Você está na página 1de 19
A CONSTRUCAO DA DEMOCRACIA: argumentos de Francisco de Oliveira e Adam Przeworski Maria Doninha de Almeida’ Apontamentos de estudos sobre a problematica da democracia frente aos desafios e possibilidades do capitalismo. Argumentos de Francisco de Oliveira: interago entre a construcao de uma esfera publica ea democracia. Adam Przeworski: a social-democracia como fenémeno histérico. INTRODUCAO Os ultimos anos tém sido prédigos em discussées sobre a democracia, seu significado e sua concretizagao no interior do sistema capitalista, Essas discussées_respaldam os questionamentos relativos a democratizacao das diversas instancias da sociedade brasileira. O entendimento sobre a configuracdo e o significado do processo de democratizac4o, por sua vez, é influenciado pela compreensdo do processo de desenvolvimento da propria democracia. No entanto, muitos argumentos sobre a democracia fundamentam-se em Ppressupostos muito amplos e abstratamente universais - todas as coisas para todas as pessoas, por exemplo. Tal situac4o cria a necessidade de uma andlise mais abrangente e, ao mesmo tempo, mais situada sobre essa temiatica da democracia. * Professora do Departamento de Educagao da UFRN. 60 Revista Educacao em Questao, 6 (1): 60-78, jan. /jun. 1996 Uma reflexdo exaustiva com certeza indicara a necessidade de um estudo que resuma os argumentos relativos 4s modificagdes contextuais e as relagdes que configuram 0 processo democratico no Ambito do capitalismo. Muitas explicacdes conceptuais a respeito da democracia tém procurado apoio no desenvolvimento do Welfare State, notadamente nos paises industrializados. A literatura recorrente no momento refere-se, predominantemente, 4 discussdo sobre a crise do Estado do Bem-Estar, Para uns, crise econémica e politica, para outros, 0 Welfare State nao passa por uma crise e sim por uma mutacao - Hirschman, Sachs et al apud Draibe e Henrique. Existem varias explicacdes sobre a discutida crise do Welfare State: ha quem diga que se trata do colapso do pacto politico do pés-guerra; ou que é fruto da incapacidade de o Estado responder aos novos valores que predominam nas sociedades pés- industriais - Wilenski, Sefer et al, também apud por Draibe e Henrique. Dentre as alternativas propostas encontra-se a defesa de uma economia politica das politicas sociais. Mas, por que estudar sobre o Welfare State para sistematizar uma concepedo de democracia? A resposta poder4 ser a seguinte: as andlises sobre a democracia nas instituicdes do capitalismo consideram um avanco nesse campo com e a partir do desenvolvimento da social- democracia e do Estado do Bem-Estar. Por isso, neste estudo, abordaremos a problematica da democracia frente aos desafios e possibilidades do sistema capitalista, relativos 4 configuracao das instituigdes democraticas, salientando as transformagGes ocorridas nas relagdes de classes, nos paises de capitalismo avangado. O nosso objetivo principal é iniciar um mapeamento dos argumentos sobre o significado, os limites e as possibilidades da democracia nesse contexto, tendo em vista a sistematizacao de estudos tedricos para subsidiar, numa etapa posterior, uma reflexdo a respeito da democratizacio do sistema brasileiro de educacio formal. Por se tratar da procura de um caminho, este trabalho é mais uma anotac4o de leituras do que propriamente uma reflexdo concluida. Inicialmente, dois autores s4o considerados para estudo: Francisco de Revista Educacao em Questao, 6 (1): 60-78, jan Jjun. 1996 61 Oliveira, com 0 texto O Surgimento do antivalor: capital, forca de trabalho e fundo piblico; e Adam Przeworski, com Capitalismo e social- democracia. Do primeiro autor destacamos a interacdo entre a construgdo de uma esfera publica e sua relagéo com a democracia. Do texto de Przeworski, 0 segundo autor estudado, enfatizamos a anilise feita por ele sobre a social-democracia como fenémeno historico. FRANCISCO DE OLIVEIRA E O SURGIMENTO DO ANTIVALOR Conforme expressamos inicialmente, a nossa preocupacdo é resenhar elementos teéricos que possibilitem um entendimento légico a respeito do significado, dos limites e das possibilidades democriaticas, diante da proclamada derrota do socialismo e da crise ou vitoria do sistema capitalista. Na leitura do texto de Oliveira (1988) - O surgimento do antivalor: capital, forca de trabalho e fundo piiblico- destacam-se dois aspectos que auxiliarao 0 entendimento pretendido: a) a construcao de uma esfera publica; b) a relacgdo dessa esfera com a constituicdo da democracia. Sobre a esfera publica A andlise de Oliveira a respeito da construgao da democracia, dentre outros pontos relevantes, enfatiza a importncia da constituigao de uma esfera ptiblica. No dizer de Belluzzo (1992), a paixiio de Chico de Oliveira por perseguir 0 novo e atropelar as velhas ortodoxias leva- nos ao