016.

FAO. Os Rastros do Desperdício de Alimentos: Impactos sobre os Recursos


Naturais. Roma, 2013. Disponível em: <https://www.fao.org.br/daccatb.asp>. Acesso
em março de 2016.

FARIA, Anderson Batista de. Estimativa de impactos ambientais causados pelo


descarte de sacolas plásticas em Belo Horizonte, Minas Gerais. (Dissertação).
Florianópolis -SC, 2012. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/handle/
123456789/103457>. Acesso em maio de 2016.

FIGUEIREDO, F. F., A gestão de resíduos sólidos em Natal/RN: entre o controle


dos resíduos na cidade e o tratamento final no aterro sanitário. In: VI Encontro
Nacional da Anppas, 2012. v. 1. p. 1-17.)

GONÇALVES-DIAS, S. L.F. H. vida após a morte: um (re) pensar estratégico para


o fim da vida das embalagens. Revista Gestão & Produção . v.13, n.3, p. 463-474,
S.o Carlos, (SP), 2006.
GOULART, R. M. M. Desperdício de alimentos: um problema de saúde pública.
Integração, v.54, n.1. 2008.

HOLMBERG, J., Socio-Ecological Principles and Indicators for Sustainability.


Institute for Physical Theory. Göteborg, 1995.

JOAQUIM, Ricardo Braun. Avaliação do ciclo de vida: sacola plástica x sacola de


papel. Florianópolis – SC, 2013. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/
bitstream/handle/123456789/124952/Ricardo_Braun_Joaquim_TCC.pdf?
sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em novembro de 2015.

KAZAZIAN, Thierry. Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento


sustentável. São Paulo: Editora Senac, 2005.

KRUCKEN, Lia. Design e território: valorização de identidades e produtos


locais. São Paulo: Studio Nobel, 2009;

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. D. A. M. Fundamentos de metodologia científica.


São Paulo: Atlas, 1996.

LIMA, Paola. Sacola plástica é uma das maiores vilãs do meio ambiente. Jornal do
Senado, Brasília, ano 14, n. 552, 19 de abril de 2016. Disponível em: <http://
www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/519439/cidadania552.pdf?
sequence=1>. Acesso em maio de 2016.

LUCENA, Roberto. Lixo do RN ainda sem destino. Natal: Jornal Tribuna do Norte,
2014. Disponível em: <http://tribunadonorte.com.br/noticia/lixo-do-rn-ainda-sem-
destino/289083> Acesso em abril de 2015.

____________. Por dia, 13 toneladas de alimentos vão para o lixo na Ceasa.


Natal: Jornal Tribuna do Norte, 2014. Disponível em: <http://
www.tribunadonorte.com.br/noticia/por-dia-13-toneladas-de-alimentos-vao-para-o-
lixo-na-ceasa/288871>. Acesso em março de 2016.
LUENGO, R.F.A.; CALBO, A. G. Embalagens para comercialização de frutas e
hortaliças. Circular Técnica. Brasília: EMBRAPA. p .1-7, 2006.

LUNA, Sérgio Vasconcelos de. Planejamento de pesquisa: uma introdução. 2ª


edição. São Paulo: EDUC, 1999.

LUPTON, Ellen. Graphic Design Thinking. São Paulo: G. Gili, 2013.

SILVA, Manuela Camilotti Torres da. Empresa Júnior - uma organização estudantil e
a sua influência na formação depós-juniores empreendedores. Campinas,SP : [s.n.],
2015. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?
down=000949748. Acesso em dezembro de 2015.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Impacto das embalagens no meio ambiente.


Disponível em: <http://www.mma.gov.br/> Acesso em Abril de 2015.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Lei 12.305, de 02 de agosto de 2010.


Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=636>
Acesso em abril de 2015.

MANZINI, Ezio; VEZZOLI, Carlo. O desenvolvimento de produtos sustentáveis –


os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: Edusp, 2002.

MATTAR, F. N. Pesquisa de marketing: metodologia, planejamento, execução e


análise, 2a ed. São Paulo: Atlas, 1994, 2v., v.2.

MERINO, E.; CARVALHO, L. R.; MERINO, G. Guia de Orientação para o


Desenvolvimento de Embalagens. Revista D (Uniritter), v. 2, p.124, 2009.
NASCIMENTO, Warley M. Produção de sementes de hortaliças para a
agricultura familiar. Brasilia: Embrapa Hortaliças, 2005. 16p. (Embrapa Hortaliças.
Circular Técnica, 35). Disponível em: <https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/
Repositorio/ct_35_000fd38ftf602wx5eo0a2ndxyf79zxkx.pdf> Acesso em março de
2016.

NEGRÃO, C.; CAMARGO, E. Design de embalagem: do marketing à produção.


São Paulo: Novatec, 2008.

OLIVEIRA, L.L.; LACERDA, C.S.; ALVES, I.J.B.R.; SANTOS, E.D.; OLIVEIRA, S. A.;
BATISTA, T.S.A. Impactos Ambientais causados pelas sacolas plásticas: o caso
Campina Grande – PB. BIOFAR, Campina Grande, v. 7, n.1, p.88-104, 2012.

