Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Aula 1 (14/02/12)
Testes:
* 30 de Março
* 18 de Maio
CAPÍTULO I
A NORMA JURÍDICA
Noção
Norma jurídica é o mesmo que dizer regra jurídica. Trata-se de um critério de decisão
de uma categoria de casos. A sua aplicação prática é a decisão, solução de problemas.
O seu âmbito de aplicação é uma categoria abstracta de casos ou seja, uma
pluralidade indeterminada de destinatários (generalidade) e que se aplica a casos não
concrectizados (abstracção). O seu critério material de resolução é a solução do caso.
Nota: fonte distingue-se do conteúdo da fonte. A primeira pode ser por exemplo uma
lei enquanto a segunda poderá ser uma norma legal.
Aula 2 (17/02/12)
Estrutura
Possuí uma estrutura bipartida entre previsão e estatuição.
Previsão: no artigo 1305.º a previsão é a referência ao proprietário, difere da
previsão do artigo 122.º por não ser uma referência a um facto. Ou seja, previsão tida
como factis species nem sempre é aplicável pois nem sempre se refere a um facto. Há
ainda casos em que envolve direitos, vg artigo. 334.º. De forma geral entendesse a
previsão como o campo de aplicação da regra.
Estatuição: consequência ou consequências jurídicas que a norma associa à verificação
da previsão. No artigo 218.º a previsão é apenas "o silêncio". Quando à estatuição:
"não há valor declarativo". A estatuição de uma regra nem sempre é uma sanção, pode
ser apenas a fixação de um conteúdo de um direito, vg artigo 1305.º.
Nem sempre no mesmo artigo têm, que nos diversos números, existir normas jurídicas.
Inclusive nem sempre num artigo se encontra uma norma jurídica nem a um artigo
corresponde apenas uma norma, pode ainda várias norma jurídicas num artigo.
Características
A lei não é geral e abstracta, são o as normas das quais a lei é fonte. A lei (em sentido
material) pode é ter conteúdo geral e abastracto.
Generalidade: não tem um destinatário determinado, dirige -se a uma pluralidade
indeterminada de destinatários. Uma lei sem generalidade trata-se de um procedimento
administrativo, vg governo através de DL nacionaliza o BCP. Generalidade é hoje uma
exigência constucional do princípio de igualdade.
Abstracção: para além de se dirigir a um conjunto indeterminado de destinatário regula
factos ou situações ainda não concretizadas.
Pretensas características:
Bilateralidade: envolve uma relação jurídica e logo não é uma característica de
todas as normas.
Hipoteticidade: aplicação de uma norma jurídica pressupõe a verificação da sua
previsão.
Imperatividade: nem todas as normas jurídicas são imperativas. (É lícito na
ordem jurídica portuguese a cópia....)
Aula 3 (24/02/12)
Classificações das normas jurídicas
Normas de âmbito local, regional, nacional
Há normas de âmbito nacional; de âmbito local, normas dos municípios e de âmbito
regional, disposições dos governos regionais.
Aula 4 (28/02/12)
Norma dispositiva supletiva (continuação)
Quando as partes celebram um contrato, vg compra e venda, não tem que se preocupar
com todos os detalhes, todas as cláusulas. As normas supletivas operam quando as
partes não as afastem e "cobrem" esses detalhes, cláusulas, em falta, vg artigo 937.º.
Saber se uma regra é supletiva ou imperativa, quando esta não indica, é tarefa da
interpretação. Contudo, mesmo quando uma regra indica que pode ser afastada pelas
partes não quer dizer que não seja supletiva.
Norma remissiva
O legislador em vez de estar a repetir o mesmo regime, remete para o regime que se
encontra noutra parte da lei, artigo 1490.º, artigo 1273º/2 - remete para
enriquecimento sem causa.
Ficções
Ficção representa a assunção do facto pelo legislado, vg 275.º/2. O legislador
independentemente da realidade pode fixar se determinado facto se verificou ou não.
Pode ter vários efeitos, entre os quais um efeito sancionatório.
A hierarquia das normas jurídicas. Concurso de normas jurídicas. Concu rso real e
concurso aparente
Concurso real
Há situações que uma vez verificadas cabem no âmbito de aplicação de uma ou mais
regras jurídicas. Se todas essas regras se aplicam à situação de facto é um concurso
real, vg funcionário agride um aluno e incorre em várias sanções criminais, sanções
laborais relativamente à mesma situação de facto.
