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CAPÍTULO 1: PRINCÍPIOS QUE REGEM A EXECUÇÃO

TRABALHISTA

1.1 Historicidade dos direitos trabalhistas

Segundo o dicionário brasileiro da língua portuguesa Michaelis, trabalho


significa soma de ações de produção ou mentais, desempenhadas pelo homem para
estabelecer uma função e atingir determinado objetivo. Também significa ocupação
profissional, cotidiana, em que ocorre a remuneração ou salário, componente de um
contrato trabalhista1. A evolução do Direito Processual do Trabalho no Brasil é
marcada por uma série de acontecimentos importantes que fomentaram a estrutura
do trabalho brasileiro e dos direitos dos trabalhadores. Os órgãos pioneiros em
sanar divergências trabalhistas foram os Conselhos Permanentes de Conciliação e
Arbitragem, esses que apesar de não serem de fato instalados, foram estabelecidos
pela Lei 1.637, de 05\11\1911, do qual art. 8º determinava que:
Os sindicatos que se instituírem com o espírito de harmonia entre
patrões e operários, como os ligados por conselhos permanentes de
conciliação e arbitragem, destinados a impedir as divergências e
contestações entre o capital e o trabalho serão considerados como
representantes legais da classe integral dos homens do trabalho e,
como tais, poderão ser consultados em todos os assuntos da
profissão. 2
Em seguida, a Lei 1.869 de 10\10\1922, instituiu, em São Paulo, os
nomeados Tribunais Rurais, de formação paritária (composto por um juiz de direito
da comarca, um indivíduo que representa os trabalhadores e outro os fazendeiros),
com a incumbência de impedir oposições no valor máximo de “quinhentos mil réis”,

1MICHAELIS UOL. Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/modernoportugues/busca/portugues-


brasileiro/trabalho/>. Acesso em 23 nov. 2018.

2SARAIVA, Renato; MANFREDINI, Aryanna. Curso de Direito Processual do Trabalho.12.ed., Bahia:


Jus Podivim, 2015, p.25.
derivados da análise e aplicação dos contratos de atividades rurais. Entretanto, os
Tribunais Rurais não forneceram rendimentos aceitáveis3. Na verdade, estes órgãos
iniciais na realidade não efetivaram seus encargos, como explica José Augusto
Rodrigues Pinto, em Processo trabalhista de conhecimento: “Sendo caixas de
ressonâncias dos conflitos que cuidavam e inexistindo, à sua época, ambiente
propício à sua formação, atrofiaram-se por esvaziamento natural de funções e
finalidade”.
Dois elementos colaboraram, de maneira determinante, na
institucionalização da Justiça do Trabalho no Brasil, tais quais: o advento das
convenções coletivas de trabalho e a participação influente da doutrina da Itália, pois
o sistema brasileiro se assemelhou, em muitos pontos, ao planejamento italiano da
Carta del Lavoro, de 1927, de Mussolini (regime corporativista). Logo, na Era
Vargas, em 1932, foram elaboradas as Juntas de Conciliação e Julgamento e as
Comissões Mistas de Conciliação, que operavam como órgãos administrativos,
avaliando, respectivamente os dissídios individuais e coletivos do trabalho.
A Justiça do Trabalho apenas ergueu-se como corporação soberana e
independente em 01\05\1942, quando começou a prevalecer o Decreto-lei 1.237, de
02\05\1939, e o referente regulamento aprovado pelo Decreto 6.596, de 12\12\1940.
Não obstante embora não vinculada ao Poder Judiciário, a partir de 1941, a
Justiça do Trabalho passou a executar função jurisdicional, com poder de
concretizar as exclusivas medidas. A nova associação realizada compôs a Justiça
Laboral de três órgãos, a conhecer: Juntas de Conciliação e Julgamento ou Juízes
de Direito (nos povoados destituídos de Juntas), compostas de um presidente
bacharel em Direito, eleito pelo Presidente da República e dois vogais,
representantes dos empregados e empregadores; Conselhos Regionais do
Trabalho, proporcionais atualmente aos Tribunais Regionais do Trabalho,
localizados em distintas regiões do Brasil, e com capacidade para deliberar os
recursos das decisões das Juntas, e integralmente, os dissídios coletivos nos limites
da sua jurisdição; Conselho Nacional do Trabalho, equivalente, hoje em dia, ao

3SARAIVA, Renato; MANFREDINI, Aryanna. Curso de Direito Processual do Trabalho.12.ed., Bahia:


