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Vamos relembrar os atos do processo: apresentada a denúncia ou queixa, o juiz realizou exame
de admissibilidade, recebeu a peça acusatória e mandou citar o réu para apresentar defesa em
10 dias. Apresentou-se, assim, a Resposta à Acusação – sem discussões de mérito –, com
defesa prévia e rol de testemunhas e, não sendo o caso de absolvição sumária, o juiz designou
Audiência de Instrução, Julgamentos e Debates (AIDJ).
Os atos praticados durante a AIDJ estão disciplinados no art. 400 do Código de Processo Penal –
declarações da vítima, inquirição de testemunhas (primeiro as de acusação e, depois, as de
defesa), esclarecimentos dos peritos, acareações, reconhecimento de pessoas e coisas e, por
último, interrogatório do acusado. Em regra, produzidas estas provas, as partes apresentam
suas alegações finais de forma oral (primeiro a acusação e, depois, a defesa), em 20 minutos
prorrogáveis por mais 10 minutos.
Entretanto, as alegações finais podem ser convertidas para a forma escrita – memoriais
defensivos –, considerando a complexidade do caso, o número de acusados (art. 403, §3º do
CPP) ou, ainda, se forem requeridas diligências (art. 404 do CPP).
Cabe ressaltar que os Memoriais Defensivos são a peça mais importante do processamento de
primeiro grau. Neste momento, cabe alegar todas as questões de nulidade, de mérito e, também,
quanto à pena determinada e seu regime inicial. Assim, é possível alinhar as seguintes teses e
pedidos:
Para além das preliminares e das teses de mérito, nos memoriais também discutimos teses
subsidiárias para que, em caso de condenação, sejam asseguradas as medidas menos
gravosas ao réu:
Também, como na sentença o Juiz define valor de indenização pelos prejuízos causados, entre
outras questões disciplinadas no art. 387 do CPP, é o momento de se requerer a fixação de
valor de indenização em patamar mínimo, bem como a garantia do direito de o acusado recorrer
da sentença em liberdade (art. 387, §1º do CPP).
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utilizado, revistou sua mochila e encontrou o relógio. Bernardo narrou ao motorista de ônibus o
ocorrido, admitindo que Bruno não estava no coletivo quando ele o deixou. Diante de tais fatos,
Bruno foi denunciado perante o juízo competente pela prática do crime de furto simples, na
forma do Art. 155, caput, do Código Penal. A denúncia foi recebida e foi formulada pelo
Ministério Público a proposta de suspensão condicional do processo, não sendo aceita pelo
acusado, que respondeu ao processo em liberdade. No curso da instrução, o policial que
efetivou a prisão do acusado, Bernardo, o motorista do ônibus e Bruno foram ouvidos e todos
confirmaram os fatos acima narrados. Com a juntada do laudo de avaliação do bem arrecadado,
confirmando o valor de R$ 100,00 (cem reais), os autos foram encaminhados ao Ministério
Público, que se manifestou pela procedência do pedido nos termos da denúncia, pleiteando
reconhecimento de maus antecedentes, em razão da medida socioeducativa antes aplicada.
2. O crime imputado é de furto simples (art. 155 do CP), com pena de 01 a 04 anos, de modo
que o procedimento é comum sumário, sendo ainda cabível a suspensão condicional do
processo, como narrado no enunciado.
4. A peça deverá ser apresentada ao juízo de primeiro grau da Comarca de Belo Horizonte –
onde ocorreu o crime e, portanto, Comarca em que se processou a persecução até o momento.
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reconhecidas as atenuantes da confissão espontânea e da menoridade relativa (art. 65, I e III,
“d” do CP). Na terceira fase, requer-se o reconhecimento do furto privilegiado (art. 155, §2º do
CPP, requerendo a diminuição da pena em 2/3 ou somente a aplicação da pena de multa.
Também subsidiariamente, caso seja aplicada pena privativa de liberdade, deve ser requerida a
substituição por pena restritiva de direitos (art. 44 do CP). A pena máxima do crime não autoriza
a suspensão condicional da pena. Também pelos parâmetros de fixação de pena e de
primariedade do réu, deve ser requerido o cumprimento em regime inicial aberto. Como o prazo
para apresentação de memoriais é de 05 dias e o termo final seria um sábado, a peça deve ser
datada do dia 30 de março de 2015.
