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Missão é movimento:

reflexões a partir do evangelho de Lucas

O Novo Testamento não apresenta uma única definição de missão, mas vários paradigmas, que
sinalizam diferentes perspectivas missiológicas. Um olhar atento à vida e ao ministério de Jesus, no
Evangelho de Lucas, revela que missão é movimento. É o Espírito Santo agindo e se movendo. É o
Filho do Homem, enviado pelo Espírito do Senhor, movendo-se constantemente: andando de casa
em casa, caminhando à beira do rio, passando por aldeias e cidades, subindo montes, aproximando-
se de doentes, conversando com mulheres, comendo com pessoas de má fama e acercando-se de
todo tipo de pessoas, das quais muitos faziam questão de manter distância.

Missão é movimento

O envio de Jesus mostra o movimento da missão (Lc 4.18). No Evangelho de Lucas, Jesus aparece
em constante movimento durante o seu ministério público, deslocando-se para aldeias e casas,
retirando-se para o monte ou lugares desertos, mas, sobretudo, andando nas cidades – a palavra
“cidade” aparece quarenta vezes nesse evangelho. A cidade é o palco da missão de Jesus, onde ele
anda, ensina e opera milagres.

O movimento da missão de Jesus, porém, em momento algum se confunde com ativismo. O mestre
também realiza o “retirar-se”, pois compreende e pratica a disciplina do descanso. Em vários
momentos ele se ausentava da insistente multidão que o seguia, retirando-se para descansar e orar.
Antes de chamar os doze discípulos, por exemplo, Jesus “retirou-se para o monte, a fim de orar, e
passou a noite orando a Deus” (6.12). Em outra ocasião, após o envio e o retorno dos doze, Jesus
ouviu o relatório dos discípulos e os levou para um retiro, a fim de estar a sós com eles (9.10). Oito
dias após anunciar a sua morte, ele subiu ao monte para orar e levou consigo Pedro, João e Tiago
(9.28). Também era costume de Jesus retirar-se para orar no monte das Oliveiras (22.39), o mesmo
local onde Judas o entregaria “aos principais sacerdotes, capitães do templo e anciãos que vieram
prendê-lo” (22.52).

Mover-se na missão de Jesus significa conjugar coerentemente ação, reflexão e oração. E é para
esse movimento que ele chama e envia os seus discípulos, levando-os consigo pelas aldeias e
cidades, mas também mostrando, na prática, a importância de, em alguns momentos, se retirar.

Continua no próximo boletim...

Phelipe M. Reis é amazonense, missionário e jornalista.

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