Concurso se aparente
Há situações que uma vez verificadas cabem no âmbito de aplicação de um ou mais
regras jurídicas. Se nem todas essas regras se aplicam à situação de facto é um
concurso aparente, vg regra geral e regra especial/excepcional aplica-se apenas a
regra especial/excepcional - artigo 219.º não tem aplicação, tem o 875.º.
Relação entre norma geral, especial/excepcional: (explicada em cima)
Consumação e Subsidiariedade: Consumação - tipo de regra que tem um âmbito de
aplicação que abrange a aplicação de outra regra com um âmbito de aplicação
menos extenso é a que é aplicada. Subsidiariedade - quando o legislador remete a
regulação de determinada situação para outra disciplina jurídica, vg no processo
administrativo diz-se que na falta de X norma aplica-se o código de processo civil.
A norma subsidiária só se aplica quando não é aplicada a primeira.
Aula 5 (02/03/12)
CAPÍTULO II
A INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DA REGRA JURÍDICA
Ler Larenz: a partir da página 261 à 340 excepto o ponto 4; da página 9 à página 44 e da
página 439 à 518.
Conceitos:
Pré-compreensão: está subjacente a todo e qualquer processo legislativo; quando um
juiz pretende resolver um caso o primeiro sentido que ele interpreta de uma norma é o
da sua pré-compreensão, vg artigo 1257.º (aquela questão da posse que não
corresponde a um direito de propriedade sobre determinada coisa). Cada um de nós
tem relativamente a normas jurídicas uma pré-compreensão diferente. O interprete
quando aborda uma lei é levado a perceber essa lei de acordo com os conhecimentos
que tem.
Círculo ou espiral hermenêutico/a: O processo interpretativo não é estático e/ou
instantâneo mas é sim levado a cabo de um forma continuada, a interpretação depende
dos conhecimentos técnicos do interprete. Raramente no direito a interpretação é
linear/puramente logica, prossupõe o movimento entre a fonte e o caso concrecto, vg
aluno ao fazer um teste procura constantemente informação no caso concrecto presente
no texto e no código que está a utilizar para resolver o caso.
A interpretação da lei é regulada pelo artigo 9.º do Código Civil Português, quase
único à escala mundial.
9.º/1:
"reconstrução do pensamento legislativo": subjectivismo;
"à letra da lei": objectivismo;
"as condições em que foi elaborada": historicismo;
"condições do tempo em que é aplicada": actualismo
Entre os finais do século XIX e princípios do século XX por todas as circunstâcias da
altura (Estado Novo, Nacional Socialismo...) é valorizado o subjectivismo/historicismo. A
partir da segunda metade do século XX o subjectivismo/historicismo é "posto de lado"
dando lugar ao objectivismo/actualismo. Contudo, estas últimas teorias são postas em
causa: a vinculação do juiz à lei pelo princípio da separação de poderes, admitindo-se
que é possível por de lado a vontade do legislador as normas deixam de resultar da
vontade do órgão legislativo competente e passam a resultar da vontade do próprio
juiz que as interpreta e não tem competência legislativa; se se verificar o ponto anterior
a tripartição clássica de poderes é posta em causa, ou seja, a Constituição e as normas
constitucionais que atribuem a vinculação do juiz à lei devem ser ponderadas.
Não é possível afirmar o objectivismo/actualismo quando:
1. se conheça a vontade do legislador histórico;
2. se as circunstâncias que levaram à formação da lei se mantenham;
Nota: Nem sempre é fácil conhecer a vontade do legislador, crítica ao subjectivismo; as
circunstâncias históricas do momento em que uma lei é elaborada podem mudar e logo
não é possível atribuir à lei o sentido desejado à lei, ou porque não é conforme com
Constituição, crítica ao historicismo.
Aula 7 (09/03/12)
Quanto tal acontece vigora o objectivismo/actualismo, vg artigo 1.º CC (coorporações).
Neste caso ou se considera que houve uma revogação tácita ,ou então, entende-se que
as "normas coorporativas" não tem o seu sentido literal mas sim como normas emanadas
por entidades não estadual como competência para criar normas jurídicas, vg
faculdade, Banco de Portugal, etc.