Jus Podivim, 2015, p.25.
Tribunal Superior do Trabalho, órgão de diretoria que trabalhava com duas
Câmaras, a Câmara da Justiça do Trabalho e a Câmara de Previdência Social4.
Em 1943 entrou em vigor a Consolidação das Leis do Trabalho, que atribuiu
dois títulos à organização judiciária e o terceiro ao processo do trabalho. Por fim a
Constituição de 1946, finalizando o progresso da Justiça Laboral, constituiu,
definitivamente, a Justiça do Trabalho como órgão do Poder Judiciário, constituída
de Juntas de Conciliação e Julgamento, Tribunais Regionais do Trabalho
(recolocando os Conselhos Regionais do Trabalho) e o Tribunal Superior do
Trabalho (antigo Conselho Nacional do Trabalho).
Posteriormente a promulgação da Carta de 1946, diversas leis associadas
com o processo do trabalho foram editadas, destacando- se:
 O Decreto-lei 779\1969, que decreta sobre a execução de
regrasas processuais trabalhistas à União, Estados, Distrito Federal,
Municípios, Autarquias e Fundações Públicas;

 A Lei 7.701\1988, que retratou sobre a habilidade das


demandas no Tribunal Superior do Trabalho e a especialização dos
tribunais de trabalho em ações coletivas;
 A EC 24\1999, que dissolveu a delegação de classe em todas
as instâncias, modificando as Juntas de Conciliação e Julgamento
em Varas do Trabalho;

 A Lei 9.958\2000, que elaborou as chamadas Comissões de


Conciliação Prévia, de formação paritária, com o objetivo de tentar
adequar os dissídios individuais do trabalho5.

1.2 Direito Processual do Trabalho – Conceito


Derivado do latim conceptus, de concipere (conceber, ter ideia, considerar),
o conceito exerce, na nomenclatura jurídica, para apontar a direção, a compreensão,
a designação que se possui das coisas, dos fatos e das palavras 6. Direito

4SARAIVA, Renato; MANFREDINI, Aryanna. Curso de Direito Processual do Trabalho.12.ed., Bahia:


Jus Podivim, 2015, p.27.

5SARAIVA, Renato; MANFREDINI, Aryanna. Curso de Direito Processual do Trabalho.12.ed., Bahia:


Jus Podivim, 2015, p.28.

6 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 1996. v.I, p.484.
Processual do Trabalho é a especialidade da doutrina jurídica, composta de regras e
fundamentos exclusivos para o desempenho do direito do trabalho e que concentra
a atuação das partes, juízes e seus auxiliares, no processo individual e coletivo do
trabalho. Carlos Henrique Bezerra Leite, em rico pensamento, instrui que:
Conceituamos o direito processual do trabalho como ramo da ciência
jurídica, constituído por um sistema de princípios, regras e
instituições próprias, que tem por intuito promover a pacificação justa
dos embates derivados dos vínculos jurídicos protegidos pelo direito
material do trabalho e regular o funcionamento dos órgãos que
compõem a Justiça do Trabalho 7.
Seu propósito é, também, característico, porquanto que descansa na
execução dos direitos fundamentais da sociedade, individuais, coletivos e divulgados
dos trabalhadores e no progresso da pacificação das dissidências resultantes dos
vínculos de trabalho, com ênfase para as provenientes da relação de emprego. Para
tal, a disposição jurídica do Brasil pressupõe uma Justiça especializada, constituída
por tribunais e juízes também conhecedores em processos trabalhistas e
qualificados para sentenciar as ações derivadas da relação trabalhista.
Outro desígnio do direito processual do trabalho fundamenta-se na
concepção de uma estrutura entendida disposta à normatização do sistema dos
distintos órgãos que integram a Justiça do Trabalho, tendo em vista a legítima
operacionalização dos intentos jurídico, social, ético e político dessa área
especializada do Judiciário brasileiro.8

1.3 Conceito e importância de princípio

Esclarece Celso Antônio Bandeira de Mello9 que princípio “é por definição,


mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição

7 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Ação civil pública. São Paulo: Ltr, 2001.

8LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho.16. ed., São Paulo:
Saraiva, 2018. p. 130.

9 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 8ª Edição, São Paulo,

Malheiros, 1997, pág. 573.


fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo lhes o espírito e
servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por
definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e
lhe dá sentido harmônico”.
Segundo a doutrina, os princípios têm tripla função: inspiradora do
legislador; interpretativa; suprimento de lacunas. Quanto à função inspiradora, o
legislador costuma buscar nos princípios estímulo para a elaboração de diretrizes.
Na função interpretativa, os princípios ganham destaque, porque eles orientam a
atividade do intérprete na procura do real intuito da lei e também se ela está de
acordo com os princípios constitucionais. Segundo a doutrina, descumprir um
princípio é mais grave do que violar uma norma, pois é ignorar todo o sistema de
normas. Os princípios também são destinados ao preenchimento de lacunas na
legislação processual. Há brechas quando a lei não disciplina determinada
matéria.10 Desse modo, os princípios, ao lado da analogia, do costume serão uma
ferramenta destinada a amparar as omissões do ordenamento jurídico processual.
Os princípios constitucionais do processo estabelecem direitos fundamentais
do cidadão, por estarem inclusos no rol do artigo 5º que aborda os direitos
individuais fundamentais (artigo 60, § 4º, da CF) e constituem postulados básicos
que difundem repercussões em todas as áreas do processo, bem como conduzem
toda a atividade jurisdicional. Tais princípios compõem o núcleo de todo o sistema
processual brasileiro. Diante disso, muitos autores já defendem a existência de um
chamado Direito Constitucional Processual ou Processo Constitucional 11 que
divulgam seus princípios e normas a todos os ramos do direito processual, dentre
eles o processo do trabalho.
Desse modo, atualmente, os princípios e normas do direito processual do
trabalho devem ser lidos em compasso com os princípios constitucionais do
processo, aplicando-se a hermenêutica da interpretação conforme a constituição.

10 Nesse sentido dispõe o artigo 126 do CPC, “in verbis”: O juiz não se exime de sentenciar ou
despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. “O julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as
normas legais, não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de
direito”.

11 Alguns autores preferem a expressão CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO PROCESSO.


Havendo, no caso concreto, choque entre um princípio do processo do trabalho
previsto em norma infraconstitucional e um princípio constitucional do processo,
prevalece este último.

1.4- Princípios que norteiam a execução trabalhista

1.4.1 – Princípio da Efetividade:

Este princípio nos traz a ideia do próprio sucesso da execução trabalhista,


que é alcançado com a materialização da obrigação fundada no título executivo,
entregando-se o bem da vida ao credor. Pode-se dizer que a efetividade da
execução trabalhista consiste em atingir o máximo resultado no menor tempo
possível. O princípio da efetividade, apesar de ser um princípio constitucional (artigo
5º, incisos XXXV e LXXVIII da Constituição Federal12), é um dos principais alicerces
da execução trabalhista, afinal busca-se o cumprimento de créditos de natureza
alimentar.
Partindo da premissa de que o processo trabalhista deve ser o mais
simplista possível, a máxima do princípio da efetividade está na busca do melhor
resultado dentro do melhor tempo. Assim, o referido princípio não busca o menor
tempo ou o máximo resultado de forma isolada, mas a união de ambos.
Caracteriza-se como o conjunto de atos processuais coordenados que se
sucedem no tempo, objetivando a realização prática de atos concretos e satisfativos
do direito do credor. Representa a realização prática da vontade concreta da lei.

12Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se
faça pelo modo menos gravoso para o executado.
Nessa linha de raciocínio, o princípio da efetividade traduz o próprio êxito da
execução trabalhista, que somente é atingido com a materialização da obrigação
fundada no título executivo, entregando-se o bem da vida ao credor.13

1.4.2 Princípio da Utilidade para o credor:

O credor pode não utilizar da execução apenas para acarretar danos ao


devedor, quando o patrimônio do executado não for suficiente para suportar a dívida.
Nesta linha de raciocínio, o art.659,§ 2º, do CPC (art. 836 do NCPC) dispõe que
“não se efetuará a penhora quando for evidente que o produto da alienação dos
bens for inteiramente absorvido pelo pagamento das custas da execução”. 14
Nesse sentido, destacamos o teor do § 2º do art. 659 da CLT: § “2º Não se
levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto da execução dos bens
encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução”.
Logo, sendo o diretor do processo, ao conduzir a execução, o magistrado trabalhista
deverá evitar a prática de atos processuais inúteis ou contrários à celeridade e à
razoável duração do processo.
Decorrido o prazo máximo de um ano da suspensão do curso da execução,
sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o juiz
ordenará o arquivamento dos autos, o qual poderá ser desarquivado, a qualquer
tempo, para prosseguimento da execução, caso sejam encontrados o devedor ou os
bens (art. 40,§§ 2º e 3º, da Lei 6830/1980).

1.4.3 Princípio da Primazia do Credor Trabalhista:

13 PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho, 4ª edição, São Paulo: Saraiva, 2017, p. 907.

14 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho.12.ed., Bahia: Jus Podivim, 2015,
p.552.
O grande objetivo da execução trabalhista é a satisfação do direito do
credor. Logo, todos os atos processuais praticados no bojo da execução trabalhista
devem ter por escopo a realização prática de atos concretos e satisfativos do direito
do credor.15.
A execução se faz em função da necessidade da satisfação do crédito
trabalhista, ou seja, é feita no interesse do credor (artigo 612 do CPC). Esse
interesse deverá orientar e determinar a interpretação e aplicação das leis
processuais trabalhistas. Assim, na hipótese de conflito de normas trabalhistas que
regem a execução, o juiz deverá aplicar a norma mais favorável ao exequente.
Com efeito, assim dispõe o art. 797 do CPC/2015: “Art. 797. Ressalvado o
caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal, realiza-se a
execução no interesse do exequente que adquire, pela penhora, o direito de
preferência sobre os bens penhorados”. Por fim, a atuação interpretativa do juiz do
trabalho na execução deverá se pautar sempre pela ideia da satisfação do direito do
credor trabalhista. Por consequência, caso haja um conflito de normas trabalhistas
que regem a execução, o magistrado deverá utilizar a mais favorável ao exequente.

