Direito Administrativo I
Sebenta de
Direito
Administrativo I
Comissão de Curso 2013-2017
Direito administrativo
Sumário: 23/09/2014
É constituído por conjunto de normas e princípios jurídicos vinculantes de natureza publica que
tem como objeto especifico a organização o funcionamento e atividade da administração bem como as
relações jurídicas que se estabelecem entre esta e outros sujeitos de direito.
que os franceses chamaram poderes exorbitantes de direito privado. Outro poder que deixará
de existir como a autotutela executiva que utilizavam meios meramente administrativos sem
autorização judicial. O nosso sistema tem origem francesa.
3. A administração não tem apenas prerrogativas exorbitantes mas está sujeito a sujeições
exorbitantes de direito privado, que são especiais para a realização do interesses publico bem
como a defesa dos direito subjetivos.
a. A administração tem que fundamentar os seus atos com determinado conteúdo o que
não se verifica com um privado. Está ainda sujeito a regras de contabilidade publica
O direito tem estas duas facetas. A lei concede a administração, isto é, pessoas coletivas
publicas que tem poder de administração para realizar os fins que a lei concede mas por outro lado há
sujeições exorbitantes de direito privado. Olhar apenas de um lado é ter uma visão parcial e inquinada
do direito administrativo.
A administração não esta apenas sujeitas a norma de direito publico. Esta sujeita ainda a normas
de direito privado. O setor empresarial publico assume normalmente a forma de sociedade comercial.
Se se fizesse uma interpretação literal entendia-se apenas que este direito abrangia apenas a chamada
atividade de gestão publica, as relações jurídico publicas e excluiria a atividade de gestão privada.
Será que o direito administrativo apenas abrange a atividade de gestão jurídico publica?
Há que fazer uma suspensão reflexiva: tradicionalmente a administração publica era igual a
pessoa coletiva de direito publico e igual a direito administrativo. Durante algum tempo o direito
administrativo era o direito da atividade de gestão publica. Houve contudo sempre exceções mas no
essencial era assim
Atualmente, por um lado o direito administrativo não disciplina toda a administração e por
outro não disciplina apenas a administração e a sua atividade. O direito administrativo como a ser
fascinado pelo direito privado. (tudo o que é eficiência é direito privado… discutível). A utilização
crescente de instrumentos de direito privado foi crismado pela doutrina ius publicistica. Os modos do
direito administrativo passaram a ser substituídos pelo direito privado.
Fundamentalmente são 3:
1. Principio da legalidade
a. O direito administrativo enquanto ramo do direito é relativamente recente na historia
do saber jurídico. Porque? O direito administrativo teve como epicentro a revolução
francesa de 1789 que veio consagrar na europa continental o estado de direito, a
separação de poderes. o direito administrativo quando o ordenamento jurídico geral
assumiu a forma histórica do Estado de Direito. Este direito não é concebível sem que
o estado seja visto como pessoa coletiva. A noção de estado vem de longe mas em
sentido jurídico só surge no século XIX tendo como pressuposto o estado direito com
jellinek que leva o estado a assumir-se como pessoa coletiva. Em sentido jurídico trata-
se de uma criação de finais do século XVIII baseado nos ideais e princípios da
revolução francesa. No seculo XIX a publicistica alemã constrói este conceitos.
b. Em suma, o primeiro fundamento histórico é a subordinação do Estado À lei, segundo
o principio da legalidade: tem várias dimensões
i. primazia e reserva de lei e o principio da precedência da lei.
c. Mas no inicio do estado de direito o primeiro dos fundamentos do direito administração
é a sujeição da administração à lei, em sentido estrito.
d. O principio da legalidade é o principio ontológico do direito administrativo.
Tipifica o exercício do poder da administração. Se os atos forem praticados de forma
que não esteja de acordo com a lei este ato goza de vicio.
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Ana Sofia Barbosa
privado com os poderes exorbitantes pois pode por termo a um contrato administrativo
unilateralmente desde que indemnize por razoes de interesse publico enquanto que os
particulares não podem.
c. Para alem das figuras do direito civil outra inspiração foi na responsabilidade civil
administrativa. O regime de domínio publico é diferente do de propriedade privada.
Criou categorias novas como a expropriação que não existe no direito privado. A
submissão à lei significa a submissão a um ordenamento especial com logica e carater
sistemático próprio
Será que a criação de uma ordem judicial propria é elemento definidor do direito administrativo???
Não. O reino unido não tem tribunal administrativo mas tem direito administrativo. Tem um sistema
judicial unificado, não dualidade de jurisdições. Enquanto que no sistema continental há dualidade de
jurisdições distintas e diferenciadas.
Sumário
Síntese
Introdução histórica do direito administrativo – perspetiva analítica
Autonomia do direito administrativo
Direito administrativo como direito e como ciência jurídica
Direito da administração
Síntese: hoje o direito administrativo tem uma dupla faceta. Atribui poder de autoridade e tem
normas e restrições exorbitantes de direito privado que não existe no direito privado. O direito
administrativo vai para além da administração. A administração rege-se cada vez mais pelo
sdireito privado contrariamente da definição tradicional. O direito engloba também alguns aspetos
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Ana Sofia Barbosa
da atividade de gestão privada pois utiliza instrumentos de direito publico e privado. Por outro
lado a administração não é um sujeito privado puro.
1. Subordinação da administração e da sua atividade à lei que tem como base o principio
da legalidade que é principio ontológico que numa fase inicial tinha apenas duas
dimensões: reserva e
2. Subordinação da administração a um ordenamento especial pois o direito
administrativo tem características jurídicas próprias, tem especificidade: criou o ato
administrativo, por exemplo. Tem categorias jurídicas especificas
3. Criação de uma jurisdição propria se há um direito substantivo próprio da
administração. A atuação da administrado passou a estar sujeito a tribunais próprios.
a. A existência de uma judicial propria não significa ser elemento definidor
porque na common law há direito administrativo do ponto de vista
substantivo mas não há tribunais administrativo.
“ Depois de abandonar a mae-igreja, o direito administrativo foi viver com o pai estado que abandonou
para ir viver para uma nova casa, a união europeia
A primeira fase em termos temporais data de inícios do século XIX. Era fundamentalmente um
direito de garantia da administração. era um direito fundamentalmente estatutário de uma administração
autoritária. Tinha como objeto os modos e meios jurídicos da administração para realizar os interesses
públicos. Caracteriza-se numa primeira fase pela existência de quase tribunais administrativos pois o
conselho de estado do governo francês não era um tribunal porque a administração não podia estar
submetida ao controlo de tribunais. O sistema jurídico não contemplava meios processuais que
permitisse uma tutela judicial efetiva para particulares. Os particulares apenas podia ter um recurso
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contencioso contra a administração. A única providencia cautelar na altura era a suspensão da eficácia
do ato.
Outro aspeto, a visão da discricionariedade. Tinha um poder enorme. Este poder era pensado
como poder originário de atua. Nesta altura a reserva de lei tinha a ver com os direitos fundamentais
nomeadamente o direito de propriedade. Não podia haver expropriações por ato administrativo por via
administrativa mas por via legislativa. Hoje o poder discricionário é um poder jurídico. Atualmente a
administração ó pode agir com discricionariedade se e quando uma lei conceder este poder.
As segunda fase vai dos anos 20 aos 80 do seculo XX, fase de construção do estado de direito.
Verifica-se uma ampliação das tarefas da administração. Introduz-se um novo conceito administração
prestacional. há uma nova administração. O direito administrativo tem uma outra face. É um direito
prestacional. Há ainda um reforço enorme da tutela judicial, das garantias contenciosas face a
administração. A reforma dos anos 70 da justiça administrativa na Alemanha trouxe mudanças
significativas. Há um desenvolvimento de meios processuais. O setor empresarial publico é enorme
assim como de serviços. Outro aspeto fundamental da segunda fase é a existência de um procedimento
administrativo. Passa a existir uma lei que obrigava a administração a praticar determinados atos. O
procedimento administrativo tem uma vantagem face ao processo pois permite uma tutela preventiva
da posição dos particulares. Traz a vantagem de permitir uma tutela temporalmente adequada. Tem uma
serventia preventiva da posição jurídica do particular. Processo é já à posterior.
A terceira fase é a fase atual. É a fase que arranca na década de oitenta. É uma fase de certo
modo interessante mas complexo, não havendo leitura linear. Trata-se de descontinuidade pois há certa
desconstrução do direito administrativo que se deve a privatização material e formal do direito
administrativo. A mais importante é a privatização das formas organizatorias. Há a ideia da fuga de
direito administrativo para o direito privado que já vinha de trás mas que assumiu formas patológicas
com o fenómeno do neoliberalismo.
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Ainda não se pode falar em direito administrativo global. Não há duvida que estamos perante
um fenómeno de globalização do direito em geral e do direito administrativo em particular.
O estado não deixou de existir como pessoa jurídica mas atualmente assume essa posição a
união europeia. Hoje o estado não é a pessoa jurídica principal. A terceira fase refere-se a parábola do
estado como sujeito jurídico principal.
Sumário 30/09/2014
Há ainda um claro desinvestimento administrativo por parte do estado que tem cedido para o setor
privado certas funções que até À pouco realizava como a energia, correio, água. Tratam-se de bens
essenciais. Há também uma externalização de serviços públicos para entidades privadas. Passam a ser
exercícios por entidades privadas, nomeadamente no setor dos hospitais em que se verifica a atribuição
da gestão de hospitais públicos a entidades privadas. Este desinvestimento administrativo corresponde
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a uma nova visão das funções do estado, um estado mínimo. Pode-se afirmar argumentos de eficiência,
de menor despesa publica e carga fiscal.
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Administração publica
Esta apresentação pode apresentar vários sentidos
Orgânico
Objetivo ou material – atividade administrativa
Formal – formas jurídicas de ação da administração
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Não existe na crp uma reserva constitucional de regulamento. O governo através de decretos
leis pode legislar sobre qualquer matéria. Há leis de valor reforçado, quer o governo quer a assembleia
podem aprovar leis medida que têm um carater concreto, por exemplo uma lei que atribui uma pensão
de viuvez à Maria, trata-se de um caso concreto.
Assim, a função legislativa possui normas gerais e abstratas enquanto que na função
administrativa as normas são especiais e concretas. Há que acrescentar à função administrativa a
primariedade e novidade. Os tribunais administrativos só fiscalizam as formas jurídicas administrativas.
A administração tem por base a lei. Quem qualifica os interesses públicos é a função politico
administrativa. A administração não tem discricionariedade quanto aos fins, quanto aos interesses. A
competência é emanada do principio da legalidade. Há quem entenda que as entidades administrativas
independentes tem função politicas mas não possuem poder para definir os interesses gerais de uma
comunidade.
Antes de kelsen havia dificuldade em distinguir estas duas funções. Prossecução de interesses
públicos- função administrativa. A dificuldade aumentou a partir de meados do sec. XX quando o
principio da legalidade passou a ser fundamento e pressuposto da atividade administrativa. A atividade
administrativa tem na sua base a lei e tem como instrumentos procedimentos administrativos.
A atividade administrativa é altamente jurisdificada mas cabe aos tribunais alguma criação de
direito. A função judicial tem como objetivo decidir uma questão de direito em sentido amplo. A
função administrativa tem como objetivo a regulação dos interesses públicos previstos na lei. A
administração é sempre parte
7 de outubro de 2014
Sumario:
Sistemas de administração
Fontes do direito administrativo
Sistemas de Administração
Sistema tradicional:
Séc. XVII a XVIII
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Características:
o Não separação de poderes – não distinção das funções do estado e dos seus órgãos
o Não subordinação ao principio da legalidade – garantias dos particulares frágeis
Separação de poderes
Subordinação da administração ao direito administrativo
o Tem um direito administrativo especial – o regime jurídico que disciplina a
administração é um ramo autónomo do direito, o direito administrativo. Passou a ser a
disciplina jurídica por que se regia a operação atividade e as relações
Criação de uma ordem judicial autónoma constituída por jurisdição administrativa, tribunais
administrativos
o Inicialmente esta função era desempenhada por outros órgãos, não eram uma entidade
oficiosa, imparcial. Atualmente é sistema absolutamente judicializado.
o Incumbidos de fiscalizar a legalidade dos atos da administração e de julgar o
contencioso dos seus contratos e da responsabilidade civil
Força executiva própria das decisões da administração:
o A administração gozava de poderes de autoridade entre elas o privilegio execução
prévia ou autotutela executiva.
o A administração tinha o poder de executar por meios administrativos as suas próprias
decisões e se necessário coercivamente, sem necessidade de recorrer previamente ao
tribunal. Recorre a meios exclusivamente administrativos, sem recorrer previamente a
um tribunal.
Em matéria de tutela judicial enquanto o sistema executivo era em matéria de garantia contenciosa
e deficitário praticamente o existia o recurso contencioso de execução para alem disso o juiz so tinha a
capacidade para eliminar da ordem jurídica o ato que o tribunal considera inválido, o juiz administrativo
não tinha poderes a mais. No sistema judiciário os juízes podiam anular o ato e tinham poderes de
condenação. Se se recorrer ao tribunal administrativo não basta a invalidade do ato mas condenar a
administração a adotar o ato exigido. Não basta ter razão.
Com o decorrer do tempo houve alterações por influência do direito comunitário, no que se
refere a organização administrativa descentralizada. Há administrações autónomas, autarquias
locais,…
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E o sistema português???..
Quanto ao fundamento legal recorre-se ao 149/2 do cpa. O cpa apenas poe alguns limites. A
reforma deve estar iminente. Nos artigo 176 e 181, se se mantiver na revisão do cpa estas normas estas
vem insinuar que a prevalência pode ser o sistema de administração judiciaria pois necessita de
autorização judicial prévia.
A administração tem dificuldade em executar a lei e atos perante certos particular e se agora
necessita de autorizações de tribunais para executar as suas próprias decisões esta vê-se impossibilitada
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de realizar os interesses que visa prosseguir. Ainda a via judicial ainda não existe no cpa. Em terceiro
lugar qual a duração do processo? E a decisão é passível de recurso? Então o prazo pode ainda ser maior
para administração executar ao ato. Esta revisão nos remeteria para o sistema de administração
judiciário. Contudo o sistema da administração tem que perder poder de autoridade como o privilégio
de execução prévia porque um ato só pode ser executado depois de ser eficaz. O ato administrativo tem
que cumprir certos requisitos de validade e de eficácia. Uma ato valido precisa de uma fase integrativa
de eficácia como a notificação, publicação, aprovação. Se a eficácia é requisito da executoriedade do
ato o particular tem como meio os processo cautelares 122 e ss. Contudo os juízes hoje tem a sua
disposição 3 critérios para apreciar providências cautelares: o juiz pode decretar a providência porque
o vício é grave, a providencia é para garantir a utilidade da sentença e em terceiros a ponderação dos
interesses públicos e privados. O particular hoje pode suspender a eficácia do ato. Se o juiz der razão
ao recorrente o ato não é eficaz. A execução prévia está diminuído. Há que distinguir executoriedade e
eficácia (requisito da executoriedade).
Em primeiro lugar com a criação de uma ordem jurídica supra nacional, direito
comunitário, com o tratado de lisboa direito europeu
Em segundo lugar há uma importância crescente do direito internacional como fonte
autónoma das ordens jurídicas internas e em particular do direito administrativo
Há a descentralização normativa que tem poderes administrativos através de regulamentos
regionais assim como as autarquias locais possuem regulamentos autónomos que provem das
pessoas coletivas autónomas e até das ordens profissionais que tem carater associativo e não
territorial, disciplinam o acesso a profissão e disciplinam a profissão
Mais recentemente as entidades administrativas independentes tem um poder executivo
grandes através dos regulamentos independentes.
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A soft law ganha importância também. Não tem carater vinculativo mas tem uma capacidade
de conformação de atuação dos particulares como as recomendações.
A constituição é hoje fonte direta de direito administrativo. Antes não era a não ser que viesse
concretizada essa referência numa lei.
Direito comunitário
A União europeia trata-se de uma organização supranacional. Os estados membros transferiram
competências de soberania, como a de fazer direito. Grande parte das normas jurídicas tem uma origem
comunitária, daí que grande parte das normas de direito administração tem influencia direta.
A união europeia tem hoje uma administração própria. Fala-se hoje em sistema de
administração comum e procedimentos administrativos compostos. Não temos administrações
nacionais e comunitárias opostas. Estas integram-se
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Não há duvida que do ponto de vista do tribunal de justiça prevalece o entendimento da primazia
do direito da união europeia sobre qualquer norma Constitucional. O artigo 8/4 consagra uma espécie
de imunidade do direito comunitário à fiscalidade. Uma das limitações é respeitos pelos princípios
fundamentais do estado de direito democrático contudo a união europeia baseia-se no estado de direito.
Esta jurisprudência foi firmada em dois acórdãos.
A elaboração do direito comunitário baseou-se nas ordens jurídicas nacionais. A partir destes
tratados houve uma inversão pois o parlamento passou mais poderes. As finalidades prosseguidas pela
união são as mesmas que qualquer estado prossegue. Inicialmente as finalidades eram muito
limitadas e setoriais. Atualmente as finalidades são gerais à imagem das finalidades dos estados.
Efeito direito:
o Corresponde a não necessitar de ser transposto por uma lei.
o O regulamento é por excelência o ato normativo da união europeia pois tem efeito
direto. Já as diretivas deixam margem da forma de transposição pois necessitam de
uma lei.
Direito internacional
Há o direito internacional consuetudinário e direito internacional convencional (tratados e
acordos em forma simplificada).
O artigo 8/3 consagra que o direito internacional convencional é uma fonte infraconstitucional.
O problema que se coloca é relativamente à lei. Prevalece ou não? Durante algum tempo entendeu-se
estar no mesmo patamar. Contudo não existe nenhuma norma Constitucional que resolva diretamente
o problema. O artigo 8/2 pode dar uma ajuda.
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Constituição:
Para a crp, que consagra aquilo que muitos autores designam por constituição administrativa, o
direito administrativo sofreu influência da constituição administrativa. Notou-se a sua existência pelo
espaço jurídico-constitucional ocupado. Grande parte do seculo XX corresponde à época dourada do
estado social de direito. Houve, ainda, um reforço das garantias dos particulares face à administração.