estudo da Economia Politica da Social-Democracia. Belluzzo diz, ainda, que na discussao sobre 0 antivalor, a construgao da esfera publica é a economia de mercado social regulada. Segundo Oliveira (1988), nas tltimas décadas, o Welfare State tem se constituido no padrao de financiamento piblico da economia capitalista. Na sua opiniao, esse fato, em termos de sintese desse Estado, implica em uma esfera publica, na qual o fundo publico, 62 Revista Educacgao em Questao, 6 (1): 60-78, jan./jun. 1996 “... passou a ser pressuposto do financiamento da acumulagao do capital, de um lado, e, de outro, do financiamento da reproducdo da forga de trabalho, atingindo globalmente toda a populagdo por meio dos gastos sociais” (p.8). Para ele, o financiamento piblico contemporaneo abrange um campo muito amplo, o que favorece a criagaéo de um mercado institucionalmente regulado. O autor defende a tese de que em decorréncia das mudangas ocorridas nas relagdes do fundo ptiblico com os capitais particulares e com a reprodugdo da forga de trabalho “... 0 fundo é agora um ex-ante de condigées de reproducao de cada capital particular e das condigdes de vida, em lugar de seu cardter ex-post tipico do capitalismo concorrencial.” (p.9). Em sua hipétese, 0 fundo piblico existe “em abstrato”’, antes de existir de fato”. Para ele, a ascencio do financiamento piblico também foi significativa no ambito da reprodugdo da forca de trabalho. Nesse ponto, 0 autor discute a questo dos salarios indiretos e sua importancia no saldrio direto em sete paises industrializados (Republica Federal da Alemanha, Franga, It4lia, Holanda, Bélgica, Dinamarca e Inglaterra), mostrando que as despesas piiblicas, destinadas aos saldrios indiretos, aumentaram e influenciaram o crescimento das despesas totais. O seu raciocinio admite que 0 saldrio indireto e as despesas sociais so alavancas do crescimento do mercado. Nesse contexto, 0 crescimento do salario indireto culminou com a liberacao do salario direto disponivel para alimentar 0 consumo de massa. Assim, a presenga dos fundos publicos, tanto no 4mbito da reproduc4o da forga de trabalho quanto em nivel dos gastos piblicos gerais, “ ... é estrutural ao capitalismo contempordneo, e, até prova em contrdrio, insubstituivel.” (p.10). Para reforgar os seus argumentos, Oliveira afirma que a Tesponsabilidade sobre o continuo déficit piblico, nos paises industrializados, corresponde ao padrao de financiamento do Estado- Providéncia. Para ele, 0 que est4 em crise é esse padrao. E a crise do Revista Educacéio em Questao, 6 (1): 60-78, jan./jun. 1996 63 Estado-Providéncia tem levado a “crise fiscal”, que conforme O’Connor, apud por Oliveira, é decorrente da disputa entre fundos publicos destinados a reprodugao do capital e aqueles (fundos) que financiam a produgao de bens piblicos. Nesse caso, e conforme a nossa percepcao, trata-se, também, de crise na distribuigdo dos fundos publicos. O autor diz que “.. ao lado do déficit piblico e das receitas e despesas estatais como propor¢do do PIB - pelo menos 1/3 dos PIBs mais importantes transitam pelos Tesouros Nacionais - as Proporgées eo lugar da divida piiblica dos principais paises confirmam o lugar estrutural do fundo piblico na sociabilidade geral.” (p.12). Por isso, supGe uma relagdo entre déficit pablico dos paises mais importantes, suas posigdes no sistema capitalista e suas dindmicas. (p.12). As criticas sobre essas questées sao varias e chegam a resultados diferentes. Nesse sentido, Oliveira faz referéncias criticas a diversos argumentos da direita. Segundo ele, a direita argumenta que a estatizacdo dos resultados da produgdo social implicaria em um socialismo burocratico e estaciondrio, 0 que diminuiria os recursos privados destinados aos investimentos e, ao mesmo tempo, elevaria a carga fiscal, Provocando a diminui¢4o do consumo. Situagdo essa que culminaria com a efetivacio de um capitalismo estacionério. No entanto, no dizer de Oliveira, 0 coragdo da “crise fiscal”, nao é€ uma tendéncia estagnacionista. E apenas, e, segundo ele, esse apenas € muito forte, a expressio da abrangéncia da socializagio da produgao por conta da continua apropria¢do privada dessa producio social. (p.12). O rompimento do circulo perfeito do Estado-Providéncia em termos keynesianos ocorre em decorréncia da internacionalizacdo produtiva e financeira da economia capitalista, pois, de acordo com Oliveira, a regulacdo keynesiana funcionou enquanto a reproducao do capital, o aumento de produtividade e a elevacao do salario real, embora com 64 Revista Educacao em Questao, 6 (1): 60-78, jan./jun. 1996 limites, eram relativamente restritos a territoriedade nacional dos processos de interagéo dos componentes da renda e do produto. Tal territoriedade deveu-se ao padrao de financiamento publico do Welfare State. A internacionalizacao produtiva e