Atenção: é muito importante analisar o tipo penal imputado, a fim de verificar as hipóteses de
atipicidade (analisar se o caso é, de fato, de conduta típica), bem como as causas de aumento
ou diminuição de pena. Sempre que o exercício mencionar datas, é importante atentar-se para:
menoridade relativa ou inimputabilidade, se o exercício informa a data de nascimento e data do
fato e, para prazo prescricional, sempre que se informam as datas dos intervalos considerados
para prescrição – data do fato, recebimento da denúncia, publicação de sentença ou acórdão.
Mãos à obra:
Bruno, já qualificado nos autos da ação penal nº ..., que lhe move o Ministério Público, vem
respeitosamente perante Vossa Excelência, por seu advogado que esta subscreve, apresentar
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS, com fundamento no art. 403, §3º do Código Penal,
pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas:
DOS FATOS:
Tem-se que o réu, estando em um transporte público, encontrou um relógio avaliado em R$
100,00 (cem reais) e dele se apoderou. Entretanto, cerca de 15 (quinze) minutos após o
ocorrido, o dono do item perdido retornou ao ônibus e, identificando o assento que havia
ocupado, logrou encontrar o relógio na mochila do réu.
A persecução, entretanto, não merece prosperar, devendo o réu ser absolvido, nos termos que
se passa a expor.
DO DIREITO:
A situação dos autos é francamente atípica, de modo que impera a absolvição do réu.
Isto porque não se configura a hipótese do art. 155, caput, do Código Penal, uma vez que o
réu não subtraiu coisa alheia móvel. É cediço que a apropriação de coisa perdida em local
público não representa subtração de bem, visto que a res desperticta sequer se encontrava na
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esfera de domínio da vítima, que havia perdido o relógio.
Também, ainda que se considerasse a incidência do art. 169, II do Código Penal, ante a
apropriação de coisa abandonada, a situação dos autos também remanesce atípica, uma vez
que o bem foi encontrado em local público e, não obstante, devolvido cerca de 15 (quinze)
minutos após o ato, no que se desconfigura o prazo essencial determinado no dispositivo. Deve,
portanto, ser reconhecida a atipicidade da situação narrada nos autos, absolvendo-se o réu nos
termos do art. 386, III do Código de Processo Penal.
De todo modo, a situação também remanesce atípica ante a irrelevante lesão do bem jurídico
tutelado. Nos crimes de furto em que se tutela bem jurídico patrimonial, a relevância da conduta
assume forma objetiva, aferível pelo valor quantificado do bem subtraído.
Assim, não apenas não se configura efetiva lesão com a imediata restituição do bem como,
especificamente, trata-se de bem avaliado em mínimo valor, atualmente correspondente a fração
inferior a 1/8 do salário mínimo vigente. Nestes termos, e em função do princípio da
insignificância, também remanesce atípica a situação dos autos ante a irrelevância da lesão ao
bem jurídico tutelado pelo dispositivo, devendo o réu ser absolvido nos termos do art. 386, III do
Código de Processo Penal.
Subsidiariamente, caso não se entenda pela absolvição, o que de todo não se espera, a pena-
base deve ser fixada no mínimo legal, uma vez favoráveis as circunstâncias judiciais e sendo o
réu primário e com bons antecedentes. Cumpre ressaltar que eventual punição para
cumprimento de medidas socioeducativas não tem efeitos penais, e não pode configurar maus
antecedentes ou reincidência.
Também subsidiariamente, uma vez que a pena máxima imputada ao réu não pode ser maior
que 04 (quatro) anos, e preenchidos os demais requisitos pessoais do art. 44 do Código Penal,
requer-se a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, dentre as
especificadas no art. 43 do Código Penal.
DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer-se a absolvição do réu com fulcro no art. 386, III do Código de
Processo Penal, dada a franca atipicidade da conduta debatida nos autos, visto que não houve
subtração de coisa alheia e, ainda, pela insignificância da lesão ao bem jurídico tutelado.
Subsidiariamente, caso assim não se entenda, deve a pena-base ser fixada no mínimo legal,
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dadas as circunstâncias judiciais favoráveis do réu e sua primariedade, devendo ainda ser
reconhecidas as circunstâncias atenuantes do art. 65, incisos I e III, “d” do Código Penal.
Ainda, deve ser reconhecida a situação do art. 155, §2º do Código Penal para reduzir a pena
cominada em dois terços ou, no mais, para que se aplique apenas pena de multa.
Caso seja determinada pena privativa de liberdade, esta deve ser cumprida em regime inicial
aberto, nos termos do art. 33, §2º, “c” do Código Penal, vez que o limite máximo de pena
possível de se aplicar ao réu é de 04 anos. Neste caso, também atendidos os requisitos do
art. 44 do Código Penal, deve ser substituída a pena privativa de liberdade por pena restritiva
de direitos.
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