A constituição portuguesa possui uma ampla constituição administrativo
Que autor terá razão??? Ou será o direito administrativo direito comunitário realizado
conforme considera o professor Colaço Antunes.
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a. A constituição não pode ser lida de forma monista e setorial. Há que compreender toda
a constituição. Não se deve fazer a interpretação da norma desligada do seu contexto
geral. Temos que contextualizar no âmbito da constituição em sentido amplo.
b. Há princípios constitucionais gerais que possuem uma incidência administrativa como
o princípio do Estado de direito com as ideias que traz associadas; principio
democrático que se manifesta em sede procedimental; principio do estado social que
é fundamento integrador dos direitos económicos sociais; principio do estado unitário;
principio da autonómica politica legislativa das regiões; principio da integração da
administração na união europeia;
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Lei
A lei é fonte primária. Tem que atuar secuund e praeter legem. Não há atividade
administrativa sem lei.
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Ana Sofia Barbosa
Os princípios funcionam como parente normativos que o juiz deve ter em atenção. Que efeitos
terá a medida.
Regulamentos administrativos:
Há que fazer a distinção entre a fonte e forma jurídica da atividade administrativa.
Como fonte:
Tem importância que não tem noutros ramos de direito. O regulamento tem grande importância
porque é também instrumento de execução das leis – 179 alinea c)
As entidades administrativas estão mais próximas da realidade estão mais próximas dos
problemas. A administração terá mais capacidade de adaptação do tecido normativo à realidade.
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16 de outubro de 2014
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Organização administrativa:
Noção e transformações
Relaciona-se com a noção de administração em sentido orgânico e subjetivo. Falamos de
administração em sentido orgânico. Conjunto de unidades organizatorias que desempenhama titulo
principal a função administrativa.
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Ana Sofia Barbosa
jurídico. Por outro lado, há entidades privadas (tarefas públicas por concessão) que nos exercícios de
funções públicas estão sujeitas aos tribunais administrativos. No essencial da atividade são relações de
trabalho individuais. Uma entidade que é pública e no essencial rege-se pelo direito privado é chocante,
não tem sentido. Nestes casos o critério deverá ser o de regime jurídico.
O problema da personalidade jurídica - de que forma é que podemos identificar uma pessoa coletiva
publica quando a entidade apresenta parcialmente os predicados da pessoa coletiva de direito público e
o legislador é omisso?
O problema não é recente. A doutrina foi elaborando alguns critérios. Entendeu-se que um
critério apenas não resolveria a questão. Há que usar critério misto: com posto por três elementos como
Freitas do amaral
Iniciativa
o Pessoa coletiva de direito publica – a sua criação deve a um ato de natureza pública
Finalidades
o Pessoa coletiva de direito publico – satisfação e prossecução de interesses públicos
Existência de poderes de autoridade ou deveres atribuídos a identidade
o Pessoa coletiva direito público – tem poderes de autoridade de natureza pública
Iniciativa
o Pessoa coletiva de direito publica – a sua criação deve a um ato de natureza pública
Poderes de autoridade ou deveres públicos
Inicialmente mais próximo de Freitas do Amaral mas reduzindo a dois o professor salienta o critério
da iniciativa quanto a criação e da finalidade, da teleologia. Discorda de vital moreira porque ao valorar
este dois critérios então grande parte das pessoas de direitos públicos seriam classificadas por pessoas
coletivas de direito privado. A atividade de gestão privada tem um poder decisivo atualmente. A
administração hoje atua através de instrumentos de direito público mas também através da atividade de
direito privado.
O critério seguido por Colaço Antunes está em consonância com o direito Comunitário.
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Quando se estabelece relação com administração estabelece-se relação com uma pessoa
coletiva de direito público. Estas atuam por intermédio dos órgãos que dispõe de conjunto de serviços
administrativos necessários a execução das decisões. Para que haja uma relação jurídico-administrativa
tem que haver pelo menos numa das partes uma pessoa coletiva de direito publico ou no caso dos
concessionários se este atuar no exercício de tarefas que visam o interesse público, estando sujeito a
jurisdição dos tribunais administrativos. Uma das partes tem que ter personalidade jurídica publica que
se manifesta numa capacidade jurídica pública como também tem capacidade contratual e ainda
respondem pelos danos causados pelos funcionários dos agentes no âmbito do exercício de funções
públicas e por causa do seu exercício.
A distinção inicialmente não era difícil entre pessoas coletiva de direito público e privado
quando as pessoas de direito publico atuavam pelo direito público e as pessoas de direito privado
atuavam pelo direito privado. Alguns aspetos caraterizam as pessoas coletivas de direito publico. Um
dos vetores é que as pessoas coletivas de direito público são criadas por ato de direito público, tendo
prerrogativas de autoridade e gozam de isenções fiscais, estão impedidas de autoresolver, sujas a
contabilidade pública, sujeitas ao procedimento administrativo quanto a sua atividade, sujeitas a justiça
administrativa que fiscaliza judicialmente a sua atividade. São características fundamentais.
Sintetizando, refere-se a iniciativa publica quanto a criação prerrogativas de autoridade, não se podem
autodissolver e estão sujeito ao CPA e à jurisdição administrativa.
O mundo idílico desapareceu. A separação deixou de ser nítida por várias razoes
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Este problema prende-se também com a influência que o direito comunitário exerce nos
ordenamentos jurídicos. Surge através da jurisprudência através da criação de organismos de direito
público. Para efeitos de direito comunitário desde que a entidade desenvolve interesses gerais e tivesse
financiamento publico e não tivesse atividade comercial e industrial essa entidade seria para efeitos de
direito comunitário pessoa de direito publico, estando perante uma conceçao objetiva. De qualquer
modo esta tese objetiva e funcional não é suficiente. Deve de haver um critério ontológico.
Os critérios aparecem como mistos. Nenhum dos critérios por si seria suficiente.
Iniciativa publica
Finalidade de interesse publico
Poderes de autoridade – poderes e deveres públicos
Vital moreira reduz a dois: iniciativa e prerrogativas de autoridade – é manifestamente insuficiente.
Se a administração atua através de gestão privada então deveríamos despublicizar grande partes das
pessoas coletivas de direito público. Deixaria de ser administração por celebrar um contrato de compra
e venda? Trata-se de uma publicidade passiva porque perde os seus poderes de império, não sendo um
particular inteiramente.
A pessoa coletiva de direito publico tem sempre uma relação de derivação relativamente a pessoa
coletiva maior neste caso o estado. Tem que haver uma relação jurídico administrativa. No mínimo +é
que acontece com as autarquias com o estado, sendo relação de mera legalidade. Por outro lado, o
ordenamento jurídico estadual cria e extingue estas entidades. Esta relação mínima de imputação
existira independem tente dos setores.
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Ana Sofia Barbosa
A diferença da tese do professor, não só valoramos o critério dos poderes de autoridade e por outro
lado não basta que o legislador qualifique determinada entidade para reduzirmos a sua natureza jurídica.
Pode haver uma contraposição entre a qualificação jurídica de uma entidade como publica mas o direito
ordenador é essencialmente direito privado. Qual o critério dirimente? Imagine-se que uma pessoa
jurídica privada está sujeita essencialmente a regras de direito público. Onde estará o principio da
autonomia da vontade? Qual o critério determinante? Valorando um critério material devera-se valorar
o critério do regime jurídico porque o legislador muitas vezes equivoca-se.
Portanto, se os critérios diminui o alcance da privatização do direito publico. O que importa aqui é
a função. Deixa de ser relevante que o legislador defina entidade como privada ou pública.
Quanto ao substrato há pessoas coletivas de direito público com substrato privado como as ordens
profissionais que são associações públicas. Há uma complicação quanto ao regime jurídico.
Se estamos perante uma variedade imensa há que proceder a uma certa tipologia, uma classificação
destas pessoas coletivas.
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Ana Sofia Barbosa
Esta distinção é muito influenciada pela doutrina italiana. Freitas do Amaral contraponha a ente
público maior os entes públicos subordinados ao estado. Não estava correto porque apesar da relação
de imputação do ente menor ao ente público maior existem entidades infraestaduais que gozam de
Grande autonomia jurídica administrativa e financeira e de autogoverno, autogestão de interesses
próprios como autarquias e regiões autónomas territoriais como as ordens profissionais.
O estado é uma pessoa coletiva de direito público no âmbito internacional e no plano interno. O
estado personifica o ordenamento jurídico interno nacional e portanto os seus órgãos de soberania. No
plano do direito administrativo importa o estado administração. E no plano interno, o estado
administração é a pessoa coletiva por excelência pela sua ação, funções e âmbito.
Relativamente a esta pessoa coletiva publica obviamente que todos os outros entes públicos são
menores, tem um âmbito parcialmente menor. As suas atribuições são mais limitadas.
Os entes territoriais:
Base territorial
o Personificam coletividades públicas, coletivamente enraizadas
Substrato populacional universal
o Manuel Andrade chamava corporações territoriais
o Pessoas coletivas publicas de população e território
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Ana Sofia Barbosa
o O estado como organização surge por volta 1800 com a revolução francesa. Em termos de
ciência jurídica o estado é uma criação muito recente. Há que ter isto em conta. Começou-
se a desenhar a partir do século XVI e com a subordinação do estado e administração ao
princípio da legalidade. Mesmo os cidadãos nem sempre foram considerados cidadãos
jurídicos.
Generalidade de atribuições
o Satisfação dos interesses públicos da respetiva população. Estas entidades estão
reconhecidas pela lei
Tipificação Constitucional
o Artigo 225 ss.
o 236 e ss.
Poder para criar outros entes públicos e exercer sobre eles
o Um controlo intenso nomeadamente ao nível dos institutos públicos
Entes funcionais no sentido amplo
Deve partir-se de uma conceção ampla de instituto público. Abrange-se as pessoas coletivas
públicas de base institucional incluindo as fundações públicas e outros entes públicos. Esta distinção
pode ser apresentada como réplica da distinção que se estabelece no direito civil ente corporações e
instituições. As corporações tem substrato pessoal as instituições tem um fundo patrimonial ou uma
instituição. A lei 24/2012 veio alterar o regime do código civil.
Quanto aos institutos, são criações do direito e técnica jurídica, são entes ficcionais:
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Ana Sofia Barbosa
Substrato pessoal
o Personificação de um agrupamento de pessoas cujo elemento de ligação é de natureza
sociológica
Promovem a satisfação dos interesses dos seus membros mediante órgãos representativos
o Autogoverno
o Autoadministração de interesses próprios que são interesses de relevância pública
o Há um carater hibrido
o Governados pela vontade interna imanente
Formas de descentralização administrativa
o Prossegue sob sua responsabilidade e sem prestar contas aos governos os interesses
consagrados pela constituição e lei
o O estado exerce sobre eles apenas tutela de mera legalidade
Pode haver aqui pessoas coletivas hibridas a meio caminho entre entes corporativos e entes
institucionais, por exemplo as universidades publicas agora À exceção da universidade do porto e
Aveiro.
É importante para os entes intraestaduais. Tem a ver com a posição de entes públicos em relação
a outros nomeadamente ao estado e outros entes públicos territoriais como as RA e autarquias
Criados por outros entes públicos primários por razoes de agilidade e conveniência
administrativa
Incapacidade de conduzir outros fins que não o ente que os criou
o Prosseguem interesses da administração mãe
Os seus dirigentes são nomeados pelo ente matriz e dependem dele
Sujeitos a orientação e controlo de mérito do ente matriz
Pertencem à administração indireta
Entes independentes, lato sensu: autarquias locais e por exemplo associações públicas
Mesmo relativamente aos entes públicos mais independentes importa dizer que a independência
nunca é total pois há sempre um poder que o estado não perder que é o poder de extinguir os entes
públicos menores. Tem ainda uma tutela de legalidade que tem por finalidade fiscalizar a legalidade da
atuação dos entes públicos autónomos ou independentes. Contudo existem entes independentes atípicos
que não tem substrato pessoal e não tem autogoverno como as entidades administrativas independentes
conforme o artigo 267 n3 da crp.
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Ana Sofia Barbosa
Em sentido amplo, esta distinção coincide com a linha divisória entre administração indireta e
autonomia.
Não é fácil enquadrar certas categorias nestas classificações como o Banco de Portugal até a
última alteração em 2012 como um instituto independente. O Banco apresenta características de
instituto público por exerce função de supervisão e elabora funções bancarias. Apresenta características
hibridas. Tem características quase empresariais na medida que desenvolve operações bancárias.
Princípios da administração
Há 3 princípios constitucionais da administração:
1. Princípio da desconcentração
2. Princípio da descentralização
3. Princípio da subsidiariedade
Princípio da desconcentração
Está na base da administração regional ou local do estado. Divisão de tarefas e funções
administrativas por órgãos e serviços da mesma pessoa coletiva de direito público. É o processo que
conduz à distribuição de poderes pelos vários órgãos da pessoa coletiva pública. É um processo de
descongestionamento de poderes. Uma pessoa é concentrada quando a capacidade decisória esta no
superior hierárquico.
Falamos de pessoa coletiva pública desconcentrada quando o poder decisório está distribuído
entre o superior hierárquico e órgãos subalternos. Para Freitas do Amaral, “ é o sistema em que o poder
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Ana Sofia Barbosa
decisório se reparte entre o superior e um ou vários órgãos subalternos, os quais todavia permanecem
em regra sujeitos à direção e supervisão daquele
Este princípio de desconcentração vem associado á ideia de eficiência pois liberta do órgãos
superiores da tomada de decisões de menor relevância, criando condições para ponderarem a resolução
das questões de maior responsabilidade que lhes ficam reservadas
Qual a vantagem? O princípio da desconcentração administrativa prende-se com ideia maior rapidez
celeridade e eficiência. Por outro la há o inconveniente de ao existir uma pluralidade de centros
decisórios é mais difícil achar uma ação harmoniosa face à pluralidade de centros de imputação.
Espécies de desconcentração
Descontração vertical
o É em regra de natureza vertical mas pode assumir natureza horizontal
o Em sentido vertical pode assumir 2 formas:
Desconcentração burocrática ou funcional – ministro pra direção
Desconcentração territorial - Há um descongestionamento de competências e
os órgãos e serviços de natureza regional ou local.
Descontração horizontal
o Distribui tarefas entre vários órgãos sem relação de hierarquia. A distribuição de
competências é feita horizontalmente entre órgãos que não estão ordenados entre si
entre ministérios e direções gerais.
Pode distinguir-se entre desconcentração originária e derivada
Desconcentração originária
o É feita diretamente pela lei.
o Quando uma nova lei atribuir ao diretor geral uma competência do ministro. Há uma
transferência de competências do ministro para o diretor.
o Transferência de competências
Desconcentração derivada
o Resulta da figura de delegação de poderes
o O que se transfere é o exercício da competência. Transfere-se o mero exercício de
competências.
o No cpa decorre que a competência nunca se transfere mas pode alienar-se o exercício.
Exemplificando, o caso da lei atribuir competência ao ministro mas a lei
permite que este delegue o exercício na pessoa do diretor geral, não transfere
a competência em si mesmo
36
Ana Sofia Barbosa
Este princípio está na origem das administrações autónomas. É um termo polissémico. Não há
uma unidade de sentido. Pode ser amplo ou restrito.
Em sentido amplo,…
Num segundo sentido menos amplo, o estado administração não tem o monopólio das tarefas
administrativas que estão distribuídas por entidades infraestaduais dotadas de certo grau de autonomia
em relação à administração do estado. Não basta o critério da personalidade jurídica mas gozar de certa
autonomia.
Em sentido restrito,…
Portanto, num sentido muito amplo 1 corresponderia ao exercício administrativo por todos os
órgãos que não fazem parte da administração do estado, atribuição de funções administrativas a
entidades infraestaduais quer de natureza territorial ou de natureza funcional. Num sentido amplo 2
abrangeria todas as entidades infraestaduais dotadas de funções administrativas ainda que entidades
instrumentais, dependentes e auxiliares do estado, gozando de certo grau de autonomia. Num terceiro
37
Ana Sofia Barbosa
Vantagens:
As pessoas coletiva públicas que recebem esta devolução de poderes são entes auxiliares,
instrumentais, ao serviço da pessoa coletiva de fins múltiplos que as criou
38
Ana Sofia Barbosa
2º nº1 – “Os institutos públicos integram a administração indireta do estado e das RA.”
É um sistema que permite ao legislador criar um conjunto de pessoas coletivas públicas de fins
singulares que desenvolvem uma natureza auxiliar da função principal. Vertente instrumental. A
atividade administrativa será mais eficiente se for constituída por entidades com mais autonomia.
Se se olhar para cada um destes princípios conforme o artigo 267 n 1 e 2 – a propria crp indicia
que estes princípios da desconcentração e descentralização são instrumentos no sentido de aproximar e
tornar a administração mais eficiente e personalizada. Assim, nos termos do nº 1 do artigo, a
administração ser estruturada de modo a evitar a burocratização e aproximar os serviços das populações
e assegurar a participação dos interessados na sua gestão efetiva. Constitucionalmente só vem
consagrado estes dois princípios.
Administração estadual
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Ana Sofia Barbosa
Administração Direta
Administração central
o Constituída por órgãos com competências sobre todo o território nacional
ministérios e direções gerias
Administração periférica
o É uma administração do estado para efeito do princípio de desconcentração
Governador civil – extinto na atualidade
Comissões coordenação e desenvolvimento regional – Porto, Coimbra, Lisboa,
Alentejo, Faro – papel importante no ordenamento do território
Administração Indireta
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Ana Sofia Barbosa
Consiste naquela administração que é desenvolvida por conta do estado mas por intermédio de
outros entes. Traduz-se na prossecução de atribuições de uma entidade administrativa por intermedio
de outras entidades administrativas.
Para Freitas do amaral, “é uma atividade administrativa do estado realizada, para a prossecução
dos fins destes, por entidade públicas dotadas de personalidade jurídica própria e de autonomia
administrativa ou administrativa financeira.
Porque da sua criação? Os interesses serão melhor realizados por entidades com maior autonomia.