financeira dissolveu a circularidade nacional mas nao a territoriedade do padrao de financiamento do Welfare State. (p.13). Como exemplo da incompatibilidade entre padrao de financiamento piblico e a internacionalizacao produtiva e financeira do pais, 0 autor apresenta a reacdo conservadora dos governos Thatcher e Reagan contra 0 Estado- Providéncia. Apos esses argumentos, todos respaldados em informagdes empiricas, Oliveira aborda 0 que ele chama de fundo teérico da crise. Inicia dizendo que o padrao de financiamento publico do Welfare State “operou uma verdadeira ‘revolucdo copernicana’ nos fuadamentos da categoria do valor como nervo central tanto da reproduao do capital quanto da forca de trabalho.” (p.13-4). O padrao de financiamento publico é a verdadeira esfera piblica. Com essa caracteristica as regras de reprodugdo tornaram-se mais estaveis e previsiveis. Sao regras preestabelecidas e consensuais no préprio contexto dz competicao capitalista. Com base nesses argumentos, 0 autor atima que essa universalizaydo apresenta efeitos paradoxais que segmentam a competigao em, pelo menos, dois niveis: no circuito dosoligopdlios e no ambito dos capitalistas financeiros. Nas relagSes que configuram esses dois circuitos 0 tundo publico é 0 ersatz (substituto) do capital financeiro. Ele nao s6 agiliza a circulagao do capital como, muitas vezes, faz a ponte entre quem poupa e quem investe - a ponte invisivel naconcepgado de Keynes. (p.14). Do lado do capital, o fundo publico é decisivo na formacao da taxa média de lucro do setor oligopolista. O fundo publico ambém influi, decisivamente, sobre a taxa de lucro de setores inteiros, inclusive de ramos inteiros da produgao do setor oligopolista; e, como pressuposto especial da segmentagdo, “ ... retirou 0 capital constantee varidvel da funcdo de pardmetro-pressuposto, e colocou em seu lugar a relacao de cada capital em particular com o préprio fundo piiblico.” (p.14). Revista Educacao em Questao 6 (1) 60-78. yan.fjun. 1996 65 Conforme Oliveira, essa condi¢do do tundo ptiblico gera um paradoxo: 0 aumento da taxa de lucro do capital em particular e a diminuicgdo da taxa de excedente global da economia. Esses argumentos conduzem 0 autor a concepgao que da ao fundo publico uma configuracdo de anticapital. Ele diz que “... essa contradi¢do entre funde piblico que nao é valor e sua fungdo de sustentagdo do capital destréi o cardter auto- reflexivo do valor, central na constitui¢do do sistema enquanto sistema de valorizagdo do valor.” (p.150). O valor tem, nesse caso, que reportar-se a outros componentes para garantir a sua valorizagao e o fundo piblico responde a essa exigéncia. (p.15). Por outro lado, o fundo piblico toma a forma de financiamento puiblico de bens e servicos ptiblicos sociais para a maioria da populacdo, proporcionando a reproducao da forga de trabalho. Conforme o autor, a partir da Segunda Guerra Mundial, as politicas anticiclicas e universalizadas foram na ditegdo do crescimento da participagado do salario indireto no salario total. A fungao do fundo piblico na reproducdo do capital e da forca de trabalho provoca, no dizer de Oliveira, desdobramentos inusitados: teoricamente ha4 uma desmercantilizagao da forca de trabalho, principalmente pelo fato de os componentes de sua reproducao, exemplo do salario indireto, constituirem-se antimercadorias sociais; a reproducao do capital tem suas amarras desprendidas da “antiga dialética em que as inovagées técnicas se davam, sobretudo, com reagaéo aos aumentos do saldrio real.” (p.16). A conclusao é que hé uma dupla operacao na presenca do fundo piiblico na reproducdo da forga de trabalho e do capital. Oliveira acredita que, em termos marxistas, a configuracao do fundo publico apresenta uma tendéncia a desfazer tanto os conceitos quanto as tealidades do capital e da forga de trabalho enquanto mercadorias, em Ultima instancia. Baseado nesse raciocinio, ele propde uma outra equacao, anti-D-D-M-D’ (-D), em substituicéo 4 equacao original de Marx -D- M-D. (p.17). 66 Revista Educacao em Questao, 6 (1): 60-78, jan sjun. 1996 Oliveira continua a sua discusséo abordando as relacées estabelecidas pelo fundo publico e suas consequéncias na transformacao da reproducao do capital e da forca de trabalho. Em sua andlise chama atencdo para 0 desenvolvimento do capitalismo e, notadamente, para as transformacGes decorrentes do Weltare State. Situacdo que, segundo ele, repde a velha questao dos limites do sistema capitalista no que se refere a exclusividade das categorias capital e forga de trabalho na negociacao desse sistema. Atualmente, 0 fundo piiblico tem uma relevante funcao nas transformagGes das relagGes capital e trabalho, o que lhe confere igual importéncia quanto aos limites do capitalismo como desdobramentos de suas préprias contradigdes internas. (p.19). O Welfare State 