Este exemplo faz também prova da possibilidade de uma norma ter ao longo da sua
vigência vários sentidos. Uma norma pode ter vários sentidos apenas com alteração da
consciência social de quem a interpreta, vg casamento.
Uma norma pode ter assim vários sentidos se:
se a ordem jurídica se alterar;
se a consciência social se alterar.
Os elementos da interpretação
A actividade interpretativa não é arbitrária, o interprete não a pode exercer a
actividade interpretativa da forma que bem entender. Trata-se assim, não só de
afirmar o Direito enquanto ciência, mas também de prevenir o arbítrio. Ganha-se
consciência do método jurídico e da necessidade de interpretação no século XIX com
Savigny.
Hierarquia sugerida:
Há em primeiro lugar que ter em conta o escopo da interpretação,
historicismo/subjectivismo vs. actualismo/objectivismo. A hierarquia variará de acordo
com a escolha que for feita relativamente ao escopo...
Na opinião do regente, ainda que raramente seja subjectivista, sempre que o
circunstâncias do momento em que a lei foi aprovada se mantiverem e for possível
conhecer a vontade do legislador o interprete vinculado à lei terá de obedecer à
vontade do legislador. Consequentemente o elemento histórico ganha assim um
predomínio face aos demais e o interprete deve consagrar como sentido correcto,
dentro dos sentidos permitidos pelo elemento literal, aquele que corresponde à
vontade do legislador.
Porém, como muitas vezes não se verifica as condições acima necessárias, é possível
um sentido objectivismo que não corresponde à interpretação original do legislador.
Quando tal suceda, supõe-se que o elemento teleológico tenha predominância.
Nessa medida, a prossecução do fim(fins) deva ser o elemento decisivo na captação
do sentido predominante da interpretação. O elemento sistemático é articulado com
o teleológico de forma a que o sentido resultante da interpretação esteja de acordo
com a o ordenamento jurídico e com a prossecução do fim(fins da lei). Quando tal
aconteça o elemento histórico praticamente perde a sua relevância e o elemento
literal é no fundo deixado à sua função mais básica: ponto de partida da
actividade interpretativa.
Os limites da interpretação
O elemento literal é simultaneamente o princípio e limite da actividade interpretativa. O
interprete não pode consagrar um sentido que não tenha na letra da lei qualquer
correspondência como dispõe o artigo 9.º/2.
Ainda que possa estender a letra da lei, quase à sua resistência última, não é possível
falar de interpretação quando o sentido que se procura extrair já não encontra na letra
da lei qualquer afinidade. Nesse momento, acaba a actividade interpretativa e entra-
se no campo de actividade analógica ou analogia. Na interpretação o sentido tem
ainda base, acolhimento, na letra da lei (ainda que seja um sentido rebuscado, remoto,
difícil...) quando tal não aconteça saímos fora da interpretação. As consequências
práticas são visíveis no artigo 11.º (regras excepcionais) ou no direito criminal (estender
um crime por analogia).
Máximas interpretativas:
Interpretação conforme à Constituição: desenvolveu-se ao nível do Direito Constitucional
a ideia de que sempre que uma lei tem um sentido que colide a Constituição e um
sentido que viabilize essa lei em face da Constituição, por princípio da supremacia da
fonte de grau superior, o intérprete deve fazer prevalece o sentido compatível com
Constituição. Este princípio aplica-se fora do Direito Constitucional, vg no caso da
interpretação de um Decreto Regulamentar do Governo se existir um sentido que colida
com um Decreto-Lei e outro que viabilize a compatibilidade entre as duas fontes pelo
princípio da supremacia da fonte de grau superior escolhe-se o sentido compatível.
Primado do Direito da União Europeia (Desenvolvido pela Jurisprudência do Tribunal de
Justiça da União Europeia): desenvolveu-se uma máxima da interpretação conforme ao
Direito Comunitário. Assim, o interprete deve ser adoptar o sentido compatível com o
Direito Comunitário.
Aula 9 (16/03/12)
Ler Larenz: da página 524 à página 573.
Ver livro do Professor Teixeira de Sousa.
Conceito de lacuna:
Nem tudo o que não é regulado pode ser considerado uma lacuna, existe um espaço
livre de Direito ou também chamado espaço ajurídico onde não se encontra regulação
normativa porque assim é suposto. Nem todos os assuntos têm relevância jurídia e, neste
caso, não se considera a existência de lacunas, vg inúmeros casos da vida social:
encontrar alguém na rua e não lhe "falar"; faltar a um encontro...