Razoe de eficiência estão na base da criação desta administração
Que características:
“Numa palavra: a atividade exercida é desenvolvida em nome da própria entidade que a exerce; os
atos praticados são atos dessa entidade e não do estado; o património é património dessa entidade e
não do estado …; pelas dívidas dessa entidade é responsável em primeira linha o respetivo património
e não o património do estado;” – Freitas do Amaral
41
Ana Sofia Barbosa
Verifica-se um fenómeno patológico. O estado tem vindo a esvaziar-se das suas atribuições de
educação,… recorrem-se a entidades de autonomia profunda. O que é distintivo é o autogoverno e
autoadministração mas há uma tutela de mera legalidade. Este fenómeno é perverso porque obscura o
grau de autonomia estabelecendo uma relação simultânea de administração autónoma e indireta.
Cuidado com a ideia.
Administração Autónoma:
A administração Autónoma, como expressão da autoadministração de certas comunidades
infraestaduais, cuida de interesses públicos próprios dessas coletividades infraestaduais e fazem-no
através de órgãos eleitos de acordo com princípios da eletividade e representatividade.
Da noção decorrem certos elementos constitutivos cumulativos do que se entende por administração
autónoma:
42
Ana Sofia Barbosa
Territorial
o Regional – região autonoma
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Ana Sofia Barbosa
44
Ana Sofia Barbosa
Nos termos do artigo 199 alínea d da crp - compete ao governo no exercício da sua função
administrativa “ dirigir os serviços e a atividade da administração direta do estado, civil e militarmente,
superintender na administração indireta e exercer a tutela sobre esta e sobre a administração autónoma”.
Hierarquia
Superintendência
Tutela
Deste artigo:
A hierarquia tem como principal poder o de direção. A tutela de mérito não existe em relação
à região autónoma, só há tutela de legalidade
A hierarquia é uma relação jurídico-administrativa interorgânica, isto é, estabelece-se entre
órgãos da mesma pessoa coletiva pública
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Ana Sofia Barbosa
Hierarquia:
Desconstruindo o conceito:
Poder de direção
O superior pode emitir diretivas que não tem um conteúdo tao precetivo como tem uma ordem.
Este poder de direção é extremamente importante. Mesmo que o superior hierárquico não disponha de
46
Ana Sofia Barbosa
A este poder de direção corresponde o dever de obediência desde que cumpridos três
requisitos cumulativos:
1. Ordem do superior
2. Versar sobre matéria de serviços
3. O comando tem que assumir forma legal
Assim, o dever de obediência consiste na obrigação de um órgão subalterno cumprir ordens ou
instruções dos seus legítimos superiores hierárquicos, que verse sobre matéria de serviço e que o
comando assuma forma legal. Tratam-se de três requisitos cumulativos
Quando a ordem se materializar na prática de crime cessa o dever de obediência -Artigo 271º
nº3 CRP
Quando há a prática de um ato nulo – artigo 134 CPA – 134º nº1 “um ato nulo não produz
quaisquer efeitos…”
Excetuando os casos referidos, o dever de obediência existe mesmo quando a ordem ou instrução é
ilegal.
O que o órgão subalterno deve fazer para se eximir de responsabilidade civil extracontratual perante 3º
lesado?
O órgão subalterno deve exercer o “direito de respeitosa representação”. Deve reclamar por
escrito ou pedir a confirmação por escrito da ordem chamando a atenção do superior hierárquico para
a ilegalidade do respetivo comando.
Quando não há tempo de reclamar, o órgão subalterno deve executar o ato. Após ter cumprido
a ordem deve chamar a atenção para a ilicitude perante o seu superior hierárquico. Desta forma não
responde pelos danos que eventualmente o ato venha a provocar na esfera patrimonial de terceiros,
conforme verificamos no artigo 271 nº 3 da CRP.
Poder de supervisão
O poder de supervisão consiste no poder de suspender ou de revogar os atos administrativos
praticados por um órgão subalterno. O próprio superior pode tomar a iniciativa ou pode revogar com
base num recurso hierárquico interposto por terceiros relativamente ao ato.
Poder inspetivo
Consiste na faculdade do superior hierárquico de fiscalizar os órgãos subalternos e o
funcionamento dos serviços.
Poder disciplinar
Consiste na capacidade de o superior hierárquico punir o órgão subalterno
É um conflito positivo se vários órgãos se mais de que um órgão se achar com competência e será
um conflito negativo quando nenhum dos órgãos se considera competente. O superior hierárquico irá
determinar qual o órgão competente.
Artigo 42 e 43 do CPA
Superintendência:
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Ana Sofia Barbosa
A doutrina divide-se:
Tutela:
A tutela pressupõe dois elementos distintos como relação intersubjetiva: duas pessoas coletivas
distintas (tutelar e a tutelada) e o fim. O fim pode ser o fim de legalidade ou pode ser uma tutela de
mérito tutelando a oportunidade e conveniência das medidas tomadas pela entidade tutelada.
Quanto à administração autónoma há que ter em conta que em relação ao estado existe uma
tutela de mera legalidade quando estão em causa atribuições exclusivas da Administração Autónoma.
Se não estiverem em causa estas competências pode haver, ainda que excecionalmente, uma tutela de
mérito nunca idêntica à usada na administração indireta.
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Ana Sofia Barbosa
Tutela de legalidade
o Visa controlar a legalidade das decisões da entidade tutelada. Quando averiguamos a
legalidade de uma decisão estamos a apurar se esta é ou não conforme à lei
Tutela de mérito
o Quando averiguamos o mérito de uma decisão estamos a indagar se essa decisão,
independentemente de ser ou não legal, é uma decisão conveniente ou inconveniente,
oportuna ou não
o É poder de controlar a oportunidade, conveniência das atuações em várias matérias
Quanto ao conteúdo há vários tipos de tutela:
Tutela inspetiva
o Poder de inspecionar os serviços, funcionários contas das entidades tuteladas
o Fiscalizar a organização e funcionamento da entidade tutelada
Tutela integrativa
o Poder de autorizar ou aprovar os atos praticados pela entidade tutelada
Autorizar – é requisito de validade do ato. A autorização é uma condição para
o exercício da competência. É feito A priori
Aprovar – não é um requisito de validade mas de eficácia. É feito À posterior,
depois da pratica do ato
Tutela sancionatória
o Capacidade de aplicar sanções por irregularidades detetadas junto das entidades
tuteladas
Tutela revogatória
o Poder de revogar os atos administrativos praticados pelos órgãos das pessoas coletivas
publicas
Tutela substitutiva
o A entidade tutelar pode em caso de omissão substitui-se à entidade tutelada, praticando
em vez dela e por conta dela os atos administrativos vinculados ou devidos.
o São poderes de substituição
Será que estas tutelas são compatíveis com as administrações autónomas? Neste âmbito só pode haver
a inspetiva e integrativa. Iria ofender o princípio de autonomia do poder local.
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Ana Sofia Barbosa
A tutela tem de estar prevista na lei – pas de tutele sans texte – a tutela tem que estar prevista
na lei. Já quanto à superintendência pode-se por a dúvida. E mesmo quanto ao poder de direção
que é inerente À organização.
Num sistema como o nosso é natural que haja vários níveis de organização administrativa territorial,
subestaduais…
Quantos níveis?
Segundo o artigo 199 conjugado com o artigo 182 da crp, compete ao governo enquanto órgão
administrativo garantir a boa execução das leis que deve ser feito através dos necessários regulamentos.
Deve garantir o bom funcionamento da administração pública. Compete-lhe ainda cuidar da
prossecução e realização dos interesses públicos de âmbito nacional.
Governo
Devemos conjugar o artigo 199 com o 182 da crp. Compete ao governo enquanto órgão
administrativo garantir a boa execução das leis no termos da alínea c que deve ser feito através dos
necessários regulamentos. Deve garantir o bom funcionamento da administração pública. Compete-lhe ainda
cuidar da prossecução e realização dos interesses públicos de âmbito nacional.
Assim, as principais funções administrativas são três:
1. Garantir a execução das leis
a. 199º Alínea f, c
2. Assegurar o funcionamento da Administração Pública
a. 199º Alínea a, b, d, e
3. Promover a satisfação das necessidades coletivas
a. 199 Alínea g
O governo é o órgão superior da administração
Os ministérios formalmente são órgãos mas para certos efeitos funcionam com entidade
administrativa próprias diferente de outros ministérios, funcionando pra certos efeitos como pessoa coletiva
de direito público, tendo efeitos particulares.
Quando um ministro invade a esfera de ação do outro falamos em nulidade dos atis conforme o
artigo 133 nº 2 alínea b – são atos nulos “ os atos estranhos às atribuições dos ministérios ou das pessoas
coletivas referidas no artigo 2º, em que o autor se integre.
Se o ministro da defesa atua no exercício de atribuições do ministério da educação não se trata de
uma incompetência relativa mas absoluta, aplicando-se o regime da nulidade conforme o artigo 133/2 cpa.
Quando se invade a esfera de ação não há mera incompetência relativa mas absoluta, havendo a nulidade.
Porque? Os ministros que são os verdadeiros órgãos que estão no topo da organização administrativa de cada
ministério, tem todos a mesma competência, para contratar, sancionar, fiscalizar. O que diverge não é
competência do ministro mas as atribuições dos ministérios. No caso da organização administrativa do
estado, os ministros tem a mesma competência mas os ministérios tem atribuições diferentes. Os ministros
tem a mesma competência o que se distingue são as atribuições dos ministérios.
Nota:
52
Ana Sofia Barbosa
30 De novembro
O governo é o órgão superior da administração do estado. – 199 a c, e e g. Compete na alínea c fazer
executar as leis que é feito através dos regulamentos administrativos; aliena d; o governo funciona de forma
colegial através do conselho de ministros sobre as matérias mais importantes. Pode agir individualmente
através dos membros do governo. Os ministérios para certos efeitos são pessoas autónomas, funcionando
como pessoas coletivas distintas e se um ministro invadir a esfera do outro ministério há uma incompetência
absoluta e como consequência jurídica a nulidade, conforme o 133 nº 2 alínea b.
No ministério o ministro está no vertical da organização administrativa. Relacionados os poderes
dos ministros, estes tem competência para supervisionar os serviços que fazem parte da administração direta
e tem tutela dos entes subalternos.
Ainda na crp, o artigo 183 o governo é constituído por elementos necessários… o governo é
constituído pelo primeiro ministros, ministros e secretários de estados. São as figuras necessárias de qualquer
governo, mas há figuras facultativas como o vice primeiro-ministro ou subsecretário de estado. O secretário
exceto no respetivo gabinete não tem competência propria.
A coordenação da ação governativa compete ao primeiro ministros nos termos do 201 da crp,
fundamentalmente as alienas a e b. a coordenação é feita pelo conselho de ministros nos termos do artigo
200 da crp nº 1 alínea a.
O governo pode funcionar de vários modos. Poder haver reuniões para certos setores, sobre matérias
especializadas e por funcionar junto de um respetivo ministérios, incluindo o representante do ministérios e
os ministérios que podem influenciar a matéria em causa.
A estrutura orgânica do governo é aprovada por uma lei orgânica. Quanto à composição
orgânica esta não obedece a um modelo tipo., como é uma matéria de autodeterminação política do governo
a designação de ministérios é variável de governo para governo. Trata-se de matéria de competência
exclusiva do governo, conforme o artigo 198 nº 2. Mais, a lei 4/2004 no seu artigo 4º prevê que a lei orgânica
de cada ministério define as respetivas atribuições bem como a estrutura orgânica necessária ao seu
funcionamento.
Ou se adota um modelo que passa pela individualização de ares funcionais de atuação ou por
identificação de mecanismos que passam a estar sujeitos ao controlo dos ministros respetivos. ~
Relativamente aos departamentos ministeriais:
Há que ter em conta o regime jurídico – 4/2004 de 15 de janeiro sucessivamente alterada. Está
previsto e regulado neste diploma a administração central. Também decorrente do artigo 4º da lei. Os
ministérios obedecem a um esquema tipo moldado pela lei 4/ 2004 de 15 de janeiro. A organização e
funcionamento de cada ministério consta de uma lei orgânica sob a forma de decreto-lei. O artigo 4º prevê
que cada ministério prevê as suas atribuições e a sua estrutura orgânica.
A estrutura do Governo:
A estrutura do governo é-nos dada pelo artigo 183 da crp
Elementos essenciais: Primeiro-ministro e Ministros
Elementos acessórios: secretários de estado, subsecretários, vice-primeiro-ministro
1º Ministro:
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Ana Sofia Barbosa
As suas funções vem reguladas no artigo 201 nº1. Do ponto de vista administrativo o primeiro-
ministro exerce dois tipos de função: função de chefia e função de gestão.
Vice-primeiro-ministro:
Tem funções de substituição. Pode substituir o primeiro-ministro em caso de impedimento. Mas
serve também para coadjuvar e auxiliar o primeiro-ministro no exercício das suas funções e a esse título
desempenharão todas as tarefas que a lei orgânica do governo lhes conferir ou que o primeiro-ministro nele
delegar
Ministros:
São membros do governo que fazem parte do conselho de ministros e exercem tarefas políticas e
administrativas.
Secretários de estado
Conselho de ministros: 201 nº 1 – é o órgão colegial constituído pela reunião de todos os ministros sob a
presidência do conselho de ministros, ao qual compete desempenhar as funções politica r administrativas
que a constituição ou a lei atribuíram coletivamente ao governo.
Conselho de ministros especializados: 200 nº 2. São órgãos secundários e auxiliares do conselho de
ministros, formados por alguns membros deste e que funcionam como secções do conselho de ministros
Ministérios:
Como se organiza a estrutura interna dos ministérios?
Todos os ministérios obedecem quanto à sua organização a um esquema tipo. A lei 4/2004 de 15 de
janeiro revogou o decreto-lei 26115 e veio estabelecer os princípios e normas a que deve doravante obedecer
a organização da administração direta do estado.
Os ministérios fazem parte da administração direta do estado. Um ministério tem atribuições,
um ministro tem competências.
Artigo 11:
Os ministérios organizam-se em torno de vários tipos de serviços, constam vários tipos de serviços além
dos gabinetes ministeriais, que tem como função auxiliar o ministro no desempenho das suas tarefas. Fazem
parte dos ministérios nos termos do nº2 do artigo 11 três tipos de serviços que são definidos de acordo com
a função dominante.
Serviços Executivos – artigo 13º e 14º
o Há um papel essencial das direções gerais porque são “a espinha dorsal” da organização
administrativas de cada ministério. São importantes na medida em que lhes competem
prosseguir e executar as atribuições específicas de cada ministério - artigo 14º
o Designam-se por direções gerais ou direções regionais quando periféricos
o Serviços que promovem a articulação onde a necessidade o impõe. São serviços de natureza
interministerial ou intraministerial (18º nº 1) que desenvolvem uma função de coordenação
fundamental nos termos do artigo 17 nº 2 a) e b)
Governador civil
o Ate há pouco tempo havia os governadores civis que foram extintos, conforme o decreto-
lei 111/2014
56
Ana Sofia Barbosa
o O plano municipal não pode ser aprovado sem que as comissões emitam o seu
parecer. São uma espécie de interface.
o Salienta-se os pareceres obrigatórios na realização dos planos urbanísticos.
Determina os modos limites e conteúdo da direito propriedade
o Trata-se de uns órgãos colegiais.
Estas comissões ocupam um papel específico na organização administrativa periférica do estado. São
multifacetadas. Abrangem desde o ordenamento do território ao urbanismo.
57
Ana Sofia Barbosa
Trata-se de uma pessoa coletiva que tem natureza territorial e detém para além de poderes
administrativos poderes políticos e legislativos enquanto as autarquias locais apenas tem poderes
administrativos e regulamentares. A administração autónoma regional beneficia de um princípio de
autonomia politico-legislativa.
As fontes de legitimidade da administração autónoma regional decorrem da própria constituição:
artigo 6º e artigo 225º e ss.
Artigo 225:
1. Fundamentos da autonomia: características geográficas, económicas, sociais e culturais dos dois
arquipélagos e as históricas aspirações autonomistas das populações insulares
2. Fins a prosseguir: participação democrática dos cidadãos, desenvolvimento económico e social e
a promoção da defesa dos interesses regionais, bem como o reforço da unidade nacional e dos laços
de solidariedade entre todos o portugueses
3. Limites: a integridade da soberania do estado e o respeito da constituição
Fontes:
Artigo 225 e ss. Crp
Estatuto político administrativo
Leis da assembleia da república de âmbito nacional
Decretos-leis regionais
Regulamentos regionais
As regiões autónomas são dotadas pela constituição de órgãos de governo próprio conforme o artigo
231 da crp que são o Governo Regional e a Assembleia Legislativa Regional. A estes acresce a partir da
revisão de 2004 o Representante da República conforme o artigo 230.º.
Portanto, órgãos de governo próprio:
Assembleia Legislativa Regional
Governo Regional
o O governo é politicamente responsável perante a assembleia legislativa
Representante da República
o Cabe nomear o presidente do governo regional de acordo com o resultado das eleições e
ouvidos os partidos políticos representados na assembleia legislativa
O estado representa-se através do representante da república, artigo 230, que é nomeado e exonerado
pelo presidente da república. Inicialmente não tinha poderes de natureza administrativa tinha poderes de
superintendência e tutela. Atualmente tem funções de natureza politica, de funcionamento da constituição.
Organização administrativa:
O governo regional é o órgão executivo da condução da política regional e o órgão superior da
administração pública regional. Uma vez em plenitude de funções, o governo regional responde perante a
assembleia legislativa regional.
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Ana Sofia Barbosa
O número 6º do artigo 231 prevê que é da exclusiva competência do governo regional a matéria
respeitante à sua própria organização e funcionamento.
Os órgãos centrais são o governo regional e as secretarias regionais. As secretarias regionais
correspondem no continente aos ministérios. Para certos efeitos, estas secretarias podem funcionar como
pessoas coletivas públicas. O vértice das secretarias regionais corresponde ao secretário que possui o poder
de direção.
Governo regional corresponde ao governo da república
Secretarias regionais correspondem ao ministério
Secretários correspondem aos ministros
Há que considerar ainda a existência de um significativo numero d institutos públicos e de empresas
públicas na dependência de governos regionais, constituindo a administração indireta regional.
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Ana Sofia Barbosa
Artigo 235 ss
Lei 159 /99 revogada
Lei169 /99 – estabelece o quadro de competência e o regime jurídico de funcionamento dos órgãos
dos municípios e das freguesias
Lei 75/2013, 12 setembro – espécie de mini codificação.