6, para ele, resultado da revolucdo nas “condigées de distribuicao e consumo, do lado da forca de trabalho, e das condicées de circulacdo, do lado do capital”. (p.20). No entanto, lembra Oliveira, 0 Welfare State e suas instituigdes nao se constituem “horizonte intransponivel”. Para além dele, gera-se um modo de produgao superior, no qual o acesso € 0 manejo do fundo piiblico sao 0 nec plus ultra das forcas sociais futuras. (p.20). E, no bojo da gerac¢o do modo de producdo superior, esta 0 antivalor, isto 6, o fundo piblico. Provavelmente, 0 entendimento sobre a tese da estruturacdo da esfera publica, tendo o fundo ptiblico como categoria basica, apresenta- se como um caminho a mais na busca de uma compreensio a respeito das relacGes que proporcionam a configuracao do processo de uniao entre democracia e capitalismo. RELAGOES ENTRE ESFERA PUBLICA E DEMOCRACIA Oliveira enuncia que a construcdo de uma esfera publica é igual 4 “economia de mercado socialmente regulada”’, que se firmou sob 0 tespaldo da regulagdo keynesiana “Essa esfera ptblica é, nos paises capitalistas, sinbnimo da democracia, simultanea ou concomitante, @ do longo do fempo os avangos sociais que mapeam o acesso e a utilizagdo do fundo piblico entraram num processo de interagdo com a consolidagdo de instituigdes democraticas. Para todos os efeitos, pode-se considerar a construgao da esfera ptiblica e a democracia representativa como irmdos siameses.” (p.21). Revista Educacao em Questao, 6 (1): 60-78, jan./jun. 1996 67 H4, nessa concepcdo de Oliveira, um imbricamento entre esfera piiblica e democracia. Entendemos que os avangos sociais que resultam da utilizagdo do fundo piblico e interagem com a consolidagao das instituigdes democraticas compSem o processo de configuragao da esfera publica e da democracia. O autor em pauta atirma que, na construcdo da esfera publica e na consolidacao da democracia, situagdes que se dao em conjunto, o fundamental é que essas relacSes ocorram na reproduyao social em todos os sentidos, principalmente no que se refere a criac4o de medidas que medem 0 proprio imbricamento acima das relagdes privadas. Para ele, a tarefa basica da esfera piblica nao é mais a “valorizacdo do valor per se”, & a criagao de medidas respaldadas nas diversas necessidades, tanto da 4rea do capital quanto do ambito da forga de trabalho. Por isso, Oliveira acredita que a construgdo da esfera publica confunde-se com a plenitude da democracia. O Welfare State, como sintese da estera publica, expressa a situacdo na qual as transformacdes ocorridas nas relagGes entre capital e trabalho, medidas pelo fundo publico, erguem a democracia. As criticas feitas 4 democracia do Welfare State também foram assinaladas por Oliveira. Ele faz referéncias a critica sobre 0 corporativismo que muitos atribuem aos resultados do Welfare State e que, para ele, dificulta a realizagao de politica de carater geral. A direita aponta os direitos trabalhistas lato sensu como obstaculo ao investimento e a acumulacdo, configurando uma visdo conservadora. O autor chama de pessimista a critica da esquerda comunista, principalmente por ver, nas instituicdes e praticas da esfera ptiblica e nas politicas do Welfare State, apenas a cooptacao de parcelas do operariado e a anulagao do seu potencial revoluciondrio, implicando em um esquerdismo infantil. Por outro lado, 0 autor reconhece que existem os analistas que véem o Welfare State como um Estado de total harmonia, fruto do desaparecimento das classes etc. A essa visao responde que, apesar dos avancos, o Estado do Bem-Estar nao deixou de ser um poderoso Estado de classe, sem, no entanto, ser o Estado comité executivo da burguesia (concepeao de Marx, explorada por Lénin). Trata-se de um Estado espaco de luta de classes. (p.21). Essa luta consiste em “...buscar alternativas 68 Revista Educagdo em Questao, 6 (1) 60-78, jan /jun 1996 que anulem a posicao previamente hierarquizada, e o poder de fogo, das pecas mais importantes.”(p.21-2). O autor cita Przeworski com o exemplo do jogo das “incertezas previsiveis”, (do texto: “Ama a incerteza e serds democratico”, p 37-8). Em sala de aula, Oliveira afirma que essa situaeao significa balizar o terreno do adversdrio. Ha, no entendimento do professor, uma transformagao das relacGes nas quais nao esté em pauta a anulacao da distincdo entre classes mas 0 reconhecimento da legitimidade e da importancia de outros interesses necessdrios para a reprodugao social ampliada. Para © autor, a “...esfera publica e a democracia contempordnea afirmam, de forma mais peremptéria que em qualquer época da historia, a existéncia dos sujeitos politicos e a prevaléncia de seus interesses sobre a ldgica do mercado e do capital” (p.22). E, nesse contexto, a esfera publica e a democracia representativa criaram espaco para tornar consistentes as classes