PAZMINO, Ana Verónica. Uma reflexão sobre Design Social, Eco Design e
Design Sustentável. I Simpósio Brasileiro de Design Sustentável. Curitiba,
setembro de 2007.

PAPANEK, V. Design for the real world: Human ecology and social change. New
York: Pantheon, 1971.

PELTIER, Fabrice; SAPORTA, Henri. Design sustentável: caminhos virtuosos. São


Paulo: Senac São Paulo, 2009.

PROJETO - Ciclo de vida do saco plástico. AMDA - Associação Mineira de


Defesa do Meio Ambiente. [Belo Horizonte]: [c.a. 2011]. Disponível em: <http://
www.amda.org.br/?string=interna-projetos&cod=27>. Acesso em dezembro de 2015.

RUCINSKI, J.; BRANDENBURG, A. Consumidores de alimentos orgânicos em


Curitiba. In: ENCONTRO DA ANPPAS, 1., 2002, Indaiatuba. Anais... Indaiatuba:
ANPPAS, 2002. Disponível em: <http://www.anppas.org.br/encontro_anual/
encontro1/gt/agricultura_meio_ambiente/Jeane%20Rucinski.pdf>. Acesso em maio
de 2016.
VIECELLI, Eduardo. Ecodesign – fator redutor de impacto ambiental: in Global
Manager. Faculdade da Serra Gaúcha – v. 3, n. 4. Rio Grande do Sul: FSG, 2003.

SAPPER, Stella Lisboa. A transposição dos requisitos estéticos e simbólicos de


projeto em atributos formais do produto. Porto Alegre, 2015. 184 p. Dissertação –
(Programa de Pós- Graduação em Design – PgDesign da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul).

SENNETT, R. A cultura do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 2006.

SILVA, Christian Luiz da. Desenvolvimento sustentável: um conceito multidisciplinar.


In: MENDES, Judas Thadeu Grasse (Orgs.) Reflexões sobre o desenvolvimento
sustentável: agentes e interação sob a ótica multidisciplinar. Petrópolis, RJ: Vozes,
2005.

STEWART, Bill. Estratégias de Design para Embalagens / Bill Stewart: tradução


da segunda edição americana: Freddy Van Camp. São Paulo: Blucher, 2010. Título
original: Packaging Design Strategies.

SWISS MISS. Measuring Type. Nova Iorque, 17 de dezembro de 2009. Disponível


em: <http://www.swiss-miss.com/2009/12/measuring-type.html?
utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+Swissmiss+
(swissmiss)&utm_content=Google+Reader>. Acesso em maio de 2016.

TACCONI, Marli de F. F. da S. Estratégia de marketing ambiental no varejo de


alimentos: um estudo sobre a variáveis utilizadas pelo consumidor na compra de
produtos orgânicos. Natal, 2004, 100 p. Dissertação – (Mestrado de Engenharia da
Produção - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

PENSAMENTO verdade. Tipografia sustentável: Ryman Eco reduz até 33% o uso
de tinta na impressão. Pensamento verde. [S.l.]: 9 de janeiro de 2016. Disponível
em: <http://www.pensamentoverde.com.br/produtos/tipografia-sustentavel-ryman-
eco-reduz-ate-33-o-uso-de-tinta-na-impressao/>. Acesso em maio de 2016.
TRIBUNA DO NORTE. Horta da vida nova a terreno baldio. Natal, 2014.
Disponível em: http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/horta-da-nova-vida-a-
terreno-baldio/298673?utm_campaign=noticia&utm_source=rel. Acesso em
novembro de 2016.

TYPEDIA. Courier. [S.l.]: 15 de janeiro de 2010. Disponível em: <http://typedia.com/


explore/typeface/courier/>.
ANEXO A – ROTEIRO DA ENTREVISTA

[Iniciar a entrevista contextualizando, de forma sucinta, a motivação de levantar


dados referentes à produção da alface, e a importância de avaliar o ciclo de vida no
processo de desenvolvimento de um produto]

1. Como é feito o plantio da alface?

2. Quanto tempo leva para colher a alface?

3. De onde vem as sementes?

4. Qual a origem do adubo/humos utilizado na horta?

5. Quantos quilos de adubo/humos são utilizado na horta?

6. Com que frequência as alfaces são regadas?

7. Quantos litros de água são utilizados para regar as alfaces?

8. Quantas alfaces são vendidas diariamente?

9. Quanto tempo as alfaces costumam permanecer expostas à venda?

10. Quantas alfaces tornam-se resíduos?


ANEXO B – ROTEIRO DO QUESTIONÁRIO ABERTO

1. Por que optou por comprar hortaliças orgânicas?

2. No momento da compra, quais características são determinantes para que você


escolha o produto que irá levar?

Aparência
Preço
Consistência

3. Como você embala os produtos? E se não embala, como transporta?

4. Como você armazena os produtos para o transporte? Sente alguma dificuldade?

Sim
Não

5. Como você higieniza os alimentos em casa?

6. Você pagaria mais caro por uma embalagem que oferecesse maior proteção
quanto a qualidade do produto?

Sim
Não

Você também pode gostar