Populacional
o Respondem à necessidade de assegurar a prossecução dos interesses próprios de um
agregado populacional
Assim,
Para Freitas do Amaral, as autarquias locais são pessoas coletivas públicas de população ou
território, correspondentes aos agregados de residentes em diversas circunscrições do território nacional,
e que asseguram a prossecução dos interesses comuns resultantes da vizinhança mediante órgãos próprios,
representativos dos respetivos habitantes.
O artigo 236º enumera as autarquias locais. A constituição quanto à tipologia funciona como
base normativa – as autarquias locais no continente são os municípios, freguesias e regiões administrativas.
A região administrativa nunca chegou a ser constituída apesar de consagrada na constituição.
São pessoas coletivas públicas de população e território. Tem base territorial porque exercem os
respetivos poderes dentro de uma circunscrição administrativa. Estes poderes administrativos exercem sobre
a população existente nestas circunscrições.
Os elementos essenciais das autarquias locais
1. Território – circunscrição administrativa
a. É o elemento de maior importância
b. Circunscrição administrativa
c. Tem uma tripla função:
i. Identifica a autarquia local
ii. Define a população respetiva
60
Ana Sofia Barbosa
4. Interesses comuns
Quanto às fontes:
1. Constituição – 235 e ss.
a. Quais as autarquias locais -236
b. Só há municípios e freguesia
2. O regime jurídico está disperso por leis avulsas
a. Lei das finanças locais
b. Lei 75/2013
c. Lei 169/99
Há algumas autarquias locais mais pobres que apenas por si se conseguiam financiar. Há sempre discorda
entre autarquias locais e administração do governo.
Conforme o artigo 239 da crp, as autarquias locais, freguesias ou municípios, são constituídas por órgãos
deliberativos e executivos. Deve compreender uma assembleia representativa dotada de poderes
deliberativos um órgão executivo colegial perante ela responsável.
Freguesias
“São autarquias locais que, dentro do território municipal, visam a prossecução de interesses
próprios da população residente em cada circunscrição paroquial”
É uma autarquia local inframunicipal criada para realizar os interesses e as necessidades do agregado
populacional que reside numa circunscrição paroquial. Dentro do território do município visa a prossecução
de interesses próprios da população residente em cas circunscrição paróquia
Tanto freguesias como municípios tem órgãos colegiais.
Lei 75/2013 há que conjugar com a lei 169/99
61
Ana Sofia Barbosa
Composição
o Artigo 5º da lei de 169/99
Competências
o Função eleitoral –
o Função de orientação geral
Artigo 9 nº1 alínea a
Função executiva:
Município
É a autarquia local principal. Exerce as atribuições no sentido de satisfação dos interesses tendo em
conta a circunscrição concelhia através dos órgãos assembleia municipal camara e Presidente. – Art.º 24 e
25, em especial.
O número 1 aliena a do artigo 25. Desempenha função tributária importante nomeadamente o artigo
25 nº 1 alínea b. 73 /2013. Há impostos sobre transações imobiliárias e impostos sobre veículos. Cobra taxas
que são cobradas no âmbito do regime de urbanização. A autonomia financeira não é total. Podem cobrar
receitas próprias que são geridas de acordo com orçamento próprio e que pode com autonomia realizar com
receitas próprias as receitas próprias. É uma autonomia relativa. É uma autonomia que não é completa e por
isso os municípios utilizaram em grande medida os planos urbanísticos para permitir uma sobredificação. A
crise no setor imobiliário surge em 2002. Até então eram feitos mais de 100000 licenciamentos por ano.
Teve a consequência perversa de se ter construído demasiado.
Tem uma função de decisão superior- artigo 25 nº1 alínea i
Devemos ter em conta quer o artigo 14 da lei 169/99 quer ao artigo 57 quanto à camara municipal.
Quanto as competências artigo 32 e 33
62
Ana Sofia Barbosa
1. Função executiva
a. 33 N1 aliena d
2. Função decisória
a. Celebração de contratos
b. Alíneas f, g e h
3. Função gestionária
a. Alíneas z e subalínea ee
Artigo 24 lei 169/99 – composição da junta e o artigo 57 da lei n169 /99 . O número de vogais depende do
número de eleitores
o Quórum de funcionamento
o Quórum deliberativo
Para além do presidente da camara é composta por 16 vereadores em lisboa e 12 no porto. Para se saber
se os quóruns cumprem os requisitos do cpa tem que ter o mínimo de presenças para que este funcione
minimamente. Relativamente as autarquias locais o nº de vogais depende do número de eleitores. Há que
saber a composição dos órgãos a luz dos eleitores
Serviços municipalizados:
Também a administração autónoma local tem administração indireta.
Podem criar empresas públicas municipais de direito privado mas não podem criar institutos
públicos.
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Ana Sofia Barbosa
Serviços municipais: serviços do município, que não dispondo de autonomia, são diretamente
geridos pelos órgãos principais da administração. Os serviços administrativos locais que são
genericamente serviço administrativo. Os municípios enquanto pessoas coletivas de direito publico
atuam por intermédio do respetivo órgãos.
A base normativa deste tipo de controlo mínimo de mera legalidade esta vertido no artigo 242
da crp – consagra um regime limitativo que retira margem ao legislador, excluindo poderes e tutela não
prevista na lei.
O legislador Constitucional entende que quando estão em causa atribuições exclusiva do AL só pode
haver tutela de legalidade. Admitimos excecionalmente que quando haja uma base de interesses públicos
regional ou local pode haver controlo de mérito em caso de condomínio de interesses que é distinto do
controlo de mérito feito as entidades da administração direta. Não está em causa a oportunidade das
decisões mas está em causa a conformidade ou desconformidade do interesse público local e interesse
público de âmbito nacional. Tem uma intensidade menor.
Nas regiões autónomas a tutela das autarquias locais é feita através do Governo regional.
Quanto ao fim, nas autarquias locais só pode haver tutela de mera legalidade.
64
Ana Sofia Barbosa
Quanto ao meio, pode haver outra tutela desde que prevista na lei.
o Quanto aos meios poderia haver outro tipo de tutela que não apenas a tutela de mera
legalidade. Para o professor sim. Não é contrário ao princípio constitucional da autonomia
local a possibilidade de uma outra forma de tutela como a tutela integrativa
A lei 27 de 96 versa sobre a tutela quanto ao conteúdo. Todas estas dimensões da tutela quanto ao
conteúdo são compatíveis com o princípio das autarquias locais? Não. Será apenas a tutela inspetiva a única
compatível? Seria redutor. Poderá haver a tutela integrativa sempre e quando se cumpra 3 requisitos:
1. Expressamente prevista na lei
2. Indispensável para assegurar os interesses públicos locais em causa
3. Deve respeitar o princípio da proporcionalidade na compressão da autonomia do poder local, tem
que ser uma compressão proporcional.
É uma lei já antiga. Na altura veio introduzir algumas alterações. Destaca-se que esta lei da tutela é
“mais” que uma lei da tutela administrativa do estado mas que também é “menos” que isso porque só trata
da tutela inspetiva. Poderia tratar pelo menos da dimensão integrativa.
É mais que uma lei porque prevê meios processuais ao dispor dos interessados como são a ação
de perda de mandato ou dissolução do órgão, hipótese prevista nos artigos 8º, 9º e sobretudo 11º. É uma
ação avulsa não faz parte do CPTA, assume a forma de ação administrativa especial. O recurso contencioso
da relação desapareceu e pode levar a uma ação administrativa especial nomeadamente o pedido de
impugnação do ato que corresponde ao antigo contencioso. Esta ação assume um carater urgente. A sentença
a proferir durará menos tempo que numa ação normal.
Artigo 11º nº 2: quem tem legitimidade
o Ministério Público
o Qualquer membro do órgão relativamente ao qual se faz o pedido da perda do mandato
o Quem tem interesse direto
Fundamentalmente tem competência o ministério público, funcionando o principio da legalidade
em sentido estrito. Por vezes o ministério público goza de discricionariedade mas neste caso terá que atuar
tendo subjacente o principio da legalidade.
Esta lei veio consagrar esta nova ação avulsa. Exclui medidas de tutela administrativa sancionatória.
A competência caberá aos tribunais administrativos, nº1 do artigo11. Mas esta lei é “menos” porque exclui
medidas da tutela administrativa sancionatória, competindo este domínio aos tribunais administrativos
65
Ana Sofia Barbosa
Em regra, os institutos e as empresas públicas integram a administração indireta quer do estado quer
de outras pessoas coletivas territoriais. São duas grandes figuras da administração indireta.
Institutos públicos
Os institutos são pessoas coletivas públicas de tipo institucional (organização de carater material e
não de pessoas) criadas para assegurar o desempenho de determinadas funções administrativas, pertencentes
ou ao estado ou à administração autónoma regional, conforme o artigo 2º da lei dos institutos públicos.
Em França e em Itália, começou-se por distinguir entre 1) institutos públicos administrativos e 2)
institutos públicos de natureza económica. Tinham regimes jurídicos distintos: os institutos públicos
administrativos tinham um regime de direito público e os institutos públicos económicos ou empresariais
tinha um regime de direito privado. Este entendimento foi superado.
Os institutos económicos desagregaram-se dos institutos públicos e formaram as entidades públicas
empresariais, sendo a primeira tipologia em termos históricos de empresas públicas. Tem capital próprio
com regime empresarial e é pessoa coletiva de direito público.
Os institutos administrativos e económicos atualmente não tem esta distinção, fala-se em instituo
em sentido restrito. Os institutos públicos de regime comum e empresas públicas integram a
administração indireta. Pode incluir-se noutros setores de organização administrativa. A lei-quadro no
artigo 48º apresenta os institutos públicos de regime especial.
Lei 3/2004, 15 de Janeiro – consagra um regime comum dos institutos públicos
Em suma:
Institutos públicos de Regime comum- Administração indireta
Institutos públicos de Regime especial – as universidade são em regra institutos públicos autónomos
– administração autónoma
o A autonomia estatutária é garantia da lei fundamental
Artigo 8: consagra uma tentativa de tentar moderar a criação de institutos públicos e fundações publicas
de direito privado pois já há muitos. Há que ter algum cuidado
Funções – art. 8º
3 Tipos:
- Prestacionais (estabelecimento de ensino ou saúde)
- Reguladoras (instituto da farmácia ou medicamento)
- De apoio e fomento
Forma de criação: são de criação livre pelo legislador mas a sua criação deve ser fomentada de
acordo com o art. 10º/2.
art. 10º/2 – “A criação de um instituto público é sempre precedida de um estudo sobre a sua
necessidade e implicações financeiras e sobre os seus efeitos relativamente ao sector em que
vai exercer a sua atividade.”
Empresas públicas:
Decreto-lei 133/2013 – trata para alem do setor empresarial do estado do setor empresarial local
Revoga o decreto 598/99
produzem bens e serviços destinado ao mercado. Estas entidades como estão sujeitas à concorrência devem
possuir uma maior capacidade de manobra.
No fundo,
1. Sociedades de capitais públicos
a. Regime de direito privado
b. Personalidade jurídica privada
Tem personalidade jurídica de direito privado. É o que é designado por entidades administrativas de
direito privado. São pessoas jurídicas privadas mas integram a administração. Tem capital publico, substrato
publico mas tal como as entidades publicas empresariais estão dirigidas ao mercado necessitando de um
regime empresarial. Este novo regime veio aproximar.
2. Entidades públicas empresariais
São ambos os casos de gestão privada. O diploma é influenciado pela situação vivida em Portugal no
momento atual. A primeira alteração respeita a um alargamento do âmbito de aplicação do regime das
empresas públicas abrangendo as organizações empresariais em que o estado possa exercer isolada ou
conjuntamente de forma direta ou indireta influência dominante.
Este regime jurídico integra o setor empresarial do estado assim como o setor empresarial local.
É densificado o conceito de empresa pública e da influência dominante
No que respeita ao exercício da função acionista havia uma diferença entre as duas. Parecia que a
superintendência e tutela só se referia as entidades.
Por outro lado, quanto a função do estado como acionista, nas sociedades de capitais públicos o capital
encontra-se representado… e a intervenção do estado não pode ser feita….enquanto as entidades publicas a
orientação se fazia por via administrativa nos casos dos capitais públicos faziam um controlo pela via de
assembleia geral. Atualmente é feito de duas formas. Houve uma diminuição do estado como acionista pois
perderam-se as golden share. ….
Por vezes poe-se a dúvida de saber qual o elemento determinante para a classificação jurídica.
O elemento deve ser o da ordenação jurídica. Podemos problematizar isto.
No caso da sociedade de capitais públicos a intervenção do estado era mais feita na assembleia geral.
Atualmente podemos ver duas vias quer a nível da assembleia quer a nível administrativo. Atualmente quer
a superintendência quer a tutela se aproximam nos dois tipos de empresas.
A lei faz um enquadramento mais global tratando também do setor empresarial e local a partir dos
artigos 62 e ss.
As empresas públicas encarregadas da gestão de serviços de interesses económico geral são
empresas de serviço público na medida que procuram satisfazer certos serviços públicos essenciais mas não
se pode fazer equivaler o setor empresarial publico às empresas de serviço publico disciplinadas no artigo
55º porque a maior parte destas hoje são sociedades de capitais públicos que atuam em concorrência e não
com o objetivo de satisfação de serviços públicos essenciais. Por força do exercício privado de tarefas e
funções públicos esses serviços podem ser levados a cabo por particulares e empresas privadas.
11 de novembro
Associações públicas:
69
Ana Sofia Barbosa
O regime jurídico também consta do artigo 267 nº 4 da crp. 165 – reserva relativa
art. 267º/4 CRP
“4. As associações públicas só podem ser constituídas para a satisfação de necessidades
específicas, não podem exercer funções próprias das associações sindicais e têm
organização interna baseada no respeito dos direitos dos seus membros e na formação
democrática dos seus órgãos.”
Associações públicas: pessoas coletivas de direito público de carácter associativo criadas por um ato
de poder sem que estejam sujeitas a um controlo ou orientação externa, estão sujeitas apenas a tutela
de mera legalidade.
São pessoas coletivas de direito público de natureza associativa que procedem tarefas
administrativas necessária à satisfação dos interesses da coletividade dos seus membros.
As tarefas administrativas são destinadas à satisfação dos interesses dos membros
beneficiam de autogoverno e autodeterminação,
representam certos setores
o grupos de particulares cujos interesses privados coincidem com os interesses públicos.
Estas como qualquer pessoa coletiva que integra a administração autónoma beneficiam de certas
características como autonomia financeira. Possuem autogoverno e autodeterminação e
autoadministração que permite definir a orientação sem controlo externo sem qualquer intervenção externa
heterónoma.
Há uma mera tutela de legalidade. No inicio as ordens profissionais goizavam de uma certa imunidade
tuitelado. Atualmente esta garantida a tutela administrativa de mera legalidade. Não há superintendência
poder de direção e tutela de mérito.
Não há, ao contrário do que se sucede nas associações privadas, liberdade de associação. O poder
público delega tarefas administrativas no sentido de satisfazer determinados interesses públicos que são
coincidentes com os interesses particulares.
Há uma coabitação entre interesses públicos e interesses privados. No fundo são interesses privados
de interesses públicos, tem uma relevância pública. O estado confere um conjunto de poderes e autonomia
a considerar.
Elementos constitutivos:
1. Coletividade de membros
a. É conjunto de advogados que formas a ordem de advogados
4. Autogoverno
a. Agem através de órgãos próprios representativos
5. Coabitação de interesses públicos com interesses particulares que são de relevância pública
6. Gozam de autodeterminação
a. Esfera e responsabilidade administrativa própria
b. Não há superintendência nem tutela de mérito
c. Há uma tutela de mera legalidade conforme o artigo 45º
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Ana Sofia Barbosa
Regime jurídico:
Art 4 – natureza jurídica
o Pessoas coletivas de direito publico e sujeitas a regime de direito público. Todavia pode
ser admitido regime dualista 4 nº 2 alínea d)
o Como são pessoas coletivas de direito público estão sujeitas ao controlo jurisdicional por
parte dos tribunais administrativos.
Estatutos – art 8
o Aprovados por lei.
o São heterodeterminados
Órgãos – 15º
Elegibilidade – artigo 16
24, 25 e 26
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Ana Sofia Barbosa
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Ana Sofia Barbosa
São organismos criados pelo Estado para desempenhar tarefas administrativas suas mas que o
Estado isenta de qualquer subordinação ao controlo.
Características:
1.º Os seus membros podem ser nomeados pelo Governo ou Assembleia da República
2.º O mandato é mais longo do que os das entidades de administração direata
3.º São inamovíveis e responsáveis pelas decisões que tomam no exercício das suas funções
4.º Gozam de uma grande autonomia financeira
5.º Não obedecem a nenhuma outra entidade externa
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Ana Sofia Barbosa
Há aqui uma certa aproximação às entidades que fazem parte da administração Autónoma. Há
uma coletividade territorial, uma circunscrição administrativa. Quanto à administração Autónoma tem
como substrato a coletividade de membros, isto não acontece com as entidades administrativas
independentes, não tem autogoverno não tem como substrato a coletividade territorial ou de natureza
profissional. Tem independência e autonomia propria da administração Autónoma mas não tem
autogoverno.
Por outro lado aproximam-se das entidades que fazem parte da administração indireta sem se
confundirem. São entidades criadas pelo estado para desempenham tarefas administrativas no estado.
Neste aspeto haveria uma aproximação. Os seus membros podem ser heterodesignados pelo governo
como as autoridades reguladoras mas os órgãos destas entidades administrativas não obedecem ao
governo. Não são passiveis de ser destituídos. Apesar de as autoridades reguladoras independentes
serem entidades cujos membros são designados pelo governo a propria lei isenta de controlo. Não
devem obediência a nenhum outro órgão, gozam de grande autonomia financeira. Não estão
dependentes nem são instrumentais. Alias, o mandato destes membros que compõe os órgãos é mais
longo dos membros dos institutos públicos.
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Ana Sofia Barbosa
Temos a autoridade de garantia dos direitos fundamentais. Trata-se de um outro tipo de entidade
administrativa independente como a comissão e proteção de dados. A diferença é que normalmente as
entidades administrativas independentes que fazem parte desta categoria não tem personalidade
jurídica, constituem em termos formais institutos públicos nomeadamente serviços personalizados. É
necessário analisar a lei-quadro em articulação com o artigo 48 da lei dos institutos.
Os seus membros são eleitos pela Assembleia da República e funcionam junto À A.R
Quais os limites dos poderes destas entidades?