sociais como expressdo coletiva e sujeito da histéria. Com essa redefinicdo de poder as classes elevaram-se até a capacidade de representagado através de partidos politicos. Com esse entendimento, Oliveira acredita que os partidos politicos, de esquerda ou de direita, diante dessa configurag4o, nao tém obrigatoriedade de base classista. Acredita, ainda, que tanto na estruturacdo da esfera publica quanto na da democracia representativa as relagdes de classes foram alteradas, através da mediacao do fundo publico, e essas alteragdes criaram um lugar para a ampliagao e consolidagao das classes médias as quais gerenciam, no Welfare State, a articulacao entre 0 publico e o privado (p.24). No texto Medusa ou classes médias e a consolidagdo democrdatica, Oliveira diz que “... as classes médias e a inteiligenstsia sao centrais para a democracia e a consolidacao democratica (...)”. (p.293). No entender do autor, a crise € uma tentativa de regressao por Parte da direita conservadora que tem interesse em manter 0 fundo piiblico apenas para a reproducdo do capital. Situam-se nessa tentativa as reagdes Revista Educacao em Questao, 6 (1): 60-78, jan fun. 1996 69 thatcherista e reaganiana aos gastos sociais publicos. Oliveira teme que essa dinamica implique no surgimento de barreiras 4 competi¢ao, as quais impedirao a regulacdo da concorréncia entre capitais e podem seccionar a forga de trabalho, provocando prejuizos na estrutura de rendas e salarios. Segundo o autor, essa possibilidade se inscreve na forma mediante a qual o fundo piblico modificou o mercado da forca de trabatho.(p.25-6). E, para ele, “a crise abala os fundamentos da democracia moderna.” (p.27). Para concluir esse resumo das idéias de Oliveira sobre a esfera publica e democracia, nada mais esclarecedor do que 0 comentario final do seu trabalho: “Ao contrario das teses da direita, o Welfare State consiste em marcar, de maneira cada vez mais clara e pertinente, os lugares de utilizagdo e distribuigdo da riqueza ptblica, tornada possivel pelo préprio desenvolvimento do capitalismo sob condigdes de uma forma transformada de luta de classes. Quando todas as formas de utilizagao do fundo piblico estiverem demarcadas e submetidas a controles intitucionais, que é 0 equivalente ao Superior-Estado ou ao Estado Maximo, entao o Estado realmente se transformard no Estado Minimo. Trata-se da estrutura de um novo modo de produgdo do excedente que nao tem mais o valor como estruturante. Mas os valores de cada grupo social, dialogado soberanamente. Na tradigdo classica é a porta para o socialismo”. (p.28). Apés a consideragao do texto em estudo, e nos limites do nosso entendimento, destacamos os seguintes aspectos: primeiro, a interagado entre esfera publica e democracia; segundo, os elementos principais que con.pdem o processo de constituicdo dessas duas esferas, tais como a situagdo que se configura a partir e na relacdo de conflito entre classes que tendem a se aproximar na forca e no poder sem perda da alteridade especifica, e as transformacées ocorridas nas relagdes capital e trabalho, mediadas pelo fundo piiblico; terceiro, a concretude e a temporaneidade da andlise que despreza as concepcGes a-histéricas que se enquadram 70 Revista Educacao em Questao, 6 (1): 60-78, jan./jun. 1996 em qualquer momento e, por isso, nada explicam. Um outro aspecto, também relevante, nessa discussao, é 0 movimento - no sentido de inter- relacdo entre os fatos - que caracteriza a interpretagao do autor. ADAM PRZEWORSKI E A SOCIAL-DEMOCRACIA Przeworski analisa 0 movimento socialista nos paises industrializados da Europa partindo da afirmagao de que a social- democracia tem sido a forma predominante de organizagaéo dos trabalhadores sob o sistema capitalista. Na sua opiniao, a social- democracia talvez seja a tinica forca politica de esquerda que, de fato, efetuou reformas numericamente significativas para os trabalhadores. Na introducdo do seu texto aqui privilegiado - Capitalismo e Social-Democracia -, Przeworski afirma que a histéria é 0 tnico laboratério de onde se pode extrair ligdes. (p.13). Por isso, para ele, os fatos biograficos s4o a chave para a compreensao da social- democracia. Com esse entendimento, Przeworski elabora uma biografia da social- democracia como fendmeno histérico. O caminho percorrido por Przeworski pode ser considerado em dois momentos, quanto a organizacao e a participagao politica dos trabalhadores e a adocdo das idéias de Keynes: 0 primeiro corresponde ao periodo que chamamos de organizacao e participagao politica; e 0 segundo a partir da introdugdo da proposta de Keynes. A nossa sintese adota essa “divisdo” com @nfase na questao da democracia politica, privilegiada na discussdo de Przeworski. Organizacao e participacao politica dos trabalhadores A questao inicialmente enfatizada por Przeworski aborda 0 