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A Importância do Lúdico na Escola

Entre risos tímidos e algumas gargalhadas, vi nascer o sentimento, a alegria, o prazer,


a descoberta, do outro e de si...Brincar, dançar, pular...Esse é o papel do professor, encantar-
se para encantar... (Sandra Costa, 2007)
Percebemos hoje nas escolas, a ausência de uma proposta pedagógica que incorpore o
lúdico como eixo de trabalho. Essa realidade do Brincar nas escolas leva-nos a perceber a
inexistência de espaço para um bom desenvolvimento dos alunos. Esse resultado, apesar de
apontar na direção das ações do professor, não devemos atribuir-lhe a culpa. Ao contrário, trata-
se de evidenciar o tipo de formação profissional do professor que não contempla informações nem
vivências a respeito do brincar e do desenvolvimento infantil em uma perspectiva social, afetiva,
cultural, histórica e criativa.
Vygotski (1988) indica a relevância de brinquedos e brincadeiras como indispensáveis para
a criação da situação imaginária. Revela que o imaginário só se desenvolve quando se dispõe de
experiências que se reorganizam. A riqueza dos contos, lendas e o acervo de brincadeiras
constituirão o banco de dados de imagens culturais utilizados nas situações interativas. Dispor de
tais imagens é fundamental para instrumentalizar a criança para a construção do conhecimento e
sua socialização. Ao brincar a criança movimenta-se em busca de parceria e na exploração de
objetos; comunica-se com seus pares; expressa-se através de múltiplas linguagens; descobre
regras e toma decisões.
São poucas as escolas que investem neste aprendizado. A escola simplesmente esqueceu
a brincadeira. Na sala de aula ou ela é utilizada com um papel didático, ou é considerada uma
perda de tempo. E até no recreio, a criança precisa conviver com um monte de proibições.
Segundo o estudioso holandês Johan Huizinga (1980), não se brinca a não ser por
iniciativa própria ou por livre adesão. Todo ser humano pode beneficiar-se de atividades lúdica. A
brincadeira é transmitida à criança através de seus próprios familiares, de forma expressiva, de
uma geração à outra, ou pode ser aprendida pela criança de forma espontânea. Contudo, nos dias
atuais, com as moradias cada vez mais apertadas e os adultos envolvidos em seus afazeres, as
crianças não têm um lugar para brincar e não devem atrapalhar o andamento do lar com seus
brinquedos.
Não dá para isolar o comportamento lúdico da criança. Ela brinca quando é para brincar, e
não quando os adultos entendem que ela deveria brincar.
Em qualquer época da vida de crianças e adolescentes e porque não de adultos, as
brincadeiras devem estar presentes. Brincar não é coisa apenas de crianças pequenas, erra a
escola ao fragmentar sua ação, dividindo o mundo em lados opostos: de um lado o jogo da
brincadeira, do sonho, da fantasia e do outro, o mundo sério do trabalho e do estudo.
Independente do tipo de vida que se leve, todos adultos, jovens e crianças precisam da
brincadeira e de alguma forma de jogo, sonho e fantasia para viver. As escolas precisam
reconhecer o lúdico, a sua importância enquanto fator de desenvolvimento da criança. Entre
alguns desses fatores destaca-se:
*Facilitador da aprendizagem;
*Colabora para uma boa saúde mental;
*Desenvolve processos sociais de comunicação de expressão e construção do
conhecimento;
*Explora a criatividade
*Melhora a conduta e a auto-estima;
*Permite extravasar angustias e paixões, alegrias e tristezas, agressividade e passividade.
Diante de tantas possibilidades, é fundamental que o educador seja mediador em todo o
processo, criando na sala de aula um cantinho com alguns brinquedos e materiais para
brincadeiras. Na verdade qualquer sala de aula disponível é apropriada para as crianças
brincarem. Podemos ensinar as crianças também, a produzir brinquedos. O que ocorre
geralmente nas escolas é que o trabalho de construir brinquedos com sucatas, fica restrito às
aulas de arte, enquanto professores poderiam desenvolver também este trabalho nas áreas de
teatro, música, ciências etc., integrando aos conhecimentos que são ministrados.
Tudo isso é possível quando estamos abertos para buscar novos caminhos. Precisamos,
enquanto educadores nos colocarmos como participantes, acompanhando todo o processo da
atividade, mediando os conhecimentos através da brincadeira e do jogo, afim de que estes
possam ser reelaborados de forma rica e prazerosa.

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