Tem poder regulamentar, mas não pode invadir matérias de reserva de lei. Em segundo lugar,
estas entidades não podem desempenhar funções reservadas pela crp e lei aos tribunais, não tem funções
jurisdicionais. Emite a reserva de lei quanto ao poder normativo regulamenta mas não pode invadir a
reserva da função jurisdicional
Apesar de um credencial constitucional, eventualmente poderiam ser criados entidades para
prosseguir fins de natureza constitucional. Será que legitima a criação de entidade administrativas
independentes em todos os setores e esferas administrativas. Deve vigorar a interpretação que as
entidades administrativas independentes devem ser criadas para setores muito especializados.
O legislador não pode criar as autoridades administrativas independentes que lhe apetecer.
“Será isto aceitável, mesmo perante a sua constitucionalização (art. 267.º/3), introduzida pela
revisão constitucional de 1997? (…)
A primeira consequência da constitucionalização das autoridades
administrativas independentes é a de que a revisão constitucional operou silenciosamente uma
ruptura do sistema administrativo anteriormente reconhecido na Lei Fundamental. Depois, ao
verificar-se tal constitucionalização, esta deveria ter definido o campo de actuação das autoridades
administrativas independentes, o que não fez, pelo que a liberdade constitutiva deixada ao legislador
ordinário me parece roçar a inconstitucionalidade.Porque o problema não é de mera
compatibilidade constitucional há que tirar outras ilações.
A primeira é a de que a plasmação constitucional destas entidades, através de uma cláusula
geral (decaindo o princípio da tipicidade), deveria exigir outra consciência ou sensibilidade
constitucional, uma vez que estas entidades independentes, na maioria dos casos, desenvolvem
actividades que já eram ou podiam ser levadas a cabo pela Administração (existente), o que, em
última instância, pela sua abertura e indefinição, coloca o problema da norma
inconstitucionalmente constitucional (art. 267.º/3 da C.R.P.)
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Ana Sofia Barbosa
Atualmente a par da Administração constituída por pessoas colectivas de direito público começa-se
a integrar pessoas colectivas de direito privado.
São de criação pública
São entidades administrativas criadas por outras pessoas coletivas de direito público
Apesar da sua criação pública têm o Direito Civil e o Direito Comercial como direito regente -
Tribunais Judiciais
Ex:
Sociedades de capitais públicos – substrato público mas personalidade
jurídica privada
Fundações públicas de direito privado – universidades
Associação de entidades administrativas mas sujeita ao Direito Civil
Entidades de composição mista – associações mistas, etc.
Desenvolvem tarefas administrativas, fazem parte da organização mas não são pessoas
colectivas públicas e o direito ordenador é o direito privado.
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Ana Sofia Barbosa
Estas entidades na sua atividade estão sujeitas aos princípios gerais que regem a atividade
administrativa.
Art.2º CPA – esta norma começa a ser acanhada porque a gestão privada também começa
a ser a nível da organização.
Problema de natureza constitucional
Fenómeno de coabitação
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Ana Sofia Barbosa
Prossecução do interesse público é o critério que o Prof. Colaço acha relevante para definir as
pessoas colectivas de direito público.
16 de novembro
ORGAOS
As pessoas coletivas são dirigidas por orgaos.
São os orgaos que manifestam a vontade de uma pessoa coletiva publica
Compete aos orgaos realizar as atribuiçoes da pessoa coletiva publica.
Pode haver pessoas colectivas:
Monorgânicas – 1 órgão
Pluriorgânicas – vários órgãos
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Ana Sofia Barbosa
A regra é que as pessoas colectivas tenham varios orgaos o que implica um principio de separaçao
de competencias. convem referir que há uma tipologia de orgaos:
Orgaos colegiais- CPA regulados separadamente
Temos orgaos singulares e orgaos colegiais (tem mais que um membro-minimo são tres22n3 do cpa)
Órgãos Singulares e órgãos colegiais
Órgãos singulares – a titularidade corresponde apenas a uma pessoa.
Órgãos colegiais – quando é constituído por 2 ou mais titulares.
Normas especiais: art. 14º a 28º CPA
Orgaos centrais (competencia sobre todo o territorio) e orgaos locais(competencia sobre uma
determinada circunscriçao).
Órgãos centrais – são aqueles que têm competência sobre todo o território nacional. (Ex: ministérios)
Órgãos locais – são os que têm competência limitada a uma circunscrição administrativa. (Ex:
Câmara Municipal)
Orgaos primarios -competencia propria sobre as materias que lhe são confiadas por lei.
Secundarios- competencia delegada
e vigários- órgãos que só exercem competencia por substituiçao de outros orgaos.
Órgãos vicários – só podem exercer as competências na substituição de outro órgão.
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Ana Sofia Barbosa
Órgãos consultivos – são chamados a emitir pareceres aos órgãos da Administração activa.São
aqueles cuja função é esclarecer os órgãos activos antes de estes tomarem uma decisão.
Órgãos de fiscalização – função de controlar/fiscalizar a actividade dos outros órgãos.
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Ana Sofia Barbosa
3. A convocatória da reunião deve ser feita para um dos 15 dias seguintes à apresentação do pedido,
mas sempre com a antecedência mínima de quarenta e oito horas sobre a data da reunião
extraordinária.
4. Da convocatória devem constar, de forma expressa e especificada, os assuntos a tratar na reunião.”
art. 19º CPA – nas reuniões extraordinárias não se pode deliberar sobre assuntos não agendados.
art. 20º CPA – as reuniões normalmente não são públicas.
art. 22º CPA – quórum de reunião
“1. Os órgãos colegiais só podem, regra geral, deliberar quando esteja presente a maioria do número
legal dos seus membros com direito a voto.”
art. 23º CPA
“No silêncio da lei, é proibida a abstenção aos membros dos órgãos colegiais consultivos que estejam
presentes à reunião e não se encontrem impedidos de intervir.”
art. 25º CPA – quórum deliberativo
“1. As deliberações são tomadas por maioria absoluta de votos dos membros presentes à reunião,
salvo nos casos em que, por disposição legal, se exija maioria qualificada ou seja suficiente maioria
relativa.”
art. 26º CPA – em caso de empate o presidente tem voto de qualidade (o voto vale por 2).
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Ana Sofia Barbosa
As abstençoes são relevantes para o apuramento da maioria absoluta e qualificada e não para a
relativa porque tem em conta os votos de todos os membros presentes
Proibição de abstenção-artigo 23º- se orgao existe para especializaçao tecnica, não tem sentido que o
orgao se abstenha.
Nos orgaos colegiais deliberativos podem funcionar como consultivo. e importante distinguir. Nas
deliberaçoes pode have abstençoes, mas nos pareceres não.
Formas de votaçao
artigo 24-deliberaçoes por votaçao nominal. Cada membro exprime separadamente a sua posiçao
todavia no Nº2,deliberaçoes sobre juizo de valor- votaçao secreta.
Se houver duvidas : o orgao delibera sobre a forma(codigo atual) ou o presidente decide(novo projeto)
Voto de qualidade do presi.
Cada reuniao tem uma ata- que e um resumo da reuniao- tem que ser aprovada pelos membros.
Deliberaçoes- orgaos colegiais
Decisoes-orgaos singulares
So com a ata se pode executar as deliberaçoes
Podem haver votos de vencido(ficar isentos de responsabilidade de alguma deliberaçao)
18 de novembro
Atribuições e competências
As pessoas coletivas existem para realizar determinados fins que são atribuições. Estas são os
interesses públicos específicos que a lei incumbe a pessoas coletivas públicas de realizar e prosseguir. As
pessoas coletivas de direitos públicos para tal estão dotadas de órgãos ainda que os atos sejam imputáveis a
pessoa coletiva publica quem tem legitimidade passiva na ação contra a administração , isto é, deve-se
próprio a ação contra a pessoa coletiva publica e não contra o órgão, conforme o artigo 10º do CPTA.
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Ana Sofia Barbosa
Para a realização das finalidades da pessoa coletiva a lei dota de órgãos. Os órgãos detém poderes
funcionais que a lei confere ao órgão para este realizar as atribuições da pessoa coletiva publica que integra
a que pertence.
Nesta matéria vigora estritamente o principio da legalidade. As pessoas coletivas tem atribuições
e os órgãos tem competências que a lei confere. Na pessoa coletiva privada as atribuições são autodefinidas
pelos seus criadores através dos estatutos.
Nas pessoas coletivas públicas as atribuições são heterodefinidas. A amplitude das atribuições é
muito variável.
As pessoas coletivas públicas territoriais tem fins gerais. As regiões autónomas são pessoas coletivas
públicas de fins genéricos. Há pessoas coletivas públicas derivadas muitas vezes criadas pelas primárias que
têm fins setoriais, muito especifico como o instituto público a empresa pública.
Os ministros todos eles tem a mesma competência: contratar, nomear, inspecionar. O que varia são
atribuições. Por um lado convém distinguir meios jurídicos como as competências e os fins a atingir são as
atribuições, mas também porque a lei atribui consequências jurídicas diferentes quando o órgão atua fora
das atribuições ou fora das competências. Quando um órgão age fora da pessoa coletiva a que pertence
fugindo a principio da especialidade o ato é nulo 133 cpa. Quando um órgão viola a competência dentro da
pessoa coletiva publica o ato é anulável.
Nos ministérios como as atribuições a prosseguir esafo distribuídas por ministérios, um ministro
que age no âmbito de outro ministério trata-se de um imcompetencia absoluta porque esta em causa a
violação de atribuições.
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Ana Sofia Barbosa
Competência – principio da legalidade- compete a lei e apenas a lei conferir delimitar ou retirar a
competência a um órgãos, isto é , os poderes funcionais. A competência é de ordem pública. Desta ideia
fundamental do princípio da legalidade:
1. A competência não se presume, tem que ser atribuída pela lei a um dos órgãos administrativos
2. A competência é imodificiavel – a administração não pode alterar o conteúdo nem estabelecer a
distruiçao dos poderes funcionais a rebelia da lei
3. A competência é irrenunciável e inalienável
a. Um órgão não pode renunciar ao exercício da sua competência ou transmiti-los para outros
órgãos
b. Sob pena da nulidade como no artigo 29 nº 2
No caso da autovinculaçao a lei confere poderes mas a admnistraçao ao invés de decidir caso a caso
elabroa um conjuntos de normas gerais e abstratas num regulamento e através delas define um conjunto de
critério de decisão de determinadas matérias, a isto se designa autovinculaçao. Não hav erá aqui a renuncia
da coimpetencia?
Critérios:
Quanto à matéria
Há certos interesses públicos ficam a cargo de determinados órgãos por se entender que os órgãos
tem mais qualidade administrativa mais adequada À sua prossecução.
Quanto ao território
O órgãos so pode exercer a competência nuam determinada circunscrição administrativa. Este vicio
da imcompetencia territorial está um pouco em desuso. Há uma harmonização do ato amdnistrativo fruto do
projeto europeu. A ideia de territorialidade do direito amdnistrativo tem que ser lida com uma certa reserva.
Há uma certa desmaterialização territorial do direito administrativo.
Quanto À hierarquia:
Quanto ao tempo:
O poder administrativo é de certa forma infinito. Podemos discutir depois o tipo de vicio: se é
formal, se é de imcompetencia. De certa maneira é imprescritível o exercício do poder.
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Ana Sofia Barbosa
Delegação de poderes:
( no projeto de revisão, artigos 44 e ss)
Frequentemente a lei atribui um conjunto de poderes funcionais que podem ser delegados.
Normalmente é feita no âmbito de órgãos da mesma pessoa coletiva. Mas pode haver delegação para órgãos
de diferentes pessoas coletivas publicas.
Natureza jurídica:
3 teorias;
2. Tese da autorização
a. A lei habilitante que prevê a delegação de poderes sobre matérias já conferia
condicionalmente ao órgão delegado uma competência propria. O órgão delegado já era
competente antes do ato de delegação mas não poderia exercer os poderes sem autorização
previa do órgão delegante.
b. O ato de delegação de poderes permite a um órgão exercer competência propria depois e
exercido o ato. o órgão não poidia exercer a com,petencia sem autorização previa do órgão
delegante
Quanto a primeira, se assim fosse o órgão delegante perdia qualquer relação com os poderes e matérias
abrangidas. Desvinculava-se. Não casava bem com o disposto do 29 do CPA. Era uma contradição. Contudo
o órgão delegante tem um conjunto de poderes sobre o órgão delegado conforme o artigo 39 mas como é
que tiria os poderes se tivesse alienado? Tendo em conta o régime jurídico posto há uam alteração importante
no projeto do nº4 do 44.
Inclinamos para a teses que o ato de delegação permite que um órgão permite a outro órgão no âmbito da
memsa pessoa coletiva em regra execita u competência que continua a ser do outro órgão. Cria no delegado
uma qualificaço para o exercico em nome próprio de competência alheia. O que se tranfer não é comptencia
mas on exercício da competência. Só qassim há harminia com ao rtigo 29.º e 39.º do CPA
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Ana Sofia Barbosa
Regime jurídico:
A delegação de poderes depende de uam lei habilitante. Há uam habilitação legal. Sme esta
habilitação legal A DELEGAÇAO DE PODERES CORRESPONDIA a uma renuncia de coimpetencia o
que se reconduzi ao 29 nº 2 para a nulidade. Tem que haver a habilitação legal especifica.
nos nº 2 e 3 …..
os poderes podem ser delegado e subdelegados. Neste caso nos termos do artigo 36 do CPA. O que
é necessário é que a não proíba e que o delegante autorize. Exige-se que o delegante autorize o delegado.
Subdelegação- o subdelegado pode delegado competência subdelegados. Que requisitos? Não +e necessário
autorização do delegante. O que é necessário é que a lei não o impeça e que o delegante ou subdelegante não
tenha estavbelecido que tal competência não possa ser subdelegado.
Face a primeira a diferença é que não é necessária a autorização do delegante. O que é necessário é que o
delegante ou subdelegante não tenham estabelecido que a comptencia posssa ser delegada e que a lei no
impeça.
Arr37 – conteúdo
No ato de delgaçao o órgão delegante ou sub delegante deve especidicar os poderes delegados ou
subdelegados ou os atos que estes podem praticar. Tem que que haver uma explicitação concreta de modo a
evitar especificações genéricas. Deve-se primar pela especialidade.
Tal se verififca para respeiutar as garantias amdnistrativas e contenciosas dos particulares. O ato
praticado eplo delegado é sempre possível de recuso administrativo. O ato é sempre passível de recurso. Nos
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Ana Sofia Barbosa
termos do 158 nº 2 do cpa e 176. Nas impugnações administrativas eo lesado em vez de recorrer ao tribunal
pode recorrer ao autor do ato ou para o superior hierárquico. Este recurso para o superiro pode ser necessário
( temque se recorrer administrativo, funciona como pressuposto processual para intentar no tribunal
amdnistrativo) ou facultativo (pode impugnar diretamente o ato no tribunal)
Uando ah delegaçaod e pdoeres nunca há hierarquia. Assim o ato do subalterno pode ser recorrido
para o delegante, énum recurso hiarquico improprio. O interessado não pode impugnar judicialmente o ato.
o recurso amdnistrativo é facultativo pois o ato pod ser imediatamente impugnado judicialmente no tribunal
administrativo.
Através desta instruções o órgão eelegante pode indicar metas a atingir, mas não significa a
pssoibilidade ou capacidade d eum órgão delegante em determinar o cnteudo do ato. a avocação proclude o
ato. quando se diz que se pode revogar deve.se conjugar com o artigo 162
40 – exntiçao
41 – substituição
Há que saber se o órgãos substituído mantem os mesmos poderes que a lei o artigo 39 confere ao
delegado, s eo substituindo pode emitir diretivas ao órgão substituto, Se pode ou não revogar. O professor
faz a mesma interpretação. O órgão substituindo pode evitir diretivas vinculadas, avocar, pode também
revogar os atos praticados pelo órgão subtituto
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Ana Sofia Barbosa
A competência compete ao superior hierárquico sobre os órgãos em conflito. A competência para esta
resolução de confluitos de competência competece ao superuior hierárquico dos órgãos em conflito. Etes
conflitos são resolvidos por via amdnistrativa o que não acontece nos confluitos de atribuiºçoes. Netes a
siluçao varia consoante as entidades envolvidas.
O conflito d eatribuiçoes é resolvido pelo ministro quando envolva órgãos do mesmo ministério ou pedssoas
coletivas dotadas de …. Nestes caso é o ministro. Aos tribunais compete a resolução quando envolva órgãos
de pessoas coletivas diferentes nomeadamente entre dois municípios ou entre município e estado. Quando a
competência cabe aos tribunais aplicam-se os atigo 135 a 139 do CPTA. O tribuanl determina ainvalidade
do ato.
Quem pode? Solicitada por qualquer interessante mediante requerimento ou pode ser oficiosmanete
solicitada pelos órgãos em conflito logo que tenham conhecimento. O professor considera uma terceira
hipótese que implicitamente pod see desencadeada pelo oprgao cpmpetente para dirimir o conflito. O órgão
competente deve ouvir os órgãos em conflito e proferir a decisão no prazo de 30 dias.
A administração de conflitos é feita pela via administrativa e varia consoante as entidades envolvidas.
São convocada no CPA sob a forma de garantia de imparcialidade. Relacionam-se com valores
inerentes ao rpincipio da imparcialidade, mas não só. São garantias do particular mas visam proteger o
interesse publico de eventuais atuações improprias e incorretas. Não se deve confundir o impedimento com
a imcompatibilidade. Esta ultima remete para a ideia de exercico simuiltaneio de funções por intermedio do
mesmo agente. Traduz a ideia de inconciabilidade da acumulação na mesma pessoa de dois estatutos
profissionais que são abstratamente incompatíveis. A figura d aimcompbilidade tme um adimensao abdtrata
A figura do impedimente tem a ver com a ideia de inibir de participar num procedimento quando o
agente tem um interesse direto e pessoal e com relação de parentesco ou de afinidade próximas.
Regime jurídico:
Artigo 45- quem pode invocar o impedimento? Próprio tiular do órgãos ou agente amdnistrativos e deve
comunicar ao sueprior hierárquico
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Ana Sofia Barbosa
Ao contrario da figura da suspeisao tem uma natureza declarativo. vsitos os pressuposto de fcato
desencadeiam-se os efeitos que lhe são associados. Basta apenas constatar da situação de facto para
determinar os efeitos que a lei associa, como é o caso de avaliar um filho ou ser marido da aluna e se
rprofessor dela.