dilema sobre a participacao dos socialistas na esfera politica, uma vez que, segundo ele, o principio democratico ja fazia parte das conquistas de eventos anteriores, embora 0s direitos politicos fossem apenas formais e acompanhados das desigualdades sociais. (p.19). No seu surgimento, por volta de 1850, diz Przeworski, 0 socialismo era um movimento que pretendia completar a revolugao iniciada pela burguesia, apropriando-se do “poder social” do mesmo modo que ela a burguesia, havia conquistado 0 poder politico. A preocupagao Revista Educacao em Questao, 6 (1): 60-78, jan.fun. 1996 1 basica do movimento socialista era, pois, o principio democratico tanto na esfera politica quanto na social, o que implicava, também, na quest4o econémica. Na opiniao de Przeworski 0 fato de o principio da democracia ja existir nas instituigGes politicas, os meios através dos quais chegar-se-ia ao socialismo tratava-se de uma questéo de escolha. E por esse entendimento que o autor aborda a questéo da decisdo quanto a participagao politica. Os primeiros socialistas pensavam em construir uma “sociedade dentro de outra sociedade”, com produtores associados, independentes do mundo burgués. Przeworski nao esquece de lembrar que o desenvolvimento da ordem capitalista nao permite a efetivacao de tal projeto. Descoberto esse impedimento, a escolha passou a ser um confronto: mundo dos trabalhadores versus mundo do capital, através da conquista do poder politico. Surge, no contexto desse entendimento, a necessidade de os trabalhadores se organizarem em partidos politicos e, em conseqtiéncia, a questao sobre a decisao de participar ou nao nas instituigGes politicas j existentes. Przeworski descreve e comenta varias Situagdes de indecisao dos partidos da social-democracia quanto 4 participag4o ou nao no aspecto politico. A opcao pela omissao e/ou participacdo simbélica nao foi vidvel para os partidos dos trabalhadores. Przeworski argumenta que 0 capitalismo, por ser um sistema no qual “os capitalistas, que auferem lucros, decidem, sob varias restrigdes, como alocar o produto, em especial que parte deve ser investida, onde, como e quando”. (p.24). Mas 0 autor nao esquece que essas alocacdes se deparam com as limitages provocadas pela competic¢Ao dos capitalistas entre si. Se como empregadores os capitalistas regulamentam a organizacao do trabalho, contraditoriamente, sofrem restrigGes provenientes do sistema politico. Nessas condigdes, a democracia politica proporciona aos trabalhadores a oportunidade de defender alguns de seus interesses. (p.24). Com esse raciocinio, Przeworski mostra que a democracia do capitalismo conduz os trabalhadores a se organizarem como participantes. Essa participacao na politica democratica € a unica institucionalmente disponivel aos trabalhadores como coletividade. 72 Revista Educagao em Questao, 6 (1): 60-78, jan./jun. 1996 Przeworski diz que é preciso considerar que a democracia capitalista criou a individualizagao nas relagGes de classes e a estruturagao dessas relagdes sob a forma de relagdes de representag6es, tornando a representacéo de classe uma imposicao a classe pela natureza da democracia capitalista (p.27). Assim, no dizer de Przeworski, 0 dilema da participacdo politica assentou-se quando a democracia representativa passou a ser um principio basico, e nao mais uma tatica, da futura sociedade socialista. “Partidos social-democratas reconheceram na democracia politica um valor que transcende diferentes formas de organizagao da produgdo (...) A democracia representativa, para os social-democratas, tornou-se simultaneamente o meio e 0 objetivo, o veiculo para o socialismo e a forma politica da futura sociedade socialista, a estratégia e a propaganda, apresentando um cardter ao mesmo tempo instrumental e prefigurativo.”(p.29). O autor analisa todo 0 periodo de indecisdo dos partidos dos social-democratas, no que concerne a participagao dos trabalhadores na esfera publica, recoloca as indicagdes de Marx sobre a classe operaria como motor da hist6ria, comenta a desconfianga dos trabalhadores com relagdo a influéncia origindria de fora da propria classe e salienta 0 cardter de classe do movimento, bem como as concessdes em prol da implantacao do socialismo. Continuando, afirma que 0 “partido socialista deveria ser a classe operdria organizada.” (p. 33). Considera que a influéncia decisiva de Marx reside na proposi¢ao que resume 0 socialismo a “um movimento da classe operdria na esfera politica” (p.34). No inicio do capitulo I, ora estudado, Przeworski comenta que diante das condicgdes que configuraram a democracia capitalista, principalmente nas primeiras décadas de constitui¢éo da social- democracia, 0 problema dos social-democratas era uma questao de escolha. Mas, com o desenvolvimento do capitalismo e a necessaria participagao politica da classe dos