Assim como se pode saber o que é regulado pelo Direito, o que tem relevância jurídica?
A delimitação entre o que é o espaço de Direito e o espaço livre de Direito (espaço
ajurídico) resulta da interpretação do próprio sistema jurídico, dos seus fins, da sua
teleologia. Só um conhecedor do sistema jurídico está em condições de afirmar que
determinada matéria não está, nem deve estar regulada na medida em que não tem
relevância jurídica. Portanto, afirmar que uma determina matéria está fora do Direito é
o resultado implícito de uma actividade interpretativa do interprete conhecedor que
chega à conclusão que o Direito não regula porque não pretende regular determinado
espaço da vida, vg a questão da falta de regulação do casamento entre homossexuais
(ou até a questão da adopção por homossexuais) não decorre da circunstância do
legislador se ter esquecido de regular, decorre da circunstância do legislador não ter
querido regular por considerar a matéria irrelevante. Isto só se sabe depois de
interpretar o sistema, nomeadamente os seus princípios e valores consagrados na
Constituição.
A lacuna representa então o resultado de uma interpretação que falhou que não
encontra nenhuma norma aplicável.
A lacuna não é apenas uma lacuna da lei, é uma lacuna de todas as fontes, vg uma
norma que não esteja prevista pela lei pode-o estar pelo costume.
Causas para a existência de lacunas?
Competência do legislador: todo o sistema normativo e as fontes que o compõe são
obra humana e tudo aquilo que é obra humana é necessariamente imperfeito. O
legislador pode por má técnica legislativa, por uma deficiente formulação
normativa, deixar de fora algum ou alguns casos que deveriam ser contemplados na
regulação. Neste caso temos uma lacuna que resulta da competência do legislador
que, sendo humano, pode ser mais ou menos competente.
Dinâmica social: Ainda que o legislador seja profundamente competente o Direito é
uma realidade mais lenta na sua evolução que a dinâmica social. Assim surgem
lacunas não por força da incompetência ou inércia do legislador mas força da
velocidade da dinâmica social face à acção do legislador. E, o legislador,
normalmente, surge por reacção e não por acção.
Classificações de lacunas:
Para todas o regime jurídico é o mesmo e logo qualquer lacuna deve ser colmatada, o
juiz não pode abster-se de julgar invoncado a falta de regra jurídica para o efeito.
Atende ao critério temporal do aparecimento da lacuna
Lacunas iniciais: gerada imediatamente no momento da criação da lei;
Lacunas subsequentes: surge depois do aparecimento da lei.
A analogia
Está consagrada no artigo 10.º/1 e é um método de pensamento que implica/envolve a
extensão de uma solução de uma solução prevista para um caso para um outro que com
ele tenha similitude. A analogia funda-se na admissão de que uma regra, que prevê
uma categoria de casos, pode igualmente ser aplicada para um conjunto de casos
diferentes contando que haja semelhança entre eles. A analogia implica diversidade.
Logo, quando se promove a aplicação analógica de uma regra parte-se da
constatação de que se o vai fazer a uma situação que é diferente da regra.
Simplesmente, na ausência de regulação própria para o caso omisso, o caso lacunoso,
entende-se que o sistema pode ainda oferecer uma solução para resolver esse caso se
ele contiver uma regra ou regras que, sendo embora previstas para casos diferentes,
tenham uma similitude que permitam transpor a solução dessa regra pra o caso
lacunoso.
Exemplo: artigo 824.º/2 "direitos reais de garantia":
Pergunta-se se o direito de arrendamento se extingue tal como estes direitos reais.
O direito de arrendamento não é um direito real de garantia, ainda que seja muito
semelhante.
A lei portuguesa em nenhum outro preceito faz referência ao que é que acontece ao
arrendamento num caso de venda executiva e logo estamos perante uma lacuna que
deve ser resolvida e das duas uma: ou se admite que extingue ou se admite que não
se extingue.
A jurisprudência portuguesa no seguimento da doutrina tem considerado que há aqui
lugar a uma interpretação analógica do artigo 824.º/2 e porquê? Porque
considera que a razão justificativa, a ratio legis, do artigo 824.º/2 se justifica
também para o caso do arrendamento. A lacuna legal é assim integrada a partir
da aplicação do artigo 824.º/2 ao direito de arrendamento do imóvel dado em
garantia. Normativamente este processo está fundamentado no artigo 10.º/1.