46 – suspende a atividade
Escuja e suspeição
Escusa ou dispensa 48 -
Na escusa o incidente é desencadeado pelo titular do órgão administrativo e ana suspeição a iniciativa é
levantada pelo interessado. Vejamos um candidato a um concurso o interessado pode entender que o membro
do júri. Os pressuposto do impedimento saon taxativo sos pressupostos da escusa e suspeição são meramente
exemplificativos.
No caso da suspeição, os pressuposto da suspeição soa mais fluidos vai até aos sobrinhos. no impedimento
vai ate aos cunhados ou irmaos. O legislador utiliza conceitos jurídico indeterminado artigo 48 como
“grande intimidade”, alínea d.
Por um lado a relação de parentesco não é tao próxima mas utiliza conceitos indeterminados.
Nota: normalmente os interessados suscitam sempre e problema da inimizade grave. Embora o regime
jurídico seja semlahante ao impedimento que tem natureza declarativa na suspeição e escusa inao basta a
verificação d asituaao fáctica como +e anecessaria avaliação do órgão competente ponderando o carater do
fucnoionario alvo da suspeição e os valores em presença.
Qual a consequência jurídica? – 51 – os atos são anuláveis nos termos gerais . a lei é omissa relativamente
as situações em que o funcionário ou agente está numa situação reconduzível a que podia ser levantada a
dispensa. A resposta seria se o titular do órgãos não tinha motivos para propor a dispensa ou excusa e se o
interessado não viu razoes para sucitar qualquer suspeição entende-e que o ato ou contrato administrativo
celebrado que poderia suscitar duvidas não tendo sido invocado a excusa nem arguida a suspensão é tido
que não padece de qualquer vicio, sendo valido.
O interessado poderá ter tido conhecimento À posterior. Se isto acontecer poderemos estar perante uam
invalidade superveninente e haveria de ser susitada a anulçao do ato desde que feita nos casos legalmete
previsto isto partinda da conceçao da invalidade originária e superveninente. Por uma alteração
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superveninente das circunstancias ou aplicação de uma clausula poderia justificra que o ato se tinha tornado
num ato supervenientemente invalido mas que no inicio era bom
20 de novembro
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Ana Sofia Barbosa
Vantagem:
1. O particular passa a ser visto como um sujeito da relação jurídico com direitos e
deveres e não como administrado até então, levando a uma maior jurisdificaçao da
relação jurídica entre admnistraçao e particulares
a. Os particulares tem direitos e garantias a par de deveres
b. É mais exato falar em particular que em cidadão. O particular englobva as pessoas
físicas e as pessoas jurídicas, pessoas coletivas. Pode excluir o estrangeiro
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Ana Sofia Barbosa
A administração não esta apenas sujeita à lei mas a um bloco normativo global que
engloba normas constitucionais, comunitárias, normas ordinárias, regulamentares e os princípios
fundamentais da atividade administrativa.
A administração tem que fazer o que a lei ordena, o que a lei concede a fazer. O princípio
da legalidade foi o primeiro esteio normativo em defesa das posições jurídicas dos particulares
face das ações mais intrusivas da administração. Os tribunais pretendem defender os direitos das
pessoas nomeadamente o direito de propriedade no que se refere ao domínio das expropriações,
sendo realizada por extrema necessidade pública, como ultima ratio
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Ana Sofia Barbosa
Relaciona-se com o princípio da precedência da lei - o órgão que pratica o ato administrativo
tem que ter compete
2 Sujeitos
Administração Particulares
Hoje quando a Administração pratica um ato conta a Administração e o beneficiário do ato mas
também os terceiros lesados/afetados.
A relação entre o beneficiário do ato e os terceiros lesados era tradicionalmente
entendida como uma relação civil.
Conjunto de garantias
procedimentais
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Ana Sofia Barbosa
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Hoje a executoriedade não é uma característica dos actos porque sendo a eficácia um
pressuposto da executoriedade pode ser posta em causa através de uma providência cautelar.
Assim sendo a Administração não pode executar o acto.
Vai desde a coima até à possibilidade de suspender o exercício profissional por parte do agente.
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Ana Sofia Barbosa
o Um município pode ter construído uma estrutura e devem ser deduzíveis ao poder de
indeminização. Em bom rigor a mais-valia do terreno resultante dada tal infraestrutura. O
código de expropriações 168/99 18 de setembro – 56/2008. Este é um poder fortíssimo. É o
ato na esfera jurídica patrimonial mais exigente. Se o bem expropriado não for utilizado nos
termos do artigo 5º, no prazo de 2 anos de adjudicação para o fim que originou a expropriação
o particular teria o direito de recuperar o móvel expropriado.
Discussão
litigiosa
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Ana Sofia Barbosa
2 Tipos de procedimento:
- Expropriação urgente – a Administração toma imediatamente a posse do bem.
- Expropriação normal – tem em conta as garantias dos particulares.
Estes poderes correspondem também limites. Se por um lado tem poderes exorbitantes por
outro lado impõe à administração limites, obrigações exorbitantes de direito privado. Há o
respeitos pelos direito fundamentais, princípio da legalidade, controlo do tribunal de contas e
ainda o interesses público.
Os limites da Administração
A Administração não tem discricionaridade quanto aos fins – quem define os fins é a lei.
O procedimento administrativo tem várias fases que consagram várias garantias dos
particulares.
Ex:
- direito à participação
- direito à notificação
- direito à fundamentação
- etc.
- Assembleia da República
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Havendo os pressupostos da lei o funcionário público tem direito à reforma. A Administração não
pode recusar.
São direitos subjetivos. A outra posição jurídica são os interesses legítimos
Os direitos e interesses legalmente protegidos vão pra lá dos direitos gerais das pessoas
porque grande parte do estatuto fundamental do particular face à administração engloba um
conjunto de direitos fundamentais muitos deles pensados em relação à administração para defesa
do cidadão relativamente as ações ou omissões ilegais na administração – direito a audiência
prévia, tutela judicial e efetiva plena.
Os direitos vão para além dos direitos gerais das pessoas e grande parte destes direitos
fundamentais são postos em relação a administração como instrumentos de defesa do particular
face a administração, acrescentando-se ainda o direito à informação, direito de acesso aos registos
administrativos (268nº2 crp), direito a publicação expressa dos atos (268 nº 3).
1. Existe um interesse na esfera do particular mas a lei não protege direta e intencionalmente
o interesse do particular.
2. A lei não protege diretamente a posição jurídica do particular mas a realização do direito
público. O particular já não tem direito à satisfação da sua pretensão, tem é direito a que
não haja um ato ilegal por parte da Administração.
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É uma posição jurídica substantiva. O particular tem o direito a que a administração não
pratique atos que lesem e ofendem a sua posição jurídica. Ele não tem o direito a proteção do
seu interesse próprio. Tem direito a que não ofendam ilegalmente a sua posição jurídica.
A tutela judicial não é tao plena como a que acontece no direito subjetivo tendo esta última,
por consequência, meios judiciais para obter a reparação da situação jurídica. O caso do interesse
legalmente protegido possui uma dimensão mais objetiva na reparação da ilegalidade. Visa-se
repor a atuação da administração nos termos do ordenamento jurídico.
Exemplos:
- a lei atribui ao diretor o poder de dar um Prémio a um funcionário que prestasse determinados
serviços:
O diretor atribui o mesmo mas os restantes funcionários consideram injusta atribuição,
suscitando o problema da imparcialidade ou simpatia politica. Desta forma podem impugnar a
decisão do superior hierárquico.
suponhamos que o superior hierárquico atribui o prémio por razões de amizade. Os outros
funcionários têm direito a impugnar essa decisão ( está em causa o principio da imparcialidade).
No entanto quem impugnou o ato não tem direito a receber o prémio, ele pode ser atribuído a
qualquer outro funcionário. Contudo não significa que quem contestou tenha o direito a receber o
prémio. Há o direito de uma segunda oportunidade para uma nova atribuição do premio
O direito é de o ato não ser inválido
O ato é nulo mas o funcionário não tem direito a permanecer no lugar – apenas tem direito
a uma audiência prévia, volta-se ao lugar em que se estava no procedimento administrativo mas
a decisão/conclusão pode ser a mesma. Não significa a reintegração do funcionário na
administração. Pode-se chegar a conclusão de que o funcionário pode ser punido.
Enquanto no direito subjetivo o particular pode exigir a satisfação plena do direito, no
interesse legalmente protegido só pode pretender uma decisão do tribunal.
- art. 22º CRP
- art. 272º/3 CRP
Vantagem:
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1. Elimina-se o dano
2. O lesado tem direito a uma nova chance
O direito do particular é o de que a administração não tome decisões ilegais que afetem a sua
esfera jurídica desfavoravelmente. A isto alia-se consequências:
1. Interesse legalmente protegido
a. Maior liberdade de decisão e apreciação e por vezes a tutela não é tao completa
2. Direito subjetivo
a. Matéria de retroatividade – 18 nº 3
Obrigação:
Quando o dever se integra no âmbito de uma relação jurídica deveremos falar em
obrigraçoes. A posição passiva de um sujeito corresponde a posição ativa de um sujeita,
nomeadamente que resulta de um contrato administrativo. Há aqui uma relação juridica e quando
há um nexo de ligação entre a situação ativa e passiva falamos em obrigações em sentido jurídico.
As obrigações resultam de uma relação jurídico-administrativa com um lado passivo e ativo.
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Ana Sofia Barbosa
Sujeições:
Caracterizam-se pelo facto de a lei lhes conferir certos poderes (poderes potestativos
da administração) que colocam o particular numa situação de sujeição.
(Ex: expropriação por uma utilidade
pública)
Também é um direito
art. 88º CPA – ónus da
prova
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Ana Sofia Barbosa
O princípio da legalidade
Noção
Princípio fundamental/ontológico do direito administrativo.
Estes artigos significam que a Administração está sujeita a um bloco administrativo, não
é só à lei.
- Normas constitucionais
- Normas relativas
- Normas regulamentares – regulamentos administrativos
- Normas comunitárias
- Princípios fundamentais do direito administrativo
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Princípios ≠ Subprincípios
Ex: o princípio da legalidade subdivide-se em vários subprincípios:
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Ana Sofia Barbosa
- Reserva da lei
- Primado/preferência da lei
- Precedência da lei
Houve uma densificação imensa o principio da legalidade tanto que se hoje se aplica
principio da jurisdicionalidade face a essa densificação. No inicio da era constitucional o
principio da legalidade era entendido era igual a lei , em sentido estrito lei parlamentar. Já não
se fala apenas da lei.
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Ana Sofia Barbosa
As lesões só podiam ser feitas por intermédio da lei. Só poderia atuar na estrita execução
da lei. Só podia ser feito por via legislativa e administração só podia praticar as medidas previstas
na lei. Prevalecia a lei sobre forma de atividade administrativa. A intervenção legislativa fora do
âmbito da reserva de lei tinha um carater excecional.
Hoje as expropriações são administrativas – por acto administrativo.
A Administração tinha que atuar dentro da lei (nem à margem nem contra a lei)
Estado Contemporâneo
Com a evolução houve uma extraordinária densificação destes dois princípios
acrescentando-se o sub princípio da precedência da lei.
Atualmente houve uma densificação destes subprincípios.
(1) Reserva de lei
(2) Primado da lei
(3) Precedência da lei – foi criado
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Ana Sofia Barbosa
- tem que haver sempre uma lei como base do acto administrativo.
- divisão de poderes entre o Governo e a Assembleia da República.
- até à primeira metade do século XX – não havia assim tantas leis que regulavam a
atividade administrativa.
- depois da primeira metade do século XX – há uma overdose de leis administrativas.
Na medida em que mudou o paradigma desenvolveu-se uma teia imensa que veio
disciplinar a atividade administrativa. Praticamente hoje a administração não pode praticar
nenhum ato sem nenhuma habilitação legal prévia, sem uma norma legislativa de habilitação.
Foi uma densificação extraordinária que veio vincular de forma mais forte a administração
pois passou a ser um limite de atuação da administração e também fundamento ou pressuposto
da atividade administrativa. Dizemos hoje que não pode haver ação da administração que não
se fundamentem numa norma habilitante que funcione como fundamento e só existe liberdade de
decisão se e na medida que a lei o preveja. Mesmo quando a lei goza de poder discricionário ela
só goza desse poder na medida da lei.
Não há poder discricionário sem lei. Tem que haver uma concessão legislativa. O poder
discricionário corresponde a uma concessão legislativa e qualquer norma habilitante tem que
referir dois aspetos
1. Determinar os fins
2. Qual o órgão competente
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Ana Sofia Barbosa
A discricionariedade deve ser a liberdade que a lei lhe confere – a Administração deve
escolher a melhor decisão
O princípio da legalidade no Estado de Direito liberal era violado sempre por acção.
Estes aspetos existem sempre em qualquer ato por mais discricionário que seja
O juiz pode obrigar a Administração a praticar um qualquer ato mas não pode obrigá-
la a praticar um ato concreto.
A Administração tem liberdade quanto ao conteúdo do ato mas não quanto aos fins
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Ana Sofia Barbosa
Argumentos da dupla
dimensão:
1 . A Administração não pode escolher o objetivo da sua atividade, a lei é que estabelece.
a . Compete a lei a definição dos fins a administração não tem discricionariedade quanto
aos fins
2. Quando a administração presta um serviço implica encargos para o erário público e não deve
decidir a administração por ela
a. A concessão de um direito/subsídio deve estar consagrada numa lei
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Ana Sofia Barbosa
A administração está sujeitas a normas de nível diferente. O que deve fazer a administração
quando as normas jurídicas que disciplinam a sua atuação estão em desconformidade com parâmetros
normativos superiores? Deve-se proceder a uma fiscalização administrativa da legalidade e
constitucionalidade? A administração aparece disciplinada fundamentalmente por normas legislativas
e regulamentares. Pode acontecer que a lei esteja em desconformidade com a constituição. Assim se
coloca a questão de saber se recai sobre a administração o dever de desaplicar essas normas que são ou
ilegais ou inconstitucionais. Cabe a administração o ónus de fiscalizar a constitucionalidade das normas
que cabem a administração
Há teses diferentes:
Tese minoritária:
Tese a favor: a Administração tem o dever de fiscalizar
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Ana Sofia Barbosa
Doutrina dominante:
Continua a basear-se na constituição. No fundo segundo 266 nº 2 as normas
constitucionais são aplicáveis desde que tenha natureza precetiva
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Ana Sofia Barbosa
a apreciação para o supeiror tanto vícios de legalidade e de mérito enquanto que os tribunais só
apreciam vícios de legalidade.
O superior ao confrontar-se coma legalidade do ato ato este desempenah a conformidade do
ato adminsitartivo com o regulamento que regula a situação mas também verifica se o regulamento
não está em desconformidade com o paramentro normativo superior.
Assim, colaço considera que a Amdinistração ao proceder a fiscalização do ato do subalterno
faz uma espécie de tutela autocintenciosa indireta. Não se pode propor diretamente sem ter recorrido
para o supeiror em que a amdnistraçao se apropriaria de uma funçao jurisdicional que naoi lhe
compete. Imagine-se uma norma interna em desconformidade com o direito comunitário, tamb+em
aqui se verifica a ilegalidade pois está em desconformidade com os parâmetros normativos externos.
Abre-se outra dificuldade, a admnisyraçao nacional devem desaplicar atos legislativos em
fdesconformidades com nromas comunoitárias sendo originárias ou derivadas
Em sede de legalidade oproblema é menos grave mas esta tese continua válida
O professor inclina-se para a tese dominante muito por força do 2º argumento. Contudo s enão
se tratar de inconstitucionalidade o professor entende que a amdnistração deverá ter um papel mais
ativo. Há que ter em conta os parâmetros normativos externos.
Há situações de estado de necessidade constitucionalno artigo 19º. Pode haver no direito amdnistrativo
situações de necessidade. A questão em cauisa é será o principio da legalidade é posto em causa ou
sofre compressões no estado de necessidade? Estas considerações são de construção jurisprudencial. O
principio do estado de necessidade é hoje um principio de direito administrativo.
A questão que se coloca é se os atos atos no estado de necessidade são validos ou inválidos? Se forem
inválidos são impuganaveis contenciosamente ou não?
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Ana Sofia Barbosa
Estado Necessidade
Colaço considera que a disposição dá resposta à pergunta, sendo portanto estes atos válidos.
Mas para que o ato seja válido deprende-se que os atos tem que obedecer ao principio d
aproporcioanlidade em sentido amplo proibindo o excesso. As medidas tem que ser proporcionais
à gravidade da situação. Há que respeitar o principio da proporcionalidade na sua tripla dimensão
.
art. 3º/2 CPA – a Administração pode praticar um ato administrativo sem que haja um
procedimento administrativo ou em violação das formalidades essências desse procedimento.
O ato pode ser praticado sem que tenha havido procedimento administrativo
Situações de expropriação:
- Expropriação normal
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Ana Sofia Barbosa
―desde que os seus resultados não pudessem ter sido alcançados de outro modo‖
Subprincípios:
- Princípio da necessidade – tem que ser necessária
- Princípio da adequação – tem que ser adequada
- Princípio da proporcionalidade – tem que haver ponderação dos interesses: tem que haver
proporcionalidade
O princípio da boa-fé
- art. 266º/2 CRP
Menezes cordeiro explicita a ideia fundamental que o direito se preocupa em atingir resultado
efetivos, soluções concretas. O direito não se divorcia do resultado material efetivos.
Como há um prazo para a amdnistraçao anualr o ato 141 cpa quer remete para o 58 cpta o prazo
é de um ano. Se a admnistraçao numa situação normal não anular o ato legal o ato consolida-se na
ordem jruidica. A administração já não o pode pôr em causa. Só é possivela a apreciação incidental ao
abrigo do 38.º do CPTA mas a impugnação direta desse ato é impossível. A admnistraçao fica inibida
de impugnar o ato mas não se convalida.
Imagine-se que o ato é ilegal em virutde do particular agir d emá fé. A admnistraçao poderá
anular ao to para alem do prazo de um ano quando o ato iliegal é causado pela atuação de ma fe do
aprticular
Princípio da boa fé – tem a ver com a protecção das expectativas dos particulares causados pelos
comportamentos da Administração.