1.4.4 Princípio da Especificidade:

O princípio da especificidade relaciona-se com a execução para entrega de


coisa e as obrigações de fazer e não fazer, segundo o qual o credor tem direito a
receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quando esta não lhe for
entregue, se deteriorou, não for encontrada ou não for reclamada do poder do
terceiro adquirente.16 Os arts. 627 e 633, ambos do CPC (arts. 809 e 816 do NCPC),
contemplam esse princípio, in verbis:

15 PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho, 4ª edição, São Paulo: Saraiva, 2017, p. 912.

16 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho.12.ed., Bahia: Jus Podivim, 2015,
p.552.
“Art. 627.O credor tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da
coisa, quando esta não lhe for entregue, se deteriorou, não for encontrada ou não for
reclamada do poder de terceiro adquirente”.
“Art.633. Se, no prazo fixado o devedor não satisfazer a obrigação, é licito ao
credor, nos próprios autos do processo, requerer que ela seja executada à custa do
devedor, ou haver perdas e danos; caso em que ela se converte em indenização.

1.4.5 Princípio da Menor Onerosidade ao Devedor:

Também conhecido como princípio da não prejudicialidade, para o devedor,


estabelece que, se o credor puder promover a execução por vários meios, o juiz
determinará que ela seja processada pela forma menos gravosa para o executado.
Reza o art. 620 do CPC (art 805 do NCPC) que, quando o credor puder, por
diversos meios, promover a execução, o juiz determinará que se faça pelo modo
menos gravoso ao devedor.17
É importante lembrar, no entanto, que assim como o direito laboral quanto o
processo do trabalho é permeado de princípios que objetivam proteger o trabalhador
hipossuficiente, em geral credor da execução, o qual, muitas vezes, encontra-se
desempregado e em situação econômica delicada.
Por se tratar de um procedimento forçado, a execução é apta a gerar danos
ao devedor. O Estado irá se utilizar do poder de império para a satisfação do credor.
Contudo, se a execução puder ser promovida por vários meios, o magistrado
determinará que ela seja processada pela forma menos gravosa ao devedor.

17 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho.12.ed., Bahia: Jus Podivim, 2015,
p.552.
1.4.6 Princípio da Responsabilidade pelas Despesas Processuais:

O devedor é responsável pelo pagamento, além dos valores devidos ao


credor, de toda Lei 10.537/2002, normatizaram a incidência de custas no processo
de execução, sendo estas pagas ao final, sob a responsabilidade do executado. 18

1.4.7 Princípio da Natureza Real:

O princípio da natureza real, também conhecido como princípio da


patrimonialidade, aduz que a execução é caracterizada por um conjunto de atos
processuais emanados pelo Estado cujo objetivo é o de atuar sobre os bens e não
sobre a pessoa do devedor inadimplente. Determina que os atos executórios atuem
sobre os bens do devedor e não sobre a pessoa física deste, conforme dispõem os
arts. 591 e 646 do CPC19 (arts. 789 e 824 do NCPC), in verbis:
“Art. 591. O devedor responde para o cumprimento de suas obrigações, com
todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei”.
“Art. 646. A execução por quantia certa tem por objeto expropriar bens do
devedor, a fim de satisfazer o direito do credor (art.591).”

1.4.8 Princípio da Limitação Expropriatória:

18 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho. 12.ed., Bahia: Jus Podivim, 2015,
p.553.

19 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho.12.ed., Bahia: Jus Podivim, 2015,
p.551.
Aduz que somente serão atingidos os bens do devedor até a satisfação do
direito do credor. Assim, quando parte do patrimônio do executado for suficiente
para essa satisfação, não haverá a necessidade de constrição e expropriação da
totalidade dos bens do credor. O princípio da limitação expropriatória impede a
alienação total do patrimônio devedor, quando parte dos bens for bastante para
atender a satisfação do direito do credor. 20
Nesse contexto, os arts. 659 e 692, parágrafo único, ambos do CPC e o art.
883 da CLT estabelecem:
“Art. 659 [com redação dada pela Lei 11.382/2006]. A penhora deverá incidir
em tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, juros,
custas e honorários advocatícios”.
“Art 692 do CPC - Não será aceito lanço que, em segunda praça ou leilão,
ofereça preço vil”.