Analogia legis
No caso do exemplo, fala-se em analogia legis - trata-se de transpor uma norma legal
existente ao caso concrecto. Na opinião do regente a aplicação analógica não tem que
se restringir à norma legal sendo assim possível utilizar qualquer norma de qualquer
fonte em vigor. O problema que isto coloca deve-se fundamentalmente ao costume que
não está previsto no artigo 10.º como meio de integração de lacunas e dai que alguns
autores digam que analogia precede apenas a partir das normas de fontes admitidas,
nomeadamente da lei. O regente crê que o artigo 10.º não exclui o costume, não o faz
nomeadamente quando o costume não esteja em contradição com a lei. Portanto, se não
houver um conflito entre o costume e a lei, invalidando o costume, não há razão para
que uma norma costumeira, existindo, não possa ser aplicada analogicamente. A
expressão analogia legis é demasiada estreita para a situação a que se pretende
expressar: situação em que uma única norma jurídica é estendida para o caso omisso,
norma legal ou de qualquer outra fonte válida em Portugal.
Analogia iuris
Contrapondo a analogia legis fala-se em analogia iuris, ou, analogia de direito. A
analogia de direito não está, aparentemente, contemplada no artigo 10.º ("a norma").
Contudo, em algumas situações, em vez de única norma, há um conjunto de normas que
podem ser aplicadas e que fundam um princípio jurídico, um princípio jurídico material.
Isto acontece porque o legislador pode ter regulado uma série de situações semelhantes
através do mesmo princípio jurídico. Assim, em vez de aplicar uma regra jurídica,
aplica-se o princípio jurídico subjacente a várias regras. Que preveem casos diferentes
mas, ao mesmo tempo, semelhantes ao caso omisso.
Exemplo: alguém incube uma pessoa de vender uma coisa a um terceiro. Essa pessoa é
vítima de um furto de terceiro, que lhe leva o livro. Pergunta-se se a pessoa que foi
esbulhada por causa do livro pode defender-se judicialmente através de uma acção de
restituição de posse para tentar obter do esbulhador, o ladrão, o livro que lhe foi
furtado. O regime jurídico do mandato, que regula a situação de X mandar Y fazer Z,
não dá resposta a esta situação. No entanto, na ordem jurídica portuguesa há um
conjunto de disposições que prevê um recurso de acção possessória, vg o artigo 1037.º
prevê a possibilidade da defesa possessória ao locatário; artigo 1125.º, muito
parecido com o 1027.º; o artigo 1137.º/3. Nestes 3 artigos encontra-se, em cada um,
remissão para o artigo 1276.º e seguintes, meios de defesa da posse. No regime de
mandato não existe este preceito mas existem uma série de outros casos semelhantes na
parceria pecuária, no comodato na locação... No caso concrecto do mandato é possível
aplicar o princípio jurídico destas 3 normas que preveem casos semelhantes. Não se
aplicam as várias normas ao caso omisso mas sim a solução, o princípio jurídico presente
nelas.
Aula 12 (27/03/12)
Ler Larenz: (confirmar se não é repetição do sugerido na aula 5)
parte sistemática, parte 2, capítulo I com excepção do ponto 4;
capítulo 4;
capítulo 5, ponto 2.
FÉRIAS DA PÁSCOA
Aula 13 (17/04/12)
Ler Larenz: página 391 a 419
Este modelo do silogismo judiciário é concebível à luz do juiz autómato, o juiz vinculado
à lei. E, desta forma, não há lugar ao desenvolvimento judicial do Direito, o juiz não tem
um papel criador na aplicação da regra jurídica e tudo parece definir -se a uma
dedução da norma jurídica que contem conceitos da resolução do caso.
Aula 14 (20/04/12)
Ler Karl Engish: capítulos IV e V
Aula 15 (24/04/12)
Larenz: página 588 a 620
Aula 16 (27/04/12)
Sempre que o juiz é chamado a resolver um caso contendo uma regra, que implique
cláusulas gerais, conceitos indeterminados e tipos (vg abuso de direito, culpa in
contrahendo, bonus pater famlias...), uma boa parte do sentido da regulação é
desconhecido e, vai sendo apreciado ao longo do tempo por força de decisões
jurisprudenciais:
Quando existe uma jurisprudência desenvolvida a propósito da interpretação de
determinada norma, o interprete não se pode limitar à interpretação da norma em
questão. Deve fazer o escrutínio feito pela jurisprudência de forma a conhecer
determinados preceitos.