A administraçao não pode defraudar as expectativas do particulares resultantes da sua atuação anterior.
Requisitos :
1. Atuação da admnistraçao que crie num sujeito de direito uam situação de confiança
2. Situação de confiança justificada
a. Tem que haver elementos concrteos na atuação da amdnistraçao que criem uma
convicção que a admnistraçao ia deferir a sua pretensão. Tem que haver elementos
objetivos da atuação da amnistraçao
3. Investimento de confiança
a. Com base na atuação inicial da administração o particular desenvolveu um onunto de
atividade que de outra forma não teria levado a cabo
4. Relação de causalidade entre a aituaçao geradora de confiança (atuação da amdnistraçao) e
situação de confiança do destinatário e relação de caudsalidade da situação e o nexo de
confinaça
5. Frustração da expectativa legítima do destinatário da atyuaçao da administração
Se houve uma autorização que criou uma situação de confiança e houve uma situação de
causalidade a amdnistraçao não pode vir posteriormente tomar medidas que possam lesar os
direitos do funcionário e do agente administrativo
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Ideia de correção/lealdade
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Invalidade do ato
Posição anterior
O princípio da proporcionalidade
“ está fortemente ancorada a ideia d e que, num Estado de Direito democráti co, as
medidas dos poderes públicos não devem exceder o estritamente necessário para a realização
do interesse público.” (Freitas do Amaral, Curso de Direito Administrativo, vol. II)
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120
Princípio da proporcionalidade:
Controlo mais apertado
Não limita a atividade administrativa discricionária, há liberdade de apreciçao e de
decisão, permitindo u controlo juriscional mais intenso do que o principio da
raziabilidade
O vínculo jurídico mais importante é a tutela do interesse público sem se divoricar da
tutela dos interesses subjetivos
Princípio axiológico normativo – a actuação da Administração pressupõe-se que
esteja viciada
Controlo da intensidade do exercício do poder discricionário na esfera dos
particulares
Principio ontológico
É um principio bicéfalo. Só se conjuga de forma proporcional aos direitos protegidos
e interesses legalmente protegidos. Há uma relação equilibrada entre interesse
público e tutela das dimensões particulares
Tem que haver uam relação entre meio e fim, fim este que está previsto na lei
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“A adequação significa que a medida tomada deve ser causalmente ajustada ao fim que se
propõe atingir.” (Freitas do Amaral, Curso de Direito Administrativo, vol. II)
Adequação jurídica (o meio e o fim têm que ser válidos) e factual (pressupostos de facto – tem
que ver se aquela medida é a mais adequada para a realização daquele fim).
Ex: A Administração expropriava um bosque privado porque o domínio público dava lhe uma
maior protecção – não é adequado. Ou então expropriar os poços para ter agua nas barragens
Princípio da necessidade
Quando a atuação da Administração se revelar a mais eficaz e menos gravosa para as posições
jurídicas dos particulares.
“A necessidade significa que, (…), a medida administrativa deve ser, (…), a que lese em menor
medida os direitos e interesses dos particulares.” (Freitas do Amaral, Curso de Direito
Administrativo, vol. II)
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Tem que se avaliar em valores em presença também (há bens que não têm valor económico).
O princípio da igualdade
“A igualdade impõe que se trate de modo igual o que é juridicamente igual e de modo diferente
o que é juridicamente diferente, na medida da diferença. (…) o princípio da igualdade se projecta
fundamentalmente em duas direcções:
- proibição de discriminação – a amdnistração não pode impor deveres ou encargos com base
em critérios insconstitucionais
- obrigação de diferenciação. – tem que ver com a ideia de que de uma igualdade material,
substantiva pode resultar que a amdnistraçao trate desigualmente o que é igual mas deve ser
desigual ou a tratar desigualmente o que é desigual mas que deve ser substancialmente igual”
(Freitas do Amaral, Curso de Direito Administrativo, vol. II)
Será que os tribunais invaliadam a atuação da amdnistraçao com base neste princípios? Em
regra não tem que se tratar de violações grosseiras. Quanto ao principio da igualdade normalmente os
juízes só invalidam a atuação da administraçaoi no contexto procedimental. Estes é o que mais afvorece
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o controlo jurisdicional da amdnistraçao quando esta viola o principio da igualdade. Imagine-se o caso
de alunos saberem da prova o ministro indicou a repetição da prova para aqueles alunos e o STA
declarou aquele despacho inconstitucional por violar o principuio da igualdade.
O princípio da imparcialidade
Proibição de atuar/agir com motivações de amizade, etc. São figuras e
garantia da imparcialidade:
- Impedimento
- Escusa e suspeição
A Administração é uma parte imparcial.
Não pode agir com motivos ilegais – só deve agir no quadro jurídico da lei.
Como é que admnistraçao é imparcial se por um lado é manifestamente parcial? Está vinculada
jruidico constitucionalmente a prosseguir o interesse público. Mas etsa tem que adotar o memso
comportamentop para com os particulares. A imparcialidade da admnistraçao não é a mesma dos
tribunais é a obrigação que recai na admnistraçao de não desfavorecer os particulares tratando com
igualdad.e este principio está relacionado com o principio da igualdade
“Ser imparcial é não tomar o partido de uma das partes em contenda. Se há duas partes em
contenda e vem um terceiro procurar separá-las, ou dizer quem tem razão, esse terceiro, para ter
autoridade e ser respeitado pelos contendores, tem de ser imparcial – o que significa que tem de
estar numa posição fora e acima das partes (super partes).” (Freitas do Amaral, Curso de Direito
Administrativo, vol. II)
O princípio da justiça
É a ultima ratio. Nunca se alega separadamente este principio. Normalmente conjuga-se com a
violação do principio da igualdade e da proporcionalidade. É o ultimo apelo para que a administração
atue não só legalmente mas materialmente com justiça.
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Os tribunais não anulam o ato tendo apenas em conta o principio da justiça. Mas tem grande
utilidade este principio para atender ao mérito da ação. No recurso amdnistrativo aprecia-se não só a
legalidade como o mérito mas que não é feito pelos tribunais.
Apreciação contenciosa
Colaço acrescenta que a escolha operada pela amdnistraçao entre as varias soluções não podem ser
feitas ao acaso de forma caprichosa. Acrwscenta a ideia da admnoistraçao escolher a melhor solução
entre as soluçoies igualmente legitima. A melhor tendo em cnta a realização mas ainda porque é a que
mais protege, é a menos intrusiva, ofende menos um direito subjetivo ou interesses leglmente protegido.
Porque é que a atividade administrativa não é toda vinculada? Qual o fundamento racional do pdoer
discricionário. O fundamento racional pode por um lado
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A discricionaridade deve permitir à Administração escolher para cada situação a melhor solução
possível.
1.º É impossível o legislador imaginar todas as situações que a vida nos coloca como também
é impossível para o legislador criar para todas essas situações estipular uma medida concreta.
2.º O legislador tem consciência que me algumas circunstâncias a Administração estará mais
habilitada para saber encontrar a melhor solução para aquele caso concreto.
Poder discricionário
O Prof. Colaço acha que tem que encontrar a melhor solução para satisfazer o interesse
público e com menor sacrifício dos particulares.
- Montante de um subsídio
- Sanção disciplinar
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A lei tem que definir a comopetencia objetiva (qual o órgão e matéria) e subjetiva
“A lei não regula sempre do mesmo modo os actos a praticar pela Administração pública:
umas vezes pormenoriza, outras vezes não associa à situação jurídica por si definida uma
única consequência jurídica, antes habilita a Administração a determinar ela própria essa
mesma consequência. Ou, por outras palavras: a regulamentação legal da actividade
administrativa umas vezes é precisa, outras vezes é imprecisa.” (Freitas do Amaral, Curso de
Direito Administrativo, vol. II)
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Vinculação:
“Em casos como este, a lei regula todos da acção administrativa. A Administração
desempenha tarefas puramente mecânicas, até chegar a um resultado que é o único
resultado legalmente possível.
(…)
Aqui, nós dizemos que a lei vincula totalmente a Administração. Ela não tem a
possibilidade de efectuar qualquer escolha. O acto administrativo é um acto vinculado.
(…)
A lei regula em todos os aspectos aquilo que a Administração deve fazer.” (Freitas do
Amaral, Curso de Direito Administrativo, vol. II)
Discricionaridade:
“A lei praticamente nada diz, nada regula, e atribui uma significativa margem de autonomia
à Administração pública. É esta que tem de decidir segundo os critérios que em cada caso
entender mais adequados à prossecução do interesse público.
(…)
Aqui a lei não pormenoriza o sentido da actuação da Administração Pública.”
(Freitas do Amaral, Curso de Direito Administrativo, vol.
II)
- Vinculação do fim
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- Vinculação da competência
O poder discricionário é uma questão de grau. Uma lei pode conceder ao órgão competências para
adotar competências adequadas. Aqui o conteúdo da norma permite uam grande liberdade de escolha na
solução a adotar. Inversamente o conteúdo da norma pode determinar uma atuação quase estritamente
vinculada, havendo ainda aque reduzida uma margem de discricionariedade nem que apenas se relacione
com o prazo, nomeadamente discricionariedade tmeporal
“Hoje, o poder discricionário, como todo o poder administrativo, não é um poder inato, é
um poder derivado da lei: só existe quando a lei o confere e na medida em que a lei o
configura.” (Freitas do Amaral, Curso de Direito Administrativo, vol. II)
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Normalmente o pro
(1) An (―Se: poder de actuar ou não) – quando a lei permite a administraçao atuar ou não
atuar, praticar ou não
130
130
(2) Quid (poder de definir o conteúdo) – liberdade que a lei concede a amdnistraçaod e
dterminar o conteúdo do ato, escolher uam solução entre duas ou mais soluções
legitimas
Ex: a lei determina que a Administração tem que praticar um determinado acto
com determinado conteúdo até um determinado prazo.
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Como é que interprete confrontado com uma norma jurídica quais os critérios para
distinfuir uma norma que vincula a atuação da admnistraçao ou tem discriciuonariedade?
- discricionaridade quanto ao An
- discricionaridade quanto ao Quid
- discricionaridade quanto ao Quomodo
- discricionaridade quanto ao Quando
Exemplos:
- Cidadão requer ao Governador Civil um passaporte, este emite o acto no prazo de
10 dias – poder vinculado (mas há discricionaridade quanto ao quando) - não há liberdade
de escolha
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art. 138º/1
24º/2/b
- art. 100º/2 CPA a lei está a escolher ente uam audiência escrita e oral. Qundo o legislçador
quer conceder poder discricionário este utiliza normalmente entre a previsão legal e
estatuição um conceito que é pode . normalmente o elemento de ligação pelo pode. Ou pelo
estabelecimento de medidas e soluções em alternativa
“Conceitos indeterminados são aqueles “cujo conteúdo e extensão são em larga medida
incertos”, (…). A sua utilização pelo legislador é hoje em dia frequentíssima. É assim porque
a lei precisa de se abrir à mudança das concepções sociais e às alterações da vida trazidas
pela sociedade técnica.” (Freitas do Amaral, Curso de Direito Administrativo, vol. II)
Problema: Será que quando o legislador utiliza conceitos jurídicos indeterminados quer
atribuir uma liberdade ou autonomia à Administração?
Várias teses
Discricionaridade e conceitos relativamente indeterminados: as várias
teses
“Conceitos indeterminados são aqueles “cujo conteúdo e extensão são em larga medida
incertos”, (…). A sua utilização pelo legislador é hoje em dia frequentíssima. É assim porque
a lei precisa de se abrir à mudança das concepções sociais e às alterações da vida trazidas
pela sociedade técnica.” (Freitas do Amaral, Curso de Direito Administrativo, vol. II)
9 de dezembro
Problema: Será que quando o legislador utiliza conceitos jurídicos indeterminados quer
atribuir uma liberdade ou autonomia à Administração?
Várias teses
Interpretação vinculada
Tese intermédia
1. EXISTENCIA DO FACTO
2. Qualificar juridicamente o facto
3. Apreciá-lo livremente
Os conceitos que estão em causa são os conceitos que nem são absolutamente vagos
nem são susceptíveis de total determinação.
Prof. Colaço
Outros defendem que o juiz controla tudo (tese de Afonso Queiró) ou que não
controla nada (tese de Rogério Soares, Vieira de Andrade)
Vício principal
Podem existir ainda aoutros limites quanto ao exercicio do poder discricionário. Pode haver
um erro de facto. Imagine-se que um órgão não concede um subskdio com bae nuima apreciação
errada da condição económica e social do requerente. Ou voltando ao exemplo da admnistraçao
normalmente só se admite o controlo jruisdiconal quando há um erro manifesto de apreciação, o
critério da evidencia. Nos anos 70 fo bem acolhido, contudo na atualidade não tanto. Só o erro
manifesto é relevante? A qualificação jurídica do facto é também uam operaço juridcia e asism para a
dminsitraçao ficaria margem de livre apreciaço mas entretanto tinha-se reduzido bastante e tinha
aumentado o pode de cognição do poder do juiz administrativo.
Há que distintguir os juízos de legalidade dos juízos de mérito sendo que ao juiz so compete a
fiscalização dos vícios de legalidade. Os juízos de mérito de acorodo com o entidmento tradicional
remetem para regras meta jurídica em saber se foi eficaz, por exemplo. Normalmente o tribunal só
aprecia dos vícios de legalidade e não aprecia os vícios de mérito. Por um lado tem receio de invadir
o principio da sepraçao de poderes e por outro lado a cocnessao do mérito remete para a concessão do
principio da amdnistraçao remetendo para critérios metajuridicos, como principio de oportunidade,
dai anao serem da sindicância do juiz. Não haveria importância em jurisdificar o conceito de boa
administraçao? Havweria a vantagem se houvesse esforço em jusrisdificar os juiizos de mérito.
Artigo 3º CPTA -.
M entendimento mais eficaz do dever de boa administraçao era dar uma mbito procedimental.
Quando a amdnistraçao cgasse ao momento da fase constituiva não pode praticar em incongruência
com o material instrutório. Aqui haveria um vicio do procedimento e lementos sintomáticos de desvio
de poder. Não haveria margem para jurisdificar? O mérito é resultado do exercico do poder
discricionário. O juiz pode sindicar os vários momentos em que se consun«bstanciou o pdoer
discricionário e o resultado não pode ser jurídico. Isto permitia um controlo indireto do mérito vsito
como resultado do poder discricionário.
a) Os limites legais são aqueles que resultam da própria lei. (…). A lei estabelece
mais ou menos limitações, conforme entender. Além disso, também os princípios
constitucionais relativos ao exercício da actividade administrativa condicionam
qualquer decisão administrativa discricionária.
b) Por outro lado, pode haver limites que decorram de auto-vinculação. (…) a
Administração pode exercer os seus poderes de duas maneiras diversas:
- pode exercê-los caso a caso, adoptando em cada caso a solução que lhe
parecer mais ajustada ao interesse público. (…)
- mas a Administração pode proceder de outra maneira: na base de uma
previsão do que poderá vir a acontecer, ou na base de uma experiência
sedimentada ao longo de vários anos de exercício dos seus poderes, a
Administração pode elaborar normas genéricas em que anuncie os critérios a
que ela própria obedecerá na apreciação de cada tipo de casos” (Freitas do
Amaral, Curso de Direito Administrativo, vol.
II)
“Concluímos, por conseguinte, que, nos casos em que exista, o poder discricionário
só pode ser exercido dentro dos limites que a lei para ela estabelecer, ou dentro dos
limites que a Administração se tenha validamente imposto a si mesma.” (Freitas do
Amaral, Curso de Direito Administrativo, vol. II)
Modalidades
Os controlos de mérito são aqueles que visam avaliar o bem fundado das decisões
da Administração (…).
Os controlos jurisdicionais são aqueles que se efectuam através dos tribunais.
Os controlos administrativos são aqueles que são realizados por órgãos da
Administração.
(…)
- o controlo de legalidade em princípio tanto pode ser feito pelos tribunais como
pela própria Administração, mas em última análise compete aos tribunais;
- o controlo de mérito só pode ser feito, no nosso país, pela Administração.
(…)
Costuma-se dizer que no mérito do acto administrativo se se compreendem duas
ideias: a ideia de justiça e a ideia de conveniência.
O que é a justiça de um acto administrativo? É a adequação desse acto à necessária
harmonia entre o interesse público específico que ele deve prosseguir, e os direitos
subjectivos e os interesses legalmente protegidos dos particulares eventualmente
afectados pelo acto.
Quanto à conveniência do acto, é a sua adequação ao interesse público específico
que justifica a sua prática ou à necessária harmonia entre esse interesse e os demais
interesses públicos eventualmente afectados pelo acto.” (Freitas do Amaral, Curso de
Direito Administrativo, vol. II)
Âmbito
(…) só pode ser controlado pela Administração.” (Freitas do Amaral, Curso de Direito
Administrativo, vol. II)
“entende-se hoje pacificamente que os actos discricionários, por isso que são
sempre também em certa medida praticados no uso de poderes vinculados, podem
ser atacados contenciosamente com fundamento em qualquer dos vícios do acto
administrativo. (…)
- podem ser impugnados com fundamento em incompetência, (…).
- podem ser impugnados com fundamento em vício de forma, (…).
- podem ser impugnados com fundamento em violação da lei, (…).
- e podem ainda ser impugnados com fundamento em quaisquer defeitos da vontade,
nomeadamente erro de facto, (…).
Não há em rigor controlo jurisdicional do exercício do poder discricionário, mas
sim:
- por um lado, controlo administrativo de mérito sobre o bom ou mau uso do poder
discricionário;
- e, por outro lado, controlo jurisdicional de legalidade sobre o acatamento ou não
das prescrições legais no exercício de poderes administrativos que, para além desses
aspectos vinculados, sejam poderes discricionários.
O “desvio de poder” não é , pois como normalmente se diz, a única ilegalidade
possível no exercício de poderes discricionários – é, sim, apenas, a ilegalidade típica
do exercício de poderes discricionários fora do seu fim. Mas há outras.
(…) o desvio do poder será sempre um vício correspondente à discrepância entre o
fim efectivamente prosseguido pela Administração e o fim legal; e os casos de
divergência comprovada entre o fim real e o fim legal serão sempre, fatalmente, em
escasso número.