trabalhadores Revista Educacao em Questao, 6 (1): 60-78, jan.fjun. 1996 B “... reforma e revolucdo ndo requerem uma escolha, segundo a visao de mundo da social -democracia. Para realizar a revolucdo social (...) é suficiente seguir o caminho das reformas” (p. 46-7). Nesse sentido, o autor diz que nao h4 nada de estranho no argumento de Jaurés, quando este atirma que o Partido Socialista, por sua caracteristica de partido revoluciondrio, € essencialmente retormista (p. 47). Parece-nos que 0 autor concorda com a concepcao do caminho das reformas, desde que sejam irreversiveis e cumulativas. Essa posicdo é esclarecida no capitulo Pds-escrito: social-democracia e socialismo. E importante lembrarmos que a discussao do autor deixa explicita a questéo da necessdria e imprescindivel relacdo entre 0 movimento socialista e a classe trabalhadora e, também, a questo da estratégia de transformagao socialista na esfera politica da democracia representativa. ADOCAO DAS IDEIAS DE KEYNES Em uma de suas teses principais Przeworski defende que os compromissos entre trabalhadores e capitalistas acerca de questdes econdmicas so possiveis sob 0 capitalismo e, por vezes, preferidos pelos trabalhadores as estratégias mais radicais (p.16). Até 1930 os social-democratas nao dispunham de um projeto relativo a uma politica econdmica propria. Przeworski fala que a politica econdmica da esquerda resumia-se na critica ao capitalismo e na afirmagao sobre a superioridade do socialismo que conduziria a nacionalizagao dos meios de producao. E, diante do fracasso das tentativas de reformas significativas - consistentes e irreversiveis - por parte dos social-democratas, e principalmente pelas impossibilidades de por em pratica conhecimentos econémicos semelhantes ao que supunham bem- sucedido no século XIX, a “...dnica teoria de reformas conhecida era a que requeria a nacionalizacdo; nao existiam outras alternativas coerentes.” (p.52). 74 Revista Educagao em Questo, 6 (1): 60-78, jan/jun. 1996 Essa alternativa, nasceu de Grande Depressao. Przeworski enfatiza que Suécia, Noruega e Franga, esta Ultima em menor escala, reagiram aos graves problemas de desemprego implantando uma série de politicas anticiclicas. Foi a descoberta, através das idéias de Keynes, de uma politica econdmica precisa para a gestao da economia capitalista, uma revolucdo. Essa revolucdo keynesiana impulsionou a consolidagao de um objetivo exequivel para os social-democratas. “Da vitima passiva dos ciclos econémicos, o Estado tornou- se quase da noite para o dia em uma instituigao por meio da qual a sociedade podia regular as crises a fim de manter 0 pleno emprego. (...) A sociedade nao estava a mercé dos caprichos de mercado capitalista, a economia podia ser controlada e o bem-estar dos cidaddos continuamente intensificado pelo papel ativo do Estado - essa era a nova descoberta dos social-democratas. E isso ainda ndo era a nova descoberta dos social-democratas. E isso ainda ndo era tudo: o Keynesianismo no governo era néo sé uma teoria que justificava a participagao socialista mas - mais afortunadamente, do ponto de vista dos social-democratas - era também uma teoria que de stbito conferia um cardter universalista aos interesses dos trabalhadores.” (p. 53). Vemos que 0 autor enfatiza o desenvolvimento de uma ideologia sobre o Estado do Bem-Estar, a partir da adogao das idéias de Keynes. Na opiniao de Przeworski, a economia de Marx nao se constitui em um instrumento itil para responder as reivindicagGes distributivas dos trabalhadores e, por essa razao, a esquerda aceitou “a visio da economia capitalista e as recomendagées quanto 4 politica econémica fornecidas pela economia keynesiana” (p.242). Entretanto, 0 autor reconhece que, desde 0 inicio da década de 70, as recomendagées keynesianas encontram-se desacreditadas. Mas, ele mesmo diz que as teorias econ6micas racionalizam interesses politicos de classes e grupos conflitantes; tm por tras visGes de sociedade e investidas em diregao ao poder. Assim sendo, diz ele, projetos de propostas econémicas sao, também, projetos politicos. Revista Educagao em Questo, 6 (1): 60-78, jan.Jjun. 1996 5 Como vimos, Przeworski faz uma anilise da trajetéria da social- democracia considerando a idéia de compromisso de classe. Realca 0 entendimento de que esse compromisso é gerado em uma convivéncia conflitiva que envolve escolhas estratégicas independentes de capitalistas e trabalhadores, que decidem a partir do pressuposto da antecipacao de beneticios futuros. O autor considera que 0 movimento pelo socialismo desenvolveu-se no interior do capitalismo, defrontando-se com trés escolhas: 1) busca do avanco do socialismo no interior das instituigdes da sociedade capitalista ou fora delas; 2) procura do “agente da transformagdo socialista exclusivamente na classe trabalhadora ou depender do apoio