1.4.9 Princípio da Livre Disponibilidade do Processo pelo Credor:

O Código do Processo Civil faculta ao credor desistir da execução ou de


algumas medidas executivas, independentemente da concordância do devedor (art.
569, parágrafo único, do CPC) (art. 775, parágrafo único, do NCPC). No entanto, a
desistência da execução pelo credor somente produzirá efeitos após homologação
por sentença, nos moldes do disposto no art. 158 do CPC. Doutrina e jurisprudência
divergem quanto á possibilidade de a desistência da execução se operar de modo
unilateral quando o devedor houver oferecido embargos à execução. 21

20 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho.12.ed., Bahia: Jus Podivim, 2015,
p.551.

21 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho.12.ed., Bahia: Jus Podivim, 2015,
p.554.
CAPÍTULO 2 - CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

O código de processo civil regula o processo de execução em seu livro II,


regulando a execução de títulos extrajudiciais, aplicando as suas disposições nos
procedimentos especiais, atos executivos e no cumprimento de sentença, que é
conhecido como título executivo judicial.
O objeto do processo de execução é fazer atuar efetivamente um interesse,
tendo em vista que a princípio inexiste uma lide a ser composta pelo juiz, eis que se
trata de uma dívida líquida e certa, sendo que a composição deve ser realizada no
processo de conhecimento, não cabendo ao juízo executivo se pronunciar a respeito
do mérito.22
No tocante a execução, pressupõe uma obrigação na qual inexiste
discussão a respeito da existência e titularidade de uma dívida inadimplida, na qual
o exequente solicita a intervenção do Estado para forçar aquele que tem o dever de
cumpri-la a fazê-la, sendo imprescindível a presença do título executivo, sendo ele
judicial ou extrajudicial, o titular da obrigação, denominado exequente e o que tem o
dever de cumpri-la, denominado executado.23
Dessa forma, temos que a finalidade da execução se concretiza na
realização material do direito, sendo a prática de atos dispostos pelo Estado para
realizar materialmente o direito declarado no título, promovendo a atividade de
satisfazer o direito do credor, sendo que se instaura em razão do devedor se manter

22THEODORO, Humberto Júnior. Curso de Direito Processual Civil, 50ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2017. P. 67.

23 LORGA, Camila. Conceito de execução civil e seus princípios informadores, 2010. Disponível em:
< https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2192987/conceito-de-execucao-civil-e-seus-principios-
informadores-camila-lorga-ferreira-de-mello> Acesso em: 02 de novembro de 2018
inerte com sua obrigação. 24 À vista disso, apresentaremos os principais princípios
aplicados ao processo de execução.

2.1 Princípio da Autonomia

O processo de execução é um meio autônomo, sendo o seu campo de


atuação totalmente diferente dos demais, ainda que seja derivada de uma sentença
condenatória. Enquanto o processo de cognição busca uma solução do caso, o de
execução busca realizar as pretensões do autor.25
Atualmente é possível obter a execução forçada por duas vias, sendo elas
baseadas em títulos executivos judiciais, meio executório decorrentes de
cumprimento de sentença ou extrajudiciais, caso em que é instaurado um processo
de execução. Nos casos em que a execução se basear em títulos judiciais (Art. 515
do CPC), é inerente a existência de um processo cognitivo com pretérita
condenação do devedor, sendo essa sentença decorrente de um processo de
conhecimento, penal, arbitral ou demais casos em que a lei abstrai a condenação
prévia e agrega efeito executivo.26
Porém, cumpre destacar que o fato de haver um título extrajudicial em favor
de um credor não o impede de ajuizar um processo de conhecimento com o intuito
de discutir o tema, mesmo que em tese seja autorizado o acesso imediato à
execução forçada.27 Assim, temos que é faculdade do credor tanto a instauração do
processo de conhecimento, quanto da instauração do processo de execução.

24 FIGUEIREDO, Daniel. Processo de execução. 2012. Disponível em:


<https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/7717/Processo-de-execucao> acesso em 05 de
novembro de 2018.

25THEODORO, Humberto Júnior. Curso de Direito Processual Civil, 50ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2017. P. 67.

