EMENTA: Apelação cível. Direito do consumidor. Ação de obrigação de
fazer. Cartão de crédito furtado. Compras realizadas por terceiro fraudador. Negativa de cobertura do seguro, devidamente contratado pela autora. Consumidora que não foi ressarcida das compras indevidas, e ainda sofreu cobrança de juros e encargos. Sentença de parcial procedência dos pedidos autorais. Dano moral arbitrado em R$5280,00. Inconformismo do banco réu. Alegação de ausência de cobertura para o sinistro descrito, e na hipótese de manutenção da sentença, pleiteia que seja limitado o valor ao denominado "Bolsa Protegida”. Sustenta também a inocorrência de danos morais a serem indenizados. Sem razão o apelante.
Verifica-se que a justificativa da seguradora para a negativa de
pagamento da indenização securitária mostrou-se infundada, sendo abusiva a cláusula que exclui a cobertura de furto simples. Esta cláusula torna-se desfavorável à consumidora que, além das operações fraudulentas em seu cartão crédito, sofreu também cobrança de juros e encargos. Portanto, essa cláusula contratual que prevê cobertura de seguro em razão de furto apenas se este for qualificado é totalmente abusiva. Conforme a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a diferenciação entre as modalidades de furto exige conhecimento técnico jurídico específico, que viola o direito do consumidor à informação. A condição exigida para cobertura do sinistro ocorrência de furto qualificado por si só, apresenta conceituação específica da legislação penal, cujo próprio meio técnico- jurídico possui dificuldades para conceituá-lo, o que denota sua abusividade. É extremamente técnica e ofende a simplicidade de entendimento do consumidor. Vemos, nesse caso, que o Itaú se aproveitou da vulnerabilidade do consumidor, para garantir vantagem indevida, perpetrando o desequilíbrio negocial em prejuízo do consumidor.