Os Tribunais buscam na jurisprudência decisões tomadas anteriormente quer ao nível
da interpretação, quer ao nível da decisão. Assim, para que o Direito seja conhecido
pressupõem-se que o juiz conheça a jurisprudência.
O Direito como ciência argumentativa. O valor da fundamentação jurídica para a
racionalidade da decisão jurídica.
Pelo facto da norma ser geral e abstracta, a aplicação deve ser feita pelo intérprete,
pelo juiz chamado a resolver o caso. A justificação de uma decisão aparece sob a
forma de uma argumentação jurídica e neste contexto é importante a hermenêutica
jurídica - processo de compreensão que está, normalmente, ligado à possibilidade de
produção de uma retórica, a retórica jurídica. A arte da argumentação jurídica toma o
nome de retórica jurídica. Cada jurista tem de estar habilitado a argumentar no sentido
da decisão que perfilha. A fundamentação da decisão aparece sob a forma de
argumentos que são, em regra, argumentos jurídicos.
Ponderação da decisão
A decisão que resolve o caso e, é suficientemente grave para poder provocar juízes de
censura, nomeadamente se for uma decisão injusta. Assim, qualquer juiz quando prefere
uma decisão, qualquer intérprete quando pretenda resolver um caso tem de perceber
que a decisão jurídica tem consequências. A ponderação das consequências da decisão
é normalmente um dos critérios que orienta o juiz na produção da decisão.
Exemplo:
É atropelado um menor de 16 anos, morre;
A lei portuguesa determina a indemnização por danos não patrimoniais,
nomeadamente pela perda do direito à vida;
Na fixação do montante indemnizatório o que é que o juiz deve fixar? se o juiz
atribuísse uma indemnização de 10.000€ pela perda de uma vida ia:
beneficiar as seguradoras;
fazer com que as pessoas se desleixassem no cumprimento dos seus deveres
relativamente ao tráfico rodoviário;
permitir o empobrecimento daquelas pessoas que dependiam do falecido.
Se o juiz ponderar isto tudo provavelmente 10.000€ é pouco e, portanto, ponderará
uma indemnização de 75.000€, 80.000€ ou 100.000€.
No processo de aplicação da regra jurídica o juiz é chamado a ponderar as
consequências jurídicas da sua decisão. A correcção da decisão a que o juiz chega é
medida pelos resultados obtidos. Assim, a decisão que provoque um resultado é uma
decisão inadequada. Por conseguinte, na tarefa de encontrar a decisão correcta e antes
da proferir, o juiz tenderá a promover a ponderação das consequências jurídicas das
potenciais decisões a que pode chegar. Uma vez proferida a decisão, esta, está sujeita
a um juízo de correcção por parte dos tribunais de recurso. A correcção da decisão
judicial implica:
1. um juízo de conformidade à Constituição;
2. um juízo de conformidade às fontes de Direito em vigor, nomeadamente à lei;
3. a ponderação das consequências da mesma face à justiça, uma decisão injusta é
uma decisão incorrecta do ponto de vista jurídico.
Se a lei necessita de ser desenvolvida para poder ser concretizada ela funciona na
parte final do processo de aplicação como forma de controlo da correcção da decisão.
Toda a decisão judicial é avaliada quanto à justeza do seu resultado e, será correcta,
se reunir os três pontos acima elencados.
Aula 17 (04/05/12)
Justificação da decisão
A necessidade de justificação é uma imposição normativa injuntiva, artigo 659.º/2 CPC.
O processo judicial não culmina com uma decisão pura e simples. A preceder a decisão
vem a justificação da mesma.
Qual o peso da justificação da decisão?
O juiz deve fundamentar a sua decisão sob pena da nulidade desta, artigo 668.º/1/b)
CPC.
Como é feita a justificação da decisão?
Através de argumentos, nem todos jurídicos e que podem consumar razões de facto e
razões de direito.
CAPÍTULO III
O SISTEMA JURÍDICO
Aula 19 (11/05/12)
Falta gravação.
Aula 20 (15/05/12)
Pedir gravação