26 ASSIS, Araken. Manual da Execução: 19ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. P. 148.

27THEODORO, Humberto Júnior. Curso de Direito Processual Civil, 50ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2017. P. 213.
Dessa forma temos que nos casos de uma sentença reconhecer o direito de
receber coisa ou quantia não é necessário a instauração do processo de execução,
em razão da realização do direito ser dada na própria relação jurídica que foi
proferida a sentença condenatória, sendo cabível o cumprimento de sentença que
será de competência do juízo originário.28
Por outro lado, no caso da existência de um título executivo extrajudicial, o
processo cabível será o de execução, tendo em vista que o autor conseguirá
promover os atos de realização material de seu crédito sem passar pelo
acertamento judicial, não dependendo de sentença para conseguir expropriar os
bens do devedor necessários para a satisfação de seu crédito.29
Sendo assim, embora atualmente haja um sistema processual unitário para
a cognição e a execução, levando em consideração a propositura do cumprimento
de sentença nos mesmos autos do processo de conhecimento, a execução ainda é
considerada um meio autônomo30, tendo em vista que em razão da celeridade é
possível que o pedido de cumprimento de sentença seja feito nos mesmos autos do
processo de conhecimento, porém em caso de execução de título extrajudicial, a
ação será ajuizada de forma autônoma, e de igual modo, na defesa, que é
denominada embargos à execução, também será desenvolvido um processo
autônomo em dependência com a execução principal.

2.2 Princípio da nulla executio sine titulo e da execução sem título permitida

Para que seja possível a instauração de um processo de execução é


necessária a existência de algum documento em que a lei atribua força executiva,

28THEODORO, Humberto Júnior. Curso de Direito Processual Civil, 50ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2017. P. 220.

29THEODORO, Humberto Júnior. Curso de Direito Processual Civil, 50ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2017. P. 68.

30THEODORO, Humberto Júnior. Curso de Direito Processual Civil, 50ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2017. P. 219.
sendo esse documento decorrente de um processo de conhecimento ou que a lei
tenha atribuído força, sendo a prova mínima e suficiente de que o exequente deve
se valer para a instauração dos atos executivos.31
Para Humberto Theodoro Júnior, a existência do título executivo seria uma
condição da ação, tendo a função de autorizar, definir o fim e de fixar os limites da
execução32. Nesse sentido, o processo de execução não pode ser instaurado sem
prévia certeza do direito do credor, diagnosticando a parte legítima para o
cumprimento da obrigação e o valor em que deve ser adimplido.
Em contraponto, Araken de Assis ressalta os casos em que é concebível a
antecipação sumária do efeito executivo, como no caso de uma decisão
interlocutória que fixa alimentos. Nesse caso não se trata de uma dívida certa, tendo
em vista que ainda não exauriu os meios de discutir a proporção da dívida, se
tratando de um título provisório que só será definitivo após o trânsito em julgado.33
Dessa forma, no que pese o título executivo ser requisito para a tutela
executiva, há casos em que a execução pode ser baseada em uma tutela de
emergência, na qual o título não é certo ou em um alto grau de certeza decorrente
de um fato em que o réu não pode se opor.
Nesse sentido, Araken de Assis conclui que obedecidos ao conteúdo e aos
efeitos do art. 803, I, o título não é “condição” da demanda executória. Tampouco
representa o fato constitutivo da ação. É pressuposto do processo válido, no sentido
de que se exige prova pré-constituída do crédito, tanto que a ausência dessa prova
gera a invalidade prevista no art. 803, I,34 de modo que nos casos em que não haja
um título executivo ou decisão com força executiva, a inicial será considerada inepta.

31DIDIER, Fredie Júnior. Curso de Direito Processual Civil: Execução, 7ª edição. Bahia: JusPodivm,
2017, p. 86.

32THEODORO, Humberto Júnior. Curso de Direito Processual Civil, 50ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2017. P. 255.

33 ASSIS, Araken. Manual da Execução: 19ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. P. 151.

34 ASSIS, Araken. Manual da Execução: 19ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. P. 151.
2.3 Princípio da tipicidade e da atipicidade das medidas executivas.

Determina o princípio da tipicidade das medidas executivas que a


esfera jurídica do executado só pode ser invadida por formas executivas
taxativamente estipuladas por normas jurídicas.
Para Freire e Sá, foram estabelecidos dois critérios fundamentais,
levando em consideração a diversidade de variáveis. A primeira seria a situação
patrimonial do executado e a disponibilidade dos seus bens para responder ao
processo e a segunda seria a natureza da obrigação.35
Atualmente, o magistrado detém de um poder geral de efetivação, que o
permite escolher os meios executivos que achar mais adequado para a aplicação do
caso concreto, partindo da premissa de que “modalidades executivas devem ser
idôneas às necessidades de tutela das diferentes situações de direito substancial”36
Porém o princípio da atipicidade pode ser reparado nos artigos 139, IV, 297
e no §1° do artigo 536, sendo que o STJ tem manifestação no sentido de permitir
meios expropriatórios diversos, mesmo não sendo forma expressa de pagamento
prevista em lei.
O Artigo 139 IV, diz que cabe ao juiz "determinar todas as medidas
indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar
o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto
prestação pecuniária”. O artigo 297, instituí ao juiz o poder de determinar as
medidas que considerar adequadas para a efetivação da tutela provisória.
Já o artigo 536, §1° diz que:
Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre
outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a
remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o

35FREIRE, Alexandre. Comentários ao Código de Processo Civil. Editora Saraiva, 2016.