A única forma ampla e eficaz de criar condições para um controlo efectivo do exercício
do poder discricionário da Administração está, (…), no aumento do número de
vinculações legais, isto é, de aspectos vinculados no exercício de poderes
administrativos.
(…)
O reforço do controlo jurisdicional do poder discricionário da Administração não será
nunca obtido em larga escala pelo canal do desvio de poder, mas antes através do
alargamento dos casos de incompetência, vício de forma e violação da eli no plano
do exercício de poderes discricionários.” (Freitas do Amaral, Curso de Direito
Administrativo, vol. II)
Ana Sofia Barbosa
“Neste quadro, creio que hoje o conceito de vínculo teleológico, no duplo sentido
definido por GIANNINI, de fim normativamente fixado e limite externo de validade
do acto, ganha um novo sentido.
O nosso discurso tem sido à luz do entendimento que vê a discricionaridade
“vinculada” ao dever de encontrar a melhor solução possível para o caso concreto e
não à possibilidade de escolha, entre várias, possíveis e legítimas soluções.
Em síntese, a consideração dos interesses públicos secundários e dos legítimos
interesses dos particulares deve servir para conferir razoabilidade, proporcionalidade
e justiça à solução administrativa, mas nunca para definir e qualificar e muito menos
para compor o interesse público primário. Este escapa ao processo ponderativo, na
medida em que é fixado directa ou indirectamente pelo legislador ao definir as
atribuições e competências dos órgãos administrativos, numa acentuação
igualmente pertinente da dimensão organizativa do interesse público.” (Colaço
Antunes, O Direito Administrativo e a sua Justiça no Início do Século XXI,
Coimbra,
2001)
procedimento, e, na fase terminal, na decisão final, que não deve ser mais que o
reepílogo do esforço interpretativo e procedimental.
(…)
E se não há discricionaridade administrativa no sentido antes referido (enquanto
liberdade de escolha), há ainda menos poder discricionário. A existir, este está
fundamentalmente na escolha dos meios para realizar o interesse público. Este
poder, é, porém, um poder essencialmente técnico e, a haver discricionaridade,
também o é cada vez menos do ponto de vista da tutela processual, face ao princípio
da tutela jurisdicional efectiva (arts. 20.º e 268.º da CRP). O que existe e permanece
é a discricionaridade legislativa, com o limite da liberdade constitutiva do legislador
ordinário se encontrar também aqui previamente vinculada à determinação dos
interesses públicos pela Constituição.
Contudo, a doutrina portuguesa, salvo raras excepções, tem optado por se
concentrar essencialmente na distinção entre discricionaridade e conceitos jurídicos
indeterminados, descurando o ensinamento de GIANNINI da centralidade da
relação entre discricionaridade e interesse público.” (Colaço Antunes, O Direito
Administrativo e a sua Justiça no Início do Século XXI, Coimbra, 2001)
Importância jurídico-constitucional
art. 267º/5 CRP – imposição constitucional de elaborar uma lei que regulasse os
procedimentos tipo da actividade administrativa.o legislador ordinário deve elaborar
uma disciplina normativa das varias formas de atuação da amdnistraçao através das
Ana Sofia Barbosa
- actos
- regulamentos
- contrato público
(1) Princípio do Estado de Direito – a administração tem que tomar decisões legais,
justas e eficazes.
Isto só é possível se a actividade administrativa estiver previamente regulada através
de um acto legislativo.
2. Importância jurídico-
administrativa
Procedimento ≠ Processo
O juiz não avalia só o acto final: ele avalia o acto à luz do que se passou no
procedimento administrativo.
2 Premissas
Tese de Aldo Sandulli: concepção formalista – Rogério Soares segue esta doutrina.
Ve o procedimento como sucessão ordenada de atos e formalidade destribuidas ao
longo do tepo e por varias fases e unidades temporais.
O procedimento administrativo tem 3 fases:
- preparatória
- constitutiva – o órgão responsável pratica a decisão
- integrativa da eficácia muitas vezes designada por complementares. O ato praticado
na fase constitutiva só se torna produtor de efeitos jurídicos externos depois de
cumpridos de determinado requisitos de eficácia
A tese formalista de Sandulli foi a teses que teve mais impacto no nosso CPA.
Ele vem dizer que o procedimento é uma sucessão de etapas temporais que se
desenrolam ao longo do tempo até culminarem no acto final.
Várias fases
Os actos que eram praticados anteriormente à fase de decisão não tinham relevância
externa. Só interessa o acto final.
Tese de Sandulli
O facto de o procedimento estar dividido por fases insinua já que temos actos
autónomos que podem ser impugnados autonomamente.
Quando um candidato é excluído para ele é um acto final e pode recorrer mas não é o
acto final do procedimento administrativo.
Tese contrária
Gianinni
Não pode haver nenhuma atividade jurídica da administraçao que não passe pelo
procedimento administrativo
O particular só pode impugnar o acto final, os outros actos são actos menores.
≠
Concepção de Sandulli
Para o Prof. Colaço parece excessivo que todos os actos possam ser impugnados.
Ordenação da actividade
Esta construção tem alguma importância porque veio dar alguma importância ao
procedimento administrativo – aos vícios formais.
Se a decisão apesar do vício for materialmente boa parece excessivo impugnar o acto
–
Prof. Colaço- considera esta conceçaoa mista quer formal quer substancial.
A tese formalista é insuficiente porque o procedimento também deve ser visto como
ordenação.
A decisão tem que ser formal mas também tem que se ter em conta que a decisão tem
que ser boa.
Vantagens:
O procedimento é instrumento de articulação e coordenação dos vários
órgãos das pessoas colectivas públicas.
Existe alguma liberdade quanto à prática de determinados atos sendo que há certos aspetos
estritamente vinculados como o dever do notificar quando o procediemo é oficioso. Os atos devem ser
fundamentados. A audiência prévia tem que se encontrar antes da fase constitutiva ou decisória
- Porque o legislador teve em vista uma tutela acrescida dos particulares: não só tutela
judicial mas agora também uma tutela procedimental prévia.
Forma de tutela preventiva dos direitos subjetivos e posições jurídicas favoráveis, funcionando
como elemento compensatório em certas áreas em que o controlo jurisdicional é mais limitado. O direito
administrativo não é apenas a administração é o direito e garantias dos administrados face a
administração.
O direito administrativos por uma lado visa a prolação de decisões justas, mas não pode-se
deixar de referir que é um instrumento para que a administração prossiga melhor o interesse pública
A atividade administrativa passa por vários órgãos de várias pessoas coletivas de direito
público. Imaginemos o plano urbanístico PDM é elaborado pela assembleia, tem que ter parecer
positivo da CCDR que se trata da administração direta e periférica e pode ser de uma resolução do
conselho de ministros.
Os particulares tem um papel decisivo quando se trata de iniciativa particular o particular pode
dar início ao procedimento. No caso da expropriação a iniciativa é oficiosa. O procedimento
administrativo tem a vantagem de tornas as decisões administrativas mais ponderadas, transparentes.
Permite ficar voluntariamente convencido da decisão da administração.
A Noção do CPA está plasmada no artigo 1º que coincide no projetoo de revisão embora na revisão se
tenha divido por várias alíneas. Na noção de procedimento esta plasmado a tese formalista
Permite uma participação intensa dos particulares a vários níveis. Introduz uma ideia
de democraticidade. Eleva o sujeito a a categoria de sujeito da relação jurídica:
iniciativa,
Audiência prévia, …
Princípio do inquisitório – art. 56º CPA
Uma das fontes principiais é a lei alemã de 1976. Há sempre doutrina que se opõe a
uma lei do procedimento administrativo que é o caso de Rogério Soares. Entendia que o
procedimento administrativo era um obstáculo para a admnistraçao decidir de acodo com o
interesse público. Entendia que se deveria confiar mais na capacidade da admnistraçao.
O CPA É mais que uma lei de procedimento administrativo:
1. Consagra os princípios fundamentais- liberdade, igualdade, justiça – arti.º 3 e ss
É mais que um código porque contem a disciplina dos sujeitos da relação jurídico
administrativa. Os órgãos por um lado e os interessados pelo outro – 20 e ss no processo de
revisão.
Temos normas e princípios gerais comuns e procedimentos administrativos típicos
que correspondem a forma de atuação da atividade administrativa.
Contempla também o seu regime substantivo. É o que se mais se aproxima de um
código administrativo
Houve autores pouco adversos a esta doutrina: Rogério Soares
Como surgiu o CPA – houve um lapso temporal entre a Constituição e a criação da lei.
Ana Sofia Barbosa
141
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Procedimento disciplinar – aqui tem que haver audiência prévia. (art. 32º/10
CRP;
art. 269º/3 CRP)
Sistematização do CPA
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Ana Sofia Barbosa 143
O procedimento aplica-se não só aos órgãos que integram a Administração mas também
qualquer acto materialmente administrativo praticado por um órgão do Estado
desde que actuem em funções administrativas.
Art. 2º/3 – “As disposições do presente Código são ainda aplicáveis aos actos
praticados por entidades concessionárias no exercício de poderes de autoridade.”
Entidades concessionárias – este art. 2º/3 CPA tem que ser conjugado com o
art.
267º/6 CRP – é a concretização deste artigo.
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Ana Sofia Barbosa 144
Art. 2º/4 – “Os preceitos deste Código podem ser mandados aplicar por lei à
actuação dos órgãos das instituições particulares de interesse público”
Princípio da
imparcialidade Princípio
da igualdade Princípio da
proporcionalidade etc.
Este art. 2º/5 CPA começa a ser insuficiente porque também há entidades
administrativas de direito privado (ex: Universidade do Porto).
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Ana Sofia Barbosa 145
16 de dezembro de 14
Art. 267º/6 CRP – por analogia se deve aplicar a todas as entidades privadas no
exercício de atividades administrativas.
Não é só para as
concessões
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Ana Sofia Barbosa 146
Quanto ao Regime:
Art. 55º CPA – iniciativa da Administração: esse inicio deve ser comunicado aos
interessados.´
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Ana Sofia Barbosa 147
Entre estes dois não há grandes diferenças. Contudo pode haver uma maior
jurisdicializaçao quando o procedimento é iniciativa do particular porque está em causa uma
pretensão jurídica favorável.
São os procedimentos que têm por objeto executar um ato da Administração, ou seja,
―transformar o direito em facto‖ – Freitas do Amaral. Ao abrigo do privilegio de execução previa
ou autotutela executiva a administração pode levar a cabo a execução dos seus atos mas pata tal
é necessário que a execução esteja sujeita a um procedimento administrativo que resulta do artigo
152.º deve haver lugar a audiência prévia dos interessados.
O CPA autonomiza o procedimento executivo assim como o ato que ordena a execução. O
ato é suscetível de ser impugnado contenciosamente nos termos do 151 nº 3 e 4. Pode padecer de
vícios próprios.
O projeto de revisão não fala em procedimento de execução porque no artigo 176 e ss parece
caminhar-se para um sistema de administração judicial. Ver ainda 181. Ate aqui vigorava a
execução prévia. Partir do projeto teremos que obter uma autorização judicial prévia, uma
sentença judicial nesse sentido
Outra distinção:
Conduz a tomada de decisões que versam pela primeira vez sobre uma determinada situação da
vida
Vai incidir pela primeira vez sobre uma situação da vida do particular
Acto primário
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Ana Sofia Barbosa 148
- revogação
- reforma de um acto
- etc.
Atos secundários
Um dos poderes da administração é o poder regulamentar que regula asa relações entre
particular e administração e a particular com particular.
Quanto ao Objeto:
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Ana Sofia Barbosa 149
Quando se fala em atos há que ter a distinção entre o ato final que conclui o
procedimento que é em regra o ato administrativo principal, é o regular produz efeitos jurídicos
externos. Estes constitui modifica ou extingue uma determinada situação jurídica. Outra coisa
serão os atos endoprocedimentais os atos instrumentais que em regra não tem eficácia jurídica
externa.
Outra categoria são os atos integrativos de eficácia, mas não está em condições
de se tornar operativo na ordem jurídica. Aqui entram os atos instrumentais de segundo tipo.
Visa desencadear a eficácia do ato administrativo através da publicação notificação, visto do
tribunal de contas
Quando se fala a diligências podemos nos referir a vários aspetos. Podem ser
exames. Os factos relevantes tem que ser estabelecidos por uma ato. Muitas vezes, o direito
administrativo contempla uma serie de técnicas de diligências procedimentais para esse efeitos.
Os exames normalmente incide em pessoas e coisas móveis. As histórias incide sobre bens
imoveis.
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Ana Sofia Barbosa 150
Os pareces são também muito importantes. São estudos de natureza técnica pela
administração consultiva para preparar uma decisão da administração ativa. Estes surgem nos
artigos 98 e 99 do CPA e no projeto de revisão vem nos artigos 88 e 89.
Tem que ver com o ónus da prova que se encontra no artigo 88º do CPA. No
projeto de revisão encontra-se no artigo 115.º. A epigrafe é diferente (prova com os
interessados). O ónus da prova compete aos interessados. A questão será que o ónus da prova
não é exclusivamente dos interessados. Colaço Antunes entende que o ónus da prova cabe aos
particulares ou administração. tudo depende de quem alega factos favoráveis à sua posição
jurídica. Quem alega tem que provar.
O artigo 87.º prevê que a liberdade dos meios de prova admitido em tribunal
desde que legais. Mais 87 nº 1 (114 nº 1) consagra o principio do inquisitório do artigo 56 do
CPA (55 no projeto). A administração pode decidir coisa diferente daquela que foi pedida pelo
requerente.
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contraditório. Ela pode indagar todos os factos necessários e relevantes para tomar uma decisão
equilibrada.
Esta norma mal interpretada pode conduzir a vários abusos. No fundo a propria
redação da norma deveria ser cuidadosa não deveria por o interesse no interesse publico ma
direitos subjetivos e dos interesses legalmente protegidos.
Direitos:
Administração
100º CPA)
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Ana Sofia Barbosa 152
Art. 60º/1 CPA – “Os interessados têm o dever de não formular pretensões ilegais, não
articular factos contrários à verdade, nem requerer diligências meramente dilatórias.”
Art. 60º/2 CPA – “Os interessados têm também o dever de prestar a sua colaboração
para o conveniente esclarecimento dos factos e a descoberta da verdade.”
Deveres especiais
Ónus da prova – art. 88º CPA (cabe aos interessados provar os factos que alegam) Podem
fazê-lo ou não
d) Direito de informação dos particulares – “os cidadãos têm o direito de ser informados
pela Administração, sempre que o requeiram, sobre o andamento dos processos em que sejam
directamente interessados, bem como o de conhecer as resoluções definitivas que sobre eles
forem tomadas.” (art. 268º/1 CRP)
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Ana Sofia Barbosa 153
e) Participação dos particulares na formação das decisões que lhes respeitem – a lei deverá
assegurar “a participação dos cidadãos na formação das decisões ou deliberações que lhes
disserem respeito.” (art. 267º/5 CRP)
regulado no artigo 13.º do projeto. Associar ao artigo 127. Não tem diferenças substâncias
O nº 2 prevê que o dever de decisão, que se prende com interesses do requerente, não
existe dever de decisão há menos de dois anos contados da data de apresentação do
requerimento o órgão tenha praticado o mesmo pedido do mesmo particular com os mesmos
fundamentos assim, não há lugar a decisão, não h dever de decisão por parte da administração.
Assim o termo inicial do prazo de dois anos conta-se a partir da notificação doa to anterior e
em segundo lugar o termos do prazo é a data de apresentação do requerimento. Nestes casos
não há lugar a dever de decisão.
É um principio importante quando haja lugar a uma omissão ilegal. Imagine-se que fiz
um requerimento a camara de braga. Só poderia fazer o requerimento se o órgão estivesse
obrigado a decidir. Caso contrario a ação processual não teria objeto
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Ana Sofia Barbosa 154
“Em caso de comprovada insuficiência económica, demonstrada nos termos da lei, sobre o
apoio judiciário, a Administração isentará, total ou parcialmente, o interessado do pagamento
das taxas ou das despesas referidas no número anterior.” (art. 11º/2 CPA)
Art 55.º nº 1 - o inicio oficioso do procedimento será comunicado às pessoas cujos direitos ou
interesses legalmente protegidos possam ser lesados pelos atos a praticar…
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Ana Sofia Barbosa 155
Notificação: iremos estudar mais adiante. Esta matéria vem disciplinada nos artigos 66.º até
70.º do CPA. No projeto de revisão estão nos artigos 98 e ss.
Há casos em que a notificação é coniçao de eficácia do ato, todos os atos que criem deveres,
encargos e são requisitos de eficácia do ato. deve-se ler esta disposição em conjgaçao com O
132 do CPA – os atos impositivos desfavoráveis que imponham deveres ou encargos a
notificação surge como requisito de eficácia do atos
3. Órgão competente para apreciar e o prazo de apreciação no caso de não ser possível o
recurso contencioso – alínea c
Há alterações porque nos termos do artigo 102.º do projeto na alínea c acrescenta-se que
a notificação pode ser feita por telefax ou transmissão eletrónica. Há a notificação pela via
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eletrónica. Uma das novidades ao nível do princípio vem no artigo 14º do projeto sendo criado
um balcão eletrónico único
Os prazos podem ser muito variados. O projeto de revisão aponta para um prazo tipo de
10 dias. Mas no atual CPA pode haver prazos de 8 dias em matéria de escusa e suspeição, em
matérias de direito a informação o prazo é de 10 dias. Há prazos de trinta dias. O prazo para a
construção do procedimento é de 90 dias. Há vários prazos!
A contagem dos prazos procedimentais é diferente dos prazos substantivos. Nos prazos
procedimentais só contam os dias uteis conforme o artigo 72.º isto acontece quando o prazo é ate
seis meses. No n 2 de 72, inclui os sábados domingos e feriados. O projeto de revisão alterou isto.
Num prazo de 5 meses suspendia-se sábados domingos e feriados enquanto que num
prazo de seis meses se fazia uma contagem seguida. Assim, chegávamos a situações em que o
prazo de seis meses se esgotava mais rápido que o de 5 meses
Os prazos não tem todos a mesma natureza. Há que distinguir entre prazo perentório e
prazo ordenador. Como distinguir? As consequências são diferentes, para começar.
Há duas teses:
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2. Tese contrária
a. Defendido por Pedro Nunes
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