de diversas classes, ou mesmo de nenhuma” , (p.16); 3) pretens4o de reformas e progressos parciais em fung’o de completa abolicdo do capitalismo. Przeworski diz: “ves penso que os social-democratas sairam-se téo bem quanto Soi possivel sob circunstancias histéricas que nao escolheram € compreendo perfeitamente as grandes dificuldades que tiveram de enfrentar. Apenas ndo creio que poderiam conduzir suas sociedades ao socialismo. Estou certo de que as reformas sao possiveis, mas isso nao significa que o reformismo seja uma estratégia vidvel de transi¢do para o socialismo.” (p.279). Todavia, 0 autor considera a combinacdo de capitalismo ¢ democracia politica uma forma de sociedade que proporciona ganhos aos trabalhadores, mas é cético em relacdo a possibilidade de o socialismo realizar-se através da acdo deliberada de governos, partidos politicos etc. (p. 279). Por fim, Przeworski informa que, apesar do seu ceticismo, nao € contra a social-democracia nem tampouco 0 socialismo, até porque nao vislumbra alternativas histéricas aceitaveis. Seu interesse, nessa andlise, é a busca do poder politico pelos social-democratas. Com esse entendimento, 0 autor diz: “minha tese central, portanto, é que a democracia pode ser estabelecida somente se existirem instituigdes que tornem improvaveis as conseqiiéncias - decorrentes do processo 76 Revista Educagao em Questao, 6 (1): 60-78, jan./jun. 1996 politico competitivo - altamente adversas aos interesses de qualquer agente especifico, dada a distribuigdo de recursos econémicos, ideoldgicos, organizacionais, etc.” (Texto: Ama a incerteza e seras democratico, p.39). PARA CONTINUIDADE DO ESTUDO Uma conclusao derivada desta sintese de estudo seria precipitada, principalmente pelo fato de as idéias dos dois autores selecionados convidarem para uma reflexdo que nos firme, de forma mais consistente, nos seus argumentos. Mas, alguns aspectos ja se apresentam para 0 encaminhamento do trabalho concermente aos argumentos sobre a democracia no contexto capitalista. Dentre esses aspectos, salientamos o fundo piblico como elemento que impulsiona transformacées nas relagGes de classes, através da sua mediacao entre a esfera ptiblica e a democracia; a esfera politica como espaco obrigatério nao sé de organizagao mas, também, da acdo da classe trabalhadora; as conseqtiéncias dessa situagao - relacdo esfera publica e esfera politica - na consolidagao de lutas de classes como motor da hist6ria; a importancia de situar 0 processo através do qual as sociedades capitalistas industrializadas consolidam instituicdes democraticas e convivem com formas atrasadas, mesmo fora de sua territoriedade. E, finalmente, a democracia, apresentada por Oliveira, como um método democratico que constrdi regras através de conflitos. (Oliveira apud Weffort, 1971, p.78). As discuss6es sobre a consolidac4o da democracia no sistema capitalista, nesse momento histérico, expressam seu nivel de cientiticidade através da sua correspondéncia com a verdadeira forma de ser da realidade. Situar esse ponto se constitui em um outro importante critério para a continuidade dos estudos que buscam um entendimento ou uma posicdo relativa a questdo da democracia no capitalismo. Revista Educacao em Questao, 6 (1): 60-78, jan.jjun. 1996 7 NOTAS . Todas as express6es destacadas - negrito, aspas ou itdlico - algumas constantes, inclusive, do corpo das citagdes foram enfatizadas pelos préprios autores estudados. 2. Oliveira chama atenga4o para uma espécie de revolug4o copernicana nas relagdes capitalistas, revolugdo essa antecipada por Keynes. - Destacado pelo autor para informar que se trata de um termo originario da social-democracia alema, antes da ascensdo do nazismo. w REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS - DRAIBE, S; HENRIQUE, W. Welfare State, crise e gestio da crise: um balango da literatura internacional, Revista Brasileira de Ciéncias Sociais. v.3, 0.6 p 53-78, fev, 1988. 2. FOLHA DE SAO PAULO, 25.10.92, p. 6-12. (Caderno Mais). 3. OLIVEIRA, Franscisco de. Além da transigAo, aquém da transigéo, aquém da imagina¢ao. Novos Estudos CEBRAP, Sao Paulo, n.12, p.25, jun. 1985. 4. - O Surgimento do antivalor: capital, forga de trabalho e fundo piblico. Novos Estudos CEBRAP, Sao Paulo, n.22, p.8-28, out. 1988. 5. . Uma alternativa democratica ao liberalismo. In: WEFFORT, F. et al. A Democracia como proposta. Rio de Janeiro: IBASE, 1971 P. 6. OLIVEIRA, Francisco de et al. Adeus ao socialismo? debate Novos Estudos CEPRAP. Sao Paulo, EDC, (3): 7 - 42, jul., 1991. 7. PRZEWORSKI, Adam. Amaa incerteza e seras democratico Novos Estudos CEPRAP. Sao Paulo, EDC, (9): 38 - 46, jul., 1984. 8. . Capitalismo e social-democracia. Trad. de Laura Teixeira Motta, So Paulo: Companhia das Letras, 1989. 78 Revista Educagao em Questao, 6 (1) 60-78, jan./jjun. 1996

Você também pode gostar