P. 16.

36DIDIER, Fredie Júnior. Curso de Direito Processual Civil: Execução, 7ª edição. Bahia:
JusPodivm, 2017, p. 100.
impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário,
requisitar o auxílio de força policial.
Já no entendimento do STJ é possível a penhora de cartões de
créditos, porém, é requisito o esgotamento das demais medidas coercitivas,
vejamos:
Processual civil. Agravo regimental no recurso especial. Execução fiscal.
Penhora de valores de créditos futuros, resultantes de vendas efetuadas por
cartão de crédito e débito. Faturamento da empresa. Medida excepcional.
Súmula 83/stj. Matéria fático-probatória. Súmula 7/stj. Precedentes.
Questões tratadas apenas no voto vencido. Prequestionamento não
configurado. Súmula 320/stj. Agravo regimental improvido.
[..]
II. No caso, a controvérsia foi decidida, nas instâncias ordinárias, com base
no conjunto fático-probatório dos autos e em consonância, ainda, com a
orientação jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de
que a penhora das vendas efetuadas por meio de cartão de crédito e de
débito implica, na realidade, em verdadeira penhora sobre o
faturamento da empresa, que deve obedecer maior rigor, devendo ser
determinada apenas se frustradas todas as tentativas de localização de
bens
[..]
AgRg no AREsp 385525 – MG Rel. Min. Assusete Magalhães, j.
19.03.2015, p.26.03.2015, 2ª T
Dessa forma, essas cláusulas gerais autorizam a utilização de meios de
execução indiretos para a satisfação do crédito, sendo o órgão julgador chamado a
interferir mais ativamente na construção do ordenamento jurídico, a partir do caso
concreto.37

2.4 Princípio da menor onerosidade da execução

O artigo 805 do CPC é claro ao dizer que podendo o exequente


promover a execução por vários meios, deverá fazer pelo modo menos gravoso ao
executado, com o intuito de impedir o abuso do direito do exequente.

37DIDIER, Fredie Júnior. Curso de Direito Processual Civil: Execução, 7ª edição. Bahia:
JusPodivm, 2017, p. 102.
Vale ressaltar que a aplicação desse princípio não visa limitar o direito do
credor, não permitindo a interpretação de que o valor da execução deva ser reduzido
ou parcelado para que o executado possa adimplir com sua obrigação.38
A aplicação do princípio visa alcançar um resultado de um meio menos
gravoso, no caso em que tenha vários meios considerados igualmente eficazes,
visando impedir uma execução desnecessariamente onerosa ou abusiva,
protegendo a boa-fé dos atos executórios.39 Dessa forma, a aplicação do princípio
pode ser ex officio ou por manifestação da parte. Nesse caso o devedor deverá
impugnar a onerosidade excessiva indicando outro meio igualmente eficaz, sob pena
de manutenção dos atos executivos já determinados, conforme disposto no artigo
805, parágrafo único, do CPC.

2.5 Princípio da responsabilidade patrimonial

Atualmente, o processo de execução contém um caráter real, visando


apenas o patrimônio do executado, sendo tipificado no artigo 789 do CPC/15, sendo
que o dispositivo faz clara referência ao fato de que mesmo os bens futuros do
executado poderão ser objeto de atos expropriatórios.
Porém contém exceções nesse princípio, como nos casos de coerção
pessoal, no qual o juiz é autorizado a utilizar desses meios para a tutela específica
ou para a obtenção de resultado prático equivalente, determinando medidas
necessárias, como a busca e apreensão remoção de coisas e pessoas. 40 Esse

38DIDIER, Fredie Júnior. Curso de Direito Processual Civil: Execução, 7ª edição. Bahia:
JusPodivm, 2017, p. 80.

39DIDIER, Fredie Júnior. Curso de Direito Processual Civil: Execução, 7ª edição. Bahia:
JusPodivm, 2017, p. 80.

40 ASSIS, Araken. Manual da Execução: 19ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. P. 151.
princípio é fruto de uma grande evolução histórica, sendo que no período romano a
execução poderia ser pessoal e a pessoa poderia pagar com sua vida ou com a de
seus familiares, com o objetivo de adimplir com a obrigação.41
A evolução com relação a responsabilidade patrimonial foi tamanha que
atualmente, mesmo nos casos em que o devedor é considerado inadimplente por
não conseguir arcar com a dívida, existem bens protegidos pelo Estado, visando
resguardar a integridade do executado, como nos casos de bem de família.

2.6 Das formas de execução

A tutela executiva busca a satisfação ou realização de um direito já acertado


ou definido em título judicial ou extrajudicial, com vistas à eliminação de um
inadimplemento. Essa espécie de tutela jurisdicional exercida mediante execução
forçada atua unicamente em favor do credor.
Essa execução pode ser realizada segundo diversos procedimentos,
variando de acordo com a natureza da prestação, sendo ela para entrega de coisa,
uma obrigação de fazer, de não fazer ou uma execução por quantia certa,
ressalvado que em todos os casos não há prévia discussão a respeito da obrigação
do devedor, sendo que esta já deverá estar comprovada.42
Nos casos da obrigação de fazer, caso ela possa ser cumprida por um
terceiro o exequente poderá requerer ao magistrado que satisfaça a obrigação,
devendo o executado arcar com a dívida, enquanto nos casos de obrigações

41DIDIER, Fredie Júnior. Curso de Direito Processual Civil: Execução, 7ª edição. Bahia:
JusPodivm, 2017, p. 69.

42THEODORO, Humberto Júnior. Curso de Direito Processual Civil, 50ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2017. P. 233.
infungíveis o requerente poderá solicitar ao juiz que seja fixado prazo para cumpri-la,
sob pena de conversão em perdas e danos.43
Nos casos da obrigação de não fazer o exequente irá requerer que o
executado desfaça o ato que estava obrigado por título a se omitir, devendo arcar
com as custas do desfazimento de seus atos, sendo que no caso de o desfazimento
não ser possível a obrigação será revertida em perdas e danos.44
Já quando o devedor está obrigado a pagar quantia certa, ele será intimado
para que realize o pagamento no prazo de 15 dias, sob pena de acréscimo de juros
de mora e correção monetária. O artigo 916 do CPC prevê o parcelamento da
dívida, devendo o devedor realizar o pagamento de 30% do valor da execução
acrescido de custas e honorários, parcelando o restante em até 6 vezes.
Para impor a ordem jurídica, o Estado utiliza de coação e meios de sub-
rogação. No primeiro caso, temos as sanções de caráter intimidativo e de força
indireta, como a multa. No segundo caso temos o estado atuando como “Substituto
do devedor” atuando sem ou contra a vontade deste dar satisfação ao credor com o
objetivo de quitar a obrigação.
Dessa forma, o Estado pode penhorar os bens do devedor para satisfazer a
dívida, bem como apreender a coisa devida e entregar ao credor, como no caso da
execução por coisa certa.
Nesse sentido a doutrina divide as espécies de execução em Direta e
Indireta, sendo que na execução indireta a coerção é de forma pessoal e
patrimonial, enquanto na execução direta a coerção se da por desapossamento,
transformação ou expropriação (Desconto, adjudicação, alienação pública ou
particular e usufruto)45.

43 PORTO, Nayara. Diversas Espécies de Execução. 2016. Disponível em:


<https://jus.com.br/artigos/52778/diversas-especies-de-execucao> acesso em 02 de novembro de
2018.

44 PORTO, Nayara. Diversas Espécies de Execução. 2016. Disponível em:


<https://jus.com.br/artigos/52778/diversas-especies-de-execucao> acesso em 02 de novembro de
2018.

45 ASSIS, Araken. Manual da Execução: 19ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. P. 194.
Nesse sentido, a execução imprópria, como inscrições ou averbações em
registros públicos, não seria uma execução propriamente dita, tendo em vista que
seriam apenas a publicidade dos atos judiciais.
Para Theodoro Junior, sem a agressão direta sobre o patrimônio do devedor
não se pode falar em execução forçada, sendo esta “a intromissão coercitiva na
esfera jurídica do devedor com o fim de obter um resultado real ou jurídico a cuja
produção esteja ele obrigado ou pelo qual responda”, dessa forma iremos
aprofundar a respeito do estudo da execução direta.

2.7 Da execução Direta

A execução direta, também chamada de execução por sub-rogação, é


aquela em que prescinde da colaboração do executado para atingir seus objetivos,
tendo por característica em razão do poder Judiciário tomar as providências para
que o credor consiga satisfazer sua obrigação.46
Para Araken de Assis, “Os meios que abstraem a participação do executado,
genericamente designados de sub-rogatórios, e a execução em que atuam,
chamada de direta, ostentam, todavia, determinadas diferenças do modo de
penetração na esfera patrimonial do devedor”.47

46 FREIRE, Bruno Uma breve Teoria Geral da Execução. 2016. Disponível em: < http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=15734 > acesso em 22 de setembro de
2018.

47 ASSIS, Araken. Manual da Execução: 19ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. P. 202.

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